torres agrícolas - a verticalização da agricultura

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Catherine Palis TORRES AGRÍCOLAS A verticalização da agricultura

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Versão atualizada do Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo

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  • Catherine Palis

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  • TORRES AGRCOLAS A verticalizao da

    agricultura

    CATHERINE

    Palis

    ORIENTADOR: FRANCISCO GIMENES

    [in memorian]

    e Vera Lcia Blat

    Migliorini

    estcio - UNISEB

  • AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeo meus pais e amigos que me deram suporte e auxlio para que hoje eu pudesse chegar onde cheguei, estar onde estou e ser quem sou. Agradeo aos professores que me instruram e abriram meus olhos para um novo mundo. Agradeo especialmente a Prof. Vera Lcia por me auxiliar na continuidade do trabalho, e a Prof. Ana Ferraz que tambm me auxiliou bastante na elaborao do caderno e sempre esteve disposta a me ajudar em assessorias projetuais e opinies, sendo para mim sempre uma referncia.

    E finalmente, dedico este trabalho aoquerido amigo, professor e mestre, Francisco Gimenes. Fico feliz que tenha aparecido em minha vida, mesmo que por um curto perodo de tempo e nesse pouco tempo fez muita diferena. Mudou meu olhar e abriu minha mente. Levarei seus ensinamentos pelo resto de minha vida. Ele sempre estar presente entre ns.

    "A conscincia permanece em algum lugar no universo"

    Francisco Gimenes

  • SUMRIO

    1- Introduo

    2- Um parasita chamado homem

    3- Agricultura Urbana

    4- Referncias Projetuais

    5- Proposta

    0

  • Introduo

    As primeiras cidades surgiram a partir da busca do ser humano por se refugiar do desconhecido, do medo e da natureza. A busca por abrigo, calor, e alimento foramos fatoresprimordiaisnafixaodosgrupos para que a partir da surgissem as cidades. Portanto, para garantir o alimento, os homens escolhiam lugares prximos de rios onde no faltasse gua para a populao, para o cultivo agrcola e para criao de animais.

    Fig 1: ilustrao representando a agricultura e a criao de animais de uma cidade que se desenvolveu entorno do Rio Nilo no Egito antigo. Percebe-se ao fundo a representao do Nilo.

    A humanidade foi mudando, e as cidades se transformando. Durante a revoluo industrial, houveram muitas inovaes na rea da maquinaria, e portanto houve tambm uma importante evoluo do transporte, que culminou no distanciamento cada vez maior das reas agrcolas com as urbanas. O alimento agora podia ser transportado pelas locomotivas a vapor. A tecnologia da comunicao e transporte evoluram, e aos poucos as distncias diminuram. A cada mudana, a cidade se renovava e crescia. Logo apareceria uma nova tecnologia que mudaria drasticamente nossa relao com o meio, diminuindo ainda mais as distncias, levando a globalizao a outro nvel: A internet. Com a internet o acesso rpido s informaes acelerou o avano da tecnologia, e a sociedade passou a mudar mais rapidamente.

    Fig 3: Ilustrao representando as ligaes entre pessoas em diferentes partes do globo, se comunicando e compartilhando informaes graas a internet.

    1

  • Sociedade do compartilhamento "No crescente impacto do processo de globalizao, a reestruturao econmica e as novas tecnologias so as grandes foras transformadoras que afetam o mundo contemporneo(LEITE, Carlos Cidades Sustentveis, Cidades

    Inteligentes, p.70)

