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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FERNANDO RIBEIRO DOS SANTOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) CURITIBA 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FERNANDO RIBEIRO DOS SANTOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)

CURITIBA 2006

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Fernando Ribeiro dos Santos

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. Ítalo Minardi Orientador Profissional: Dr. Thiago Luiz Andreoli Gorgonio dos Santos

CURITIBA Novembro 2006

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Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Rui Alberto Ecke Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª Elza Maria Galvão Ciffoni Metodologia Científica Profª Ana Laura Angeli CAMPUS CHAMPAGNAT Rua Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7953

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A P R E S E N T A Ç Ã O

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de

Médico Veterinário, composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas as

atividades realizadas durante o período de 04/09 a 04/11/2006, onde cumpri estágio

na Empresa Tortuga Agropecuária e Zootécnica (Fazenda Caçadinha), localizada no

município de Rio Brilhante – MS, e também de uma Monografia que versa sobre o

tema: “Fósforo para suplementação de bovinos”.

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À minha mãe MARIA DOROTI, ao meu pai MILTON ANTONIO, à minha irmã JULIANA

RIBEIRO, aos meus familiares e amigos que estiveram sempre presentes ao meu lado me

orientando e incentivando e em especial a minha avó JACYRA PEREIRA que não pode

mais estar presente ao meu lado,

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus, por me dar saúde, inteligência e uma família

estruturada que sempre me apoiou em momentos felizes e infelizes da minha vida.

Agradeço aos irmãos, Mauricio Marlus Vieira Ramos, Tiago Silvestrini,

Ricardo Uchoa, Luiz Carlos (Zé) e Marcello Gobetti pelo apoio e incentivo.

Agradeço a Juliana Barbosa por ter ficado ao meu lado nesta reta final do

curso.

Agradeço em especial ao meu tio Dr. Celso Carlos Ribeiro dos Santos e sua

esposa Clotilde Maria Brancher Ribeiro dos Santos por abrirem as portas de suas

fazendas para que eu pudesse praticar e aprimorar minhas técnicas como médico

veterinário.

Agradeço a ajuda do casal Rejane Cristina Larsen Ribeiro e José Alberto

Pereira Ribeiro por acreditarem na minha formação profissional.

Agradeço a dois grandes amigos e mestres da minha vida que me apoiaram

em tempos de dificuldade na Faculdade e contribuíram tanto para minha vida

profissional quanto pessoal, são eles Dr. Ambires Cecílio Machado Riella e Dr.ª

Maria Aparecida de Alcântara.

Agradeço ao apoio do meu orientador acadêmico Prof. º Ítalo Minardi e meu

orientador profissional Dr. Thiago Luiz Andreoli Gorgonio dos Santos que

contribuíram muito para a minha vida profissional e em especial agradeço a amizade

de um amigo que fiz no estágio, Daniel Burlowski Franco e a todos da Fazenda

Caçadinha que me acolheram de braços abertos e me passaram muita experiência

de campo.

Agradeço a todos os professores que com entusiasmo passaram seus

conhecimentos.

Agradeço aos animais, que durante os anos de faculdade nos ajudaram para

a prática veterinária.

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Meu interesse está no futuro, porque vou passar o resto da vida lá.

C. F. Kettering

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LISTA DE SIGLAS ha – hectare

IBR – Rinotraqueite infecciosa bovina

IPV – Vulvovaginite pustular infecciosa

HVB – Herpes vírus bovino

BVD – Diarréia viral bovina

TQ – Transquelato

FQ – Fosforilato

CQ – Carbo amino fosfo quelato

MS – Matéria Seca

NDT – Nutrientes digestíveis totais

PB – Proteína Bruta

FB – Fibra Bruta

EE – EXTRATO ETÉREO

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NA FAZENDA CAÇADINHA.................................................................................................

16

TABELA 2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE SERVEM DE SUPORTE PARA O DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO E ESTIMATIVA DO PERÍODO GESTACIONAL EM BOVINOS..................................................................................................................

34

TABELA 3: NÍVEIS DE GARANTIA DO FOSBOVI REPRODUÇÃO......................................... 41TABELA 4: NÍVEIS DE GARANTIA DO FOSBOVINHO......................................................... 42

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LISTA DE FIGURA FIGURA 1. ESQUEMA DO COCHO FOSBOVINHO...............................................................

43

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.......................................................................... 14

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.......................................................... 15

4 CASOS CLÍNICOS.................................................................................................... 16

4.1 CUIDADOS COM OS NEONATOS.............................................................................. 16

4.2 MIÍASE................................................................................................................ 17

4.3 DOENÇA UMBILICAL.............................................................................................. 17

4.3.1 Onfalite........................................................................................................... 18

4.3.2 Controle.......................................................................................................... 18

5 DISTÚRBIOS REPRODUTIVOS................................................................................... 19

5.1 DISTOCIA............................................................................................................. 19

5.1.1 Distocia Fetal.................................................................................................. 19

5.1.2 Distocia Materna............................................................................................. 19

5.2 ABORTO.............................................................................................................. 20

5.2.1 Brucelose....................................................................................................... 20

5.2.2 Leptospirose................................................................................................... 22

5.2.3 Complexo Herpes Vírus................................................................................. 23

5.2.4 BVD................................................................................................................ 24

5.2.5 Trichomonose................................................................................................. 25

5.2.6 Campilobacteriose.......................................................................................... 26

5.3 CESARIANA NA VACA............................................................................................ 27

5.3.1 Anestesia e preparação cirúrgica................................................................... 27

5.3.2 Técnica Cirúrgica............................................................................................ 27

5.3.3 Conduta Pós-Operatória................................................................................. 29

5.4 PROLAPSO DE ÚTERO.......................................................................................................................... 29

5.4.1 Anestesia e preparação cirúrgica................................................................... 29

5.4.2 Técnica cirúrgica.............................................................................................. 30

5.4.3 Conduta Pós-operatória................................................................................. 30

6 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO.................................................................................. 31

6.1 MÉTODO DE DIAGNÓSTICO.................................................................................... 31

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6.1.1 Palpação retal................................................................................................. 31

6.1.2 Eficiência do Método de Palpação Retal........................................................ 35

7 ESTAÇÃO REPRODUTIVA........................................................................................ 36

7.1 ESTAÇÃO REPRODUTIVA DE NOVILHAS................................................................... 36

7.2 ESTAÇÃO REPRODUTIVA DE VACAS....................................................................... 38

8 MANEJO ALIMENTAR............................................................................................... 39

8.1 MOLÉCULA TQ (TRANSQUELATO).......................................................................... 39

8.2 MOLÉCULA FQ (FOSFORILATO)............................................................................. 39

8.3 MOLÉCULA CQ (CARBO AMINO FOSFO QUELATO).................................................... 40

8.4 PROGRAMA BOI VERDE NA CRIA............................................................................ 40

8.4.1 FOSBOVI REPRODUÇÃO..................................................................................... 40

8.4.2 FOSBOVINHO.................................................................................................... 41

8.4.3 CREEP-FEEDING: COCHO EXCLUSIVO PARA BEZERROS......................................... 42

8.5 CANA DE AÇÚCAR - Saccharum officinarum......................................................... 43

8.5.1

Colheita........................................................................................................... 44

8.6 PASTAGENS......................................................................................................... 45

8.6.1 Brachiaria decumbes...................................................................................... 45

8.6.2 Brachiaria humidicola..................................................................................... 46

8.6.3 Brachiaria brizantha........................................................................................ 46

9 CONCLUSÃO........................................................................................................ 47

10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 48

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INTRODUÇÃO

A economia brasileira tem passado por rápidas transformações. Neste

contexto ganham espaço novas concepções, ações e atitudes, em que

produtividade, custo e eficiência se impõem como regras básicas de sobrevivência

em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. A conscientização dos

pesquisadores, técnicos e produtores rurais envolvidos nesse sistema, bem como o

ajuste para este novo cenário, é primordial para a competitividade da atividade.

