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TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO URBANO DESÃO JOÃO DEL REI/MG SOB A PERSPECTIVA DA
GEOGRAFIA CULTURAL E DA PAISAGEM
Altino Barbosa Caldeira
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
José Flavio Morais Castro
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
INTRODUÇÃO
Este artigo pretende mostrar como se originou e desenvolveu a cidade de São
João del Rei, sob o prisma da geografia cultural e da paisagem, como o processo de
transformação altera a escala desta paisagem e como as pesquisas desenvolvidas no âmbito
acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais tem contribuído para a preservação e conservação da paisagem cultural
resultante desse processo. Para isto buscará fornecer informações sobre sua história, o
território onde se estabeleceram os primeiros desbravadores e como a paisagem natural se
transformou no tempo para acolher e favorecer o ciclo de crescimento que logo se impôs. A
cidade de São João Del Rei, em Minas Gerais, tem uma dinâmica urbana que arrebata a
imaginação do geógrafo. Situada na região das terras altas da Serra do Espinhaço e no
Campo das Vertentes, cujo nome demonstra a sua riqueza hidrográfica, apresenta
atualmente um desempenho econômico, social e turístico que a destaca dentre as outras
cidades do Estado.
O objetivo principal deste estudo é mostrar como a paisagem cultural resultante
deste processo tornou-se protagonista dos enredos e das conquistas obtidas na construção
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do espaço urbano, considerando que o patrimônio cultural é o conjunto de bens e práticas
consideradas de grande valor para uma determinada comunidade e que diz respeito á
formação desta comunidade, pois de acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 216, “constituem patrimônio cultural os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referencia à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Considera-se,
portanto, que esta paisagem é uma porção peculiar do território brasileiro, “representativa
do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana
imprimiram marcas ou atribuíram valores” (ALMEIDA, 2009).
Desse modo, para se avaliar as referências atualmente encontradas na paisagem
de São João del Rei, recorreu-se a mapas, fotografias e desenhos da região, para demonstrar
como se deu esta ocupação e em que sentido esta transformação contribuiu para os valores
que são considerados relevantes e significativos recebidos como herança cultural e que
cabe a nós e às gerações futuras, conhecer e preservar como referencias à sua identidade e
memória.
Considera-se que o conhecimento de bens que integram o patrimônio cultural é
um passo importante para seu reconhecimento e sua valorização, apresentando-se como
condição imprescindível para que sejam preservados. Portanto, a utilização de recursos
modernos para a visualização desses bens, capazes de disponibilizar grande quantidade de
informações de maneira dinâmica e interativa a estudantes, profissionais, pesquisadores e
políticos, torna-se fundamental para o processo de integração entre a comunidade e sua
memória.
ANTECEDENTES
No final do século XVII, as bandeiras vindas da região de São Paulo, começaram a
percorrer as trilhas utilizadas pelos índios para alcançar a região montanhosa onde se
esperava encontrar as riquezas pretendidas pela Coroa Portuguesa. Em 1674, foram
iniciados os dois movimentos de ocupação da região das terras da futura Capitania das
Minas Gerais. O primeiro, partindo de São Paulo, buscando ouro e pedrarias e, o segundo,
da Bahia, procurando pastos para a criação de gado (CARRARA, 2007, p.52). O risco de
doenças e a ameaça indígena, assim como as dificuldades naturais do relevo acidentado e
dos rios caudalosos a atravessar, eram obstáculos a enfrentar. Entre os anos 1693 e 1695,
foram descobertas nas bacias dos rios São Francisco e Doce, grande quantidade de ouro de
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aluvião. O monopólio as minas eram reivindicadas pelos paulistas, que invocavam a seu
favor o disposto na carta régia de 1694, dirigida a D. João Lencastre, Governador do Brasil
(VASCONCELLOS, 1974, p.15).
