universidade tuiuti do paranÁ faculdade de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
2010
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MELHORAMENTO DO REBANHO OVINO DA FAZENDA PÉ DA SERRA
ATRAVÉS DO MÉTODO FAMACHA E AVALIAÇÃO DO ESCORE
CORPORAL
CURITIBA
2010
Laise Kudlavies Iarek
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médica Veterinária.
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitor Administrativo
Sr. Carlos Eduardo Rangel santos
Pró-Reitoria Acadêmica
Profª. Carmem Luiza as Silva
Pró- Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão
Profª. Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini
Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Prof. João Henrique Faryniuk
Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária
Profª. Ana Laura Angeli
CAMPUS BARIGUI
Rua Antonio Rangel Santos, 238 Santo Inácio
CEP 82.010-330-Curitiba-PR
Fone(41)3331-7958
TERMO DE APROVAÇÃO
Laíse Kudlavies Iarek
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção do
título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do curso de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 29 de novembro de 2010
Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Profº Marcelo Arne Feckinghaus
Universidade Tuiuti do Paraná
Profª Silvana Krychak Furtado
Universidade Tuiuti do Paraná
Profº Welington Hartmann
Universidade Tuiuti do Paraná
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C) apresentado ao curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde como
requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária é composto de
um relatório de estágio, no qual foram descritas as atividades realizadas por
Laíse Kudlavies Iarek, durante o período de 26/07/2010 a 11/11/2010 na
Fazenda Pé da Serra, na área de ovinocultura, cumprindo estágio curricular e
uma revisão de literatura sobre o tema: manejo nutricional, sanitário,
reprodutivo e de instalações.
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado forças para chegar até
Aos meus pais, Silvestre e Roseli, pelo incentivo, dedicação e apoio,
sem vocês este sonho não teria se realizado.
Aos meus irmãos, sobrinhos, cunhados, parentes e amigos, pelo apoio e
paciência. Obrigado por me ajudarem a chegar até aqui.
Ao amor da minha vida, Silvio, que sempre me apoiou nas minhas
decisões, pela paciência e compreensão, o meu muito obrigado.
Aos meus colegas de turma, em especial Liedge, Joyce, Hellen, Fer, Tio,
Roni, Fabrício, pelos 5 anos de incansáveis dias de aula, trabalhos juntos,
diversão...
Aos meus queridos mestres, que com carinho e dedicação me ensiram a
cada dia amar mais esta profissão. Em especial aos meus professores
orientadores Marcelo e Elza e aos professores Antonio Carlos e Silvana pela
paciência e apoio nesta reta final.
Enfim, a todos os funcionários da Universidade e a todas aquelas
pessoas que de uma maneira ou outra contribuíram com este sonho, o meu
muito obrigado!
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... ..i
LISTA DE QUADROS........................................................................................iii
RESUMO............................................................................................................iv
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ .....1
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.........................................................3
3 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO....................................7
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................13
4.1 MANEJO NUTRICIONAL............................................................................13
4.1.1 ESCORE CORPORAL..............................................................................13
4.1.2 ALIMENTAÇÃO DAS FÊMEAS................................................................14
4.1.3 ALIMENTAÇÃO DO MACHO ADULTO....................................................18
4.1.4 ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS...........................................................18
4.2 MANEJO SANITÁRIO.................................................................................21
4.2.1 CONTROLE DE PARASITAS...................................................................21
4.2.2 ESQUEMA DE VACINAÇÃO....................................................................24
4.2.3 BOSSEGURANÇA....................................................................................25
4.3 MANEJO REPRODUTIVO..........................................................................26
4.3.1 ESCOLHA DO EPRODUTOR E MATRIZES............................................26
4.3.2 ESTAÇÃO DE MONTA.............................................................................27
4.3.3 MÉTODO DIAGNÓSTICO........................................................................29
4.3.4 MANEJO PRÉ PARTO E PARIÇÃO......................................................30
4.3.4 MANEJO DO RECÉM NASCIDO.............................................................30
4.4 INSTALAÇÕES...........................................................................................31
4.4.1 CENTRO DE MANEJO.............................................................................31
4.4.2 ABRIGOS..................................................................................................32
4.4.3 COMEDOUROS E BEBEDOUROS..........................................................33
4.4.4 SALEIROS........................................................................................ ........34
4.4.5 CERCAS...................................................................................................34
5 MANEJO DOS OVINOS DA FAZENDA PÉ DA SERRA...............................36
5.1 MANEJO NUTRICIONAL.............................................................................36
5.2 MANEJO SANITÁRIO..................................................................................38
5.3 MANEJO REPRODUTIVO...........................................................................39
5.4 INSTALAÇÕES............................................................................................40
6 MELHORAMENTO DO REBANHO DA FAZENDA PÉ DA SERRA ATRAVÉS DO MÉTODO FAMACHA E AVALIAÇÃO DO ESCORE CORPORAL......................................................................................................43
6.1 RESUMO.....................................................................................................43
6.2 INTRODUÇÃO.............................................................................................43
6.3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................45
6.4 RESULTADOS............................................................................................49
6.5 CONCLUSÃO..............................................................................................52
7 CONCLUSÃO DO ESTÁGIO.........................................................................53
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................54
i
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 FAZENDA PÉ DA SERRA LEITERIA..........................................4
FIGURA 2 FAZENDA PÉ DA SERRA HOSPITAL VETERINÁRIO...............4
FIGURA 3 FAZENDA PÉ DA SERRA EQUIDEOCULTURA.........................5
FIGURA 4 FAZENDA PÉ DA SERRA SUINOCULTURA..............................5
FIGURA 5 FAZENDA PÉ DA SERRA OVINOCULTURA..............................6
FIGURA 6 MANEJO DO NEONATO................................................................9
FIGURA 7 CASTRAÇÃO CIRÚRGICA DE LEITÕES.......................................9
FIGURA 8 CURSO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS...............9
FIGURA 9 IDENTIFICAÇÃO DOS AVESTRUZES COM BRINCO................10
FIGURA 10 VACINAÇÃO ANTI-RÁBICA.......................................................10
FIGURA 11 TRATAMENTO DE ABCESSO EM VACA LEITEIRA.................10
FIGURA 12 NECRÓPSIA DE OVELHA COM ASPIRAÇÃO DE CONTEÚDO RUMINAL...........................................................................................................11
FIGURA 13 FLUIDO TERAPIA INTRAVENOSA EM OVELHA......................11
FIGURA 14 FLUIDO TERAPIA INTRAVENOSA EM CORDEIRO.................11
FIGURA 15 MANEJO DE OVELHA EM TRATAMENTO................................12
FIGURA 16 TRANSFUSÃO DE SANGUE EM OVINOS................................12
FIGURA 17 COLHEITA DE PAPILOMA BOVINO..........................................12
FIGURA 18 FAMACHA 1 E 5, RESPECTIVAMENTE....................................23
FIGURA 19 TABELA MÉTODO FAMACHA...................................................23
FIGURA 20 ÁREA DE PASTEJO DAS FÊMEAS E CORDEIROS.................36
FIGURA 21 SILAGEM UTILIZADA NA ALIMENTAÇÃO DOS OVINOS.............................................................................................................37
FIGURA 22 ÁREA DE PASTEJO DOS REPRODUTORES...........................37
FIGURA 23 E 24 APRISCO............................................................................40
FIGURA 25 PIQUETE DOS REPRODUTORES............................................41
ii
FIGURA 26 E 27 CENTRO DE MANEJO.......................................................41
FIGURA 28 PESAGEM DOS ANIMAIS..........................................................47
FIGURA 29 COLHEITA DE FEZES................................................................47
FIGURA 30 VERIFICAÇÃO DO ESCORE CORPORAL................................47
FIGURA 31 ANÁLISE FAMACHA...................................................................48
FIGURA 32 CULTURA DE LARVAS..............................................................48
FIGURA 33 MÉDIA DO GANHO DE PESO DOS ANIMAIS...........................49
FIGURA 34 MÉDIA DO FAMACHA DOS ANIMAIS.......................................49
FIGURA 35 MÉDIA DO ESCORE CORPORAL DOS ANIMAIS....................50
iii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA FAZENDA PÉ DA SERRA NA OVINOCULTURA................................................................................................7
TABELA 2 OUTRAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA FAZENDA PÉ DA SERRA............................................................8
TABELA 3 COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS NO TERÇO FINAL DE GESTAÇÃO, LACTAÇÃO ATÉ A COBERTURA................17
TABELA 4 COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS SECAS........................................................................................................ .......17
TABELA 5 RAÇÃO BALANCEADA PARA CORDEIRO DOS 15 AOS 150 DIAS...................................................................................................................20
iv
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade relatar as atividades
desenvolvidas, pela acadêmica Laíse Kudlavies Iarek durante o estágio
curricular realizado na Fazenda Pé da Serra, sob supervisão profissional da
Médica Veterinária Elza Maria Galvão Ciffoni e orientação acadêmica do
Professor Marcelo Arne Feckinghaus, durante o período de 26/07/2010 a
11/11/2010, totalizando 360 horas. Descreve o local de estágio, fazendo um
relato sobre: manejo nutricional, sanitário, reprodutivo e de instalações para
ovinocultura, com ênfase em manejo nutricional e sanitário.
