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Transformações do ambiente e consumismo no modo de vida urbano: análise de fachadas residenciais na perspectiva sociedade x arquitetura PALAVRAS-CHAVE: Consumismo; Transformações do ambiente; Modo de vida urbano.

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Transformações do ambiente e consumismo no modo de vida

urbano: análise de fachadas residenciais na perspectiva

sociedade x arquitetura

PALAVRAS-CHAVE: Consumismo; Transformações do ambiente; Modo de vida

urbano.

Transformações do ambiente e consumismo no modo de vida urbano:

análise de fachadas residenciais na perspectiva sociedade x arquitetura

RESUMO

Refletir as transformações do ambiente por meio do consumismo exacerbado nas cidades e perceber como elas podem ter colaborado desde então para alterar a organização do modo de vida urbano é o objetivo desse artigo. O debate teórico que subsidia o texto, busca elencar os impactos da globalização e mudanças na estrutura social. Estas mudanças, embora comecem no campo da economia, não se restringem a ela passando a interferir diretamente no âmbito dos valores, dos comportamentos, hábitos e costumes das pessoas. Refletir acerca dessas transformações, possibilita entender como a sociedade vivencia seu processo de desenvolvimento e identifica os elementos responsáveis pelas mudanças ambientais desencadeadas. Este trabalho trata-se de observar como transformações de ordem socioeconômicas e socioculturais interferem no reordenamento e na paisagem das cidades, revelando a mutação de valores, preferências e sentidos. Por isso, torna-se relevante tomar notas sobre os conceitos da cidade, o processo de formação das metrópoles e a ideia de urbanismo como modo de vida. O fenômeno da globalização é carregado de contradições, símbolos e significados. Vale pautar os custos do progresso industrial, da acumulação baseada na exploração de um sistema fechado de um mundo finito onde se faz urgente a reflexão das consequências das ações humanas. A economia transnacional encontrou como saída para busca de ascensão a abertura das fronteiras comerciais para vender, comprar e produzir em qualquer lugar, dissociando as atividades econômicas das condições locais ou nacionais.A globalização está na transnacionalização das relações sociais e pressupõe a necessidade de preocupação com o planeta, um mundo ameaçado de desaparecer pela ação humana.

PALAVRAS-CHAVE: Consumismo; Transformações do ambiente; Modo de vida urbano.

INTRODUÇÃO

Atualmente, As cidades têm feito um movimento contínuo de crescimento

voltado para a urbanização e para a metropolização. Com isso, o consumo de bens e

serviços estão cada vez mais presentes na realidade da população urbana. Essa relação

entre população e consumo incide diretamente também na relação com o ambiente, haja

vista a utilização dos recursos naturais exacerbada e a importância dada ao

desenvolvimento. Nesse sentido, lançar o olhar sobre o crescimento das cidades a partir

da perspectiva desenvolvimentista significa destacar ações e estratégias de valorização e

utilização de instumentos e métodos capitalistas cada vez mais presentes na dinâmica

populacional.

Refletir sobre as transformações do ambiente por meio do consumismo

exacerbado nas cidades e perceber como elas podem ter colaborado desde então para

alterar a organização do modo de vida urbano é o objetivo desse artigo. O debate teórico

que subsidia o texto, busca elencar os impactos da globalização, mudanças na estrutura

social do espaço e formas de mediação da relação entre população e ambiente diante de

processos de urbanização.

As transformações de natureza socioeconômicas e sócio-culturais ocorridas no

último século desencadearam uma série de mudanças na estrutura da ordem social do

capitalismo mundial. A sociedade densa, rígida, pesada, forte e sistêmica, por assim dizer

representada pela figura do totalitarismo, do fordismo e da burocracia se transforma

gradualmente numa estrutura nova, diferente, líquida, compulsiva, contínua e leve.

As categorias tradicionais como por exemplo, a família, o Estado e a classe social

são reestruturadas no que diz respeito à composição, valores, normas e procedimentos. O

modelo de família patriarcal dá lugar a outras formas de representação da base familiar

que evidenciam a busca por reconhecimento das diferenças e das relações de gênero em

contraste com as condições de superioridade e inferioridade historicamente marcadas.

Nessa perspectiva, o Estado que antes exercia sua função de forma centralizada, vivencia

um processo de modernização baseado na lógica de um planejamento estratégico a fim

de atingir os princípios da eficiência, eficácia e efetividade da sua ação. As condições e

os limites que determinam o pertencimento a uma classe social específica são relativos e

tênues, uma vez que a composição e o conceito de classe social passam por alterações e

adapta-se ao formato da sociedade.