As lavras, distribuídas por este vasto território, tinham o Rio São Francisco a
correr-lhe pelo centro enquanto para além de suas margens ficava ao sertão, ainda
desconhecido. Nesse espaço de natureza variada, entre montanhas e vales, os lugares
foram recebendo denominações diversas, constituindo-se em assentamentos de
mineradores que foram adquirindo identidades próprias. Organizando-se geograficamente
de forma gradativa em torno dos córregos e ribeirões, que davam nomes aos lugares, os
ambientes, ainda de marcação imprecisa, passaram a receber as construções das primeiras
capelas e do casario de entorno. As capelas eram dedicadas ao santo do dia em que ali se
estabeleciam os forasteiros, por um costume religioso que atribuía, assim , ao santo
protetor a incumbência de zelar pelo sucesso da empreitada e a quem se deveria recorrer
nos possíveis infortúnios. A primeira ocupação histórica do território onde hoje se encontra
a cidade de São João Del Rei, ocorreu com a descoberta do ouro nos córregos e ribeirões da
região e, em 1704, o assentamento formado pelos primeiros mineradores, liderados pelo
bandeirante paulista Tomé Portes del Rei, passou a chamar-se Arraial Novo Rio das Mortes.
Com o rápido povoamento, esta região tornou-se o centro econômico da
Colônia, ainda pertencente à Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, criada em 1709. São
João del Rei se destacava pela sua localização, pois era passagem obrigatória para os
viajantes que buscavam a região aurífera concentrada em sua maior parte nas vilas de
Caeté, Sabará, do Ribeirão do Carmo e em Vila Rica. Vindos de São Paulo ou do Rio de
Janeiro, deviam transpor os rios do sul de Minas, que serviram de referencia para a
conquista do território mineiro, como o Verde, Baependi, Grande, Preto e das Mortes, pelo
Caminho Velho - de São Paulo para as minas - ou o Rio Paraíba do Sul, Paraibuna, pelo
Caminho Novo - que subia do Rio de Janeiro para as minas pela Serra do Mar e a Serra da
Mantiqueira.
Costa (2005, p.58) mostra mapas detalhados sobre a região central das minas e
os traçados dos vários caminhos, com destaque para o Caminho dos Currais, Caminho pelo
Sertão, Caminho de São Paulo para as minas e Caminho Novo. Esses caminhos que se
faziam eram de passagem obrigatória para os registros de cobrança de pedágio e controle
da passagem do ouro extraído nas minas. Segundo Costa (2005), das oito cartas
pertencentes ao acervo da Biblioteca Nacional, manuscritas a tinta e a lápis, a mais
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abrangente inclui informações sobre os cursos dos Rios Paraíba, Paraopeba, das Mortes e
Grande com referencias às nascentes do Rio da Prata e São Francisco. O Caminho Velho, de
São Paulo em direção às minas passava por Guaratinguetá, atravessando a Serra da
Mantiqueira e passando pelas localidades de Pinheirinho, Pouso Alto, Carrancas, São João
del Rei e Lagoa Dourada, Congonhas e outros, até Ouro Preto.
Os conflitos oriundos das disputas pela posse das lavras, gerados pela cobiça
pelo ouro, levaram à Guerra dos Emboabas, entre portugueses e paulistas, insatisfeitos com
o direito de exploração das jazidas, quando aconteceu o triste episódio do “Capão da
Traição”, quando os paulistas foram emboscados e chacinados pelos portugueses. Esses
sinistros acontecimentos contribuíram para a criação oficial das vilas, em 1711, assumindo
suas formas jurídicas próprias, providas de caráter administrativo e eclesiástico. Como as
atividades mineradoras prescindem de alimentos para abastecer esta população as
atividades produtivas se concentravam nos quintais e nas pequenas fazendas que surgiram
nas imediações das vilas, com a criação de gado e fazendas que cuidavam da agricultura de
subsistência. Organizando-se espacialmente e estrategicamente no espaço da vida colonial
ao longo do século XVIII, concentrou uma população empenhada em produzir bens de
consumo e oferecer serviços às outras vilas mineradoras. Em 1713, para homenagear Dom
João V, Rei de Portugal, o arraial alcançou foros de vila, passando a se chamar Vila de São
João Del-Rei, em homenagem a D. João V, conformando-se como um posto comercial
importante passando a ser sede da Comarca do Rio das Mortes (Fig. 1).
Fig. 1- Limite de vilas e comarcas da Capitania de Minas Gerais, no quadro atual do Estado de MinasGerais, entre os anos de 1711 e 1713; Fonte: Castro, 2011.
