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TRANSPARÊNCIA PÚBLICA MUNICIPAL: UM ESTUDO NO PORTAL DA PREFEITURA DE NATAL/RN COM BASE EM CRITÉRIOS INTERNACIONAIS Daniela Caroline Tiburtino de Moura Graduanda em Ciências Contábeis pela UFRN. E-mail: [email protected] Fábia Jaiany Viana de Souza Doutoranda em Ciências Contábeis pela UFPB. Mestre em Ciências Contábeis pelo Programa Multi-institucional (UnB/UFPB/UFRN). Contadora do IFRN. E-mail: [email protected] Maurício Corrêa da Silva Doutor e Mestre em Ciências Contábeis pelo Programa Multi-institucional (UnB/UFPB/UFRN). Professor Adjunto da UFRN. E-mail: [email protected] Renata Paes de Barros Câmara Doutora em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia Mecânica de São Carlos - USP. Pró-Reitora Adjunta de Administração da UFPB. Professora Associada I e Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis - PPGCC/UFPB. E-mail: [email protected] RESUMO A busca por uma gestão pública municipal planejada e transparente tem se tornado cada vez mais intensa nos dias atuais. Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar o atendimento do Portal da Prefeitura de Natal/RN aos critérios internacionais de transparência pública. Para isso, a metodologia adotada consistiu de pesquisas descritiva, documental e qualitativa. Os resultados revelaram um número baixo de critérios atendidos completamente pelo Portal, bem como, percentuais relativamente altos de critérios atendidos parcialmente e não atendidos. Constatou-se, ainda que o Portal da PMN apresenta como um local recheado de informações primárias, as quais não dão suporte a uma efetiva participação cidadã, fato que compromete a transparência do portal. Conclui-se que dos 35 (trinta e cinco) critérios analisados, 16 (dezesseis) não foram atendidos pelo Portal da PMN, o que corresponde a um percentual de 46% do total considerado, sinalizando uma situação preocupante, em virtude de quase 50% de informações públicas divulgadas no portal de transparência do município. Apenas 3 (três) critérios foram atendidos em sua totalidade, enquanto que 16 (dezesseis) foram atendidos parcialmente, correspondendo aos percentuais de 8% e 46%, respectivamente. Palavras-chave: Transparência. Portais. Critérios Internacionais. 1 INTRODUÇÃO A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal LRF (BRASIL, 2000), tem como finalidade regulamentar os preceitos de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal em todas as esferas da organização, União, Distrito Federal, Estados e Municípios. Dentre os quatro pilares

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TRANSPARÊNCIA PÚBLICA MUNICIPAL: UM ESTUDO NO PORTAL DA

PREFEITURA DE NATAL/RN COM BASE EM CRITÉRIOS INTERNACIONAIS

Daniela Caroline Tiburtino de Moura

Graduanda em Ciências Contábeis pela UFRN.

E-mail: [email protected]

Fábia Jaiany Viana de Souza

Doutoranda em Ciências Contábeis pela UFPB. Mestre em Ciências Contábeis pelo Programa

Multi-institucional (UnB/UFPB/UFRN). Contadora do IFRN.

E-mail: [email protected]

Maurício Corrêa da Silva

Doutor e Mestre em Ciências Contábeis pelo Programa Multi-institucional

(UnB/UFPB/UFRN). Professor Adjunto da UFRN.

E-mail: [email protected]

Renata Paes de Barros Câmara

Doutora em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia Mecânica de São Carlos - USP.

Pró-Reitora Adjunta de Administração da UFPB. Professora Associada I e Docente do

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis - PPGCC/UFPB.

E-mail: [email protected]

RESUMO

A busca por uma gestão pública municipal planejada e transparente tem se tornado cada vez

mais intensa nos dias atuais. Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar o atendimento do

Portal da Prefeitura de Natal/RN aos critérios internacionais de transparência pública. Para isso,

a metodologia adotada consistiu de pesquisas descritiva, documental e qualitativa. Os

resultados revelaram um número baixo de critérios atendidos completamente pelo Portal, bem

como, percentuais relativamente altos de critérios atendidos parcialmente e não atendidos.

Constatou-se, ainda que o Portal da PMN apresenta como um local recheado de informações

primárias, as quais não dão suporte a uma efetiva participação cidadã, fato que compromete a

transparência do portal. Conclui-se que dos 35 (trinta e cinco) critérios analisados, 16

(dezesseis) não foram atendidos pelo Portal da PMN, o que corresponde a um percentual de

46% do total considerado, sinalizando uma situação preocupante, em virtude de quase 50% de

informações públicas divulgadas no portal de transparência do município. Apenas 3 (três)

critérios foram atendidos em sua totalidade, enquanto que 16 (dezesseis) foram atendidos

parcialmente, correspondendo aos percentuais de 8% e 46%, respectivamente.

Palavras-chave: Transparência. Portais. Critérios Internacionais.

1 INTRODUÇÃO

A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF (BRASIL, 2000), tem como finalidade regulamentar os

preceitos de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal em todas as

esferas da organização, União, Distrito Federal, Estados e Municípios. Dentre os quatro pilares

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básicos da LRF (planejamento governamental, equilíbrio fiscal, controle do endividamento

público e transparência), a presente pesquisa delimita-se neste último, com a perspectiva de

analisar o seu cumprimento, tanto a partir de regulamentações da citada Lei, quanto sobre o

enfoque de critérios internacionais.

Nesse contexto, observa-se que a LRF, em seu Capítulo IX, art. 48º, estabelece quais os

instrumentos de transparência que irão representar a gestão financeira e patrimonial das

entidades públicas: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de

contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o

Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Ainda, de acordo

com o artigo, tais instrumentos deverão ser vastamente divulgados em locais de fácil acesso

público, inclusive em meios eletrônicos promovidos pela tecnologia da informação.

Alteração da LRF ocorreu com a publicação da Lei Complementar nº 131, de 27 de

maio de 2009 (BRASIL, 2009), a qual enfatizou a transparência da gestão fiscal de maneira a

determinar a disponibilização, em tempo real, de informações detalhadas e tempestivas sobre a

execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios. Partindo da mesma premissa de tentar assegurar a transparência e publicidade das

ações governamentais, em 2012, entrou em vigor a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011

(BRASIL, 2011), conhecida como Lei de Acesso a Informação Pública, a qual determinou que

as informações a serem divulgadas, conforme previsto nas duas leis anteriormente citadas não

deveriam referir-se apenas as finanças públicas, mas também, a qualquer informação relativa

ao meio governamental, como obrigações, remunerações, entre outras informações que

envolvessem o âmbito público.

A busca por uma gestão pública municipal planejada e transparente tem se tornado cada

vez mais intensa nos dias atuais, em virtude da atual crise existente em nosso país. Dentro desse

contexto, é importante ressaltar que existem princípios básicos a serem seguidos pela

Administração Pública, regulamentados pela legislação brasileira e norteados por estudos

internacionais. As Leis de Responsabilidade Fiscal, da Transparência Pública e de Acesso a

Informação existem para normatizar a gestão pública e visam contribuir para a promoção da

transparência.

