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 Escola Secundária José Estêvão O Objecto da Psicolog ia Problemas que marcaram a sua evolução como ciência e diferentes concepções de ser humano

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Escola Secundária José Estêvão

O Objecto da

PsicologiaProblemas que marcaram a sua evolução como

ciência e diferentes concepções de ser

humano

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Disciplina de Psicologia B

Professor António Rodrigues

Maio de 2011

Ana Matos, Bárbara Maia, Daniela Ferreira e Sofia Miranda, 12.ºA

Introdução

Este trabalho surge no âmbito da disciplina de Psicologia B

como forma de explorar o objecto da Psicologia. Os objectivos

fundamentais do trabalho são identificar as grandes dicotomias

relacionadas com a explicação do comportamento humano, assim

como explicar como certos conceitos estruturaram diferentes

concepções de Homem, no que diz respeito ao trabalho desenvolvido

por Jean Piaget e António Damásio. Desta forma, vamos tentar

responder às questões sobre a natureza do comportamento humano

e ainda ponderar a importância dos conceitos de cognição e mente,

apresentados, respectivamente, por Piaget e Damásio, para a nossa

forma de olhar o Homem.Vamos começar por definir o objecto da psicologia como sendo

o estudo científico do comportamento e dos estados mentais, como

por exemplo os sentimentos, atitudes, emoções, pensamento,

fantasias ou percepções. Com o objectivo de conhecer o seu objecto,

a psicologia recorre a vários métodos e técnicas de investigação para

recolher e organizar a informação, tais como a observação,

investigação experimental e, ainda, inquéritos, entrevistas ou testes.Seguidamente, iremos analisar os problemas e ideias que

marcaram a evolução da psicologia, bem como a sua especificidade

como ciência. Como sabemos as questões colocadas pela ciência são

organizadas de forma sistemática recorrendo a métodos adequados

às áreas de interesse e pesquisa. Em psicologia, distintas concepções

dos seres humanos dão origem a diferentes perspectivas, que se

organizam em forma de dicotomias. Estas dicotomias têm estruturadoas diversas formas que podemos encontrar para compreender a

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psicologia, o ser humano, assim como o seu comportamento e

processos mentais. Embora haja momentos em que domina ora um

pólo ora outro, há também momentos em que se procura ultrapassar

essas dicotomias, integrando-as numa nova síntese. Com este

trabalho vamos procurar seguir a evolução de cada um dos pólos das

diversas dicotomias e procurar explicar como se tem tentado integra-

las em novas teorias. Algumas das mais discutidas dicotomias são

inato/adquirido, continuidade/descontinuidade, estabilidade/mudança,

interno/esterno e individual/social. É importante notar que as

dicotomias acima referidas estão relacionadas entre si, dado que é

impossível estabelecer limites bem definidos entre as diferentes

abordagens ao comportamento e aos processos mentais que foram

feitas ao longo da história da psicologia.

O Objecto da Psicologia

Subjacente às dicotomias que acabámos de referir, existem

diferentes concepções do ser humano. No entanto, existem autores

que procuram superar as dicotomias através de uma perspectiva

integradora, considerando que a defesa exclusiva de um dos pólos

conduz a uma concepção redutora do ser humano. Dois dos autores

que privilegiam uma perspectiva integradora são Piaget e Damásio,

recusando defender uma perspectiva que não considere todos os

factores necessários a uma explicação do comportamento, dos

processos mentais e do desenvolvimento do ser humano.

Comecemos por analisar o trabalho desenvolvido por Piaget no

sentido de ultrapassar as dicotomias inato/adquirido, interno/externo

e individuo/sociedade. De entre as dicotomias que atravessam a

psicologia, a que se enuncia como inato/adquirido é talvez a que mais

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DESENVOLVIMENTO

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debates tem suscitado, reflectindo-se noutras dicotomias. Num dos

pólos desta dicotomia, defende-se que o comportamento e a

personalidade dos indivíduos são fundamentalmente determinados

pela hereditariedade. Segundo as teorias que se colocam neste pólo,

pólo inato, as principais características seriam inatas, encarregando-

se a maturação de orientar o crescimento biológico do corpo e o

desenvolvimento segundo determinados programas genéticos.

Por outro lado, as teorias que se colocam no pólo adquirido

defendem que o meio ambiente ou a aprendizagem determinam

fundamentalmente o comportamento e a personalidade dos

indivíduos. Assim, as principais características seriam adquiridas no

processo de socialização, no contexto da educação. Skinner e Watson

são exemplos de autores que se situaram neste pólo. A dicotomia

interna/externa relaciona-se profundamente com a dicotomia

anteriormente analisada. O pólo externo, remete para a situação,

meio social ou cultura, enquanto o pólo interno remete para o corpo,

o biológico e o psicológico.