O agronegócio tem tido papel de maior importância nas contas externas do

país. O Brasil manteve a liderança mundial na quantidade de carne bovina

exportada, com 1,9 milhão de toneladas segundo SOUZA (2005).

O aumento na produtividade é um caminho necessário para se manter no

sistema de produção com boas taxas de rentabilidade. Entretanto, este aumento

deve ser acompanhado de um maior consumo em ambos mercados (mercado

interno e externo), caso contrário, gera um excesso de produção e queda nos preços

dos produtos (arroba de boi e vaca, preço do bezerro, entre outros).

A eficiência dos sistemas de produção de carne a pasto depende do potencial

de dois componentes básicos: o valor forrageiro da planta, ou plantas que compõem

a pastagem, e o tipo de animal, ambos limitados pelo meio ambiente.

O potencial forrageiro é o resultado de uma complexa interação entre a planta

e o meio ambiente, afetando o valor nutritivo (composição química, digestibilidade,

produtos da digestão) e o consumo de matéria seca (aceitabilidade, taxa de

passagem e disponibilidade). Já o potencial animal é uma função do indivíduo

(idade, tamanho, sexo) e de genética, tendo como fator limitante para sua

expressão, o meio ambiente (climático e/ou nutricional).

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Para o auxílio destes sistemas de produções, pode-se contar com a ajuda do

Médico Veterinário que, com seus conhecimentos, saberá melhorar a

suplementação do animal e a genética do rebanho, podendo assim aumentar a

produtividade da propriedade e contribuir para o aumento da renda do produtor rural

e do país.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estagio foi realizado na Fazenda Caçadinha de propriedade da Tortuga

Companhia Agrária e Zootécnica, situada na rodovia Rio Brilhante/Maracaju, Km

334, estado do Mato Grosso do Sul, município de Rio Brilhante.

A área da fazenda destinada à pecuária abrange 2.600ha. Já a área agrícola,

com culturas de soja e de milho, corresponde a 907ha, com o cultivo da cana-de-

açúcar outros 100 ha. Há ainda 1.468,89 ha de reservas florestais.

A fazenda também se dedica à suinocultura. Possui uma granja de ciclo

completo com 250 matrizes que é utilizada para a realização de experimentos da

Tortuga.

A fazenda conta com uma excelente infra-estrutura para a pecuária. São 36

módulos rotacionados com praças de alimentação, contendo bebedouros de 5 e 10

mil litros, cochos para mineral e cochos do fosbovinho em sistema de creep-feeding.

Além disso, a fazenda possui três reservatórios de água, um com capacidade de 1

milhão de litros e dois com capacidade de 500 mil litros cada.

Para fins experimentais, a fazenda conta com 26 piquetes. A área total de

65,54ha foi subdividida em piquetes de 2 a 5ha com respectivos cochos e

bebedouros individuais, onde são realizados trabalhos de performance e

desenvolvimento de novos produtos.

As pastagens disponíveis são: Brachiaria humidicola, Brachiaria decumbens,

Brachiaria brizantha.

A fazenda possui um plantel de 3.395 cabeças de gado, da raça Nelore,

separadas em sistema de semiconfinamento no período de seca e no período das

águas os animais são criados em sistema rotacionado. A fazenda somente a cria os

animais. Após a desmama, os animais são levados para outra fazenda da empresa.

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3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas neste período foram as de rotina da Fazenda

Caçadinha. Foram realizados os primeiros cuidados com os neonatos, auxílio em

partos distócicos e abortos. No decorrer do estágio ocorreram casos cirúrgicos como

uma cesaria e três prolapsos de útero. Foi observado o manejo reprodutivo das

novilhas e vacas e realizado diagnóstico de gestação nas vacas com a finalidade de

descarte.

Os animais são suplementados por meio do Programa Boi Verde, que é

composto por vários suplementos para uso em fases específicas e contém em sua

composição os complexos orgânicos de liberação controlada. Os bezerros são

criados através do sistema do fosbovinho (creep-feeding), isto é cochos com acesso

exclusivo para bezerros.

A fazenda estava realizando um estudo experimental de suplemento

proteinado para os animais que ficam restritos à cana de açúcar no período da seca.

Os animais ficavam em áreas de semiconfinamento chamadas de seqüestros onde

recebiam suplemento proteinado a base de uréia e alimentação à vontade. Estes

seqüestros ajudam no alívio da pastagem do sistema rotacionado para que no

período das águas já estejam em condições ideais para receber os animais.

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4 CASOS CLÍNICOS

Segue abaixo tabela de casos clínicos realizados no período de estágio:

TABELA 1: DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NA FAZENDA

CAÇADINHA.

Casos clínicos e cirúrgicos Quantidade Míiase cutânea 200

Onfalite 100 Aborto 02

Parto distócico 06 Cesaria 01

Prolapso de útero 03 Diagnóstico de gestação 270

4.1 CUIDADOS COM OS NEONATOS

As doenças do recém-nascido e a mortalidade neonatal são as maiores

causas de perdas econômicas em uma produção pecuária. A identificação do

manejo deficiente, a causa de mortalidade mais alta que o aceitável em um rebanho

ou grupo, é a mais importante responsabilidade a longo prazo do médico veterinário,

sendo, na maioria dos casos, mais importante a identificação do agente causal que a

do tratamento individual.

O manejo do neonato tem grande influência e o reconhecimento e a correção

desses riscos são a chave para a prevenção das enfermidades neonatais tanto

individualmente como em grupo.

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4.2 MIÍASE

- Agente etiológico: Cochliomya hominivorax

- Quadro clínico e patogenia : A miíase inicia-se sempre sobre lesões recentes da

pele dos animais. Há ovipostura próxima às lesões e as larvas eclodidas vão se

alimentar do tecido muscular.

As larvas possuem enzimas proteolíticas, responsáveis pela digestão dos

tecidos do hospedeiro, resultando na sua dilaceração. As lesões têm o seu tamanho

aumentado e exalam um odor repulsivo. Nos tecidos necrosados surgem miíases

secundárias, determinadas por larvas de outras moscas. De acordo com a

localização da miíase, poderá ocorrer peritonite, claudicação, cegueira, afecções

dentárias etc. O animal apresenta-se inquieto, deixam de se alimentar e emagrecem.

A morte pode ocorrer por toxemia, hemorragia ou infecções bacterianas

secundárias.

- Profilaxia: corte e desinfecção do umbigo com iodo, curativos em lesões da pele. -

- Tratamento: Tira Berne.