Diante dessa conjuntura, visualiza-se a relevância dos portais de transparência no

sentido da disponibilização de informações concentradas para os cidadãos em um mesmo local,

sem a necessidade de solicitações da própria sociedade, visando promover a participação da

população na fiscalização e controle dos recursos públicos. Adicionalmente a legislação

brasileira, a presente pesquisa se fundamenta, principalmente, em estudos provenientes de

órgãos internacionais, que vem demonstrando completude e eficiência na avaliação da

transparência pública como instrumento fundamental para a accountability, onde se verifica

não apenas o cumprimento da legislação, mas sim, se as informações divulgadas contribuem

efetivamente para uma transparência efetiva.

Dessa forma, o presente estudo utiliza-se de critérios diferenciados pela abrangência dos

itens elencados, não considerando apenas a divulgação de dados fiscais, mas também,

informações de natureza qualitativa que fundamentam o controle social. Isto posto, o presente

trabalho busca pesquisar o Portal de Transparência do município de Natal, capital do estado do

Rio Grande do Norte. Assim sendo, fundamentando-se especialmente em estudos

internacionais, os quais demonstram eficiência na análise de responsabilidade da gestão de

divulgação de informação pública realizada em diversos países, a presente pesquisa busca

responder a problemática que segue: Qual o atendimento do Portal da Prefeitura de

Natal/RN aos critérios internacionais de transparência pública? Para responder essa

questão, o estudo tem como objetivo geral verificar o atendimento do Portal da Prefeitura de

Natal/RN aos critérios internacionais de transparência pública.

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A relevância do estudo refere-se na perspectiva de aprofundar o conhecimento na área,

tendo em vista a inexistência de estudos que abordem a temática da divulgação de informações

públicas sobre o prisma de critérios internacionais no município analisado, fato que pode

justificar o estudo como singular, podendo, ainda, contribuir para o incentivar o controle social

da gestão pública do município pesquisado e servir para motivar discussões em outros

municípios.

O presente estudo divide-se em cinco seções: essa primeira, introdução, expõe a

contextualização do problema, os objetivos do estudo, a justificativa para a concepção da

pesquisa e a estrutura do trabalho; a revisão da literatura fornece os conceitos sobre a temática

utilização no texto; a metodologia explica os procedimentos metodológicos adotados para a

elaboração do estudo; análise dos dados, discute os resultados obtidos com o desenvolvimento

da pesquisa, e, por fim, considerações finais, que apresenta a conclusão do estudo e

recomendações para pesquisas futuras.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Essa seção visa apresentar alguns conceitos da literatura sobre a sociedade da

informação como pilar da transparência pública, posteriormente, explica o que seria a

transparência almejada na gestão pública, bem como, elenca pesquisas anteriores referente ao

estudo proposto.

2.1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

A nova tendência da sociedade mundial, que ficou conhecida como era da informação, é

definida como um resultado imediato do avanço tecnológico e do desenvolvimento

computacional ocorridos em um curto espaço de tempo. Atrelado a isso, visualiza-se o sistema

digital e a internet como ferramentas fundamentais e indispensáveis ao avanço acelerado do

conhecimento e da comunicação (CORRÊA, 2014).

Werthein (2000) e Castells (1999, apud TAVARAYAMA; SILVA; MARTINS, 2012)

relatam que o surgimento da sociedade da informação está diretamente ligado à disseminação

do capitalismo desde o ano de 1980 e foi impulsionado pela utilização de novas tecnologias,

além de ser resultado dos processos de desregulamentação e privatização, e, evoluiu com as

transformações técnicas, organizacionais e administrativas.

No Brasil, a criação do Livro Verde em 2000 foi um marco importante para a história da

sociedade brasileira informatizada, pois nele o Ministério da Ciência e Tecnologia reuniu

“metas de implementação do Programa Sociedade da Informação e constitui uma súmula

consolidada de possíveis aplicações de Tecnologias da Informação” (TAKAHASHI, 2000, p.

5).

Nessa perspectiva, é possível observar que a promoção do acesso aos meios eletrônicos

de informação é um compromisso que o governo deve ter para com a sociedade, conforme

evidenciado por Takahashi (2000), objetivando sempre o resultado de uma transparência

eletrônica eficaz. De acordo com o citado livro, é necessária uma parceria entre o Estado e a

sociedade a fim de promover uma certificação de benefícios efetivos para todos os cidadãos.

Segundo Silva, Correia e Lima (2010), além do governo, o qual deu um passo importante

através de ações efetivas elencadas no Programa Sociedade da Informação descritas no Livro

Verde e detalhadas, conforme execuções do Programa no Livro Branco; é também, e tão

importante quanto, o trabalho conjunto do setor privado e da sociedade civil como um todo, no

sentido de estimularem a utilização do conhecimento como ferramenta do desenvolvimento

democrático.

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Nessa perspectiva, Miranda e Mendonça (2006) explicam que o supracitado Programa

contribui para a inclusão social dos brasileiros diante de uma sociedade moderna e

simultaneamente fornece pilares para uma economia nacional digna de concorrência mundial.

Tal interpretação pode ser evidenciada no trecho a seguir, citado no Livro Verde, descrevendo

a finalidade do Programa Sociedade da Informação:

O objetivo do Programa Sociedade da Informação é integrar, coordenar e fomentar

ações para a utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a

contribuir para a inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo

tempo, contribuir para que a economia do País tenha condições de competir no

mercado global. (TAKAHASHI, 2000, p.10, grifo do autor).

À vista disso, algumas pesquisas, como, por exemplo, a de Corrêa (2014), utilizam a

expressão Sociedade da Informação e do Conhecimento (SIC), em vez de somente Sociedade

da Informação, para designar o momento de transformações, onde ocorreu “o aumento da

velocidade de disseminação das Tecnologias de Informação e das Comunicações (TIC)”

(CORRÊA, 2014, p. 32), o qual gerou consequências significativas para os países no âmbito

econômico-social.

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) propiciaram a sociedade atual o

acesso a informação de maneira fácil e rápida, além de ter criado condições para que a sociedade

vá além do voto no que no tocante ao controle dos representantes governamentais, mas também

que participe rotineiramente de uma possível democracia aberta a fiscalização cidadã

(BERNARDES, SANTOS e ROVER, 2015).

Para Raupp e Pinho (2012), a dispersão significativa das tecnologias da informação e

comunicação (TICs) possibilitou a promoção de avanços em diversos setores, inclusive no setor

público, onde se tem implementado instrumentos de transparência, a fim de tornar a gestão

governamental mais eficiente. Conforme citam os autores, o governo eletrônico (e-gov) é uma

das iniciativas que tem “disponibilizado serviços à sociedade, além de possibilitar uma

aproximação entre o cidadão e o ente governamental, contribuindo para uma maior

democratização dos processos, expressa pela accountability” (RAUPP e PINHO, 2012, p. 54).

