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FUNDAO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

Protocolo de Kyoto

JEFFERSON TEFILO GIRO FORTALEZA 05/2010RESUMO

O objetivo deste trabalho , a partir de um panorama geral do Protocolo de Kyoto, evidenciar as oportunidades, benefcios e diferenciaes que ele prope para os pases em desenvolvimento. A anlise do Protocolo evidencia que seu contedo apresenta diferenciaes importantes de tratamento entre os pases desenvolvidos e os em desenvolvimento. O MDL, como mecanismo de flexibilizao, favorece transferncias tecnolgicas, know-how de novos empreendimentos e estimula o desenvolvimento sustentvel dos pases hospedeiros. Alm desses benefcios, os pases em desenvolvimento podem obter novos recursos financeiros e mais divisas por meio da comercializao de certificados de emisso reduzida. Se bem aproveitado, o MDL permite que os pases em desenvolvimento associem crescimento econmico e desenvolvimento tecnolgico com diminuio da poluio atmosfrica.

SUMRIO

1. INTRODUO 32. DESENVOLVIMENTO5 2.1 HISTRICO 5 2.2 As Conferncias das Partes e o Protocolo de Kyoto6 2.3 Os Mecanismos de Flexibilizao do Protocolo de Kyoto11 2.4. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)12 2.5. Vantagens e problemas do MDL no Brasil18 2.6. Crditos de Carbono20 2.8. Mercado de Carbono22 2.7. Mercado Brasileiro de Reduo de Emisses MBRE23 3. CONCLUSO25 4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 27

INTRODUO

A partir da dcada de 80 as questes relativas aos problemas ambientais ganharam ainda mais importncia nos meios acadmicos, na mdia e na populao em geral. Dentre as questes ambientais mais relevantes da atualidade, as mudanas climticas globais se destacam, pois so um problema que ameaa o mundo inteiro e no somente alguns poucos pases em regies isoladas. A Cincia tem apresentado muitas evidncias que apontam as atividades antrpicas (atividades produzidas pelo homem) como as grandes responsveis pela gravidade desse problema. Um dos principais causadores das mudanas climticas o aumento do aquecimento global que causado principalmente pelo acrscimo da concentrao dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, que por sua vez resulta basicamente do crescimento indiscriminado no ltimo sculo das atividades econmicas, em especial das industriais. Como conseqncia da unicidade de interesses dos pases em relao diminuio da poluio atmosfrica, o debate internacional se intensificou, buscando as conseqncias e solues para este problema. Um importante acontecimento mundial, e um dos grandes propulsores do engajamento global na resoluo da problemtica ambiental relacionada aos problemas decorrentes do efeito estufa, foram a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudanas Climticas, estabelecida em 1992. Essa primeira reunio foi seguida de encontros anuais, e em 1997 durante o terceiro desses encontros, criou-se o Protocolo de Kyoto. Esse tratado foi proposto para dar maior sustentao s proposies iniciais, proporcionando garantia organizacional e estrutural Conveno. Ele estabeleceu metas de reduo de emisses de GEE para os pases desenvolvidos e definiu melhor os objetivos inicialmente apresentados. O Protocolo de Kyoto um marco histrico relacionado s questes ambientais e, por intermdio de suas premissas, promove tratamento diferenciado para os pases desenvolvidos e os em desenvolvimento. Uma das diferenas est no estabelecimento de cumprimento de metas de reduo de emisses somente aos pases industrializados, que podem cumprir seus objetivos por meio de diminuies em seus prprios territrios ou em outros pases. Na viso do Protocolo, isso possvel, pois a emisso dos gases de efeito estufa afeta todo o mundo, independe da regio que forem emitidos. Portanto, se houver uma diminuio em um dado pas, o benefcio mundial e no apenas local. H controvrsias a esse respeito, medida que havendo possibilidade de reduo de emisses em outros pases, as emisses nas naes desenvolvidas poderiam se manter as mesmas, no beneficiando diretamente a populao dos pases industrializados. De qualquer forma, o Protocolo abre uma oportunidade aos pases desenvolvidos de cumprimento das metas por intermdio de redues em outros pases. Isso foi possvel por meio da criao dos mecanismos de flexibilizao que est de acordo com o princpio de que a poluio atmosfrica deve ser reduzida, no importando a regio que ir ocorrer. O fato que a preocupao com a diminuio das concentraes de GEE tomou uma dimenso mundial, e que o seu controle deve ser feito por meio de atitudes amplas, significando que um pas que possui meta de reduo pode diminuir a emisso dos gases poluidores em outra nao independente de quem possua a meta. O instrumento diretamente relacionado aos pases em desenvolvimento o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite que as naes desenvolvidas promovam projetos de mitigao dos gases de efeito estufa nos pases em desenvolvimento. Com esse mecanismo de flexibilizao, pode haver transferncia tecnolgica e/ou transferncia de novas informaes de pases desenvolvidos para os em desenvolvimento. Alm disso, pode significar tambm uma fonte de recursos financeiros importantes para empresas de pases em desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTOHistrico Em 1988 ocorreu primeira reunio entre governantes e cientistas sobre as mudanas climticas, realizado em Toronto, Canad, descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear. Desde ento, uma sucesso de anos com altas temperaturas tm batido os recordes mundiais de calor, fazendo da dcada de 1990 a mais quente desde que existem registros. Em 1990 ocorreu o primeiro informe com base na colaborao cientfica de nvel internacional foi o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudana Climtica, em ingls), onde os cientistas advertem que para estabilizar os crescentes nveis de dixido de carbono (CO2) o principal gs-estufa na atmosfera, seria necessrio reduzir as emisses de 1990 em 60%. Em 1992 mais de 160 governos assinam a Conveno Marco sobre Mudana Climtica na ECO-92. O objetivo era evitar interferncias antropognicas perigosas no sistema climtico. Isso deveria ser feito rapidamente para poder proteger as fontes alimentares, os ecossistemas e o desenvolvimento social. Tambm foi includa uma meta para que os pases industrializados mantivessem suas emisses de gases-estufa, em 2000, nos nveis de 1990. Tambm contm o princpio de responsabilidade comum e diferenciada, que significa que todos os pases tm a responsabilidade de proteger o clima, mas o Norte deve ser o primeiro a atuar. Em 1995 ocorreu o segundo informe de cientistas do IPCC chega concluso de que os primeiros sinais de mudana climtica so evidentes: a anlise das evidncias sugere um impacto significativo de origem humana sobre o clima global. Um evidente desafio para os poderosos grupos de presso em favor dos combustveis fsseis, que constantemente legitimavam grupos de cientistas cticos quanto a essa questo, para sustentar que no haviam motivos reais de preocupao. Em 1997, em Kyoto, Japo, assinado o Protocolo de Kyoto, um novo componente da Conveno, que contm, pela primeira vez, um acordo vinculante que compromete os pases do Norte a reduzir suas emisses.