    Na dcada de 1990, passamos pelo perodo de expanso da internet. Junto dela, surge um mundo global e diverso no sc.XX que ganha maior dinamismo no sc XXI, e assim tudo que conhecemos acerca de tecnologia, meios de produo, comrcio, criao e distribuio de bens e riquezas est se tornando rapidamente obsoleto. Como o economista Jeremy Rifkin disse em uma entrevista sobre seu livro A sociedade do custo marginal zero: a internet das coisas, os bens comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo: a internet gerou um 3 Revoluo Industrial, uma revoluo no tempo/espao, no custo de produtos, e a interferncia direta na economia. Alm de mudar a forma de pensar das novas geraes. A internet est gerando rpidas e importantes mudanas na economia e na sociedade o que interfere no meio urbano. So inmeros os exemplos cotidianos que podemos utilizar para demonstrar essa mudana que est afetando socialmente e economicamente o mundo. At pouco tempo atrs, a principal forma de comunicao com outra pessoa distante era o telefone. Hoje existe o Skype, redes sociais como o Facebook e tambm o whatsapp para o caso de mensagens rpidas. A internet possibilitou o acesso a informao mais rpido e facilitado, e isto gerou avanos em vrias reas da tecnologia. Os usurios tambm procuram cada vez mais facilitar o acesso da informao para que mais pessoas possam acess-la. Isto tambm se refere a servios, msicas, filmes, livros etc.Colaboradores do mundo inteiro (peers) contribuem na criao de bens e servios em vez de simplesmente consumirem o produto final. Empresas inteligentesesto estimulando em vez de combater tais eventos, percebendo os benefcios da colaborao em massa,

    Fig 2: logos de programas

    que facilitam a comunicao,

    graas a Internet.

    *Peering = compartilhamento global

    As pessoas participam da economia como nunca

    antes. Novas formas de colaborao em massa

    esto mudando a maneira como bens e servios so

    inventados, produzidos, comercializados e

    distribudos globalmente.

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  • esse novo modo de organizao acabar por substituir as estruturas empresariais tradicionais. A colaborao em massa se baseia em indivduos e empresas utilizando computao e tecnologias de comunicao para alcanar resultados compartilhados, atravs de associaes voluntrias livres. A nova era prenuncia mais oportunidades econmicas para indivduos e empresas, assim como maior eficcia, criatividade e inovao na economiacomo um todo. Com a abordagem certa, as empresas podem obter taxas mais altas de crescimento e inovao, aprendendo como interagir e criar junto com uma rede dinmica e cada vez mais global de colaboradores. A transparncia uma poderosa e nova fora para o sucesso das empresas. Os funcionrios decompanhiasabertasconfiammaisunsnosoutrose na empresa, o que resulta em custos mais baixos, melhor inovao e mais lealdade. Porm, nem todas as empresas perceberem e conseguiram seguir com a nova era digital, e muitas esto entrando em colapso. Assim, percebemos que a sociedade do consumo est fadada ao esquecimento. Cada vez mais, as novas geraes se preocupam em conseguir acesso a servios e compartilham informaes para facilitar este acesso, at mesmo a servios como o surgimento de aplicativos de carona, servios de txi, grupos de prticas esportivas etc. O consumo exagerado insustentvel, as pessoas criam dvidas, ficamobesasepossuemmenostempolivre,paraquepossam pagar suas dvidas e gastarem mais, alm dos danos ambientais que so gerados pelo consumo excessivo.

    3

    Fig4e5:cenasdofilme"Wall-e",da Disney, onde o mundo se tornou

    inabitvel devido a quantidade de lixo gerada pela humanidade que precisou

    sair do planeta para sobreviver, que mantendo o modo de vista consumista da sociedade capitalista que vivemos,

    se tornou uma espcie obesa.

  • 4 Elas so to parecidas com seres humanos que nos constrangem. Elas cultivam cogumelos, criam pulges como rebanho

    lanam exrcitos em guerras, utilizam sprays qumicos para

    dar o alarme e confundir seus inimigos, capturam escravos... E trocam informaes sem parar...fazem de tudo menos ver televiso. (Lewis, Thomas Cidades para um pequeno planeta, p. ii)

    O consumismo exagerado nada mais do que o reflexo de uma cultura que trazemos desde a 2Revoluo Industrial, que transformou os meios de produo, tornando mais acessvel uma srie de produtos. Nesta poca que ns humanos, passamos a desejar cada vez mais objetos que no eram realmente necessrios, a contnua produo de novidades e a propaganda envolvida neste processo nos fez acreditar que precisvamos consumir para sermos felizes. Este consumo e produo exagerados, ao decorrer do tempo acabou por esgotar (ou prximo disso) uma srie de recursos naturais do planeta. Movimentos ambientalistas aparecem na dcada de 1960.Em1979 lanadoMadMaxfilmedefico

    que se passa em um mundo ps- apocalptico, em que gangues disputam o pouco combustvel que resta para alimentarem os motores de seus

    automveis. O filme reflete a

    Fig.6 : ilustraes de formigas que se transformam em homens -Curta"Destiny",WallDisney e Salvador Dal

