trabalho informal, desemprego e pobreza: terreno fÉrtil no surgimento de tmc

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 TRABALHO INFORMAL, DESEMPREGO E POBREZA: TERRENO FÉRTIL NO SURGIMENTO DE TMC Roberto Coelho do Carmo 1  A partir de visão crítica da economia política o presente trabalho apresenta uma breve leitura do processo de reestruturação produtiva capitalista a fim de demonstrar a degradação no mundo do trabalho. Faz-se uma revisão conceitual sobre o trabalho informal e a pobreza na tentativa de compreender melhor a realid ad e especí fic a do tr abalha dor info rmal pobre no cont ex to ne ol iber al . Por fi m demons tr a-se co mo es ta si tu ão de instabilidade de rendimentos pode provocar o adoecimento, em específico, Transtornos Mentais Comum – TMC – que, por fim, pode levar a depressão. Fazendo o estudo da dinâmica capitalista a partir de Marx podemos ob se rvar o caráter cí cl ico das crises econômicas e as ria s es tratégias encontrad as pelo capital para transcen der estas crises e gara ntir o seu status quo. Destacamos para este trabalho algumas dessas estratégias do capital contra sua queda tendê ncial da taxa de lucro 2  como o aumento do capital constante 3 (com a alteração do padrão tecnológico), a depreciação do capital variável 4  e o aumento da produção de mais-valia.  Existindo, nestas duas últimas, uma grande perda por parte dos trabalhadores e também por eles diferentes formas de reação (COELHO, 2009). Para Netto (2007), o modo de produção capitalista está submetido a uma lei geral (do valor) a qual o capitalista se submete. Assim, na medida em que cada capitali sta procura maximi zar seus lucros, a taxa de lucro tende a cair. A concorrência obriga o capitalista a tomar uma decisão [...] que lhe é individualmente vantajosa, mas que, ao cabo de 1  Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (2009). Coordenou o Cen tro de Referência da Ass istência Social (CRAS) de Bom Jesus do Norte 2009-2010 e atualmente é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UERJ. 2  Para Neto (2007), o modo de produção capitalista está submetido à uma lei geral (do valor) a qual o capitalista se submete. Assim “na medida em que cada capitalista procura maximizar seus lucros, a taxa de lucro tende a cair. A concorrência obriga o capitalista a tomar uma decisão [...] que lhe é individualmente vantajosa, mas que, ao cabo de algum tempo imitada pelos outros, tem como resultado uma queda da taxa de lucro para todos os capitalistas” (NETO, 2007, p. 153). 3  “[...] no curso do processo de produção, o valor dos meios de produção não se altera (o que perdem no desgaste reaparece na mercadoria produzida); por isso, a parte do capital que é investida neles constitui o capital constante” (NETTO, 2007, p. 99). 4  Segundo (NETTO, 2007) denomina-se como capital variável a força de trabalho porque esta “[...] no processo de produção, além de reproduzir o seu próprio valor, cria um valor excedente, que se altera conforme as condições do processo de trabalho” (NETO, 2007, p. 101). 1

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TRABALHO INFORMAL, DESEMPREGO E POBREZA: TERRENOFÉRTIL NO SURGIMENTO DE TMC

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  • TRABALHO INFORMAL, DESEMPREGO E POBREZA: TERRENO FRTIL NO SURGIMENTO DE TMC

    Roberto Coelho do Carmo1

    A partir de viso crtica da economia poltica o presente trabalho apresenta uma breve leitura do processo de reestruturao produtiva capitalista a fim de demonstrar a degradao no mundo do trabalho. Faz-se uma reviso conceitual sobre o trabalho informal e a pobreza na tentativa de compreender melhor a realidade especfica do trabalhador informal pobre no contexto neoliberal. Por fim demonstra-se como esta situao de instabilidade de rendimentos pode provocar o adoecimento, em especfico, Transtornos Mentais Comum TMC que, por fim, pode levar a depresso.

