tourinho em: papai noel existe e precisa de minha ajuda
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Um conto natalino como qualquer outro.TRANSCRIPT
Escrito por Tiago Tourinho Capa de Dwarfus
Trilha sonora por Suéter
Dedico este conto a todos da Herbarium, por todo o apoio, e aos meninos da Vernerável Ordem, por me proporcionarem as minhas primeiras lombras.
E então tudo parecia-
Deixando a ponta de lado Edmundo exclama exagerado:
-‐Não, pera, como assim?
-‐Bem, o que cê não entendeu ainda?
Responde Tiago.
-‐Eu saquei a parte do Papai Noel que entra na sua janela e tal-‐
-‐Hum.
-‐Mas só não consigo, veja bem...
Traga mais uma vez.
-‐Por que ele te chamaria para ajuda-‐lo no Natal?
Tiago pega a ponta. Puxa.
-‐Tem a ver com o espírito do Natal, caralho, sacou?
-‐E por que não fui eu?
-‐Porque tinha que ser alguém e fui eu, ora.
-‐O espírito do Natal só funciona para poucos, certo?
-‐Vei... Você ta chato, caralho.
-‐Não, sério, eu só to tentando entender aqui.
Tiago se levanta. Tiago se prepara.
-‐Posso continuar a história? Quem sabe assim você entende com mais calma.
-‐Eu acho complicado-‐
-‐Posso, caralho?
-‐Jesus, que violência.
E então tudo parecia fazer sentido. O bom velhinho apenas precisava de um amigo.
O bom velhinho precisava de ajuda. Não qualquer tipo, obviamente, ele Precisava de uma ajuda especial.
-‐Caralho.
-‐Posso ou não, porra?
-‐Desculpa, caralha.
Me explicando suas dificuldades E como a mamãe Noel o havia maltratado
O bom velhinho tirou o gorro e me disse desesperado:
-‐Sabe, tem sido muito difícil para mim estes tempos.... Parece que o Natal está começando a perder a sua magia, meu jovem.
-‐Imagino como deve ser difícil para o senhor...
-‐Os duendes já não trabalham mais com aquele velho sorriso na cara.
-‐Então eles existem mesmo?
-‐Óbvio! Centenas deles. São meus filhos.
-‐O que?
-‐Meus filhos.
-‐Como assim?
-‐Eles são meus filhos.
-‐Não sabia desta parte da história.
-‐Ho ho ho, vocês não sabem boa parte da história!
Tragando o mais forte que pode Edmundo se levanta
Querendo entender o que houve.
-‐Ele realmente fala “hohoho”?
-‐Sim
-‐É tipo uma risada ou soa forçado?
-‐Perguntando agora eu realmente não me lembro.
-‐Deve ter sido engraçado na hora, não?
-‐Tipo... Na hora parecia normal, só agora tu falando que parei para notar. Acho que pode ter soado forçado mas não devo ter notado.
-‐E, tipo-‐
-‐O que?
-‐Os duendes são os filhos dele?
-‐Eu também achei essa parte estranha.
Depois de todas curiosidades Estava convicto de que o bom velhinho era,
Realmente, de verdade.
-‐Mas, Papai Noel, por que eu? Por que acha que eu seria útil?
-‐Eu ouvi falar que você vende o melhor bagulho da região.
Edmundo espantado se levanta.
-‐Hahahhahaha, caralho, é sério? Então não tinha porra nenhuma de espírito de Natal. Velho maconheiro do caralho.
-‐Eu to te falando, to te falando...
-‐Que genial.
-‐Ele disse que tinha ouvido de um duende.
-‐Caralho.
-‐Ele fa-‐
-‐Então Noel sabe que os filhos dele fumam?
-‐Quê, caralho?
-‐Os duendes são os filhos dele, certo?
-‐Bem, sim.
-‐Noel sabe que os filhos fumam e ele fuma também. Que família legal.
-‐Não tinha parado para pensar nisso.
Tiago então pega a ponta do banco, Se prepara Traga.
-‐Você me surpreende, Edmundo.
-‐Você que conheceu o Papai Noel, não eu.
Naquele momento eu fiquei indignado! Como poderia o bom velhinho querer ficar
Chapado?
-‐Caralho, você fuma?
-‐Ho ho ho.
-‐Caralho, Noel, não esperava isto do senhor.
-‐Até há pouco tempo você nem acreditava na minha existência, jovem!
-‐Mas e a Mãe Noel?
-‐O que tem ela?
-‐Ela também fuma?
-‐Bem...
E então finalmente percebi. A Mãe Noel não gostava dele fumando,
Por isso ele estava ali.
-‐Entendo. Ela não curte muito tu fumando né?