  • preocupao da poca com a futura escassez dos combustveis fsseis. Recentemente, neste ano foi lanado Mad Max Estrada da Fria, que se passa no mesmo mundo porm, h um enfoque maior na falta de gua para a sobrevivncia humanam , refletindoa preocupao crescente com o uso inadequado da gua no planeta.

    A gua um elemento essencial para nossa sobrevivncia. Como j foi descrito, no incio as primeiras civilizaes se desenvolveram prximas aos rios e veios dgua para garantir a sobrevivncia da populao, e devido ao desperdcio e poluio que causamos, a gua potvel est sendo um bem cada vez mais raro. Alm disto, outras aes humanas que esto acelerando mudanas climticas em nosso planeta tambm esto afetando a questo da distribuio das guas das chuvas, como o desmatamento. Mesmo pases com abundncia em gua esto com problemas neste recurso natural. Recentemente os reservatrios de gua da grande So Paulo secaram, devido as secas que tivemos durante o vero e tambm a outros fatores como m administrao e falta de investimentos para diminuir a dependncia desses reservatrios. Quanto a seca, os grandes desmatamentos que vem acontecendo na regio Amaznica fazem com que o volume de nuvens de chuva acabe diminuindo, e a falta de vegetao at o sul do continente no possibilita a passagem dessas nuvens para outras regies, alm tambm da falta de vegetao dentro das cidades, pois j foi comprovado que a vegetao est intimamente ligada a pluviosidade.

    5

    Fig.7: Cena do filme"MadMax-EstradadaFria"

    (2015)

    Fig.9: Reservatrio da Cantareira seco

  • 6 Alm do controle do desmatamento, deveriam ser tomadas medidas para a economia da gua potvel, a utilizao de guas pluviais e a reutilizao de guas cinzas. Tais medidas seriam de grande auxlio para que no passssemos pela falta de gua que muitas famlias esto vivendo. Alm disso devemos economizar em todos os meios possveis. O setor que mais consome e desperdia gua a agricultura. Setor imprescindvel para o abastecimento mundial de alimentos, a irrigao o insumo que mais desperdia este recurso essencial vida: a gua. A Organizao das Naes Unidas (ONU) revela que aproximadamente 70% de toda a gua disponvel no mundo que j no muita utilizada para irrigao. No Brasil, esse ndice chega a 72%.

    A agricultura vista pelo organismo internacional como alvo prioritrio para as polticas de controle racional de gua. De acordo com a Organizao as Naes Unidas para a Alimentao e Agricultura (FAO, na sigla em ingls), cerca de 60% da gua utilizada em projetos de irrigao perdida por fenmenos como a evaporao. Ainda segundo o rgo, uma reduo de 10% no desperdcio poderia abastecer o dobro da populao mundial dos dias atuais.

    " (...)At recentemente o principal problema no setor de alimentos era a distribuio, porm hoje isso no

    mais ocorre. Com as recentes mudanas no clima e o constante crescimento da demanda, o mundo

    pode estar entrando em um perodo de escassez." (TICKELL, Sir Crispin - Cidades para pequenos

    planetas, p.iii)

    Fig.8: rea agrcola sendo irrigada - responsvel pelo maior desperdcio de gua no planeta

  • 7 O atual sistema de produo e distribuio agrcola absurdamente invivel. Alm do desperdcio da gua, h um excessivo gasto em combustveis para que o alimento chegue at o consumidor, aqui no Brasil, atravs de caminhes, que alm de consumirem mais, estragam vias e acaba-se tendo uma perda de at 20% daproduoqueficampelasestradas.Almdetodosestes fatores onerarem no preo para o consumidor.