    Fazendo o estudo da dinmica capitalista a partir de Marx podemos

    observar o carter cclico das crises econmicas e as vrias estratgias

    encontradas pelo capital para transcender estas crises e garantir o seu status

    quo. Destacamos para este trabalho algumas dessas estratgias do capital contra

    sua queda tendncial da taxa de lucro2 como o aumento do capital constante3

    (com a alterao do padro tecnolgico), a depreciao do capital varivel4 e o

    aumento da produo de mais-valia. Existindo, nestas duas ltimas, uma grande perda por parte dos trabalhadores e tambm por eles diferentes formas de reao

    (COELHO, 2009).

    Para Netto (2007), o modo de produo capitalista est submetido a uma

    lei geral (do valor) a qual o capitalista se submete. Assim,

    na medida em que cada capitalista procura maximizar seus lucros, a taxa de lucro tende a cair. A concorrncia obriga o capitalista a tomar uma deciso [...] que lhe individualmente vantajosa, mas que, ao cabo de

    1 Possui graduao em Servio Social pela Universidade Federal Fluminense (2009). Coordenou o Centro de Referncia da Assistncia Social (CRAS) de Bom Jesus do Norte 2009-2010 e atualmente mestrando do Programa de Ps-Graduao em Servio Social da UERJ.2 Para Neto (2007), o modo de produo capitalista est submetido uma lei geral (do valor) a qual o capitalista se submete. Assim na medida em que cada capitalista procura maximizar seus lucros, a taxa de lucro tende a cair. A concorrncia obriga o capitalista a tomar uma deciso [...] que lhe individualmente vantajosa, mas que, ao cabo de algum tempo imitada pelos outros, tem como resultado uma queda da taxa de lucro para todos os capitalistas (NETO, 2007, p. 153).3 [...] no curso do processo de produo, o valor dos meios de produo no se altera (o que perdem no desgaste reaparece na mercadoria produzida); por isso, a parte do capital que investida neles constitui o capital constante (NETTO, 2007, p. 99). 4 Segundo (NETTO, 2007) denomina-se como capital varivel a fora de trabalho porque esta [...] no processo de produo, alm de reproduzir o seu prprio valor, cria um valor excedente, que se altera conforme as condies do processo de trabalho (NETO, 2007, p. 101).

    1

  • algum tempo imitada pelos outros, tem como resultado uma queda da taxa de lucro para todos os capitalistas. (NETTO, 2007, p. 153).

    Dentre as estratgias do capital contra sua queda tendncial da taxa de lucro, esto o aumento do capital constante5 (com a alterao do padro

    tecnolgico), a depreciao do capital varivel6 e o aumento da produo de

    mais-valia. Nestas duas ltimas, existe uma grande perda por parte dos trabalhadores e tambm por eles diferentes formas de reao.

    Toda crise no mercado mundial capitalista a expresso de

    desequilbrios na esfera da produo/circulao de mercadorias (HARVEY, 2005)

    e ocasiona esforos por parte do capital, a fim de superar tais contradies,

    reestruturando tanto a produo quanto os mercados (MANDEL7 apud MOTA,

    1995, p. 66).

    Para Abramides (2003), atravs da administrao e controle do

    trabalho, que o capital procura novas formas para reaver seus altos nveis de

    acumulao, ampliando a explorao da fora de trabalho.

    Antunes (2006) afirma que h uma intensificao de tendncias existentes,

    com uma reconfigurao do poder no local de trabalho, muito mais em favor dos

    empregadores do que dos trabalhadores (TOMANEY, 19968 apud ANTUNES,

    2006, p. 25).

    Prximo a este enfoque, outros autores buscam acentuar os elementos

    tanto de continuidade do padro produtivo anterior, quanto os de descontinuidade,

    mas retendo o carter essencialmente capitalista do modo de produo vigente e

    de seus pilares fundamentais (ANTUNES 2006, p. 25). Assim, busca-se

    direcionar para o que especfico dessas mudanas e as conseqncias que

    essas exercem no interior do sistema de produo capitalista, onde, segundo

    Antunes (2006), estaria emergindo um regime de acumulao flexvel (desde

    1973), caracterizado pela nova diviso de mercados, desemprego, diviso global

    do trabalho, capital voltil, fechamento de plantas industriais, reorganizao

    5 [...] no curso do processo de produo, o valor dos meios de produo no se altera (o que perdem no desgaste reaparece na mercadoria produzida); por isso, a parte do capital que investida neles constitui o capital constante (NETTO, 2007, p. 99). 6 Denomina-se capital varivel a fora de trabalho porque esta [...] no processo de produo, alm de reproduzir o seu prprio valor, cria um valor excedente, que se altera conforme as condies do processo de trabalho (NETTO, 2007, p. 101). 7 MANDEL, E. A crise do capital os fatos e sua interpretao marxista. So Paulo: Ensaio, 1990.8 TOMANEY, John. A new paradigm of work organization and tecnology? In: AMIN, Ash, 1996