As Conferncias das Partes e o Protocolo de Kyoto A primeira reunio da Conferncia das Partes (COP 1) foi realizada entre maro e abril de 1995 em Berlim, na qual foram definidas as modalidades, regras e diretrizes, alm das atividades adicionais, que deveriam ser realizadas pelos pases para alcanar as redues nas emisses dos gases de efeito estufa. Estas definies foram estabelecidas no chamado Mandato de Berlim, por intermdio do qual ministros e outras autoridades propuseram maiores compromissos entre os pases desenvolvidos, fortalecendo mais a Conveno do Clima. Nesta primeira reunio, tambm foi proposta a constituio de um Protocolo, a ser mais tarde desenvolvido na COP 3. A 2 Conferncia (COP 2) foi realizada em julho de 1996, em Genebra. Durante a reunio foi apresentado o Segundo Relatrio de Avaliao do Painel Intergovernamental sobre Mudana de Clima (IPCC). Este documento trata da cincia da mudana do clima, e sua avaliao final apresentou a necessidade de uma base cientfica mais detalhada, no sentido de pressionar as naes para aes mais contundentes e eficientes, nos planos global, regional e nacional em relao s mudanas climticas. Concluiu-se que era necessrio estabelecer metas obrigatrias de reduo global de emisses, prioritariamente direcionadas s naes desenvolvidas, ressaltando novamente o papel diferenciado dos pases. A 3 Conferncia foi realizada entre 1 e 12 de dezembro de 1997, em Kyoto, Japo. Foi na COP 3 que foi criado um Protocolo, o qual dividiu os pases em trs grupos: Pases do Anexo I (pases industrializados); Pases Anexo II (pases desenvolvidos que pagam os custos para pases em desenvolvimento);Pases em desenvolvimento, segundo o qual os pases industrializados deveriam reduzir suas emisses combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5,2% em relao aos nveis de 1990, no perodo compreendido entre 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto foi aberto para assinatura, na sede das Naes Unidas em Nova York em 16 de maro de 1998. Porm, ficou estabelecido que s entraria em vigor 90 dias aps a data de depsito de seu instrumento de ratificao, aceitao, aprovao ou adeso por pelo menos 55 naes da Conveno, incluindo os pases desenvolvidos e industrializados que contabilizaram pelo menos 55% das emisses totais de dixido de carbono em 1990.Como determinao deste Protocolo, cada pas membro, definido como redutor de GEE, deve apresentar um inventrio anual de emisses de gases de efeito estufa, no controlados pelo Protocolo de Montreal. Caso o pas membro no cumpra a reduo acordada, haver procedimentos e mecanismos adequados e especficos de punio, a serem definidos, levando em conta a causa, o tipo, o grau e a freqncia do no-cumprimento. O Protocolo define os gases considerados de efeito estufa e os setores da economia responsveis por essas emisses, para assim poder determinar os percentuais de emisso e metas de reduo. Os gases selecionados so: Dixido de carbono (CO2), Metano (CH4), xido nitroso (N2O), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs), Hexafluoreto de enxofre (SF6). Os setores que o Protocolo considera como responsveis pelas emisses so basicamente: energia, transporte, emisses fugitivas de combustveis, combustveis slidos, petrleo e gs natural, processos industriais, produtos minerais, indstria qumica, produo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofre, consumo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofre, agricultura, uso do solo, queimadas de floresta, esgoto. O Protocolo, seguindo a mesma linha da Conveno do Clima, aponta os pases desenvolvidos como maiores responsveis pelo efeito estufa. Portanto, as metas quantitativas de reduo so dirigidas a estes e no aos pases em desenvolvimento. O percentual que cada pas deve reduzir foi definido depois de estudadas as emisses de cada um separadamente, sendo calculado de acordo com o maior ou menor grau de influncia que cada um representa no clima mundial.O Protocolo est estruturado em princpios muito importantes e positivos. Um deles, diretamente ligado diferenciao de abordagem dos pases envolvidos, o princpio da responsabilidade comum, porm diferenciada, que tem como objetivo diferenciar a responsabilidade histrica dos maiores poluidores, identificando os responsveis pelas mudanas climticas resultantes da alta concentrao dos GEE da atualidade. O excesso de GEE na atmosfera conseqncia de um processo de emisso que j ocorre h muitos anos, principalmente desde o incio do aumento da industrializao dos pases desenvolvidos. Por esse motivo, essas naes so consideradas as maiores responsveis pela situao atmosfrica atual, pois poluem h muito mais tempo que os pases em desenvolvimento. Este princpio advm do princpio Poluidor-Pagador, que afirma que aquele que utilizou tcnicas poluidoras por um perodo maior, no caso os pases desenvolvidos, tm o dever de contribuir proporcionalmente poluio que causou, arcando com a maior parte do nus de mitigar os efeitos adversos causados pelas mudanas climticas. Portanto, este princpio garante a maior responsabilidade dos pases desenvolvidos diante da problemtica ambiental atual, por serem grandes poluidores h mais tempo. Outro grande benefcio do Protocolo, ainda dentro do princpio da responsabilidade comum, porm diferenciada, e obedecendo tambm o princpio da informao, o papel primordial que os pases desenvolvidos tm no sentido de gerir e divulgar informaes e suporte financeiro s economias em desenvolvimento. Os pases desenvolvidos devem tambm facilitar e financiar, caso seja necessrio, a transferncia, o acesso s tecnologias, e o know-how, contribuindo desta maneira para o desenvolvimento tecnolgico ambientalmente seguro dos pases em desenvolvimento. Na mesma linha, os pases desenvolvidos devem promover educao e treinamento s economias em desenvolvimento, no sentido de disseminarem conhecimento em relao s tecnologias limpas. O tratamento diferenciado dado pelo Protocolo de Kyoto em relao aos pases em desenvolvimento apresenta a importante considerao de que estes devem ser analisados como economias incipientes, que tm prioridades em relao a seu crescimento e desenvolvimento, tendo preocupaes sociais e econmicas que no podem ser desconsideradas. As proposies adotadas pelo Protocolo consideram, portanto, as diversas e substanciais diferenas entre