António Damásio é outros dos autores que conseguiu

ultrapassar algumas dicotomias, nomeadamente as dicotomias

mente/corpo e razão/emoção. Encontramos, historicamente, duas

formas de tratar a dicotomia mente/corpo na psicologia. A primeira

delas, o chamado dualismo, consiste na defesa de que mente e corpo

são algo irreconciliável e irredutível. A segunda tentativa de solução

do problema mente-corpo é o chamado fisicalismo, cuja proposta se

baseia na crença de que tudo é de natureza física e, portanto, a

mente pode, e deve, ser descrita em termos físicos, ou seja, em

termos de processos cerebrais. Já a dicotomia razão/emoção remete

para o racionalismo de Descartes, um sistema baseado na razão, em

contraposição aos sistemas baseados na emoção ou no sentimento.

Durante muito tempo, os racionalistas consideraram a emoção como

um obstáculo ou impedimento à inteligência, isto é, a inteligência só

operaria desligada das emoções, pois estas perturbá-la-iam.

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 Jean Piaget

  Jean Piaget nasceu a 9 de Agosto de 1896, na cidade de

Neuchâtel, na Suíça. Estudou Ciências Naturais na Universidade de

Neuchâtel. Frequentou a Universidade de Zurique onde contactoucom a psicanálise. Trocou depois a Suíça pela França onde efectuou

os seus primeiros estudos experimentais de psicologia do

desenvolvimento. Teve três filhas cujo desenvolvimento intelectual foi

por si meticulosamente estudado. Em termos psicológicos, a sua

investigação tem por objectivo central o estudo dos dispositivos que o

indivíduo utiliza para perceber o mundo. Como epistemólogo,

procurou determinar cientificamente o processo de construção doconhecimento. Nos últimos anos da sua vida, centrou os seus estudos

no pensamento lógico-matemático. Piaget não propõe um método de

ensino mas apresenta uma teoria do desenvolvimento cognitivo,

cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos. Faleceu a

16 de Setembro de 1980, em Genebra.

No sentido do já afirmado anteriormente quanto às dicotomias

que a teoria de Piaget ultrapassa, este autor pretende responder àsquestões de como se desenrola o desenvolvimento cognitivo, como

se constrói o pensamento e como se processa o conhecimento. Por

fazê-lo integrando tanto o pólo do inato como o do adquirido, na

resposta às questões anteriores, podemos denominar a sua posição

como interaccionista ou construtivista.

Piaget afasta-se das posições extremadas da corrente do

gestaltismo, que defende que o cérebro contém estruturas inatas que

determinam o modo como o sujeito organiza o mundo e as

aprendizagens, sendo os conhecimentos inatos, e da corrente oposta,

o behaviorismo, que toma o sujeito como determinado pelo meio,

sendo os conhecimentos adquiridos por estímulos do ambiente.

A teoria de Piaget vai afastar-se destas posições na medida em

que considera o sujeito um elemento activo no processo de conhecer,

decisivo nas alterações que ocorrem no conhecimento e na

inteligência. O sujeito constrói os seus conhecimentos pelas suas

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próprias acções. A inteligência passa a ser considerada como produto

da adaptação, num processo em que interagem tanto as estruturas

mentais como a influência do meio. O sujeito constrói as estruturas

da inteligência continuamente em interacção com o meio. A

inteligência desenvolve-se graças a um conjunto de mecanismos que

constituem uma totalidade.

A teoria piagetiana fundamenta-se em cinco conceitos,

aplicados à sua concepção de desenvolvimento intelectual. São eles

esquema, adaptação, assimilação, acomodação e equilibração. O

conceito de esquema está relacionado com as acções fundamentais

do conhecimento que podem ser físicas (como a visão) ou mentais

(como a comparação). Já a adaptação está relacionada com a

modificação dos comportamentos, com o objectivo de equilibrar as

relações entre o organismo e o meio.