4.3 DOENÇA UMBILICAL

A infecção do umbigo e das suas estruturas associadas ocorrem comumente

em animais pecuários recém-nascidos e parece ser particularmente comum em

bezerros. O cordão umbilical é constituído pela membrana amniótica, veias e artérias

umbilicais, além do úraco. A membrana amniótica do cordão umbilical enrola-se

durante o nascimento, e gradualmente a veia umbilical e o úraco fecham-se, mas

permanecem temporariamente do lado externo do umbigo. As artérias umbilicais

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retraem-se até a região superior da bexiga. Normalmente, o cordão umbilical fica

seco dentro de uma semana após o nascimento.

A infecção do umbigo ocorre logo após o nascimento, podendo resultar em

onfalite, onfaloflebite, onfaloartrite ou infecção do úraco, com possibilidade de

disseminação para a bexiga, ocasionando cistite.

O umbigo pode também, ser a fonte de infecção, levando à septicemia dos

neonatos principalmente daqueles com falha de transferência passiva.

4.3.1 Onfalite

Onfalite é a inflamação das partes externas do umbigo e ocorre mais

comumente em bezerros com dois a cinco dias de idade, geralmente persistindo por

várias semanas. O umbigo aumenta de volume, torna-se doloroso a palpação, pode

estar obstruído ou drenar material purulento através de pequena fístula. O umbigo

acometido pode-se tornar edemaciado e causar toxemia subaguda. O bezerro

apresenta-se moderadamente deprimido, não mama normalmente e mostra-se febril.

O tratamento consiste na exploração e excisão cirúrgicas. Pode ser necessário

manter um canal para drenagem temporária.

4.3.2 Controle

O controle da infecção umbilical depende principalmente de bom manejo

sanitário e higiene durante o nascimento. A aplicação de agentes dessecantes e

desinfetantes com poder residual, como a tintura de iodo, é amplamente utilizada. A

clorexidina é mais eficaz para reduzir o número de microorganismos do que o iodo a

2% ou da iodo-povidona a 1%. As altas concentrações de iodo a 7% são mais

eficazes, porém lesivas ao tecido.

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5 DISTÚRBIOS REPRODUTIVOS

5.1 DISTOCIA

Distocia é “parto difícil ou obstruído, pode ser devido a causas fetais,

maternas ou mecânicas”.(HAFEZ, 2001, p.286).

5.1.1 Distocia Fetal

Distocia fetal “resulta de anormalidades na apresentação ou posição do feto e

de irregularidades de posturas da cabeça ou dos membros; pode ser devido a um

relativo ou absoluto excesso de tamanho do feto ou a monstruosidade fetal. Os

desvios da cabeça e a flexão das várias articulações na apresentação anterior, a

flexão dos membros posteriores (nádegas) na apresentação posterior, ou a presença

de gêmeos podem causar distocia”.(ibid.,286).

5.1.2 Distocia Materna

Distocia materna “é mais freqüente em gado leiteiro. Ela ocorre

freqüentemente em animais primíparos e em animais com múltiplos fetos. A

ausência de contrações uterinas ou inércia pode ser primária ou secundária. A

inércia uterina primária devido à excessiva dilatação é comum nas gestações

múltiplas em bovinos. A inércia uterina secundária é devido a exaustão do músculo

uterino em decorrência de distocia obstrutiva. A não dilatação apropriada da cérvix

leva a um “espasmo” desse órgão em bovinos”. (ibid.,286).

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5.2 ABORTO

O aborto é a “gestação que termina com a expulsão do feto de tamanho

considerável, porém antes do período de viabilidade, que é arbitrariamente definido

como 260 dias na vaca”. (ibid.,280).

O aborto pode ser espontâneo ou induzido, infecciosos ou não infecciosos. O

abortamento espontâneo é mais freqüente em bovinos leiteiros. As causas não

infecciosas de abortamento espontâneo podem ser genéticas, por intoxicações ou

por problemas nutricionais e as infecciosas por brucelose, leptospirose,

campilobacteriose, complexo herpes vírus, trichomonose, diarréia viral bovina entre

outras.

5.2.1 Brucelose

“A suspeita da ocorrência de brucelose em um rebanho, geralmente está

associada aos abortos no terço final de gestação, sendo uma enfermidade que afeta

varias espécies de animais domésticos e silvestres” VANZIN (2006).

Acomete bovinos de todas as idades e de ambos os sexos, afetando

principalmente animais sexualmente maduros, causando sérios prejuízos devido a

abortos, retenções de placenta, metrites, sub-fertilidade e até infertilidade.

Portanto, quanto maior o número de vacas infectadas (que abortarem ou

parirem em uma determinada área), maior o risco de exposição de outros animais do

rebanho. E importante fazer o diagnóstico das vacas infectadas e sua remoção dos

pastos maternidade antes da parição.

Tem como principal via de contaminação, a digestiva; por água, alimentos,

pastos contaminados com restos de aborto, placentas, sangue e líquidos

contaminados (proveniente de abortos e partos de vacas e novilhas brucélicas).

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A transmissão pela monta por touros infectados também pode ocorrer, mas

em menor proporção que a digestiva.

Através da inseminação também poderia ocorrer contaminação, pois a

"Brucella abortus" (agente causador) resiste ao congelamento e ao

descongelamento juntamente com o sêmen, mas, o controle sanitário do sêmen

envasado nas centrais de congelamento elimina esta possibilidade, pois somente

reprodutores isentos da enfermidade, entre outras, é que devem ser congelados.

A brucelose causa sérios danos aos touros através de orquites e epididimites

uni ou bilaterais, podendo levá-los a sub-fertilidade e até mesmo a esterilidade.

Quando os touros se recuperam da enfermidade, podem tornar-se

disseminadores, se seu sêmen for coletado sem diagnóstico prévio, e utilizado em

programas de Inseminação Artificial.

A principal característica é o aborto que ocorre a partir do sexto mês de

gestação, geralmente acompanhado por retenção de placenta e endometrite.

A vacina contra a brucelose é a vacina B19, que deve ser feita pelo Médico

Veterinário, sendo que este deve tomar os devidos cuidados para não se infectar,

uma vez que ela é feita com vírus vivo, apenas atenuado. Devem ser vacinados

apenas as fêmeas com idade entre 3 e 8 meses, e no momento da vacina, identificar

estes animais com marca a fogo no lado esquerdo da cara.

Exames periódicos de amostragens do rebanho devem ser realizados para se

ter uma idéia da evolução da enfermidade na propriedade.

Testes como o 2-mercaptanol e Elisa podem ser usados como diagnósticos

mais precisos.

É também problema de saúde pública, pois o homem pode contrair a

enfermidade (zoonose) através de alimentos e água contaminados pelo contato com

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fetos abortados, urina, fezes, placenta e carcaças contaminadas, como ainda

também pela ingestão de leite não pasteurizado e do queijo, podendo causar vários

distúrbios, inclusive a esterilidade.

5.2.2 Leptospirose

“Causada por diversos sorovar da bactéria do gênero Leptospira” VANZIN

(2006).

A leptospirose afeta animais e humanos, causando, principalmente, perdas

por abortos em bovinos além de infecções disseminadas pelo organismo. A

transmissão pode ser através da urina, parto, leite, abortos, mas principalmente

através de roedores e animais silvestres infectados.

A enfermidade apresenta-se geralmente de forma subclinica (sem sintomas

facilmente detectáveis), particularmente em animais não lactantes e não gestantes.