os pases desenvolvidos e os em desenvolvimento. A participao dos pases em desenvolvimento deve, portanto, levar em considerao os seus limitados recursos humanos, oramentrios e tecnolgicos disponveis para as mudanas necessrias mitigao dos GEE. Uma das oportunidades que a adoo do Protocolo pode trazer relaciona-se como a imagem e visibilidade que os pases e empresas envolvidas no processo podem adquirir. A populao mundial, incluindo a dos pases em desenvolvimento, tem demandado crescentemente medidas favorveis ao meio ambiente, portanto os agentes pblicos esto cada vez mais preocupados com estas questes. Um comportamento favorvel em relao ao Protocolo de Kyoto por parte destes pases, geralmente beneficia a imagem de seus governantes perante a populao e perante as demais naes. Cabe ressaltar que no h somente questes puramente econmicas e sociais envolvidas, sendo que a poltica exerce um papel importante em relao ao processo de aceitao do Protocolo. A 4 Conferncia (COP 4) foi realizada entre 2 e 13 de novembro de 1998, em Buenos Aires. Originalmente a COP 4 teria como objetivo maior fixar os prazos finais para o que fora definido nas reunies anteriores. O foco principal era a regulamentao e implementao do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O resultado mais importante da reunio foi a criao de um plano de trabalho denominado Plano de Ao de Buenos Aires, para que fossem colocadas em prtica as principais regras e questes tcnicas e polticas em relao implantao do Protocolo de Kyoto. Na sexta conferncia (COP 6), ocorrida em Haia de 13 a 24 de novembro de 2000, as questes referentes ao que se intitulou de Uso da Terra, Mudana no Uso da Terra e Florestas (LULUCF - Land Use, Land Use Change and Forestry) foram amplamente abordadas. Essas discusses referiam-se aos projetos ligados ao seqestro de carbono pelas florestas, incluindo florestamento e reflorestamento, e se estes seriam ou no aplicveis s atividades elegveis ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Apesar da importante abordagem em relao s florestas, durante a COP 6, o Protocolo de Kyoto ficou extremamente fragilizado, principalmente devido s divergncias entre os EUA e os pases europeus, no sendo possvel o estabelecimento das regras operacionais do Protocolo. A problemtica foi tamanha que a reunio teve que ser suspensa. Um outro fato ocorrido em 28 de maro de 2001 fragilizou as expectativas em relao continuidade do processo das Conferncias. Mesmo em meio a tantas incertezas, uma nova reunio foi marcada, chamada de COP 6 e meio, ocorrida em Bonn, Alemanha entre os dias 16 e 27 de julho de 2001. Essa conferncia restaurou o Protocolo, e foi considerada uma das mais difceis da histria, segundo o ento ministro de Energia da Nova Zelndia, Peter E. Hodgson. No incio da reunio, muitos acreditavam na impossibilidade de renascimento do Protocolo, porm este quadro se reverteu depois de algumas concesses feitas em especial para garantir a permanncia de pases como Japo e Federao Russa. Esse acordo poltico que garantiu a sobrevivncia do Protocolo foi chamado de Acordo de Bonn. Durante a stima Conferncia das Partes (COP 7), ocorrida em Marrocos, iniciada em 29 de outubro de 2001, foi definida a regulamentao do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Alm dos assuntos referentes ao MDL, a reunio abordou discusses a respeito de LULUCF, como o seqestro de carbono pelas florestas, que levantaram muitas dvidas, principalmente devido s prprias incertezas relacionadas quantificao/estimativa dos estoques de carbono nos diferentes sistemas florestais, alm da restrita fonte de dados e informaes florestais do mundo, particularmente nos pases no industrializados. Estas dificuldades contriburam para aumentar ainda mais o ceticismo de que as florestas deveriam ser includas no mbito das negociaes envolvendo o comrcio de emisses. Na COP 10, realizada em dezembro de 2004, assuntos referentes ao MDL foram discutidos, como a questo do Teste de Adicionalidade, alm de assuntos ligados a LULUCF, como a abordagem sobre projetos florestais de pequena escala. A COP 11 foi realizada no Canad, e ocorreu em 28 de novembro de 2005. A COP 11 ocorreu concomitantemente com a primeira reunio das Partes para o Protocolo de Kyoto. Dentre outros assuntos, foi discutida a possibilidade de continuidade da adoo do Protocolo depois de 2012, prazo final da primeira fase. Os pases membros concordaram em iniciar um processo para considerar compromissos para alm de 2012, no entanto, no foi fixado calendrio para a tomada de decises. A participao dos EUA no Protocolo tambm foi tema de discusso, porm os Estados Unidos apenas aceitaram o compromisso de iniciar dilogo para a troca de experincias e anlise de estratgias para cooperao. A ltima reunio, a COP 12, ocorreu nos dias 6 a 17 de novembro de 2006, em Nairbi, no Qunia. O encontro teve a participao de quase 200 pases, dentre eles, o Brasil. Dentre os assuntos tratados na pauta da COP 12, destacaram-se discusses a respeito da prorrogao dos compromissos assumidos pelos pases para um segundo perodo de 2012 a 2016. Esse assunto esteve em acordo com o artigo 3.9 do Protocolo de Kyoto, que determina que as negociaes em relao aos compromissos para os perodos subseqentes deveriam ocorrer pelo menos sete anos antes do trmino do primeiro perodo de compromisso. Apesar das Partes no terem chegado a um acordo, os pases participantes concordaram que, diante do atual cenrio, essa deciso dever ocorrer nas prximas COPs. Outro assunto importante foi em relao necessidade de reviso do texto do Protocolo de Kyoto para que os pases em desenvolvimento tambm assumam compromissos concretos de reduo de emisses de GEE, porm ainda no fora definido metas obrigatrias de redues. Outro ponto relevante a se destacar diz respeito proposta feita pelo governo brasileiro para a criao de um fundo voluntrio destinado para compensar os pases que reduzam o desflorestamento. Apesar de no ter tido grande aceitao, o assunto despertou interesses de alguns pases, que adotaram como pauta de novas discusses a idia proposta pelo governo brasileiro. Apesar da COP 12 no ter resultado em posies definitivas, os seus participantes concluram que necessrio identificar os custos e os impactos das mudanas climticas nas suas economias e no mundo.