Refletir acerca dessas transformações, possibilita entender e identificar como a

sociedade vivencia o processo de desenvolvimento e como os elementos responsáveis

pelas mudanças sociais são desencadeadas. De modo alinhavado, esta reflexão possui

estreita relação e até fundamenta, tacitamente, o entendimento das mudanças em torno do

espaço urbano, da reconfiguração e significação do que vem a ser a cidade, do modo de

vida urbano. Trata-se de observar como transformações de ordem socioeconômicas e

socioculturais interferem no reordenamento, na paisagem e arquitetura das cidades,

revelando a mutação de valores, preferências e sentidos.

Na primeira parte deste trabalho, constam notas acerca das principais

transformações econômicas inerentes ao capitalismo mundial, sobretudo no que diz

respeito aos processos produtivos. Em seguida, são apontadas algumas reflexões quanto

às transformações de ordem cultural que embora surgem na maioria das vezes em

decorrência de processos oriundos da economia, não restringem a ela, transcendem esta

dimensão na medida em que alteram padrões de comportamento. Nessa parte, este

trabalho faz referência à conceituação da cidade, ao processo de formação das metrópoles

e à ideia de urbanismo como modo de vida. Ainda, a terceira parte procura articular as

exposições anteriores por meio da reflexão em torno de uma experiência de análise das

relações entre Arquietura e Dinâmica Populacional diante do contraste existente nas

faxadas residenciais de uma cidade do Estado da Bahia.4

TRANSFORMAÇÕES SOCİOECONÔMİCAS E SOCIOCULTURAIS NA E DA

CIDADE

As bases estruturais da industrialização marcadas pela enorme quantidade de

produtos, com muito trabalhadores distribuídos conforme as funções específicas das

4 As reflexões provem da realização de um minicurso denominado Arquitetura e Sociedade: análise estrutural de fachadas residenciais no município de Brumado/BA durante a Semana Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia – SECITEC/2015. Embora a análise seja local, o modelo metodológico proposto pode ser realizado em vários municípios brasileiros que passaram e passam por este processo de mudanças diante das transformações da sociedade capitalista. O município de Brumado – BA, localizado a 120 Km de Vitória da Conquista no sudoeste da Bahia, possui uma população estimada em 2013 pelo IBGE de 68.776 habitantes.

etapas de produção sofreram modificações decorrentes das inovações tecnológicas e

passaram a exigir funcionários multifuncionais e flexíveis.

Segundo Harvey (1993), a acumulação flexível representou um modelo de

produção capitalista em substituição ao modelo fordista, entre as décadas de 1960 e 1970,

que já não conseguia resolver os problemas emergentes no capitalismo. O sistema fordista

entrou em declínio porque o mercado já não mais comportava a produção em massa,

assim sendo, houve problemas no investimento de capital constante e de capital variável

vinculado à produção massiva e em longo prazo. Nesse sentido,

A acumulação flexível, como vou chamá-la, é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos e pelas novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológico organizacional. Com isso, a acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre setores como o entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos individuais, completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas; [...] (HARVEY, 1993, p. 140).

A nova forma produtiva que articula desenvolvimento tecnológico e

desconcentração produtiva permite que o conhecimento, dentro do processo de produção

flexível, torne-se essencial, uma vez que o domínio de técnicas mais recentes, dos mais

novos produtos, da mais recente descoberta científica representa uma grande vantagem

diante de um quadro competitivo, em um mundo onde as mudanças ocorrem de maneira

rápida e os gastos e necessidades dependem de um sistema de produção mais flexível.

Portanto, o conhecimento traduzido em capital intelectual é valorizado no processo de

produção. Por isso, a formação no sentido escolar, ganha centralidade para atender às

necessidades do mercado de trabalho, haja vista o destaque concedido à capacitação

técnica e profissional: os propósitos dos sistemas educacionais são redesenhados em

virtude disso.

Ainda de acordo com Harvey (1993), a acumulação flexível é, sumariamente,

uma nova maneira encontrada pelo sistema capitalista de superar suas crises cíclicas e as

contradições da concentração do capital. Trata-se, portanto, de um processo de

acumulação flexível, em que a produção, o mercado e a força de trabalho também são

flexíveis. 5

Destarte, a globalização econômica consiste em outra transformação que altera

a estrutura da sociedade, em virtude das alterações provocadas nas fronteiras mundiais

relativas à produção, montagem e comercialização de bens e serviços. Isso foi em grande

parte facilitado devido aos avanços das tecnologias de informação que permitem realizar

diferentes tipos de comunicações instantaneamente em diversos lugares do mundo.

