transformadores e fator de potência - saber eletrônica online
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Transformadores e Fator de Potncia
Transformadores s o encontrados em uma infinidade de aplicaes. Al imentados por tenses a lternadas esses
dispositivos apresentam caractersticas que levam necessi dade de entender o que o Fator de Potncia. Nesse
artigo abordamos os dois as suntos de forma bastante didtica.
Os trans formadores so disipositivos formados por duas bobina s enroladas em um ncleo comum. Para operao
em baixas freqncias da rede de energia o n cleo de ferro lamina do (ferro doce) enquanto que para operao em
freqncias mais al tas o n cleo de ferrrite. Nafigura 1temos o smbolo utilizado para representar um
transformador monofsico a ssim como seu aspecto para tipos de baixa potncia utilizados na alimentao de
circuitos eletrnicos.
Quando aplicamos uma tenso alternada na bobina de entrada, denominada primrio, uma tenso cujo valor
depende da relao entre o nmero de espiras das duas bobinas induzida na bobina de sada (denominada
secundrio) . Assim, s e a bobina de sada tiver o dobro do nmero de espiras da entrada, a tenso de sa da ser
dobrada, conforme mostra afigura 2.
Da mesma forma, s e tiver metade do nmero de espiras, a tenso ser reduzida metade. Veja entretanto que o
transformador, como qualquer dispositivo eletrnico, no pode criar energia. Assim, se obtermos um ganho de
tenso, a corrente disponvel passa r a ser metade. Por exemplo, se um tansformador eleva uma tenso de 110 V
para 220 V, quando exigimos uma corrente de 1 ampre do secundrio, a corrente no primrio ser 2 ampres. O
produto tenso corrente nos dois enrolamentos deve ser mantido constante (*).
P = V x I = 110 x 2 = 220 x 1
(*) Desprezamos neste caso as perdas que ocorrem na pas sagem da energia de um enrolamento para outro. Essas
perdas normalmente traduzem- se em calor, e para um transformador comum varia entre 2% e 5% da potncia
transferida.
Os transformadores podem ter mais de um enrolamento secundrio, ou enrolamentos com derivaes, conforme
ilustra a figura 3.
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No primeiro caso (a) temos um enrolamento com uma bobina dotada de derivao central. Se tomarmos a derivao
central ou CT (Center Tape) como referncia, a s fases das tenses das duas extremidades das bobinas esto em
oposio. Temos ento um transformador bifsico. No segundo cas o (b) temos um transformador trifsico, muito
utilizado nas aplicaes industriais que tanto a entrada como a sada so trifsicas, porm com tenses diferentes.
Os trans formadores admitem a ligao de seus enrolamentos em tringulo, estrela e em zigue-zague. Veja na
figura 4essas trs formas de ligar um transformador trifsico. Tanto a ligao em tringulo como a ligao zigue-zague so mais utilizadas quando precisa-se alimentar cargas desequilibradas.
Isolamento
Uma caracterstica de extrema importncia para os trans formadores comuns o is olamento que proporciona entre
a entrada e sada de um circuito. Como o enrolamento de entrada e de sada so isolados, pois a transferncia de
energia se fa z por campo magntico, podemos isola r completamente um circuito da rede de energia, tornando-o
assim seguro para a operao, mesmo para o caso de toque acidental em suas partes, observe a figura 5.
O uso de transformadores para isolar circuitos portanto uma prtica comum na eletrnica. Veja entretanto que
existem transformadores em que existe uma parte do enrolamento que comum entrada e sada, conforme mostra
a figura 6.
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Esses s o denominados auto-transformadores e a lteram apenas as tenses sem proporcionar isolamento entre os
circuitos de entrada e sada. A vantag em do uso do auto-transformador est no fa to de economizar na pa rte do
enrolamento que comum entrada e sa da de tenso.
Fator de Potncia
Quando uma tenso senoidal aplicada em uma carga resistiva, ilustrada na figura 7, a corrente circulante pela
carga acompanha instantaneamente as variaes da tenso. Tenso e corrente esto em fase neste circuito.
No entanto, a maioria dos circuitos alimentados pela corrente alternada disponvel em uma rede no se comporta
como uma resistncia pura. Tais circuitos possuem caractersticas indutivas ou capacitivas. o que ocorre, por
exemplo, com motores e transformadores que operam baseados em ca mpos magnticos criados por bobinas.
Nesses dispositivos ou circuitos, a corrente no acompanha as variaes da tenso de forma instantnea, mas
apresenta um retardo ou adiantamento. Veja a figura 8.
O resultado dessa defasa gem uma diferena entre a potncia ativa, aquela que realmente transformada em
trabalho, e a potncia aparente, que a medida. A diferena entre as duas a potncia reativa. Se representarmos a
potncia reativa, a potncia real e a potncia aparente, teremos um ngulo () que utilizado para in dicar o fator de
potncia. O fa tor de potncia (FP), que varia entre 0 e 1, dado por:
Esse fator positivo se o circuito alimentado possuir caractersticas indutivas e negativo se for capacitivo.