-‐Nem um pouco, meu jovem. Nem um pouco.
-‐Bem... Isto acontece.
-‐Ela me tirou da nossa casa, jovem. Falou que só era para voltar quando estivesse curado deste vício.
-‐Caralho! O Papai Noel é viciado em maconha?
-‐Haha, to te falando!
-‐Puta que pariu. Sabia que tinha que haver algum problema. Como assim os filhos fumam e o pai e eles são mágicos e eles voam? Não pode tudo ao mesmo tempo não, porra.
Tiago então dá uma puxada forte. Tosse tanto que
quase chega a morte.
-‐Imagina que do caralho. O Papai Noel está contando com você para financiar o vício dele por maconha.
-‐Tiago, me orgulho de você.
-‐Eu gosto de você, cara. Saiba disso.
-‐Eu também. Não estou falando isso por causa da maconha não, cara.
-‐Nem eu, cara, porra, cara. Eu te amo, cara.
-‐Eu vou chorar, puta que pariu.
-‐Papai Noel, caralho.
-‐Papai Noel!
Olhando para aqueles tristes olhos Eu logo senti:
Era meu dever fornecer a melhor
Gastação para fazer aquele Velhinho sorrir.
Mentalmente tracei um grande mapa.
Todos os caminhos, todos os pontos! Onde conseguiria a melhor?
Onde conseguiria, para aquele senhor, Uma lombra inesquecível?
Caralho.
-‐O que me diz, Tiago? -‐Sabe o meu nome?! -‐Ho ho ho, é o meu dever, jovem! -‐Bem... -‐Acha que consegue arranjar uma maconhazinha para o bom velhinho aqui? -‐Não tenho mais nada aqui mas acho que sei onde conseguir... -‐Ótimo. Esplêndido. Perfeito. -‐Só não tenho um meio de locomoção. -‐Ho ho ho, acha que cheguei como? -‐Não fode!
-‐Caralho, trenó?!
-‐Um fodendo trenó do caralho puta que me pariu!
-‐Tinha aquele rena do nariz brilhante?
-‐Não...
-‐Mas tinha rena né?
-‐Tinha rena do caralho, meu filho.
-‐Que do caralho puta que me pariu. Puta que me pariu!
Edmundo então começa a bolar mais um.
Era a missão deles neste dia: Ficar chapado
-‐Que do caralho, velho. Que do caralho, Tiago.
-‐Foi foda, do caralho.
-‐Tu foi pegar com quem?
-‐Velho, a porra do trenó voava. Se eu quisesse podia ter pego com o puto do Snoop Dogg!
-‐Tu pegou com o Snoop, caralho? Puta que me pariu.
-‐Não.
-‐Pegou com quem?
-‐Marcelo fodendo D2.
-‐Caralho, desde quando tu conhece ele?
-‐Sabe o último álbum dele?
-‐Hum.
-‐Eu ajudei a produzir.
-‐Não fode!
-‐Tar, to te falando. Ele se amarra nas minhas músicas, cara.
-‐Que do caralho.
-‐Demais.
-‐Essa maconha é dele?
-‐A que a gente ta fumando?
-‐Aham.
-‐Não, essa é a do Igor Bispo.
-‐De boas.
-‐É boa até né?
-‐Se pah deve ter codeína nesta caralha.
-‐Exagero, Edmundo.
-‐Estou me atendo aos fatos.
-‐Eu acho essa do Igor do caralho. Descansa bem bom.
Subindo no trenó senti que o bom velhinho Já não se sentia mais tão só.
Um brilho parecia existir em seu olhar. Percebi que ele só precisava mesmo era
chapar.
-‐Sabe, meu jovem, não sei como poderia te agradecer.
-‐Não se preocupe, Noel.
-‐Não tem nada que tenha em mente?
-‐Caralho, você tem tipo aquele saco que tira tudo de dentro?!
-‐Sim!
-‐Que do caralho, porra!
-‐É mentira, meu jovem, não tenho isto. Estas coisas não existem.
-‐Cacete.
-‐Mas, ainda assim, não tem nada que venha desejando?
-‐Bem...
-‐Nada?
-‐Um vaporizador, cara.
-‐Aqueles de maconha?
-‐Sim, eles são do caralho.
-‐Qual marca?
-‐Tem que ver. Dizem que aquele Arizer Solo é o melhor portátil.
-‐Eu tenho um, jovem.
-‐Sério?!
-‐É pura brasa.
Com as nuvens em nossos rostos E com a conversa sendo posta em dia Comecei a sentir que, sim, o sorriso do
Bom velhinho aparecia.
Ele só precisava de uma companhia.
-‐Quem é esse tal de Marcelo D2?