    As distncias entre o consumidor e a produo no so apenas fsicas, visto que cada vez menos temos conhecimentos sobre os alimentos que estamos consumindo. No sabemos quais tipos de agrotxicos foram usados ou se so ou no alimentos transgnicos e como isto nos afeta. Assim, como proposta para solucionar parte destes problemas, e acreditando que a sociedade ruma em busco de uma maior integrao entre seus habitantes, proporemos a reaproximao da agricultura com o meio urbano, diminuindo as distncias entre conhecimento alimentar da populao, proporcionando melhores condies para sade da mesma, e a economia de gua junto a diminuio da queima de combustveis fsseis, do desperdcio e do gasto de energia, visto que no ser necessrio percorrer longas distncias para que o produto chegue ao consumidor e nem o gasto excessivo com a irrigao, j que ser possvel o uso da hidroponia, que acaba tendo uma reduo no uso da gua de at 70% em comparao com o meio de irrigao tradicional.

    Fig 10: Foto de soja desperdiada nas estradas devido ao transporte rodovirio falho

  • 8 Todos ns sabemos que h algo errado com nossas cidades, e que esse algo poder piorar se no aspirarmos a um modelo diferente de cidade no futuro. Se as formigas podem solucionar questes como tamanho, carter e funo correta de suas cidades, devemos ser capazes de fazer o mesmo com as nossas.(Tickell, Sir Crispin, Cidades para um Pequeno Planeta, p.vii)

    A ideia empilhar a agricultura, verticalizando-a, junto a outros servios deixando as reas destinadas hoje a agricultura horizontal livres, reflorestando-aspara que a natureza possa se recuperar evitando maiores catstrofes naturais. A natureza reconquista seu espao, e ns criamos o nosso em direo aos cus.

    Figs.11 e 12:Assim como a internet diminuiu as

    distancias em nvel global, a verticalizao pode tambm

    diminuir as distncias, trazendo o que antes estava longe (agricultura) para perto

    (urbano), assim como os buracos negros, que criam

    pontes que alteram a relao tempo/espao entre

    lugares distintos do universo.

  • 2- Um parasita chamado homem

    SURGIMENTO DAS CIDADES RELAO HOMEM X NATUREZA

    REVOLUO INDUSTRIAL CIDADES JARDIM

    METABOLISTAS ARCHGRAM

    MEGAESTRUTURA Os humanos tm sido muito efetivos em fazer

    mudanas na superfcie do planeta. Para alimentar 7 bilhes tivemos que converter uma poro muito

    grande da superfcie em terra de agricultura, com plantaes. Tambm cobrimos grande parte

    do planeta com nossas cidades. Para constru-las, pegamos calcrio e areia e convertemos em

    outros tipos de rocha, como concreto, tijolos e vidro. Tambm fizemos grandes mudanas na

    biologia: alm de causarmos muitas extines, transportamos animais por todo o planeta, criando o fenmeno das espcies invasoras. difcil achar

    outro ser vivo que, sozinho, tenha mudado tanto o planeta. S h paralelo no Perodo Cambriano,

    quando uma nova bactria comeou a transformar dixido de carbono em oxignio, mudando toda a

    atmosfera." (Jan Zalasiewicz) Durante a evoluo, a espcie humana se destacou entre os outros animais, quando se mostrou mais inteligente. A nossa racionalidade nos fez capazes de desenvolver tecnologias e chegarmos at onde nos encontramos hoje. Esta racionalidade, foi a responsvel por uma srie de questionamentos sobre ns mesmos e o mundo ao nosso redor, que culminou no surgimento de vrias culturas e crenas. A cultura, o ponto em que nos separamos da natureza. Ela faz com que ns tenhamos certos comportamentos que no condizem com o que seria natural, diferente dos animais que seguem seus instintos. As cidades surgem para que os homens consigam se proteger dessa natureza que eles no compreendem, e na busca pela compreenso destes fenmenos que surgem tanto as crenas quanto as tecnologias. A partir destas aes, fomos capazes de mudar nosso planeta como nenhum outro animal foi capaz antes.