    2

  • financeira e tecnolgica (HARVEY, 19929 apud ANTUNES, 2006, p. 25) atravs

    de uma eliminao, transferncia, terceirizao e enxugamento de unidades

    produtivas.

    Para Antunes (2006) todas essas mudanas so expresses do processo

    de reestruturao produtiva capitalista. no sentido de retomar seu alto nvel de

    acumulao e seu projeto global de dominao que o processo de acumulao

    flexvel, baseado nos exemplos da Califrnia do Norte, da Itlia, da Sucia e o

    distinto modelo Japons ou toyotista, deve ser refletido criticamente.

    O sistema industrial japons, a partir dos anos 70, teve grande impacto no mundo ocidental, quando se mostrou para os pases avanados como uma opo possvel para a superao capitalista da crise. Naturalmente, a transferibilidade do toyotismo carecia, para sua implantao do Ocidente, das inevitveis adaptaes s singularidades e particularidades de cada pas. Seu desenho organizacional, seu avano tecnolgico, sua capacidade de extrao intensificada do trabalho, bem como a combinao de trabalho em equipe, os mecanismos de envolvimento, o controle sindical, eram vistos pelas capitais do Ocidente como uma via possvel de superao de sua crise de acumulao. (Ibid., p. 30).

    Ao afirmarmos que a histria da doena de uma populao gesta-se nos

    processos sociais, antes de ter sua expresso sensvel, podemos dizer, com

    relao crise, que as classes trabalhadoras a traro em seus corpos por um

    longo perodo, independentemente do futuro prximo (SILVA, 1986, p. 58).

    Para Soares (2002, p. 12), a idia de um ajuste neoliberal, como tentativa

    de resoluo da crise de um modelo social de acumulao, inclui por definio o

    aumento na informalidade no trabalho, no desemprego, no subemprego, a

    desproteo trabalhista e o aumento da pobreza, tudo isso observado, nas

    palavras de Batista Jr.10, o apelo retrica da globalizao.

    Quando falamos em crescimento da pobreza, precisamos ter claro de que

    pobreza estamos falando. Segundo Rocha (2003), a pobreza um assunto

    complexo, podendo ser definido genericamente, como a situao pela qual os

    seres sociais no tm atendidas de forma adequada suas necessidades bsicas.

    Para tanto, precisaremos atentar para quais so essas necessidades e qual seria

    9 HARVEY, David. A condio ps-moderna. So Paulo: Ed. Loyola. 1992.10 [...] problemas como o desemprego e o subemprego, a desnacionalizao da economia e a dependncia de capitais externos, longe de constiturem a conseqncia irrecorrvel de um processo global, resultam essencialmente de polticas adotadas no mbito nacional, convenientemente dissimuladas pelo apelo retrica da globalizao. (Batista Jr., 2009 p. 125)

    3

  • o nvel adequado de atendimento delas. Assim, esta definio depende do padro

    de vida e da forma como as necessidades so atendidas no contexto scio-

    econmico em questo.

    Ser pobre significa no dispor dos meios para operar adequadamente no

    grupo social em que se vive (Ibid). Em outras palavras, podemos dizer que se

    refere a uma situao de carncia onde os indivduos no conseguem manter um

    mnimo padro de vida condizente com o referencial socialmente estabelecido,

    em cada contexto histrico.

    A definio de uma linha da pobreza11, que separa os pobres dos no

    pobres um assunto controverso, podendo ter um limite diferente em cada

    regio, se levarmos em conta o meio social. Alm de ter variaes quanto

    metodologia aplicada, esta diviso estanque tambm gera uma viso muito

    reduzida. Considerar, por exemplo, que com um salrio mnimo, o pobre ter

    atendida todas as suas necessidades bsicas no mbito do consumo privado

    de total frieza estatstica e de um absoluto distanciamento da realidade.