O melhor aproveitamento em um circuito de corrente alternada ocorre quando o ngulo de defasagem 0 e portanto
seu cosseno 1. Nesse caso, 100% da energia aplicada convertida em trabalho. Na prtica, entretanto,
dificilmente isso ocorre com os equipamentos de ins talao industrial. As sim, a portaria 1569/BNAEE estabelece
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que as indstrias devem possuir o fator de potncia de s uas ins talaes controlado, ficando dentro dos limites de
0,92 para cargas indutivas e capacitivas.
importante observar que um dos problemas que o profissional da manuteno, principalmente industrial, vai
defrontar a correo dos fatores de potncia da s diversas mquinas de uma pla nta de modo que fiquem dentro dos
limites estabelecidos pela lei. Para cargas indutivas comum fazer a compensao desse fator com bancos de
capacitores, conforme os grficos de correo da figura 9.
Veja que o efeito na defasagem da corrente, em relao tenso, introduzido por um capacitor oposto daquele
inserido pela presena de um indutor, da a possibilidade de fazer a correo utilizando esse componente.
Qualidade da Energia
A forma de onda da tenso a lternada fornecida pela rede de energia eltrica, em teoria, deve ser senoidal com uma
freqncia de 60 Hz, conforme ilustra a figura 10.
Entretanto, por diversos motivos como, por exemplo, a utiliza o de dispositivos que empregam fontes chaveadas ou
ainda dispositivos de comutao de potncia muito rpidos como os que fazem uso de TRIACs e SCRs, as formas de
onda das correntes e tenses encontradas em uma instala o eltrica podem sofrer alteraes deixando de ser
limpas ou puras.
Essas alteraes podem afetar sens ivelmente o funcionamento de equipamentos sens veis liga dos, a limentados pela
mesma rede de energia, e at dos prprios causadores dos problemas. Nas indstrias, onde a quantidade de
equipamentos ali mentados, que podem causar deformaes grande, a preocupao em medir e controlar a
qualidade da energia importante, exig indo uma constante monitorao ou anl ise quando constatado qualquer
tipo de anormalidade no funcionamento de um equipamento, cuja causa poss a estar na energia usada.
Normalmente, a verificao da tenso que est presente em uma rede de alimentao de mquinas feita com a
ajuda de um multmetro. Mede-se a tenso de modo que possa ser comparada com o valor esperado. No entanto, o
multmetro comum no atende s necessidades do tcnico ou engenh eiro que precisa medir a energia de uma rede
que tenha problemas de deformaes das correntes e tenses, trans ientes ou surtos. Conforme descrevemos a seguir,
os multmetros utilizados na an lise da qualidade da energia devem possuir caractersticas especiais.
Harmnicas
Conforme explicamos, uma tenso alternada considerada pura ou limpa aquela que tem uma forma de onda
perfeitamente senoidal, sendo gerada por um alternador ideal. Na prtica, entretanto, a s prprias caractersticas do
alternador e do circuito por onde deve passa r a energia gerada faz ocorrer deformaes como as ilustradas na
figura 11.
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O matemtico ingls Fourier demonstrou que um sinal (de qualquer forma de onda), na realidade, pode ser
decomposto em componentes formados por sina is s enoidais de a mplitudes e freqncias diferentes.
Temos ento uma componente fundamental e componentes harmnicas que possuem valores mltiplos do sina l
fundamental. Essas componentes de valores mltiplos so denominadas componentes ha rmnicas ou
simplesmente harmnicos.
Obs: Veja que na literatura tcnica quando utilizamos o termo harmnicas estamos nos referindo s componentes
harmnicas e quando usamos o termo harmnico, igualmente correto, estamos nos referindo aos s inais
harmnicos.
Assim, o s inal que tem o dobro da freqncia fundamental denominado segunda harmnica, o que tem o triplo
chamado terceira harmnica, e ass im por diante. Demonstra-se tambm que o inverso vlido: podemos sintetizar
um sinal de qualquer forma de onda a partir da combinao de um sinal senoidal fundamental e de sina is senoidais
de freqncias mltiplas com amplitudes diferentes.
Dessa forma, uma tenso alternada que tem uma deformao, como a indicada na figura 12pode ser analisada,
como formada por uma tenso na frequncia fundamental de maior amplitude (60 Hz) e diversas outras tenses de
menor amplitude com freqncias mltiplas denominadas harmnicas.
Observe ento que uma deformao de uma tenso s enoidal indica a presena de tenses harmnicas , ou seja, de
freqncias que no s o a origin al da rede de energia. Esse fato que se torna perigoso para a integridade de
algumas mquinas e circuitos na indstria. A deformao de um sinal medida pela Taxa de Distoro Harmnica,
ou abreviadamente THD, normalmente expressa na forma de uma porcentagem (%). A taxa de distoro harmnica
total de um sinal ou forma de onda calculada pela seguinte expresso:
Dependendo da forma de onda, as h armnicas podem estender-se a valores muito alto de freqncias causando
interferncias em equipamentos de comunicaes.