No que diz respeito a descrição da sociedade da informação, Assmann (2000) explica

também que a expressão designa uma sociedade que nos dias atuais ainda está a se estabelecer

e até mesmo a se firmar, na medida em que há a utilização de tecnologias de armazenamento e

difusão de dados a um mínimo custo. Ainda assim, o autor ressalta que a simples

disponibilização de dados não é suficiente para se constituir uma sociedade inteirada e

participativa, mas que há a necessidade de um amplo estímulo ao processo de aprendizagem

ininterrupto dos cidadãos, a fim de que as informações fornecidas surtam efeitos reais e

positivos, permitindo a geração de uma governança eletrônica.

Diante da literatura exposta, é possível compreender que a Sociedade da Informação,

nascida com o avanço tecnológico, atuou como agente facilitador e até mesmo estimulante de

soluções diversas ocorridas no meio social. Logo, não poderia ser diferente em se tratando da

gestão pública que é alvo de interesse comum devido as suas consequências coletivas. Apesar

de importante, a mídia digital, não proporciona garantia efetiva de transparência pública, pois

mais que isso, é necessário o interesse e conscientização dos próprios gestores governamentais

em disponibilizar dados, assim como, a fiscalização e estímulo constate dos cidadãos à

promoção de um governo eletrônico.

2.2 TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

De acordo com Zorzal e Rodrigues (2015), a transparência e o acesso à informação

pública estão previstos como direitos do cidadão brasileiro e obrigação do Estado, tanto na

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Constituição Federal (CF) de 1988, como em legislações específicas nacionais, sendo estas a

Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), Lei

Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009 (Lei da Transparência) e a Lei nº 12.527, de 18

de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação).

Em se tratando da obrigação do Governo no fornecimento de tais informações, Zorzal e

Rodrigues frisam também que:

A informação sob a tutela do Estado é um bem público e sua evidenciação deve ser

por iniciativa da administração pública, de forma espontânea, proativa,

independentemente de qualquer solicitação, ou seja, transparência ativa, como

definido em lei. Cabe, portanto, a essas instituições identificar aquilo que é mais

demandado pela sociedade e anteciparem-se para disponibilizar isso proativamente na

Internet e/ou outros meios, a fim de facilitar que os stakeholders (partes interessadas)

encontrem essa informação evitando custos tanto para as instituições, quanto para os

stakeholders. (ZORZAL; RODRIGUES, 2015, p. 116).

Medeiros, Magalhães e Pereira (2014), afirmam que as legislações acima elencadas,

cujas finalidades referem-se à concretização do direito de acesso à informação, existem há mais

de 200 anos, mas que, apesar disso, a grande maioria da literatura, concernente ao assunto, é

recente. Destacam ainda que, desse modo, nos últimos quinze anos, inúmeras leis referentes ao

tema foram aprovadas em diversos países e enquanto uns estimáveis números de outros países

“apenas” assumiram o compromisso de adotar leis de direito ao acesso da informação.

Ainda com relação as regulamentações, pode-se afirmar que as mesmas possuem a

finalidade de enfatizar a disponibilização transparente da informação como um dos importantes

mecanismos que além de garantir a promoção dos direitos da cidadania, fortalecem a

democracia, expandem a cidadania, auxiliam a promoção do controle social e tendem a

dificultar a corrupção (MEDEIROS; MAGALHÃES; PEREIRA, 2014).

Com relação ao combate da corrupção, Freire (2014) afirma que é dever do Estado

promover o aperfeiçoamento e o fortalecimento contínuo de mecanismos cujo objetivo sejam a

prevenção e a promoção da transparência pública como um determinante passo para esse fim.

Segundo tal autor, a ausência de transparência pública, proporciona oportunidades propícias de

propagação de fraudes e atos de corrupção em ambientes públicos.

Pires et al. (2013) certificam que a Administração Pública tem como finalidade básica

o estímulo à transparência pública, pois a ampliação da divulgação das ações governamentais

para a sociedade contribui para o fortalecimento da democracia, valoriza e desenvolve as noções

de cidadania. Conforme Martins Júnior (2010, apud PIRES et al., 2013, p. 135), a transparência

“representa um ritual de passagem de um modelo de administração autoritária e burocrática à

administração de serviço e participativa” e a mesma não se resume tão somente ao fornecimento

da informação à sociedade pelo Governo no que se refere a execução e o planejamento da

Administração Pública, mas também, quanto ao esclarecimento de sua atuação e avaliação do

grau de influência dos cidadãos no processo de tomada de decisões governamentais.

Diante disto, Santos, Carniello e Oliveira (2013) constatam que os embasamentos da

estrutura organizacional da comunicação contemporânea estão diretamente atrelados aos

parâmetros que regulam a soberania popular. No modelo majoritário do período precedente à

digitalização das mídias, a comunicação de massa era predominantemente unidimensional e

“por analogia se parece com modelos políticos fundados na concentração do poder no cume da

hierarquia administrativa, com restrito envolvimento dos cidadãos nos processos decisórios”

(SANTOS; CARNIELLO; OLIVEIRA, 2013, p. 170). Os autores, no entanto, ressaltam que o

aspecto norteador, em uma sociedade progressivamente assentada na cultura digital, é a

acessibilidade aos meios de produção e distribuição de mensagens por parte de usuários

comuns. Este último cenário difere totalmente do cenário precedente, no qual a produção e a

distribuição dos conteúdos eram centralizadas tão somente nas empresas de comunicação.

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Outrossim, no tocante a publicidade das informações governamentais, Zorzal e Rodrigues

(2015, p. 118) salientam inclusive que a publicidade, “a abertura e a transparência juntamente

com o acesso à informação devem ser socializados e democratizados”. E em adição a isso, para

que a referida informação seja alcançada por toda a sociedade, ela deve ser divulgada em tempo

hábil, ser de fácil compreensão e divulgar precisão nos itens evidenciados no sentido de

possibilitar uma transparência eficaz. (ZORZAL; RODRIGUES, 2015).

Nesse sentido, Franco et al. (2014) abordam que a evidenciação como aliada a

transparência da informação contábil “traduz requisito fundamental para a realização do

objetivo principal da ciência contábil: fornecer informações para a tomada de decisões.”

Através da evidenciação, a contabilidade como ciência expõe em seu resultado final, “o máximo

de detalhamento relevante, transparência, compreensibilidade dos dados coletados, a fim de

obter um processo de interação efetiva entre usuários e o sistema contábil” (FRANCO et al.,

2014, p. 145).