Ao mesmo tempo em que ocorrem mudanças de natureza econômica, a

sociedade transforma sua base de valores, normas, estilos de vida e relações simbólicas.

Existe uma reconfiguração cultural do sistema de produção, sobretudo, no espaço urbano,

na cidade.

A cidade possui a diversidade como característica marcante. A imagem da

cidade se configura por meio de jeitos, sons, cores, sotaques, roupas, manifestações

culturais, movimentos diferenciados. É o lugar da diversidade de ideologias, costumes e

atitudes, em que coexistem pessoas de diferentes crenças, valores, idades, profissões,

gostos e preferências. Essa pluralidade sempre gerou discussões entre os pensadores

clássicos e tem se tornado objeto de estudo em muitas das áreas da ciência moderna

permeando as produções contemporâneas.

A propósito, de acordo com Weber, (1987) a cidade constitui um espaço

relativamente autônomo no que diz respeito à economia, justiça, distribuição do poder e

comunhão de interesses e relações. A cidade é um pré-requisito para a existência do

capitalismo e pressuposto de seu desenvolvimento. Já segundo Marx & Engels (1974), o

conceito de cidade está atrelado ao desenvolvimento econômico, uma vez que ela

constitui um mercado de bens, de capital e de trabalho.

Contudo, a cidade pode ser compreendida também como uma "força" social

capaz de influenciar e determinar os efeitos na vida social. As discussões realizadas pelos

autores da Escola de Chicago 6 traduzem as transformações socioculturais do sistema

capitalista ao destacar o surgimento e desenvolvimento das cidades como a consolidação

de uma nova forma cultural, de um modo de vida decorrente do processo de urbanização,

5O próprio conceito de trabalho passa por modificações à medida que se afasta da vinculação estreita clássica com as atividades produtivas. 6Movimento do início do Séc. XX que combinou conceitos teóricos e pesquisa etnográfica para estudar os grandes centros urbanos emergentes nos EUA.

em que as relações sociais são transitórias, movidas por interesses exclusivamente

práticos e com caráter individualista. (WIRTH, 1987)

Por fim, as transformações de caráter econômico e cultural ocasionaram

mudanças estruturais significativas na ordem social vigente. É de fundamental

importância compreender essas transformações e como elas ocorreram. No entanto, é

extremamente essencial refletir sobre os impactos gerados em decorrência delas, os

efeitos principais sobre o desenvolvimento e os ganhos sociais possíveis diante desse

processo. Nesse sentido, insta indagar: Quais tipos de mudanças foram impulsionadas no

cenário denomidado urbano mediante as transformações ocorridas no sistema capitalista

de produção?

Responder plenamente a este questionamento não é pretensão deste trabalho,

senão elucidar aspectos teóricos e empíricos que auxiliem na compreensão de como a

arquitetura atual, o “jeito” de viver, as preferências, são parte integrante dessas

transformações na dinâmica populacional das cidades. De acordo com o tipo de

transformação ocorrido na sociedade, as cidades e sua arquitetura serão reconceituadas,

redefinidas ou resgatadas. Por exemplo, o uso de revestimentos no estilo colonial foi por

muito tempo utilizado para projetar e decorar ambientes residenciais. Atualmente, eles

retornam com outra roupagem, novas ténicas de aplicação, materiais diferentes e mais

resitentes às intempéries do tempo.

Os efeitos das transformações supramencionadas incidem na sociedade

multiplamente. A priori, configura-se na passagem de uma sociedade organizada em

classes sociais bem definidas, para um tipo de sociedade complexa, múltipla em

seguimentos, em que os cidadãos podem pertencer ao variados estratos sociais ao mesmo

tempo, dependendo das suas características etárias, de gênero, de etnia, etc.. Neste caso,

o conceito de política social é alterado diante da necessidade de atender anseios de

diferentes seguimentos.

Por outro lado, ocorre a transição de uma sociedade forte, densa, rígida, baseada

em interesses coletivos, para uma sociedade fluída, leve, flexível em que são privilegiadas

a cada dia, as escolhas e opções individuais. Assim, a arquitetura e o cenário urbano

também se modifica aumentando o leque de opções em torno das construções diante

daquilo que agora atende às diferentes exigências e estilos de vida da população. A vida

corrida, a competitividade, o individualismo moderno, a quantidade de filhos numa

família, a violência urbana, as condições de trabalho tornaram-se diferentes no decorrer

das últimas décadas e as pessoas apresentam novas demandas e se adaptam a novos jeitos

de viver, de morar, de trabalhar e de ocupar os espaços.

Certamente, os impactos relativos às transformações no sistema capitalista,

alteraram fundamentalmente o processo de desenvolvimento da sociedade, os cenários

urbanos e o próprio conceito de desenvolvimento foi modificado.

