trabalhando a cultura popular de forma interdisciplinar nas escolas

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Trabalhar conteúdos em escolas em nossos dias tem sido uma batalha entre o antigo e o novo, realidades diferentes para contextos contrastantes como os dos livros didáticos que nossos alunos tem acesso nas escolas. Sempre se lutou para que o aluno pudesse conviver no ambiente escolar com a teoria e a prática, fugindo das amarras de um ensino fragmentado e abstrato para nossas crianças. Hoje no Maranhão já se pode ver professores trabalhando nas salas de aula conteúdos relacionados a África, onde se aborda aspectos como: religião, história, geografia, literatura entre outros aspectos. Em nosso estado, conhecido pela sua diversidade cultural, pouco se observa em sala de aula a cultura maranhense levada para a sério e explorada nas aulas ministradas pelos professores. Vivemos ainda presos ao que teóricos como Demerval Saviani e José Carlos Libaneo chamam de significação conteudista. Ao significar essa prática, o professor vira as costas a toda uma pluralidade de possibilidades em que o aluno pode vislumbrar se for posto em contato com manifestações culturais como por exemplo o Bumba-meu-boi. Esse intercâmbio de saberes propicia o aluno mergulhar em outra dimensão que ele até aquele momento não tinha se apercebido que existia. O professor deve ter atitude para transpor os muros da escola, expondo o aluno a uma realidade onde ele possa alcançar o conhecimento global dos conteúdos, fugindo da fragmentação proposta pelos currículos escolares. A interdisciplinaridade é o caminho para se alcançar esse fim, como podemos observar, É preciso entender, também, que o conhecimento interdisciplinar não se restringe a sala de aula mas ultrapassa os limites do saber escolar e se fortalece na medida em

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Page 1: Trabalhando a Cultura Popular de Forma Interdisciplinar Nas Escolas

Trabalhar conteúdos em escolas em nossos dias tem sido uma batalha entre o antigo e o novo, realidades diferentes para contextos contrastantes como os dos livros didáticos que nossos alunos tem acesso nas escolas. Sempre se lutou para que o aluno pudesse conviver no ambiente escolar com a teoria e a prática, fugindo das amarras de um ensino fragmentado e abstrato para nossas crianças.

Hoje no Maranhão já se pode ver professores trabalhando nas salas de aula conteúdos relacionados a África, onde se aborda aspectos como: religião, história, geografia, literatura entre outros aspectos. Em nosso estado, conhecido pela sua diversidade cultural, pouco se observa em sala de aula a cultura maranhense levada para a sério e explorada nas aulas ministradas pelos professores. Vivemos ainda presos ao que teóricos como Demerval Saviani e José Carlos Libaneo chamam de significação conteudista.

Ao significar essa prática, o professor vira as costas a toda uma pluralidade de possibilidades em que o aluno pode vislumbrar se for posto em contato com manifestações culturais como por exemplo o Bumba-meu-boi.

Esse intercâmbio de saberes propicia o aluno mergulhar em outra dimensão que ele até aquele momento não tinha se apercebido que existia. O professor deve ter atitude para transpor os muros da escola, expondo o aluno a uma realidade onde ele possa alcançar o conhecimento global dos conteúdos, fugindo da fragmentação proposta pelos currículos escolares.

A interdisciplinaridade é o caminho para se alcançar esse fim, como podemos observar,

É preciso entender, também, que o conhecimento interdisciplinar não se restringe a sala de aula mas ultrapassa os limites do saber escolar e se fortalece na medida em que ganha a amplitude da vida social. (BARBOSA 2005 p 65).

O bumba-meu-boi pode ser uma ambiente propício para os alunos conhecerem realidades do seu próprio estado, mesmo por que, alguns deles não sabem de onde vem os diversos sotaques presentes, hoje, nas brincadeiras de bumba-meu-boi. Sotaques como Matraca (ilha de São Luís), Baixada (região de Pindaré), Orquestra (região do Munin), Zabumba ( região de Guimarães como o sotaque também é conhecido) pode transportar os alunos para os mapas nas aulas de geografia e história, o mesmo podendo acontecer nas aulas de Português quando se for estudar os gêneros literários, além dos estilos de época, dentre outros saberes em outras matérias.

Mas trabalhar de forma interdisciplinar não é tão simples assim, seria pelas matérias, ou pelos conteúdos? Não, o problema aqui é a diferente visão que os

Nicomedes, 11/04/11,
Arruma ae essa citação, não sei se é assim.
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educadores possam ter, visões políticas diferentes terminam amarrando o processo de forma a abafar qualquer tentativa de se poder superar a fragmentação do saber, tornando assim difícil a criação de um novo saber.

Algumas comunidades mesmo sendo locais onde a cultura aflora com muita facilidade por serem tradicionais redutos de apresentações folclóricas sofrem com o preconceito de se achar que o que eles fazem não pode servir com ensino dentro de uma realidade de sala de aula. O professor tem aí um papel fundamental, seu trabalho é um trabalho silencioso e muitas das vezes solitário é um trabalho que como diz BARBOSA é um fazer onde qualquer iniciativa de criação do saber sofre inibições pela ausência de estímulos.

É importante lembrar que a escola é o local onde todas as questões acerca do distante, do oculto do novo deve ser trazido a tona, a escola é um espaço democrático onde se deve usar manifestações culturais para se poder chegar a novos entendimentos de saberes que existem de forma fragmentada.

Induzir o aluno a transpor os muros da escola e mostrar-lhe que ele pode ter um envolvimento com o mundo fora da e que é através dessa atitude que ele vivenciará a modelação de um novo saber pelas relações sociais:

São as relações sociais que verdadeiramente educam, isto é, formam, produzem os individuos em suas realidades singulares e mais profundas. Nenhum individuo nasce homem. Portanto, a educação tem um sentido mais amplo, é o processo de produção de homens num determinado momento histórico...(Dayrell,1992,p.2)

A escola precisa despertar para a necessidade de educar seus cidadãos para fazer leituras contextualizadas do mundo que os abriga, forçando assim seus formandos a transformarem o meio que vivem pelos diversos meios que existem, tendo a cultura popular como um aliado e não como um oponente.

Biblio

BOSI, Eclea. Cultura de massa e cultura popular. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. p. 102.

DAYRELL, Juarez T. A Educação do aluno trabalhador:uma abordagem alternativa, Educação em Revista. B.H.(15):21-29. Jun 1992.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Cortez, 1993