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A produção aurífera contabilizada neste período repercutiu de modo positivo
sobre a economia e a região, cuja rede de estradas de ligação entre os diversos núcleos
urbanos se expandiu consideravelmente, constituindo-se as estradas reais, oficiais, onde
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deveriam passar e ser aferida toda a produção. Após o levante ocorrido em Vila Rica, contra
a taxação do imposto sobre o quinto do ouro e a dominação e execução dos insurgentes, foi
criada a Capitania de Minas Gerais, em 1720, por desmembramento. A quantidade de ouro
que chegou em Lisboa (GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA, 1967, p.808
apud CALDEIRA, 1997), em quilos, em alguns anos específicos do século 18. Entretanto, de
1740 a 1755 esta produção diminuiu e tornou-se fixa entre 14.000 e 16.000 kg (Tabela 1).
Tabela 1 – Datas e quantidade de ouro vindas do Brasil, que chegaram em Lisboa; Fonte:Caldeira, 1997.
Data Quantidade (em kg)
1699 725
1701 1.785
1703 4.350
1712 14.000
1720 25.000
1721 21.000
Em 1744, a Câmara da Vila de São João del Rei assinalava a decadência das lavras
de mineração com mais de dez anos (CARRARA, p.20) repetindo o que as câmaras das outras
vilas confirmavam sobre a ruína da Capitania, pelo esgotamento do ouro aluvional. Ao
mesmo tempo, ressaltava-se a abundancia de carnes de porco e de vaca, assim como o
necessário aprovisionamento de grãos, hortaliças e frutos na região das minas. Desse modo
caracterizava-se, ao mesmo tempo, a decadência e a opulência (CARRARA, p.23). Por causa
de seus vales férteis e de clima ameno as colinas do Campo das Vertentes
transformaram-se, ainda no século XVIII, no celeiro de cereais de Minas.
Em 1789, a Comarca foi berço de um dos mais destacados episódios da
Inconfidência Mineira, que tinha a intenção de romper com Portugal. Seus moradores em
que se incluíam os habitantes da vizinha Vila de São José (atual Tiradentes) e de Vila Rica
(atual Ouro Preto) uniram suas forças contra a dominação portuguesa, contra a opressão
colonial. Os inconfidentes tinham relação com as atividades de extração mineral ou com a
produção agrícola e muitos deles haviam estudado na Europa e tinham consciência dessa
opressão. Eram contra a cobrança de impostos excessivos, que os indignavam. Todavia,
entre eles encontrava-se um traidor que denunciou ao a trama aos dirigentes portugueses
resultando na prisão, morte ou deportação dos envolvidos.
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De acordo com John Mawe em sua visita à região, em 1809, de cuja data é o
mapa abaixo (Fig. 2) relata que “São João Del Rei, capital do distrito de mesmo nome é uma
cidade importante com cinco mil habitantes no mínimo. Está situada perto do Rio das
Mortes, que corre para o Norte, e se lança no Rio das Velhas. O terreno em torno é muito
fértil, e produz excelentes frutos, tanto exóticos como indígenas, assim como o milho e o
feijão, um pouco de trigo, etc. E a parte mais cultivada da Comarca, da qual é celeiro; aí
fabricam sofrível quantidade de queijo e toucinho muito mal preparado. Estes dois artigos
são enviados ao Rio de Janeiro. Dai mandam muitas aves, um pouco de cachaça, açúcar e
café. Os víveres são mais baratos que em Vila Rica. A carne de porco e de vaca custa um
penny e uma libra; as aves e as hortaliças na mesma proporção (...). Cultiva-se um pouco de
algodão, que se fia à mão e com o qual se fabricam panos grosseiros para os negros;
algumas vezes fazem deles panos mais finos para a mesa. As senhoras de São João del Rei
gostam muito de fazer renda e são consideradas mais cuidadosas com coisas domésticas do
que as de outras cidades; muitas descendem dos paulistas, tão célebres por seu espírito de
obra e economia” (MAWE,1978).