Os Mecanismos de Flexibilizao do Protocolo de KyotoOs mecanismos de flexibilizao previstos no Protocolo so trs: a Implementao Conjunta (Joint Implementation), o Comrcio de Emisses (Emissions Trading) e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL (Clean Development Mechanism CDM). Seguem as principais caractersticas de cada um. A Implementao Conjunta foi apresentada no Artigo 6 e permite aos pases industrializados compensarem suas emisses participando de projetos e sumidouros em outros pases. H, portanto, a criao de crditos de carbono chamados de unidades de reduo de emisso (URE), que podem ser negociadas entre os pases industrializados. O Comrcio de Emisses foi definido no Artigo 17 do Protocolo. Ele explicita as transaes referentes s emisses de GEE entre os pases industrializados. Trata-se da adoo de polticas baseadas em mercados de licenas negociveis para poluir. Esse mecanismo permite aos pases desenvolvidos negociarem entre si as quotas de emisso acordadas em Kyoto por meio do qual pases com emisses maiores que suas quotas podem adquirir crditos para cobrir tais excessos. Por ltimo, e o que mais nos interessa, por afetar os pases em desenvolvimento, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Ele foi desenvolvido a partir de uma proposta da delegao brasileira que primeiramente previa a constituio de um Fundo de Desenvolvimento Limpo. Segundo a proposta original, esse Fundo seria constitudo por aporte financeiro dos grandes pases emissores no caso de no atingirem metas de reduo consentidas entre as naes, seguindo o princpio do poluidor-pagador. Porm, a idia do Fundo foi modificada, para o que conhecemos como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que consiste na possibilidade de um pas desenvolvido financiar e/ou investir em projetos em pases em desenvolvimento como forma de cumprir parte de seus compromissos. Alm desses benefcios, o processo cria a possibilidade das naes em desenvolvimento auferirem mais recursos por intermdio da venda das chamadas redues certificadas de emisses (RCE).Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)O MDL foi definido no Artigo 12 do Protocolo, durante a COP 3. Porm a sua regulamentao, os detalhes operacionais e os sistemas de medio e avaliao somente se desenvolveram durante a COP 7, em Marrakesh. Em Kyoto, a idia do Fundo foi aprofundada com a possibilidade dos pases desenvolvidos financiarem projetos de reduo nos pases em desenvolvimento.Por intermdio do MDL, os pases industrializados podem cumprir seus compromissos de reduo investindo em projetos que evitem emisses dos gases causadores do efeito estufa nos pases em desenvolvimento, e estes podem vender as redues certificadas de emisses (RCEs). O instrumento viabiliza a cooperao internacional, uma vez que incentiva o aumento de investimentos em pases em desenvolvimento, mediante entrada de capital externo e incrementos internos destinados causa ambiental. Segundo o Protocolo, pases do Anexo I devem financiar e facilitar a transferncia de conhecimentos, tecnologia, know-how, e prticas e processos ambientalmente seguros relativos s mudanas climticas para os pases em desenvolvimento. Portanto, alm das melhoras nos pases desenvolvidos, o Protocolo valoriza a disseminao de conhecimentos tecnolgicos, alm de educao, treinamento e conscientizao para as naes em desenvolvimento. O MDL, em ltima instncia, promove, portanto, o aperfeioando do conhecimento tecnolgico dos pases em desenvolvimento, diretamente, mediante mudanas na rea ambiental, e pode repercutir nos demais setores promovendo melhorias tecnolgicas em geral. Para os pases em desenvolvimento, esse mecanismo traz ainda outros benefcios, pois, alm de incentivo s mudanas tecnolgicas promove a disseminao de conhecimento por meio de treinamento e transferncia de informaes. O processo pode implicar em vantagens financeiras advindas das vendas dos certificados, dos investimentos estrangeiros, de financiamentos e demais facilidades que o processo do MDL engloba. A premissa bsica de que um projeto somente ser elegvel ao MDL se promover o desenvolvimento sustentvel do pas hospedeiro de extrema importncia para os pases em desenvolvimento. Como visto, o desenvolvimento sustentvel entendido como aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras geraes de satisfazer as suas prprias necessidades, inter-relacionando, portanto os aspectos sociais, econmicos e ecolgicos. O MDL pode se tornar um canal de transferncia Norte-Sul de recursos financeiros e tecnolgicos no mbito de um novo regime climtico. Para que haja, portanto, as alteraes tecnolgicas necessrias para reduzir os GEE nos pases hospedeiros de projetos de MDL, as economias desenvolvidas devem incentivar e apoiar os pases em desenvolvimento ressaltar que essa transferncia pode no ser observada, mas de qualquer forma a proposta do Protocolo. Em relao participao nos projetos de MDL tanto entidades pblicas quanto privadas podem atuar, desde que devidamente autorizadas pelos pases envolvidos. Para que essas entidades tenham seus projetos aprovados como MDL suas atividades devem estar centradas nos setores de energia; setores de produo de metais, indstria qumica e mineradoras; projetos de reflorestamento e florestamento; e os setores de resduos, como tratamento de esgoto e resduos slidos, como os aterros sanitrios. Suas atividades devem ser direcionadas principalmente s fontes renovveis, alternativas e de conservao de energia e ao reflorestamento e plantio de novas florestas. Para que um projeto num pas em desenvolvimento seja elegvel como MDL, este deve cumprir alguns requisitos bsicos, e dentre os mais importantes est a comprovao de adicionalidade de um projeto. Para comprovar a adicionalidade de um projeto deve-se considerar a situao anterior implantao do projeto, a situao atual, e a posterior implantao, utilizando-se projees e tendncias, caso haja necessidade, para se estabelecer informaes da maneira mais precisa possvel. Diretamente ligada adicionalidade est definio de linha de base (baseline), que se refere ao cenrio encontrado que representa as emisses antrpicas de GEE por fontes que ocorreriam na ausncia da atividade do projeto proposto. A adicionalidade de um projeto refere-se, portanto, s redues de emisses que sejam adicionais as que ocorreriam na ausncia da atividade ligada ao projeto, compara-se, portanto o projeto com sua baseline. O ciclo de um projeto de MDL caracterizado por um processo de aferio e verificao por meio de instituies e procedimentos que foram estabelecidos na COP 7.Uma das motivaes das empresas dos pases em desenvolvimento, em relao participao nos projetos de MDL refere-se melhoria de sua imagem ou reputao. O comprometimento