    (SOARES, 2003).

    Quanto aos determinantes da pobreza no capitalismo, j vimos que estes

    tm sua origem histrica atrelada prpria histria do capital, e que esta forma de

    organizar a produo/reproduo do ser social sempre gerou e continua a gerar

    formas cada vez mais severas de pobreza. No entanto, vamos nos concentrar no

    perodo denominado por Soares (2003) de III reestruturao produtiva capitalista

    e de implementao da proposta neoliberal, quando o capital reinventa suas

    formas de explorao, para a garantia de sua margem de lucro, no fenmeno que

    qualificado pela autora como um retrocesso para muitos no que tange a

    situao social e econmica.

    Freire (2006) entende que o poder de destruio da reestruturao

    produtiva capitalista manifesta-se em uma srie de perdas para os trabalhadores

    e evidencia-se primeiramente na expulso em massa do emprego formal.

    Existem ainda, segundo Jakobsen (2000), diferentes vises do que seria

    este setor informal e, desta forma, diferentes explicaes para sua origem. De

    acordo com o Programa de Emprego para a Amrica Latina e Caribe (PREALC)

    da OIT, citado pelo autor, podemos dizer que o setor informal aquele que se

    11 Uma linha de pobreza pretende ser o parmetro que permite a uma sociedade especfica considerar como pobres todos aqueles indivduos que se encontrem abaixo do seu valor.

    4

  • compe de pequenas atividades urbanas geradoras de renda e que se

    desenvolvem em mercados desregulamentados e muito competitivos, onde

    difcil distinguir a diferena entre capital e trabalho. Essas seriam atividades que

    necessitam de pouqussimo investimento de capital, tcnicas rudimentares e mo

    de obra com pouca qualificao. Aqui o emprego instvel, a produtividade

    baixa e a renda precria.

    Podemos dizer, ento, a partir desta referncia, que o setor informal

    aquele setor de trabalho, que se encontra margem de regulamentao ou

    qualquer tipo de controle por parte do poder pblico (JAKOBSEN, 2000, p. 5). Em

    outras palavras, uma condio que conduz s famlias privadas de rendimento,

    fruto do desemprego, a verem-se obrigadas a fazer uso de outros recursos de

    sobrevivncia.

    Assim, afirma Malaguti (2000), em pases cujas seguridades sociais so

    uma mera fico jurdica, os trabalhadores so forados a, expulsos do sistema

    formal, embrenharem-se na informalidade das transaes ilcitas, da pequena

    marginalidade e mesmo do crime. Esse autor afirma que, no que tange a

    realidade nacional brasileira a informalidade

    [...] o arrimo da maior parte da populao trabalhadora brasileira. Por tanto, constitui a regra nacional de pertencimento ao mundo do trabalho. O problema , pois, o de encontrar-se novos instrumentos tericos que permitam detectar e compreender esta nova padronizao do mercado e da legislao do trabalho, em toda sua complexidade, desvendando sua lgica, suas formas de reproduo, as redes de sociabilidade que engendra suas ligaes com a pequena marginalidade e com o crime. (ibid., p. 81).

    Dejours (2005, p. 76), em outros termos, tratar a temtica como parte do

    mal. O mal, segundo o autor, visto como uma tolerncia mentira e sua no

    denncia, alm da cooperao em sua produo e difuso. Tambm

    reconhecido como mal a tolerncia, a no-denncia e a participao em

    atividades de injustia e de sofrimento infligidos a outrem. Para o autor tratam-se

    de infraes cada vez mais freqentes e cnicas das leis trabalhistas (Ibid., p.

    76) como, por exemplo, oferecer emprego e empregar pessoas sem a carteira

    assinada, para assim no ter que pagar as contribuies da Previdncia Social

    alm de poder demiti-las, sem penas, em caso de acidente de trabalho; empregar

    pessoas sem pagar o que lhes devido, como os casos de estabelecimentos

    5

  • semi-clandestinos de confeces; exigir um trabalho cuja durao ultrapassa as

    autorizaes legais, os exemplos mais comuns so os motoristas rodovirios que

    chegam a dirigir mais de 24h.