CİDADES E METRÓPOLES – REFLEXÕES SOBRE O MODO DE VİDA

URBANO

O início do que é considerado moderno, é caracterizado pelo crescimento das

grandes cidades. O homem moderno concentra-se em agregados gigantescos. Dessa

forma, a influência que as cidades exercem sobre sua vida social são bastante

significativas, uma vez que a cidade consiste no centro iniciador e controlador da vida

econômica, política e cultural na maior parte do espaço geográfico contemporâneo.

Existe literatura rica acerca da cidade enquanto temática, mas sobre o urbanismo

especificamente, poucos são os estudos estruturados. Na verdade, o que mais se pode

encontrar, são estudos de particularidades da vida urbana.

Wirth (1987) se propõe a explicitar aspectos para uma teoria sobre o urbanismo.

Para ele, o problema central de se estudar a cidade, é descobrir as formas de ação e

organização social que emergem em agrupamentos compactos de grande número de

indivíduos. Assim, quanto mais densamente habitada e heterogênea for a comunidade,

mais acentuadas serão as características do urbanismo. Wirth (1987) ainda propõe

estabelecer uma relação entre: 1. quantidade da população; 2. densidade da população e

3. heterogeneidade de habitantes e vida grupal. Seguem brevíssimas considerações sobre

tais domínios:

1. O aumento do número de habitantes afeta as relações entre eles e provoca

maiores variações individuais. Isso pode resultar na separação espacial dos indivíduos de

acordo com a cor, herança étnica, posição econômica e social, gênero, religião, gostos e

preferências. Os membros de uma comunidade, de uma cidade, não conhecerão todos os

outros. Aqui, refeltimos/pontuamos que se trata de uma modificação no caráter e uma

fragmentação das relações sociais.

Diante das transformações ocorridas no capitalismo das últimas décadas, é

notável a presença da segmentação das relações humanas. As pessoas cada vez mais,

conhecem menos pessoas e com estas, mantêm relações menos intensas e cada vez mais

utilitaristas. Os cidadãos dependem cada vez mais de grupos organizados e cada vez

menos de pessoas determinadas. A cidade se caracteriza mais por contatos secundários

do que primários. Seus contatos são impessoais, superficiais, transitórios e sedimentários.

Isso explica a aparente “sofisticação” atribuída ao habitante da cidade, subscrita também

nos crescentes postos de venda de produtos alimentícios rápidos. Embora esse processo

sirva para a emancipação e liberdade individual, contribui para a perda da autoexpressão,

participação, coesão dos laços afetivos, etc, o que pode gerar o estado de anomia7 ou

atitudes “blasé”8

Nesta perspectiva, as especializações, o funcionamento eficiente da ordem social

e a divisão do trabalho estão relacionadas à interdependência e ao equilíbrio instável da

vida urbana. Na visão de Durkheim, a combinação destes elementos, é fundamental para

produzir o sentimento de solidariedade9.

2. De acordo com Darwin, o aumento numérico por área, tende a produzir a

diferenciação e especialização das funções. E dessa forma, a produção se orienta pela

concentração de muitos indivíduos num determinado local que é dado pelo conceito de

densidade da população. A setorização e especialização das atividades será importante

para o ordenamento e mudanças na configuração do ambiente urbano. Poderíamos citar

outros fatores de infraestrutura que determinam a ocupação populacional como por

exemplo, as oportunidades de trabalho, áreas que impulsionam o desenvolvimento do

país, as migrações em busca de melhores condições de vida, etc.. Tudo isso, gera um

espírito de concorrência, engrandecimento e exploração mútua e está intimamente ligado

às mudanças no cenário urbano das últimas décadas.

7 Anomia é conceito proposto por Émile Durkheim para designar um estado de ausência de regras de convívio entre os homens que acaba prejudicando a ordem social. (DURKHEIM, 1999) 8 Atitude “blasé” é apresentada na obra de Georg Simmel (1903) algo que caracteriza as posturas de indiferença do indivíduo que tem ao seu alcance tudo que deseja através da moeda sem precisar manter contato mais íntimo com os demais cidadãos urbanos. 9 Durkheim faz uma distinção entre solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. A primeira refere-se à forma de organização social, inclusive do trabalho, atribuída a sistemas naturais, simples e primitivos em que a natureza das funções exercidas dos indivíduos é dada, quase que naturalmente. O segundo tipo de solidariedade, segundo ele, corresponde às formas de organização de sociedades complexas que tendem à especialização das funções, exigindo assim que cada indivíduo ou instituição estabeleça certo grau de solidariedade e dependência para que a organização social se mantenha ordenada. (DURKHEIM, 1999)

3. A interação social entre os tipos de personalidades num ambiente urbano tende

a complicar a estrutura das classes e, portanto, induz à estratificação social. Todas as

sociedades contemporâneas experimentam desigualdades, que se apresentam de diversas

formas e origens. Dessa forma, a sociedade cada vez mais vem se estratificando,

separando ou reagrupando a população de acordo com o uso de medidas contínuas que

estabelecem escalas de prestígio, que classificam as pessoas de acordo com índices

socioeconômicos e por meio de escalas de interação social.