Atrelado a isso, Souza (2014) explica que a transparência é uma importante ferramenta

de fiscalização dos atos governamentais, promovendo assim um controle social efetivo. De

acordo com a literatura, o princípio da evidenciação possibilita tal controle social, através do

Art. 83 da Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964 e segundo a autora, “este dispositivo legal tem

a responsabilidade de regular a organização e os procedimentos de contabilidade usados nos

registros dos eventos ocorridos em âmbito público” (SOUZA, 2014, p. 13). Em concordância

com Souza (2014), os autores Rosa et al. (2016), também entendem que o controle e a

fiscalização dos recursos públicos são imprescindíveis para a idealização de uma sociedade

igualitária, onde esse controle diz respeito a participação do cidadão no planejamento e

desempenho das ações públicas.

Conforme evidenciado por Resende (2014, p. 3), “o Fundo Monetário Internacional - FMI

tem publicado e defendido modelos de gestão transparente nos seus países membros”, onde em

2007 o manual publicado por aquele órgão explica que o fornecimento de informações íntegras,

referente aos atos governamentais já ocorridos, os que estão sendo executados e os que ainda

irão ser efetivados, é o primeiro passo para que haja a transparência de gestão fiscal, sendo esta

capaz de proporcionar melhorias importantes nas ações públicas e uma consequente promoção

de benefícios cidadãos.

A partir do exposto, pode se afirmar que o conceito de transparência pública está

diretamente ligado a princípios da ciência contábil, onde o fornecimento de informações

fidedignas compõe o alicerce para o planejamento e consequente tomada de decisões. No

âmbito público, os representantes sociais estão no encargo de agir de acordo com os interesses

públicos a dessa forma prestar contas à sociedade do que foi ou não realizado, bem como seus

motivos. Dessa forma, a transparência pública é instrumento básico e efetivo de uma

fiscalização e controle social.

2.3 ESTUDOS ANTERIORES

A partir do levantamento de estudos sobre transparência pública, foram selecionadas

algumas pesquisas que abordaram a transparência pública sob critérios nacionais e

internacionais que são apresentadas a seguir.

O estudo de Rosa et al. (2016) buscou identificar qual o percentual de municípios da região

sul do Brasil que divulgam as informações exigidas no art. 8° da Lei de Acesso à Informação

em seus sites. Os resultados da pesquisa revelaram que os municípios com população superior

a 10 mil habitantes, atendem parcialmente aos requisitos apresentados no Art. 8 da LAI,

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sugerindo-se dessa forma que os cidadãos possam cobrar maior qualidade de fornecimento de

informações, contribuindo para uma melhor administração pública e combate a corrupção.

A evolução da accountability no Brasil a contribuições para disseminação do tema tanto

para a área pública como para debate na área acadêmica foi estudada por Silva e Gomes (2011),

onde conferiu-se pouco desenvolvimento para a efetivação da accountability, apesar de o

controle parecer está sendo aprimorado pelos órgãos responsáveis, como a Controladoria Geral

da União e demais órgãos de controle dos Estados e Municípios. Logo, o Brasil buscou

“construir instrumentos de controle e transparência para a gestão governamental com o advento

da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e contingenciamento de recursos orçamentários ”

(SILVA; GOMES, 2011, p. 16). A pesquisa sugere que a gestão e a qualidade dos gastos, assim

como os sistemas de controle da qualidade das despesas, precisam ser lapidados. E para tornar

estes controles mais eficazes, cada cidadão deve exigir mais atuação dos órgãos de controle a

fim de refletir a realidade e o exercício da accountability. O estudou reforçou ainda que dispor

de instrumentos favoráveis a accountability entre o processo eleitoral e as realizações do

mandato não é suficiente para que ela aconteça, é necessário também que os próprios

parlamentares sejam cobrados e responsabilizados pelos eleitores de acordo com a

representação que cada cidadão e a sociedade deles espera. De modo geral, diante a tradição de

uma autocracia perdurável, o conceito de accountability, bem como sua prática está em

construção, dentro dos critérios da democracia como valor universal.

Os fatores determinantes da transparência na gestão pública dos municípios brasileiros

foram identificados por Ribeiro e Zuccolotto (2012), a fim de se verificar os fatores fiscais e

sociais que influenciam a divulgação de informações em meio eletrônico de acesso público. O

estudo resultou na constatação da hipótese que municípios com maior arrecadação relativa

(receita orçamentária per capita) tendem a divulgar mais informações em meio eletrônico de

acesso público devido a disponibilidade de recursos para investimento na gestão da informação.

Examinou-se, também, que os municípios que possuem maiores investimentos per capita em

educação e saúde são mais transparentes. Em se tratando do desempenho social, detectou-se

que os municípios com maiores índices sociais são mais transparentes, ou seja, municípios com

melhores indicadores de desenvolvimento educacional, de condições de saúde e de geração de

emprego e renda, apresentaram maiores indicadores de transparência.

Cruz et al. (2012) em seus estudos verificaram o nível de transparência das informações

acerca da gestão pública divulgadas nos portais eletrônicos dos municípios mais populosos do

Brasil, a partir do Índice de Transparência da Gestão Pública Municipal (ITGP-M),

desenvolvido com fundamentos de códigos internacionais de boas práticas de transparência e

governança, na legislação brasileira aplicável e nas experiências de estudos anteriores. A

pesquisa buscou também a associação entre as condições socioeconômicas dos municípios e os

níveis de transparência encontrados. O resultado do estudo revelou que os municípios da

amostra não divulgaram de forma completa as informações acerca da gestão pública municipal,

de acordo com o modelo de investigação proposto, no período de setembro a dezembro de 2009.

E, com relação as condições socioeconômicas dos municípios, considerou-se que, sem

pormenorizar, existe relação entre aquelas e os níveis de transparência na divulgação de

informações acerca da gestão pública observados nos sites dos grandes municípios brasileiros.

Ressalta-se ainda que, conforme previsto, esta associação tem direção favorável, isto é,

melhores condições socioeconômicas tendem a possibilitar um maior nível de transparência por

parte dos municípios.

Santos, Carniello e Oliveira (2013) apresentaram uma análise sobre como os municípios

têm disponibilizado informações sobre a gestão pública à sociedade por meio da comunicação

digital e verificaram que há significantes distinções entre os municípios em termos do

cumprimento da obrigatoriedade legal existente e a disponibilização de informações sobre

gestão pública a sociedade. Enquanto alguns municípios apenas cumprem o mínimo exigido

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em lei, outros fazem da obrigatoriedade de disponibilizar informação uma forma de facilitar a

prestação de serviço ao cidadão, um meio de comunicação que proporciona a promoção do

diálogo entre sociedade e poder público, fundamento da democracia participativa. Os resultados

permitiram os autores a hipótese de que um dos caminhos para favorecer o desenvolvimento

sustentável, constituído por uma transparência da gestão pública local, passa por ações de

capacitação dos gestores municipais por parte das instâncias estaduais e federais de governo.