    O autor continua a descrever o mal como uma ameaa deliberada,

    chantagem e insinuaes que desestabilizam psicologicamente os trabalhadores.

    O mal ainda manipular a ameaa de precarizao para submeter o outro, para

    infligir-lhe servcias sexuais, por exemplo ou para obrig-lo a fazer coisas que

    ele reprova moralmente, e, de modo geral, para amedront-lo. (ibid., p. 77).

    A viso da economia liberal que, segundo Lopes (2006), se refere s teses

    defendidas por De Soto12 (1986) com nfase sobre a extra-legalidade das

    atividades informais. Assim, o setor informal define-se com bastante preciso,

    sendo este o setor que inclui todas as atividades econmicas extralegais, a

    produo e o comrcio orientados pelo mercado ou com a finalidade da

    subsistncia direta. Desta forma, sua origem estaria ligada ao excesso de

    regulamentao da economia pelo Estado. Nesta tica, podemos entender que o

    trabalho informal seria a resposta da populao frente s restries legais do

    Estado, com a finalidade de derrubar esta barreira e implantar a

    desregulamentao de maneira que as foras do mercado invadam a economia

    estagnada pela regulamentao. (JAKOBSEN, 2000, p. 14).

    Lopes (2006, p. 100) focaliza-se em particular na estrutura das relaes

    entre atividades reguladas e no reguladas pelo Estado e afirma que estas

    atividades no reguladas [...] perseguem a reduo dos custos, pela via da

    excluso dos direitos e benefcios e sua lgica de funcionamento a

    descentralizao.

    Segundo Jakobsen (2000), por esta lgica (estruturalista), o trabalho

    informal define-se como o conjunto de atividades que geram renda e so

    desregulamentadas por parte do Estado, em ambientes sociais em que outras

    atividades similares seriam regulamentadas. Assim, poderamos dizer que, parte

    do trabalho informal origina-se em alternativas, encontradas pelas grandes

    empresas formais, como o trabalho em tempo parcial ou casual, os contratos de

    prestao de servios e a subcontratao para pequenas e desregulamentadas

    empresas terceiras de produo de bens e servios. (Ibid., p. 14).

    Como base para reflexo lidaremos com a interpretao de trabalho

    12 DE SOTO. Hernando. El outro Sendero. Lima, Peru. El Barranco, 1986.

    6

  • informal, no como na tica liberal, como uma resposta da populao

    participao poltico/econmica do Estado, mas como resultado das estratgias

    de acumulao de capital por parte das empresas formais modernas (Ibid., p. 15).

    No podemos perder de vista que, quando os pequenos negcios

    empregam a mo-de-obra desprezada pelas grandes empresas, esto fazendo as

    vezes da Seguridade Social do primeiro mundo. Mas isso tem um custo. Segundo

    Malaguti (2000), se por um lado as pequenas unidades produtivas, grandes

    responsveis pela informalidade, oferecem uma forma de ganhar a vida para um

    contingente de desempregados, por outro, temos nveis de explorao

    semelhantes aos do tempo da acumulao primitiva no capitalismo, visto que as

    pequenas empresas, sujeitas a uma concorrncia desleal, utilizam-se de todas

    as formas conhecidas de superexplorao dos recursos humanos: seu nico

    trunfo a utilizao anormal dos recursos do trabalho (Ibid., p. 93).

    Do mais, Malaguti (2000, p. 90-91) afirma que o sonho do trabalho por

    conta prpria e do empresariado no exprime um desejo real dos trabalhadores

    que, impedidos de realizarem-se como assalariados, tornam-se pequenos patres

    ou trabalham por conta prpria. Para o autor, a informalidade no um celeiro de

    empreendedores, de pessoas ativas e enrgicas, mas sim o refgio dos sem-

    opo. Assim, [...] montar um pequeno negcio muito mais uma forma de

    amenizar frustraes do que de acalentar sonhos e iluses13 (Ibid., p. 91).