A adaptação pressupõe a assimilação, isto é, integração de

novos dados nos conhecimentos ou estruturas anteriores, e a

acomodação, ou seja, a modificação dessas mesmas estruturas face a

situações novas. A construção do conhecimento ocorre quando

acções físicas e mentais sobre o objecto provocam desequilíbrio, que

resulta em assimilação ou acomodação. Na assimilação, a realidade

do mundo é assimilada às estruturas cognitivas existentes; na

acomodação, a estrutura cognitiva é modificada em decorrência das

experiências. Graças ao efeito da assimilação e da acumulação os

esquemas mentais tornam-se mais complexos. Ainda importante é

mostrar que não há acomodação sem assimilação, assim como é

impossível continuar a processar novas assimilações sem que existam

novas estruturas de acomodação.

A equilibração entre esses dois processos permite a construção

da inteligência, provocando uma auto-estruturação do sujeito. Este é

um mecanismo que prepara/adequa a assimilação à acomodação e

vice-versa, sendo que é um dos elementos da adaptação. O facto de

cada um ser capaz de reestruturar os esquemas mentais, vai

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permitir-nos, enquanto crianças, manter a nossa compreensão do

mundo coerente e construirmo-nos progressivamente.

Esta construção progressiva é feita por estádios. A cada estádio

correspondem estruturas mentais que envolvem diferentes

mecanismos. Quando nasce, o bebé possui apenas reflexos simples,

ditados pela hereditariedade. À medida que cresce, a criança constrói

de forma progressiva estruturas mentais até ao aparecimento de um

novo tipo de pensamento: um pensamento abstracto, lógico e formal.

O desenvolvimento resultaria, então, de reestruturações sucessivas,

resultando cada estádio do precedente por um processo integrativo.

A idade em que cada criança atinge cada estádio varia, embora o

autor tivesse apresentado idades médias de transição de estádio.

Dado que cada estádio corresponde a uma etapa do processo de

desenvolvimento intelectual e a sua ordem de sucessão é constante,

a cada um deles correspondem diferentes formas de ver,

compreender e agir sobre o mundo, culminando com o pensamento

adulto.

O primeiro estádio é o estádio sensório-motor (do nascimento

aos 2 anos), em que a criança, através de uma interacção física com

o seu meio, constrói um conjunto de esquemas de acção que lhe

permitem compreender a realidade e a forma como esta funciona. A

criança desenvolve o conceito de permanência do objecto, constrói

alguns esquemas sensório-motores coordenados e é capaz de fazer

imitações genuínas (adquirindo representações mentais cada vez

mais complexas). Constrói as estruturas cognitivas imprescindíveis ao

desenvolvimento das estruturas lógicas que aparecerão mais tarde.

Segue-se o estádio pré-operatório (2 – 6/7 anos), durante o qual

a criança se torna competente ao nível do pensamento representativo

mas carece de operações mentais que ordenem e organizem esse

pensamento. É um pensamento intuitivo baseado na percepção dos

dados sensoriais. Sendo egocêntrica e com um pensamento não

reversível, a criança não é ainda capaz, por exemplo, de

compreender que, sobre a realidade, há outras perspectivas para

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além da sua – visão unilateral e superficial do real – e, ainda, de

conservar o número e a quantidade. Nas experiências levadas a cabo

por Piaget, a criança responde à questão que lhe é colocada com

base na aparência, isto é, com os dados imediatos da percepação.

O terceiro estádio é o das operações concretas (6/7 – 11/12

anos). Conforme a experiência física e concreta se vai acumulando, a

criança começa a conceptualizar, criando estruturas lógicas para a

explicação das suas experiências mas ainda sem abstracção.

Desenvolve, ainda, a noção de conservação da matéria sólida e

líquida e, mais tarde, do peso e do volume, os conceitos de espaço,

tempo, número e lógica, compreendebdo a relação parte-todo e

sendo capaz de fazer classificações e seriações.

Por fim, atinge-se o estádio das operações formais (11/12 – 16

anos). Como resultado da estruturação progressiva do estádio

anterior, a criança atinge o raciocínio abstracto, lógico, formal e

conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis,

deduzindo as consequências - raciocínio hipotético-dedutivo - e é

capaz de pensar cientifica e filosoficamente. Compreende que, para

além da sua perspectiva sobre um dado problema ou situação, os

outros podem ter posições diferentes. Surge um novo tipo de

egocentrismo, egocentrismo intelectual, que leva o adolescente

considerar que através do seu pensamento pode resolver todos os

problemas e que as suas ideias e convicções são as melhores.

Piaget começou a sua carreira trabalhando com dois psicólogos

franceses, Binet e Simon, criadores do famoso teste de QI, que mede

a inteligência. Analisando as respostas erradas das crianças,

percebeu que essas respostas eram consideradas erradas por serem

analisadas do ponto de vista do adulto. Na verdade, as respostas,

seguiam uma lógica própria característica de cada idade. Assim,

começou por reflectir e desenvolver estudos sobre os próprios

processos metodológicos, que se centram sobretudo na aplicação do

método clínico e na observação naturalista.