Manifesta-se clinicamente através do aborto (o feto se mostra autolisado indicando

que houve morte algum tempo antes do aborto), natimortos, fetos prematuros e/ou

fracos, subfertilidade ou infertilidade decorrentes de complicações.

O diagnóstico é realizado de forma diferencial com outras formas de aborto,

além de exames laboratoriais (principalmente da urina), dados clínicos e

epidemiológicos.

O tratamento através de estreptomicina visa impedir a septicemia

(disseminação por todo o organismo), conseqüentemente controlando a

contaminação do ambiente.

A vacinação de todos os animais (em rebanhos de incidência alta) deve iniciar

em todos os bezerros de 4 a 6 meses de idade, seguidas por vacinações semestrais

(sempre com vacinas que abrangem o maior grupo de leptospiras.).

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Como vacinação estratégica, pode ser realizada 1 (um) mês antes da estação

reprodutiva.

5.2.3 Complexo Herpes Vírus

“Rinotraqueite infecciosa bovina (IBR) e Vulvovaginite pustular (IPV) fazem

parte do complexo Herpes vírus bovino, causadas pelo HVB tipo-1, responsáveis por

abortos entre outras enfermidades. O HVB pode produzir uma variedade de

manifestações clínicas como a mastite (inflamação do úbere), conjuntivite

(inflamação da conjuntiva), balanopostite (inflamação da glande e do prepúcio),

doenças estas que podem ocorrer em um mesmo surto, com animais distintos”

VANZIN (2006).

A IBR é a forma respiratória, ocasionando febre e lesões de transtorno nas

vias superiores do animal, com quadros respiratórios graves em animais jovens.

A IPV é uma infecção da mucosa vaginal e da vulva que manifesta-se por

edema, secreção com exudato, pústulas de conteúdo mucopurulento, transtorno no

ato da micção, endometrites, repetições de cio e infertilidade temporária por período

igual ou superior a 60 dias, quando retorna o ciclo estral normal e fértil.

A infecção nos touros possui caráter importantíssimo na disseminação da

enfermidade através da copula, com lesões no pênis e prepúcio além do sêmen

contaminado, os touros transmitem a cada monta o vírus as fêmeas sadias.

A Inseminação Artificial pode transmitir a enfermidade se o sêmen estiver

contaminado.

O aborto (seguido de retenção de placenta) ocorre normalmente, no terço

final da gestação, onde associados a este, estão ou não presentes os sinais clínicos

de conjuntivite, rinotraqueite, vulvovaginite.

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Uma vez diagnosticada a enfermidade devemos proceder a vacinação dos

que ainda são jovens e repetindo a vacinação anualmente para manter a imunidade.

Para fêmeas adultas, a vacinação deve acontecer no início da estação reprodutiva.

5.2.4 BVD

“A Diarréia Viral Bovina (do gênero pestevírus) é um complexo de doenças

associadas com a infecção pelo vírus da BVD que diminui a imunidade. Virose

também conhecida por causar desordens reprodutivas, sendo que a infecção fetal

(transplacentária) pode levar a morte embrionária, ou até a defeitos congênitos

(nascidos com o individuo como a microencefalia, hidrocefalia, hipoplasia cerebelar,

defeitos oculares), surtos de diarréia, abortos, entre outros” VANZIN (2006).

A infecção com o vírus da BVD ocorre através das vias nasal ou oral,

podendo ocasionar a morte do animal (jovem ou adulto) e o nascimento de animais

pouco desenvolvidos que podem tornar-se portadores da enfermidade.

Os animais infectados (com a introdução no rebanho através de compras,

principalmente) liberam continuamente o vírus através de suas secreções e fluidos

corporais, transmitindo lentamente a infecção entre os bovinos, disseminando

primeiramente aos animais mais próximos, de forma que a identificação e o

isolamento dos animais por 3 semanas diminuem as chances de um surto de BVD.

O sinal clínico de aborto é o mais difícil para se diagnosticar, o que pode

ocorrer semanas apos a instalação do vírus em animais vacinados ou não e, que às

vezes, não tenham demonstrado outros sinais clínicos da enfermidade, além da

necessidade do diagnóstico diferencial das outras causas de aborto.

O controle pode ser efetuado através de vacinas inativadas (seguindo o

esquema do fabricante), geralmente associadas a outros agentes infecciosos como

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a parainfluenza. Como vacinação, pode ser realizada em animais de 8 a 12 meses e

estrategicamente 1 (um) mês antes da estação reprodutiva.

5.2.5 Trichomonose

“É uma doença infecciosa e sexualmente transmitida, causada pelo

Trichomonas foetus que afeta fêmeas e machos em idade reprodutiva, causando

morte embrionária, aborto, endometrites, piometras, ou fetos macerados, como

conseqüências diretas, pois o maior prejuízo esta na diminuição de nascimentos e

na demora do estabelecimento da prenhez, como forma indireta” VANZIN (2006).

A principal via de transmissão acontece durante a cópula (monta) onde o

macho infectado contamina a fêmea ou é contaminado por esta, ou ainda, através

da Inseminação Artificial com sêmen contaminado.

O aborto pode ocorrer normalmente até o quarto mês de gestação, mas a

característica mais marcante é o grande número de repetições de cio, ciclos estrais

irregulares, baixo índice de concepção, corrimentos vaginais com fluido claro ou

amarelado.

O tratamento das fêmeas é praticamente ineficaz e desnecessário, pois a

maioria destas recupera-se após um descanso sexual. Prostaglandinas podem ser

usadas no sentido de fazer uma "limpeza" do útero e regularizar o ciclo estral.

Os machos contaminados, com idade superior a 5 ou 6 anos devem ser

descartados, pois geralmente tornam-se portadores disseminando a doença.

Vacinas inativadas podem ser usadas em touros jovens para evitar a

propagação da enfermidade, mas o tratamento preventivo mais eficaz para as

fêmeas é o uso da Inseminação Artificial com sêmen de reprodutores isentos da

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enfermidade, ou o repouso sexual por mais de 90-100 dias, o que economicamente,

não é interessante.

5.2.6 Campilobacteriose

“Enfermidade assim denominada por ser causada por espécies do gênero

Campilobacter fetus subesp. venerealis, sendo também uma doença venérea,

exclusivamente de bovinos que não causa nenhum mal aos machos, mas

inflamações no trato genital feminino podendo levar até a infertilidade, passando por

baixa taxa de natalidade, endometrite, aborto entre o 4° e o 7° mês de gestação”

VANZIN (2006).

O desempenho reprodutivo das fêmeas pode sugerir a presença da

enfermidade, sendo que os sinais clínicos se assemelham a tricomonose e de outras

doenças infecciosas do aparelho genital.

O tratamento em bovinos é desaconselhável, pois os resultados são

insatisfatórios e antieconomicos, salvo em condições especiais, quando podem ser

tratados com estreptomicina. A principal medida é o uso de Inseminação Artificial

como tratamento preventivo de eleição.

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5.3 CESARIANA NA VACA

A cesariana é indicada para os diversos tipos de distocia, incluindo aquelas

causadas por tamanho desproporcional relativo do feto quanto a entrada pélvica nas

vacas jovens é muito pequena para permitir o parto, quando há deformidade da

pelve materna, monstros fetais, induração do cérvix, má-posição fetal, hidropsia do

âmnio e do alantóide, torção uterina e também quando há fetos enfisematosos. Em

muitos casos, a escolha entre fetotomia ou a cesariana dependerá da experiência

relativa do cirurgião com cada técnica.

