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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO CURSO DE TURISMO ALINE CÉSAR JESUS TURISMO DE NEGÓCIOS: A GESTÃO E O AGENCIAMENTO DE VIAGENS CORPORATIVAS NITERÓI 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO

CURSO DE TURISMO

ALINE CÉSAR JESUS

TURISMO DE NEGÓCIOS:

A GESTÃO E O AGENCIAMENTO DE VIAGENS CORPORATIVAS

NITERÓI

2007

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ALINE CÉSAR JESUS

TURISMO DE NEGÓCIOS:

A GESTÃO E O AGENCIAMENTO DE VIAGENS CORPORATIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Graduação em Turismo do

Departamento de Turismo da Universidade

Federal Fluminense, como requisito final de

avaliação para obtenção do grau de Bacharel em

Turismo.

Orientador: Prof. Margarida Molina

Niterói

2007

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II

TURISMO DE NEGÓCIOS:

A GESTÃO E O AGENCIAMENTO DE VIAGENS CORPORATIVAS

Por

ALINE CÉSAR JESUS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado para obtenção do grau de Bacharel em Turismo, pela Banca examinadora formada por:

_________________________________________________ Presidente: Prof. Margarida Molina - Orientadora,

Universidade Federal Fluminense

_________________________________________________ Membro: Prof. José Carlos de Souza Dantas, Mestre em Turismo,

Centro Universitário Plínio Leite

_________________________________________________ Membro: Prof. Frederico Cascardo Alexandre Silva,

Universidade Federal Fluminense

Niterói, 12 de julho de 2007

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III

A meus pais, Márcia e Adaildo, com todo o meu amor.

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IV

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, professora Margarida Molina, agradeço a atenção, paciência e

todo o suporte oferecido, apesar das dificuldades que enfrentamos pela distância.

A todos os professores do curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, os

quais contribuíram de diversas formas para minha formação acadêmica, profissional e

também pessoal, agradeço pelo apoio e pela amizade.

Obrigada a todos os verdadeiros amigos que fiz desde o primeiro dia de aula nessa

instituição e que levarei para a vida. Sem vocês, esse caminho não teria sido tão agradável.

Obrigada pelos trabalhos em equipe e também pelos momentos de diversão.

Também agradeço aos demais amigos, com quem sempre pude contar.

Ao meu pai, minha mãe, meu irmão; minha família: avós, tios, tias, primos, primas.

Minha referência na vida são vocês. Amor incondicional.

A cada uma das pessoas que de alguma forma contribuiram para a concretização

deste trabalho: Muito Obrigada!

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V

RESUMO

No cenário atual do Turismo, em que se destaca a segmentação de mercado, este trabalho

aborda o Turismo de Negócios e se propõe a apresentar a gestão das viagens corporativas

como a conjugação de papéis entre uma agência de viagens especializada e a própria empresa

cliente. Para tanto, é feita uma ampla análise do Turismo de Negócios, sua evolução ao longo

do tempo, suas características próprias, as categorias em que é dividido, bem como as

adaptações que os prestadores de serviços turísticos fazem para o atendimento a essa

demanda. A seguir, apresenta-se a gestão de viagens corporativas, no contexto da gestão

organizacional. A representatividade do setor no Brasil é ilustrada através dos seus resultados

econômicos. Por fim, é apresentado o modelo de gestão de viagens utilizado pela empresa

Icatu Hartford.

Palavras-chave: Turismo. Turismo de Negócios. Gestão. Agenciamento.

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VI

ABSTRACT

In the current scene of Tourism, in which it distinguishes the market segmentation, this work

approaches Business Tourism and proposes to present the business travel management as a

combination of parts between a specialized travel agency and the client company. In such a

way, an ample analysis of Business Tourism is made, its evolution throughout the time, its

proper characteristics, the categories it is divided, as well as the adaptations that the suppliers

of touristic services make for the attendance to this demand. To follow, it is presented

business travel management, in the context of the organizational management. The

representation of the sector in Brazil is illustrated through its economic results. Finally, it is

presented the model of travel management used by the company Icatu Hartford.

Key-words: Tourism. Business Tourism. Management. Travel agencies.

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VII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 1 Quadro – Turismo de lazer e turismo de negócios 25

Fig. 2 Gráfico - Meio de Comunicação que Influenciou a Viagem – Ano 2003 27

Fig. 3 Gráfico – Influência da “ Informação de Amigos” na decisão da viagem –

1999 a 2003 27

Fig. 4 Distribuição no turismo 41

Fig. 5 Influências sobre a demanda do turismo 43

Fig. 6 Funções essenciais das agências de viagem e turismo 45

Fig. 7 Diagrama de Ishikawa 46

Fig. 8 Tipos de Agências de viagens 47

Fig. 9 Quadro – Membros do Paragon Partnership 64

Fig. 10 Quadro – Consolidação do movimento das agências integrantes do

FAVECC – 2006 por serviço 66

Fig. 11 Quadro – Quantidade de reservas e valor médio dos serviços – agências

integrantes do FAVECC – 2006 67

Fig. 12 Gráfico - Movimento total das Agências FAVECC – Evolução 1998-2006 67

Fig. 13 Gráfico - Quantidade de Agências de viagens integrantes do FAVECC –

Evolução 1998-2006 68

Fig. 14 Quadro – Consolidação do movimento das agências integrantes da TMC

Brasil – 2006 por serviço 69

Fig. 15 Quadro – Movimento Total FAVECC e TMC Brasil 69

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VIII

LISTA DE SIGLAS

ABAV Associação Brasileira das Agências de Viagem

ABLA Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis

ABGEV Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas

APEX-Brasil Agência de Promoção de Exportação e Investimentos

Bbtur Bbtur Viagens e Turismo

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

ECA/USP Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

FAVECC Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais

FBCV&B Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux

FOHB Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil

GDS Global Distribution System

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICCA International Congress & Convention Association

IEVC Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas

NBTA National Business Travel Association

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TMC Travel Management Company

TMC Brasil Associação das Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do

Brasil

OMT Organização Mundial do Turismo

PIB Produto Interno Bruto

UBRAFE União Brasileira dos Promotores de Feiras

UFF Universidade Federal Fluminense

UNAV Unión Empresarial de Agencias de Viajes

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

USP Universidade de São Paulo

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IX

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO 14

3 TURISMO DE NEGÓCIOS 19

3.1 EVOLUÇÃO DO TURISMO DE NEGÓCIOS 19

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO DE NEGÓCIOS 24

3.3 VANTAGENS DO TURISMO DE NEGÓCIOS PARA O DESTINO 26

3.4 CATEGORIAS DO TURISMO DE NEGÓCIOS 29

3.5 OS SERVIÇOS PARA O TURISMO DE NEGÓCIOS 33

3.5.1 Transportes para o Turismo de Negócios 34

3.5.2 Hospedagem para o Turismo de Negócios 34

4 GESTÃO E AGENCIAMENTO DE VIAGENS CORPORATIVAS 37

4.1 GESTÃO ORGANIZACIONAL 37

4.2 AS AGÊNCIAS DE VIAGENS COMO MODELO DE ORGANIZAÇÃO 41

4.3 DIVISÃO DE PAPÉIS NA GESTÃO DE VIAGENS CORPORATIVAS 49

4.3.1 Gestão de viagens corporativas 50

4.3.2 O papel do Gerente de Viagens ou Travel Manager 53

4.3.2 O papel da Agência de Viagens Corporativas 54

4.4 ENTIDADES REPRESENTATIVAS DO SETOR DE VIAGENS

CORPORATIVAS

61

4.4.1 Entidades Nacionais 61

4.3.1 Entidades Internacionais 63

4.5 OS RESULTADOS DO TURISMO DE NEGÓCIOS NO BRASIL 65

4.6 O MODELO ICATU HARTFORD DE GESTÃO DE VIAGENS 70

5 CONCLUSÃO 73

REFERÊNCIAS 76

ANEXOS 80

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10

1 INTRODUÇÃO

O Turismo de Negócios ainda é pouco discutido no meio acadêmico, apesar de sua

reconhecida importância no mercado turístico nacional e internacional. A dinamização que o

Turismo de Negócios provoca na economia é um dos fatores que reforça a necessidade de

uma melhor compreensão de suas especificidades. Porém, são poucos os autores que

abordaram o tema, o que pode ser depreendido da pouca bibliografia existente tendo como

foco o Turismo de Negócios e há carência de estudos específicos, com dados numéricos, que

demonstrem a importância do segmento. Contudo, os trabalhos que o discutem sempre

destacam a importância e o crescimento cada vez maior dele. Daí, a necessidade de mais

estudos que analisem o significado do Turismo de Negócios, suas características, seus

impactos positivos e negativos no mercado turístico e nas comunidades envolvidas.

Devido à abrangência do tema Turismo de Negócios, optou-se por um enfoque na

questão da importância da gestão profissional das viagens como fator estratégico para as

empresas, e as adaptações que o mercado turístico precisa fazer para atender às características

próprias dos viajantes de negócios.

Acompanhando o crescimento da economia, o volume de viagens feitas, com diversas

finalidades, por funcionários representando suas empresas, aumentou muito nos últimos anos.

No intuito de atender a essa demanda específica de forma adequada estão envolvidas duas

organizações distintas – a agência de viagens e a própria empresa tomadora do serviço. Surge

então, a seguinte questão: qual o modelo de agência de viagens especializada no segmento

corporativo e quais adaptações as empresas em geral devem fazer para atender às

necessidades de viagens de seus funcionários?

O Turismo de Negócios demanda uma tipologia específica de agência de viagens, que

seja especializada no atendimento ao mercado corporativo. Além disso, para garantir

qualidade e economia na gestão das viagens, as empresas precisam se adaptar. Faz-se

necessária uma estrutura gerencial interna que tenha por atribuição organizar o processo de

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viagens corporativas.

Nesse contexto, elaborou-se este trabalho com o objetivo geral de apresentar o

processo de intermediação e gestão de viagens no cenário do Turismo de Negócios, além de

identificar os papéis dos atores envolvidos. São seus objetivos específicos:

• Traçar o perfil do cliente corporativo para as Agências de Viagem;

• Identificar as especificidades das necessidades de viagem no Turismo de Negócios;

• Demonstrar a Gestão de Viagens como um fator estratégico para a Gestão

Empresarial;

Reconheceu-se a oportunidade de elaborar um estudo sobre o Turismo de Negócios,

aliando os conhecimentos assimilados ao longo do curso de Graduação em Turismo da

Universidade Federal Fluminense - UFF - e a experiência adquirida no estágio profissional,

realizado na empresa Icatu Hartford.

O estudo do tema proposto para este trabalho “Turismo de Negócios: a gestão e o

agenciamento de viagens corporativas” constitui-se de dois momentos distintos de análise: o

segmento Turismo de Negócios e a Gestão das Viagens Corporativas.

No primeiro momento é apresentado um levantamento dos marcos históricos

relacionados à evolução do Turismo de Negócios. É constatada sua origem remota, já que as

motivações comerciais podem ser detectadas na base do desenvolvimento das primeiras

viagens da humanidade. A seguir, identificam-se as características próprias do segmento,

acompanhadas de uma comparação entre o turismo de negócios e o turismo de lazer

explicitando-se, assim, as suas especificidades. São também analisadas as vantagens

proporcionadas pelo Turismo de Negócios às localidades onde ele se desenvolve,

destacadamente: a maior rentabilidade proporcionada, a oportunidade que cria para a

promoção do destino, e a contribuição para uma melhor distribuição sazonal da demanda.

São, ainda, especificadas as categorias do Turismo de Negócios: viagens de negócio

em geral, eventos, feiras comerciais e viagens de incentivo. Identificam-se caracteríticas que

diferenciam essas categorias dentro do próprio segmento. Por fim, trata-se do impacto

causado na prestação de serviços turísticos, especialmente no que tange às adaptações feitas

por operadoras de transporte e meios de hospedagem para o atendimento a essa demanda.

Em um segundo momento, passa-se para uma análise mais específica da intermediação

no Turismo de Negócios, ou seja, a gestão das viagens corporativas, foco deste trabalho.

Neste contexto, julga-se necessário um levantamento das teorias administrativas mais

importantes, especialmente aquelas mais usualmente aplicadas à gestão do Turismo. Analisa-

se, então, a agência de viagens como modelo de organização para, posteriormente, ser

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realizado o estudo da gestão de viagens corporativas, como uma divisão de papéis entre a

agência de viagens especializada no segmento e a empresa que a contrata, na figura do Travel

Manager.

De acordo com a classificação proposta por Vergara (2003) para tipos de pesquisa,

foram utilizadas para a elaboração deste trabalho, quanto aos fins, as pesquisas descritiva,

explicativa e exploratória. Quanto aos meios, os tipos de pesquisa foram basicamente a

bibliográfica e a investigação documental.

Para a abordagem dos temas mais conhecidos, como turismo, agenciamento e gestão,

buscou-se utilizar a pesquisa descritiva, expondo as características dos fenômenos e, sempre

que possível, complementada por uma pesquisa explicativa, que “tem como principal objetivo

tornar algo inteligível, justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores

contribuem de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno.” (VERGARA,

2003, p. 47)

A pesquisa exploratória, que segundo a autora supracitada é aquela “realizada em área

na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado.” (VERGARA, 2003, p. 47), foi

especialmente utilizada para os temas sobre os quais as informações específicas disponíveis

são poucas, tais como, o turismo de negócios, a gestão de viagens corporativas e o

agenciamento de viagens corporativas.

Além da bibliografia, baseada em livros, revistas, jornais, e informações da internet,

ou seja, em materiais acessíveis ao público em geral, também se buscou documentos de

empresas e entidades do setor, a fim de enriquecer e complementar o trabalho.

A coleta dos dados bibliográficos foi realizada em acervo próprio, bibliotecas e

livrarias. Constatou-se no decorrer da elaboração do trabalho uma carência de produção

acadêmica relacionada ao tema, o que levou à utilização, como principal fonte, de um livro

em idioma estrangeiro, a saber, Business Travel de Davidson (2000). As traduções presentes

neste trabalho são de elaboração própria e de responsabilidade da autora.

Essa realidade direcionou a pesquisa bibliográfica para a internet, em que foram

fundamentais as páginas oficiais de empresas e entidades ligadas ao setor de viagens de

negócios, permitindo a obtenção de dados confiáveis. Com algumas das empresas e entidades,

houve um contato mais direto, geralmente por telefone ou correio eletrônico (email),

possibilitando o acesso a documentos que forneceram informações importantes para o

presente estudo.

O universo da pesquisa relaciona-se à literatura que aborda dados gerais sobre o

turismo, turismo de negócios, gestão, agenciamento e gestão de viagens corporativas; além

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das empresas e entidades diretamente ligadas ao turismo de negócios no Brasil e no mundo,

por representarem “conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que

possuem as características do objeto de estudo.” (VERGARA, 2003, p. 50)

A análise dos dados obtidos foi predominantemente de natureza qualitativa, com

reflexões, interpretações e conclusões, a partir das idéias dos autores que serviram de

referência, assim como das informações obtidas junto às empresas e entidades relacionadas ao

tema aqui desenvolvido. Quando possível, realizou-se o tratamento quantitativo dos dados

obtidos.

Apesar da limitação dos métodos de pesquisa aplicados, especialmente devido à

escassez de produção bibliográfica e de estudos estatísticos sobre o tema, espera-se que esta

monografia possa contribuir para ampliar o conhecimento na área, abrindo caminhos para

discussões.

.

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14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A Organização Mundial do Turismo – OMT – definiu que “o turismo compreende as

atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do

seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou

outros” (OMT, 1994). Esclarecendo, ainda, que o entorno habitual de uma pessoa se refere às

áreas que circundam a sua residência e todos aqueles lugares que ela visita freqüentemente.

(OMT,1995)

Segundo publicação da Universidade do Vale do Itajaí (Univali, 2000, p. 29), turismo

é o “conjunto de relações e fenômenos produzidos pelo deslocamento e permanência de

pessoas fora do lugar de domicílio, desde que tais deslocamentos e permanência não estejam

motivados por uma atividade lucrativa.”

Para Petrocchi (2004): O turismo em suas características atuais é uma atividade econômica constituída pelo conjunto de transações que se realizam entre agentes envolvidos na prestação de serviços de transportes, hospedagem, alimentação, comunicação, entretenimento e demais necessidades ligadas à permanência de uma pessoa deslocada do local onde reside. (PETROCCHI, 2004, p.21)

Turista, de acordo com o conceito do Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR1): é aquele que se desloca para fora do seu local de residência permanente, por mais de 24 horas, realizando pernoite, por motivo outro que não o de fixar residência ou exercer atividade remunerada, realizando gastos de qualquer espécie com renda auferida fora do local visitado (EMBRATUR, 1992

1 A EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo – é uma autarquia do governo federal brasileiro criada em 1966 e que desde 2003, com a criação do Ministério do Turismo, passou a ser a unidade responsável exclusivamente pelo marketing, promoção e apoio à comercialização dos produtos, destinos e serviços turísticos brasileiros no mercado internacional. Todas as suas antigas atribuições passaram para o rol das competências do Ministério do Turismo.

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15

apud UNIVALI, 2000, p. 29 )

Visitantes são, no conceito obtido junto à Univali (2000, p. 29), “pessoas que se

deslocam do seu local de residência para realizar viagens curtas para negócios, participar de

eventos, lazer, visitar parentes ou amigos”, diferenciando-se do turista pelo fato do primeiro

não pernoitar no destino.

A evolução histórica do turismo é um tema que muitas vezes divide as opiniões dos

autores. Para aqueles que o encaram como uma atividade eminentemente econômica, o

turismo teve início efetivamente apenas no século XX, quando se tornou um fenômeno de

massa. A OMT (2001) reconhece que o homem, desde as origens, deslocava-se por motivos

religiosos, caça, comércio, guerras ou mesmo lazer, porém trata a evolução do turismo a partir

do momento em que este passa a ter uma grande representatividade na economia mundial, o

que ocorre apenas na década de 1950.

Para os autores que entendem o turismo como um fenômeno social, as fases históricas

do turismo remontam a tempos mais remotos, relacionados às primeiras civilizações. Para

Cunha (1997) isso ocorreu há cerca de seis mil anos, quando os sumérios desenvolveram o

comércio e deram origem a uma movimentação de pessoas até então desconhecida .

Entretanto, o turismo como atividade organizada, realmente é um fenômeno bastante

recente. Atribui-se a Thomas Cook, a primeira viagem organizada quando, em 1841, levou

um grupo para participar de um congresso, montando um pacote ferroviário.

Apesar das diferentes versões para se estabelecer divisões históricas na evolução do

turismo, é inegável a relação direta entre o desenvolvimento do turismo e o desenvolvimento

dos transportes. Inicialmente o surgimento das ferrovias, posteriormente o automóvel e com

maior impacto o desenvolvimento do avião a jato foram fundamentais para que o turismo

atingisse sua atual configuração. (LICKORISH ; JENKINS, 2000)

É no século XX que o turismo desponta como um fenômeno de massa. Especialmente

a partir dos anos 1950, ocorre um desenvolvimento progressivo do turismo, quando há uma

maior acessibilidade às viagens. Isso acontece por um conjunto de fatores, como o surgimento

do avião a jato para passageiros, maior renda disponível às famílias, férias remuneradas e

maior tempo livre para as populações dos países industrializados (OMT, 2001)

Atualmente, o mundo caminha para a Nova Era do Turismo (FAYOS, 1994 apud

OMT, 2001). Trata-se de um momento de transformações influenciadas por três grupos de

variáveis: variáveis exógenas, variáveis da oferta e variáveis relativas ao consumidor.

As tendências sociais determinadas pela política, segurança, economia, demografia,

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16

dentre outros fatores, são variáveis exógenas com influências no turismo. Nos dias atuais, o

terrorismo é um fator que preocupa a sociedade e tem afetado negativamente o turismo.

As variáveis da oferta relacionam-se às apropriações tecnológicas, novas ferramentas

de gestão da qualidade e de recursos humanos, maior flexibilidade, preocupação ambiental,

entre outros fatores.