O Campo das Vertentes foi notório no período colonial e ainda o é, pela
variedade de sua produção que inclui a capacidade artesanal de sua população. O inglês
John Mawe, também se encantou com a beleza da vegetação: "Na vizinhança de São João
Del Rei (...) há uma singular espécie de pinheiros, de cuja casca transuda muita goma
resinosa. (tinta para tecido) A madeira é de um belo vermelho escuro, cheia de nós e
excessivamente dura. (...) Cultiva-se um pouco de algodão, que se fia a mão e com o qual se
fabrica panos grosseiros para os negros; algumas vezes fazem dele panos mais finos para
mesa. As senhoras de São João Del Rei gostam muito de fazer renda e são consideradas
mais cuidadosas com cousas do lar do que as das outras cidades". Afirma, ainda que “a
Comarca, que nunca dependera demasiadamente da mineração, supera com certa
galhardia a crise econômica que se abateu sobre a Capitania, principalmente depois de
1780".
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Fig. 2 – Demonstração no Novo Mappa topográfico orientado, e geograficamente exposto para omais verdadeiro e exato conhecimento do terreno que formava o Termo da Villa de S. João d’elRei
[AN (F2/Map.1-4/5) - Fotografia: Vicente Mello] ; Fonte: Costa, 2005, p.87
Por outro lado, em 1818, o viajante inglês John Luccock assim descreveu a Vila de
São João Del Rei: “Cerca de 200 pés abaixo da Igreja do Bomfim, estende-se a Vila de São
João d’El Rey. O primeiro dos epítetos pelo qual se a designa, indica ser ela um agrupamento
de segunda ordem, somente inferior a uma cidade e munida de todas as repartições
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próprias de tal categoria. Do local em que estamos, muitas ruas são nitidamente visíveis, o
curso de um ribeirão amplo e raso, coleando através da vila, as duas pontes que o
transpõem, os edfícios públicos todos e muitas casas particulares, entre leas destacava-se
muito a de um meu amigo Aureliano, distinguindo-se, como aliás várias outras, pelas janelas
envidraçadas e outros traçosde superioridade. A mistura de numerosas igrejas com as
casas, de telhas vermelhas e ainda não enegrecidas pelo fumo, de telhados não deformados
pela intromissão de chaminés, de paredes feitas limpas e alvas pela aplicação de argamassa
e caiação, do calçamento cor de cinza das ruas, das areias amarelentas do rio e do verde dos
jardins, formava um quadro pitoresco e interessante. De um modo geral, a cidade é
compacta, sua forma aproximadamente circular e sua situação e porte muito semelhantes
aos de Halifax, no Yorkshire. O cenário vizinho é grandemente montanhoso e apresenta
estranha mistura de morros arredondados e rochedos fragmentados, de aridez e verdura
de pobreza do solo e riqueza da vegetação, de jardins em meio a desertos e de conforto em
plena desolação” (LUCCOCK, 1975). Luccock faz referência também às igrejas, treze ao todo,
com seus ornamentos extraordinários, seus tetos arqueados e pintados em vermelho
amarelo e azul, bem ao gosto brasileiro, com imagens da Virgem e dos santos. Na década de
1830, a economia da região atrai a indústria têxtil e com a implantação de fábrica de
extração mineral com alta tecnologia, com a chegada da St. John Del Rei Mining Company.
Em 1838, a Vila foi elevada à condição de cidade, quando a escala urbana já se
destacava pelo elevado processo de crescimento de sua economia, o que facilitou a abertura
de serviços importantes para a população como casa bancária, hospital, biblioteca, teatro e
cemitério público. A cidade passou a contar com serviços dos Correios e iluminação pública
a base de querosene – uma evolução para a época. O município já contabilizava na sede
urbana, cerca de mil e seiscentas casas distribuídas por vinte e quatro ruas e dez praças.
Suas treze igrejas construídas com esmero pelas irmandades, são possuidoras de peças
sacras de alto valor artístico e espelham a religiosidade de sua gente. O crescimento
econômico se deu a partir do século 19, quando o comércio passou a ser a principal fonte
de renda da cidade. A chegada da Estrada de Ferro Oeste de Minas foi um dos importantes
acontecimentos que marcaram seu desenvolvimento, acentuado pela criação da Companhia
Industrial São Joanense, em 1893.