A pesquisa de Vieira et al. (2014) buscou identificar se existem diferenças nas práticas de

transparência das receitas e despesas públicas municipais das prefeituras baianas vinculadas à

13ª Inspetoria Regional de Controle Externo (IRCE) do Tribunal de Contas dos Municípios

(TCM-BA) de Senhor do Bonfim – BA, à luz da Lei Complementar nº 131/2009. A partir do

surgimento de limitações encontradas, percebeu-se com o estudo que ainda existe resistência

por parte dos responsáveis pelos órgãos da administração pública em tornar transparente o que

é direito da sociedade, pois foi constatada a inexistência de portais de transparência em alguns

dos municípios objetos do estudo. Concernente ao objetivo principal da pesquisa, concluiu-se

que não há uniformidade na maneira de dar publicidade às informações entre os municípios da

amostra e nenhum deste atendem na sua totalidade ao que está instituído em lei, apesar de terem

tido tempo suficiente para adequação dos seus sistemas aos novos modelos de tecnologia, com

vista ao cumprimento dos prazos estabelecidos.

Em 2014, Souza buscou avaliar os índices de governança eletrônica e de divulgação de

informação contábil pública dos municípios brasileiros. A pesquisa da autora concluiu que os

portais dos municípios pesquisados não apresentam muitas características de governo

eletrônico e se encontram longe de uma governança eletrônica capaz de promover uma

interação entre governantes e cidadãos. Foi constatada também uma falta de incentivo à

participação popular nas decisões do governo, as quais correspondem pilar essencial para uma

boa governança eletrônica. Observou-se, inclusive, que os municípios não estão evidenciando

em seus portais eletrônicos informações capazes de levar a sociedade o conhecimento

relacionado a gestão financeira de seus municípios, uma vez que foi observada a existência de

entes municipais que não divulgam nenhum demonstrativo contábil exigido pela legislação

vigente.

Zuccolotto e Teixeira (2015) discutiram como a participação da sociedade, orientada pelos

marcos da gestão social, pode contribuir para a consolidação da democracia por meio da

melhoria dos mecanismos de transparência nos estados brasileiros e evidenciou-se que a

complementariedade entre representação e participação e o acréscimo de grupos contrapostos

e concorrentes nesse processo, contribui para o aperfeiçoamento da democracia.

Zorzal e Rodrigues (2015) investigaram os princípios de disclosure e transparência

baseados em princípios de boas práticas de governança aplicadas ao setor público para redução

da assimetria da informação e apresenta um recorte da referida pesquisa. Os resultados parciais

da pesquisa demonstraram convergência dos princípios disclosure e transparência. A autora,

conforme os resultados analisados, indica que as os entres governamentais devem ter uma

atenção maior na implementação de práticas de boa governança como forma de reduzir a

assimetria informacional.

Outra pesquisa recente que também teve como finalidade a avaliação do nível de

virtualização dos websites, foi a pesquisa de Wegner, Schröeder e Hoff (2015). Os autores

obtiveram como amostra 23 governos municipais do Vale do Rio Pardo (RS), utilizando como

base o modelo de classificação dos websites em seis níveis. O estudo revelou que um número

significativo de municípios sequer possuía páginas na internet, enquanto os outros apresentam

em seus sites informações básicas e pouco serviços disponíveis a sociedade. Os autores

concluíram também que os portais dos municípios objetos do estudo são mais eficientes como

instrumento de divulgação das ações públicas, no entanto são limitados em termos

disponibilização de serviços de interatividade e espaços de manifestação dos cidadãos.

763 Boletim Governet de Administração Pública e Gestão Municipal - nº 69 – junho/2017 – p. 755 - ISSN 2237-

8006 – volume único.

Com relação a critérios internacionais, o trabalho de Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015)

teve por objetivo realizar uma análise da literatura internacional sobre conceitos e as

classificações da transparência e dessa forma recomendar uma classificação desse tema em

diversas perspectivas. O estudo resultou na afirmação de que a promoção de uma maior precisão

acerca da definição e classificação entre as diversas “anatomias da transparência” muito

provavelmente proporcionará uma viabilidade de melhor compreensão do seu sentido, das suas

potencialidades e contribuição para a consolidação democrática. (ZUCCOLOTTO;

TEIXEIRA; RICCIO, 2015, p. 155). Conhecer os limites e potencialidades da transparência

substancialmente importante nas pesquisas referentes a uma sociedade democrática, porém,

essa compreensão só será efetiva quando inserida em um quadro conceitual objetivo e cujas

definições e classificações sejam evidentes.

De acordo com os estudos realizados, pode-se perceber que, através das comprovações, os

portais públicos ainda estão a se desenvolver a fim de se alcançar o seu próprio objetivo, exposto

pelas legislações clássicas e atuais, que é o de promover a disponibilização em tempo real de

quaisquer informações que envolvam o interesse público. Apesar da mídia digital favorecer o

processo de transparência pública, este ainda caminha a passos lentos a fim de que se ocorra

uma efetiva participação cidadã.

3 METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos adotados para a realização do estudo serão a seguir

explanados:

3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA

Quanto aos objetivos, a pesquisa é enquadrada como descritiva, uma vez que são

apresentadas descrições sobre a transparência da gestão pública no município de Natal, a partir

do cumprimento de critérios internacionais, bem como pela determinação e/ou as

consequências de cumprimento ou não desses critérios.

Com relação a abordagem do problema, a pesquisa pode ser caracterizada como pesquisa

qualitativa, tendo em vista que não foram utilizados métodos estatísticos para análises dos

resultados do estudo, mas sim, é aplicada uma investigação social com análises mais profundas

sobre o problema pesquisado.

Quanto aos procedimentos, esse estudo é do tipo documental, baseado no levantamento de

análises de documentos e informações disponíveis no Portal de Transparência da Prefeitura de

Natal.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa são todos os municípios do estado do Rio Grande do Norte (RN).

Para seleção da amostra, adotou-se o critério de seleção por conveniência, resultando no

município de Natal. A seleção do Portal da Transparência da Prefeitura de Natal pode ser

justificada pelo fato desse município ser a capital do estado, o mais populoso e com a maior

arrecadação tributária do RN.

3.3 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS

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8006 – volume único.

O instrumento de coleta de dados utilizado para a elaboração dessa pesquisa foi

desenvolvido por Viana et al. (2013). O checklist aplicado foi desenvolvido com base nos

critérios internacionais de transparência na gestão pública disponíveis nos websites dos entes

públicos, conforme exposto no Quadro 1 abaixo.

Quadro 1 – Fontes de referência para o checklist

Fonte: Viana et al. (2013) – adaptado.