Diferentes formas de abordagem são indicadas nas diversas situações de

distocia. A abordagem pelo flanco ou paralombar esquerda é a incisão padrão para

um feto não contaminado viável ou recentemente morto, onde a vaca é capaz de

tolerar a cirurgia enquanto está em pé.

5.3.1 Anestesia e preparação cirúrgica

A cesariana da vaca é efetivada com o animal sob analgesia local. Se a

abordagem pelo flanco for empregada poderá ser feito um bloqueio paravertebral, ou

em L invertido ou então linear. A região cirúrgica é tosada e preparada para a

cirurgia asséptica de forma rotineira.

5.3.2 Técnica Cirúrgica

A incisão vertical é feita no meio da fossa paralombar estendendo-se 3 a 5 cm

ventralmente ao processo transverso da vértebra lombar por uma distância de 20 até

25 cm. Para a cesariana, a incisão poderá começar 10 cm na direção ventral ao

processo transverso ampliando-se 30 a 40 cm.

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Para cortar a pele, uma pressão razoável deverá ser exercida sobre o bisturi

para assegurar uma penetração completa. Esta incisão será continuada na direção

ventral de modo que a pele seja aberta em um único movimento suave. A separação

da pele e do tecido subcutâneo apresenta as fibras do músculo oblíquo abdominal

externo. Esta camada é incisa verticalmente para revelar o músculo oblíquo

abdominal interno. Uma incisão similar através do músculo mostra a aponeurose do

músculo abdominal transverso. O músculo é então preso por uma pinça e chanfrado

com um bisturi na parte dorsal da incisão, evitando-se cortar o rúmen.

Após a penetração da cavidade peritoneal, o cirurgião manipula a porção do

corno uterino que contém o feto e tenta exteriorizar uma região para a histerotomia.

A incisão uterina é normalmente feita sobre um membro, mas em determinadas má-

posições, a área da cabeça poderá ser cortada. A incisão precisa ser longa o

bastante para permitir a remoção do feto sem que se dilacere ou se amplie a incisão

uterina. Deve-se tentar evitar a incisão das carúnculas. O feto é então retirado e o

cirurgião tenta reter o útero de modo que os líquidos fetais não caiam no interior da

cavidade peritoneal.

Bolos de antibióticos são inseridos no útero antes de seu fechamento. O útero

é fechado com o padrão de sutura contínua invertida (invaginante).

Normalmente, a incisão é fechada em três camadas. O pertitônio e o músculo

abdominal transverso são fechados conjuntamente com modelos de sutura contínua

simples usando categute cromado nº2 ou nº3. Os músculos abdominais externo e

interno e a fáscia subcutânea podem ser fechados com uma segunda camada

contínua simples, aplicando-se categute nº3. A sutura da pele pode ser em U.

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5.3.3 Conduta Pós-Operatória

São administrados antibióticos se forem indicados, dependendo do

procedimento efetuado. A terapêutica de suporte também é estabelecida de acordo

com a condição do animal. As suturas poderão ser retiradas 10 a 14 dias após a

cirurgia.

5.4 PROLAPSO DE ÚTERO

É uma afecção mais comum em ruminantes do que em outras espécies. Em

vacas, está freqüentemente presente no período de involução uterina. A etiologia é

obscura e a ocorrência é esporádica. O decúbito com os quartos posteriores mais

baixos que os quartos anteriores, a invaginação do útero, o excesso de tração para

aliviar uma distocia e a hipocalcemia têm sido todos incriminados como causas

contribuintes. O prolapso do útero geralmente ocorre dentro de poucas horas após o

parto, quando a cérvix está aberta e o útero perdeu o tono. O prolapso geralmente é

completo e a massa do útero geralmente pende por baixo dos jarretes do animal

afetado.

5.4.1 Anestesia e preparação cirúrgica

É utilizada anestesia local em torno da vulva, após anestesia é jogado água

fria para diminuição do edema e limpeza do útero para que ele seja recolocado em

sua posição anatômica normal.

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5.4.2 Técnica cirúrgica

Para a sutura da vulva é utilizado o categute nº3 ou o fio Urso, mergulhado

em álcool iodado, uma agulha perivaginal e pedaços de equipo para que o fio não

machuque a vulva do animal, a sutura utilizada é a de bolsa de tabaco.

Após anestesia, é introduzido a agulha com o fio na borda lateral da vulva e

desce com a agulha para a região ventral, passa-se o fio de sutura dentro de

pedaços de equipo para que o fio não machuque o animal, essa ação é realizada

nos dois lados da vulva. No final da vulva, na região perto do clitóris, terá o encontro

dos dois fios e o cirurgião terá somente que puxar estes fios, e amarrar para que o

fio puxe as bordas da vulva e com isso faça uma prega que irá segurar o útero

dentro da cavidade.

5.4.3 Conduta Pós-operatória

A vaca necessita ficar em observação para que não haja afrouxamento da

sutura e possível saída do útero.

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6 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO

O diagnóstico de gestação é uma técnica que permite determinar a existência

e o período de gestação. Em bovinos, através da palpação retal, essa técnica é

utilizada desde o início do século XX. Posteriormente, a partir da década de oitenta,

o emprego da ultrasonografia possibilitou o diagnóstico de gestação em fases mais

precoces. A utilização do diagnóstico de gestação em criatórios bovinos, tanto de

leite como de corte, constitui-se numa ferramenta estratégica no manejo geral da

propriedade. O conhecimento da existência ou não de gestação possibilita a tomada

de decisões as quais podem afetar diretamente os índices de produtividade com

reflexos econômicos imediatos. O diagnóstico precoce, por exemplo, com a

identificação de fêmeas não gestantes, se constitui em uma importante ferramenta

na avaliação do futuro desses animais dentro da propriedade, possibilitando que

sejam tomadas providências no sentido de reduzir o período parto-concepção ou de

descartar o animal, minimizando dessa forma as perdas econômicas. Assim, a

utilização rotineira dessa técnica facilita o manejo dos animais evita gastos

desnecessários com alimentação. Permite ainda uma avaliação imediata da

eficiência de programas de indução, sincronização ou transferência de embriões. É

também utilizada na formulação de laudos periciais e fêmeas que irão participar de

feiras e exposições.

6.1 MÉTODO DE DIAGNÓSTICO

6.1.1 Palpação retal

A adequada contensão da fêmea é um importante fator a ser considerado

para o diagnóstico de gestação. A fêmea deve ser contida em estação, de tal forma

que sejam evitados movimentos bruscos ou mesmo quedas que venham provocar

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lesões ou ferimentos, tanto nos animais examinados quanto no examinador. Além

disso, para a realização do exame de palpação de forma segura, é indispensável

que o médico veterinário também tenha alguns cuidados com relação ao seu

material de trabalho, devendo utilizar sempre luvas especiais de boa qualidade bem

como lubrificante adequado. O diagnóstico de gestação por palpação retal é um

método seguro, que não oferece risco para a integridade da vaca e tampouco para a

viabilidade do feto quando realizada por profissional habilitado. Antes do início do

exame propriamente dito, é aconselhável efetuar uma inspeção da vulva, seus

arredores e glândula mamária o que poderá servir de subsídio para o diagnóstico

final.