Com o tombamento de seu acervo arquitetônico e artístico pelo IPHAN –
Instituto do Patrimônio histórico e artístico nacional, em 1943, a cidade de São João Del Rei
se consolidou como local de grande atratividade turística pela belíssima paisagem natural de
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seu entorno, associada ao espetáculo das tradições seculares de sua arquitetura, música,
arte e religião, situação que foi reforçada com a criação da diocese, em 1960. Possuidora de
um acervo dos mais significativos, seu território urbano é hoje objeto de mapeamento e
inventário destes bens, que se constituem como um fator de crescimento econômico,
intelectual e científico, pelas condições favoráveis de sua localização, pela implantação de
uma Universidade que se destaca na região, com mais de 20 ofertas de curso, entre os
quais, Geografia, História, Arquitetura e urbanismo, Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Produção, Música, Letras, Química, Física, entre outras. Qualifica-se pela implantação de
uma infraestrutura urbana e regional capaz de garantir a este espaço urbano uma
centralidade que se transformou em polo de atração para toda a região. Hoje, a cidade de
São João del Rei, de acordo com o IBGE, possui uma população estimada em torno de 85.00
habitantes, o município tem uma área de 1.464.327 km2, que pertence ao Bioma da Mata
Atlântica. A mesorregião do Campo das Vertentes, onde a cidade se encontra, é formada
pela união de 36 municípios agrupados em três microrregiões: Lavras, Barbacena e São João
del Rei. A diocese de São João del Rei abriga vários municípios e cobre uma extensa área
(Fig. 3)
Fig. 3 - Municípios pertencentes à diocese de São João del Rei
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DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA E OS TRABALHOS DE CAMPO
A elaboração de levantamento digital atualizado da paisagem cultural de São
João Del Rei foi idealizado no âmbito do Programa de pós-graduação da PUC-Minas, com o
objetivo de organizar e valorizar os bens culturais que constituem a sua memória urbana e a
identidade de sua gente. Como o conceito de paisagem cultural, associado à ciência
geográfica, tem se modificado ao longo do tempo, tornando-se cada vez mais abrangente e
inovador, buscou-se realizar um levantamento mais amplo possível, a fim de que pudesse
ser utilizado na gestão do espaço urbano, estendendo-se aos ambientais regionais. Dentro
desta perspectiva, o produto foi concebido em articulação com a Secretaria de Obras da
Prefeitura local de modo que possa servir de documento que permite, aos diversos setores
da comunidade, promover a sua restauração. O conhecimento de sua herança cultural, por
meio de uma leitura visual e interativa dos itens tombados, apresentados em mapas,
fotografias, desenhos e documentos específicos, propiciam uma avaliação permanente das
condições físicas desse patrimônio, com o propósito de protegê-lo e divulgá-lo. Além desses
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aspectos, caracteriza-se por seu caráter abrangente, uma vez que reúne o conhecimento de
diversas áreas como a Geografia, a História, a Arqueologia, a Sociologia, a Política, a
Arquitetura e as Artes Plásticas, entre outras, o que torna mais rico o teor de suas
informações.
Para que essas informações apresentassem o maior detalhamento possível,
foram empregadas imagens digitais utilizando-se Sistemas de Informações Geográfica
(SIG's) associados à técnica de hipertexto na recuperação de textos descritivos e
documentos históricos. Diante da relevância dos aspectos acima citados, o produto é de
grande utilidade para profissionais envolvidos com a preservação do patrimônio histórico e
artístico, considerando-se as informações pormenorizadas contidas em seu banco de dados
e os mapeamentos em escala estadual, regional e urbana, que podem ser acessados via
Internet.
No decorrer de três semestres sucessivos foram elaboradas visitas técnicas com
os alunos da graduação direcionados para um contato direto com as áreas estudadas,
oferecendo-lhes uma oportunidade de lidar com uma experiência real, na observação e
registro da paisagem urbana, conduzindo-os a percepção de como esta paisagem sofreu
transformações ao longo do tempo. Entre os exemplos desse tipo de trabalho
encontram-se os levantamentos realizados em ruas do centro histórico como mostram as
imagens da Figura 4.
Fig. 4 – Conjunto de edificações situadas no entorno da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em SãoJoão del Rei/MG ( Grupo de trabalho da disciplina Projeto de Intervenção no Ambiente Construído,
coordenado por Altino Barbosa Caldeira em 2013).
