transição: “map” de qiu zhijie na 31 bienal

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Atividades Programadas IV Camila Marchiori Transição A Bienal Internacional de Arte de São Paulo é responsável por projetar a obra de artistas internacionais e nacionais, por refletir as tendências mais marcantes no cenário artístico global. O evento sempre acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo do Parque do Ibirapuera, motivo pelo qual o prédio também é conhecido como Pavilhão da Bienal. Em sua 31ª edição, sob o título "Como (...) de coisas que não existem", os curadores Charles Esche (Inglaterra), Galit Eilat (Israel), Nuria Enguita Mayo (Espanha), Pablo Lafuente(Espanha) e Oren Sagiv (Israel), em colaboração com as equipes internas da Fundação Bienal, propõem uma discussão sobre como as coisas que não existem podem ser trazidas à existência, de modo que contribuam para uma visão diferente do mundo por meio de experiências e emoções que não estão presentes nas análises corriqueiras da vida humana. O tema da Bienal deste ano manifesta esse interesse da equipe curatorial por investigar o presente, como um período de transição, em que velhas formas estão sendo abandonado para dar lugar às novas, ainda não delimitadas com precisão, incluindo assuntos como religião, sexualidade, feminismo. Dessa busca por obras que reflitam o presente, há quatro frentes que se tornam lupas para abordar o tema central, que são as questões da coletividade, conflito, imaginação e transformação. Propostas do educativo para auxiliar as interpretações das obras selecionadas e correlacioná-las entre si e com o tema geral. Dentro da ótica imaginativa, vale destacar a obra “Map” de Qiu Zhijie, um artista chinês, gravurista, que geralmente aborda em suas obras questões sobre forças do destino e autoafirmação e temas como fragmentação social, além de símbolos e ícones, explorando o conceito de transitoriedade em muitas de suas obras.

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Em sua 31ª edição, sob o título "Como (...) de coisas que não existem", os curadores propõem uma discussão sobre como as coisas que não existem podem ser trazidas à existência, de modo que contribuam para uma visão diferente do mundo por meio de experiências e emoções que não estão presentes nas análises corriqueiras da vida humana.O tema da Bienal deste ano manifesta esse interesse da equipe curatorial por investigar o presente, como um período de transição, em que velhas formas estão sendo abandonado para dar lugar às novas. Dentro da ótica, a obra “Map” de Qiu Zhijie, um artista chinês, desenhou um mapa fictício em grande escala na rampa de acesso .

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Page 1: Transição: “Map” de Qiu Zhijie na 31 Bienal

Atividades Programadas IV

Camila Marchiori

Transição

A Bienal Internacional de Arte de São Paulo é responsável por projetar a obra de artistas internacionais e nacionais, por refletir as tendências mais marcantes no cenário artístico global. O evento sempre acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo do Parque do Ibirapuera, motivo pelo qual o prédio também é conhecido como Pavilhão da Bienal.

Em sua 31ª edição, sob o título "Como (...) de coisas que não existem", os curadores Charles Esche (Inglaterra), Galit Eilat (Israel), Nuria Enguita Mayo (Espanha), Pablo Lafuente(Espanha) e Oren Sagiv (Israel), em colaboração com as equipes internas da Fundação Bienal, propõem uma discussão sobre como as coisas que não existem podem ser trazidas à existência, de modo que contribuam para uma visão diferente do mundo por meio de experiências e emoções que não estão presentes nas análises corriqueiras da vida humana.

O tema da Bienal deste ano manifesta esse interesse da equipe curatorial por investigar o presente, como um período de transição, em que velhas formas estão sendo abandonado para dar lugar às novas, ainda não delimitadas com precisão, incluindo assuntos como religião, sexualidade, feminismo. Dessa busca por obras que reflitam o presente, há quatro frentes que se tornam lupas para abordar o tema central, que são as questões da coletividade, conflito, imaginação e transformação. Propostas do educativo para auxiliar as interpretações das obras selecionadas e correlacioná-las entre si e com o tema geral.

Dentro da ótica imaginativa, vale destacar a obra “Map” de Qiu Zhijie, um artista chinês, gravurista, que geralmente aborda em suas obras questões sobre forças do destino e autoafirmação e temas como fragmentação social, além de símbolos e ícones, explorando o conceito de transitoriedade em muitas de suas obras.

Para a 31ª Bienal, desenhou um mapa fictício em grande escala na rampa de acesso que sai para o parque, diretamente na parede, que funciona como um prólogo para exposição adiante. O mapa se baseia em algumas das ideias curatoriais e artísticas por trás da Bienal, fundidas com as próprias reflexões do artista.

A cartografia é uma das principais maneiras pelas quais a sociedade ocidental chegou

a um acordo com o mundo. Com os mapas, o desconhecido se torna visível e

compreensível, partindo da bipartição entre Oriente e Ocidente, quando da separação dos povos, línguas e religiões, é necessário demarcá-los para ter clareza quanto a sua abrangência, uma maneira de organizar o mundo e classificar as coisas.

Usando da técnica de mapeamento, Zhijie cria lugares imaginários, para construir narrativas, cidades fictícias ou estranhos locais utópicos, remontando as origens humanas não somente geografica, bem como as mitologias, etimologias e culturas.

Page 2: Transição: “Map” de Qiu Zhijie na 31 Bienal

Permitindo definir qual rumo tomar, onde passar e onde evitar, dentro dos preceitos de cada um, mesmo passando apenas com os olhos. Um mapa que apesar de ser imaginário, carrega temas contemporâneos, que são abordados inclusive pela própria bienal, temas polêmicos e tabus nomeados lado a lado, é inevitável não imaginar conflitos, mesmo que em um mundo imaginário, como em zonas em que o artista coloca lugares com nomenclaturas religiosas lado a lado.

Nesse trabalho Qiu não deixa de abordar a transitoriedade. A obra foi criada para a Bienal e irá desaparecer ao fim dela, e todo o universo fictício irá sumir. Apesar de serem assuntos polêmicos para a atualidade, há a mensagem que todas essas questões são passageiras, e que estamos em constante transformação, mudando a visão de nós mesmos e de nossa relação com o mundo, como mostra a própria evolução dos mapas.

Qiu Zijie executando a obra “Map”