No centro das preocupações, encontram-se as variáveis relativas ao consumidor, que

está mais exigente e em busca da qualidade total na experiência turística. Uma tendência no

turismo especialmente determinada pelos consumidores é a segmentação de mercado.

Segundo Beni (2003, p. 153):

A melhor maneira de estudar o mercado turístico é por meio de sua segmentação, que é a técnica estatística que permite decompor a população em grupos homogêneos, e também a política de marketing que divide o mercado em partes homogêneas, cada uma com seus próprios canais de distribuição, motivações diferentes e outros fatores.

O Ministério do Turismo (2006) identifica na segmentação uma forma de organizar o

turismo para fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos baseiam-se

tanto nas características da oferta, quanto da demanda.

O Turismo de Negócios é um dentre os inúmeros segmentos existentes no mercado

turístico. Segundo Andrade (1997 apud UNIVALI, p. 26), Turismo de Negócios:

É o conjunto de atividades de viagem, de hospedagem, de alimentação e de lazer praticado por quem viaja a negócios referentes aos diversos setores da atividade comercial ou industrial ou para conhecer mercados, estabelecer contatos, firmar convênios, treinar novas tecnologias, vender ou comprar bens e serviços

Para Vaz (1999 apud UNIVALI, p.26):

É o segmento formado por executivos e empresários que viajam para reuniões privadas, com o objetivo de discutir bases de transações, estabelecer alianças e parcerias, realizar fusões de empresas, bem como para fechar negócios, adquirindo produtos, insumos e artigos

No entender do Ministério do Turismo (2006, p. 46), o segmento “Turismo de

Negócios e Eventos” é “o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de

interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico,

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17

científico e social”.

Para esclarecer este conceito, o próprio Ministério do Turismo definiu como atividades

turísticas todas as facilidades – serviços, equipamentos e produtos – que viabilizam o

deslocamento e a estada do turista e a realização do negócio ou evento, em que se incluem:

transporte, operação e agenciamento, hospedagem, alimentação, organização e operação de

eventos, entre outros. Os encontros de interesse comercial, associativo e institucional são

aqueles contatos e relacionamentos de trabalho, corporativos, sob diferentes formas, que vão

de reuniões e visitas a grandes eventos de variadas naturezas. Para compreender os diferentes

perfis que esses encontros podem assumir, deve-se buscar a natureza das relações que se

estabelecem: as comerciais estão associadas à compra e venda de produtos e serviços; as

relações promocionais têm fins de divulgação; as de natureza técnica e científica abarcam

especialidades, processos, habilidades, domínio de uma prática, arte ou ciência; e as relações

sociais envolvem assuntos próprios da sociedade, comunidade ou agremiação, com vistas ao

bem comum.

Davidson (2000, p. 1) afirma que “O Turismo de Negócios se refere às pessoas

viajando por motivos relacionados com o seu trabalho. Sendo assim, representa uma das

formas mais antigas de turismo, homens viajando por motivos profissionais desde muito

tempo”2. Este conceito, que engloba tipos de viagens com características bastante específicas,

pode ser dividido em subcategorias. O autor classifica o turismo de negócios em: viagens de

negócio em geral, eventos/reuniões, feiras comerciais e viagens de incentivo.

Viagens de negócio em geral são aquelas, que segundo Davidson (2000, p.1),

“envolvem pessoas trabalhando longe de seu local normal de trabalho por um curto período

de tempo”3. O mesmo autor engloba nessa categoria os profissionais que estão o tempo todo

com “o pé na estrada”, como é o caso de representantes de vendas ou jornalistas, que têm nas

viagens a outras cidades e/ou países, uma rotina do seu trabalho. São as chamadas viagens

corporativas.

Meetings – no idioma original do autor supracitado – incluem as viagens de

profissionais que vão para reuniões. Essas reuniões podem variar de simples encontros entre

dois colegas para discutir negócios até um grande evento reunindo profissionais de todo o

mundo. Esta categoria é definida por Davidson (2000, p. 21) como “um evento organizado

2 “Business tourism is concerned with people traveling for purposes which are related to their work. As such, it represents one of the oldest forms of tourism, man having traveled for the purposes of trade since very early times.” 3 “involve people working away from their normal place of employment for a short period of time”

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que reúne pessoas para discutir um tópico de interesse mútuo”4.

Uma categoria específica do Turismo de Negócios engloba as Feiras Comerciais, que

permitem a “apresentação de produtos e serviços para um público convidado, com o objetivo

de induzir uma venda ou informar o visitante” 5 (DAVIDSON, 2000, p. 94).

As viagens de incentivo são, na concepção de Davidson (2000, p. 70), “uma técnica

que se baseia no oferecimento de viagens e experiências recreativas como uma ferramenta

motivacional para recompensar empregados ou encorajá-los a atingir objetivos desafiadores.”6

Alguns números indicam a grande importância econômica do segmento do Turismo de

Negócios no Brasil. A pesquisa denominada “Dimensionamento Econômico do Setor de

Eventos no Brasil” (SEBRAE, 2007), realizada em 2001, pela Federação Brasileira de

Convention & Visitors Bureaux – FBC&VB, em parceria com o SEBRAE, revelou que são

realizados no Brasil aproximadamente 320 mil eventos por ano, envolvendo 800 mil

participantes, sendo que a renda total atinge a cifra de R$ 32,7 bilhões. Os tributos totais que

são gerados com a atividade de eventos no país giram em torno de R$ 3,7 bilhões. Além

disso, este segmento origina o expressivo número de 727.168 empregos diretos e indiretos.

Na edição especial sobre Turismo de Negócios da revista Viagem e Turismo

(VIAGEM E TURISMO, 2005), Bernardo Feldberg, diretor presidente da Carlson Wagonlit

Travel – agência de viagens do setor corporativo – e então presidente da Associação das

Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do Brasil (TMC Brasil)- declarou:

“Estamos falando hoje de um universo de prestadores de serviços estimado em 800 bilhões de

dólares, dos quais 10 bilhões se referem ao movimento ou potencial de viagens de negócios só

no Brasil”. De acordo com a Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas

(ABGEV), este movimento representa 67% do turismo nacional.

4 “an organized event which brings people together to discuss a topic of shared interest” 5 “presentation of products or services to an invited audience with the objective of inducing a sale or informing the visitor” 6 “a technique based on offering travel and recreational experiences as a motivational tool to reward employees or to encourage them to meet challenging objectives”

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3 TURISMO DE NEGÓCIOS

Neste capítulo será abordado o Turismo de Negócios, sua evolução histórica e

características próprias. A seguir, serão destacadas as principais vantagens que este segmento

proporciona aos destinos turíticos.

Pelas diferenças existentes, serão especificadas as categorias do Turismo de Negócios:

viagens de negócio em geral, eventos, feiras comerciais e viagens de incentivo. Finalmente,

serão identificados os serviços turísticos mais utilizados pelo turista de negócios e

caracterizados mais especificamente os serviços de transportes e hospedagem para essa

demanda.

3.1 EVOLUÇÃO DO TURISMO DE NEGÓCIOS

Muitos autores abordaram a evolução histórica do turismo com base na história da

própria humanidade. Segundo Cunha (1997, p. 61), “Por razões religiosas, comerciais,

políticas, de expansão territorial ou por simples curiosidade, a história do homem está

profundamente ligada às deslocações e às viagens”. Há diferentes versões para essa evolução,

cada uma enfatizando determinado aspecto, seja ele social, econômico, motivacional,

tecnológico, entre outros. Não se pode afirmar que uma ou outra versão seja a mais correta,

aliás, elas acabam por se complementar.

Os negócios têm sido um importante fator motivador das viagens ao longo dos tempos.

Pode-se dizer, sem dúvida, que foram interesses comerciais que muitas vezes impulsionaram

o homem a buscar novos lugares, desenvolvendo os mecanismos necessários para seus

deslocamentos e permanência em locais cada vez mais distantes de sua origem e que por

muito tempo estiveram inacessíveis.

Para este estudo, procurou-se fazer um levantamento focado nos marcos da história

das viagens associadas a motivações comerciais, profissionais, econômicas, entre outras

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razões que estão na origem do turismo de negócios. Além disso, serão destacados os marcos

históricos no desenvolvimento das agências de viagens.

Há cerca de seis mil anos, os sumérios desenvolveram a moeda e o comércio,

estimulando deslocamentos de pessoas nunca antes vistos. A essa civilização atribui-se a

escrita cuneiforme e a invenção da roda, que viriam a facilitar suas transações comerciais e as

suas viagens.

Com a roda, surgem as carruagens e a necessidade de estradas. Aos romanos, cerca de

150 anos a.C., atribui-se a maior rede de estradas construídas até então, com 100.000 km de

extensão.

Hérodoto, o pai da história, descrevia suas viagens e analisava as viagens realizadas na

época. Segundo Cunha (1997, p. 63), Heródoto relatou que “muitos gregos iam ao Egito para

fazer comércio, para servir no Exército mas também, apenas, para ver o país”. Da forma como

está colocado, fica explícita a essência comercial ou militar das viagens naquela época.

Cunha, por sua vez, afirma: Os gregos e os romanos foram os criadores das vias terrestres de acesso a todos os pontos da Europa com ligações com a Índia e a Ásia Menor, mas é aos fenícios que se devem as ligações marítimas entre todos os países da orla mediterrânica. Inicialmente, para fins essencialmente comerciais, mas, posteriormente, também para transporte de passageiros. (CUNHA, 1997, p.63)

Com o colapso do império romano, em 476, há uma retração nas viagens devido a

diversas dificuldades e à insegurança. A partir do século VI destacam-se as motivações

religiosas para os deslocamentos de pessoas.

No século XIV, os portugueses iniciam as suas expedições marítimas. Para tanto, foi

necessário um grande desenvolvimento tecnológico, em que se destaca o papel da Escola de

Sagres. As Grandes Navegações, mais intensas no século XV, tinham objetivos e interesses

especialmente econômicos e políticos, porém as descobertas de portugueses, espanhóis,

ingleses, franceses e holandeses são consideradas um marco para o turismo como um todo

porque permitiram a universalização das viagens.

Cunha (1997) observa que até o século XVIII o turismo caracteriza-se por viagens

motivadas por necessidades fundamentais como o comércio, as peregrinações religiosas, a

saúde ou por razões políticas e de estudo. A partir de então, as mudanças tecnológicas,

econômicas, sociais e culturais permitem uma importante alteração, iniciando-se a

popularização das viagens entre as camadas sociais mais abastadas, com finalidades de

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recreação, aumento de conhecimentos, possibilitando encontros e experiências. Na segunda

metade do século XVIII, o Gran Tour – longas viagens realizadas por pessoas de famílias

ricas inglesas pela Europa – torna-se regular e é considerado responsável pelo nascimento do

conceito de turismo.

Ao mesmo tempo, a Inglaterra traz ao mundo idéias como a da livre-troca no comércio

internacional, além da invenção da máquina a vapor, na base da revolução industrial. No

século XIX o progresso é contínuo, nos campos da ciência, da tecnologia, dos transportes e

das comunicações. São acontecimentos importantes de ordem econômica, que estimulam

viagens inicialmente com interesses comerciais, porém fundamentais para todo tipo de

viagem existente hoje.

Até mesmo a primeira viagem organizada, atribuída a Thomas Cook, no ano de 1841,

foi uma viagem de negócios. Ele alugou um comboio junto ao Midland Railway para um

grupo que viajou a fim de participar de um congresso de médicos. No mesmo ano ele fundou

na Inglaterra a primeira agência de viagens registrada no mundo: a Thomas Cook and Son. É

praticamente um consenso o pioneirismo de Thomas Cook no agenciamento de viagens

conforme ele é entendido atualmente. Atribui-se a ele a criação do voucher7 e da circular

note8, além da introdução do conceito de forfait9.

No fim do século XIX apareciam as primeiras agências de viagens registradas no

Brasil. Segundo Dantas (2002), em 1928 surgiram nos EUA as primeiras Operadoras

Turísticas hoje conhecidas como Wholesalers -grandes operadoras internacionais

O início do século XX é marcado por inovações tecnológicas importantes como a

invenção do telégrafo e do telefone, além do grande desenvolvimento industrial, aumento das

estradas e ferrovias, reivindicações e conquistas trabalhistas. Aos poucos o turismo vai

adquirindo dimensões sociais e econômicas sem precedentes. Na Europa surgem as primeiras

instituições governamentais voltadas para o turismo. Nesse período há um grande

desenvolvimento da indústria automobilística e da aviação.

Em relação ao desenvolvimento das agências de viagens, Tomelin (2001) divide o

7 Voucher é o documento entregue ao passageiro com todas as específicações dos serviços turísticos adquiridos. Ele pressupõe a confirmação dos serviços discriminados. 8 A Circular Note é a antecessora do Traveller Check, que é um documento bancário concebido para viajantes, fornecido com valores fixos, normalmente em dólares americanos, emitido por um Banco, que requer a assinatura do seu titular no ato da entrega e a sua contra-assinatura no ato em que sirva de pagamento a qualquer transação (Domingues, 1997 apud Dantas, 2002) 9 Forfait é a viagem sob medida, elaborada de acordo com o desejo do cliente, agregando os serviços necessários a um preço final fixo.

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início do século XX até a década de 1960 em fases. Na primeira, até a década de 30, as

agências se dedicavam a tours individuais de clientela burguesa. Entre as décadas de 30 e 50,

as agências expandem seu mercado para uma classe média emergente, passando a oferecer

tours de grupos, utilizando automóveis e ônibus.

Segundo Cunha:

Apesar dos acontecimentos que assombraram o mundo, como a I Guerra Mundial, a Grande Crise de 1929 e a Guerra Civil da Espanha, o turismo alcançou dimensões significativas até o início da II Guerra Mundial para, a partir daí, entrar numa fase em que, praticamente, desapareceu. (CUNHA, 1997, p. 67)

Foi a partir dos anos 1950, com os países recuperados da guerra, que o turismo

começou uma trajetória de desenvolvimento contínuo, seguindo o progresso econômico e

social por que passava o mundo. É na era “pós-industrial”, caracterizada por novas

tecnologias e por uma nova organização social que ocorre o grande crescimento do turismo.

O pós-guerra configura um contexto ideal para a expansão do turismo internacional. O

baixo preço do petróleo, conquistas trabalhistas, além do grande desenvolvimento das

comunicações e dos meios de transporte determinam mudanças que se refletem nos estilos de

vida das pessoas e no seu interesse pelas viagens (LICKORISH ; JENKINS, 2000).

Além disso, os destinos internacionais passam cada vez mais a evidenciar suas

diversas atrações por meio de propagandas que ultrapassam o horizonte de interesse apenas

pelo produto interno, provocando um grande aumento das viagens internacionais.

A motivação por negócios continua importante, como destacado pela OMT: Simultaneamente, outro fator que contribuiu para o aumento do turismo internacional foi o crescimento progressivo das relações comerciais entre os diferentes mercados mundiais, que trouxe consigo o incremento correspondente dos deslocamentos, não mais por motivo de lazer, mas por motivos de negócios ou estudos profissionais. (OMT, 2001, p. 3)

Essa evolução das relações comerciais no mundo contribuiu para o aumento do

turismo internacional, destacadamente o Turismo de Negócios, além de favorecer o

estabelecimento de uma oferta padronizada através dos pacotes turísticos. Com o tempo, isso

possibilitou a segmentação, com produtos direcionados aos interesses e às necessidades dos

turistas.

Para as agências de viagem, uma terceira fase inicia-se na década de 1950, conforme

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descrito por Tomelin (2001): “As agências de viagem criadas a partir de 1950 eram

caracterizadas pela execução preferencial de visitas organizadas e de tours para a clientela de

poder aquisitivo regular.” É nesse período que se registra no Brasil a criação das primeiras

entidades associativas do setor: o Sindicato das Empresas de Turismo (1951) e a ABAV -

Associação Brasileira da Agências de Viagem (1953). A quarta fase caracteriza-se por uma

predominância de agências voltadas para a clientela mais jovem e dedicadas a vendas e

execução de pacotes em receptivos de veraneio de padrão médio e a preços acessíveis a fim

de cativar as pessoas e construir um fluxo de demanda constante ou regular.

De acordo com a OMT (2001), é na década de 80 que o turismo alcança um maior

grau de maturidade, tendo como características um crescimento mais lento da demanda e um

excesso de oferta. No início da década de 90, o turismo internacional não demonstrou uma

tendência tão clara de crescimento, apresentando nos anos de 1991 e 1993, até mesmo quedas

nas taxas de crescimento do turismo internacional.

No fim do século XX o setor terciário, em que se inclui o turismo, destaca-se no

cenário econômico internacional. É uma nova ordem mundial, em que o setor terciário se

sobrepõe à indústria, que havia predominado no decorrer de praticamente todo o século.

Trigo (2003) salienta acontecimentos que geraram muitas incertezas e dúvidas na

sociedade e que acabaram se refletindo no turismo. Para citar os principais: a Guerra Fria, a

fragmentação do mundo socialista, o neoliberalismo e as crises do Petróleo, dentre outros.

O século XXI já se iniciou conturbado, com o atentado terrorista, em 11 de setembro

de 2001 nos EUA, além da pneumonia asiática e dos devastadores tsunamis no sudeste

asiático.

Porém o novo século traz pontos positivos para o desenvolvimento do turismo, através

do constante desenvolvimento tecnológico e das facilidades dele advindas. A globalização

promove a abertura de novos mercados ao turismo, como a Europa Ocidental e o Sudeste

Asiático.

Em relação ao desenvolvimento das agências de viagens, de acordo com Tomelin

(2001), entre a década de 70 e o início do século XXI, elas passaram a estar sob forte

influência da economia de mercado mundial. Dentre as transformações no setor, na virada do

século, observa-se a tendência de segmentação cada vez maior, cenário em que despontam,

entre outras, as agências de viagens especializadas no atendimento a empresas.

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3.2 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO DE NEGÓCIOS

Para o desenvolvimento de seus negócios e atividades, as empresas e profissionais

precisam realizar contatos com pessoas, organismos e com outras empresas. Entretanto, nem

sempre eles estão geograficamente próximos, o que acarreta a necessidade de viagens. Mesmo

com o atual desenvolvimento da tecnologia de telecomunicações, o contato humano continua

sendo fundamental em grande parte dos casos e desta forma continuam sendo necessárias as

viagens, que podem abranger reuniões de trabalho, fechamento de contratos, participação em

eventos, atividades impulsoras de um processo de negócio, entre outros. (ANSARAH, 2000)

A Organização das Nações Unidas (ONU) classificou as viagens de negócios como turísticas não por causa da natureza das viagens, mas por considerar prioritária a demanda significativa e constante dos empresários e executivos ao mercado de bens e serviços turísticos. (ONU apud ANSARAH, 2000, p.35)

A definição de Andrade para o Turismo de Negócios é uma das mais completas,

abrangendo especialmente os aspectos operacionais e motivacionais desse segmento do

turismo:

É o conjunto de atividades de viagem, de hospedagem, de alimentação e de lazer praticado por quem viaja a negócios referentes aos diversos setores da atividade comercial ou industrial ou para conhecer mercados, estabelecer contatos, firmar convênios, treinar novas tecnologias, vender ou comprar bens e serviços (Andrade, 1997, apud UNIVALI, p. 26)

No universo de uma variedade de segmentos que se podem listar no turismo é possível

fazer uma oposição entre o turismo de negócios e o turismo de lazer – que englobaria a maior

parte daqueles segmentos não relacionados a atividades profissionais.

Qualquer pessoa que tenha tempo livre e a renda necessária pode realizar uma viagem

de lazer, porém no turismo de negócios necessariamente viajam pessoas cujas atividades

profissionais requerem que elas viajem. Com relação às despesas da viagem, no turismo de

lazer quem paga é o turista. No turismo de negócios as despesas são custeadas pelo

empregador ou associação do viajante.

Quanto aos destinos das viagens, a decisão cabe ao turista no caso do turismo de lazer.

No turismo de negócios, é a empresa que decide. No turismo de lazer são procurados todos os

tipos de destinos: litorâneos, cidades, montanha, campo, entre outros; já o turismo de negócios

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ocorre tradicionalmente em cidades economicamente importantes.