Palavras chave: ovinocultura, sanidade, nutrição.
1
1-INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem por objetivo relatar as atividades realizadas na
Fazenda Pé da Serra, localizada em São José dos Pinhais PR, pela acadêmica
Laise Kudlavies Iarek, cumprindo uma carga horária de 360 horas, através de
trabalhos executados nas áreas de manejo nutricional, sanitário e na área de
clínica médica dos animais da propriedade, com ênfase em ovinos.
O rebanho ovino brasileiro conta com um efetivo da ordem de
aproximadamente 16 milhões de cabeças, onde a região nordeste representa
58,55% do rebanho, a região sul 28,4%, e as demais regiões variando de 3 a
6% (TONISSI et al., 2009).
A criação de pequenos ruminantes é uma atividade com potencial
econômico, sendo socialmente integradora e de baixo impacto ambiental.
Apresenta como vantagens comparativas o curto ciclo de produção, permite
criar em áreas menores, aproveitando instalações ociosas na propriedade,
além de a carne de cordeiro ter sabor peculiar agradável e qualidade nutricional
superior (TONISSI et al., 2009).
Tanto a ovinocultura quanto a caprinocultura de corte podem ser
planejadas em modelos de associativismo ou cooperativismo para a produção
de carne, pele, lã ou leite, o que aumenta o leque de opções de trabalho e
renda no campo (EMBRAPA, 2009).
Dentre os fatores que determinam a produção de ovinos, destacam-se
genética, nutrição, sanidade e o manejo. A nutrição e a sanidade apresentam
impacto marcante, pois determinam a saúde e o desempenho do animal, alem
de apresentar elevada participação nos custos de produção. A utilização de
2
métodos fáceis e de custo baixo como Famacha e avaliação do escore
corporal, nos auxiliam na avaliação destes dados, contribuindo para um
aprimoramento do rebanho.
3
2- DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO
A Fazenda Pé da Serra está localizada em São José dos Pinhais PR.
A área total da propriedade é de 1.061.363,20 m², onde o setor de
ovinocultura corresponde a 36.200 m².
O objetivo da propriedade é trazer aos acadêmicos do curso de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná a vivência prática e profissional
nos setores de ovino e caprinocultura (Figura 5), suinocultura (Figura 4),
bovinocultura de leite (Figura 1), equideocultura (Figura 3) e estrutiocultura
dispondo de um Hospital Veterinário (Figura 2) para atendimento clínico e
cirúrgico e internamento dos animais da fazenda e de outras propriedades.
Na ovinocultura, a propriedade conta com um aprisco de 120 m², com
um setor para manejo dos animais de 80 m² dividido em baias de 4 m². O
sistema de criação adotado na propriedade é semiextensivo, onde os animais
contam com uma área de pastejo de 36.000 m², sendo a vegetação
predominante grama nativa. O plantel é composto por 67 animais sendo 37
ovelhas, 25 cordeiros e 5 reprodutores.
7
3- ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO
As atividades realizadas no período do estágio na Fazenda Pé da Serra
foram voltadas para o manejo nutricional e sanitário dos ovinos, principalmente,
sendo realizada colheita de fezes e pesagem em intervalos quinzenais e
avaliação do escore corporal e coloração da mucosa ocular pelo método
Famacha semanalmente.
Atendimentos a todos os animais da fazenda foram também
acompanhados.
TABELA 1 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE
ESTÁGIO NA FAZENDA PÉ DA SERRA NA OVINOCULTURA
ATIVIDADE REALIZADA NA OVINOCULTURA Nº DE CASOS
Correção cirúrgica de prolapso de reto 1
Apara de casco 4
Fluidoterapia (Figuras 13 e 14) 6
Identificação com brinco 15
Necropsia (Figura 12) 3
Transfusão (Figura 16) 5
Tratamento de abcessos 2
Tratamento de míiase 1
Vacina contra clostridiose 25
Curso de Inseminação Artificial em Ovinos 1
8
TABELA 2 OUTRAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE
ESTÁGIO NA FAZENDA PÉ DA SERRA
OUTRAS ATIVIDADES
Manejo de leitões
Castração cirúrgica dos leitões (Figura 7)
Colheita de papiloma de bovino (Figura 17)
Colheita de fezes de eqüinos
Apara de casco em bovinos
Curso de inseminação artificial em bovinos (Figura 8)
Descorna cirúrgica de bezerras
Exame coproparasitológico dos animais da fazenda
Fluidoterapia em potro
Identificação dos avestruzes com brinco (Figura 9)
Manejo de neonatos (Figura 6)
Necropsia de equinos
Tratamento de abcessos em vacas leiteiras (Figura 11)
Tratamento de conjuntivite em avestruz
Tratamento de mastite em bovinos
Tratamento de miíases em eqüinos
Vacinação anti-rábica (Figura 10)
9
Figura 6: MANEJO DE NEONATO
Figura 7: CASTRAÇÃO CIRÚRGICA DE LEITÕES
Figura 8: CURSO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS
10
Figura 9: IDENTIFICAÇÃO DOS AVESTRUZES COM BRINCO
Figura 10: VACINAÇÃO ANTI-RÁBICA
Figura 11: TRATAMENTO DE ABSCESSO EM VACA LEITEIRA
11
Figura 12: NECRÓPSIA DE UMA OVELHA COM ASPIRAÇÃO DE
CONTEÚDO RUMINAL
Figura 13: FLUIDOTERAPIA INTRAVENOSA EM OVINO
Figura 14: FLUIDOTERAPIA INTRAVENOSA EM CORDEIRO
12
Figura 15: MANEJO OVELHA EM TRATAMENTO
Figura 16: TRANSFUSÃO DE SANGUE EM OVINO
Figura 17: COLHEITA DE PAPILOMA DE BOVINO
13
4- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1- MANEJO NUTRICIONAL
O consumo da carne ovina e de seus subprodutos vem crescendo
notadamente no mercado nacional e mundial. A produção de animais para
abate tem sido a principal meta dos criadores, uma vez que uma parcela
significativa da carne consumida no Brasil é de origem importada (TONISSI et
al., 2009).