O diagnóstico de gestação em bovinos é realizado levando-se em

consideração determinadas características do controle reprodutivo, se individual ou

de rebanho. O controle individual é realizado em criações intensivas, de gado de

leite ou plantéis de gado de corte, e nesses casos há geralmente informações sobre

datas de serviço e principalmente interesse acentuado em um diagnóstico precoce.

Quando se trata de um controle de rebanho, típico de criações extensivas de gado

de corte, submetidos a monta natural ou inseminação artificial, o diagnóstico é

realizado em períodos estratégicos, contribuindo para a racionalização do manejo.

Esse método é considerado o mais prático e preciso para o diagnóstico de gestação

em fêmeas bovinas, desde que realizado após 45-50 dias pós-serviço, dependendo

da capacidade do examinador. Uma vaca somente deverá ser considerada gestante

se pelo menos um dos sinais indicativos de gestação for detectado e reconhecido. O

estádio da gestação pode ser estimado com base nas características uterinas e

fetais, com maior precisão em sua primeira metade.

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Existem características que são peculiares e exclusivas da gestação, razão

pela qual é indispensável fundamentar o diagnóstico considerando, pelo menos um

dos seguintes sinais positivos para gestação:

• Vesícula amniótica

• Efeito de parede dupla

• Placentônios

• Feto

É importante salientar que profissionais menos experientes devem procurar

fundamentar o diagnóstico por pelo menos dois ou mais desses sinais

característicos, tendo assim maior segurança. A detecção desses sinais vai

depender também da fase gestacional. Deve-se também destacar que nenhum

animal deve ser considerado não gestante a menos que o examinador provoque a

retração uterina, pela cérvice, e se certifique de que não há sinais indicativos de

gestação.

A utilização de fases gestacionais propostas originalmente por Grunert &

Berchtold (1988); Grunert (1993), apresentadas na tabela 2 proporcionam maior

facilidade e segurança, não só para o estabelecimento do diagnóstico de gestação,

como também para estimativa do período em que ela se encontra. É importante

ressaltar que esses dados servem apenas como parâmetro para o examinador.

Devem ser consideradas variações individuais e não existem limites rígidos entre as

fases.

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TABELA 2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE SERVEM DE SUPORTE PARA O DIAGNÓSTICO

DE GESTAÇÃO E ESTIMATIVA DO PERÍODO GESTACIONAL EM BOVINOS.

FASE PERÍODO (meses)

POSIÇÃO DO ÚTERO

TAMANHO FETO (cm)

CARACTERÍSTICAS

Sem sinais evidentes

1 Pélvica 1 Sem sinais evidentes

Pequena bolsa 1-2

(31º ao 60º)

Pélvica 3-9 - assimetria dos cornos uterinos;

- vesícula amniótica;

- efeito de parede dupla;

- flutuação;

- corpo lúteo ipsilateral. Grande bolsa 1-3

(61º ao 90º)

Pélvica/

Abdominal

10-14 - assimetria pronunciada dos cornos uterinos;

- flutuação;

- efeito de parede dupla;

- feto possível de ser palpado.

Balão 3-4

(91º ao 120º)

Pélvica/

Abdominal

15-20 - grande balão;

- flutuação;

- placentônios;

- feto;

- frêmito arterial. Descida 4-6

(121º - 180º)

Abdominal Ventral

- - cérvice distendida;

- placentônios;

- difícil palpação do feto. Final 7-9

(181º - 208º)

Abdominal Ascendente

- - palpação do feto;

- placentônios;

- frêmito arterial.

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6.1.2 EFICIÊNCIA DO MÉTODO DE PALPAÇÃO RETAL

O diagnóstico de gestação por palpação retal é considerado um método

eficiente e seguro, cuja acuidade aproxima-se de 100%, desde que realizado por

profissional treinado. Erros de diagnóstico podem ocorrer devido a repleção vesical,

conteúdo não fisiológico, pós-parto precoce, projeções de porções do rúmen no

sentido dorso ventral ou confusão devido à palpação de ovários por placentônios. A

incidência de perdas gestacionais principalmente no primeiro terço gestacional é

maior que nas outras fases, e esse fato deve ser de conhecimento do proprietário. O

parto pode não ocorrer por erro de diagnóstico ou perda/morte pré-natal. Os erros de

diagnóstico ocorrem por falhas na interpretação dos exames realizados ou devido a

condições patológicas peculiares, no entanto, nesses últimos, os sinais positivos de

gestação não estão presentes. As condições patológicas mais comuns são piometra,

hidrometra, doenças das novilhas brancas, linfoma uterino, morte fetal, mumificação

e maceração fetal e tumores ovarianos.

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7 ESTAÇÃO REPRODUTIVA

7.1 ESTAÇÃO REPRODUTIVA DE NOVILHAS

Com o uso estratégico de pastagens cultivadas de maior disponibilidade e

qualidade durante a estação seca, uma melhor condição nutricional é proporcionada

às novilhas que serão enxertadas e às novilhas de primeira cria.

Assim sendo, as novilhas paridas (primiparas) terão menor desgaste

orgânico, favorecendo o aparecimento do primeiro cio fértil e as novilhas a serem

enxertadas atingirão mais rapidamente a condição corporal desejada.

A estação reprodutiva das novilhas deve ter inicio e término de 25-45 dias

antes que a das vacas, uma vez que as novilhas de primeira cria apresentam

intervalos maiores entre parto e primeiro cio fértil, quando comparado com as vacas,

sendo que o tamanho associado a seu peso (desenvolvimento corporal) é mais

importante que a idade.

A idade e a época de maturidade sexual vão depender da raça e da

alimentação.

O peso ideal para serem selecionadas para o programa reprodutivo, de

novilhas Nelore, está em torno dos 270-280Kg, atingindo este peso, em criações

extensivas, por volta dos 25-30 meses. No entanto, em condições de pastagens

melhoradas, pode ser reduzida para 20-24 meses. Já para as novilhas com sangue

europeu, por volta dos 300-320 kg/vivo, dependendo da alimentação fornecida, a

partir dos 12-18 meses.

Mesmo que estas novilhas entrem em cio antes desta condição, elas não

devem ser cobertas, pois se corre o risco de não conseguir manter as exigências

nutritivas ao seu bom desenvolvimento.

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Se as novilhas forem acasaladas com bom desenvolvimento corporal e não

sofrerem restrição alimentar, durante a gestação e no pós-parto, é possível que elas

retornem com cio fértil apos 45 dias. Entretanto, a freqüência e a intensidade da

amamentação poderão atrasar consideravelmente o retorno ao cio fértil.

Fornecer boa alimentação às futuras vacas é, portanto, condição

indispensável ao perfeito desenvolvimento e a obtenção de bons resultados.

Como as novilhas deverão entrar em reprodução mais cedo que as vacas, na

mesma estação reprodutiva, deverão ser trabalhadas em pastos separados.

No entanto, tem-se observado que, quando há intervenção nos partos (parto

distócico) ocorre maior incidência de rejeição ao bezerro, assim como quando do

momento do parto (natural), os peões se apoderam do bezerro para curar umbigo,

tatuar, aplicar medicamentos, etc. antes mesmo da vaca limpar o bezerro e este ter

mamado o colostro (primeiro leite).