No que diz respeito ao período de realização, geralmente as viagens de lazer ocorrem

nos períodos clássicos de férias e fins-de-semana, enquanto as viagens de negócios ocorrem

durante todo o ano (com reduções em períodos de férias) e em dias úteis, de segunda a sexta-

feira.

O planejamento das viagens de lazer ocorre com bastante antecedência em oposição às

viagens de negócios que geralmente precisam ser providenciadas em pouco tempo.

O quadro a seguir (Fig.1) apresenta as principais diferenças entre o turismo de

negócios e turismo de lazer.

TURISMO DE LAZER TURISMO DE NEGÓCIOS

Quem paga? O turista O empregador ou associação do viajante

Quem decide sobre o destino? O turistaA empresa ou a organização do evento, da viagem de incentivo, da conferência ou da feira comercial

Quando acontecem as viagens?

Durantes os períodos clássicos de férias - embora haja uma tendência recente de férias mais curtas

distribuídas ao longo do ano; e nos fins de semana

O ano inteiro de segunda a sexta-feira. Também há reduções nos períods de férias.

Antecedência (Intervalo entre as reservas

e a realização da viagem)

As férias são geralmente planejadas e reservadas alguns meses antes;

Para viagens mais curtas, alguns dias são suficientes

Algumas viagens de negócios devem ser providenciadas em pouquíssimo tempo, pode-se

falar em questão de horas em alguns casos

Quem viaja?Qualquer pessoa com o tempo livre e o dinheiro

necessáriosPessoas cujos trabalhos requerem que elas viajem,

ou membros de associações

Que tipo de destinos são mais procurados?Todos os tipos:

litorâneos, cidades, montanha, campo, entre outros

Tradicionalmente é altamente concentrado em cidades de países industrializados, mas também ocorre em cidades economicamente destacadas

dentro de seu contexto em qualquer outro país do mundo.

Fig. 1 – Quadro – Turismo de lazer e turismo de negócios (Adaptado de DAVIDSON, 2000 , p.4.)

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3.3 VANTAGENS DO TURISMO DE NEGÓCIOS PARA O DESTINO O turismo de negócios oferece muitas vantagens para o lugar onde ocorre. Para

Davidson (2000), muitas dessas vantagens são as mesmas obtidas por outras formas de

turismo, como a necessidade de manter um ambiente atrativo e uma boa infra-estrutura de

transporte e comércio, por exemplo. Porém, há vantagens especialmente propiciadas pelo

turismo de negócios, como as apresentadas a seguir.

Maior rentabilidade

O turista de negócios gasta mais que o turista comum, o que proporciona benefícios

econômicos para toda a comunidade do destino. Acredita-se que isso ocorre pelo fato das

despesas serem pagas pela empresa ou entidade representada pelo turista.

Dados da OMT, (apud Beni, 2003, p. 38) indicam que o turista que viaja para

participar de um evento, gasta em média três vezes mais que o turista tradicional, numa

relação estimada de US$240 para US$90.

Oportunidade de promoção do destino

Davidson (2000) defende a teoria de que aquele que esteve a negócios em uma certa

localidade ajuda a formar a imagem do destino junto aos que nunca ali estiveram. E se ele

teve uma boa impressão, vai passá-la adiante. Da mesma forma, uma impressão negativa,

certamente será multiplicada. É o marketing boca-a-boca, que tem muita importância,

especialmente quando o assunto é turismo.

Petrocchi define: O marketing boca-a-boca seria, então, a circulação de informações de pessoa para pessoa sobre determinados destinos, produtos ou serviços, disseminando-se por comunidades em uma rede invisível (PETROCCHI, 2004, p. 70)

As trocas de informações entre as pessoas, na visão de Petrocchi (2004), facilitam o

processo de tomada de decisão, poupando tempo e propiciando maior qualidade a essa

decisão, além de produzir benefícios econômicos. As informações que uma pessoa recebe de

outra sobre determinado destino turístico influenciam seu julgamento e comportamento.

O marketing boca-a-boca vem adquirindo um papel ainda mais relevante na

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atualidade. Há muita informação disponível e as pessoas dão grande importância àquilo que

os amigos e familiares dizem. As pessoas, por sua vez, estão cada vez mais céticas, ou seja,

não dão muita credibilidade às informações passadas pelas organizações e destinos. Além

disso, a internet tornou-se um importante canal de comunicação, assim as pessoas trocam

informações não só com amigos e parentes, mas com pessoas que sequer conhecem. O grau

de importância desta troca interpessoal de impressões acerca de destinações turísticas fica

claro pela aceitação do fato de que “O receptor da mensagem vê o turista que a emite como

uma pessoa que teve experiências pessoais no destino e é independente dele, logo, uma fonte

razoável de informação.” (Petrocchi, 2004, p. 71)

É incontestável a grande importância do marketing boca-a-boca, por exemplo, em

pesquisas de demanda turística, em que se observa o grande número de respostas para a

indicação de amigos e parentes na decisão por uma viagem. Os gráficos a seguir (Fig.2 e

Fig.3) ilustram um exemplo. Eles representam informações extraídas do Estudo da Demanda

Turística Internacional (2003), realizado pela EMBRATUR com turistas estrangeiros no

Brasil. A “Informação de amigos” aparece como o principal meio de comunicação que

influenciou a viagem (Fig.2), e vem aumentando sua importância ao longo dos anos (Fig.3).

Também se destaca a crescente influência da internet nesse processo.

Meio de Comunicação que influenciou a decisão da viagem - Ano 2003

Informação de amigos; 61,9%Internet; 13,4%

Folders/Guias; 11,8%

Televisão; 7,2%

Revista; 3,9%

Jornal; 1,5%

Outros; 0,3%

Influência da "Informação de amigos" na decisão da viagem - 1999 a 2003

51,8%

61,9%

47,4%44,1%45,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

1999 2000 2001 2002 2003

Fig. 2 Gráfico - Meio de Comunicação que Influenciou a Viagem – Ano 2003

Fig. 3 Gráfico – Influência da “ Informação de Amigos” na decisão da viagem – 1999 a 2003

Fig. 2 e Fig. 3 - Adaptados de: Embratur - Estudo da Demanda Turística Internacional (2003)

As viagens de negócios podem, portanto, representar uma oportunidade de marketing

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para o destino. Isso porque o executivo que esteve em certa localidade a negócios, pode ficar

tão satisfeito com as características locais, equipamentos e serviços turísticos que utilizou, que

passe a recomendar aquele destino e até mesmo retorne a lazer ou por outras motivações.

Distribuição sazonal

Diz-se que o mercado encontra-se em equilíbrio quando há um ajustamento entre

oferta e demanda, ou seja, não há aumento nem diminuição em nenhum dos dois, ou ainda

quando oferta e demanda variam proporcionalmente. (CUNHA, 1997)

Para Cunha (1997, p. 189) “o equilíbrio do mercado turístico, embora sendo desejável,

é uma situação inalcançável”. Na verdade, o mercado turístico é bastante instável, na medida

em que a oferta é relativamente rígida se comparada às grandes variações a que está sujeita a

demanda.

Os desequilíbrios do mercado turístico são explicados por fatores conjunturais e

estruturais. Os fatores conjunturais podem ser econômicos, sociais, institucionais, políticos e

militares. Já os estruturais estão relacionados às características da própria atividade turística.

A sazonalidade, por exemplo, é um fator estrutural de desequilíbrio do mercado

turístico relativo à distribuição temporal da demanda, ou seja, maior concentração de turistas

em determinadas épocas do ano. Essa distribuição geralmente é influenciada por fatores

climáticos, sociais, econômicos, pelos períodos de férias escolares e nas empresas, entre

outros. Também existe a sazonalidade semanal, na qual se pode observar a variação da

demanda entre os dias úteis e os fins-de-semana.

É indiscutível que a sazonalidade é prejudicial aos destinos turísticos. Em relação à

mão-de-obra, por exemplo, ela acarreta a necessidade de contratações temporárias nos

períodos de alta temporada, assim como demissões nos períodos de baixa. E a conseqüência

disso é a queda na qualidade dos serviços. Da mesma forma para os equipamentos turísticos, a

alternação entre períodos de sobrecarga e períodos sem utilização pode causar problemas. Não

só os empreendimentos turísticos são afetados pela sazonalidade, mas a comunidade local

que direta ou indiretamente se envolve com a atividade turística.

Segundo Davidson (2000), o turismo de negócios costuma ocorrer fora dos períodos

de alta temporada de férias, o que ajuda a reduzir os efeitos negativos da sazonalidade em

determinados destinos.

Alguns tipos de viagens de negócios estão estritamente atreladas ao próprio negócio,

não sendo possível definir sua data de realização em função da distribuição sazonal da

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demanda em um determinado destino turístico. Porém, quando se trata de eventos, feiras

comerciais ou mesmo o turismo de incentivo, é possível que as entidades responsáveis pelo

turismo na localidade, como secretarias de turismo, convention & visitors bureaux ou os

próprios empreendimentos turísticos, estimulem a demanda de negócios, na busca de um

melhor equilíbrio.

3.4 CATEGORIAS DO TURISMO DE NEGÓCIOS

Considerando-se que o turismo de negócios está relacionado a qualquer viagem que o

indivíduo realiza por razões profissionais, faz-se necessário um estudo dos tipos de viagens

que estão incluídas neste segmento. Para este trabalho, será adotada a classificação de

Davidson (2000), que divide o turismo de negócios em:

• Viagens de negócio em geral;

• Eventos/reuniões;

• Feiras comerciais e

• Viagens de incentivo.

Viagens de negócio em geral

As viagens de negócio em geral – general business travel, segundo Davidson (2000) –

são as chamadas viagens corporativas, e envolvem pessoas trabalhando longe de seu local

normal de trabalho por um curto período de tempo.

Na realidade, pode-se considerar que “viagens corporativas” é um termo que engloba

todos os outros – eventos/reuniões, feiras comerciais e viagens de incentivo – porém é mais

amplo, ao referir-se às viagens relacionadas ao trabalho que não estejam em nenhuma das

outras categorias.

Turismo de Eventos

O Turismo de Eventos inclui as viagens de profissionais que vão para reuniões, que

podem variar de simples encontros entre dois colegas de trabalho para discutir negócios até

um grande evento reunindo profissionais de todo o mundo. Davidson (2000, p.21) define esta

categoria como “um evento organizado que reúne pessoas para discutir um tópico de interesse

mútuo”.

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O Evento pode ter propósitos comerciais ou não-comerciais, pode ter meia dúzia de

pessoas ou centenas delas, durar poucas horas ou uma semana. Porém, o que qualifica o

evento como parte do mercado do Turismo de Negócios é a utilização de alguns dos serviços

característicos do turismo, como o aluguel de uma sala de conferências em um hotel local ou

o transporte aéreo de um executivo da filial que vai para uma reunião na matriz da empresa.

Sob esse ponto de vista, considera-se que o nível dos eventos pode variar muito. Em

oposição aos exemplos citados anteriormente, em que são utilizados apenas alguns poucos dos

serviços turísticos, existem os mega-eventos. Quanto maior a quantidade de pessoas e

organizações envolvidas no evento e seu tempo de duração, maior a utilização de serviços de

transporte, acomodação, agenciamento, entre outros, inclusive atrativos turísticos e

equipamentos de lazer dos quais os participantes do evento podem usufruir em seu tempo

livre. Há hoje, inclusive, uma tendência nas organizações de eventos em se prever tempos na

agenda oficial para city-tours ou outras atividades no destino. Também é cada vez mais usual,

e interessante para a localidade, o estímulo à chegada antecipada ou extensão da estada após o

término do evento, a fim de aproveitar a viagem também para o lazer, descanso ou qualquer

outra atividade não ligada ao evento em si. Nesses casos, o participante do evento pode sentir-

se estimulado a levar a família para a viagem.

No Brasil a terminologia utilizada para definir os tipos de eventos baseia-se no

consenso entre os profissionais que atuam na área. Isso ocorre por não haver regras

estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Por isso são comuns

divergências de conceitos em alguns casos. Brunin (2007) destaca as características dos

principais tipos de eventos:

- Congresso: evento promovido por entidades associativas, visando debater assuntos

de interesse de um determinado ramo profissional;

- Convenção: atividade realizada por organização empresarial, caracterizada por ações

comerciais, comemorativas, vendas etc.;

- Seminário: conjunto de exposições verbais (palestras) para pessoas que têm

conhecimento (técnico, científico, acadêmico) dos assuntos a serem debatidos;

- Simpósio: evento com a participação de especialistas de renome, onde esses

conferencistas não debatem entre si;

- Fórum: tipo de atividade menos técnica, cujo objetivo é o de sensibilizar a opinião

pública para certos problemas sociais;

- Jornada: reunião de determinado grupo de profissionais realizada periodicamente

para debater assuntos que, em geral, não são objeto de discussão em Congresso.

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Atualmente enfatiza-se o papel dos Convention & Visitors Bureaux na promoção dos

destinos turísticos para o segmento do Turismo de Negócios, especialmente os Eventos.

No Brasil, é importante ressaltar o papel da EMBRATUR, que desde 2003 possui um

programa dentro de sua Diretoria de Turismo de Eventos e Negócios, responsável pelo apoio

à captação de eventos internacionais para o país. O resultado dessas ações fica comprovado

pelo posicionamento do Brasil no ranking da International Congress & Convention

Association (ICCA)10. Em 5 anos o Brasil conquistou 14 posições por número de eventos. Em

2002, o Brasil ocupava a 21ª posição. No ano de 2006, o Brasil ficou na 10ª posição no

ranking dos países que mais sediaram eventos e deteve a 7ª posição no TOP 10, a melhor

colocação em toda a América Latina e o segundo melhor das Américas - atrás apenas dos

Estados Unidos.

Feiras Comerciais

As Feiras Comerciais consistem na “apresentação de produtos e serviços para um

público convidado, com o objetivo de induzir uma venda ou informar o visitante” 11

(DAVIDSON, 2000, p. 94). Elas funcionam como uma forma tridimensional de publicidade,

em que o produto pode ser visto, manuseado, experimentado. Neste sentido, desempenham

papel fundamental no mercado de bens e serviços, estimulando o mercado nacional e as

exportações.

Sob o ponto de vista do Turismo de Negócios, as Feiras Comerciais estimulam as

viagens de dois diferentes grupos (DAVIDSON, 2000): os expositores, que viajam para

trabalhar, vendendo seus produtos e/ou serviços; e os visitantes da feira que, exceto no caso

das feiras para consumidor final, estão ali por razões ligadas ao trabalho, a fim de conhecer as

novidades tecnológicas e de mercado, fazer contatos profissionais – o chamado networking,

entre outros motivos.

Segundo dados da União Brasileira dos Promotores de Feiras - UBRAFE12,

anualmente, as feiras com a marca da entidade reúnem cerca de 32 mil expositores nacionais e

6 mil expositores estrangeiros, mais de 100 mil marcas, que atraem universos de mais de 7,5

10 ICCA – International Congress & Convention Association. Maior entidade internacional do setor de Congressos e Convenções, com aproximadamente 700 membros em 80 países do mundo. 11 “presentation of products or services to an invited audience with the objective of inducing a sale or informing the visitor” 12 A UBRAFE - União Brasileira dos Promotores de Feiras - é a entidade que representa o setor de promoção comercial nacional e internacionalmente junto a todos os segmentos da economia brasileira. Em seu quadro de associados, estão as maiores empresas do sistema expositor brasileiro.

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32

milhões de visitantes. Abrangendo os mais variados setores da economia nacional, essas feiras

representam 90% da ocupação em pavilhões de todos os eventos de promoção comercial,

realizados no Brasil. (UBRAFE, 2007)

A promoção das Feiras Comerciais brasileiras no mercado internacional é feita

atualmente através da Gerência de Turismo de Negócios, subordinada à Diretoria de Turismo

de Negócios e Eventos da EMBRATUR em parceria com a APEX-Brasil 13- Agência de

Promoção de Exportação e Investimentos – e a UBRAFE. As ações consistem na participação

em feiras comerciais internacionais a fim de divulgar as feiras comerciais brasileiras

correlatas.

Viagens de Incentivo

À primeira vista, o enquadramento das Viagens de Incentivo dentro do segmento do

Turismo de Negócios, por sua ênfase nas atividades de lazer e recreação, aparentemente

desconexas da realidade do dia-a-dia de trabalho, pode parecer um equívoco. Porém, uma

análise mais criteriosa dessas viagens corrige essa idéia. Para Hoeller, as viagens de incentivo:

são viagens para premiar ou reconhecer a excelência profissional com um diferencial de forte apelo cultural, emocional e psicológico, que proporcionam aos vencedores o lazer e o descanso merecidos em meio à atividades grupais prazerosas e altamente socializadoras. (HOELLER, 1999 apud UNIVALI, 2000, p. 26)

Davidson (2000) destaca o papel dessas viagens nas empresas, como uma técnica

motivacional, por meio da qual se recompensam os melhores desempenhos ou encoraja-se o

atingimento das metas organizacionais. Pode-se dizer, então, que as viagens de incentivo

apoiam o marketing interno, que é “a tarefa bem-sucedida de contratar, treinar e motivar

funcionários hábeis que desejam atender bem os consumidores” (KOTLER, 1998, p. 40).

Dentro do conceito atual de marketing, que coloca o consumidor no centro de todas as

preocupações das organizações, o marketing interno complementa estrategicamente o

marketing externo, proporcionando assim o marketing integrado.

Pode-se enumerar alguns benefícios advindos da realização de premiações nas

empresas por meio de viagens de incentivo: fortalecem a cultura organizacional e a interação

13 A APEX-Brasil - Agência de Promoção de Exportação e Investimentos – é uma agência autônoma do governo federal que tem como missão: Promover as exportações de produtos e serviços brasileiros, consolidando a cultura exportadora

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social; proporcionam maior entusiasmo para a volta ao trabalho após a viagem; e promovem

fidelização à empresa.

Neste sentido fica claro que, além da empresa arcar com os custos dessas viagens, há

um propósito mais amplo de impulsionar a produtividade ou a performance das vendas de

cada empregado ou de uma equipe.

3.5 OS SERVIÇOS PARA O TURISMO DE NEGÓCIOS

O viajante de negócios é, para as empresas do mercado turístico, um cliente com

características muito específicas. Para ter sucesso junto à demanda do Turismo de Negócios,

os produtos e serviços turísticos precisam ser adaptados, a fim de atender a expectativas

muitas vezes distintas daquelas comuns aos turistas em geral. No quadro apresentado na Fig.1

(p.25), estabeleceu-se uma comparação entre Turismo de Lazer e Turismo de Negócios que

ajuda a esclarecer algumas das especificidades deste segmento.

É necessário entender quem é o turista de negócios. A começar pela motivação da

viagem, que parte de uma necessidade da empresa e não do indivíduo que efetivamente

realiza a viagem, diferente do que ocorre com a maioria das outras formas de turismo. Desta

maneira, aceita-se que a viagem de negócios é praticamente uma imposição colocada ao

profissional, uma obrigação inerente ao seu trabalho.

Sendo a viagem um componente da rotina de trabalho, surge então a necessidade de

que ela se torne uma extensão do ambiente profissional. Cada vez mais são demandadas

facilidades para que possa ser dada continuidade ao trabalho durante a viagem ou que, ao

menos, a viagem não influencie negativamente nos negócios. Isso significa: tecnologia de

informação e de telecomunicações, agilidade no atendimento, boa localização, espaços para

realização de reuniões e eventos, entre diversos outros fatores.

Ansarah (2000) considera que os serviços e equipamentos turísticos mais utilizados

no Turismo de Negócios são:

- Transporte, especialmente o aéreo, pela otimização do tempo; e os shuttle services e

outros serviços de receptivo, incluindo locação de automóvel;

- Hotéis que disponham recursos tecnológicos, como acesso à internet e serviços de

apoio administrativo;

- Espaços e equipamentos para eventos;

- Entretenimento e compras no tempo livre.