No que se refere ao aspecto nutricional, para que os animais possam
expressar o seu potencial produtivo, há a necessidade do conhecimento do
valor nutritivo dos alimentos e das necessidades nutricionais dos animais
(TONISSI et al., 2009).
4.1.1 - ESCORE CORPORAL
Teoricamente, a quantidade exata de nutrientes necessários para cada
estágio de produção deve ser fornecida; no entanto, isso quase sempre não é
prático em condições de campo e o animal fica sujeito a períodos sazonais de
carência ou excesso de nutrientes (PUGH, 2005).
A avaliação do escore corporal é extremamente útil na determinação da
condição nutricional do rebanho, onde a pontuação varia de 1 a 5. Animais em
condição de magreza extrema, recebem 1; e animais com extrema obesidade,
5 (PUGH, 2005).
Este procedimento é realizado mediante a palpação de um animal,
investigando o conteúdo de gordura que recobre os processos espinhosos e
processos transversos da região lombar. Preferencialmente, a maior parte dos
14
rebanhos deve apresentar escore corporal 2,5 a 3 na época do acasalamento e
parição (PUGH, 2005).
4.1.2 - ALIMENTAÇÃO DAS FÊMEAS
Manutenção: durante este período o objetivo é manter o peso e a saúde
das fêmeas e recuperar qualquer perda que ocorreu durante a lactação. A
maioria das pastagens propicia consumo de teor adequado de nutrientes para
a manutenção de ovelhas não prenhes e não lactantes (PUGH, 2005), mas a
continuação da suplementação nesta fase é importante por propiciar alguma
melhora neste curto período até a fecundação (TONISSI et al., 2009).
Cobertura: o peso vivo das ovelhas tem uma importância muito grande
durante o período do acasalamento. Ovelhas bem alimentadas produzem
cordeiros mais fortes, com maior índice de partos gemelares e diminuindo os
riscos de alta mortalidade durante a parição. Recomenda-se cobrir ou
inseminar artificialmente as fêmeas jovens quando atingirem, no mínimo, 60%
do peso das matrizes adultas da mesma raça e sob o mesmo regime alimentar
(TONISSI et al., 2009).
Na época do acasalamento, tem-se utilizado a prática do flushing em
fêmeas com algum êxito. Com um bom estado corporal e uma melhor nutrição,
especificamente uma fonte de energia, aumenta a taxa de ovulação e
consequentemente a taxa de parição de cordeiros (PUGH, 2005).
Gestação: no início, a ovelha deverá ser alimentada de forma a atender
as suas necessidades de manutenção, uma vez que o feto tem
desenvolvimento muito lento no 1º período, onde apenas as pastagens
poderão suprir suas necessidades (TONISSI et al., 2009).
15
Os últimos 45 a 60 dias de gestação (terço final), são críticos no que se
refere a nutrição, pois 70% do crescimento do feto acontece neste período.
Tem importância nesta fase a quantidade de proteína oferecida pelas
pastagens e a suplementação energética (TONISSI et al., 2009).
Dieta inadequada pode ocasionar baixa produção de colostro,
nascimento de cordeiros abaixo do peso e com menor reserva energética,
ocasionando maior taxa de mortalidade, pois o peso ao nascimento é um fator
relevante na sobrevivência do rescém-nascido. Quando o cordeiro nasce com
peso abaixo de 2kg, pode resultar em um maior número de mortes nas
primeiras 24 horas. Por outro lado, o fornecimento excessivo de energia pode
acarretar obesidade e contribuir para distocia (PUGH, 2005).
Durante o final da gestação deve-se adotar uma dieta que minimize a
utilização de energia pelo organismo à partir da reserva de gordura, o
excessivo catabolismo de gordura pode resultar em toxemia da prenhez,
caracterizado pela formação de corpos cetônicos no sangue. A manutenção do
escore corporal 2,5 a 3 e o fornecimento de quantidade adequada de energia
auxilia na prevenção desta afecção (PUGH, 2005).
Alimentos ou suplementos minerais que contém ionóforo, antibióticos ou
decoquinato podem auxiliar no controle ou prevenção de coccidiose,
abortamento e toxemia da prenhez (PUGH, 2005).
Lactação: em ovelhas, o pico de lactação ocorre 2 a 3 semanas após o
parto e, à partir daí, declina rapidamente até 8 a 10 semanas de lactação. Uma
fêmea com parto gemelar, produz cerca de 30% mais leite que aquela que
pariu apenas uma cria (PUGH, 2005).
16
A maior ou menor produção de leite está intimamente relacionada com o
nível nutritivo proporcionado a ovelha no final da gestação e na lactação. Esta
é uma fase muito desgastante para a ovelha e a sua exigência pode ser
aumentada em até três vezes em relação à exigência para a manutenção. Se
não receberem nutrientes em quantidades adequadas, começam a perder peso
e a apresentar sinais de debilidade, comprometendo a produção de leite
(TONISSI et al., 2009). Além dos danos causados a ovelha, o baixo consumo
de energia durante o final da gestação e início da lactação resulta em taxa de
mortalidade de cordeiros acima do esperado, principalmente em partos
gemelares ou resulta em cordeiros apáticos, fracos e magros (PUGH, 2005).
Caso a produção de leite seja insuficiente, os cordeiros podem
compensar aumentando o consumo de alimentos sólidos. Porém, a
digestibilidade desses alimentos é menor que a do leite e os animais acabam
não consumindo a quantidade suficiente para suprir a carência de leite. Isso
resulta em animais com taxa de crescimento abaixo do normal no início da
lactação (PUGH, 2005).
17
TABELA 3 : COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS DO
TERÇO FINAL DA GESTAÇÃO, LACTAÇÃO ATÉ A COBERTURA (VALORES
DIÁRIOS POR ANIMAL).
Ingredientes Quantidades (g) Percentagem (%)
Milho moído 160,5 53,5
Farelo de algodão 21 7
Farelo de soja 21 7
Uréia 21 7
Suplemento Vitamínico 1,2 0,4
Calcário 7,8 2,6
Fosfato bicálcico 7,5 2,5
Núcleo mineral 60 20
Total 300 100
(TONISSI et al., 2009).
TABELA 4 : COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS SECAS
(VALORES DIÁRIOS POR ANIMAL).
Ingredientes Quantidades(g) Percentagem(%)
Milho moído 78 52
Farelo de soja 9 6
Farelo de algodão 12 8
Uréia 9 6
Calcário 3 2
Fosfato bicálcico 3,75 2,5
Núcleo mineral 32,25 23,5
Total 150 100
18
4.1.3 - ALIMENTAÇÃO DO MACHO ADULTO
Na estação de monta os animais devem estar em boa condição corporal,
sem excesso de gordura. Os ovinos reprodutores devem ser mantidos em
escore corporal pré-acasalamento entre 3 e 4, pois eles podem perder, mais de
10% de seu peso corporal em um mês e meio de estação de monta. Em geral é
benéfico fornecer suplemento de concentrado energético-proteico começando,
aproximadamente, 4 a 6 semanas antes da estação de monta (PUGH, 2005).
Após a estação de monta, pode ser necessário o fornecimento de algum
concentrado para auxiliar na recuperação da condição corporal adequada. No
restante do ano, podem ser alimentados com níveis de manutenção (PUGH,
2005).
4.1.4- ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS
Creep Feeding: este método visa propiciar a ingestão adequada de
alimentos palatáveis que contém todos os nutrientes necessários ao menor
preço possível. Os cordeiros ficam mordiscando no creep feed até que
alcancem 3 a 4 semanas de idade (PUGH, 2005).
Os alimentos fornecidos neste programa não necessitam ser complexos,
mas devem ser palatáveis, pois eles estão competindo com o leite; quando
peletizados ou grosseiramente moídos, em geral aumenta o consumo (PUGH,
2005).