Devido aos diferentes interesses, o indivíduo se torna membro de grupos

divergentes. Na cidade é característica a segregação das pessoas em decorrência da

diferença entre raça/cor, etnia, língua, renda e status social, do que pela escolha própria.

A cidade também exerce uma influência niveladora a partir da existência e uso das

instituições culturais, escolas, cinemas, rádios, televisão, instituições educacionais,

religiosas, políticas e recreativas. Ao integrar a vida social, política, econômica e cultural

da cidade, o indivíduo tende a subordinar sua individualidade às exigências da

comunidade maior e fazer parte dos movimentos coletivos existentes.

Isso serve para explicar as tendências na áera da arquiterura, da construção civil,

da urbanidade, dos materiais e técnicas que são utilizadas. Inclui também as interferências

na formação dos profissionais que atuam nestas áreas. É neste sentido que as preferências

individuais, na verdade, podem estar relacionadas e serem influenciadas pelas demandas

e transformações inerentes ao capitalismo global. Então, a utilização deste ou daquele

revestimento, a opção por casa térrea ou de pavimentos, o tamanho da moradia, a

organização dos cômodos estão fortemente relacionados com as circunstâncias da ordem

social vigente.

Os estudos sobre a cidade e o urbanismo como modo de vida trazem diferentes

perspectivas. Uma delas consiste em abordar o conceito de metrópole e como esta noção

transcende o espaço territorial e invade até mesmo as pequenas cidades por meio de

hábitos cotidianos. A contribuição de Georg Simmel escrita no início do século XX

(1903) ainda traduz as experiências dos modos de vida das grandes cidades dos séculos

posteriores. Estas reflexões partem da ideia de que a vida em sociedades urbanizadas é

capaz de gerar conseqüências psicológicas nos indivíduos que dividem o espaço das

cidades. E, para defender-se dessas conseqüências na maioria das vezes nefastas, os

cidadãos metropolitanos são levados a adotar uma série de comportamentos como

contatos superficiais (evitando assim o excesso de estímulos nervosos), intelectualização,

e até mesmo o que o autor chama de atitude blasé. Esses comportamentos seriam

necessários para a manutenção da estabilidade psíquica nos grandes centros urbanos.

O comportamento mental urbano que seria caracterizado pelo distanciamento

das relações afetivas relaciona-se com a instauração de relações primordialmente

mecânicas direcionadas a determinados fins e feitas por meio da moeda. O processo de

intelectualização que seria exatamente esse afastamento do indivíduo do excesso de

relações e estímulos afetivos numa grande sociedade está relacionado com as demandas

de formação profissional das áreas que atuam na arquitetura.

Simmel (2005) aborda que com a expansão do mercado, da circulação da moeda

e da generalização das trocas monetárias, criou-se um processo de racionalização do

próprio indivíduo. Partindo do mesmo lugar de onde Weber inicia sua análise da formação

do espaço urbano, Simmel também vê a cidade como um local de mercado em essência.

Porém, ao contrário de Weber (1987), Simmel procura dar um enfoque aos aspectos

subjetivos que são causados pela vida urbana nos indivíduos.

Ao dar ênfase aos comportamentos que os indivíduos metropolitanos adotam em

prol de sua estabilidade psíquica, o autor sustenta a tese de que num grande centro urbano,

o homem está permanentemente exposto aos mais variados estímulos nervosos e pode

haver uma espécie de “overdose” desses estímulos, desestabilizando emocionalmente o

morador urbano. Para impedir que tal fato ocorra, postula-se que os indivíduos

metropolitanos adotam certa “vida mental” para que possam continuar a viver nessa

sociedade. Isso incluiria um distanciamento das relações afetivas. O comportamento

blasé, mencionado pelo autor, refere-se ao processo de indiferença aos produtos

necessários à sobrevivência. Além disso, há que se ressaltar a intelectualização dos

indivíduos através de um distanciamento cada vez maior dos seus concidadãos, muitas

vezes feito via uma espécie de desconfiança excessiva e de uma atitude de reserva.