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3.5.1 Transportes para o Turismo de Negócios

O viajante de negócios pode fazer uso dos mesmos meios de transporte utilizados por

turistas de lazer, porém ele tem algumas necessidades especiais que os tornam um mercado

bastante específico para os operadores de transporte. Segundo Davidson (2000), as

características de transporte mais requeridas pelo Turismo de Negócios dizem respeito a:

- Velocidade: o turista de negócios geralmente decide pelas opções mais rápidas de

transporte entre um local e outro. No mundo dos negócios, especialmente, “tempo é dinheiro”

– trocadilho inclusive utilizado em um slogan da British Airways (DAVIDSON, 2000)

- Conforto: para o viajante de negócios, paz e tranqüilidade durante a viagem são

fundamentais. Ele pode querer utilizar o tempo da viagem tanto para se preparar para uma

reunião, quanto para relaxar e chegar bem ao seu compromisso.

- Confiabilidade e pontualidade: devido aos compromissos e agendas de trabalho, para

o turista de negócios a pontualidade é fundamental. Problemas de trânsito ou vôos atrasados,

por exemplo, podem comprometer todo um trabalho.

- Conveniência: os horários, assim como a localização dos terminais de transporte,

devem ser os mais convenientes em relação à agenda e locais de compromissos.

- Freqüência: quanto maior a freqüência do transporte, mais fácil adaptar à viagem aos

demais compromissos do viajante de negócios

- Preço: além de todas as características acima citadas, as transportadoras atuam em

um mercado competitivo e por isso, além de tudo, elas precisam oferecer bons preços.

Sendo assim, uma operadora de transportes que deseja ter sucesso junto ao segmento

do Turismo de Negócios deve levar em conta todos esses parâmentros no planejamento e

operação do seu negócio. Muitos aspectos que seriam dispensáveis para os demais turistas

tornam-se fundamentais quando se trata de um viajante de negócios.

3.5.2 Hospedagem para o Turismo de Negócios

Os hotéis são os meios de hospedagem mais utilizados pelos turistas de negócios e

tradicionalmente são utilizadas categorias “3 estrelas” ou superior neste segmento. O Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES – constatou que:

Os hotéis classificados com três, quatro e cinco estrelas, isto é, pertencentes

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às categorias turística, turística superior e luxo, concentram grande número de hóspedes em viagens de trabalho ou treinamento. Essa preferência nos permite considerar essas categorias constituídas predominantemente por hotéis de negócios. (BNDES, 1998, p. 2)

A explicação para a utilização de meios de hospedagem dessas categorias está no nível

de serviço necessário e na credibilidade adquirida junto àqueles com quem o viajante vai fazer

negócios. Porém, observa-se uma variação neste perfil, uma vez que não só viajam os altos

executivos, e desta forma, o nível da acomodação pode variar de acordo com o nível

hierárquico do funcionário na empresa. (DAVIDSON, 2000)

Há uma tendência na hotelaria em classificar os hotéis não somente em categorias de

estrelas, mas pelo segmento de mercado que buscam atender. Dentre as categorias baseadas

no segmento de mercado há hotéis de lazer, hotéis SPA, hotéis de golf, eco hotéis, entre

outros. O BNDES definiu assim:

Hotel de negócios é o meio de hospedagem que reúne as facilidades necessárias ao abrigo de pessoas em deslocamento resultante de sua atividade econômica. Entre seus clientes estão incluídas, também, as pessoas que se hospedam para participar de eventos com vistas ao seu aprimoramento profissional tais como convenções, feiras e exposições, treinamentos ou congressos. (BNDES, 1998, p.1)

A localização desses hotéis, naturalmente, é concentrada em centros urbanos e urbano-

industriais, em oposição aos hotéis de lazer, que geralmente ficam próximos a atrativos

naturais, desportivos ou socioculturais.

O hotel, para a pessoa que viaja por razões profissionais, precisa funcionar como

extensão do escritório. Sendo assim, o que realmente caracteriza um hotel de negócios é a

adequação de suas instalações às necessidades de seus clientes e a eficiência dos serviços

prestados. Podem ser enumeradas algumas características que proporcionam diferencial

competitivo a um o hotel de negócios, como:

1 Acesso à internet nos apartamentos;

2 Prestação de serviços express, como check-in e check-out;

3 Room service e lavanderia 24 horas;

4 Business Centers altamente equipados com computadores, acesso à internet,

impressoras, telefones, fax, serviços de secretária, entre outros;

5 Espaços e serviços para a realização de eventos e congressos;

6 Academia ou fitness center.

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Novamente, recomenda-se a observação do quadro apresentado na Fig.1 (p.25), a fim

de reforçar as principais diferenças entre turismo de lazer e turismo de negócios, o que ajuda a

entender as especificidades do último e consequentemente suas necessidades no que diz

respeito aos serviços turísticos.

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4 GESTÃO E AGENCIAMENTO DE VIAGENS CORPORATIVAS

Este capítulo será dedicado ao estudo da intermediação no Turismo de Negócios, ou

seja, a organização das viagens corporativas. Essa organização de viagens é entendida como

um complexo processo de gestão, em que estão envolvidas duas empresas: a agência de

viagens e a empresa que a contrata.

A seguir serão apresentadas entidades representativas do setor e seus âmbitos de

atuação, além dos números do Turismo de Negócios.

Por fim, será apresentado o modelo de gestão de viagens empregado pela empresa

Icatu Hartford.

4.1 GESTÃO ORGANIZACIONAL

Desde o início do século XX, o processo de gestão organizacional vem passando por

uma constante evolução. No decorrer desse tempo grandes pensadores apresentaram suas

propostas, a fim de atender a necessidades que já existiam e aquelas que foram surgindo.

Entretanto, é possível observar que propostas do início do século passado continuam atuais.

De acordo com Chiavenato (1993), cada teoria administrativa surgiu com objetivo de oferecer

resposta aos problemas relevantes das empresas à sua época, sendo bem-sucedidas nas

soluções específicas para tais problemas. Assim, todas as teorias administrativas são

aplicáveis às situações atuais, mas o administrador precisa conhecê-las a fim de selecionar a

mais adequada diante de uma variedade de alternativas.

Algumas teorias administrativas oferecem especial contribuição à gestão do Turismo.

Para este estudo, serão enfocadas as teorias mais importantes e aquelas mais comumente

aplicadas ao Turismo. Este capítulo baseou-se no texto 100 anos de Gestão (100 anos de

Gestão, 2007).

A Teoria Científica, proposta por Taylor, baseou-se no estudo dos “tempos e

movimentos”. O objetivo era o aumento da produção, que proporcionaria uma maior

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lucratividade com redução de custos. Sinteticamente, pode-se falar da Teoria Científica como:

padronização de processos, salários proporcionais à produção, seleção profissional criteriosa,

e treinamento especializado, entre outros.

Henri Ford aplicou os conceitos da teoria científica em sua fábrica de automóveis,

instaurando a linha de produção, através da especialização das tarefas e da segmentação do

trabalho. Foi uma transformação tão significativa e marcante que o termo Fordismo se impôs,

e na prática foi implantado em diversos setores como o da ferrovia, da aeronáutica, da

alimentação, dentre outros.

A Teoria Clássica, de Henri Fayol, estabeleceu as seis funções básicas de uma

organização, que são: Técnicas – ligadas à produção ou à prestação de serviços; Comerciais –

relacionadas à compra e venda; Financeiras – ligadas à gestão do capital; Segurança –

referentes à proteção das pessoas e do patrimônio; Contábil – custos, balanços, relatórios;

Administrativa – responsável pela integração de todas as demais áreas através de: previsão,

organização, comando, coordenação e controle.

Ambas as teorias, a Científica e a Clássica, tinham em comum a valorização da

hierarquia e a visão da organização como um sistema fechado.

A Escola de Relações Humanas, no início dos anos 30, surge como uma reação à

inflexibilidade das teorias predominantes, que ignoravam o ser humano. Elton Mayo iniciou

seus estudos no campo da motivação, fazendo testes na linha de produção, na busca por

variáveis que influenciassem, positiva ou negativamente, na produção. Ele acreditava que o

simples fato de demonstrar interesse pelos trabalhadores já os motivava e, conseqüentemente,

melhorava seu desempenho. Portanto, o cuidado com os aspectos sociais era favorável aos

próprios empresários.

As propostas da gestão das relações humanas foram aproveitada de forma mais

adequada apenas na década de 1950. Porém, as suas conclusões iniciais contribuíram com

novas perspectivas no campo da administração, como: a importância da integração e do

comportamento social dos empregados; preocupação com as necessidades psicológicas e

sociais; novas formas de recompensa não-materiais; estudos de grupos informais e da

chamada organização formal; entre outros. Além de Mayo, outros teóricos ganharam destaque

na Escola das Relações Humanas, como Mary Parker Follet.

Surgida da década de 1950, a Gestão Sistêmica, como o próprio nome diz, entende a

organização como um sistema, um conjunto de partes coordenadas a fim de atingir

determinados objetivos. Além disso, as organizações mantêm um intenso intercâmbio com o

meio ambiente. O princípio básico da teoria de sistemas é o da integração e da troca, logo uma

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ação de determinada área se reflete em todo o corpo organizacional.

O sistema organizacional funciona com três elementos:

1 Entradas: são os recursos extraídos do ambiente pela empresa – informações,

capital, mão-de-obra, equipamentos, matéria prima e qualquer outro item utilizado no

processo;

2 Processamento: é a tecnologia administrativa e operacional, as competências das

pessoas, os procedimentos adotados;

3 Saídas: são os produtos, serviços ou informações destinados aos clientes da

organização, a fim de satisfazer as suas necessidades.

Esses elementos estão sujeitos às influências externas: o meio ambiente, que provoca

mudanças em cada um deles, afetando o sistema como um todo. Esse meio ambiente envolve

política, economia, sociedade e meio-ambiente, além do próprio mercado de atuação da

empresa, em que se encontram as tecnologias e a concorrência.

A visão sistêmica da organização contempla o mecanismo de feedback, que é o

retorno de informações para realimentação do sistema, permitindo uma medição qualitativa e

quantitativa, e uma constante avaliação dos resultados da organização. Esse mecanismo

permite um dinamismo e aperfeiçoamento constante da organização.

O Planejamento Estratégico surgiu nas décadas de 60 e 70, período em que se fala de

uma certa “obsessão” pela previsão e controle do futuro. Com esse intuito foram criadas e

utilizadas ferramentas de planejamento estratégico e gestão, vários modelos e matrizes de

decisão e de análise, amplamente utilizados até os dias atuais.

Pode-se dizer que o planejamento estratégico é um processo gerencial que permite

estabelecer um direcionamento a ser seguido pela organização que diz respeito à formulação

de objetivos para a elaboração de programas e planos de ação para sua execução, que devem

levar em conta as condições internas e externas à empresa, além da sua evolução almejada.

Estabelece e considera ainda as premissas básicas, ou valores, que a organização deve

respeitar para que todo o processo tenha coerência e sustentação.

O planejamento estratégico deve manter uma flexibilidade, criando condições para

adaptação de acordos com mudanças ligadas especialmente aos clientes (sua razão de ser) e

mudanças que ocorrem constantemente no ambiente, mantendo seu compromisso sua missão

organizacional. O processo de planejamento estratégico compõe-se, basicamente, das

seguintes etapas: Definição da missão organizacional e da visão de futuro; Análise da situação

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interna e externa, geralmente com a utilização da ferramenta de análise SWOT14; Formulação

dos objetivos; Formulação das estratégias que serão utilizadas para atingir esses objetivos;

Implementação (através de programas e planos de ação); Feedback e controle.

Nas décadas de 60 e 70 são lançadas as primeiras teorias de Marketing. Nos Estados

Unidos duas grandes obras são lançadas: Innovation in Marketing, de Theodore Levitt e

Marketing Management, de Philip Kotler. As duas obras complementam-se: a primeira coloca

a satisfação dos clientes como principal preocupação da empresa e a segunda inova com

conceitos como o de marketing mix, ciclo de vida do produto e o de marketing.

O marketing leva às organizações uma nova orientação: a orientação para o mercado.

Esse contexto requer a elaboração de produtos voltados para as necessidades dos

consumidores, a fim de satisfazê-las. E o marketing apresenta ferramentas para isso.

Nos anos 70 e 80, o Japão surpreende o mundo com a teoria da Gestão da Qualidade.

Foram dois norte-americanos: Edwards Deming e Joseph Juran que levaram para os japoneses

o conceito de qualidade total, segundo o qual a empresa deve envolver-se em sua totalidade

na busca pela qualidade. Isso permitiu aos japoneses a criação um processo de melhoria

contínua. Para tanto, várias ferramentas de auxílio ao processo de qualidade surgem, como o

PDCA (Plan, Do, Check, Act ou, em português: planejar, fazer, checar e agir), o Just in Time

ou produção de acordo com as necessidades, associado aos “zeros”: zero-estoque, zero-prazo,

zero-defeitos, dentre outros. Originaram-se, assim, produções em fluxos contínuos, auto-

ativação da produção e o uso dos métodos focados nas expectativas dos clientes.

As tecnologias da informação (TI) e de comunicações vêm passando por uma

evolução cada vez mais acelerada. Essas tecnologias causaram verdadeira revolução nas

organizações, em praticamente todos os aspectos. Atualmente, as organizações atuam com

base no conhecimento e na sua difusão. Neste novo contexto, é necessária uma nova estrutura,

mais flexível e adaptável às mudanças que ocorrem em um ritmo nunca antes visto.

Na atualidade, a valorização do capital humano é cada vez maior. As competências e

as experiências das pessoas são o grande diferencial das organizações, especialmente das

prestadoras de serviços.

Todas as transformações por que vem passando as teorias administrativas convergiram

para uma realidade que coloca as pessoas no centro das preocupações. O cliente é foco da

ação da empresa, que valoriza cada vez mais os empregados que concretizarão suas

estratégias para satisfazer aquele cliente.

14 A sigla SWOT, vem das iniciais das palavras inglesas Strenghts (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), pois estes são justamente os pontos a serem analisados

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No turismo essa realidade se reflete na segmentação de mercado. As empresas

turísticas precisam definir um foco de atuação, com base no tipo de cliente que desejam

atender. Aumentam as chances de satisfação quando a organização conhece o seu cliente, sabe

o que o satisfaz e possui as ferramentas para fazê-lo. É nesse novo ambiente que surgem as

agências de viagem especializadas no segmento corporativo.

4.2 AS AGÊNCIAS DE VIAGEM COMO MODELO DE ORGANIZAÇÃ O

A distribuição é a função de levar os produtos e/ou serviços até os consumidores.

Segundo a OMT (2001), a comercialização turística engloba tanto a distribuição quanto a

comunicação pois, por se tratar de um bem de serviço, fica difícil separar as duas fases. A

figura (Fig. 4) ilustra a distribuição no turismo.

Fig. 4 - Distribuição no turismo. (Petrocchi; Bona, 2007, p. 12)

Conforme destacou a UNAV – Unión Empresarial de Agencias de Viajes: Uma das características da comercialização do turismo é sua relativa heterogeneidade e não linearidade, pois o encaminhamento do fluxo do

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negócio não segue uma rota única e seqüencial, mas uma malha ou rede, por intermédio da qual oferta (produtos) e demanda (turistas) podem se encontrar ao longo de múltiplos caminhos (UNAV – UNIÓN EMPRESARIAL DE AGENCIAS DE VIAJES – apud PETROCCHI; BONA, 2003, p. 12)

Neste contexto, as agências de viagem são organizações turísticas que atuam na

intermediação entre turistas e os diversos fornecedores de produtos e serviços turísticos, como

hotéis, companhias aéreas, locadoras de automóveis, entre outros. Pode-se dizer que o papel

da agência de viagens é facilitar o processo: para o turista, reunindo informações e facilidades

para a aquisição dos diversos produtos e serviços necessários à sua viagem; e para os

fornecedores, à medida que constituem verdadeiros pontos de venda. Sob esse ponto de vista,

as agências de viagem, distribuídas geograficamente, representam para os fornecedores uma

rede de distribuição que eles não teriam capacidade de estruturar.

Petrocchi e Bona (2003) ressaltam que a agência de viagem “precisa ter uma gestão

estratégica, conjugando foco no cliente e monitoramento das mudanças, que podem alterar

cenários, condições de mercado, preferências e hábitos.”(PETROCCHI ; BONA 2003, p.13).

Ou seja, a organização agência de viagens precisa seguir essas tendências que direcionam as

ações de todo tipo de organização na atualidade: foco no cliente e adaptação ao ambiente em

constante mutação.

O agenciamento tem as características próprias da prestação de serviços:

- Intangibilidade – o serviço não pode ser tocado, ele é uma experiência entre o

cliente e o atendente da agência. Essa característica provoca dificuldade na

avaliação da qualidade e na determinação de preços;

- Heterogeneidade – um serviço nunca é igual ao outro, por envolver pessoas e

estar sujeito a externalidades, como o clima no caso do turismo, por exemplo;

- Simultaneidade entre produção e consumo – com a participação do próprio

cliente;

- Perecibilidade – os serviços não podem ser estocados.

O cliente da agência, por outro lado, tem características próprias. A figura (Fig. 5) a

seguir ilustra os aspectos externos e internos que influenciam a demanda do turismo:

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Fig. 5 – Influências sobre a demanda do turismo (PETROCCHI; BONA, 2003, p. 15)

Observadas essas características, desde a concepção da agência, dois fatores

orientadores devem ser conjugados: o cliente ou segmento de mercado que se deseja atingir, e

os destinos e produtos a serem oferecidos. Esse processo é, na verdade, uma avaliação de

marketing, em que se estabelecerá um foco para o negócio.

Se os destinos e produtos já estiverem definidos, a agência deve procurar focar-se em

clientes que se interessem por eles e direcionar todos os seus esforços para atraí-los e para o

atendimento das suas necessidades e expectativas. Se, caso contrário, a agência partir da

definição do segmento ou nicho de mercado que pretende atingir – ou seja, o tipo de cliente

que quer atender – deve ser montado o portfólio15 de produtos, destinos e serviços turísticos

que sejam do interesse dessa clientela.

“O negócio do agenciamento deve ser considerado, a princípio, um processo para

satisfazer o cliente, não uma simples comercialização de produtos.” (PETROCCHI ; BONA

2003, p.23). Neste sentido, a relação da agência de viagens com o consumidor é colocada por

Tomelin (2001) como uma evolução no perfil das agências, em que são fundamentais a

customização, a fidelização e a qualidade.

O termo customização vem do inglês customers (consumidores) e nada mais é do que

15 Portfólio de produtos é a carteira de produtos que a agência tem a oferecer a seus clientes, a variedade de opções colocadas a sua disposição.

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direcionar a estratégia dos negócios para a satisfação dos clientes. Um exemplo é a execução

de forfait, em que o atendimento é praticamente individualizado: é elaborado um produto

único para atender um cliente específico (uma viagem que reúne transporte, hospedagem,

entre outros). A fidelização é uma busca constante por manter um cliente leal, fazer com que

ele tenha determinada agência como referência e não outras, ou mesmo outros meios para

compra de suas viagens.

No que diz respeito à qualidade, pode-se falar em cinco dimensões necessárias à

gestão das agências de viagem, seguindo as características das demais organizações

contemporâneas (PETROCCHI;BONA, 2003):

- Qualidade intrínseca, que está relacionada diretamente às condições dos produtos e/ou

serviços comercializados;

- Custo compatível com os serviços propostos ao cliente;

- Atendimento: relacionado diretamente às habilidades e competências da equipe, das

pessoas. Cortesia e disposição para servir são fundamentais;

- A moral, que está presente no ambiente de trabalho correto e de respeito, tanto em relação

às pessoas quanto em relação à legislação vigente; e

- Segurança física, tanto dos turistas quanto da equipe da agência.

Destaca-se o importante papel do atendente, o agente de viagens, na dimensão

atendimento, cujo desempenho depende diretamente de sua preparação e perfil profissional,

cultural, técnico e psicológico. Dantas (2002), em sua obra, realça esse papel como uma

questão estratégica para as agências de viagem.