Em geral este sistema deve propiciar um ganho adicional de 0,5 kg para
cada 1,8 a 3,2kg de alimento consumido. Essa eficiência varia de uma
condição para outra, porém quando o custo de alimento é baixo e o preço de
venda é alto, torna-se lucrativo (PUGH, 2005).
19
Desmame: é importante que os cordeiros consumam uma pastagem de
qualidade superior logo após a desmama, pois o estresse neste período é
grande; o cordeiro é separado de sua mãe e tem a necessidade de buscar
suprir suas exigências por si só, tais que permanecem altas neste período
(TONISSI et al., 2009).
O período de desmame pode ser precoce, 3 a 4 semanas de idade, ou
tardio, 8 a 12 semanas de idade. A decisão em desmamar os cordeiros baseia-
se na idade, na época do nascimento, na aptidão em se alimentar em creep
feeding, problemas com parasitas ou com predadores na propriedade e preço
de mercado (PUGH, 2005).
Os animais recém desmamados podem receber apenas uma forragem
de excelente qualidade ou receberem uma alimentação a base de concentrado
em volume equivalente a cerca de 1% do peso vivo/dia (PUGH, 2005).
Terminação: nesta fase, as exigências nutricionais estão diretamente
correlacionadas com a condição corporal. Considerando a terminação a partir
do desmame, o tipo de suplementação utilizada até os 150 dias constatará de
um equilíbrio de energia e proteína, sendo suficiente para estimular a formação
de uma cobertura de gordura adequada a conservação da carcaça próximo ao
abate (TONISSI et al., 2009).
O tipo de alimentação pode correlacionar concentrado e volumoso ou
somente o volumoso, de acordo com a qualidade deste (TONISSI et al., 2009).
Um estudo feito por Bernardi, Alves & Marin (2005), mostra o desempenho de
cordeiros sob quatro sistemas de produção, e detectaram que a produção de
cordeiros precoces em sistema de pastejo é viável.
20
TABELA 5 : RAÇÃO BALANCEADA PARA CORDEIROS DOS 15 AOS 150
DIAS (CONSUMO DIÁRIO POR ANIMAL)
Ingredientes Quantidades (g) Percentagem (%)
Milho moído 74,4 49,6
Farelo de soja 18 12
Farelo de algodão 13,5 9
Uréia 6 4
Suplemento Vitamínico 0,45 0,3
Calcário 4,2 2,8
Fosfato bicálcico 3,45 2,3
Núcleo mineral 30 20
Total 150 100
(TONISSI et al., 2009).
21
4.2- MANEJO SANITÁRIO
Os programas de manejo sanitário e de medicina preventiva do rebanho
são elaborados para minimizar os riscos dos efeitos adversos de enfermidades
previsíveis e para proteger os animais de outras doenças. O objetivo é
melhorar a produtividade do rebanho mediante a adoção de manejo adequado
no controle de parasitas, vacinação e manejo ambiental (PUGH, 2005).
4.2.1- CONTROLE DE PARASITAS
O parasitismo gastrintestinal é responsável por grande parte das perdas
observadas na criação de ovinos, reduzindo o desempenho produtivo dos
animais, podendo levar a morte (MOLENTO et al., 2004).
Existem várias espécies de helmintos gastrintestinais, porém em regiões
com clima tropical e sub-tropical, duas espécies são predominantes:
Haemonchus contortus e Trichostrongylus colubriformis, sendo a primeira a
principal espécie parasita de pequenos ruminantes (BASSETTO et al., 2009).
O uso indiscriminado de anti-helmínticos teve como conseqüência a seleção da
população de helmintos resistentes aos diferentes grupos químicos utilizados
no tratamento de ovinos. Várias alternativas para o controle desses parasitas
têm sido desenvolvida e pesquisada dentre as quais podemos destacar:
manejo de pastagens, seleção dos animais geneticamente resistentes,
desenvolvimento de vacinas e controle biológico. Uma das mais promissoras é
o controle biológico com a utilização de fungos nematófagos predadores de
larvas infectantes na pastagem (TONISSI et al., 2009).
Em um estudo feito por BASSETO et al., 2009, ovelhas mais resistentes
aos vermes tem um ganho de peso maior do que aquelas susceptíveis,
22
portanto as ovelhas menos resistentes apresentando constantemente sinais
clínicos de verminose, devem ser eliminadas do rebanho.
A realização de exames periódicos como o de contagem de ovos por
grama de fezes (OPG) em 5 a 10% dos animais nos auxilia no controle das
verminoses, administrando antiparasitário somente conforme a necessidade e
em conjunto com a ocorrência de sintomas. Um esquema de tratamento
estratégico para o rebanho é medicar as fêmeas no terço final da gestação,
logo após o parto e no desmame realizando na mãe e no filhote (TONISSI et
al., 2009).
Outro método para a orientação do tratamento com antiparasitário é a
observação da mucosa ocular, o método Famacha. Este método consiste em
verificar se há necessidade de medicação através da coloração da parte medial
da mucosa da conjuntiva. Para tal técnica há a necessidade de uma tabela que
contém graduação (figura 20) de 1 a 5 de acordo com a coloração, onde 1 é
bom e 5 é ruim, a aplicação do antiparasitário deve ser feita com a graduação a
partir de 3 (EMBRAPA, 2009).
Segundo MOLENTO et al., 2004, o uso do método Famacha pode
reduzir em até 75% do uso de anti-helminticos, associado a exames de OPG e
hematócrito, lembrando que este método é para controle somente de
Haemonchus contortus. A associação com outros métodos alternativos no
controle parasitário aumenta ainda mais a eficácia do mesmo.
24
4.2.2- ESQUEMA DE VACINAÇÃO
Segundo o MAPA, não existe vacina obrigatória para ovinos, mas
algumas são importantes para manter a sanidade do rebanho.
A vacina contra a Raiva deve ser feita em animais jovens, reprodutores e
matrizes, a partir dos quatro meses de idade e repetida anualmente, somente
em regiões em que haja casos confirmados (EMBRAPA, 2009).
A vacina contra clostridiose também é muito importante. As clostridioses
são doenças causadas por bactérias anaeróbicas que produzem toxinas com
propriedades letais, necrosantes, hemolíticas e neurotóxicas de acordo com a
espécie de clostridium (PUGH, 2005). O esquema de vacinação deve ser
realizado da seguinte maneira: (EMBRAPA, 2009)
Animais não vacinados aplicar duas doses com intervalo de 4 semanas
entre as vacinações e reforço anual;
Em filhos de mães não vacinadas, a primeira dose deve ser feita a partir
da 3ª semana de idade, com reforço após 30 dias;
Em filhos de mães vacinadas, á partir da 9ª semana de idade, com
reforço após 30 dias;
A vacina contra Linfadenite Caseosa deve ser realizada a partir dos 3
meses com reforço aos 30 dias e repetir anualmente (EMBRAPA, 2009). O
desafio maior está na eficiência da vacina, as vacinas fabricadas com a cepa
morta não demonstram resultados satisfatórios, uma vez que o agente
bacteriano age dentro da célula. Estudos recentes, realizados através da
utilização de cepas vivas que promovem imunidade celular, têm demonstrado
resultados melhores, eficácia em 100% do rebanho (HAGE et al, 2009).
25
4.2.3- BIOSSEGURANÇA
Na prática, os programas de biossegurança envolvem a compra de
animais diretamente da propriedade de origem, seu transporte em veículos
apropriados e prática de isolamento durante 30 dias (PUGH, 2005).