Após análise das fontes de referências mencionadas no Quadro 1, Viana et al. (2013)

elaboraram um instrumento de pesquisa, constituído de 35 itens de análises e atribuíram as

observações (atende, atende parcialmente e não atende) para avaliação dos portais de

transparência pública no que se refere aos critérios de análise internacionais. O Quadro 2 é

responsável por apresentar os critérios analisados no checklist, assim como, os locais de

aplicação desses parâmetros:

Quadro 2 – Síntese dos Critérios e Aplicações

Nº Critério Aplicação Nº Critério Aplicação

1 Acessibilidade Portal 19 Orçamento cidadão Relatórios

2 Atualização e

tempestividade

Portal e

relatórios 20 Orçamento sintético Relatórios

3 Classificações Portal e

relatórios 21 Orçamento promulgado Portal e relatórios

4 Comparações Portal e

relatórios 22

Outras ferramentas de

usabilidade Portal

5 Conversões Portal 23 Perspectivas de longo prazo Portal e relatórios

6 Cronogramas Portal e

relatórios 24 Prioridades e problemas Relatórios

7 Dados e informações

livres Portal 25 Processamento automático Portal

TÍTULO INSTITUIÇÃO/PESQUISADORES

Best Practices for Budget Transparency (2002)Organization for Economic Co-Operation and

Development.

Open Budget Survey (2010) International Budget Partnership

Code of Good Practices on Fiscal Transparency

(2007)International Monetary Fund

Distinguished Budget Presentation Awards Program;

Web Site Presentation of Official Financial Documents

(2012)

Government Finance Officers Association

Being Open about data (2012) Halonen (2012)

Unchartered waters: The state of open data in Europe

(2011)Schellong e Stepanets (2011)

8 Principles of Open Government Data (2007) Open Government Data

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8006 – volume único.

8 Dados e informações

primários

Portal e

relatórios 26

Programas e ações de despesas

e receitas Portal e relatórios

9

Discussão dos

patrimônios ativos e

obrigações

empregatícias.

Portal e

relatórios 27

Proposta orçamentária do

executivo Portal e relatórios

10 Dívidas e passivos Portal e

relatórios 28 Relatório de auditoria Relatórios

11 Fatores de influência a

curto prazo Relatórios 29 Relatório de controle interno Relatórios

12 Ferramentas relevantes e

flexíveis Portal 30 Relatório final Relatórios

13 Históricos e bibliotecas Portal 31 Relatórios durante o exercício Relatórios

14

Indicadores de

desempenho não

financeiro

Portal e

relatórios 32 Relatório pré-eleitoral Relatórios

15

Informações de

contratos, convênios e

outras formas de

aplicação e origem de

recursos.

Portal e

relatórios 33 Relatório pré-orçamentário Relatórios

16 Inteligibilidade Portal 34 Relatório semestral Relatórios

17 Links Portal 35 Sumário geral Portal e relatórios

A coleta de dados foi desenvolvida no site de transparência da Prefeitura Municipal de

Natal no período de 01 de abril a 27 abril de 2016. Para o exame desse site, foi praticada a

observação sistemática. Assim, avaliou-se a homepage da PMN por meio de formulários, nos

quais foram registrados e descritos os elementos capturados na observação acerca dos critérios

analisados e anotados os detalhes para cada critério analisado.

Após a conclusão da coleta de dados, os resultados da pesquisa foram organizados e,

em seguida, foram elaborados gráficos e tabelas que exprimissem o resumo dos principais

achados do estudo, os quais são apresentados na próxima seção.

4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Como consequência da aplicação do checklist, composto de 35 (trinta e cinco) critérios

internacionais no Portal de Transparência da Prefeitura de Natal/RN, é apresentado abaixo o

Quadro 3, que identifica os critérios indicados, conforme atendimento, não atendimento ou

cumprimento parcial dos fundamentos de transparência.

Quadro 3 – Critérios conforme a aderência

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8006 – volume único.

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

O gráfico 1 demonstra os percentuais de aderência aos parâmetros estabelecidos,

permitindo uma análise comparativa entre as quantidades de critérios classificados em

Aderência Total, Parcial e Não Aderência pelo Portal da PMN.

Gráfico 1 – Nível de aderência do Portal de Transparência da PMN

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Verifica-se, com base no Quadro 1, que dos 35 (trinta e cinco) critérios analisados, 16

(dezesseis) não foram atendidos pelo Portal da PMN, o que corresponde a um percentual de

46% do total considerado, sinalizando uma situação preocupante, em virtude de quase 50% de

informações públicas não divulgadas no portal de transparência do município. Apenas 3 (três)

critérios foram atendidos em sua totalidade, enquanto que 16 (dezesseis) foram atendidos

parcialmente, correspondendo aos percentuais de 8% e 46%, respectivamente.

Esses resultados, corrobora com os achados observados no estudo de Cruz et al. (2012),

onde sugere-se que o município de Natal, caracterizado como um dos municípios mais

populosas do Brasil, não evidencia em seus portais eletrônicos as informações detalhadas acerca

da gestão pública municipal.

Nas subseções abaixo são expostas as análises dos critérios observados na presente

pesquisa:

Aderência Quantidade Critérios

Atende 03 Classificações; Dados e informações livres; e, Links

Atende

Parcialmente16

Acessibilidade; Atualização e Tempestividade; Comparações; Conversões;

Dados e informações primários; Dívidas e Passivos; Históricos e Bibliotecas;

Informações de contratos, convênios e outras formas de aplicação e origem

de recursos; Inteligibilidade; Orçamento Sintético; Orçamento Promulgado;

Prioridades e Problemas; Proposta Orçamentária do Executivo; Relatório

Final; Relatórios durante o exercício; e, Sumário Geral.

Não Atende 16

Cronogramas; Discussão dos patrimônios ativos e obrigações empregatícias;

Fatores de influência a curto prazo; Ferramentas relevantes e flexíveis;

Indicadores de desempenho não financeiro; Objetivos; Orçamento Cidadão;

Outras ferramentas de usabilidade; Perspectivas de longo Prazo;

Processamento automático; Programas e ações de despesas e receitas;

Relatório de auditoria; Relatório de controle interno; Relatório pré-eleitoral;

Relatório pré-orçamentário; Relatório semestral;

8%

46%

46%

Atende

Não Atende

Atende Parcialmente

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8006 – volume único.

4.1 CRITÉRIOS ATENDIDOS

Um percentual baixo foi obtido como resultado dos critérios internacionais atendidos

totalmente pelo Portal de Transparência da PMN. Assim, os dados confirmam os resultados da

pesquisa de Vieira et al. (2014), a qual afirma que nenhum dos municípios da amostra do estudo

atendem totalmente o que é exigido por lei, apesar de já ter decorrido tempo suficiente para

adaptação das gestões governamentais desde a promulgação das principais regulamentações

concernentes a gestão pública e a aderência as novas tecnologias que subsidiam a transparência.

Detalhando-se os critérios cumpridos pelo Portal, tem-se inicialmente o parâmetro das

Classificações aplicado tanto ao Portal, de forma abrangente, quanto aos relatórios

disponibilizados. Concernente a isso observou-se que há ordenamento e detalhamento dos

valores dos recursos públicos separados por secretarias, órgãos, entre outros, bem como, a

segregação por categorias econômicas funcionais, como organização adicional, características

estas comprovadas na Lei Orçamentária Anual – LOA dos dois períodos analisados (2015 e

2014) e no Plano Plurianual – PPA, divulgado referente a apenas de um período (2014-2017).