O atendente é aquele que vivencia as “horas da verdade” ou momentos de interface

com o cliente. O somatório dessas “horas da verdade” forma o ciclo de serviços, cuja análise

permite ao gestor da agência de viagens realizar seu planejamento operacional, que deve

contar com a participação dos empregados. Esse planejamento tem como objetivo buscar os

melhores procedimentos de atendimento, minimizando as falhas e atribuindo,

conseqüentemente, mais qualidade à prestação do serviço.

É importante ressaltar que em nível estratégico, assim como acontece para todo tipo de

organização, as agências de viagens devem fazer seu planejamento estratégico, que definirá o

rumo da empresa, orientando todas as suas ações.

Petrocchi e Bona (2003) consideram que, simultaneamente à conquista da qualidade,

conquista-se a produtividade. Os autores propõem a análise da produtividade a partir da teoria

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de sistemas16. Sendo a produtividade uma relação entre receitas e custos, a visão sistêmica

traz uma orientação empresarial para uma busca de ampliação de receitas e de diminuição dos

custos.

Estrutura

A estrutura da agência de viagens deve contemplar tanto a especialização tecnológica

e os processos de trabalho, como os padrões de comportamento da equipe de colaboradores.

Petrocchi e Bona (2003) sugerem a estruturação funcional da agência, baseada nas funções

organizacionais essenciais, definidas por Fayol na Teoria Clássica da Administração. O

quadro a seguir (Fig. 6) representa essa estruturação.

Fig. 6 - Funções essenciais das agências de viagem e turismo (PETROCCHI;BONA, 2003, p.30) .

16 A Teoria de Sistemas foi abordada com mais detalhes no capítulo 4.1

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Pode-se estabelecer dois tipos de órgãos nas agências de viagem: o front office e o

back office. Os órgãos de front office são os que estão diretamente ligados ao atendimento ao

cliente, já os de back office são os órgãos de apoio, sem contato direto com o cliente.

Para Petrocchi e Bona (2003) “A quantificação de recursos e a divisão do trabalho vão

depender da dimensão e das características de cada agência. Todas as funções precisam ser

contempladas. Entretanto, a forma de agrupá-las deve observar cada caso.”

(PETROCCHI;BONA, 2003, p.29). Essa observação é especialmente importante se levado

em conta o fato de que a maioria das agências de viagens brasileiras são pequenos negócios

em que há, portanto, o acúmulo de funções. Por outro lado, nas empresas maiores, uma

mesma função pode ser desempenhada por vários colaboradores. A terceirização de alguns

serviços é um recurso bastante utilizado, principalmente para as funções de back office, como

a contabilidade, por exemplo.

Petrocchi e Bona (2003) utilizaram o Diagrama de Ishikawa, fornecendo uma

interessante visualização gráfica da estrutura de uma agência de viagens, conforme

demonstrado na figura a seguir (Fig. 7).

Fig. 7 – Diagrama de Ishikawa (Petrocchi;Bona, 2003, p.32)

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Tipologia Diversos autores estabeleceram diferentes tipologias de agências de viagem. Para este

trabalho será adotada a classificação mercadológica de Tomelin (2001), resumida por Dantas

na figura (Fig. 8) a seguir:

Fig. 8 - Tipos de Agências de viagens (DANTAS, 2002, p.33)

Mercado: realidade e tendências

As agências de viagem estão envolvidas em um meio ambiente altamente mutável.

Alguns fenômenos são apontados por Tomelin (2001) como causadores de uma verdadeira

revolução no mercado de agências de viagem, dentre eles, as mudanças na forma de

remuneração e as novas tecnologias.

Pelo serviço de intermediação na venda de produtos e serviços turísticos, as agências

de viagem tradicionalmente eram remuneradas por comissionamento. Ou seja, recebendo um

percentual, em torno de 10%, do valor pago pelo serviço. O percentual variava de produto

para produto.

Atualmente o mercado de agências de viagens tem sofrido alterações relativas à

remuneração. A tendência que se observa é o fim das comissões e a sua substituição pelo

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pagamento de taxas pela prestação de serviços17. Neste contexto, as agências que desejam se

manter, precisam cada vez mais assumir o papel de consultoras, oferecendo diferenciais que

fidelizem seus clientes e que as ajudem a conquistar outros. De outra forma, corre-se o risco

de perda para as agências concorrentes ou mesmo para o prestadores de serviço que vendem

diretamente, sem necessidade de intermediação.

Neste novo cenário, conforme Tomelin (2001), o perfil do agente de viagens evolui:

“Trata-se de um novo perfil que exige um reposicionamento dos serviços de agenciamento em

meio ao conflito de desintermediação como distribuidor e reintermediação como

consultor.”(TOMELIN, 2001, p.119)

No que diz respeito às influências da tecnologia, destacam-se os GDSs e a internet

neste mercado. Os GDSs – do inglês Global Distribution System, são os sistemas globais de

distribuição, que permitem a visualização de disponibilidades, reserva e emissão de bilhetes

de serviços aéreos e outros serviços turísticos, a escala internacional, em tempo real. Essas

poderosas ferramentas tecnológicas existem há mais de 20 anos, porém são aprimoradas em

uma velocidade cada vez maior, oferecendo novas funcionalidades.

Muito se discute sobre a influência da internet no mercado turístico. Essa ferramenta

tecnológica apresenta-se à sociedade atual, transformando diversas relações, tornando

acessíveis informações e serviços, através do comércio eletrônico. Teme-se a concorrência

representada para as agências de viagem, pela facilidade que os clientes passaram a ter no

contato direto com os fornecedores de produtos turísticos facilitado pela web. Porém, a

internet deve ser encarada como uma poderosa ferramenta nas mãos do agente de viagens, ao

facilitar o acesso à informação, barateando custos de comunicação e agilizando processos.

Segmentação de mercado: Agências corporativas

As agências corporativas situam-se no contexto da segmentação de mercado como

agências de viagens especializadas no segmento do Turismo de Negócios.

Segundo Ansarah (1999):

“Segmentar o mercado é identificar clientes com comportamentos homogêneos quanto a seus gostos e preferências. A segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos dos tipos de transportes, da composição demográfica dos turistas e da situação social e estilo de vida, entre outros elementos.” (ANSARAH, 1999. p.10)

17 No capítulo 4.4, o sistema de remuneração por taxas ou fees será abordado em profundidade.

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Assim como as demais organizações contemporâneas, as agências de viagem atuam

em um ambiente competitivo, em que o cliente passa a ser o foco das estratégias de negócio.

Neste contexto, surgem as agências de viagem especializadas. Pelizzer observa que “ Um dos

segmentos mais interessantes para as agências de turismo sempre foram as contas correntes ou

contas comerciais representadas pelos clientes pessoas jurídicas, conhecidas como contas

corporativas” (PELIZZER, 2005, p.30). A partir da definição do foco em clientes

corporativos, a agência de viagem precisa se estruturar para atender as necessidades

específicas dessa demanda.

Para organizar essas viagens de negócios com mais eficiência, as agências de viagens

precisaram se adaptar. Existem as agências de viagem altamente especializadas no

atendimento a empresas. Elas apresentam adaptações e serviços para atender a esse segmento,

com serviços que vão muito além do tradicional papel de uma agência de viagens,

funcionando como uma consultoria altamente especializada no segmento corporativo e

adaptando-se às necessidades de cada cliente-empresa específica.

4.3 DIVISÃO DE PAPÉIS NA GESTÃO DE VIAGENS CORPORATIVAS

O crescimento do Turismo de Negócios reflete-se na realidade das empresas, que

precisam se estruturar para organizar as viagens necessárias aos seus funcionários com o

menor impacto possível aos negócios da empresa. Segundo a National Business Travel

Association (NBTA), a gestão de viagens é uma função de negócios especializada que

equilibra as necessidades dos empregados e os objetivos corporativos.

As viagens de negócios no passado eram organizadas de forma não profissional.

Muitas vezes o próprio funcionário que precisava viajar contava com apoio de uma secretária

ou assistente, que precisava cuidar de todos os detalhes junto aos prestadores de serviços

turísticos ou mesmo agências de viagens, que eram escolhidas sem nenhum critério técnico, e

que, conseqüentemente, nem sempre estavam aptas a fornecer o suporte mínimo necessário.

(REVISTA VIAGEM E TURISMO, 2005)

As mudanças ocorridas, especialmente nos últimos 20 anos, provocaram a necessidade

de uma adaptação na organização das viagens de negócios. Essas mudanças estão ligadas a

aspectos relacionados às próprias viagens, em que se observa: maior quantidade de

funcionários viajando em nome de suas empresas, maior complexidade de roteiros e maior

necessidade de segurança. São reflexos da globalização, que gera conexões de nível mundial

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além do eixo Europa – Estados Unidos. Essas conexões têm inúmeras faces, dentre elas as

relações comerciais. Os novos negócios que ocorrem em todo o mundo refletem-se em

viagens mais freqüentes e mais complicadas. A globalização significa que acontecimentos em

um local do globo acarretam conseqüências em todo o mundo. O 11 de setembro de 2001,

por exemplo, transformou o conceito de segurança mundial. Fenômenos naturais como as

Tsunami na Ásia, o furacão Katrina, entre outros, causam grande preocupação por suas

conseqüências sociais e acabam por influenciar a configuração dos fluxos turísticos

internacionais.

Hoje a tecnologia facilita muitas ações nas organizações, porém as necessidades de

viagens não diminuiram, na verdade elas aumentaram. O contato direto, o olho no olho,

continua sendo fundamental. A comunicação por teleconferência, por exemplo, funciona

como um complemento e não uma ameaça ao setor de viagens, pois o lado social e informal

do encontro pessoal, não são substituíveis por um televisor.

Por parte das empresas, observa-se uma crescente pressão pelo aumento da

produtividade e pela redução de custos, devido à grande competitividade. Essa realidade

impacta diretamente nos padrões de consumo no turismo de negócios.

4.3.1 Gestão de viagens corporativas

O papel de gestão de viagens corporativas no Brasil, especialmente nas grandes

empresas, segue a tendência mundial de divisão de responsabilidades entre a própria empresa

tomadora do serviço e uma agência de viagens especializada no atendimento às chamadas

contas comerciais.

Por parte da empresa tomadora do serviço, surge a figura do Travel Manager ou

Gerente de Viagens, que deve atuar junto aos prestadores de serviços de viagens a fim de

defender os interesses da empresa em tudo o que diz respeito às viagens de seus funcionários.

Para apoiar o Travel Manager, tanto estrategicamente como em termos operacionais, a

empresa contrata uma agência de viagens com especialização no atendimento ao segmento

corporativo. Essa expertise de mercado normalmente é traduzida em uma estrutura completa:

gerencial, tecnológica e de recursos humanos, capaz de atender de forma diferenciada a essa

demanda com necessidades tão particulares.

A gestão de viagens adquire função estratégica nas empresas à medida que permite um

controle efetivo dos custos que as viagens representam, estimula e implementa normas

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internas que orientam os procedimentos de viagens, além de proporcionar maior segurança e

eficiência a essas viagens.

Controles financeiros

A gestão de viagens desempenha um importante papel financeiro nas empresas.

Segundo a NBTA, os custos de viagem são a segunda ou terceira maior despesa controlável

das empresas, e por isso “ter profissionais gestores de viagens experientes administrando e

negociando serviços relacionados a viagens permite benefícios financeiros mensuráveis à

corporação” 18(NBTA, 2007). Além disso, o monitoramento e a análise dos gastos de viagens

permitem a detecção de oportunidades de cortes de custos.

Uma pesquisa do ano de 2002, realizada com aproximadamente 250 profissionais de

gestão de viagens nos Estados Unidos, apontou que 33% dos pesquisados se reportavam ao

Departamento Financeiro de suas empresas, mais do que a qualquer outro departamento. Essa

pesquisa revela o quanto a gestão de viagens é estrategicamente importante para a estratégia

financeira completa de uma empresa. (NBTA, 2007)

O controle de custos de viagens das empresas baseia-se basicamente em planejamento

e negociações com fornecedores. Inicialmente é necessária a elaboração de um planejamento

dos custos. Geralmente, é papel do Travel Manager detectar junto a cada departamento da

empresa quais as suas necessidades de viagens. A partir dessa informação é desenvolvido um

orçamento de viagens, baseado nos gastos atuais e no desenvolvimento planejado para o

departamento e para a empresa como um todo.

Com base nas necessidades detectadas para as viagens da empresa, é possível negociar

descontos e tarifas preferenciais com os fornecedores de viagens. E baseadas em volume e

preço, as empresas podem maximizar o valor de seus gastos com viagens, satisfazendo suas

necessidades de viagens por meio desses fornecedores preferenciais e de acordos negociados.

É cada vez mais comum o desenvolvimento de relacionamentos preferenciais entre empresas

e fornecedores de viagens. Segundo a pesquisa da NBTA, em 2002, mais de 90% de seus

membros negociaram acordos com uma ou mais companhias aéreas e mais de 87% buscaram

negociar com a maioria das linhas aéreas como uma forma de lidar com as tarifas aéreas

crescentes. Para a NBTA (2007), os relacionamentos com fornecedores são a chave para uma

gestão de viagens bem-sucedida.

18 “having experienced travel management professionals manage and negotiate travel-related services provides measurable financial benefits to the corporation.” (NBTA,2007)

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Adesão a Normas de Viagens

O desenvolvimento de normas para a realização de viagens é considerado essencial

para a otimização do orçamento previsto e dos descontos negociados com os fornecedores de

viagens. É necessário que as normas estabelecidas sejam cumpridas por todos os funcionários

da empresa durante o planejamento, organização e realização de suas viagens, bem como na

prestação de contas.

É comum a utilização do termo “Política de Viagens” para denominar o conjunto

dessas normas. Para que a Política de Viagens esteja alinhada à estratégia da empresa e à

cultura organizacional, recomenda-se a participação do departamento de Recursos Humanos

da empresa na elaboração da mesma.

De acordo com Silva (2003), “No Brasil, cerca de 37% das pequenas empresas, 53%

das médias e 67% das grandes empresas já possuem uma política formal de viagens”.

Para elaboração da Política de Viagens, alguns aspectos devem ser levados em

consideração. A distribuição de custos por serviços (passagens aéreas, hospedagem, aluguel

de carros, entre outros) deve ser contemplada, assim como as categorias de serviços

permitidas, critérios aplicados e parâmetros adotados. Devem ser estabelecidos os

procedimentos adotados pela empresa, incluindo aqueles para solicitação de serviços,

formulários e aprovações necessárias. O sistema de pagamentos deve ser especificado,

estabelecendo formas, prazos e condições de pagamento, utilização ou não de cartão de

crédito empresarial, critérios para reembolso, adiantamento de viagens e documentos

comprobatórios necessários. Finalmente, os relatórios gerenciais devem refletir a Política de

Viagens aplicada à realidade diária da empresa. (SILVA, 2003)

A adoção de normas e procedimentos permite uma otimização e controle das despesas

com viagens, além de adequar a qualidade dessas viagens aos padrões almejados pela

empresa. Muitas vezes a colaboração da agência de viagens especializada no segmento

corporativo, com grande experiência no ramo, é de fundamental importância para adequar

política de viagens às especificidades de cada empresa.

Segurança e eficiência Cabe ressaltar a importância dos benefícios estratégicos, porém não-monetários, e

portanto menos visíveis, proporcionados por uma gestão de viagens eficiente.

O serviço dos profissionais de viagens corporativas envolve assegurar que a viagem do

funcionário seja tanto segura quanto produtiva. Os viajantes precisam de um processo de

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viagem tranquilo e eficiente a fim de atingir objetivos de negócios da empresa.

A NBTA (2007) destaca que em tempos de crises nacionais (e internacionais),

corporativas e pessoais, a gestão de viagens é crucial para reduzir o risco para a companhia e

para seus viajantes, através de rastreamento do viajante e de assistência de emergência.

As novas preocupações de segurança e as constantes mudanças na indústria de viagens

expandiram o papel do departamento de viagens corporativas como um provedor de

informações críticas.

A NBTA (2007) afirma, ainda, que “Uma gestão de viagens bem-sucedida tem um

efeito positivo substancial sobre a satisfação dos empregados e o aumento da produtividade.”

4.3.2 O papel do Gerente de Viagens ou Travel Manager

Davidson (2000) destaca a importância do papel de um gerente de viagens como

centralizador das compras de viagens da empresa, o que permite o controle mais efetivo de

seus custos de viagens. Ele afirma:

A lógica é que uma pessoa centralizando as compras de viagens para uma companhia tem maior poder de barganha para negociar melhores preços com hotéis e operadores de transporte do que os executivos da companhia – ou suas secretárias – teriam se cada um organizasse suas viagens individualmente.19 (Davidson, 2000, p. 180)

Além da vantagem adquirida com a compra em volume, a existência de um gerente de

viagens permite a implantação de procedimentos administrativos alinhados, os quais poupam

tempo e melhoram a eficiência. Neste sentido, pode-se afirmar que quanto maior a quantidade

de empregados que viajam a negócios, maior a necessidade que a empresa tem de contratar

um Travel Manager.

Davidson (2000) afirma que, para garantir eficiência e economia, é necessário que o

gerente de viagens tenha não somente boas habilidades de negociação e gerenciamento, mas

um profundo conhecimento dos processos de compra e funcionamento do mercado de

viagens, ou seja, companhias aéreas e outras transportadoras, hospedagem, aluguel de carros,

entre outros.

19 “The logic is that one person who centrally purchases travel for a company has more buying muscle to negotiate better prices with hotels and transport operators than all the company`s executive – or their secretaries – would have if they each organized their own travel arrangements individually.”

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4.3.3 O papel da Agência de Viagens Corporativas

O Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais – FAVECC

– afirma que as viagens representam hoje o terceiro maior gasto de uma empresa, depois das

despesas de pessoal e de informática. E é o reconhecimento da importância e do crescimento

deste segmento que transformou o mercado de gestão de viagens em um serviço conduzido

por agências de viagens especializadas no atendimento ao cliente corporativo. (FAVECC,

2007)

O termo Travel Management Company - TMC ou Empresa Gestora de Viagens indica

uma categoria de agências de viagens especializadas, concentradas no segmento corporativo.

Segundo a Associação das Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do Brasil –

TMC Brasil: “Muito mais do que o serviço de emissão de passagens e reservas, as TMCs

oferecem uma solução que atende todas as necessidades de viagens de seus clientes,

gerenciando seu budget20 , e liberando-os para se dedicarem ao seu core business21 ”, (TMC

Brasil, 2007)

A necessidade de controles específicos e a falta de relacionamento com fornecedores

na área de viagens são razões que fazem as empresas optarem pela terceirização de gestão dos

itens que compõem as viagens empresariais, contratando para tanto uma agência de viagens

especializada no setor.

Davidson (2000) ressalta alguns aspectos vantajosos para as empresas que contratam

agências de viagem especializadas para organizar suas viagens de negócios. A expertise do

mercado corporativo proporciona a essas agências habilidade para implementar uma política

de viagens para toda a empresa, a qual a agência deve seguir. A empresa se beneficia de

tarifas corporativas negociadas pela agência, que compara e seleciona as melhores opções de

fornecedores de viagens em termos de custo X benefício. Isso acontece pois essas agências

especialistas compram em grande volume, o que lhes garante acesso a melhores descontos e

ofertas.

Além disso, os relatórios regulares de informações gerenciais elaborados pela agência

de viagem especializada no mercado corporativo demonstram padrões para as viagens de

negócios e despesas relacionadas às viagens dos empregados. Esses relatórios devem ser

utilizados como base para análises periódicas, que permitem um constante aperfeiçoamento

20 Budget – do inglês orçamento 21 Core business - termo em inglês, utilizado para definir o negócio principal, mais central dos negócios de uma empresa. É o cerne das atividades do negócio.

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da gestão de viagens da empresa-cliente.