de uma empresa com a melhora ambiental uma ferramenta de marketing muito utilizada atualmente, e pode tambm adicionar valor ao produto vendido pela empresa valorizando suas aes. Esta melhoria de imagem pode abrir oportunidades em relao visibilidade da empresa. Pode-se entender como um ponto positivo para esta empresa j ter passado pela avaliao rigorosa do Comit Executivo do MDL.No podemos esquecer que o processo do MDL envolve muitas instituies responsveis por seu desenvolvimento. O nmero destas organizaes bem como o nmero de funcionrios envolvidos pode aumentar conforme o desenvolvimento deste mercado, criando novos empregos e novas oportunidades de negcios Os pases em desenvolvimento, alm dos benefcios ambientais e tecnolgicos, tambm podem obter benefcios financeiros por intermdio da venda dos certificados. A negociao dos certificados permite aos emissores, que porventura tenham altos custos de reduo de emisses, comprarem certificados de vendedores com baixos custos. Assim, portanto, os custos totais para se atingir um determinado nvel conjunto de emisses sero menores, porque uma maior parcela de redues estar sendo realizada por agentes mais eficientes. O sistema de negociao de redues certificadas de emisses possibilita s empresas dos pases desenvolvidos negociarem com os pases em desenvolvidos e vice-versa, de tal forma que aqueles pases que dispem de menos meios para reduzir suas emisses tornam-se, portanto, compradores de certificados de outras naes. A utilizao de mecanismos, como o MDL, possibilita, portanto, o desenvolvimento de um mercado de crditos de carbono advindo do comrcio de redues, que pode beneficiar tanto os pases desenvolvidos quanto os em desenvolvimento. A existncia deste mercado amplia a dimenso do plano de mitigao dos GEE, pois pode haver um interesse maior no MDL, proporcionando um aumento de recursos para os projetos. Com o mercado de certificados, a visibilidade e o acesso ao MDL aumentam, favorecendo o desenvolvimento desse mecanismo. Os projetos que se habilitam condio de projeto de MDL devem cumprir uma srie de procedimentos at receber a chancela da ONU, por intermdio do Conselho Executivo do MDL, instncia mxima de avaliao de projetos de MDL.O diagrama a seguir mostra as diferentes etapas que um projeto deve cumprir para receber os RCEs no mbito do MDL. Figura - Ciclo de um projeto de MDL .Na fase de configurao do projeto (etapa 1 da figura), alm da metodologia de monitoramento que deve ser utilizada para verificar o cumprimento das metas de reduo de emisses e/ou de remoo de CO2 equivalente, necessrio que o desenvolvedor do projeto estabelea a adicionalidade e a linha de base do projeto. Com relao ao primeiro, as atividades de um projeto de MDL sero consideradas adicionais se as emisses antropognicas de CO2 forem menores do que as que ocorreriam na ausncia do projeto de MDL e/ou se a remoo de CO2 da atmosfera for superior quela que ocorreria na ausncia do projeto de MDL. Por sua vez, a linha de base de um projeto de MDL constitui o cenrio representativo das emisses/remoes antropognicas de CO2 que ocorreriam na ausncia do projeto. Para auxiliar os pases na apresentao de tais informaes, o Conselho Executivo do MDL elaborou o documento-base denominado Documento de Concepo do Projeto (DCP), que vem a ser, efetivamente, a forma-padro de apresentao e encaminhamento de projetos que busquem habilitao condio de MDL.Em seguida, o participante do projeto deve contratar uma empresa especializada independente (Entidade Operacional Designada ou EOD), devidamente reconhecida pelo Conselho Executivo, para validar o documento e analisar outras informaes relevantes, como comentrios das partes interessadas e possveis impactos scio-ambientais decorrentes da implantao do projeto. A validao (etapa 2 da figura) o processo de avaliao independente de um projeto de MDL, por parte de uma EOD, no tocante aos requisitos prprios desse mecanismo, conforme estabelecido na Deciso 17/CP.7 e nas decises pertinentes da COP, com base no Documento de Concepo do Projeto.A aprovao (etapa 3) do projeto de MDL no pas hospedeiro efetuada pela Autoridade Nacional Designada (AND), e corresponde aceitao da atividade do projeto de MDL pelo governo local. No Brasil, a AND a Comisso Interministerial de Mudana Global do Clima, que tem como atribuio verificar se os projetos esto consistentes com seu objetivo duplo: a) reduo das emisses de GEE e/ou remoo de CO2 atmosfrico; e b) promoo do desenvolvimento sustentvel. A Comisso Interministerial de Mudana Global do Clima a AND brasileira formada pela Casa Civil da Presidncia da Repblica e pelos seguintes Ministrios: Cincia e Tecnologia (coordenador da Comisso); Relaes Exteriores; Agricultura; Pecuria e Abastecimento; Transportes; Minas e Energia; Planejamento, Oramento e Gesto; Meio Ambiente; Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior; Cidades; e Fazenda.Aps a aprovao, o projeto segue para registro (etapa 4), que a aceitao formal, pelo Conselho Executivo, de um projeto validado como projeto de MDL. O registro pr-requisito para verificao, certificao e emisso das RCEs relativas a essa atividade de projeto.Uma vez registrado no Conselho Executivo, o projeto passa para a fase de monitoramento (etapa 5). Esse procedimento deve seguir um plano estabelecido pela metodologia definida no projeto, produzindo relatrios a serem submetidos EOD para verificao. A verificao (etapa 6) a reviso independente e peridica e a apurao ex post, efetuada pela EOD, das redues monitoradas das emisses antrpicas de GEE que ocorreram em conseqncia de atividade registrada do projeto de MDL durante o perodo de verificao.Finalmente, a certificao a garantia, dada por escrito pela EOD, de que, durante o perodo de tempo especificado, certo projeto em operao atingiu as redues das emisses antrpicas de gases de efeito estufa conforme verificado.Com a certificao, torna-se possvel requerer ao Comit Executivo a emisso (etapa 7) das RCEs relativas quantidade reduzida e/ou removida. Essas RCEs tm validade determinada e, conforme o caso podem ser renovadas.No Brasil, a Resoluo n 1/2003, da Comisso Interministerial de Mudana Global do Clima reproduz os princpios do MDL definidos no Protocolo de Quioto, conceituando, inclusive, a RCE como uma unidade emitida em conformidade com o Artigo 12 do Protocolo, igual a uma tonelada mtrica equivalente de dixido de carbono, calculada com o uso dos potenciais de aquecimento global definidos na Deciso 2/CP.3 ou revisados subseqentemente nos termos do Artigo 5 do Protocolo de Quioto. Os procedimentos para encaminhamento de projetos Comisso Interministerial tambm esto definidos na Resoluo n 1/2003. Vantagens e problemas do MDL no Brasil