    Como podemos perceber, o processo de reestruturao produtiva

    capitalista mediante a crise trouxe grandes transformaes na organizao da

    sociedade e, segundo SILVA (1986:54), toda crise econmica vm correlata a

    uma crise social e ambas determinam profundas repercusses sobre a sade do

    trabalhador, nem sempre de forma clara e, s vezes, mascaradas por um

    transtorno mental. Para a autora, o sofrimento fsico, o sofrimento mental e o

    sofrimento social so indissociveis, no sendo totalmente esclarecedor a

    observncia de apenas um desses aspectos separados. Deste modo as

    mudanas econmicas afetam a sade humana, principalmente no que diz

    respeito tenso, alimentao, hbitos de vida e condies de trabalho.

    Por esta tica, SILVA (1986:57) demonstra como o stress pode ser

    ocasionado no s no processo laboral, mas nas tenses geradas por baixos

    salrios e pela instabilidade no emprego. A autora, portanto, atribui ainda s

    13 Grifo do autor e nosso.

    7

  • transformaes nos processos laborais e ameaa constante de perda do

    emprego, um aumento na busca por tratamentos de sade devido a causas

    psicolgicas, psicossomticas14, acidentes e doenas. A autora afirma-nos que a

    introduo de novas tecnologias no processo produtivo, oriundas de um processo

    de reestruturao produtiva capitalista, a conseqente diminuio do emprego e

    exigncia de capacitao, traz conseqncias para a estrutura psquica do

    trabalhador. O deslocamento do emprego de um setor para outro exige mudanas

    no perfil de produo, de demanda e de renda e, para a autora, esse processo

    leva, no mnimo, uma gerao para ser assimilado. Assim, a gerao dos anos

    1980 e 1990, que sofreram com o desemprego estrutural, ainda estariam

    assimilando o ingresso no setor informal.

    Esse tipo de atividade (informal) tem conseqncias que merecem ser

    tratadas de maneira especfica, tendo como referncia o papel da informalidade

    na sociedade capitalista. Com relao sade do trabalhador, FREIRE (2006:38)

    entende esta como

    expresso socioeconmica e poltica concreta, privilegiada, das relaes de trabalho, cujas evidncias gritantes facilitam o desvendamento da realidade oculta por trs do discurso dominante, predominantemente mistificador, possibilitando ao mesmo tempo a construo de sujeitos polticos. (FREIRE, 2006:38)

    Para esta autora, a sade do trabalhador possui amplitude e penetrao

    em todas as esferas das necessidades humanas: material, biopsquica,

    psicossocial, sociopoltica, educacional e cultural. Assim, FREIRE (2006:38)

    afirma que suas polticas passam a ser objetos transdisciplinares.

    Para FREIRE (2006:40) a sade do trabalhador um conceito concebido

    como um processo dialtico sade-doena mediado pelos aspectos

    organizacionais dos processos laborais e relaes sociais no trabalho. Processo

    entendido como a maneira de trabalhar, desgastar-se, de explorao e resistncia

    dos trabalhadores. Aqui o desgaste concebido como a perda da capacidade

    14 Podemos entender doena somtica como apenas uma via a mais para externar a turbulncia afetiva, tendo sido essa via inconscientemente buscada pelo sujeito, incapaz de harmonizar os seus conflitos interiores (SEGRE e FERRAZ 2009:540).

    8

  • potencial corporal e psquica, ou seja, um conjunto de processos biopsquicos.

    Segundo a autora, este desgaste tem origem na interao das cargas negativas

    como posio incmoda, alternncia de turnos, rudo, presso por alto ritmo e

    tenso nervosa. A autora (ibid:40-41), no entanto, prope uma ampliao neste

    entendimento, incorporando aos aspectos fsicos, qumicos, psquicos e

    biolgicos, o social, ou seja, prope no que diz respeito questo do desgaste,

    mais um tipo de carga, a carga social. Ela parte do princpio de a carga de

    trabalho no deve ser considerada somente pela dificuldade ou peso do trabalho

    mas deve ser pensada tambm a partir das demandas particulares do processo

    de trabalho. A carga de trabalho

    [...] construda e reproduzida no prprio processo de trabalho, expressando-se em fatos como desigualdade, autoritarismo, privao de poder de enfrentamento direto, coero, chantagem e outras decorrentes da posio social na diviso, processo e organizao do trabalho incluindo-se as questes de gnero, idade e etnia, embutidas nas demais. Ela se revela sob todas as formas de violncia simblica, implicada nas relaes sociopolticas dos sujeitos em face da realidade deste processo, o que evidenciado na pesquisa. (FREIRE, 2006:41)

    Visto isto a sade do trabalhador pode ser concebida como um conceito

    que expressa as relaes sociais de produo e de reproduo da fora de

    trabalho de uma determinada sociedade, resultando das mltiplas determinaes

    e mediaes dessa totalidade (FREIRE, 2006:42).