Relacionamento comercial

“A agência de turismo precisa conhecer seu cliente da melhor forma possível, pois só

assim poderá atendê-lo de maneira satisfatória e garantir sua sobrevivência como negócio”

(PETROCCHI; BONA, 2003, p. 15)

O relacionamento comercial entre a agência de turismo e seu cliente pessoa jurídica

pode ser otimizado através de estratégias que visem um constante aprimoramento da

qualidade do atendimento. Basicamente, isso pode acontecer pelo aumento do conhecimento

das partes sobre as funções, as facilidades, os benefícios e o papel de cada um. (PELIZZER,

2005)

Nesse contexto, Pellizzer (2005), estabeleceu algumas recomendações para as agências

de viagens que desejam manter os atuais e conquistar novos clientes corporativos. Uma das

primeiras ações a se executar para o início do atendimento a uma nova conta corporativa é a

elaboração de um prognóstico:

O prognóstico consiste na análise da situação das agências de turismo anteriores, para identificar erros e deficiências e avaliar acertos, a fim de que os pontos negativos possam ser superados, e os positivos, adotados. O resultado dessa análise criteriosa pode proporcionar à agência de turismo, titular da nova conta corporativa, uma excelente oportunidade para estabelecer uma nova política de viagens, com o decorrente planejamento de gastos e a adoção de estratégias de controle geral de despesas e redução de custos. (PELIZZER, 2005, p. 32)

As expectativas do cliente, quanto às peculiaridades do serviço envolvido, no que

tange à qualidade, rapidez, cobertura pelo seguro, eficácia, dentre outros aspectos, devem ser

detectadas. É importante, especialmente no início do relacionamento, que um representante da

agência de turismo dedique tempo ao cliente. Este tempo deve ser suficiente para identificar

“características especiais, necessidades específicas, serviços mais frequentemente utilizados,

preferências pessoais de diretores e outras informações que garantam a qualidade do serviço e

um atendimento próximo do individualizado”. (PELIZZER, 2005, p. 32)

Percebe-se, portanto, a importância da dedicação de tempo para que as duas partes se

conheçam bem, como condição prévia para a prestação de um serviço de qualidade.

Para a operação do atendimento diário, Pelizzer (2005) defende a instalação de um

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posto avançado de serviços nas dependências do próprio cliente. O posto favorece a

centralização e o controle, além de possibilitar o atendimento mais rápido, mais seguro e mais

específico, considerando as características da empresa correntista e seus solicitantes.

Além disso, a agência de viagens corporativas deve preocupar-se com as viagens mais

frequentes, sobretudo aquelas em direção ao mesmo destino. O domínio dessas informações é

um dado fundamental, permitindo um planejamento prévio. A agência pode, inclusive,

reservar antecipadamente os vôos e hotéis desejados, fazendo os bloqueios necessários.

Pelizzer (2005) destaca ainda o papel da agência de viagens em estimular o cliente a

conhecer cada vez mais os serviços prestados, pois assim aumenta suas possibilidades de

exigir um melhor atendimento. Neste sentido, o autor recomenda a realização de seminários

ou encontros técnicos entre os envolvidos no setor de viagens das empresas correntistas.

Outra recomendação de Pellizer é que a “a agência não se limite à discussão sobre a

oferta de descontos e tampouco àquela sobre prazo de pagamento da fatura” (Pellizer,2005, p.

33). Para tanto, precisam ser criadas as condições e oportunidades para que o cliente possa

discutir a qualidade do serviço prestado, momento em que a agência deverá demonstrar como

pode participar das ações de gerenciamento.

Diante das recomendações do autor supracitado, comprova-se mais uma vez a

importância de um Travel Manager, profissional com o perfil adequado a representar uma

empresa na relação comercial junto aos prestadores de serviços turísticos, inclusive a agência

de viagens.

Proposta de prestação de serviços

Pelizzer (2005), apresenta um roteiro básico para elaboração de um documento

chamado “Proposta de prestação de serviços de viagens e turismo” para o cliente corporativo.

Segundo o autor, a proposta deve descrever os seguintes itens:

• Apresentação • Quem somos • Divisões/setores – Empresarial – de Incentivos/Eventos – Turismo, etc • Nossos serviços: (...) • Benefícios especiais: relatórios mensais, suporte ao clientes, postos de

atendimento, controladoria de custos, serviços de câmbio, delivery, terminal de reservas na empresa;

• Estrutura de apoio 24 horas • Condições comerciais para cada tipo de serviço a ser prestado • Serviço de assistência no embarque e desembarque

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• Reembolso, cancelamento e alterações • No-show e overbooking • Seminário e apoio logístico ao setor de viagens • Compromisso com o lazer • Acordos bilaterais com fornecedores • Faturas • Outros detalhes de interesse da agência e do próprio cliente. (PELIZZER, 2005, p. 36)

Procedimentos de abertura e operação de Conta Corrente

A relação comercial entre empresa contratante e agência de viagens corporativas tem

nuances estratégicas, especialmente em termos de negociação e gerenciamento. De qualquer

forma, há um processo operacional que deve ser realizado. Pelizzer (2005) divide o processo

de abertura e operação de uma conta corporativa em fases, conforme reproduzido a seguir:

Fase 1 – proposta de conta corrente: agência de turismo apresenta proposta de serviços turísticos à empresa solicitante; Fase 2 – avaliação e aprovação da conta corrente: empresa solicitante fornece cadastro à agência de turismo. A agência de turismo aprova o cadastro da empresa; Fase 3 – operacionalização da conta corrente: a empresa solicita serviços turísticos à agência de turismo; a agência de turismo reserva serviços solicitados com os fornecedores, emite documentos/comprovantes de viagem e entrega os documentos de viagem à empresa correntista. A empresa correntista entrega o comprovante de recebimento dos documentos, a Nota de Débito (ND); Fase 4 – cobrança da conta corrente: a agência de turismo envia fatura de serviços à empresa correntista e esta efetua o pagamento na data combinada. (PELIZZER, 2005, p. 37)

Como é possível observar, esses procedimentos operacionais são muito importantes.

Após a aceitação da proposta de serviços, a checagem do cadastro da empresa permite avaliar

sua credibilidade no mercado e, portanto, se a empresa é um bom cliente. Isso é determinante

nas fases seguintes, quando ocorre efetivamente a operacionalização da conta e posterior

cobrança e pagamento dos serviços prestados.

Serviços oferecidos por agências de viagens corporativas

O FAVECC (2007) listou os principais serviços que as agências de viagem

especializadas no segmento corporativo podem oferecer a seus clientes. Esses serviços estão

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divididos em quatro categorias: Comercial, Operacional, Tecnologia e Adminitrativo e

Financeiro.

No que diz repeito à questão comercial, as agências corporativas diferenciam-se

especialmente pelos serviços de:

1 Precificação: Fluência nas modalidades de precificação, incluindo descontos e

fees;

2 Gestão de contas: Interlocução comercial e operacional especializada em clientes

corporativos;

3 Seminários instrutivos: Realização de apresentações instrutivas sobre o serviço de

turismo corporativo para os usuários diretos dos seus serviços (solicitantes);

4 Apoio e orientação para elaboração da política de viagens e

5 Acordos com fornecedores.

Na categoria de serviços operacionais, os principais são:

6 Reserva e emissão de passagens aéreas;

7 Reservas e emissão de vouchers de hotéis e locadoras de veículos;

8 Atendimento em aeroporto: Assistência e acompanhamento de executivo;

9 Instalação e operação de posto de serviços nas facilidades do cliente;

10 Operação de uma central de atendimento;

11 Disponibilidade de alocação de agentes de viagens bilíngües;

12 Treinamento e reciclagem mínimos por agente de viagens, incluindo treinamento

em GDS e

13 Atendimento e operação especializados para grupos.

O uso da tecnologia da informação é de fundamental importância nesse mercado.

Destacam-se dentre os serviços tecnológicos:

14 Relatórios gerenciais, que demonstrem por exemplo:

Volume doméstico/internacional por fornecedor por tipo de serviço;

Volume consolidado (aéreo, hotelaria, locação de veículos e outros);

15 Reservas online, com confirmação dos fornecedores em tempo real;

16 Criação e manutenção de perfis de passageiros nos GDSs e

17 Itinerário online, com leitura pela internet em tempo real.

Até mesmo os serviços administrativos e financeiros oferecidos a um cliente

corporativo guardam características bastante próprias, principalmente:

18 Faturamento centralizado, através da consolidação das diversas faturas do cliente;

19 Faturamento por área do cliente;

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20 Faturamento Decendial e

21 Utilização de cartões de crédito virtuais22.

Constata-se, portanto, que o oferecimento de todos esses serviços atribuem um

diferencial competitivo fundamental às agências de viagens que pretendem atuar com sucesso

junto ao mercado corporativo.

Forma de remuneração das agências de viagens corporativas

Atualmente o mercado de viagens corporativas no Brasil, seguindo uma tendência

global do mercado de agenciamento, passa por um período de mudanças em relação à

precificação dos serviços prestados pelas agências de viagem.

O FAVECC (2007) apresentou detalhes sobre o novo modelo emergente de

relacionamento financeiro entre agências de viagem e seus clientes corporativos. A

precificação Fee está no centro dessas mudanças, ao substituir o tradicional modelo de

comissionamento. Isso causa um impacto crucial sobre a maneira pela qual as agências de

viagem elaboram seus preços.

Fee é um sistema de remuneração baseado em prestação de serviços, cujos valores

variam de acordo com o volume e a complexidade do atendimento, que devem ser

criteriosamente analisados. Na prática, as agências de viagens especializadas em contas

comerciais são remuneradas pelos clientes com base nos custos diretos e indiretos e em

despesas operacionais.

Os custos diretos compreendem os custos referentes ao atendimento dedicado a cada

corporação, tais como: salários, benefícios, encargos, tributos, além dos custos inerentes à

implantação dos processos relativos aos serviços contratados. Já os custos indiretos

compreendem custos relacionados à infra-estrutura técnica (equipamentos), contábil e

administrativa.

As despesas operacionais compreendem despesas bancárias; material de escritório;

contratação de serviços gráficos (para a edição de relatórios, por exemplo); telecomunicação;

manutenção de hardware e de softwares instalados, com o suporte técnico essencial para a boa

22 A utilização de cartões de crédito virtuais é uma tendência no mercado de viagens corporativas. As empresas de cartão de crédito já oferecem atualmente produtos específicos para atender a essa necessidade, fornecendo relatórios detalhados sobre as despesas de viagem realizadas. Uma grande vantagem para a empresa-cliente é o prazo de pagamento do cartão de crédito, que é muito superior ao faturamento tradicional das agências de viagens.

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60

prestação dos serviços.

O FAVECC destaca, ainda, que havendo receitas diretas geradas pelos fornecedores

(companhias aéreas, hotéis e locadoras de automóveis) contratados, estas são revertidas para a

corporação-cliente da agência de viagens especializada.

Existem várias modalidades de cobrança de fees, através das quais cada cliente

corporativo compartilha, em detalhes, informações sobre os custos da agência de viagens

especializada. Cada uma das diversas variações do Fee visa garantir o melhor relacionamento

entre a agência de viagens especializada e cada um de seus clientes corporativos. A seguir,

são apresentadas as modalidades de precificação Fee definidas pelo FAVECC:

1 Transaction Fee (Taxa por transação): o cliente remunera a agência de viagem

com base em uma taxa cobrada por transação, que já prevê e inclui todos os custos

envolvidos, inclusive os gerenciais.

2 Management Fee (Taxa de administração): a agência de viagens recebe do

cliente o reembolso integral de todos os seus custos diretos e indiretos, mais um

percentual sobre o volume de compras.

3 Flat Fee (Taxa fixa): a agência de viagens é remunerada com base em valores

fixos, que são previamente estabelecidos de acordo com o volume de compras de cada

empresa-cliente.

4 Success Fee: a agência de viagem é remunerada com base no atingimento de

metas, estabelecidas a partir da prévia definição de um plano contínuo de economia, que

visa reduzir as despesas de viagens para a corporação-cliente.

O FAVECC utiliza, ainda, a expressão Taylor Made para as modalidades de

precificação Fee não previstas, mas que podem ser combinadas entre a agência de viagem e

cada um de seus clientes corporativos. A precificação é customizada para atender, sob

medida, às necessidades e expectativas de acordo com o perfil de cada corporação-cliente.

Petrocchi e Bona (2003) defendem a utilização dos fees como forma de remuneração

no setor, pois consideram que “Essas formas de gerenciamento são vantajosas para criar

relações sólidas entre agentes de conta corrente e empresas contratantes, propiciando

transparência de despesas e receitas na relação comercial.” (PETROCCHI; BONA, 2003,

p.153)

Pelizzer, por outro lado, faz uma ressalva, pois acredita que “Essa nova prática de

cobrar por serviços prestados pela agência de turismo será efetivada no momento em que a

empresa aérea eliminar por completo o comissionamento às agências de turismo” (Pelizzer,

2005, p. 37)

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61

Neste contexto, fica explícita a tendência no mercado corporativo, em que o agente de

viagens passa a desempenhar cada vez mais o papel de consultor de viagens.

4.4 ENTIDADES REPRESENTATIVAS DO SETOR DE VIAGENS CORPORATIVAS

O setor de viagens corporativas no Brasil encontra-se organizado em associações,

assim como acontece no resto do mundo. Essas associações geralmente têm objetivos

semelhantes, tais como:

• Fortalecimento do setor, através da busca por uma imagem positiva junto a

clientes e fornecedores, atuais e potenciais;

• Estímulo à capacitação e constante aprimoramento profissional através, por

exemplo, da realização de treinamentos, eventos e debates;

• Networking;

• Desenvolvimento e divulgação de pesquisas para o setor;

• Desenvolvimento tecnológico aplicado ao setor;

• Implantação de padrões de qualidade.

Algumas das entidades mais importantes do setor serão apresentadas a seguir:

4.4.1 Entidades Nacionais:

FAVECC - Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais

O Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais - FAVECC

– é uma entidade de âmbito nacional, sem fins lucrativos, criada em 1994, que congrega

agências de viagens brasileiras especializadas no atendimento a empresas nacionais e

multinacionais. De acordo com números de 2006, o FAVECC congrega 26 das maiores

agências de viagem do setor corporativo no Brasil. Segundo o FAVECC, seus membros

respondem por mais de um terço do volume aéreo emitido no País, tendo registrado em 2005

um total de mais de 3,5 milhões de bilhetes (nacionais e internacionais), e por mais de 67% do

mercado nacional de viagens de negócios. (FAVECC, 2007)

O FAVECC tem como objetivo principal “tornar-se uma referência para o setor de

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62

turismo de negócios” (FAVECC,2007) e busca alcançá-lo através da difusão dos vários

serviços de gerenciamento que uma agência especializada proporciona aos clientes. O Fórum

promove o aprimoramento das empresas associadas, por meio de debates em torno de

pesquisas, desenvolvimento de tecnologia específica para o setor, bem como programas de

aperfeiçoamento profissional.

O FAVECC busca um estreito relacionamento com outros segmentos do turismo,

principalmente, companhias aéreas, redes hoteleiras, locadoras de veículos, cartões de crédito,

entre outros. Um exemplo disso é o Troféu Partnership, premiação anual promovida pelo

Fórum, que visa reconhecer a qualidade dos melhores prestadores de serviços do segmento de

viagens corporativas.

O funcionamento do Fórum é regido por um estatuto (ANEXO A), normas

regimentais dele derivadas e demais disposições legais aplicáveis

TMC Brasil - Associação das Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do

Brasil

A Associação das Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do Brasil (TMC

Brasil) foi fundada em janeiro de 2005 e congrega algumas das principais agências de viagens

do setor corporativo no Brasil. Atualmente a entidade é formada por sete agências associadas.

TMC é a abreviação do termo em inglês Travel Management Company (Companhia

Administradora de Viagens).

Os principais objetivos da associação são: a formalização de conceitos, a criação de

padrões para uma melhor comunicação no setor e o desenvolvimento de novas tecnologias,

gerando uma maior transparência nos processos e nas relações com fornecedores,

colaboradores, parceiros e clientes.

A TMC Brasil visa criar um fórum sistemático e constante para a troca de

conhecimentos entre seus membros, além da utilização de informações internas para divulgar

estatísticas do mercado e tendências que possam balizar as decisões dos gestores de viagens.

Segundo divulgado pela própria entidade, a TMC Brasil foi criada dentro do que existe

de mais moderno em seu segmento de atuação no mundo, como uma marca que fortalece suas

associadas e lhes dá um instrumento poderoso para o aprimoramento de seu negócio e para o

aumento da satisfação de seus clientes. (TMC Brasil, 2007)

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63

ABGEV - Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas

A Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV) é a

associação que representa os Travel Managers ou gestores de viagem no Brasil. Fundada em

2003, é a única associação de gestores de viagens corporativas na América Latina. (ABGEV,

2007)

A associação é formada por profissionais responsáveis pela administração de viagens e

eventos de grandes empresas, além de fornecedores de produtos e serviços para o segmento

do Turismo de Negócios, totalizando aproximadamente 200 associados atualmente.

A ABGEV tem como objetivo fortalecer e desenvolver o setor de viagens corporativas

em conjunto com o mercado. Neste sentido, a associação realiza congressos, fóruns, debates,

cursos, palestras e reuniões, além de produzir publicações periódicas e índices

mercadológicos, entre outras ações, consolidando seus diversos setores e absorvendo novas

tendências através desse constante intercâmbio. Desta forma a associação busca promover o

crescimento do setor.

Atualmente, a ABGEV possui seis comitês de trabalho, através dos quais possibilita-se

a troca de experiência nos diferentes ramos de atividade do Travel Manager. O objetivo é

buscar alternativas e respostas para algumas necessidades comuns entre esses profissionais.

Os comitês são: Comitê de Aviação, Comitê de Cartões de Crédito, Comitê de Eventos,

Comitê de Executivos, Comitê de Logística para Eventos e Comitê de Tecnologia.

Os trabalhos dos comitês baseiam-se em técnicas de benchmarking, buscando as

melhores práticas administrativas, no sentido de atender às necessidades e expectativas do

grupo e das empresas. A ABGEV considera que os comitês vêm obtendo resultados

significativos e influenciando positivamente nas mudanças ocorridas neste mercado.

Com o objetivo de promover a qualificação e constante atualização profissional, foi

criada a Academia de Viagens Corporativas, que oferece cursos voltados para o setor.

4.4.2 Entidades Internacionais:

Existem diversas entidades em todo o mundo dedicadas ao setor de Business Travel.

Para ilustrar, serão apresentadas a seguir (Fig. 9) as associações que integram o Paragon

Partnership, que é uma aliança global entre associações de turismo de negócios de várias

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partes do mundo. Juntas, estas associações gerenciam um orçamento aproximado de US$ 200

bilhões e possuem mais de 6 mil compradores e fornecedores de viagens corporativas.

(PARAGON PARTNERSHIP, 2007)

Sigla Nome PaísABGEV Associação Brasileira dos Gestores de Viagens Corporativas BrasilABTA - Áustria Austrian Business Travel Association ÁustriaAFCV Association Française des Chargés de Voyages FrançaDBTA Danish Business Travel Association DinamarcaFBTA Finnish Business Travel Association FinlândiaIBTA Iberian Business Travel Association EspanhaITM The Institute of Travel Management Reino Unido e IrlandaNATM Netherlands Association of Travel Management HolandaNBTA National Business Travel Association Estados UnidosNBTA Asia Pacific NBTA Asia Pacific Austália e outrosNBTA Canada NBTA Canada CanadáSBTA Swedish Business Travel Association SuéciaVDR Verband Deutsches Reisenmanagement e.V. Alemanha

Membros do Paragon Partnership

Fig. 9 - Quadro – Membros do Paragon Partnership. Adaptada de Paragon Partnership, 2007

Em 2002, as entidades que iniciaram a aliança assinaram um documento (o chamado

Paragon Agreement) estabelecendo um relacionamento formal de apoio ao um esforço

internacional de colaboração para beneficiar a profissão de gestão de viagens e a indústria de

viagens de negócios, o que deve ocorrer através de: disseminação de recursos de informação e

educação para os membros das associações participantes; aumento do networking global na

comunidade de Business Travel; facilitação da participação em atividades conjuntas e

aprimoramento da exposição em nível global dos profissionais de gestão de viagens; e busca

por uma melhor compreensão da profissão de gestão de viagens corporativas diante dos

governos.