Na tabela a seguir temos as harmnicas e suas intensidades relativas para um sinal que obtido na sa da de um reti
cador de onda completa. Esse sinal consiste numa onda cuja forma mostrada na figura 13.
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O processo de clculo dessas intensidades envolve a Transformada de Fourier, atravs da qual possvel determinar
o coeficiente ou intensidade relativa de cada harmnica, partindo-se da funo que descreve a forma de onda
analisada.
Um controle de potncia que empregue SCR ou TRIAC um exemplo disso. A comutao rpida desses dispositivos,
gerando na carga uma tenso com forma de onda como a indicada na figura 14, tambm responsvel pela
produo de harmnicas que se estendem at a faixa de VHF de TV.
Um controle de potncia desse tipo causa interferncias em televisores. Essa interferncia s e manifesta na forma de
pequenos riscos na imagem. O mesmo ocorre com liquidificadores, barbeadores e equipamentos industriais que
controlem cargas de potncia, principalmente indutivas como motores.
Problemas causados pela energia Suja
No s o somente interferncias que causam uma tenso alternada com deformaes ou distores, e que a tornam
rica em harmnicas.
Se um equipamento for alimentado por uma tenso no pura que tenha uma taxa de distoro harmnica elevada,
podero ocorrer perdas de energia. Os trans formadores, em especial, so componentes sens veis a este problema
podendo apresentar at mais de 50% de perda se forem alimentados com uma tenso muito distorcida. As cargas
alimentadas por tenso distorcida podem ter ainda um fator de potncia muito pobre sobrecarregando o sis tema.
Os controles de potncia com TRIACs s o exemplos desses dispositivos que podem ter seu desempenho melhorado
com o uso de choques, os quais suavizam a forma de onda da energia cons umida, diminuindo as sim a THD .
Outro problema a ser considerado que as harmnicas de corrente podem tambm distorcer a forma de onda da
tenso, e com iss o isso ca usar harmnicas. Distores da tenso podem afetar motores eltricos e bancos de
capacitores. Nos motores eltricos, por exemplo, a seqncia negativa de harmnicas (5., 11. , 17. , etc.) assim
chamada porque sua seqncia (ABC ou ACB) oposta seqncia fundamental, conforme ilustra a figura 15,
produz campos magn ticos rotativos. Estes campos rodam na direo oposta ao campo magntico fundamental e
podem causar no somente um sobreaquecimento do motor como at oscilaes mecnicas no sis tema motor-carga.
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No caso dos bancos de capacitores, o que acontece que a reatncia de um banco de capacitores diminui com o
aumento da freqncia, fa zendo que ele drene energia a travs das ha rmnicas de maior freqncia. Esse aumento
de energia drenada pelos capacitores pode causar perdas e s obrecargas no dieltrico, capazes a t de levar os
capacitores a uma falha. Quanto aos de equipamentos que operam com apenas uma fas e, tais como computadores
pessoais, reatores e outros, os problemas tambm existem. Para esses equipamentos so especialmente danosas as
harmnicas mpares como o 3., 5., 7., etc. Temos tambm a ao danosa dos harmnicas denominadas triplas
que so a 3., 9. e 15.. Essas harmnicas esto em fase, o que quer dizer que a primeira fase (A) triplica as
harmnicas, a (B) triplica novamente e a (C) faz uma multiplicao fin al, de modo que todas a s trs retornam em
fase pelo condutor de neutro num sistema de 3 fas es com 4 condutores. O resultado disso uma sobrecarga do
condutor de neutro, o que pode sign ificar problemas se ele no estiver devidamente dimensionado para suportar esta
corrente adicional.
O mesmo problema pode surgir em transformadores com enrolamento em delta onde as harmnicas so refletidas
para o primrio causando sobreaquecimento semelhan te ao que acontece quando temos uma corrente trifsica n o
balanceada. Uma maneira importante de verificar se existem correntes harmnicas numa ins talao medindo-a
no condutor neutro da instala o trifsica, num sistema de 4 fios. No entanto, uma elevada distoro ha rmnica da
forma de onda da tenso disponvel na rede de energia s trar problemas se o s istema no tiver sido projetado para
manuse-la.
Em geral, THDs de at 8% no representam problemas para os equipamentos, mesmos os mais sens veis. Um
condutor de neutro, assi m como qualquer outro, a presenta uma impedncia que, no valor fundamental da tenso darede no significativa, mas essa impedncia poder assumir valores relevantes, significando produo de calor e
perda de energia em freqncias mais altas como as de harmnicas mais elevadas. preciso ficar a tento ao
fornecimento de energia li mpa para os equipamentos de instalao, principal mente onde existem equipamentos
sensveis sendo alimentados.
* Originalmente publicado na revista Eletrnica Total n 134 jan/fev /2009.
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