O acesso ao portal se mostra livre 24 horas por dia e não há indicações de controles

exclusivos, evidenciando o cumprimento ao critério de dados e informações livres. A facilidade

no acesso demonstra está diretamente relacionada digitalização das mídias, conforme

contataram Santos, Carniello e Oliveira (2013), onde antes a comunicação era controlada

exclusivamente por aqueles que a detinham, diferentemente dos dias atuais onde o acesso as

informações torna-se possivelmente livre com o uso da internet.

O terceiro e último critério atendido em sua totalidade pelo Portal da PMN foi o de

direcionamento de Links para outras páginas com informações complementares, satisfazendo

uma busca mais avançada do Portal. A exemplo disso, tem-se na opção de prestação de contas

o encaminhamento para a página da Prefeitura Municipal de Natal, em sua seção de

"Controladoria".

Em contrapartida ao pequeno número de critérios atendidos pelo Portal conforme apresentação

acima, a maioria dos critérios analisados através do checklist não foram atendidos pelo Portal

ou quando foram atendidos, não foram atendidos em sua totalidade. Assim sendo,

coincidentemente os percentuais dos parâmetros atendidos e atendidos parcialmente são iguais,

demonstrando evidentemente uma ineficiência de publicidade.

4.2 CRITÉRIOS ATENDIDOS PARCIALMENTE

Quanto aos critérios atendidos parcialmente, apesar de cumpridos, os mesmos

representavam uma disponibilização de dados incapaz de propiciar uma governança eletrônica,

visto que, além da necessidade de um cumprimento de Leis existente no país, conforme revela

Assmann (2000), é fundamentalmente importante que haja um amplo estímulo ao processo

participação cidadã a fim de que as informações disponibilizadas surtam efeitos reais e

positivos.

Dentro do âmbito, destaca-se nesse grupo, o critério da Acessibilidade, em que, o Portal

da PMN se utiliza de imagens ilustrativas nas opções do Menu Principal do Portal, como por

exemplo, acima da opção "Receita" há a imagem ilustrativa de moedas empilhadas, bem como

as outras opções do Menu demonstram-se representadas por suas respectivas figuras. Apesar

disso, o Portal não possibilita a alteração do tamanho da fonte dos textos para auxílio de

deficientes visuais, bem como não há também opções de uso de perguntas frequentes e

tampouco a disposição de geração dos relatórios e tradução da página para outras línguas.

A Atualização e tempestividade dos documentos e dados divulgados demonstrou-se

comprometida através do Relatório de “Programação Financeira”, onde apenas os anos de 2012

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e 2015 estão sendo divulgados e o Documento sob o título de “Prestação de Contas”, onde foi

constatado unicamente o ano de 2014. Ressalta-se também a existência de um outro arquivo

sob o título de “prestação de contas”, o qual não foi possível identificar o ano/período de

referência. E, ainda, o Plano Plurianual, um dos instrumentos de transparência obrigatórios e

fundamentais do Orçamento, é apresentado apenas de um período (2014-2017), inviabilizando

possíveis e importantes comparações entre períodos diversos e distintos.

Os critérios de comparações de informações, de Proposta Orçamentária do Executivo,

Relatório Final e Relatórios durante o exercício também foram considerados insuficientes no

Portal, visto que, com relação ao documento sob o título de "prestação de contas" existente no

Portal, referente ao ano de 2014, o mesmo não faz demonstrações de informações comparativas

entre o orçado e o "ocorrido" efetivamente. Além disso, há também a divulgação de Relatórios

de Gestão Fiscal do 1º Quadrimestre do ano de 2006 ao 3º Quadrimestre de 2015; e, do Relatório

Resumido de Execução Orçamentária do 1º Bimestre de 2008 a 1º Bimestre de 2016, sendo que

este último, apenas o título não condiz com o que se apresenta, estando no arquivo divulgado o

bimestre Novembro-Dezembro de 2015. Há também, na página principal do Portal, na opção

"receita", gráficos demonstrativos dos valores orçados e realizados de receitas dos anos de 2009

a 2016. E, em se tratando de itens não financeiros, não há nenhum registro de comparações dos

mesmos. Desse modo, pelo motivo destas falhas de divulgação, os requisitos do citado critério

foram considerados cumpridos parcialmente.

Quanto à Conversibilidade dos arquivos disponibilizados, foi comprovada a possibilidade

de manuseio fácil dos arquivos em formatos do tipo PDF, pois é possível fazer os downloads

de todos de maneira fácil e rápida. No entanto, com relação aos gráficos apresentados, não foi

possível utilizar-se dos mesmos para outros fins, a não ser o de meramente visualização, pois

não há nenhuma possibilidade de manuseio dos mesmos, como, por exemplo a presença de

ferramentas relevantes flexíveis ao usuário para cálculos, simulações, classificações e análises.

Com relação ao critério de Dados e informações primários, de forma generalizada, a

maioria dos dados fornecidos pelo Portal não são detalhados, apenas informados de maneira

meramente elementar, manifestando o objetivo do simples cumprimento da legislação nacional.

As informações referentes a dívidas e demais passivos são disponibilizadas através da

geração do Relatório de Gestão Fiscal e do Relatório Resumido de Execução Orçamentária,

exigidos por lei, referente às operações de crédito, dívidas consolidadas, restos a pagar e

garantias, estando ambos os relatórios atualizados. Porém, apesar dessa considerável

disponibilização, não há divulgação de anexos complementares, impossibilitando a publicidade

adicional de outros passivos financeiros e garantias.

Apesar de não haver itens com a nomenclatura de "biblioteca" ou "arquivos" no site, há

alguns arquivos que possuem a opção de escolha do período que está sendo analisado,

demonstrando um tipo de histórico entre os arquivos. Todavia, não foi possível reconhecer uma

segregação didática entre informações históricas e atuais.

Concernente ao critério de Informações de contratos, convênios e outras formas de

aplicação e origem de recursos, na página principal do Portal, ao clicar na opção "Contratos",

há a demonstração de um gráfico informando o percentual de contratos por contratantes. Já em

outro ícone, o de "Convênios", ao abrir a página há a legenda de um gráfico, mas o mesmo não

aparece na página, ou seja, não há informação disponível a respeito nem mesmo referente a

outras formas de aplicação e origem de recursos entre a PMN e outras organizações.

Da mesma forma, o critério de Inteligibilidade é cumprido de forma restringida, há

apresentação de gráficos didáticos relativos a algumas informações de receita, despesa, entre

outros dados. Existem também links que não funcionam e/ou gráficos que não aparecem de

acordo com a opção disponibilizada. E, ainda, com exceção dos menus identificados por

temática, não há outros recursos multimídia, como por exemplo podcasting, os quais

possibilitem uma melhor visualização e interpretação dos dados publicados.