Considerando-se as diversas áreas de estudo associadas à dimensão cultural da
geografia que, de acordo com Claval (2011) “é uma velha dama que não pára de
rejuvenescer”, observou-se que a história do crescimento e fortalecimento de São João del
Rei como centro urbano, polo comercial, econômico e cultural de uma região, deve-se ao
seu ambiente natural onde “as manifestações da atividade social se inscrevem num meio
modelado pelas forças físicas e naturais” e que, além disso, “a geografia humana não ignora
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os condicionantes naturais, mas fala cada vez mais dos homens, de suas representações e
escolhas” (CLAVAL, 2011, p.373).
Quanto ao patrimônio material, equipes constituídas de alunos da graduação e
pós-graduação, além de professores, realizaram o levantamento cadastral dos bens
tombados pelos órgãos de proteção ao patrimônio histórico, que fazem parte do conjunto
arquitetônico e urbanístico da cidade, onde se incluem os imóveis religiosos e civis
remanescentes dos séculos XVIII e XIX, conforme ilustra a Figura 5.
Fig. 5 - Paisagem urbana de São João del Rei, onde o passado e o presente se contrapõem na escalaurbana (pintura de Altino Barbosa Caldeira em 1994)
A iniciativa de construção destas edificações religiosas coube às Irmandades
religiosas, que congregavam os diversos segmentos sociais da população. Estas obras foram
iniciadas na primeira metade do século 18, quando a exploração do ouro estava no seu
apogeu, porém, levaram quase um século até serem concluídas. São obras de grande beleza
estética inconfundíveis por sua composição estilística barroca, pelos riscos do frontispício
das fachadas e torres esculpidas em pedra e dos altares e retábulos internos talhados em
madeira, atribuídos a grandes mestres da cantaria e carpintaria, como Antônio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho, e Francisco Lima Cerqueira. Além disso, essas igrejas possuem uma
rica ornamentação e uma bela imaginária, em que se destacam as imagens de santos e os
objetos de culto trabalhados em prata. Os cuidados com a implantação e os jardins faziam
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parte do conjunto construído, como pode ser observado na figura 6.
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Fig. 6 – Planta da Igreja de São Francisco de Assis, de São João de Rei.
Fonte: www.atlasdigitalmg.com.br
Na arquitetura civil aparecem tanto sobrados trabalhados com platibandas e
frontões, quanto construções térreas de cimalhas simples e beirais. Todo este acervo
dignifica o ambiente construído e rememora a memória urbana e sua identidade,
harmonizando-se com a escala da paisagem. Ela retrata, assim, a materialização da relação
entre o ser humano e a natureza. As formas integrantes deste sistema é o “resultado de
uma combinação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo
dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável,
em perpétua evolução” de acordo com Bertrand (2004). O conjunto de bens imóveis
tombados totaliza, aproximadamente, setecentas unidades. Entre eles encontra-se o
Complexo Ferroviário está localizado na área central da cidade. A Estrada de Ferro Oeste de
Minas foi inaugurada por Dom Pedro II e pela Imperatriz Teresa Cristina em 28 de agosto de
1881. Um dos prédios mais importantes do conjunto é o Teatro da cidade, cuja fachada
pode ser observada na figura 7.
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Fig. 7 – Desenho da fachada do teatro, realizado para o Mapeamento Interativo da Estrada Real(Fonte: Projeto de pesquisa em andamento coordenado por Altino Barbosa Caldeira em 2010)
Por outro lado, o patrimônio imaterial de São João Del Rei também é riquíssimo.
As festas e representações populares se associam às manifestações religiosas e a população
se envolve diretamente, tanto nas nestas festas sacras e nos cultos da Semana Santa,
quanto nos festejos de carnaval. Ambos atraem centenas de visitantes e turistas, peregrinos
da fé ou foliões carnavalescos. Marcados por uma expressiva religiosidade, os primeiros tem
no Toque dos Sinos uma referencia secular. Atento aos avisos transmitidos pelas pancadas
dos badalos que saem das torres das igrejas, eles reconhecem, pelos diferentes os sinais
dessa música intangível a chamá-los para uma missa, uma novena, uma procissão, uma
benção, uma Via Sacra, um Te Deum, um enterro, etc. Nos dias consagrados aos santos
padroeiros, os habitantes são surpreendidos e convidados a participar das festas em sua
homenagem. Essa linguagem dos sinos foi registrada como um patrimônio imaterial da
cidade, havendo uma escola de sineiros que transmite esta experiência de uma geração
para outra, de maneira de perpetuar este costume.