Dentre essas importantes entidades que compõem o Paragon Partnership, destaca-se a

NBTA – National Business Travel Association. A associação norte-americana de gestores de

viagens congrega profissionais de todo o mundo, além de provedores de serviços de viagens.

Fundada em 1968, a entidade é umas das mais antigas do mundo e é referência no mercado

internacional de viagens de negócios, sendo a precursora de entidades correlatas existentes em

várias partes do mundo. Atualmente a NBTA é composta por 2.700 membros, dos quais 1.650

compradores e de cerca de 1.050 fornecedores de viagens de negócios, que gerenciam um

orçamento aproximado de US$170 bilhões, o que representa mais de 70% dos gastos norte-

americanos da indústria de viagens. (PARAGON PARTNERSHIP, 2007)

Segundo o Paragon Partnership (2007), a NBTA é a principal fonte de informações

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críticas e “frescas” do setor de Business Travel. A NBTA preocupa-se com o

desenvolvimento profissional de seus membros,oferecendo oportunidades de educação e

treinamento, o que se dá através da A NBTA Foundation (Fundação NBTA) que é a unidade

responsável por levantar fundos para o desenvolvimento de pesquisas da entidade. A

associação também provê o setor de turismo de negócios com uma representação vital junto à

mídia e ao governo.

A entidade promove anualmente o NBTA International Convention & Exposition, que

é considerado um dos maiores eventos e a maior exposição do mundo no setor. Em julho de

2006 ocorreu em Chicago/Estados Unidos a 28ª edição do evento, que reuniu cerca de cinco

mil delegados da associação, e 450 empresas expositoras divididas em 32 categorias. (Revista

Business Travel, edição 54)

4.5 OS RESULTADOS DO TURISMO DE NEGÓCIOS NO BRASIL

Os números do FAVECC e TMC Brasil serão apresentados a seguir, a fim de ilustrar a

representatividade do setor de viagens corporativas para a economia do turismo no Brasil.

As estatísticas referem-se aos dados das agências de viagens corporativas que

compõem cada uma das entidades. Serão apresentados os dados mais recentes disponíveis e

quando possível, será feita uma análise da evolução histórica.

Números do FAVECC

Anualmente, o Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais

– FAVECC publica os dados referentes às agências de viagens integrantes da entidade no

documento “Movimento Total da Agências FAVECC”. São consolidados nesse documento os

movimentos de todas as agências, dividos por tipos de serviços: aéreo, hospedagem, locação

de automóveis e outros – que incluem viagens de incentivo, eventos e convenções, pacotes e

excursões de terceiros, cruzeiros marítimos e cartões de assistência ao viajante.

De acordo com o “Movimento Total das Agências FAVECC 2006”, em 2006 o

FAVECC era composto por 26 agências de viagens, totalizando 318 postos de serviço, 95

filiais e 3.888 funcionários.

Nesse ano, as agências integrantes do FAVECC registraram um movimento total de

R$ 4,22 bilhões de reais. Somente com passagens aéreas foram R$ 3,5 bilhões, montante que

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representa 83% de todo o movimento das agências do Fórum. As reservas de hotéis

representaram 10% do movimento, com R$ 422,2 milhões. Já a locação de automóveis

representou um movimento de R$ 45,1 milhões (1,1%). Os outros serviços movimentaram um

total de R$ 250,6 milhões ou 5,9% do movimento total.

O quadro a seguir (Fig.10) representa a consolidação dos movimentos de todos os

membros do FAVECC em 2006, assim como o percentual representado por cada um dos

serviços diante do movimento total.

Faturamento em milhões de R$

% do Faturamento

Nacional 1.911,0 45,3%Internacional 1.593,0 37,7%Total - Aéreo 3.504,0 83,0%Nacional 373,3 8,8%Internacional 48,9 1,2%Total - Hospedagem 422,2 10,0%Nacional 38,1 0,9%Internacional 7,0 0,2%Total - locação de automóveis 45,1 1,1%Nacional 202,5 4,8%

Internacional 48,2 1,1%Total - outros 250,6 5,9%

Nacional 2.524,9 59,8%

Internacional 1.697,1 40,2%4.222,0 100%

Serviços 2006 - FAVECC

T O T A L

Hospedagem

Locação de automóveis

Todos os serviços

Outros (*)

Aéreo

Fig.10 – Quadro – Consolidação do movimento das agências integrantes do FAVECC – 2006 por serviço. (Adaptado de Movimento Total das Agências FAVECC 2006 – FAVECC, 2007)

Observa-se, ainda, no quadro (Fig.10) que 59,8% do movimento foi relativo a viagens

nacionais e 40,2% a viagens internacionais. Porém a observação do quadro (Fig.11) a seguir,

que apresenta a quantidade de reservas em cada serviço, demonstra que a quantidade de

viagens nacionais foi muito superior às internacionais, porém as viagens internacionais têm

valor médio muito mais alto. Em relação ao aéreo, por exemplo, foram quase 3,8 milhões de

bilhetes nacionais contra 622 mil internacionais. Por outro lado, o valor médio do bilhete

nacional foi de 503 reais, enquanto o internacional custou aproximadamente R$ 2.600 em

média.

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67

QuantidadeMédia do Valor (R$)

QuantidadeMédia do Valor (R$)

Passagens aéreas 3.799.289 503,00 622.605 2.558,46Hotéis 2.261.760 165,04 110.937 440,46

Locação de carros 362.361 105,04 56.046 125,69

Nacional InternacionalServiço

Fig. 11 – Quadro – Quantidade de reservas e valor médio dos serviços – agências integrantes do FAVECC –

2006. (Adaptado de Movimento Total das Agências FAVECC 2006 – FAVECC, 2007)

Os gráficos a seguir, ilustram a evolução histórica do FAVECC entre os anos de 1998

e 2006. O primeiro gráfico (Fig. 12) demonstra os movimentos totais das agências no período

e geralmente observa-se um aumento significativo no movimento de um ano em relação ao

anterior. O segundo (Fig. 13) apresenta as quantidades de membros da entidade a cada ano.

Entre os anos de 2002 e 2003, porém, registrou-se uma queda de aproximadamente 1

bilhão de reais no movimento – de R$ 3,586 bilhões em 2002 e R$ 2,559 bilhões em 2003.

Este decréscimo explica-se pela saída, em 2003, de cinco agências que integravam o

FAVECC no ano anterior.

Por outro lado, entre 2003 e 2004 o número de integrantes da entidade se manteve e

mesmo assim o movimento cresceu mais de 600 mil reais no período, atingindo R$ 3,285

bilhões em 2004.

MOVIMENTO TOTAL DAS AGÊNCIAS FAVECC - EVOLUÇÃO 1998-2006

1,591,861

2,6883,081

3,586

2,559

3,285

3,742

4,222

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Val

ore

s em

bilh

õe

s d

e R

$

Fig. 12 – Gráfico - Movimento total das Agências FAVECC – Evolução 1998-2006 (Adaptado de Movimento Total das Agências FAVECC 2006 – FAVECC, 2007)

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QUANTIDADE DE AGÊNCIAS DE VIAGENS INTEGRANTES DO FAVECC - EVOLUÇÃO 1998-2006

22 22

25 2528

23 23

27 26

0

5

10

15

20

25

30

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Fig. 13 – Gráfico - Quantidade de Agências de viagens integrantes do FAVECC – Evolução 1998-2006 (Adaptado de Movimento Total das Agências FAVECC 2006 – FAVECC, 2007)

Números da TMC Brasil

A Associação das Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do Brasil –

TMC Brasil divulga os números consolidados referentes a seus integrantes. Apesar da

fundação em janeiro de 2005, a TMC Brasil divulgou o movimento que as cinco agências

fundadoras haviam registrado no ano anterior: um total de R$ 2,7 bilhões de reais em 2004.

Posteriormente mais duas agências, que já integravam o FAVECC, aderiram também à

TMC Brasil. Os números de 2005 e 2006 da TMC Brasil já representam esse novo total, de

sete agências de viagens integrantes da associação. O quadro (Fig. 14) a seguir apresenta os

principais indicadores da TMC Brasil em 2006:

F a tu ra m e n t o e m

m i lh õ e s d e R $% d o

F a tu r a m e n toN a c io na l 1 .5 3 2 ,0 4 7 ,7 %In te r na c io n a l 1 .0 1 8 ,0 3 1 ,7 %T o ta l - A é re o 2 .5 5 0 ,0 7 9 ,4 %N a c io na l 4 4 7 ,4 1 3 ,9 %In te r na c io n a l 8 5 ,6 2 ,7 %T o ta l - H o s p e d ag e m 5 3 3 ,0 1 6 ,6 %N a c io na l 4 0 ,3 1 ,3 %In te r na c io n a l 4 ,3 0 ,1 %T o ta l - lo c a çã o d e a u to m ó ve is 4 4 ,6 1 ,4 %N a c io na l 8 4 ,4 2 ,6 %

In te r na c io n a l 1 ,5 0 ,0 %T o ta l - o u t ro s 8 5 ,9 2 ,7 %

N a c io na l 2 .1 0 4 ,1 6 5 ,5 %

In te r na c io n a l 1 .1 0 9 ,4 3 4 ,5 %3 .2 1 3 ,5 1 0 0 %

* O ut r os : V i a ge n s d e In ce n ti vo , E v en t os e C on ve n çõe s; P a c o te s e E x cu r sões de T e rc e ir os ; C r uz e ir os M ar í t im o s ; e C a r t ões d e A ss i s tên c ia a o V ia j an t e

T o d o s o s se r v i ç os

T O T A L

S e rv iç o s 2 0 0 6 - T M C B ra s il

A é re o

H o s p e d ag e m

L o c a ç ão d e a u to m ó v e is

O u t r os ( * )

Fig. 14 – Consolidação do movimento das agências integrantes da TMC Brasil – 2006 por serviço.

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Como é possível observar, em 2006, as sete agências integrantes da TMC Brasil

totalizaram um movimento de 3,214 bilhões de reais. Foram R$ 2,5 bilhões com bilhetes

aéreos, ou 79,4 % de todo o movimento. Com reservas de hotéis registrou-se o movimento de

R$ 533 milhões, montante que representou 16,6% do total. A locação de automóveis

representou um movimento de R$ 44,6 milhões (1,4 %). As viagens de incentivo, eventos e

convenções, pacotes e excursões de terceiros, cruzeiros marítimos e cartões de assistência ao

viajante movimentaram um total de R$ 85,9 milhões ou 2,7 % do movimento total.

Comparativo FAVECC – TMC Brasil

Em 2004, pôde-se contabilizar um movimento total, considerando as agências de

viagens especializadas no segmento corporativo membros do FAVECC e TMC Brasil, de seis

bilhões de reais.

Nos anos seguintes, entretanto, seria errôneo somar os movimentos das duas entidades.

Isso poque, a partir de 2005, duas agências de viagens do FAVECC passaram a integrar

também a TMC Brasil, de forma que seus movimentos individuais passaram a integrar o

movimento total das duas entidades. O quadro a seguir (Fig. 15) ilustra essa situação.

Entidade/Ano 2004 2005 2006FAVECC 3,3 3,7 4,2TMC Brasil 2,7 3,3 3,2Total 6,0 ( * ) ( * )

Movimento Total (em bilhões de reais)

(*) Em 2005 e 2006, duas agências passaram a integrar as duasentidades, não sendo possível estabelecer o movimento total pelosomatório dos totais das duas entidades

Fig. 15 - Quadro - Movimento Total FAVECC e TMC Brasil

Fonte: FAVECC, 2007 e TMC Brasil, 2007.

Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas

Em fevereiro de 2007 foi divulgado o estudo IEVC - Indicadores Econômicos das

Viagens Corporativas (ANEXO B), realizado pelo Instituto de Estudos de Hospitalidade,

Lazer e Turismo, com apoio do curso de Turismo da Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo (ECA/USP), e em parceria com a ABLA (Associação Brasileira

das Locadoras de Automóveis), ABGEV, FAVECC, FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros

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do Brasil) e TMC Brasil.

Este estudo concluiu (dados de 2006) que o mercado de viagens corporativas no Brasil

movimenta anualmente R$ 33,6 bilhões. Além disso, as viagens corporativas representam

66,21% do PIB dos segmentos hoteleiro, aéreo e de locação de veículos

O mesmo estudo apontou que as empresas gastam por ano um total de R$ 15,5 bilhões

com viagens. E com relação aos postos de trabalho, o setor é reponsável, ainda, pela geração

de mais de 260 mil empregos diretos e indiretos.

4.6 O MODELO ICATU HARTFORD DE GESTÃO DE VIAGENS

Para ilustrar a gestão de viagens corporativas, será analisado o modelo adotado pela

empresa Icatu Hartford.

Icatu Hartford

A Icatu Hartford é uma empresa que atua nos ramos de Seguros de Vida, Previdência

Privada, Capitalização e Gestão de Recursos de Terceiros. Ela resultou da união do grupo

brasileiro Icatu com o grupo norte-americano The Hartford, no ano de 1996.

A matriz da empresa está localizada na cidade do Rio de Janeiro, porém a Icatu

Hartford está presente em grande parte do território nacional, através de filiais e escritórios

nas seguintes cidades: Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, São Paulo, Belo Horizonte,

Vitória, Goiânia, Brasília, Salvador, Aracaju, Recife e Fortaleza. Atualmente

aproximadamente 800 funcionários compõem o quadro da empresa.

A Gestão De Viagens da Icatu Hartford

As viagens de funcionários fazem parte da rotina diária da Icatu Harford, assim como

diversos eventos, que vão desde treinamentos até premiações e programas de incentivo. As

viagens realizadas têm, em sua maioria, a finalidade de deslocamento entre a matriz, filiais e

escritórios e a de visita a clientes.

Essa realidade gerou a necessidade da criação da Gerência de Eventos e Viagens em

2003. No mesmo ano foi contratada a agência de viagens Bbtur Viagens e Turismo – Bbtur –

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71

para atender especificamente à rotina diária de viagens dos funcionários da Icatu Hartford.

Até então, as viagens dos funcionários da empresa eram providenciadas uma a uma de forma

isolada, geralmente por telefone e através de qualquer agência de viagens.

Essa nova configuração teve como objetivo agilizar o processo de atendimento aos

funcionários que precisavam viajar e principalmente organizar as solicitações, concentrando-

as em uma área específica, o que passou a permitir um maior controle da demanda por

viagens na empresa e conseqüentemente dos custos dela advindos.

A Gerência de Eventos e Viagens, que está subordinada à Diretoria de Serviços

Corporativos, localiza-se na matriz da Icatu Hartford no Rio de Janeiro e é responsável pelas

viagens e eventos de toda a empresa, incluindo filiais e escritórios.

A Bbtur é uma agência de viagens especializada no mercado corporativo, sendo

associada à TMC Brasil. Para o atendimento à Icatu Hartford, a Bbtur disponibiliza um posto

que se localiza nas dependências da Icatu Hartford, especificamente junto à Gerência de

Eventos e Viagens, a fim de permitir um atendimento mais customizado e eficaz. Além disso,

a Bbtur indica um funcionário que não fica no posto de atendimento, mas que é o gestor da

conta, ou seja é o responsável na Bbtur pelo relacionamento com a Icatu Hartford.

O atendimento à demanda de viagens da Icatu Hartford é feito pela equipe da Gerência

de Eventos e Viagens, formada pela gerente, uma funcionária e uma estagiária, e pelo posto

Bbtur, composto por duas agentes de viagem.

A realização de viagens por funcionários da Icatu Hartford é regida por uma norma

interna da empresa, denominada “Política de Viagens” (ANEXO C), que tem por objetivo

estabelecer critérios a serem cumpridos tanto pelo viajante quanto pela Gerência de Eventos e

Viagens e pela própria Bbtur. A Política de Viagens da Icatu Hartford determina:

• Os procedimentos para solicitação de viagem;

• Regras para passagens aéreas, como: reservas, classes, companhia aérea

preferencial, cancelamentos, pagamentos, entre outros;

• Regras para hospedagem: seleção de hotéis, cancelamento e pagamento;

• Regras para locação de veículos: reservas, cancelamento e pagamento;

• Outros meios de transporte;

• Despesas pagas pela empresa durante viagens;

• Adiantamento para viagem;

• Prestação de contas;

• Responsabilidades, entre outros.

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As solicitações de viagem são feitas por email, o que facilita o atendimento tanto aos

funcionários lotados na matriz da empresa, quanto àqueles que estão em outras localidades,

filiais ou escritórios. Atualmente encontra-se em processo de implantação um sistema de

viagens, ferramenta tecnológica que visa facilitar o processo, além de permitir um controle

mais efetivo de solicitações de viagem.

O contrato entre Icatu Hartford e Bbtur permite, ainda, a utilização por parte da

presidente e diretores das chamadas Salas VIP da Bbtur, que estão instaladas nos principais

aeroportos do país.

Para o pagamento dos serviços, a Icatu Hartford utiliza cartão de crédito corporativo

para passagens aéreas e faturamento para os demais serviços. Mensalmente a Bbtur fornece

relatórios gerenciais, com a consolidação dos serviços utilizados, com informações

detalhadas. Esse é um instrumento muito importante de controle.

Com relação à remuneração, a Bbtur e a Icatu Hartford passam por um período de

mudança e negociação pois as companhias aéreas, por exemplo, estão acabando com o

comissionamento às agências de viagem. A solução que se apresenta é a remuneração por

alguma das modalidades de fee (apresentadas no capítulo 4.4 desta obra).

Além da Bbtur, a Icatu Hartford, por meio da Gerência de Eventos e Viagens, tem

acordos com alguns prestadores de serviços turísticos considerados estratégicos, com os quais

são estabelecidas negociações diretas, com a finalidade de se obter tarifas-acordo ainda mais

vantajosas para os funcionários da empresa em viagens de negócios.

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73

5 CONCLUSÃO

A busca por conhecimentos que contribuam para consolidar o conteúdo téorico ganho

durante o período de graduação, somada às oportunidades que os estágios criam ao longo

desse mesmo período, muitas vezes acabam por definir o caminho profissional a ser

percorrido, pois apresentam situações nas quais descobrimos uma aptidão especial, na qual

resolvemos investir.

A experiência de estágio profissional na Icatu Hartford sinalizou o caminho da

pesquisa aqui apresentada, tanto pelos conhecimentos adquiridos como pelas práticas

realizadas. Essa experiência funcionou como uma espécie de guia para realização desta

monografia.

A questão da mudança na forma de atuação das agências de viagens, como

consequência da segmentação de mercado, coloca o atendimento corporativo como uma

opção nessa nova realidade.

A construção formal do trabalho esbarrou na escassez bibliográfica sobre o tema. Os

títulos disponíveis não se estendem de forma abrangente sobre o segmento do Turismo de

Negócios e tampouco sobre o atendimento corporativo. Pela contribuição oferecida quanto a

informações específicas do setor de viagens corporativas, foram apresentadas as entidades

representativas das agências de viagens especializadas no segmento e também dos gestores de

viagens, bem como seus âmbitos de atuação.

A busca de dados e informações que demonstrassem os resultados econômicos do

setor no Brasil comprovou a escassez de dados numéricos relativos ao setor, limitando

amplitude da pesquisa. Os dados do FAVECC e TMC Brasil, relativos a suas agências

associadas, foram muito importantes para a produção do trabalho especialmente por

permitirem uma análise qualitativa, na qual pôde ser detectada, por exemplo, a distribuição

de custos por serviços, com o transporte aéreo respondendo pela maior parcela. Também

foram apresentados os dados gerais de um estudo bastante recente (apresentado em fevereiro

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de 2007, relativo a 2006): Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas, o IEVC,

indicando as viagens corporativas com uma representação de 66,21% do PIB dos segmentos

hoteleiro, aéreo e de locação de veículos no Brasil.

Por fim, foi apresentado o modelo de gestão de viagens da empresa Icatu Hartford,

ilustrando uma situação real de aplicação das teorias apresentadas ao longo do trabalho.