O espaço urbano seria, portanto, um espaço dicotômico, pois criaria cada vez

mais relações de dependência através da divisão social do trabalho. Porém, essas relações

seriam suprimidas e ao invés de relações pessoais de dependência, os indivíduos teriam

relações mediadas por algo neutro: papel desempenhado pela moeda nessa economia.

Assim, o indivíduo estaria mentalmente protegido do excesso de estímulos nervosos dos

contatos cotidianos. Ao mesmo tempo, a esfera da autonomia seria desenvolvida cada vez

mais, pois haveria maior liberdade aos indivíduos e menor coerção típicas de pequenos

grupos sociais, essa liberdade permitiria o surgimento de indivíduos multifacetários

capazes de expressar os mais diferentes aspectos de sua identidade. A sociedade urbana

geraria, a esta maneira, comportamentos específicos nos indivíduos que a compõem

através da inserção social mecânica ditada pela circulação de moeda, ou seja, as relações

urbanas seriam via mercado.

Simmel é um dos pioneiros, e o faz com brilhantismo, a adentrar os meandros

psíquicos dos indivíduos “nativos” das sociedades urbanas modernas. Sua descrição do

afastamento e das posições adotadas são facilmente reconhecíveis nos sujeitos

contemporâneos e o que torna o texto ainda mais fascinante é que o seu conteúdo não se

esgota, afinal, a cada dia que passa, essas atitudes “blasé” e de indiferença se

intensificam. Diante disso, a individualidade origina-se em relações e reações:

Todas as relações de ânimo entre as pessoas fundamentam-se nas suas individualidades, enquanto que as relações de entendimento contam os homens como números, como elementos em si indiferentes, que só possuem um interesse de acordo com suas capacidades consideráveis objetivamente. (SİMMEL, 2005, p. 579)

A genialidade é um dos aspectos Georg Simmel, pois, mantêm-se original e

adequado para se pensar desde a era pós-Revolução Industrial até os dias atuais, ou seja,

no contexto de globalização. Quantos de nós não nos vemos muitas vezes inseridos de

forma mecânica na sociedade por via da troca de moeda? Quem de nós realmente pensa

em quem produziu ou como foi produzido o objeto de consumo que aspiramos? As

relações que mantemos durante o dia são incontáveis, assim como as atitudes, olhares e

posturas de indiferença que prevalecem nessas mesmas relações cada vez mais

generalizadas. Ele ainda dá um passo a frente dos demais ao colocar em xeque a

autenticidade das relações sociais estabelecidas dentro do contexto urbano em seu texto

“A Metrópole e a Vida Mental” e nos dá ferramentas para pensar nossa própria vida em

sociedade, nossa forma de inserção.

Diante do ritmo acelerado das grandes cidades, da expansão da urbanização,

cada vez mais, as pessoas vão se tornando estrangeiras. Simmel (2005) define a

singularidade da figura do estrangeiro em seu espaço psíquico, no campo social e

simbólico, como expressão de unidade de duas diferenças e/ou contrários, ao mesmo

tempo que está à margem. O estrangeiro é a figura social em questão que não se instala

na sociedade de acolhida. O outro, em sua singularidade, representa repulsão, integração,

proximidade, distância. Essa é a dinâmica da vida do estrangeiro num espaço em

transformação das dinâmicas sociais, econômicas e culturais que, por sua vez, produzem

novas integrações, profundas substituições e exclusões e/ou integrações marginais

(SIMMEL, 2005).

A fronteira entre o antigo e o novo, entre o passado, o presente e futuro, estão

imbricadas no modo de vida do estrangeiro. Nessa fronteira, solidariedades, integrações,

raízes, direitos, vínculos comunitários são substituídos, alterados, redefinidos. Desse

modo, o estrangeiro não possui uma dimensão da fronteira propriamente física ou

geográfica, e, sim, simbólico-social.

Essa dimensão da fronteira, segundo Simmel, não exclui o estrangeiro da

dimensão mercantil do capitalismo, pois o insere no horizonte do consumo do exótico,

auxilia na obtenção da mais-valia para o capital na medida em que também é um ator de

comércio e consumo de produtos, expande a economia monetária e faz circular o dinheiro,

bem como particularizar formas específicas de circulação de produtos em

correspondência com a intenção constitutiva da presença do dinheiro, que é favorecer a

emergência do individualismo moderno (FRISBY, 1992).