O Brasil um pas reconhecido internacionalmente por possuir uma das matrizes energticas mais limpas e renovveis do mundo. Embora, no decorrer da histria, isso no tenha sido uma escolha resultante de preocupaes ambientais, o fato que, por ter o seu abastecimento de eletricidade baseado em recursos hdricos e por possuir um importante programa de uso de combustveis de biomassa (lcool) em substituio aos derivados do petrleo, o Brasil dentre os pases que apresentam nveis equivalentes de desenvolvimento e de dimenso econmica possui um curriculum energtico (e de emisses) que o qualifica positivamente no processo de implantao do MDL. bem verdade que a matriz energtica brasileira, daqui para frente, dever perder muito desse seu aspecto de renovao. O suprimento de eletricidade dever, cada vez mais, se utilizar de recursos fsseis (como o gs natural) e, de um modo geral, a expanso econmica e o desenvolvimento do pas devero elevar de modo substantivo a demanda pela utilizao de recursos naturais e o aumento de emisses.Essa tendncia, entretanto, de maneira alguma desqualifica o pas como especialmente favorvel para desenvolver projetos de MDL e ocupar uma posio vantajosa no mercado dos RCEs.O Brasil apresenta um enorme potencial para a conservao de energia e, do mesmo modo, facilidades estruturais permitem que uma nova energia seja produzida em bases sustentveis e menos emissoras. Reforando ainda mais esta posio, a competitividade e a excelncia brasileira nas atividades de agronegcios e na indstria florestal formam um quadro bastante positivo para os projetos de MDL.Igualmente assinalvel a dimenso econmica e o peso das empresas brasileiras. O mercado dos RCEs exigir, principalmente na sua fase de implementao, um forte amparo de credibilidade, fora e dimenso empresarial, que d suporte s suas transaes. E, sob esse aspecto, o Brasil apresenta, tambm, um diferencial positivo.Os projetos de MDL e o mercado dos RCEs se originam de uma iniciativa global de melhoria do meio ambiente, traduzida na forma de reduo das emisses de gases geradores de efeito estufa e materializada na Conferncia Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio 92. Portanto, a questo da qualidade e da sustentabilidade, no sentido amplo dos termos (social, ambiental, econmico, tecnolgico etc.), mais do que uma pea chave nesse processo: a matria-prima bsica do trabalho.A imagem dos problemas ambientais e sociais do Brasil principalmente aqueles associados questo do uso irracional e da destruio dos recursos florestais, inclusive pelas implicaes para o aumento do efeito estufa uma questo sensvel a ser enfrentada. Se, de um lado, isso valoriza as aes de melhoria ambiental, oferecendo melhor retorno e abrindo boas oportunidades de novos empreendimentos, de outro, implica a necessidade de um esforo real do empresariado brasileiro, expresso tanto junto ao Governo quanto Sociedade Civil, em prol da sustentabilidade e para assegurar aos projetos de MDL um elevado padro de consistncia no atendimento dos seus propsitos.Dentre os inmeros tipos de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) que podem ser desenvolvidos, pode-se citar: Captura de gs em aterro sanitrio; Tratamento de dejetos sunos e reaproveitamento de biogs; Troca de combustvel; Gerao de energia por fontes renovveis (biomassa, energia elica, pequenas e mdias hidroeltricas), energia solar; Compostagem de resduos slidos urbanos; Gerao de metano a partir de resduos orgnico (biogasificao); Pirlise de resduos.Estes projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) permitem, mediante a comprovao da reduo de emisses ou pelo seqestro de carbono, a obteno dos Crditos de Carbono.Crditos de CarbonoOs Crditos de Carbono so certificados que autorizam o direito de poluir. O princpio simples. As agncias de proteo ambiental reguladoras emitem certificados autorizando emisses de toneladas de dixido de enxofre, monxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indstrias que mais poluem no Pas e a partir da so estabelecidas metas para a reduo de suas emisses. As empresas recebem bnus negociveis na proporo de suas responsabilidades. Cada bnus, cotado em dlares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem no cumpre as metas de reduo progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabelea seu prprio ritmo de adequao s leis ambientais. Estes certificados podem ser comercializados atravs das Bolsas de Valores e de Mercadorias, como o exemplo do Clean Air de 1970, e os contratos na bolsa estadunidense. Para pleitear a emisso de crditos de carbono, necessrio elaborar projeto de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), de acordo com metodologias internacionais, e submet-lo a rgos auditores credenciados para avalizar as melhorias projetadas, e assim solicitar a emisso dos crditos de carbono.Este projeto de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) no aborda apenas o seqestro do carbono em si, mas tambm os consideram pesos diferenciados atribudos a outros gases causadores do efeito estufa, como o Metano (CH4), xido Nitroso (N2O), Perfluorcarbonos (PFCs), Hidrofluorcarbonos (HFCs) e Hexafluoreto de Enxofre (SF6). Por exemplo, o CH4 considerado at 23 vezes mais impactante que o CO2.Estes so ttulos de valor internacional, funcionam como uma moeda ambiental que pode ser negociada em bolsas de valores oficiais ou em mercados voluntrios, tornando ao empreendedor em renda.H vrias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzem o nvel de gs carbnico na atmosfera e na negociao de certificados de emisso do gs espalhadas pelo mundo se preparando para vender cotas dos pases subdesenvolvidos e pases em desenvolvimento, que em geral emitem menos poluentes, para os que poluem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos pases desenvolvidos o direito de poluir.Uma tonelada de CO2 equivalente corresponde a um crdito de carbono. O CO2 equivalente o resultado da multiplicao das toneladas emitidas do GEE pelo seu potencial de aquecimento global. O potencial de aquecimento global do CO2 foi estipulado como 1. O potencial de aquecimento global do gs metano 21 vezes maior do que o potencial do CO2, portanto o CO2 equivalente do metano igual a 21. Portanto, uma tonelada de metano reduzida corresponde a 21 crditos de carbono.Potencial de aquecimento global dos GEE: CO2 - Dixido de Carbono = 1 CH4 - Metano = 21 N2O - xido nitroso = 310 HFCs - Hidrofluorcarbonetos = 140 ~ 11700 PFCs - Perfluorcarbonetos = 6500 ~ 9200 SF6 - Hexafluoreto de enxofre = 23900 Os crditos podem ser vendidos em mercado de valores mobilirios, ou seja, como mercado de valores passveis de transmisso, mveis. Existem duas formas de faz-lo: A primeira a venda em balco, na prpria entidade, assim vinculando a transmisso a um processo para com o vendedor. A segunda forma pela bolsa de valores, constituindo um representante e um local aonde tais valores possam ser negociados. Um exemplo de mercado voluntrio o Chicago Climate Exchange (Bolsa do Clima de Chicago).