Para que isto ocorra com menos freqüência, as novilhas devem, assim como

as vacas, serem colocadas em pastos maternidade, em ambiente calmo. E o manejo

com o bezerro recém-nascido acontecer após o bezerro mamar o colostro. Muitas

novilhas, talvez por estarem com o úbere muito cheio (com muito leite e até mesmo

inflamado), sentem dor e não deixam o recém-nascido mamar. O peão deve

interferir, prendendo a vaca e colocando o bezerro para mamar nos quatro peitos de

forma igual, "esgotando" a vaca logo em seguida. Repetir esta operação tantas

vezes quantas forem preciso, até que o bezerro consiga mamar sozinho.

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7.2 ESTAÇÃO REPRODUTIVA DE VACAS

O inicio da estação reprodutiva vai depender de qual época se deseja que

aconteçam os nascimentos e a desmama, uma vez que a gestação leva nove meses

e meio, ela deve ter seu início programado por igual período antes da primeira

parição.

A estação reprodutiva deve-se concentrar nos períodos de melhor

fornecimento de alimentos, uma vez que as exigências nutritivas para reprodução

são altas, assim o nascimento ocorre nos períodos secos onde a incidência de

doenças é menor.

Recomenda-se uma estação de monta curta, como modelo ideal, de

aproximadamente 3(três) meses, sendo os mais recomendados entre novembro,

dezembro e janeiro.

Normalmente quando a estação reprodutiva é muito longa, isto nos indica que

não só este fator deve ser corrigido, na determinada propriedade, pois sempre está

associado a várias outras formas de manejo não tão adequadas.

A implantação da técnica de Inseminação Artificial em fazendas sem estação

reprodutiva definida pode ser feita de forma rápida através da seleção de matrizes e

formação dos lotes, pastos reservados, treinamento de mão-de-obra (formação de

Inseminadores), preparação de rufiões e aquisição de materiais.

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8 MANEJO ALIMENTAR

O manejo alimentar na bovinocultura de corte se faz necessário para obter

melhor desenvolvimento do animal e isto só é alcançado quando o gado recebe os

nutrientes fundamentais em cada fase da vida.

A Fazenda Caçadinha utiliza sal mineral com os compostos minerais

orgânicos, que são substâncias trabalhadas bioquimicamente para que exerçam

diferentes funções no organismo dos animais.

Existem três tipos de moléculas trabalhadas, o TQ (transquelato), o FQ

(fosforilato) e o CQ (carbo-amino fosfo quelato).

Para o período de seca foi utilizado a cana de açúcar como fonte de forrageira

aos animais.

8.1 MOLÉCULA TQ (TRANSQUELATO)

É o produto resultante da ligação de íons minerais com peptídeos ou

aminoácidos de origem vegetal, proporcionando a estes minerais maior grau de

biodisponibilidade.

8.2 MOLÉCULA FQ (FOSFORILATO)

É o produto resultante da ligação de uma fonte de fósforo com carboidratos

simples e complexos através de reações enzimáticas de fosforilação, resultando em

um substrato de alta energia que estimula a multiplicação e atividade da flora

microbiana, proporcionando maior digestibilidade dos alimentos e síntese de

proteína microbiana.

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8.3 MOLÉCULA CQ (CARBO AMINO FOSFO QUELATO)

Também chamado carboquelato, é o produto resultante da ligação de íons

minerais com peptídeos e aminoácidos de origem vegetal, e da ligação de oligo e

polissacarídeos com fonte de fósforo mediante reações de fosforilação,

proporcionando maior biodisponibilidade mineral com ativação e multiplicação da

flora microbiana simultaneamente.

8.4 PROGRAMA BOI VERDE NA CRIA

O Programa Boi Verde Tortuga possui um produto específico para cada

estágio da criação e para cada período do ano: seca e águas. Isso possibilita uma

pecuária de ciclo curto exclusivamente a pasto, o chamado Boi Verde, que

apresenta baixo custo e excelentes resultados ao produtor.

Será exposto o programa Boi Verde para o período de cria.

8.4.1 Fosbovi Reprodução

É um suplemento mineral para touros e matrizes no período das águas.

Mineral indicado para o aumento da fertilidade e da produtividade de touros e

matrizes. Promove um incremento significativo nas taxas de fertilidade do rebanho,

que com uma nutrição mineral mais eficiente reduzirá o intervalo entre partos e

aumentará a produção de bezerros, além de propiciar o nascimento de crias mais

fortes e saudáveis. A produção de leite também é estimulada, propiciando mais

rápido desenvolvimento das crias. Segue Tabela3 com os níveis de garantia do

produto.

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TABELA 3: NÍVEIS DE GARANTIA DO FOSBOVI REPRODUÇÃO.

Níveis de Garantia por Kg de produto: Quantidade Cálcio (g) 123,00 Fósforo (g) 90,00 Magnésio (g) - Potássio (g) - Sódio (g) 141,00 Iodo (mg) 75,00 Cobre (mg) 1.500,00 Cobalto (mg) 60,00 Ferro (mg) 1.800,00 Manganês (mg) 1.800,00 Selênio (mg) 17,00 Zinco (mg) 4.500,00 Cromo (mg) 20,00 Enxofre (g) 18,00 Flúor (max.) (mg) 900,00 Solubilidade do fósforo (P) em ácido cítrico a 2% (min) % 95,00 Validade após fabricação anos 2

8.4.2 FOSBOVINHO

É um suplemento mineral para bezerros em aleitamento.

Mineral específico para o bezerro ao pé da vaca, em fase de aleitamento.

Deve ser fornecido desde o nascimento até a desmama, no “cocho do fosbovinho”.

O consumo é de aproximadamente 8Kg nesse período, que é de 7 a 8 meses. Este

produto não só supre as necessidades de suplementação mineral dos bezerros,

como também estimula o desenvolvimento do rúmen e de sua flora mais

precocemente, permitindo assim, uma desmama de animais mais sadios e com

pesos superiores. Segue Tabela4 com os níveis de garantia do produto.

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TABELA 4: NÍVEIS DE GARANTIA DO FOSBOVINHO.

Níveis de Garantia por Kg de produto: Quantidade Cálcio (g) 35,50 Fósforo (g) 26,00 Magnésio (g) - Potássio (g) - Sódio (g) 32,00 Iodo (mg) 80,50 Cobre (mg) 1.200,00 Cobalto (mg) 30,00 Ferro (mg) 1.100,00 Manganês (mg) 2.288,00 Selênio (mg) 11,00 Zinco (mg) 4.900,00 Cromo (mg) 10,00 Enxofre (g) - Flúor (max.) (mg) 260,00 Solubilidade do fósforo (P) em ácido cítrico a 2% (min) % 95 Validade após fabricação anos 1

8.4.3 CREEP-FEEDING: COCHO EXCLUSIVO PARA BEZERROS

O fornecimento do Fosbovinho deve ser feito em cochos especiais,

denominados “creep-feedings”, isto é cochos com acesso exclusivo para bezerros. É

um local cercado onde as vacas ficam do lado de fora e os bezerros entram e saem

à hora que querem. Aí eles podem receber suplementos específicos.

Os modelos de construção são muito variados, cabendo ao criador escolher o

que mais lhe convier, desde que cumpra sua função básica que é a de alimentar

separadamente as crias.

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FIGURA 1. ESQUEMA DO COCHO FOSBOVINHO.