Para Simmel, o estrangeiro é expressão e produtor da crise da cultura na

modernidade, na urbanização. O espírito calculista, a substituição de valores em direção

à dimensão quantitativa, ao cálculo, à intelectualização, à precisão e ao reino do dinheiro,

favoreceram o surgimento e a expressão diferenciada do sentido da vida e seu modo de

expressão. Em outras palavras, o modo de vida das grandes cidades conduzem os

indivíduos a viverem a tormenta da escolha constantemente e é por isso que esse

indivíduo precisa se ajustar a esse contexto, extremamente complexo, conturbado,

conflitante e mutável.

O urbanismo e tido como o modo de vida das cidades. As cidades passam a ser,

segundo Wirth (1979) esse núcleo relativamente grande, denso e permanente de

indivíduos socialmente heterogêneos. “A vida urbana é influenciada pela vida rural e o

urbanismo rompe fronteiras da cidade, levando sua influência para além dos limites

físicos” (WİRTH, 1979, p.72). Nas cidades, as massas estão sujeitas a manipulação,

levada a efeito por símbolos e estereótipos manobrados por indivíduos que atuam através

do controle de meios de comunicação e de produção.

SOCIEDADE E ARQUITETURA – ANÁLISE DE FACHADAS RESIDENCIAIS

Nesta parte do trabalho a pretensão é apresentar aspectos empíricos que

dialogam com as reflexões teóricas elucidadas anteriormente. As relações entre

Sociedade/Dinâmica populacional e Consumismo a partir da Arquitetura vão para além

das dimensões técnicas, materiais ou de execução de um projeto. Elas revelam uma trama

de comportamentos, valores e crenças que fazem parte da esfera cultural.

As imagens utilizadas a seguir, constituem parte de material utilizado no

minicurso: Sociedade e Arquitetura: uma análise estrututal de fachadas residenciais do

município de Brumado – BA, realizado durante a Semana Nacional de Educação, Ciência

e Tecnologia – SECITEC / 2015 no âmbito do Instituto Federal da Bahia – IFBA –

Campus Brumado. O minicurso foi direcionado a participantes do envento em geral e

especificamente a estudantes do Curso Técnico em Edificações. Foi organizado em dois

momentos, sendo que na primeira parte houve uma exposição teórica e conceitual acerca

do tema; e a segunda parte foi consituída de atividade prática de observação e reflexão

em pequenos grupos.

As escolhas dos profissionais, dos mateirias a serem utilizados na construção

civil e na decoração, as técnicas utilizadas podem até surgir de uma perspectiva

econômica relacioanda a custos, regras do mercado, disponibilidades de recusos naturais,

fenômenos da natureza. No entanto, o que faz com que se tornem uma tendência é a

incorporação por parte da comunidade e a interiozação de valores que são traduzidos em

comportamentos.

Por exemplo, ao observar as fachadas residenciais, notadamente percebemos a

combinação destas esferas quando num mesmo espaço urbano convivem elementos

clássicos e elementos contemporâneos. Eles representam a conjuntura econômica, o ritmo

de vida, as condições de trabalho, segurança, enfim, os valores cultivados.

Imagem 01

Fonte: Minicurso: Sociedade e Arquitetura / SECITEC / 2015 / IFBA

Esta fachada apresentada acima, diz respeito à uma época em que a vida era

modesta, as construções eram feitas sem muitos acessórios, normalmente sem um projeto

específico, realizada à beira da rua e em alguns casos até sem o espaço destinado à

calçada. A condição socioeconômica não permitia à maioria da população, possuir

veículo. Logo, neste tipo comum de residência, o espaço da garagem é inexistente. As

janelas e portas direciondas para a rua remetem à época em que poucas famílias possuíam

aparelho de TV e era comum, os vizinhos assistirem à programação do lado de fora. Os

laços de vizinhança e capital social possuíam maior coesão diante das relações de

dependência e solidariedade.

Imagem 02

Fonte: Minicurso: Sociedade e Arquitetura / SECITEC / 2015 / IFBA

Com o passar dos anos, o “sobrado” ganha a preferência da população e as

residências com mais de um pavimento se tornam tendência na construção civil. Embora

nesta imagem, ainda é perceptível a conservação de algumas características da vida pacata

das pequenas cidades. A porta principal em contato direto com a rua, ou mesmo a pequena

varanda, palco da convivência, da conversa cotidiana, dos conflitos de vizinhaça, se torna

garagem na medida em que o poder aquisitivo das famílias e as necessidades de

deslocamento permitem adquirir um ou até mais de um veículo. A residência é ampliada

e o segundo pavimento aparece em várias localidades. As reformas internas, adotam

conceitos e influências de outros lugares, como é o caso da bancada “gourmet” no estilo

americano, que representa o ritmo acelerado de vida, trabalho e estudo das pessoas que aí

residem, as quais precisam fazer refeições mais rápidas enquanto otimizam seu tempo

realizando outras atividades da rotina diária.