A quarentena é uma medida adotada na propriedade que permite
adaptação do animal ao novo ambiente, com o mínimo de estresse, além da
prevenção da entrada de novas doenças no rebanho, observando regularmente
o aparecimento de prurido, claudicação, tumefação externa e perda de peso
inexplicável. Além disso, os animais devem ser submetidos ao programa de
vacinação, desverminação e apara dos cascos, investigando possível presença
de podridão dos cascos. Devem ser avaliados também contra possíveis
doenças contagiosas ou infecciosas como estomatite vesicular, conjuntivite
contagiosa aguda, parasitas externos, lifadenite caseosa, scrapie, dermatite
proliferativa e dermatofilose (PUGH, 2005).
26
4.3- MANEJO REPRODUTIVO
A base para a organização de um sistema de produção para carne e
pele está na adoção de épocas de acasalamento bem definidas ao longo do
ano, de tal forma a proporcionar um intervalo entre partos médio de oito meses
(EMBRAPA, 2009).
A seleção dos animais é indispensável ao longo dos ciclos de
reprodução, buscando manter nos rebanhos apenas animais férteis, precoces
sexualmente, com alta velocidade de ganho de peso, fêmeas parideiras e boas
mães (EMBRAPA, 2009).
4.3.1-ESCOLHA DO REPRODUTOR E MATRIZES
Escolha do reprodutor: os machos são animais muito precoces,
podendo chegar a puberdade aos quatro meses e atingir a maturidade sexual
entre seis e sete meses (GRANADOS et al., 2006) e nesta idade a relação
macho/fêmea deve ser de um macho para quinze fêmeas (1:15) (EMBRAPA,
2009). A partir de dois anos de idade é considerado adulto, quando atinge o
peso ideal, desenvolvimento corporal e produção espermática adequada
(GRANADOS et al, 2006).
Segundo Granados et al, 2006, a escolha do reprodutor, deverá ser
pautada nas seguintes características:
Procedência do animal;
Padrão racial;
Características testiculares (simétricos, ovóides, firmes e presentes na
bolsa escrotal), observar problemas de criptorquidia, orquite e
hipoplasia;
Ausência de alterações prepuciais e penianas;
27
Presença de boa libido;
Cascos e aprumos adequados;
Recomenda-se a realização de um espermograma antes de adquirir um
reprodutor.
Seleção das matrizes: devem ser escolhidas as fêmeas jovens que
apresentem 70% do peso adulto das fêmeas do rebanho, da mesma raça.
Devem ser selecionadas quanto a fertilidade, prolificidade e aptidão materna,
mensuradas através da taxa de sobrevivência das crias ao desmame
(EMBRAPA, 2009).
Todas as fêmeas devem ser criteriosamente examinadas, 21 dias antes
da estação de cobertura quanto a aspectos clínicos, ginecológicos, sanitários e
nutricionais. (EMBRAPA, 2009).
4.3.2- ESTAÇÃO DE MONTA
A estação de monta nos permite programar com antecedência a data de
nascimento dos cordeiros e assim obter maior uniformidade do lote
(SOBRINHO, 1990).
A duração da gestação de uma ovelha é de 150 dias, podendo variar de
acordo com a raça e com cada fêmea. As raças precoces e as altamente
prolíficas têm períodos de gestação mais curtos do que as raças de lã, de lenta
maturidade (HAFEZ e HAFEZ, 2004).
A escolha da época para a realização da estação de cobertura deve
estar baseada nas condições climáticas da região, capacidade de reprodução
do macho e da fêmea e na disponibilidade de alimento durante o nascimento
das crias e matrizes paridas (GRANADOS et al, 2006).
28
A prática realizada no verão faz com que os nascimentos ocorram no
inverno, quando há menor incidência de miìases nos cordeiros e ovelhas,
embora sempre existam riscos de mortes com cordeiros nascidos em noites
muito frias e úmidas (Américo da Silva Garcia Sobrinho, 1990).
A duração do ciclo estral de uma ovelha é de 17 dias (HAFEZ e HAFEZ,
2004). O primeiro ano de implantação, a estação dura de 51 a 61 dias, dando
três chances a ovelha e a partir da segunda estação, reduz-se para 34 dias
(EMBRAPA, 2009).
coberturas, induzem as fêmeas a exteriorizarem o estro pela primeira ou
segunda vez, concentrando este aparecimento nas primeiras duas semanas da
estação de acasalamento, o que facilitará o manejo da estação de parição
(EMBRAPA, 2009).
Monta Natural: a monta natural é o método mais simples de
acasalamento, onde os reprodutores são introduzidos junto as fêmeas na
proporção de 3%. As fêmeas são deixadas constantemente com os machos,
sem qualquer controle de cobertura por parte do criador. Este tipo de
acasalamento é utilizado em criações extensivas (GRANADOS et al., 2006).
Monta controlada: neste sistema de acasalamento é necessário o uso
de rufiões para a detecção do cio, sendo coberta apenas as fêmeas
identificadas (GRANADOS et al., 2006).
. O uso do rufião promove uma otimização do uso do reprodutor, tornando
possível a cobertura de até 60 fêmeas (EMBRAPA, 2009).
29
Inseminação artificial: consiste na coleta do sêmem do reprodutor e
sua posterior deposição no trato genital da fêmea. A coleta do sêmem pode ser
feita através de vagina artificial ou eletroejaculador. O sêmem coletado pode
ser utilizado fresco, resfriado ou congelado (GRANADOS et al., 2006).
4.3.3- MÉTODO DIAGNÓSTICO
Para diagnóstico de prenhez existem métodos simples e outros mais
sofisticados. Entre eles, os mais utilizados são: índice de retorno ao cio,
avaliação clínica e ultra-sonografia (GRANADOS et al., 2006).
O índice de retorno ao cio é o método mais simples, necessita apenas
de saber se a fêmea retornou ao cio após o acasalamento ou inseminação
artificial, porém o diagnóstico pode ser tardio e se perde o período de
acasalamento adotado na propriedade (GRANADOS et al., 2006).
No caso da avaliação clínica, realiza-se a palpação abdominal e do
úbere. Aos 3 meses após o acasalamento, chega-se a uma eficiência de
diagnóstico superior a 90%. No entanto, é um tempo relativamente longo para
diagnosticar prenhez(GRANADOS et al., 2006).
Atualmente utiliza-se com freqüência o aparelho de ultrasom, por via
trans-retal e abdominal, tendo a possibilidade de determinar a viabilidade da
gestação por observação do batimento cardíaco e número de fetos aos 30 e 50
dias respectivamente (GRANADOS et al., 2006).
30
4.3.4- MANEJO PRÉ-PARTO E PARIÇÃO
Os principais cuidados devem ser tomados um mês antes do parto. As
fêmeas ao parirem devem estar com as vacinas em dia, ter acesso a uma
alimentação de qualidade, estar em piquetes limpos, tranquilos de fácil acesso
e observação. Nesta fase elas devem ser manejadas com muito cuidado
minimizando a ocorrência de estresse (GRANADOS et al., 2006).
4.3.5- MANEJO DO RECÉM NASCIDO
Duas práticas de manejo são muito importantes na sobrevivência e
saúde do recém nascido. A primeira é a imersão do cordão umbilical em tintura
de iodo a 10%, com o objetivo de impedir o ingresso de agentes causadores de
enfermidades. A segunda é o fornecimento de colostro, que deve ser iniciada o
mais rápido possível. O colostro possui anticorpos imprescindíveis para a
sobrevida do recém nascido, uma vez que, estas estruturas protéicas não
apresentam permeabilidade placentária suficiente para promover uma eficiente
defesa. O fornecimento de colostro não deve ultrapassar as 18 horas após o
parto, devido a maior permeabilidade intestinal para estas estruturas neste
período, comprovadamente após este período a absorção destes componentes
tendem a diminuir drasticamente (GRANADOS et al., 2006).