No caso do carnaval as reações são outras. A música profana ganham as ruas, os
foliões se fantasiam e blocos formados por moradores e turistas se misturam à algazarra
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geral. Muita alegria e descontração animam a vida da cidade que se empolga para
engrandecer ainda mais o espírito carnavalesco. O carnaval apresenta blocos e animação
surpreendentes para uma cidade de natureza geralmente pacata.
Além destes, os costumes locais voltados para a produção de artesanato de
várias espécies, entre os quais os santos entalhados na madeira pelas mãos de hábeis
artistas populares, as modelagens em barro cozido e pintado. Outros bens desta natureza
são as formas de transmissão do conhecimento acumulado recebidos como herança
cultural, entre os quais os modos de fazer o estanho, cuja produção é bastante valorizada na
região, assim como os bordados, a culinária, as receitas de quitutes e iguarias trocadas nas
cozinhas, esses saberes passam de mãos em mãos por várias gerações, enriquecendo o
cardápio local e regional de sabores variados que utilizam os ingredientes produzidos na
região. Outros bens imateriais relevantes são a música e o teatro, havendo muitas bandas e
grupos que se apresentam nas festas de rua.
O objetivo desse trabalho de campo foi difundir e valorizar, por meio de
mapeamento, os bens materiais e imateriais da cidade de São João del Rei, os bens naturais
que compõem o meio ambiente urbano e da região, com o intuito de proteger, conservar e
preservar a paisagem cultural concentrada em sua rede viária, em suas edificações civis e
religiosas, e em suas manifestações e práticas sociais. Busca-se ainda a valorização das
áreas de proteção ambiental e refúgios da vida silvestre, além dos córregos, riachos e
nascentes mencionados, que contribuem para a formação de grandes bacias nacionais.
No primeiro trabalho executado na região os alunos percorreram diversos
municípios mostrados no mapa abaixo. De todos eles foram documentos os bens culturais e
as principais questões relacionados à paisagem cultural. Sua geografia, sua história e,
principalmente os bens considerados de interesse turístico e cultural que resultou na
realização do Atlas Digital dos bens tombados pelo IPHAN em Minas Gerais. A Figura 8
mostra um dos trechos percorridos, em que se encontra acidade de São João del Rei.
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Fig. 8 - Municípios percorridos durante o trabalho de campo na região da Estrada Real onde seencontra o município de São João del Rei (Fonte: Projeto de pesquisa em andamento coordenado por
Altino Barbosa Caldeira em 2010)
Em trabalhos de campo que se seguiram em diversos semestres dos cursos de
graduação, foram realizados levantamentos cadastrais nos imóveis situados no perímetro
de tombamento do conjunto arquitetônico e urbanístico mostrado na Figura 9.
A metodologia empregada visa conduzir uma pesquisa ampla e integrada com as
instituições públicas e privadas atuantes na cidade e região, por meio de inventários,
documentação, registros e outras formas de salvaguarda do acervo artístico e das
expressões que se sobressaem na riqueza e pluralidade das diferentes manifestações e
modos de saber e fazer. Inventariar a produção intelectual e a pluralidade das
manifestações e dos processos de transformação da paisagem, em sua escala de valores,
com seus significados e em suas contradições, significa respirar os valores do passado
interagindo-o com o presente, como resultado de uma riqueza econômica, social e cultural
que atrai o turismo para a região. Analisar e recuperar as transformações do território em
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sua escala e contradições, foi o que permeou a pesquisa realizada no sítio urbano de São
João del Rei.
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Fig. 9 – Delimitação do perímetro de proteção do Conjunto arquitetônico e urbanístico de São Joãodel Rei; Fonte: modificado de Brasileiro, 2007.