8.5 CANA DE AÇÚCAR - Saccharum officinarum

“Dentre as gramíneas forrageiras, a cana-de-açúcar se destaca por dois

aspectos: alta produção de matéria seca (MS) por hectare e capacidade de

manutenção do potencial energético durante o período seco. Além disso, o seu

replantio se faz necessário apenas a cada quatro ou cinco anos” (THIAGO et alii,

2002).

O valor nutricional da cana está diretamente correlacionado com o seu alto

teor de açúcar (40%–50% de açúcares na matéria seca), visto que seu teor de

proteína é extremamente baixo. O resultado é um alimento nutricionalmente

desbalanceado, e quando oferecido como único componente da dieta, o consumo é

baixo e não é capaz de atender nem mesmo às necessidades de mantença do

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animal. Portanto, se o objetivo for alcançar mantença ou ganhos de peso, a cana-de-

açúcar, necessariamente, precisa ser suplementada.

Para se atender à situação de mantença ou ganho pouco acima da mantença,

a opção mais simples e barata é usar o nitrogênio não protéico (uréia + sulfato de

amônio). Este suplemento vai atender diretamente às exigências nutricionais dos

microorganismos do rúmen, resultando em melhor consumo e utilização de

nutrientes. Já para alcançar ganhos de peso, é necessário atender também às

exigências nutricionais do animal, por meio de outros suplementos, tais como

farelos, grãos, rações etc. O resultado seria ganho entre 400 e 700 g/dia para

bovinos em crescimento.

Em função do seu alto teor de carboidratos solúveis, a cana é classificada

como um volumoso de média qualidade (valor médio de 58,9% de nutrientes

digestíveis totais – NDT), mas com baixos teores de proteína bruta (valor médio de

3,8%) e fósforo (valor médio de 0,06%).

8.5.1 Colheita Da Cana-de-açúcar

“Pode ser manual ou mecânica, dependendo da quantidade a ser trabalhada

diariamente. Deve ser feita quando a cana estiver madura (período da seca), quando

maior será o teor de açúcar (40%–50%, base matéria seca) e melhor o valor

nutricional. Não deve ser utilizada durante a fase de crescimento (período das

chuvas). Após o corte, a cana pode ser armazenada na sombra, por até três dias;

entretanto, uma vez picada, precisa ser imediatamente utilizada, de forma a reduzir

os efeitos negativos da fermentação sobre o seu consumo” (ibid, 2002).

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Independente da forma de colheita, a cana deve ser cortada rente ao solo. Se

for possível, devem ser retiradas as folhas secas antes do corte. As colhedeiras de

forragens existentes no mercado apresentam capacidade de corte próxima de 25

t/hora, e tamanho de partícula ajustável entre 3–18 mm.

Possíveis sobras de cana podem ser utilizadas no ano seguinte, mas isso

deve ser evitado, pois compromete o manejo e a produção do canavial. O ideal seria

conservar essa sobra sob a forma de silagem ou desidratação (85% a 90% de

matéria seca).

8.6 PASTAGENS

8.6.1 Brachiaria decumbes

Esta braquiária é uma gramínea de origem africana, com exigência média em

solos, adaptando-se àqueles argilosos ou arenosos e de profundidade razoável.

Adapta a áreas tropicais úmidas (18 a 28ºC e 1.100 a 1.400 mm de chuva/ano) com

estação seca de 4 a 5 meses; responde visivelmente à fertilização nitrogenada

segundo (ALCÂNTARA et alii., 1978, p.28).

Cresce bem no verão, porém tem sua produção afetada por baixas

temperaturas, sofrendo bastante com a ocorrência de geadas.

Produz cerca de 9 a 11 toneladas de matéria seca por hectare em 4 cortes;

presta-se bem para a fenação e pastejo contínuo.

Composição bromatológica em 100% de matéria seca (MS): PB% = 5,87 a

9,02 e FB% = 31,21.

Foi determinado um agente infeccioso que é o fungo Pithomyces chartarum,

também encontrado em diversas gramíneas, porém só aqui causando a

sintomatologia de fotosensibilização.

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8.6.2 Brachiaria humidicola

Gramínea bastante agressiva, pouco exigente em solo, vegeta bem em locais

secos ou úmidos, resiste bem à geada. Presta-se bem ao controle de erosão e ao

pastoreio. Em 100% de matéria seca (MS), apresenta cerca de 11,90% de PB e

37,54% de FB (ibid, p.29).

8.6.3 Brachiaria brizantha

Gramínea largamente distribuída em regiões mais ou menos úmidas

(760mm) do nível do mar até mais de 2.000m de altitude, resistente à seca, cresce

bem tanto em solos secos e úmidos (ibid, p.27).

Permite associação com soja perene, siratro, além de outras leguminosas

subarbustivas.

Produz cerca de 8 a 10 toneladas de MS/ha/ano.

Composição bromatológica, (base matéria seca) 21 dias de idade:

PB% = 10,7 ; EE% = 2,2; ; FB% = 26,1

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9 CONCLUSÃO

O estágio curricular obrigatório é uma ótima forma de adaptar o acadêmico ao

mercado de trabalho. No estágio pode ser praticado o que foi aprendido em teoria e

aprender mais técnicas com outros profissionais que estão há mais tempo na área.

Neste estágio, aprimorei meus conhecimentos sobre a área de bovinos de corte,

onde os principais cuidados são com os de manejo sanitário, nutricional e cuidado

com os recém nascidos para que o índice de mortalidade não seja alto.

Ter o conhecimento da região e o manejo nutricional adequado para cada

época do ano se faz necessário para o sucesso da criação de bovinos e traz a

garantia de bons níveis zootécnicos para a propriedade em que vá se atuar.

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10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALCÂNTARA, Paulo Bardauil; BUFARA, Gilberto. Plantas forrageiras: gramíneas & leguminosas. São Paulo: Nobel, 1978. FORTES, Elinor. Parasitologia veterinária. 3. ed. São Paulo: Ícone, 1997.

GONÇALVES, Paulo Bayard Dias; FIGUEIREDO, José Ricardo; FREITAS, Vicente José de Figueiredo. Biotécnicas aplicadas à reprodução animal. São Paulo: Varela, 2001. HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal. 6. ed. São Paulo: Manole Ltda.

NASCIMENTO, Ernane Fagundes do; SANTOS, Renato de Lima. Patologia da reprodução dos animais domésticos. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. RADOSTITS, Otto M.; GAY, Clive C.; BLOOD, Douglas C.; HINCHCLIFF, Kenneth W. Clínica Veterinária – um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e eqüinos. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2002.

SOUZA, Guilherme Moreira. Planejamento e estratégias na nutrição de bovinos a pasto. UFMG, 2005.

THIAGO, Luiz Roberto Lopes de S.; VIEIRA, Jairo Mendes. Cana-de-açúcar: uma alternativa de alimento para a seca. In: Comunicado Técnico, site EMBRAPA www.cnpg.embrapa.br/publicações/cot/COT73.html, n.º 73, dez. 2002. TURNER, A. Simon; McILWRAITH, C. Wayne. Técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. São Paulo: Roca, 2000.

VANZIN, Ivan Marcus. Manejo Reprodutivo. Disponível em: http://www.greenbeef.com.br/dicas reprodutivas.htm. Acesso em: 08 nov. 2006.