trabalho etica e direito - imprudência, negligência e imperícia
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL
DE BARRETOS
ENGENHARIA QUÍMICA
IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA
LETÍCIA ROSA DA SILVA
LETIÉRI CRISTINA DOS SANTOS
THAYS BRUNA MORAES
DATA DA ENTREGA: 26/09/2013
Barretos - SP2013
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Delito culposo
A conduta humana que interessa ao Direito Penal só pode ocorrer de duas formas:
Ou o agente atua dolosamente, querendo ou assumindo o risco de
produzir o resultado,
Ou, culposamente, dá causa a esse mesmo resultado, agindo com
imprudência, imperícia ou negligência.
A ausência de conduta dolosa ou culposa faz com que o fato cometido deixe de ser
típico, afastando-se, por conseguinte, a própria infração penal cuja prática se quer imputar ao
agente.
De acordo com o art. 18, II, do Código Penal, diz-se culposo o crime quando o agente
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Crimes culposos
Crime culposo significa que o agente não quis diretamente e nem assumiu o risco de
produzir o resultado, ou seja, sua vontade não foi finalisticamente dirigida a causar o
resultado lesivo, mas sim que este ocorrera em virtude de sua inobservância para com o seu
dever de cuidado. O agente não atua dirigindo sua vontade a fim de praticar a infração penal,
somente ocorrendo o resultado lesivo devido ao fato de ter agido com negligência,
imprudência ou imperícia. Não se fala, portanto, em tentativa de crimes culposos, uma vez
que se não há vontade dirigida à prática de uma infração penal não existirá a necessária
circunstância alheia, impeditiva da sua consumação. Não se cogita, não se prepara e não se
executa uma ação dirigida a cometer um delito culposo. Não existe um iter criminis para os
delitos culposos. Contudo, a doutrina costuma excepcionar essa regra dizendo que na
chamada culpa imprópria, prevista no § 1º do art. 20 do Código Penal, que cuida das
descriminantes putativas, pode-se cogitar de tentativa, haja vista que o agente, embora
atuando com dolo, por questões de política criminal, responde pelas penas relativas a um
delito culposo.
Imprudência, Imperícia e negligência
A culpa stricto sensu ou aquiliana abrange a imprudência, a negligência e a imperícia.
Não há responsabilidade sem culpa, exceto disposição legal expressa, caso em que se terá
responsabilidade objetiva.
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Mais do que uma conceituação de crime culposo, o inciso II art.18 do Código Penal
nos fornece as modalidades de condutas que fazem com que o agente deixe de observar o seu
exigível dever de cuidado. Esta falta de observância ao dever de cuidado pode ocorrer em
virtude de imprudência, negligência ou imperícia do agente.
Pelo fato de haver em todos os delitos culposos essa ausência de observância a um
dever de cuidado é que parte da doutrina, quando os analisa, a eles se refere como “direito
penal da negligência”. Assim, nessa linha de raciocínio, o direito penal da negligência seria o
gênero, do qual são espécies a imprudência, a imperícia e a própria negligência.
Imprudente seria a conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o seu
dever de cuidado, causasse o resultado lesivo que lhe era previsível. Na definição de Aníbal
Bruno, “consiste a imprudência na prática de um ato perigoso sem os cuidados que o caso
requer”. Já a definição de Carlos Roberto Gonçalves, “constitui omissão das cautelas que a
experiência comum da vida recomenda, na prática de um ato ou no uso de determinada coisa”.
Ou ainda, “é a precipitação ou o ato de proceder sem cautela, pode-se afirmar ainda que é
conduta positiva, consistente em uma ação da qual o agente deveria abster-se, ou em uma
conduta precipitada”.
Exemplos:
1. Um motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo ou o que desrespeita
um sinal vermelho em um cruzamento.
2. Um condutor de um automóvel ingere bebidas alcoólicas antes de dirigir.
3. Um médico da uma injeção no paciente sem verificar previamente se este é ou não
alérgico ao medicamento.
A imprudência é, portanto, um fazer alguma coisa.
A negligência, ao contrário, é um deixar de fazer aquilo que a diligência normal
impunha. Na definição de Carlos Roberto Gonçalves, “é a inobservância de normas que nos
ordenam agir com atenção, capacidade, solicitude e discernimento. Consiste em uma conduta
omissiva não tomar as precauções necessárias, exigidas pela natureza da obrigação e pelas
circunstâncias ao praticar uma ação”.
Exemplos:
1. Um motorista que não conserta os freios já gastos de seu automóvel.
2. Um pai que deixa arma de fogo ao alcance de seus filhos menores.
3. Uma pessoa que faz uma queimada e se afasta do campo sem verificar se o fogo está
completamente apagado.
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É difícil identificar com precisão o que pode ser considerado imprudência ou
negligência. Em muitos casos, essas duas modalidades de culpa se interligam e, juntas, são
consideradas como as causadoras do resultado lesivo. No exemplo já citado: um motorista não
efetua o reparo dos freios já gastos de seu automóvel e, mesmo assim, com ele transita por
uma movimentada rua do centro da cidade. Em determinado momento, necessita diminuir a
velocidade do automóvel e os freios não respondem ao seu comando, pois estão totalmente
gastos, e, em virtude disso, atropela e mata um pedestre. Nesse exemplo, podem-se
vislumbrar as duas modalidades de conduta culposa. A primeira, a conduta negligente,
ocorreu quando o agente não levou a efeito o necessário conserto dos freios de seu automóvel;
a segunda, a conduta imprudente, ocorreu quando o agente, mesmo sabendo que não poderia
contar com os freios do seu veículo, ainda assim o colocou em movimento e, por isso, veio a
causar um resultado lesivo. Há, no exemplo fornecido, um misto de conduta negligente e
imprudente.
Imperícia quando ocorre uma inaptidão, momentânea ou não, do agente para exercício
de arte, profissão ou ofício. Diz-se que a imperícia está ligada, basicamente, à atividade
profissional do agente. Na definição de Carlos Roberto Gonçalves, “imperícia é a
inobservância, por despreparo prático ou insuficiência de conhecimentos técnicos, das
cautelas específicas no exercício de uma arte, ofício ou profissão. Não é mais do que uma
forma especial de imprudência ou de negligência, pois a voluntariedade se definiria no fato de
saber o indivíduo, ou dever saber, do seu despreparo ou inexperiência, assim mesmo, praticar
o ato em que são exigidos certos requisitos”. Ou ainda, “é a falta de habilidade ou inaptidão
para praticar certo ato. Incapacidade técnica para o exercício de uma determinada função,
profissão ou arte”.
Exemplos:
1. Um cirurgião plástico, durante um ato cirúrgico, pode praticar atos que, naquela
situação específica, conduzam à imperícia.
2. Um motorista pode gozar de excelente conceito profissional, mas, em determinada
manobra, pode ter atuado sem a sua reconhecida habilidade, agindo com imperícia.
3. Um médico que desconhece que determinado medicamento pode produzir reações
alérgicas, não obstante essa eventualidade estar cientificamente comprovada.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNO, Aníbal. Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 1967.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Vol. IV: Responsabilidade civil.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011. Vol. 1.