Imagem 03

Fonte: Minicurso: Sociedade e Arquitetura / SECITEC / 2015 / IFBA

Imagem 04

Fonte: Minicurso: Sociedade e Arquitetura / SECITEC / 2015 / IFBA

A partir da análise da imagem 03 e 04 revela-se dentre outras coisas, um tipo de

residência, telhado, revestimento externo, gradio, materiais, etc.. E podemos deduzir

custos, tendências dos materiais utilizados devido aos recursos disponíveis na região. No

entanto, este tipo residência datado de pelo menos três décadas atrás, aponta

primeiramente pela presença do gradio baixo, para uma realidade em que a violência

urbana ainda mantinha níveis controlados, em que os laços de vizinhanças eram mais

próximos e que a tranquilidade era possível nas localidades. Em segundo lugar, a

existência de espaço destinado a garagem sugere um poder aquisitivo dos donos que

perimitia possuir veículo, o que representa uma condição restrita naquela época.

Imagem 05

Fonte: Minicurso: Sociedade e Arquitetura / SECITEC / 2015 / IFBA

Imagem 06

Fonte: Minicurso: Sociedade e Arquitetura / SECITEC / 2015 / IFBA

Em contraposição, mas coexistindo lado a lado, a fachada residencial das

imagens 06 e 07 já apresentam aspectos relacionados à vida moderna tanto no que se

refere aos materiais utilizados na sua projeção e execução da obra, quanto no conceito

que está por traz disso. Os muros altos, a cerca elétrica, denotam a insegurança na vida

urbana contemporânea, traduzem a necessidade de isolamento, individualidade e

privacidade. A localização sugere o status social a que pertecem seus donos. O tipo de

arquitetura permite inferir sobre padrões sociais, econômicos e cultuais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As relações entre Sociedade e Arquitetura, entre população e consumo se

consitutem enquanto objeto de estudo neste trabalho com o intuito de perceber como as

transformações sociais, econômicas e cultuais inerentes à sociedade capitalista possuem

a capacidade de interferir no cenário urbano.

As transformações econômicas decorrentes dos últimos séculos alteraram os

processos produtivos em sua forma de gerar riquezas, em meio às técnicas utilizadas e

conhecimento necessário para produzir.

Estas transformações transcendem a dimensão econômica, porque impacta direta

ou inderetamente na esfera da cultura, uma vez que altera padrões de comportamento,

cultiva novos valores e ressignifica aquilo que é considerado por muitos como tradicional.

Um dos aspectos que merece destaque é o fato de que o advento e o crescimento

das cidades representa muito além de um fenômeno da ordem da economia em que as

pessoas buscam melhores oportunidades e qualidade de vida. Além disso, este fato guarda

consigo um conceito de vida, um conjunto de valores alinhados com a ideia de

modernidade, de constante atualização, de tecnologias de última geração, de fluidez e

flexibilidade na produção, na circulação e no consumo dos bens. Bens estes que servirão

de ornamento para reorganizar o cenário urbano.

O urbanismo como modo de vida, provem destas mudanças e se observarmos as

alterações na arquitetura no decorrer do tempo, será possível constatar como isso se

processa. Os processos de desenvolvimento globalizantes se projetam no cotidiano das

cidades e das relações, pautando discussões acerca das organizações e classificações dos

indivíduos a partir das projeções socioeconômicas.

As reflexões aqui apresentadas não se esgotam nelas. É apenas uma abertura para

outras possibilidades de investigação científica e debates contemporâneos. A exemplo

disso, pode-se acrescentar à temática estudada, as relações entre a arquitetura e as

diferentes dimensões relacionadas ao trabalho na sociedade atual. A utilização da

residência para fins de trabalho é muito comum diante destes valores modernos. Ou ainda

é possível recuperar através da história oral, ou de relatos de vida, como inúmeras pessoas

se adaptaram ao modo de vida urbano nas cidades, sobreviveram e sobrevivem às

mudanças no mundo do trabalho e mesclam as vivências trazidas de outros espaços.

Outras possibilidades de investigação podem relacionar sociedade e arquitetura

com questões de saúde pública, planejamento urbano, organização política, direitos

sociais, gestão dos recursos, diferentes tipos de poluição, etc. Em suma, é muito vasto o

campo de análise. O cenário urbano é um campo exposto às influências das

transformações impostas pela sociedade capitalista e também um espaço para múltiplas

práticas e vivências, que vem moldando ideários e processos de institucionalização.

REFERÊNCIAS

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