Mercado de Carbono

A CCX (Chicago Climate Exchange) foi primeira do mundo a negociar redues certificadas de emisses de gases do efeito estufa (GEE) no mercado voluntrio, tendo iniciado suas atividades em outubro de 2003. A CCX auditada e acompanhada pelos mesmos organismos e autoridades que realizam essas tarefas no mercado financeiro americano, incluindo a CBOT Chicago Board of Trade e a New York Stock Exchange.As empresas associadas CCX comprometeram-se a diminuir em 4% as emisses de GEE, em relao aos nveis emitidos em 1998, at o ano de 2006. Diferentemente do Protocolo de Quioto, que prev reduo coercitiva (sob pena de multa) das emisses dos mesmos gases com base nas ocorridas no ano de 1990, a CCX prev que as empresas que alcanarem a meta recebero crditos que podem ser negociados com outras empresas.

Mercado Brasileiro de Reduo de Emisses MBRE

O Mercado Brasileiro de Reduo de Emisses resultado de uma iniciativa conjunta do Ministrio de Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) e da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), visando estruturar a negociao em bolsa de crditos de carbono, oriundos de projetos de MDL. O mercado, lanado em So Paulo em 6 de dezembro de 2004, o primeiro desse tipo em um pas em desenvolvimento. O MBRE tornou-se operacional em setembro de 2005 com um Banco de Projetos, que pretende dar visibilidade e facilitar a comercializao de Projetos de MDL (potenciais e j estruturados). Sua funo econmica a de atrair investimentos diretos do exterior, que contribuem para o desenvolvimento econmico; estimular projetos de tecnologia limpa; e tornar o pas uma referncia no mercado internacional, no que se refere aos instrumentos ambientais. Para assegurar a qualidade e consistncia dos projetos, a BM&F firmou convnio com institutos de pesquisa e ensino com especializao no tema, para reviso e aprovao das intenes de projetos submetidos a registro, devendo as intenes de cada projeto estar de acordo com a metodologia do Protocolo de Quioto. O MBRE conta com um Sistema de Registro de Contratos a Termo de Redues Certificadas, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), com o objetivo de dar credibilidade e transparncia s negociaes do mercado de carbono; e um Programa de Capacitao de Curto Prazo de Participantes do Mercado. O MBRE foi criado para facilitar o acesso de mdios empresrios a um mercado relativamente complexo, por causa de exigncias como o registro de projetos de MDLs no Conselho Executivo do Protocolo de Quioto, sediado na Alemanha.O estabelecimento do MBRE se desdobra em duas etapas:- Criao pela Bolsa de um Banco de Projetos MDL.O Banco de Projetos ser um sistema eletrnico de registro que visa a estimular o desenvolvimento de projetos de MDL no Brasil e em outros pases elegveis, acessveis nos sites da BM&F e da BVRJ pela internet. Ao registrar seus projetos no Banco de Projetos, o empresrio dar visibilidade ao seu projeto, o que poder atrair o interesse de eventuais compradores de crditos dos pases desenvolvidos.Alm de projetos, o Banco de Projetos divulgar tambm a inteno de investidores em adquirir crditos de carbono, indicando o perfil de projetos de reduo de emisses por eles demandados. Para tanto, o investidor necessita apenas se cadastrar na Bolsa e, em seguida, submeter formulrio descrevendo o tipo de projeto demandado (escala, setor, de negociao de crditos de carbono, complementando as funcionalidades do Banco de Projetos. - Lanamento na Bolsa, at o final do ano, de um sistema eletrnico de negociao de crditos de carbono, complementando as funcionalidades do Banco de Projetos.Neste caso, o papel da Bolsa contribuir para a maior padronizao, transparncia e segurana das operaes no mercado de crditos de carbono.O sistema dever contemplar operaes no mercado a termo de crditos de carbono a serem gerados