O propósito inicial deste trabalho era investigar o setor de viagens corporativas, no

âmbito do Turismo de Negócios, com ênfase na questão da gestão realizada tanto pela

empresa cujos funcionários devem viajar, quanto pelas agências de viagens que são

prestadoras de serviços a essas empresas. Considera-se que o trabalho teve êxito atingindo

esse objetivo, apesar de não ter sido possível o aprofundamento em alguns aspectos,

essencialmente pelo caráter recente de alguns fenômenos. Foram também identificados os

papéis dos atores envolvidos, conforme a proposta inicial: a agência de viagens corporativas e

o Travel Manager, como representante da empresa-cliente.

Quanto aos objetivos específicos, estes também foram atingidos. Considera-se que o

perfil do cliente corporativo para as agências de viagem, assim como especificidades das

necessidades de viagem no Turismo de Negócios foram identificados à medida em que foi

abordado o segmento em seus diversos aspectos. E foi demonstrada a gestão de viagens como

um fator estratégico para a Gestão Empresarial ao proporcionar um controle mais efetivo de

custos relacionados a viagens, implementar normas internas para orientar os procedimentos de

viagens, além de proporcionar maior segurança e eficiência às viagens realizadas pelos

funcionários em nome da empresa.

O conjunto de informações apresentadas evidencia a importância do Turismo de

Negócios como segmento na prestação de serviços na área do agenciamento, capaz de gerar

uma significativa movimentação de recursos. Os números produzidos pelo Turismo de

Negócios e apresentados neste trabalho traduzem essa realidade mas, além disso, devem ser

destacadas as mudanças que ele provoca no mercado turístico, tanto em termos estratégicos

quanto operacionais.

Cabe ressaltar que os dados apresentados aqui são de domínio público, conforme

bibliografias indicadas, geralmente disponíveis nas páginas oficiais da internet das entidades

assinaladas em cada caso. As informações que não estão facilmente disponíveis ao público e

que ofereceram relevante contribução ao trabalho constam nos anexos do mesmo, tendo

sempre indicadas suas fontes no próprio texto.

Este estudo pretendeu oferecer informações que possibilitem ao leitor conhecer o

conjunto de processos que orientam o atendimento corporativo, com a expectativa de

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produção de um conhecimento novo e de um estímulo ao necessário aprofundamento do tema.

Por se constituir em conhecimento pouco explorado no proceso de formação do

turismológo, espera-se que contribua para aproximar o conhecimento acadêmico da realidade

do mercado, oferecendo aos estudantes de turismo uma oportunidade de aliar a teoria e a

prática, permitindo uma compreensão mais global desse segmento de prestação de serviços.

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ANEXO A - Estatuto FAVECC FÓRUM DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM ESPECIALIZADAS EM CONT AS COMERCIAIS “FAVECC” Estatutos Sociais (alterado conforme AGE de 26/11/2004) DENOMINAÇÃO Artigo 1º. O FÓRUM DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM ESPECIALIZADAS EM CONTAS COMERCIAIS - FAVECC, constituído em 19 de agosto de 1994, é uma associação civil de âmbito nacional, sem fim lucrativo, regida por este Estatuto, normas regimentais dele derivadas e demais disposições legais aplicáveis. OBJETIVO Artigo 2º. O FAVECC objetiva propiciar condições para o contínuo aprimoramento da atuação de suas associadas na prestação de serviços turísticos a pessoas jurídicas, em regime de liberdade de iniciativa e lealdade de concorrência, para o que poderá, entre outras atividades: a) representá-las junto a órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou estrangeiros, inclusive judiciários; b) analisar as tendências mercadológicas, econômicas, financeiras, operacionais e tecnológicas do mercado em que atuam; c) propor medidas para aprimorar as relações entre suas associadas e os fornecedores e consumidores dos serviços que intermediam; d) definir condutas éticas e comerciais que valorizem as associadas e não sejam prejudiciais ao mercado; e) mediar e arbitrar, a pedido e observada a legislação aplicável, questões entre as associadas e seus fornecedores e consumidores; Parágrafo único. A representação judicial prevista no item “a” deste artigo é sujeita a prévia aprovação pela Assembléia Geral, que poderá estabelecer a obrigatoriedade, ou não, de seu cumprimento por todas as associadas. SEDE E FORO Artigo 3º. O FAVECC tem sede e foro em São Paulo-SP, na rua Dr. Bráulio Gomes, nº 25, 9º andar, conjunto 907, Centro, CEP 01047-020. PRAZO DE DURAÇÃO Artigo 4º. O prazo de duração do FAVECC é indeterminado. ASSOCIADOS

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Artigo 5º. Poderão ser associadas do FAVECC todas as pessoas jurídicas que atendam, cumulativamente, às seguintes condições: a) tenham, como atividades significativas, em regime de conta comercial ou de gestão e operação de viagens de negócios, a emissão de passagens aéreas, a reserva de hotéis e a de locação de veículos para pessoas jurídicas, de direito público ou privado; b) sejam registradas no Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias - SNEA e no International Air Transport Association - IATA; c) mantenham situação regular de crédito junto a fornecedores de transporte aéreo, hospedagem, locação de veículos e serviços afins. d) tenham referências positivas de, no mínimo, duas transportadoras aéreas filiadas à IATA, duas redes hoteleiras e duas redes de locadoras de veículos que atuem em todo o território nacional. Parágrafo único. O pedido de ingresso como associada do FAVECC observará o seguinte processo: I- a postulante deverá enviar manifestação escrita de interesse à Diretoria da entidade, que a submeterá à primeira reunião subseqüente de associadas, para, pela maioria de votos das presentes, recomendar, ou não, o prosseguimento do processo; II- em caso positivo, a postulante deverá informar o volume de vendas no semestre imediatamente anterior, especificando o percentual gerado por contas comerciais ou gestão e operação de viagens de negócios, e comprovar o preenchimento das condições referidas nas alíneas “b”, “c” e “d” deste artigo; III- as informações e documentos referidos no item anterior serão, analisados pelo Conselho de Normas Éticas e de Admissão de Associadas, observada norma regimental própria, a qual poderá solicitar dados adicionais para elaborar o parecer a ser submetido à deliberação da primeira Assembléia Geral subseqüente; e V- a postulante aprovada pela Assembléia Geral deverá, no prazo de cinco (5) dias úteis após sua ciência, pagar importância correspondente a vinte (20) vezes o valor da contribuição mensal então vigente. Artigo 6º Poderá ser censurada ou, conforme os fatores agravantes, desfiliada a associada que contrariar a vontade espontânea e convergente das idéias, propósitos, entendimentos e procedimentos que compõem os conceitos fundamentais da constituição e atuação do FAVECC, em especial, por: a) deixar de ser especializada em contas comerciais ou em gestão e operação de viagens de negócios; b) não pagar três (03) contribuições devidas à entidade, sucessivas ou não, periódicas ou eventuais; c) faltar a três (03) reuniões ou assembléias gerais consecutivas, ou cinco (05) intercaladas, realizadas nos últimos doze meses; d) demonstrar falta de interesse, apoio, dedicação ou colaboração às Comissões ou grupos de trabalhos, pesquisas e estudos que integre; e) infringir o Código de Ética da entidade ou demais diretrizes e normas aprovadas nas reuniões ou nas Assembléias Gerais de associadas; f) ter seu registro cancelado no SNEA ou na IATA; ou g) não manter situação regular de crédito junto a seus fornecedores de serviços de transporte, de hospedagem, de locação de veículos e afins. Artigo 7º. São direitos das associadas: a) ser convocadas, votar e ser votadas nas reuniões e nas Assembléias Gerais, ordinárias ou extraordinárias, desde que quites com suas obrigações sociais;

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b) fiscalizar as atividades e as contas do FAVECC, solicitando a seus órgãos da administração, a qualquer tempo, todas as informações pertinentes; c) utilizar todos os serviços, benefícios e vantagens colocados à disposição pelo FAVECC; d) integrar qualquer órgão administrativo ou comissão de pesquisa, estudo ou trabalho do FAVECC; e) submeter à deliberação da Assembléia Geral quaisquer irregularidades cometidas pelas demais; e f) exercer os demais direitos conferidos pelo presente Estatuto, na forma nele prevista. Artigo 8º. São deveres das associadas: a) cumprir e fazer cumprir este Estatuto Social, as normas regimentais dele decorrentes e as deliberações internas validamente adotadas; b) comparecer às reuniões e assembléias gerais de associadas, desempenhando fielmente as funções que lhes forem confiadas; c) integrar, no mínimo, uma das Comissões ou grupos de trabalho, pesquisas ou estudos existentes no FAVECC; d) pagar pontualmente as contribuições periódicas e eventuais a que estiverem sujeitos; e) observar as normas legais, contratuais e éticas aplicáveis às relações com os consumidores de seus serviços; f) não contratar quem, nos últimos doze (12) meses, tenha exercido função interna no FAVECC e, por isto, tido acesso a informações reservadas das associadas. Artigo 9º. As associadas serão representadas no FAVECC pelos respectivos sócios administradores, diretores estatutários ou outros dirigentes a quem aqueles outorguem procuração com poderes expressos para deliberar em seu nome. ORGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO Artigo 10. São órgãos da administração do FAVECC: a) Assembléia Geral, composta por todas as associadas. b) Diretoria, composta por cinco (5) integrantes; c) Conselho Fiscal, composto por três (3) integrantes; d) Conselho de Normas Éticas e de Admissão de Associadas, composto por três (3) integrantes; e) Comitês Permanentes, compostos por representantes de associadas com interesses ou características afins. ASSEMBLÉIA GERAL Artigo 11. A Assembléia Geral, órgão soberano do FAVECC, é composta pelos representantes de todas as associadas quites com suas obrigações associativas, na forma definida no artigo 9º deste Estatuto Social. Artigo 12. A Assembléia Geral é realizada, ordinariamente, até o último dia útil do mês de abril de cada ano, e a Eleitoral até o último dia útil do mês de agosto dos anos pares; ou extraordinariamente, sempre que os interesses do FAVECC o exigirem. Artigo 13. A convocação da Assembléia Geral cabe à Diretoria ou a um mínimo de um quinto (1/5) das associadas. Parágrafo 1º. O Aviso de Convocação, escrito e expedido por meio que permita comprovar seu recebimento pelas associadas, com antecedência mínima de oito (8) dias corridos especificará a data, local e hora em que será realizada, em primeira e segunda convocação, respeitado o intervalo mínimo de trinta (30) minutos, e a ordem do dia a ser deliberada. Parágrafo 2º. A abertura, instalação e direção cabem ao Presidente em exercício e não

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impedido, assessorado pelo Vice Presidente Administrativo ou substituto estatutário, em primeira convocação, com a presença de dois terços (2/3) das associadas e, em segunda, com a metade e mais uma delas. Parágrafo 3º. Caso não sejam atingidos os quoruns do parágrafo anterior, será designada nova data, com intervalo mínimo de quinze (15) dias, e expedido o respectivo Aviso de Convocação, observado o parágrafo 1º deste artigo e prevendo, em segunda convocação, a presença mínima de um terço (1/3) das associadas. Artigo 14. Compete à Assembléia Geral deliberar sobre: a) contas e demonstrações financeiras anualmente apresentadas pela Diretoria e com prévio parecer do Conselho Fiscal; b) planos anuais de trabalho propostos pela Diretoria e relatórios anuais por ela apresentados sobre sua execução; c) ratificação da criação de comissões ou grupos de trabalho, pesquisas ou estudos, e respectivos fins e prazos; d) eleição ou destituição de integrantes dos demais órgãos de administração da entidade; e) representação judicial referida no artigo 2º, letra “a” e parágrafo único, deste Estatuto; f) admissão, censura e desfiliação de associadas; g) alteração deste Estatuto Social; h) dissolução do FAVECC; i) outros assuntos de interesse da entidade submetidos à sua apreciação e não previstos neste Estatuto. Parágrafo 1º. A Assembléia Geral delibera pelo voto da maioria simples das associadas nela presentes, nas matérias referidas nas letras “a”, “b”, “c” e “i”, e pelo voto de dois terços (2/3) delas, nas matérias referidas nas letras “d” a “g”. Parágrafo 2º. A Assembléia Geral para dissolução do FAVECC deverá ser especialmente convocada para este fim e deliberará pela votação de quatro quintos (4/5) das associadas presentes. Parágrafo 3º. São Comissões Permanentes do FAVECC as de Companhias Aéreas, de Hospedagem, de Tecnologia, e de Agências Globais, que, assim como as demais que forem criadas, relatarão suas atividades a cada reunião e Assembléia Geral de associadas. DIRETORIA Artigo 15 A Diretoria do FAVECC é composta por cinco (5) integrantes e a ela compete: a) submeter à Assembléia Geral propostas de admissão, censura e desfiliação de associadas, observados os artigos 5º e 6º deste estatuto; b) criar comissões e grupos de trabalho de pesquisas ou estudos, com fins e prazo determinados; c) contratar empregados, estabelecendo os limites de sua delegação; e fornecedores de bens e serviços à entidade; d) convocar as reuniões e Assembléias Gerais de associadas, definindo sua data, horário, local e ordem do dia; e) exercer os demais atos inerentes à administração da entidade e que resolva deliberar de forma colegiada. Artigo 16. A Diretoria do FAVECC é eleita pela Assembléia Geral, dentre os representantes das associadas referidos no art. 9º, deste Estatuto, quites com suas obrigações associativas, tem mandato de dois (02) anos, não recebe qualquer remuneração da entidade e tem as seguintes composição e atribuições: a) Presidente, que convoca as reuniões da Diretoria, coordena todas as atribuições diretivas, movimenta, com o Vice Presidente Financeiro, os documentos dessa espécie, e representa o

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FAVECC perante terceiros, em Juízo ou fora dele; b) Dois (2) Vice-Presidentes, que representam o Presidente, por sua designação, ou o substituem, e os demais Vice-Presidentes, em suas ausências ou impedimentos; c) Vice-Presidente Administrativo, que assessora a convocação, realização e atas das reuniões e das Assembléias Gerais, e supervisiona as tarefas administrativas do FAVECC; d) Vice-Presidente Financeiro, que assina, com o Presidente ou, em suas ausências ou impedimentos, um dos Vice-Presidentes, os documentos de natureza financeira do FAVECC. Parágrafo 1º. Os cargos de Presidente e Vice-Presidentes são privativos dos sócios administradores ou diretores estatutários que representam as associadas no FAVECC. Parágrafo 2º. O Presidente será substituído pelo Vice-Presidente que, na ordem, represente associada com mais tempo de filiação contínua na entidade e, se igual, tenha mais idade. Parágrafo 3º. Os diretores poderão ser reeleitos uma única vez para igual ou diferente cargo na Diretoria. Parágrafo 4º. Ocorrerá imediata e automática destituição do diretor que deixar de representar associadas ou cuja empresa deixe de ser associada. Parágrafo 5º. Em caso de vacância de cargo da Diretoria, será convocada Assembléia Geral para eleger o respectivo substituto para complementar o mandato. Artigo 17 A Diretoria pode, por ato do Presidente e um dos demais integrantes, constituir procuradores com poderes e, se não judiciais, com prazos expressos no respectivo instrumento. Artigo 18. A eleição dos integrantes da Diretoria observará o seguinte processo: a) a inscrição de chapa concorrente deve ocorrer na reunião de associadas que antecede a Assembléia, observado, para os cargos de Presidente e Vice-Presidentes, o disposto no parágrafo 1º, do art. 16, deste estatuto; b) o Aviso de Convocação da Assembléia incluirá a relação nominal completa dos candidatos, que poderão participar de apenas uma chapa; c) a Assembléia, caso o Presidente da mesa e seus substitutos estatutários sejam candidatos a algum cargo, será dirigida, na ordem, por quem represente associada com mais tempo de filiação contínua na entidade e, se igual, tenha mais idade. d) a eleição será feita por votação secreta, podendo, caso haja uma única chapa inscrita, ser feita por aclamação; e) a Diretoria eleita é empossada de imediato, permanecendo a egressa à sua disposição para os atos sujeitos ao registro da ata eleitoral ou dela decorrentes. Parágrafo único. Para o fim da eleição por voto secreto, a mesa diretora adotará os seguintes procedimentos: I- elaboração de cédulas com os nomes dos integrantes das chapas inscritas; II- instalação de local reservado para o exercício e o depósito dos votos; III- chamada nominal das associadas presentes, por ordem alfabética, para assinarem a lista de presenças e votarem; IV- verificação do número de votos em relação à lista de presenças; V- contagem dos votos, apuração e proclamação do resultado. CONSELHO FISCAL Artigo 19. O Conselho Fiscal do FAVECC é composto por três (3) representantes de associadas, eleitos pela Assembléia Geral dentre os que se inscrevam ao final da eleição da Diretoria. Parágrafo único. Compete ao Conselho Fiscal fiscalizar os atos da administração, denunciando as irregularidades apuradas à Assembléia Geral, e examinar o relatório anual e as demonstrações financeiras da Diretoria, apresentando parecer prévio à deliberação da

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Assembléia Geral. CONSELHO DE NORMAS ÉTICAS E DE ADMISSÃO DE NOVOS ASSOCIADOS Artigo 20. O Conselho de Normas Éticas e de Admissão de Associadas do FAVECC é composto por três (3) representantes de associadas, eleitos pela Assembléia Geral dentre os que se inscreverem ao final da eleição para o Conselho Fiscal. Parágrafo único. Compete ao Conselho de Normas Éticas e de Admissão de Associadas: a) interpretar e aplicar as normas deste Estatuto e do Código de Ética, opinando sobre as sanções aplicáveis às associadas que os infringirem; e b) analisar e dar parecer sobre pedidos de admissão de novas associadas, observado o processo descrito no parágrafo único, do art. 5º, deste Estatuto COMISSÕES PERMANENTES Artigo 21. As Comissões Permanentes referidas no parágrafo 3º, do artigo 14, deste Estatuto são compostas pelos representantes das associadas com interesses ou características afins, sem restrição de quantidade, a elas competindo tratar dos temas a si pertinentes. DISPOSIÇÕES FINANCEIRAS Artigo 22. Constituem receitas do FAVECC: a) as contribuições, periódicas ou eventuais, deliberadas em reuniões de associadas ou Assembléia Geral, e por elas efetuadas; e b) as originárias de convênios, doações, legados e contribuições de pessoas não associadas, naturais ou jurídicas, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, inclusive para realização de eventos. Artigo 23. O exercício social coincidirá sempre com o ano civil. Artigo 24. Nos noventa (90) dias seguintes ao encerramento de cada exercício social, a Diretoria mandará encerrar um balanço patrimonial e respectivas demonstrações, que ficarão à disposição das associadas para exame na sede do FAVECC. Artigo 25. O FAVECC não distribuirá resultados ou bonificações, pecuniárias ou não, a diretores ou associadas, a qualquer título ou pretexto. DISSOLUÇÃO Artigo 26. A Assembléia Geral que deliberar pela dissolução do FAVECC, observado o quorum do parágrafo 2º, do artigo 14, deste Estatuto, nomeará Comissão Liquidante, composta por representantes de três (3) associadas, para apurar haveres e deveres, e definir a entidade similar destinatária do eventual resultado positivo DISPOSIÇÕES FINAIS Artigo 27. As associadas não respondem, sequer solidária ou subsidiariamente, pelas obrigações sociais, salvo os integrantes da Diretoria, no caso de exorbitarem os poderes previstos neste Estatuto ou praticarem atos contrários á lei. Artigo 28. Os casos omissos neste Estatuto Social serão resolvidos pelo órgão administrativo do FAVECC competente na matéria. DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

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Artigo 29. Os atuais Diretores Secretário e Financeiro, já no exercício de suas funções, passam a ser denominados Vice-Presidente Administrativo e Vice-Presidente Financeiro, com as atribuições previstas neste Estatuto. Artigo 30. O mandato do novo Vice-Presidente eleito pela Assembléia Geral de 26 de novembro de 2004 expira na Assembléia Geral Eleitoral de 2006. Artigo 31. A Comissão Permanente de Admissão é incorporada ao Conselho de Normas Éticas e de Admissão de Associadas, cujos integrantes são os mesmos e mantêm, de imediato, as atribuições daquela. São Paulo, 26 de Novembro de 2004.

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ANEXO B – IEVC – Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas

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ANEXO C – POLÍTICA DE VIAGENS ICATU HARTFORD