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O facto de ter assumido o papel de psicanalista ter-lhe-á dado

uma especial sensibilidade para o desenvolvimento do método

clínico, designadamente, na entrevista clínica. Fez entrevistas a

crianças sobre aquilo que elas pensavam, assumindo uma atitude de

abertura, sendo que as respostas guiam o próprio diálogo. Para além

disso, a sua experiência de biólogo orientou-o na observação

naturalista dos seus filhos e dos filhos dos seus amigos, de crianças

em várias situações do dia-a-dia, entre outras situações. As suas

obras constituem assim uma ilustração dos seus métodos que visam

seguir o processo de conhecer e pensar das crianças

.

António Damásio

António Rosa Damásio nasceu na cidade de Lisboa, a 25 de

  Janeiro de 1944. Interessado pela Psicologia e pela Medicina,

licenciou-se e fez o doutoramento em Neurologia, na universidade

onde nasceu. A partir daqui, desenvolveu diversas pesquisas no

Centro de Estudos de Egas Moniz.

É precisamente o estudo do comportamento dos seus doentes

com lesões cerebrais, que o levam a reflectir sobre esta questão,

colocando inovadoras hipóteses acerca desta temática. Juntamente

com a sua mulher, Hanna Damásio, e uma equipa de investigadores,

desenvolveu trabalhos de pesquise que o levam a analisar as

consequências no comportamento de uma lesão nos lobos pré-

frontais decorrente de um acidente ocorrido em 1848, como o caso

de Phineas Gage.Com a sua teoria, defende que não se podem tomar decisões

racionais sem as emoções, dando maior importância ao papel das

emoções na nossa forma de pensar. Contribui assim,

progressivamente, para o abandono da concepção de um

pensamento apenas ligado à dimensão cognitiva. Contesta as

concepções que, durante séculos, defenderam uma mente apenas

orientada pela razão, independente do corpo, das emoções e dos

afectos. Damásio rejeita o dualismo corpo-mente, afirmando que a

mente é uma produção do cérebro. Para além disso, encara o

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organismo como uma totalidade em constante interacção com os

meios exterior e interior, isto é, o corpo, o cérebro e a mente agem

em conjunto porque são uma realidade única. Este investigador

desenvolveu o conceito de marcador somático. Este mecanismo

permite-nos utilizar uma associação entre a informação emocional

interna e a que resulta da percepção externa, memorizada em

situações já vividas.

Mostrou também o valor adaptativo das emoções. Estas são

consideradas um instrumento para avaliarmos o meio, as situações e

agirmos de forma adaptativa. As decisões que têm de ser tomadas

para ultrapassar os desequilíbrios do meio interno e externo implicam

uma avaliação do mundo que é acompanhada pelas emoções e pelos

sentimentos. Reconhece-se assim que emoções e sentimentos estão

intimamente relacionados com a razão. Ao integrarem os processos

cognitivos e a capacidade de decidir, bem como a de consciência de

si próprio, emoções e sentimentos são os alicerces da mente. São

também orientadores, guias internos que nos permitem sentir os

dados do corpo e emissores de sinais que nos permitem comunicar

com os outros.

A sua metodologia de investigação é inovadora, na medida em

que “combina os testemunhos do passado com as mais modernas

tecnologias”. Um dos casos por ele estudado é o de Phineas Gage.

Num acidente, foi afectada a parte pré-frontal do hemisfério direito.

Por essa razão foi globalmente afectado o equilíbrio entre emoção e a

razão, dado que utilizava a linguagem obscena, era impaciente,

obstinado e vacilante em relação a opções futuras. Apresentava,então, capacidades intelectuais de criança e paixões de adulto. Este é

apenas um dos casos que nos mostra que “a inteligência sem

emoções é inoperante” e evidencia o papel das áreas pré-frontais

como coordenadoras e integradoras da inteligência e das emoções. A

noção fundamental a retirar é a alteração da ideia de que a emoção

perturba a inteligência.

Com estas descobertas, Damásio revela um amor incondicional

pelo estudo da mente e entra no território das emoções, explicando-

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as cientificamente. Apresentando um grande rigor, demonstra ainda

uma inesgotável persistência, uma lucidez inabalável e uma

imaginação que lhe permite ir mais além. É, assim, autor de obras de

renome como O Erro de Descartes (1994) e O Sentimento de Si

(1999).