31
4.4- INSTALAÇÕES
As instalações devem ser bem planejadas, permitindo agrupar, conter e
manipular os animais com o mínimo de estresse, evitando lesões aos animais e
as pessoas (PUGH, 2005). A importância se deve a facilidade e redução de
mão-de-obra para as tarefas diárias, facilidade do manejo do rebanho e
controle das doenças, divisão de pastagens, favorecendo, assim, maior
eficiência produtiva (EMBRAPA, 2009).
4.4.1- CENTRO DE MANEJO
O centro de manejo é uma instalação destinada a conter os animais nas
situações de administração de medicação antiparasitária, desmama, aparos de
casco, vacinações, entre outros. Este deve estar localizado em lugar
estratégico de fácil acesso, e que contenha as demais instalações necessárias
a facilitar o manejo (SOBRINHO, 1990).
O centro de manejo deve conter as seguintes estruturas:
Curral de recepção: são construções de média ou grande extensão,
com a finalidade de receberem os animais para o manejo necessário (ABCOS).
Funil ou seringa: é um estreitamento do curral de recepção que conduz
ao tronco, de modo a facilitar a entrada dos animais (ABCOS).
Tronco de contenção: deve ser feito de madeira unida, sem frestas, de
tal modo que o animal só olhe para frente, não penetrando as extremidades em
orifícios evitando fraturas (ABCOS).
A largura na base deve ser de 0,30m e no ápice 0,50m, de modo que
passe um animal por vez, impedindo-o de virar-se ou saltar o tronco de
contenção (ABCOS).
32
O piso pode ser de chão batido ou de cimento. O piso de cimento é a
melhor opção, pois funcionará como pedilúvio (ABCOS), este deve ser
construído em nível e ter profundidade de 10 a 15cm para que os animais
mergulhem os cascos em solução curativa (SOBRINHO, 1990). Segundo um
estudo feito por Aquiar et al., 2009, o uso de sulfato de cobre a 5% no pedilúvio
reduz em 80% as lesões de pododermatite nos animais acometidos, em
especial o footrot.
Porteiras de classificação: são portões de aparte, que ligam o tronco a
várias subdivisões do curral, de modo a permitir a separação do rebanho em
categorias (ABCOS).
Balança: é um instrumento do qual obteremos dados do
desenvolvimento ponderal do rebanho. Pode ser acoplado ao tronco ou
instalado em um lugar a parte (ABCOS).
4.4.2- ABRIGOS
Aprisco de chão batido: este é o tipo de instalação mais utilizado pelos
criadores do Nordeste. Para a construção deste, antes devemos analisar
algumas condições de terreno que deve ser de estrutura bem consistente e ter
boa drenagem, com um declive de 2 a 5% (EMBRAPA, 2009).
Apriscos suspensos: devem ter 0,8 a 1,2 m de altura do chão,
utilizando piso ripado, com ripas de 5 cm espaçadas 1,5 cm umas das outras.
Paredes de alvenaria ou madeira e telhas de barro ou metálicas, com altura de
modo a permitir ventilação não excessiva em áreas de clima frio ou com
bastante ventilação nas zonas de intenso calor (ABCOS).
Isolamento: é um local que tem por finalidade abrigar os animais
doentes. Sua construção deve seguir a mesma recomendação do aprisco,
33
porém deve estar bem distante, para evitar o contato com os animais sadios. O
isolamento deve fornecer o bem-estar e boas condições de higiene para os
animais doentes (EMBRAPA, 2009).
Área coberta por categoria de animal: (EMBRAPA, 2009)
1 m² / matriz
0,8 m² / jovem de reposição (recria)
0,5 m² / cria
3,0 m² / reprodutor
4.4.3- COMEDOUROS E BEBEDOUROS
Os comedouros e bebedouros devem estar localizados fora das baias
para evitar contaminação fecal da água e alimentos. Para a colocação externa
faz-se necessária a existência de canzis para a passagem da cabeça do
animal. Por estarem fora das baias devem estar em área coberta ou com
alguma proteção (EMBRAPA, 2009).
Para bebedouros devem ser evitados recipientes muito grandes, pela
dificuldade da limpeza e renovação da água (EMBRAPA, 2009).
Os comedouros podem ser construídos de alvenaria, madeira, ou outros
materias como pneus. De modo geral, recomenda-se 0,25 m lineares de cocho
para cada animal adulto. O fundo do cocho deve estar a 20 cm do piso de
instalação. Se o animal estiver recebendo forragem verde ou silagem como
volumoso, as sobras devem ser coletadas diariamente, a fim de evitar o
consumo de alimento fermentado pelo animal, podendo prejudicar sua saúde
(EMBRAPA, 2009).
34
4.4.4- SALEIROS
No pasto os cochos para sal mineral podem ser feitos de madeira ou
alvenaria, sempre cobertos (ABCOS).
As dimensões recomendadas para saleiros são: 30 a 40 cm de altura
acima do piso, 20 cm de profundidade por 30 cm de largura e o comprimento
não deve ultrapassar os dois metros (EMBRAPA, 2009).
4.4.5- CERCAS
Nos sistemas de produção que visam o aproveitamento da pele com
qualidade, as cercas devem ser de arame liso que pode ser usado da mesma
forma convencional que o arame farpado, com até 8 fios ou 4 fios com o uso da
cerca elétrica. Normalmente a cerca elétrica custa entre quatro a cinco vezes
menos que a cerca convencional, porém a sua principal limitação para
pequenos animais é altura do primeiro fio que deve ser de 20 cm (EMBRAPA).
Em um experimento realizado por Albanezi et al., 2004, mostra que o uso da
cerca elétrica na questão econômica é mais viável que a convencional, porém
alguns animais conseguiam fugir, ocorrendo mistura entre lotes. Os animais
abaixavam os membros dianteiros e como a lã é um isolante, ocorria a fuga
dos mesmos.
A cerca de tela tem se apresentado com muita eficiência na contenção
dos animais. O custo de implantação é mais alto, porém o custo de
manutenção é menor. Para reduzir estes custos, pode-se usar tela fixa na
região periférica e tela móvel cercando apenas a região a ser pastejada,
semelhante ao que ocorre em sistemas de pastejo em faixas (EMBRAPA,
2009).
35
As cercas externas deve conter 9 fios de arame (EMBRAPA, 2009).
QUADRO 1:. DISTÂNCIA ENTRE FIOS E ALTURA DE CERCA PARA
CAPRINOS E OVINOS
Tipo de Cerca
Distância entre fios/altura (m) Externa Interna
Do solo ao primeiro fio 0,20 0,20
Do primeiro ao segundo fio 0,13 0,13
Do segundo ao terceiro fio 0,13 0,13
Do terceiro ao quarto fio 0,13 0,13
Do quarto ao quinto fio 0,13 0,13
Do quinto ao sexto fio 0,14 0,15
Do sexto ao sétimo fio 0,15 0,20
Do sétimo ao oitavo fio 0,20 -
Altura 1,21 1,07
Fonte: Orientações Técnicas (2002)
36
5- MANEJO DOS OVINOS DA FAZENDA PÉ DA SERRA
5.1- MANEJO NUTRICIONAL
A Fazenda Pé da Serra não possui manejo nutricional separado por
categoria animal.
As fêmeas gestantes, as em lactação, os cordeiros destinados ao abate
e borregas destinadas à reprodução, recebem basicamente silagem de milho
(Figura 21) pela manhã e a tarde no recolhimento do rebanho. Durante o dia,
os animais ficam soltos em uma área de pastejo basicamente formado por
grama nativa (Figura 20) e recebiam suplementação mineral esporadicamente.
A alimentação dos machos reprodutores também é basicamente
formada por silagem de milho, recebendo pela manhã e pela tarde. Durante o
dia, são soltos por algumas horas para pastejo em um piquete próximo formado
por azevém e grama nativa (Figura 22). Estes também recebiam
suplementação mineral esporadicamente.