por projetos validados, no mbito do MDL, e operaes no mercado de opes, envolvendo projetos que ainda no foram validados. O Brasil tem potencial para representar 10% do mercado internacional, tendo como principais concorrentes a China a ndia e os pases da Europa Oriental. CONCLUSOA Conveno do Clima foi um marco no desenvolvimento das polticas de defesa do meio ambiente como parte de uma preocupao mundial mais ampla e no apenas de pequenos grupos isolados como ecologistas e defensores da natureza. Os governos de naes desenvolvidas e em desenvolvimento passaram a se reunir como conseqncia da preocupao mundial com o efeito estufa. Como conseqncia da CQNUMC (Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudanas Climticas) houve a criao do Protocolo de Kyoto como tentativa de minimizar as emisses excessivas dos gases na atmosfera. O Protocolo prope o desenvolvimento de um complexo aparato institucional que d sustentao sua proposta de diminuio das emisses de GEE dos pases desenvolvidos. O Protocolo delimita a responsabilidade de cada pas, cabendo s suas empresas efetuarem as mudanas necessrias para que as emisses de GEE diminuam. O Protocolo est alicerado em princpios que diferenciam a atuao dos pases perante a poluio atmosfrica. Os pases desenvolvidos, por serem poluidores h mais tempo e por terem melhores condies econmicas de implantao de mudanas, possuem objetivos de diminuio de emisses. Os pases em desenvolvimento, por sua vez no possuem metas de reduo, mas podem participar do processo. Por intermdio dos projetos de MDL, com as vendas de cotas de reduo de emisses, os pases em desenvolvimento podem ser alternativas mais baratas para que as empresas dos pases desenvolvidos cumpram suas metas. O MDL permite que pases, como o Brasil, vendam redues certificadas de emisses, oriundas de projetos que possibilitem a diminuio das emisses, para as naes desenvolvidas que possuem metas de reduo. possvel que essa comunho de interesses tenha como conseqncia benefcios ambientais e vantagens econmicas, tanto para os pases desenvolvidos quanto para os em desenvolvimento. O Protocolo d muita importncia ao desenvolvimento tecnolgico necessrio para que as redues realmente ocorram. Quando uma empresa adota novas tecnologias, primeiramente com foco nas redues de emisso, alm dos benefcios climticos, podem ocorrer outros tipos de contribuies. Se esse desenvolvimento tecnolgico ocorrer de maneira satisfatria, poder haver reduo de custos, e maior eficincia, em outros setores da economia. Portanto, possvel desenvolver a economia e reduzir a poluio, direcionando recurso e mudanas de forma apropriada. O Protocolo carrega, portanto, no seu contedo diferenciaes de tratamento entre os pases desenvolvidos e os em desenvolvimento, favorecendo as transferncias tecnolgicas, aumento de conhecimentos, know-how de novos empreendimentos, alm de estimular o desenvolvimento sustentvel dos pases hospedeiros dos projetos de MDL (pases em desenvolvimento). Somado a esses benefcios, os pases em desenvolvimento podem, por meio da venda dos certificados de emisso reduzida, obter novos recursos financeiros, mais divisas. Se bem aproveitado, o MDL pode, portanto, ajudar no crescimento sustentvel dos pases em desenvolvimento, associando crescimento econmico, desenvolvimento tecnolgico, melhoria social e diminuio da poluio atmosfrica.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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MBRE Mecanismo de desenvolvimento limpo. Disponvel em: . Acesso em: 02 maio 2010.

MDL Mecanismo de desenvolvimento limpo. Disponvel em:. Acesso em: 02 maio 2010.

MERCADO DE CARBONO Carbono Brasil. Disponvel em: < http://www.carbonobrasil.com/#mercado_de_carbono>. Acesso em: 02 maio 2010.

PROTOCOLO DE KYOTO Pases em Desenvolvimento. Disponvel em:>. Acesso em: 02 maio 2010.