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PRINCIPAIS RESULTADOS
A construção do “Atlas Digital dos bens tombados pelo IPHAN em Minas Gerais”
possibilitou e sensibilizou, não só a comunidade mineira e sanjoanense, mas a todos que
trabalharam no projeto, pois os próprios autores foram surpreendidos com a riqueza e
abrangência do patrimônio do Estado de Minas Gerais, envolvendo as diversas áreas de
conhecimento que se encontram interligadas. A realização do “Mapeamento Interativo da
Estrada Real” que seguiu, ampliou e interagiu ainda mais os inúmeros participantes nesta
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empreitada que levou alguns a percorrer mais de dez mil km de estrada. Os resultados que
ainda se processam, permite avaliar a escala territorial em sua dimensão urbana e regional,
podendo-se prever a amplitude da natureza da Geografia Cultural de nosso país. Os
trabalhos de documentação do acervo arquitetônico e urbanístico de São João del rei,
realizado pelos alunos, proporcionou-lhes a oportunidade de investir na cultura urbana e
favorecer a sua conservação e proteção. A documentação dos bens materiais
remanescentes do passado histórico da cidade, associado à pesquisa iconográfica, ao
levantamento cadastral dos bens edificados contaram algumas vezes com a participação
associada de professores e alunos dos cursos de graduação da Universidade Federal de São
João del Rei. A documentação do acervo arquitetônico foi realizada em parceria com a
Secretaria de Obras da Prefeitura da cidade, que privilegiou o levantamento histórico e
arquitetônico das construções mais antigas e que exigiam mais cuidados, para se obter
recursos junto aos órgãos de preservação do patrimônio e restaurá-los. O interesse geral é
devolvê-los à população em bom estado de conservação, de forma a valorizar a memória
urbana e a identidade sua paisagem cultural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo que foi demonstrado, o conceito de cultura se estende às diversas
manifestações que são resultantes das forças naturais, associadas às atividades e aos
modos de ser e fazer dos indivíduos e da coletividade. Os bens materiais resultam da
riqueza da terra, das atividades exercidas pelos seres humanos, das relações entre os
indivíduos e da capacidade de organizar e prever a criação de condições que permitam a
continuidade desse processo. A qualidade de vida urbana, o desempenho do comércio
interno e externo às cidades depende de como se conduz a sua história, da origem e
desejos dos seres humanos que ali aportaram e de suas conquistas. Os ambientes urbanos
são consequências do somatório dessas conquistas que se espelham na paisagem urbana
(Fig. 10).
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Fig.10 – Praça e casario na tranquila paisagem urbana de São João del Rei.
Para isto as condições do lugar, seu relevo e clima, sua hidrografia, assim como a
capacidade de produção sua gente, passa a constituir-se como um centro de referência para
toda uma região. Ela se comporta como um reflexo da organização social que ali se
estabeleceu. A configuração espacial que esta cidade hoje possui é resultado desta
confluência de meios capazes de gerir desenvolvimento ao longo de quase 500 anos de
história.
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TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO URBANO DE SÃO JOÃO DEL REI/MG SOB A PERSPECTIVA DA GEOGRAFIA CULTURAL E DA PAISAGEM
EIXO 1 — Transformações territoriais em perspectiva histórica: processos, escalas e contradições
RESUMO
A cidade de São João Del Rei, em Minas Gerais, apresenta atualmente um desempenho
econômico, social e turístico que a destaca dentre as outras cidades do Estado. Este artigo
procura esclarecer estas razões, levando-se em conta a região e o território ocupado, o seu
desenvolvimento posterior e as transformações ocorridas na paisagem a partir desta ocupação.
Para isto, recorrerá à geografia física e humana, bem como à sua história, para analisar os fatos, as
atividades e os motivos que resultaram em sua configuração atual. Serão considerados o
ambiente natural, as intervenções antrópicas e as manifestações de sua gente quanto aos
aspectos do patrimônio imaterial. Desse modo, este artigo analisa a dimensão espacial da cultura
local, utilizando-se dos conceitos da geografia cultural para ressaltar e valorizar aspectos
urbanísticos, arquitetônicos e paisagísticos de sua ambiência.
Palavras-chave: Patrimônio cultural; espaço urbano; olhares múltiplos.
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