Figura 20: ÁREA DE PASTEJO DAS FÊMEAS E CORDEIROS
37
Figura 21: SILAGEM UTILIZADA NA ALIMENTAÇÃO DOS OVINOS
Figura 22: ÁREA DE PASTEJO DOS REPRODUTORES
38
5.2- MANEJO SANITÁRIO
Os ovinos da propriedade recebem avaliação semanal por um grupo de
alunos através do método Famacha, o qual avalia o grau de infestação
causado pela presença do Haemonchus contortus. Os animais são medicados
quando apresentam Famacha 3 ou 4, e quando estão totalmente debilitados
apresentando famacha 5, são levados ao Hospital Veterinário para a realização
do atendimento clínico. Esporadicamente é realizado exame de OPG que
determina a quantidade de ovos por grama de fezes.
O maior desafio da propriedade está no período de férias dos alunos,
onde os animais não são avaliados com tanta freqüência e ficam vulneráveis a
infestações graves por verminoses, podendo chegar à morte.
O manejo de vacinas é realizado de acordo com o que é recomendado.
Os animais são vacinados contra clostridiose da seguinte maneira: as fêmeas
gestantes são vacinadas no terço final da gestação, os cordeiros são vacinados
com 1 mês de idade e reforço após 30 dias e os machos reprodutores,
vacinadas anualmente. A vacina contra raiva é realizada quando há surtos na
região, como foi o caso deste ano; os animais receberam uma dose e reforço
após 30 dias.
39
5.3- MANEJO REPRODUTIVO
O tipo de manejo reprodutivo utilizado na fazenda Pé da Serra é monta
natural. As fêmeas são selecionadas de acordo com o padrão racial e deixadas
durante o período de acasalamento com seu respectivo macho. Existem lotes
que o cruzamento é para melhorar o padrão racial e lotes em que o cruzamento
é industrial, ou seja, mistura de raças resultando cordeiros com um melhor
desenvolvimento para o abate.
O padrão racial das fêmeas da fazenda é variado. Há as puras Sulfok,
Santa Inês e Texel e mestiças com cruza entre estas raças, predominando as
mestiças. Os reprodutores utilizados são todos puros, sendo as raças Santa
Inês, Sulfok, Texel, Dorper e também há um macho Crioulo que não é
destinado a reprodução.
São realizadas duas estações de monta na fazenda, separando as
fêmeas em dois lotes diferentes. Uma inicia no mês de agosto, utilizando do
efeito macho com o próprio reprodutor, onde este fica com as fêmeas até o
mês de novembro, concentrando assim os nascimentos para fevereiro e março.
A outra inicia no mês de março até o mês de junho, utilizando também o efeito
macho para que as fêmeas entrem em cio, concentrando assim os
nascimentos para setembro e outubro. Este protocolo é utilizado para que os
alunos possam acompanhar o manejo o ano todo.
Quando os cordeiros nascem é feita a desinfecção do umbigo com iodo
a 10% e logo são identificados com o brinco.
40
5.4- INSTALAÇÕES
A fazenda Pé de Serra conta com um aprisco para alojamento das
fêmeas e dos cordeiros durante a noite e nos dias de chuva. Ali eles recebem a
silagem e o sal mineral.
Há um centro de manejo ao lado do aprisco para realização de
procedimentos e também utilizado na época da reprodução para separação
das fêmeas de acordo com o padrão racial.
Os machos reprodutores ficam em um piquete próximo ao Hospital
Veterinário, os quais vão para área de ovinocultura somente na época de
reprodução.
Figura 23: APRISCO
43
6- MELHORAMENTO DO REBANHO OVINO DA FAZENDA PÉ DA SERRA
ATRAVÉS DO MÉTODO FAMACHA E AVALIAÇÃO DO ESCORE
CORPORAL
6.1- RESUMO
O objetivo deste trabalho foi melhorar o rebanho ovino da fazenda Pé da
Serra, localizada em São José dos Pinhais-PR, através dos métodos Famacha
e avaliação do escore corporal. Os animais apresentavam desnutrição e
anemia em grande parte do rebanho, chegando alguns cordeiros a morte. A
adição de concentrado na alimentação, o uso de sal mineral ad libitum,
juntamente com avaliação do escore corporal (semanal), avaliação da
coloração da mucosa pelo método Famacha (semanal), pesagem dos animais
(quinzenal) e coleta de fezes para exame de OPG (quinzenal), mostraram a
eficácia de um bom manejo sanitário e nutricional no rebanho.
6.2- INTRODUÇÃO
O parasitismo gastrintestinal é responsável por grande parte das perdas
observadas em criação de ovinos e caprinos, reduzindo o potencial produtivo
destes animais, inclusive com a morte de animais jovens para a reposição do
plantel (MOLENTO et al., 2004), perdendo tanto na qualidade da carne, quanto
da lã e do leite.
Existem várias espécies de helmintos gastrintestinais, porém em regiões
com clima tropical, duas espécies são predominantes: Haemonchus contortus e
Trichostrongylus colubriformis, sendo a primeira a principal espécie parasita de
pequenos ruminantes. Os animais infectam-se ao ingerirem as larvas
infectantes (L3) presentes na pastagem. Os próprios animais são as fontes de
44
contaminação do ambiente, pois eliminam nas fezes os ovos dos nematóides,
os quais irão se desenvolver até darem origem a L3 (AMARANTE et al., 2004;
ROCHA et al , 2008).
O controle do parasitismo em ovinos é feito, basicamente, com a
utilização de anti-helmínticos e falhas neste tipo de controle são os primeiros
sinais do desenvolvimento da resistência parasitária. Existem exames
laboratoriais que nos auxiliam no teste diagnóstico como OPG e teste de
desenvolvimento de larvas, mas havia a necessidade de criar-se algo a campo.
Em 1982, foi criada uma tabela que representa as diferentes colorações da
conjuntiva ocular de ovinos, correlacionando-as com valores de hematócrito e o
grau de infecção por Haemonchus contortus, denominado de método
Famacha. Em estudos realizados para avaliar tal método, observou-se a
diminuição no número de tratamentos realizados durante o ano na propriedade,
permitindo selecionar indivíduos resistentes aos helmintos (ABRÃO et al,
2009).
Mas para que os animais possam desenvolver resistência as
verminoses, um bom estado nutricional é de relevante importância. Segundo
Abbott & Holmes (1990), citado por Bernardi et al., 2005, a nutrição influi na
resistência dos animais a verminose, sobretudo a ingestão protéica, que pode
influenciar a resistência do hospedeiro contra o estabelecimento inicial ou a
reinfestação e também a capacidade de suportar os efeitos parasitológicos da
infecção.
Uma forma de avaliar a campo o estado nutricional dos animais é
através do escore corporal, que nos mostra desde a desnutrição até a
obesidade. Segundo Pugh, 2005, a avaliação do escore corporal é
45
extremamente útil na determinação da condição nutricional do rebanho, onde a
pontuação varia de 1 a 5. Animais em condição de magreza extrema, recebem
1; e animais com extrema obesidade, 5. Este procedimento é realizado
mediante a palpação de uma ovelha, investigando o conteúdo de gordura que
recobre os processos espinhosos e processos transversos da região lombar.
Preferencialmente, a maior parte dos rebanhos deve apresentar escore
corporal 2,5 a 3 na época do acasalamento e parição.
O objetivo deste estudo foi melhorar o desempenho dos animais da
Fazenda Pé da Serra, através do método Famacha e avaliação do escore
corporal.
6.3- MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Fazenda Pé da Serra, localizada em São
José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, entre os dias 3 de agosto
de 2010 a 01 de novembro de 2010.