Como podemos concluir, o ser humano só pode ser

compreendido nas suas diferentes dimensões caso exista um diálogo

entre os pólos opostos apresentados. O que pensamos ou sentimos

reflecte-se no modo como nos relacionamos com o mundo e os

outros. Por outro lado, o nosso comportamento altera os contextos

em que nos inserimos. Também ao analisar a dicotomia

individual/social se verifica esta necessidade de integração dos doispólos opostos. Isto porque, remeter para os aspectos individuais

aquilo que cada um é seria limitar o desenvolvimento humano ao

desenvolvimento orgânico. Aquilo que somos, mesmo

biologicamente, é em muito influenciado pela vida em sociedade.

Contudo, remeter o desenvolvimento humano unicamente para a

influência social seria ignorar a evidente capacidade de auto-

organização de cada um de nós.

Conclusão

Com este trabalho foi possível compreender as grandes

questões que marcaram a reflexão sobre a natureza do

comportamento humano. De facto, concluímos que só integrando

pólos opostos das dimensões do ser humano, isto é, só ultrapassando

as dicotomias, através das concepções de homem propostas por

autores como Piaget e Damásio, se pode entender o comportamento

e o desenvolvimento humanos, ou seja, compreender o próprio ser

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humano. Os autores referidos, entre outros, como Wundt, Freud,

Watson, representam marcos da História da psicologia, pelo seu

grande contributo para o desenvolvimento da mesma e,

necessariamente, para o conhecimento de todos nós.

Com o trabalho desenvolvido por Piaget, passa-se a encarar o

sujeito como um elemento activo no processo de conhecer e decisivo

nas alterações que ocorrem no conhecimento e na inteligência. Por

outro lado, ao estudar Damásio foi evidente a consideração feita aos

sentimentos e emoções, contribuindo assim para o abandono

progressivo da concepção de um pensamento apenas ligado à

dimensão cognitiva.

Piaget formulou a primeira grande teoria do desenvolvimento

da inteligência e as suas concepções revolucionaram completamente

as teorias sobre o desenvolvimento do pensamento humano, sendo o

precursor do cognitivismo. As suas concepções, nas áreas da

psicologia e até da filosofia, influenciaram em muito a educação e a

pedagogia e outras sobre o desenvolvimento, a autonomia, a

cooperação, a criatividade e a actividade centrados no sujeito

influenciaram práticas pedagógicas activas, centradas nas tarefas

individuais, na resolução de problemas, na valorização do erro e

demais orientações pedagógicas. A sua obra marca também uma

ruptura no modo como a criança é encarada, isto é, abre uma nova

perspectiva sobre o conhecimento e o pensamento humano. Com a

sua concepção construtivista e interaccionista, temos uma

perspectiva do ser humano como resultado de factores genéticos e

ambientais, superando assim, as perspectivas inatistas e

comportamentalistas vigentes.

 Já António Damásio contribuiu para desvendar e compreender o

que significa ser humano, permitindo uma integração entre as

neurociências e a psicologia que representa um avanço importante,

numa perspectiva interdisciplinar que sempre acompanhou as suas

investigações e reflexões. Ao afirmar que as emoções e os

sentimentos sustentam as nossas tomadas de decisão, mostra o seu

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papel fundamental na resolução de problemas. Desta maneira, na

ausência das emoções, seria inviabilizada a tomada de decisão.

Damásio ultrapassou as dicotomias mente/corpo e razão/emoção ao

considerar que a mente tem uma base biológica, sendo os

sentimentos e as emoções o seu fundamento, fazendo assim parte

integrante do processo de conhecer. Por outro lado, não fica limitado

pelas fronteiras da sua especialidade, a neurociência, procurando

estabelecer pontes com a filosofia, a literatura e o quotidiano das

pessoas, residindo, também neste ponto, a riqueza do seu trabalho.

Foi de facto possível cumprir os objectivos deste trabalho, na

medida em que identificámos as grandes dicotomias relacionadas

com a explicação do comportamento humano e que foram

ultrapassadas por autores como Jean Piaget e António Damásio.

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Bibliografia/Webgrafia

MONTEIRO, Manuela, et al, “Ser Humano”, 2.ª parte, Porto

Editora, 1.ª edição, 2009;

SANTOS, Milice, et al, “Psicologia”, 1.º volume, Porto Editora,

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http://www.redepsi.com.br/portal/modules/soapbox/article.php?

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