    No Brasil, a condio de cidadania no universal e est associada ao

    modo de insero dos indivduos no mercado de trabalho. Como j apresentamos

    anteriormente a perda do vnculo empregatcio formal representa perda de direitos

    e benefcios sociais (JAKOBSEN, 2000:5) (POCHMANN, 2000:21). Para

    JAKOBSEN (2000:5), a populao, ao entrar no mercado informal, torna-se

    cidado de segunda classe e perde alguns direitos, inclusive garantidos pela

    Constituio Brasileira. Para MALAGUTI (2000:62-63) o fenmeno da

    informalidade propaga-se por todos os poros da economia e essa propagao

    favorecida por um cenrio de averso aos direitos, em funo do salrio mnimo,

    com o valor monetrio que apresenta ser inconstitucional, a falta de moradia para

    todos ser uma questo inconstitucional, a inexistncia efetiva de um sistema

    pblico de sade ser inconstitucional, degradando o poder aquisitivo e a

    9

  • qualidade de vida, ao mesmo tempo em que dissolve as organizaes dos

    trabalhadores. Como podemos observar com a negao (visto o caso dos sem

    teto, sem terra e outros movimentos sociais) cotidiana do artigo terceiro da Lei

    8.080, que transcreve a respeito da sade no Brasil.

    Artigo 3 - A sade tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentao, a moradia, o saneamento bsico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educao, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e servios essenciais; [...] Pargrafo nico. Dizem respeito tambm sade as aes que, por fora do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir s pessoas e coletividade condies de bem-estar fsico, mental e social. (LEI 8.080)

    Entendendo que a construo de uma identidade social passa pela

    profissional, e pela condio de trabalhador, o trabalho assume importante papel

    na construo e resgate da imagem de si mesmo (MORRONE, 2008). Com isso,

    o processo de deteriorao do emprego pode trazer conseqncias tambm para

    a sade mental do trabalhador.

    a desarticulao da prtica social, decorrente do desemprego, deixa um vazio que gera desequilbrio no espao interno das relaes privadas, superdimensionando e sobrecarregando este espao, bem como nas relaes concretas e reais de reflexo e participao social e poltica (LIRA e WEINSTEIN, 198015 apud SILVA, 1986, p. 105).

    Alm disto, SILVA (1986:58) nos diz que nos momentos de crise pode-se

    observar um aumento no nmero de internaes psiquitricas, enquanto as

    internaes por psicose no tm aumento especial. Este aumento associado

    pela autora como uma seqncia bastante imediata ao aumento do desemprego e

    ao declnio da estabilidade econmica.

    Para Ludermir (2005), a informalidade apresenta caractersticas que

    podem fazer mal sade psicolgica dos trabalhadores, como os baixos nveis de

    poder de deciso e de controle pessoal sobre os vencimentos e sobre sua jornada

    de trabalho, sempre determinados pela demanda do mercado. Essa incerteza

    sobre a situao de trabalho, associada aos baixos salrios, ausncia de

    15 LIRA, E. e WEINSTEIN, E. Desempleo y Dano Psicolgico. Santiago: Mimeo, 1980. 22p.

    10

  • benefcios sociais e de proteo da legislao trabalhista so provavelmente

    responsveis pelo desenvolvimento de sintomas que favorecem o aparecimento

    dos casos de Transtorno Mental Comum TMC.

    Segundo Ludermir e Melo Filho (2002), podemos denominar de

    Transtornos Mentais Comuns (TMC), os sintomas como insnia, fadiga,

    irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentrao e queixas somticas,

    comuns na situao de desemprego. Para estes autores, pode-se verificar a

    associao desses transtornos a alteraes relacionadas s condies de vida e

    estrutura ocupacional dos indivduos. Em um primeiro momento, com a

    escolaridade, com a posse de bens durveis como casa e carro e com as

    condies de moradia. No segundo, com a renda, com a ocupao e, o que

    chamamos ateno neste trabalho, com a excluso do mercado formal de

    trabalho.