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O PPA do período 2014-2017 apresenta-se de forma segregada por classificações

administrativas, programas, entre outros ordenamentos. Apesar disso ressalta-se a falta do

instrumento citado referente aos períodos anteriores, conforme comentários referentes ao

critério de Atualização e Tempestividade, caracterizando também um cumprimento parcial em

relação ao Orçamento Sintético.

O critério de orçamento promulgado foi, também em parte, obtido pelo portal, vez que se

observou o inteiro teor das peças orçamentárias, contendo, inclusive, eventuais ajustes, contudo

as modificações orçamentárias, principalmente quanto aos créditos adicionais, não foram

localizadas.

Em relação às prioridades e problemas possivelmente divulgados através de relatórios,

localizaram-se, nos anexos da Lei de Diretrizes Orçamentárias, as ações prioritárias da PMN.

Ainda assim, não havia documentos específicos no Portal caracterizando essas ações de acordo

com o divulgado na forma de objetivos no PPA.

Por último e não menos importante, o critério de Sumário Geral apresenta-se na forma de

tabelas com identificação e descrição dos relatórios classificados em ordem temporal. A

existência do mapa compreensível e útil, apesar de não constatado no próprio Portal de

Transparência, no site da Prefeitura do Natal há a apresentação de um, ressaltando-se que há o

direcionamento automático da página através da opção de prestação de contas no Portal.

O percentual alto de critérios não cumpridos confirma a análise do estudo de Silva e

Gomes (2011), onde se relata que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi de suma importância

para o desenvolvimento do Brasil em se tratando de transparência pública, no entanto, as

mesmas não foram suficientes para garantir a eficiência do controle da qualidade da gestão

pública, pois não é possível identificar uma preocupação dos gestores em divulgação de

informações com a finalidade de promover uma governança eletrônica, mas de apenas cumprir

com o que estabelece a legislação.

4.3 CRITÉRIOS NÃO ATENDIDOS

Apresentando o mesmo percentual que os critérios atendidos parcialmente, os critérios

não atendidos pelo Portal demonstram uma interpretação negativa do Portal da PMN com

relação a transparência pública.

De forma geral, a maioria dos critérios relacionados a Relatórios quando não eram

apresentados de forma completa, simplesmente não eram apresentados, como é o caso do

Orçamento Cidadão, Relatório de Controle Interno, Relatório pré-eleitoral, Relatório pré-

orçamentário e Relatório Semestral. A ausência de determinados relatórios citados denota um

governo eletrônico ineficiente a partir da falta de exigências nas regulamentações nacionais em

comparação as determinações internacionais.

O Processamento Automático de arquivos não foi identificado no Portal semelhante ao

critério de Conversões (atendido parcialmente), não sendo possível haver uma extração e

combinação da maioria dos dados de maneira diversificada conforme critério de cada usuário.

Os critérios de Programas e ações de despesas e receitas, Cronograma, Discussão dos

patrimônios ativos e obrigações empregatícias, Fatores de influência a curto prazo, Indicadores

de Desempenho não financeiro e Objetivos também não foram atendidos, nem houve sequer

indício de qualquer informação a respeito dos mesmos. Tais critérios são de estima importância,

pois em conjunto com os demais contribuem para uma fiscalização mais presente dos cidadãos.

A função de busca do site não funciona, demonstrando uma dessa forma uma opção

inexistente devido a sua inutilização, caracterizando assim o não cumprimento do critério dos

Ferramentas Relevantes e Flexíveis existentes no Portal. Igualmente, não se localizaram em

quaisquer relatórios, perspectivas de longo prazo como mudanças substantivas nas receitas ou

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despesas, prejudicando a disponibilização do conhecimento prévio de fatores que

comprometam as contas públicas.

Com relação aos Relatórios de auditoria, no menu principal do site, na opção de prestação

de contas, ao ser direcionado para a página da Prefeitura do Natal, na subseção de controladoria,

na opção de "Portarias de Auditorias/Sindicâncias", há uma relação de 11 Portarias

caracterizadas como sendo do ano de 2014, no entanto, nenhum dos links dos arquivos abrem,

havendo um direcionamento de página para a mensagem "não encontrado". Diante disso,

nenhuma evidência de parecer de auditoria foi acessível.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa objetivou verificar o atendimento do Portal da Prefeitura de Natal/RN aos

critérios internacionais de transparência pública. A pesquisa possibilitou o conhecimento dos

limites e potencialidades da transparência do Portal da PMN, revelando resultados

característicos de pesquisas referentes a uma sociedade democrática.

Apesar do avanço tecnológico e desenvolvimento computacional característicos de uma

sociedade informatizada que veio a facilitar a implementação de instrumentos de transparência

pública (RAUPP E PINHO, 2012), a omissão de dados por parte das gestões públicas ainda

pode ser considerada elevada.

Recomenda-se que outras pesquisas possam ser realizadas em diferentes municípios ou

até mesmo uma obtenção de uma amostra maior (diversos municípios/regiões) e dessa maneira

contribuir ainda mais para a exploração da relação entre a aplicação dos critérios internacionais

utilizados nos portais e uma eficiente transparência pública.

Os resultados revelaram um número baixo de critérios atendidos completamente pelo

Portal, bem como, percentuais relativamente altos de critérios atendidos parcialmente e não

atendidos. Constatou-se, ainda que o Portal da PMN apresenta como um local recheado de

informações primárias, as quais não dão suporte a uma efetiva participação cidadã, fato que

compromete a transparência do portal.

É direito de todo cidadão o acesso à toda e qualquer informação que envolva os

interesses da sociedade, estando este previsto desde a promulgação da Constituição (1988), mas

que vem conquistando patamares altos essenciais a promoção de uma participação direta

daqueles na gestão pública a partir da entrega de informações e serviços governamentais por

parte dos gestores. Não suficiente a transparência pública “assegurada” pelas legislações

nacionais, a realização de estudos anteriores e a presente pesquisa demonstram que ainda é

necessário um desenvolvimento constante da accountibility brasileira a ser considerado os

parâmetros internacionais de transparência considerados comprovadamente mais completos e

efetivos.

Conclui-se que dos 35 (trinta e cinco) critérios analisados, 16 (dezesseis) não foram

atendidos pelo Portal da PMN, o que corresponde a um percentual de 46% do total considerado,

sinalizando uma situação preocupante, em virtude de quase 50% de informações públicas

divulgadas no portal de transparência do município. Apenas 3 (três) critérios foram atendidos

em sua totalidade, enquanto que 16 (dezesseis) foram atendidos parcialmente, correspondendo

aos percentuais de 8% e 46%, respectivamente.

REFERÊNCIAS

771 Boletim Governet de Administração Pública e Gestão Municipal - nº 69 – junho/2017 – p. 755 - ISSN 2237-

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