-‐É um rapper bem conhecido, também vende uma maconha do caralho, Noel.
-‐Do caralho ou do caralhaço?
-‐Do caralhaço.
-‐Hohoho, estou ficando ansioso.
-‐Tu vai amar.
-‐Do caralhaço?
Pergunta Edmundo enquanto Traga a maconha
Sagrada.
-‐Do caralhaço.
-‐É boa mesmo?
-‐É do caralho, meu filho.
-‐Hum... Qual é a sensação?
-‐Do caralhaço, porra.
-‐Não, cacete. A sensação de voar na porra de um trenó.
-‐Velho... É inexplicável. É do caralhaço.
-‐Só...
-‐É tipo... Não sei como te explicar isso, cara. É tipo voar de avião só que de trenó, saca?
-‐To ligado. Deve ser foda.
-‐É foda.
Edmundo então passa a ponta Para Tiago.
Se prepara. Traga.
-‐A vida é boa, cara, a vida é do caralho.
Voar naquele trenó estava sendo, provavelmente, Uma das melhores sensações do mundo.
Naquele momento não conseguia pensar em ex, Problemas ou esquemas.
Estava ali, do lado do Noel. Estava ali, no céu.
Era o paraíso.
-‐Sabe, Tiago.
-‐O que, Noel?
-‐Você tem me preocupado.
-‐Como assim?
-‐Sabe, é o meu dever olhar como cada pessoa do mundo tem se comportado... Você parece... Mais triste?
-‐Ah, Noel...
-‐Sem motivo aparente.
-‐É complicado.
-‐Adoraria tentar te entender-‐
-‐É só que as vezes... As vezes parece que tudo é uma grande bola de bosta, sabe? As vezes tu se pega pensando na vida demais, fica repassando a mesma cena em sua cabeça; só para saber se aquilo foi o certo ou o errado. Se tu realmente está no caminho correto.
-‐Não se martirize, Tiago. Sabe, se eu pudesse aparecer em rede nacional e falar algo que fosse mudar o mundo... Sabe o que seria?
-‐O que, Noel?
-‐Não se martirizem.
-‐Como assim?
-‐Sei lá, sinto que todos gostam de se martirizar. Posso estar falando besteira por já estar velho e ultrapassado mas, sabe... Se o mundo desse menos importância para o lado ruim das coisas, digo, literalmente ignorar boa parte dos problemas sem solução, estaríamos um pouco melhor.
-‐Talvez.
-‐Vai ver a maconha já tenha queimado os meus neurônios afinal.
Palavras profundas demais para um ser mágico.
Naqueles instantes preferi ignorar. Já estava cansado de tanto pensar,
Filosofar.
Dediquei aqueles instantes Apenas para voar.
-‐É aqui, meu jovem.
-‐Pronto.
-‐...
-‐...
-‐Vai descer, meu jovem?
-‐Vai estacionar antes, não?
-‐Você está louco? Não posso aparecer paras os outros humanos!
-‐Ah, sim, óbvio.
-‐Te espero. Quando sair é só gritar.
-‐Gritar o que?
-‐Gritar gritar. Só gritar mesmo.
-‐De boas.
Edmundo então se levanta e Sem entender adianta:
-‐Deixa eu ver se entendi...
-‐O que?
-‐Do nada o Papai Noel veio com este papo feels?
-‐Sim, que tem?
-‐Como assim o que tem, caralho? A história toda tava num gancho completamente diferente.
-‐Não é um romance, foi um acontecimento-‐
-‐To começando a duvidar desta história, cara.
-‐Você que sabe, posso continuar?
-‐Seriamente, to confiando em você! Não me desaponte.
Descendo delicadamente pela Escada retrátil
Me escorando rapidamente Me sentindo bem ágil.
Era para rimar esta parte.
Olho para os lados, já era tarde da noite Toquei a campainha
Me desejei sorte
-‐Tourinho?! Há quanto tempo, brother! Fazendo o que aqui, caralho?
-‐Eai, Saint, como você ta? To passando o natal com minha família por aqui, passei para te dar dar um oi. Seu pai ta ai? -‐A essa hora da noite? Caralho. Ta sim, ta sim. Entra ai. -‐Casa ta bonita, ein? -‐É, redecoramos desde a última vez que tu botou fogo no lustre. -‐Nem me lembre disso, minhas eternas desculpas. -‐Nem esquenta com isso, foi maneiro. Chamar meu pai, pera.
Edmundo puxa Se levanta
Se prepara
-‐Como assim, caralho? -‐O que? -‐Tu botou fogo na casa do cara? -‐No lustre. -‐Caralho, puta que me pariu! Haha. -‐A gente tava viajando numa seed nova que o tio dele tinha pego. Foi bem legal. -‐Como foi isso? -‐Depois eu conto com calma, é muito longa-‐
-‐Vou cobrar.