    A prevalncia de TMC entre os trabalhadores informais semelhante

    encontrada entre os desempregados. Em ambos os casos, ocorre a reduo dos

    direitos trabalhistas, como uma estratgia para a diminuio do desemprego.

    Cabe, portanto, em face dessa realidade, estimular uma reflexo crtica sobre as

    conseqncias da precarizao das relaes de trabalho para a sade mental

    (Idem, p. 203).

    Com relao reao frente ao desemprego SILVA (1986:109-110) afirma

    que o indivduo procura reagir buscando alternativas, mas rapidamente tomado

    pela sensao de insegurana e passa a apresentar intensa irritabilidade, insnia,

    oscilaes de humor e angustia. Os eventos cotidianos passam a ser vistos como

    ameaas. Em uma outra fase, segundo a autora, de transio, ficam evidentes os

    sentimentos de culpa, desnimo e tristeza, atenua-se a insnia, alm disso, o

    indivduo comea a se isolar e a depresso se evidencia. Na fase de adaptao o

    isolamento torna-se acentuado e a pessoa se culpa pela injustia que a envolve,

    obscurece-se a conscincia da sociedade. aqui que passam a fazer parte das

    estratgias de evaso a mendicncia, o alcoolismo e a drogadio. Para a autora

    nesta fase que surge a hipocondria e outras doenas psicossomticas. Na fase

    de ajustamento acontece uma perda da sensibilidade afetiva, resultando de um

    processo de acentuao do desalento e deteriorao da auto-imagem e a

    acentuao de um profundo fatalismo.

    11

  • Sem poder escapar ao esprito competitivo prprio das sociedades

    capitalistas, o indivduo termina convencido que, mais do que vtima de uma

    situao poltica e econmica, ele produto de um fracasso individual e esta

    vivncia segundo SILVA (1986:112) fonte de sentimentos de culpa e

    desvalorizao sendo fator determinante para o adoecimento.

    SILVA (1986:113) aponta que a angstia na situao de desemprego

    maior quando em sua famlia algum apresenta-se com alguma doena que o

    trabalhador desempregado no tem mais condio de atender, seja na compra de

    remdios ou pela perda de direito a convnios ou da Previdncia Social.

    Essa problemtica atinge inmeras pessoas em todo o pas e que tende

    a ser o problema do sculo. Cabe ressaltar que a depresso ser a doena mais

    comum do mundo em 2030, segundo a OMS (Organizao Mundial da Sade),

    atingindo mais pessoas do que qualquer outro problema de sade. Os gastos com

    o tratamento e as perdas de produo por causa da depresso geraro custos

    econmicos e sociais para os governos. J se sabe, no entanto, que os pases

    pobres registram mais casos desta doena do que os pases desenvolvidos.

    Atualmente, so mais de 450 (quatrocentos e cinqenta) milhes de pessoas

    afetadas por problemas mentais, segundo a primeira Cpula Global de Sade

    Mental, realizada em Atenas, na Grcia.

    A partir das reflexes acima descritas pudemos perceber, que o processo

    de reestruturao produtiva, resposta do capital a crise de acumulao, gerou e

    continua gerando situaes de trabalho precrio e pobreza.

    Atravs de reviso bibliogrfica e observaes acerca da realidade destes

    trabalhadores (pobres, desempregados, subempregados e informais), observa-se

    que a instabilidade de rendimento e a situao de pobreza pode ser fator de

    causa dos TMC, visto a tenso que esta situao gera nos usurios e estes

    sempre fazer associao dos seus transtornos a meios externos, referente a sua

    situao financeira e ao trabalho, em outras palavras podemos afirmar que, a

    instabilidade de rendimento e a situao de pobreza podem ser fator de causa

    dos TMC, dada a tenso que esta situao gera nas pessoas, que geralmente

    fazem a associao de seus transtornos a meios externos, como a situao

    financeira e o trabalho.

    12

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