Foram utilizados 62 animais, sendo 22 ovelhas lactantes, 15 ovelhas não
lactantes e 25 borregos mestiços, com cruza entre as raças Santa Inês, Dorper,
Texel e Sulfok, havendo algumas puras.
O peso médio inicial das ovelhas lactantes foi de 48,9kg, 44,98kg das
não lactantes e 12,35kg dos cordeiros.
O escore corporal médio das ovelhas lactantes foi de 1,86, das não
lactantes 2,18 e dos cordeiros 1,77.
A média do Famacha das ovelhas lactantes foi de 2,5, das não lactantes
2,14 e dos cordeiros 2,12.
Os animais passaram a receber sal mineral ad libitum, continuaram a
receber silagem pela manhã e pela tarde e foi adicionado ração na dieta na
46
proporção de 1,5% do peso vivo. Para as lactantes e não lactantes a ração era
servida no cocho juntamente com a silagem só à tarde e para os cordeiros era
servida no sistema creep feeding, também à tarde.
Toda quarta-feira avaliava-se o escore corporal dos animais e o
Famacha. Os que apresentavam Famacha 3 e estavam com escore corporal
abaixo de 2,5 eram desverminados , os que apresentavam Famacha 4 eram
desverminados independente do escore corporal e os que apresentavam
Famacha 5 eram levados ao Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do
Paraná que localiza-se dentro da fazenda.
A pesagem dos animais era realizada a cada quinze dias, alternando
com coleta de fezes para exame de OPG, também realizada a cada quinze
dias. O exame de OPG nos mostrava o grau de infestação parasitária dos
animais e comparava-se com o estado nutricional e o Famacha, para realizar a
desverminação dos mesmos quando necessário.
Ao final do experimento realizou-se uma cultura de larvas de 12 animais
que apresentavam OPG alto para investigar qual espécie de helminto
gastrintestinal predomina na propriedade.
47
Figura 28: PESAGEM DOS ANIMAIS
Figura 29: COLHEITA DE FEZES
Figura 30: VERIFICAÇÃO DO ESCORE CORPORAL
49
6.4- RESULTADOS
O trabalho realizado obteve os seguintes resultados:
Figura 33: MÉDIA DE GANHO DE PESO DOS ANIMAIS
Figura 34: MÉDIA DO FAMACHA DOS ANIMAIS
0
10
20
30
40
50
60
03 de Agosto18 de Agosto 01 de
Setembro
15 de
Setembro
29 de
setembro
PE
SO
Ganho de Peso
Lactantes
Não lactantes
Borregos
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
GR
AU
DO
FA
MA
CH
A
Média do Famacha
Lactantes
Não lactantes
Borregos
50
Figura 35: MÉDIA DO ESCORE CORPORAL DOS ANIMAIS
Com a adição de concentrado na alimentação, os animais ganharam
peso (Figura 33) e com isso melhoraram a resistência aos vermes
gastrintestinais. Como observado na figura 34, o Famacha ao final do trabalho
não ultrapassou o grau 2, corroborando assim com a literatura consultada,
onde um bom estado nutricional é muito importante na resistência dos animais
aos helmintos.
Não foi possível obter melhora nos resultados de deposição de massa
corporal lombar (Figura 35) devido às condições em que os animais se
encontravam com escore corporal muito baixo pelo déficit alimentar, mas com a
continuidade do processo, seguindo tendência observada, este quadro
provavelmente terá resultados positivos, pois com a readequação do
metabolismo, os animais passarão a ter uma melhora significativa na condição
corporal. Lembrando que na época do acasalamento e parição, o escore ideal
é 2,5 a 3, a média das lactantes era 1,8; isso provavelmente ocasionou a morte
de alguns cordeiros.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
ES
CO
RE
CO
RP
OR
AL
Média do Escore Corporal
Lactantes
Não lactantes
Borregos
51
Ao final do experimento realizou-se a cultura de larvas de 12 animais
que apresentavam OPG alto e constatou-se que o helminto predominante é o
Haemonchus contortus. Sendo assim, o método Famacha demonstrou ser de
grande utilidade na propriedade como demonstrado pela literatura, pois este
método controla somente este helminto, Haemonchus contortus, sendo ele a
principal causa de perdas na ovinocultura.
52
6.5- CONCLUSÃO
Com os resultados obtidos, pode-se afirmar que o método Famacha
auxilia positivamente no controle do Haemonchus contortus, que apresenta
uma das principais causas de perdas econômicas na produção, juntamente
com a avaliação do escore corporal, já que um bom estado nutricional é um
fator muito importante no desenvolvimento de resistência aos helmintos.
53
7. CONCLUSÃO DO ESTÁGIO
O estágio na Fazenda Pé da Serra foi de grande importância no
conhecimento e aperfeiçoamento do trabalho do Médico Veterinário na
ovinocultura e nos demais sistemas de produção, tanto na parte clínica como
- além das técnicas, a literatura
sempre me auxiliou no conhecimento e nas dúvidas que surgiam, além do
auxílio dos professores presentes, sendo extremamente satisfatório para o
início da minha vida profissional.
54
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABCOS (Associação Brasileira de Criadores de Ovinos Suffolk).
Disponível em www.abcosulfok.com.br. Acesso em 5 de out. 2010.
ABRÃO, D.C. et al. Utilização do método Famacha no diagnóstico clínico
Individual de haemoncose em ovinos no Sudoeste do Estado de Minas Gerais.
Rev. Bras. Parasitol. Vet., Jaboticabal, v. 19, n. 1, p. 70-72, jan.-mar. 2010
ALBANEZE, R. de F. G. do N. et al. Um modelo de instalação para a criação de
ovinos em semi-confinamento na Parte Alta de Corumbá MS. IV Simpósio
sobre Recursos Naturais e Sócio-econômicos do Pantanal. Corumbá/ MS- 23 a
26 Nov. 2004.
ALVES, João.B; BERNARDI, José R. A.; MARIN Camila .M. Desempenho de
cordeiros sob quatro sistemas de produção. R. Bras. Zootec., v.34, n.4, p.1248-
1255, 2005.
AMARANTE, A. F. T. et al. Resistance of Santa Ines, Suffolk and Ile de France
sheep to naturally acquired gastrointestinal nematode infections. Veterinary
Parasitology, v. 120, n. 1-2, p. 91-106, 2004.
B. Hafez e E.S.E Hafez. Reprodução Animal. 7ª Ed. Barueri SP: Manole,
2004.
55
BASSETO, César C. et al. Contaminação da pastagem com larvas infectantes
de nematóides gastrintestinais após o pastejo de ovelhas resistentes ou
susceptíveis à verminose. Rev. Bras. Parasitol. Vet., Jaboticabal, v. 18, n. 4, p.
63-68, out.-dez. 2009.
DIAS, José B.; GRANADOS, Luis B. C.; SALES, Monique P. de. Aspectos
gerais da reprodução de caprinos e ovinos. 1ª Ed. Campos do Goytacazes
2006. Projeto PROEX/UENF
EMBRAPA, 2009 Ovinos e Caprinos. Disponível em
www.cnpc.embrapa.br/catalogo.htm. Acesso em 01 out. 2010.
HAGE, José A. et al. Teste de vacina atenuada contra Linfadenite Caseosa em
desafio com cepa Selvagem. Edited by Foxit Reader Copyright(C) by Foxit.
MOLENTO, Marcelo B. et al. Método Famacha como parâmetro clínico
individual de infecção por Haemonchus contortus em pequenos ruminantes.
Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p.1139-1145, jul-ago, 2004
PUGH, D.G. Clínica de ovinos e caprinos. São Paulo SP: ROCA, 2005.
ROCHA, R. A. et al. Sheep and cattle grazing alternately: Nematode parasitism
and pasture decontamination. Small Ruminant Research, v. 75, n. 2-3, p. 135-
143, 2008.