-‐De boas.
Então D2 finalmente Chegou.
Saint subiu as escadas e foi dormir ou, Muito provavelmente, terminar de chapar.
Os olhos dele estavam bem vermelhos.
Tanto o do pai quanto o do Filho.
-‐Tourinho, meu amigo! O que tu ta fazendo aqui, cara?
-‐Passando férias por estas áreas, como você ta?
-‐To bem, to bem. Viu a repaginada que a gente deu na casa?
-‐Coisa chique.
-‐Demais. Mas então, chegou quando aqui? Como tu ta?
-‐To bem, cara, to bem. Cheguei ontem pela tarde. Como você ta?
-‐Estou muito bem, muito bem. Quer fumar alguma coisa?
-‐Bem que queria mas já estou indo.
-‐Já?!
-‐Passei para dar um oi mesmo.
-‐Oi? Tu passou foi pra pegar maconha né, safado? Maconheiro safado! Haha!
-‐Ok, ok, tu adivinhou.
-‐Tu deu sorte, to com umas buds maravilhosas aqui.
-‐Dei sorte!
-‐É só pra tu ou tu ta com alguma amiguinha?
-‐Só para mim dessa vez. Quer dizer, sabe... To com uma menininha ai, haha!
-‐Safado!
-‐Sabe como é, né, tem que estar sempre atualizado no mercado.
Enquanto a conversa andava, D2 bolava, aprontava.
Separava em um saquinho As buds mais verdes que já vi
Em toda a minha vida.
-‐Já melhorou da ex, Tourinho?
-‐Já, cara, digo, bola para frente né.
Edmundo puxa Se levanta
Se prepara
-‐Não, cara, tem alguma coisa errada.
-‐O que foi agora, caralho?
-‐Já é a segunda vez em menos de 10 minutos que o assunto voa magicamente para a tua ex.
-‐E eu tenho culpa?
-‐Duvido que isso tenha acontecido.
-‐Caralho, agora foi que deu-‐
-‐Tu ainda gosta dela né?
-‐Puta que me pariu, agora essa foi boa. Não é minha culpa se ele quis perguntar da minha ex.
-‐To preocupado com tu, Tiago.
-‐Vai se fuder, caralho, puta que me pariu! Vai tomar no cu.
-‐Chega ficou estressado.
-‐Óbvio, tu vem com as ideia torta.
-‐De boas, continue.
-‐Agora me perdi na história, onde eu tava?
Pois bem, me lembrei!
Com a maconha finalmente em mãos e do lado De fora da casa da família D2, estava pronto para
Salvar o Natal.
Quer dizer, Pelo menos a noite.
-‐Aeeeeeeeeeeeh!
Gritei. Este era o sinal.
-‐Papai Noeeeel, poooorrraaaa!
Continuei. Este era o sinal.
-‐Filho duma puta.
Finalmente, Noel chegou.
-‐Desculpe a demora, jovem!
-‐De boas.
-‐Conseguiu? Sobe ai. -‐Consegui um bagulho que vai te fazer voar duas vezes mais alto. Haha! -‐Sabia que podia contar com você. -‐Estou feliz, Noel. -‐Tu sabe bolar, Tiago? -‐Eu me arrisco. -‐Geração bolador do caralho.
Então o trenó levanta Voo.
-‐Me dá essa bud ai. -‐Aqui. -‐Huuum, que verde lindo, ein, caralho? -‐Demais, né? -‐Aprenda como bola aqui, Tourinho. -‐Tourinho, Noel? -‐Não é como te chamam? -‐Sim, pode me chamar assim. -‐Hum, tem um bolador?
-‐Aqui.
-‐Preparado, ein?
-‐Sacomé.
Realmente, naquela noite voamos mais alto Do que já estávamos voando.
Senti a brisa, a nuvem Foi um dia para guardar na memória.
Tudo de negativo parecia ter sumido. Tudo parecia ter se encaixado em seu
Devido local.
Dizem que este é o poder da maconha mas, Sinceramente, prefiro acreditar que, desta
Vez, foi o Natal.
Feliz Natal.
Tiago então acorda em sua cama, Depois de um dia inteiro de chapação
Ao lado de Edmundo.
Ligando a TV se depara Com a seguinte notícia:
“Foi registrada hoje a primeira morte por overdose de maconha. Noel, senhor de idade,
foi socorrido pela SAMU nesta madrugada mas, infelizmente, não conseguiu sobreviver no caminho ao hospital.”
-‐Caralho.
- NympheshitPoster maravilhoso feito pelo Nympheshit da Herbarium <3