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    Fig.13: imagem linear da evoluo humana em paralelo com o declnio da vegetao

  • No comeo dos tempos histricos, cada grupo humano construa seu espao de vida com as tcnicas que inventava a partir da observao da natureza e dos recursos que ela dispunha que eram essenciais para sua sobrevivncia. Organizando a produo, organizava a vida social e o espao, na medida de suas prprias foras, necessidades e desejos, Pouco a pouco este esquema foi se desfazendo: as necessidades do comrcio entre coletividade introduziam nexos novos e tambm novos desejos e necessidades, e a organizao da sociedade e do grupo passou a mudar. O homem comea a se distanciar da natureza.

    As primeiras civilizaes surgiram ao redor de rios, para que no faltasse gua para o cultivo agrcola, a criao de animais e para a prpria populao. As cidades foram crescendo, e a sociedade evolua. Com o aparecimento de diversas atividades comerciais e servios, apareceram os centros urbanos, separando as reas urbanas das rurais. Durante um longo perodo a maior parte da humanidade viveu em reas rurais, porm, vivemos em uma era em que mais da metade da populao mundial vive em reas urbanas e a tendncia que at 2050 mais de 2/3 da populao viva em reas urbanas.

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    Fruto da imaginao e trabalho articulado de muitos homens, a cidade uma obra coletiva que desafia a

    natureza. Raquel Rolnik

    Fig.14: imagem representando formao das cidades prximo rios

  • 11

    "A histria do homeme sobre a Terra a histria de uma ruptura progressiva entre o homem e o entorno. Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivduo e inicia a mecanizao do planeta, armando-se de novos instrumentos para tentar domin-lo. A natureza artificializada marca uma grande mudanana histria humana da natureza. Agora, com uma tecno-ciencia, alcanamoso estdio supremo dessa evoluo" (SANTON, Milton 1922 - A Redescoberta da Natureza p.5)

    Esta mudana comeou a partir da 1 da Revoluo Industrial, com o surgimento da mquina a vapor, a sociedade, a economia e a as cidades mudariam drasticamente a partir destas novas tecnologias. As cidades cresciam e se distanciavam cada vez mais das zonas agrcolas, cada vez mais pessoas queriam vir para as cidades para melhorarem de vida. As famlias campestres com excesso de mo de obra, os centros urbanos com oportunidades de emprego. As cidades de origem medieval, com suas ruelas e becos no suportariam o nmero crescente que a populao alcanava. As mquinas evoluem, e durante a 2 Revoluo Industrial as cidades passam a mudar mais drasticamente. O desenho medieval das vias, e as edificaes insalubres junto ao aumento dapopulao e aos antigos hbitos tornaram a cidade suja, doenas surgiram, a qualidade de vida piorou.Assim surgem as Leis Sanitaristas, junto a Reforma

    (...)O industrialismo, a principal fora criadora do

    sculo XIX, produziu o mais degradado ambiente

    urbano que o mundo jamais vira; na verdade, at mesmo

    os bairros das classes dominantes eram imundos e

    congestionados. (MUNFORD,

    Lewis Paraso Paleotcnico: Coketown pg.484)

  • 12

    Assim surgem as Leis Sanitaristas, junto a Reforma de Paris feita por Haussman. Alm das demolies dos becos medievais e o surgimento de vias largas e iluminadas, agora h tambm a preocupao com a ventilao e iluminao das edificaes. Aspessoas passam a mudar seus hbitos tambm, tanto em questes higinicas como sociais. Surge a famlia nuclear, e as relaes entre os membros da famlia mudam, se assemelhando as relaes de empregado e patro. Tudo moldava-se para a sociedade do consumo, que surge nesta poca, e agora est em declnio. Como nos lembra o grande historiador das cidades Lewis Munford, o objetivo no deveria ser mais bens para as pessoas comprarem, mas mais oportunidades para elas viverem. Mas no foi o que aconteceu, graas ao capitalismo latente e o liberalismo.

    Arelaodamquinacomohomemcadavezficamaisprxima. Nas artes, observamos o futurismo. No cinema, surge

    em1927ofilmeMetroplisdeFritzLang,umahistriadarelao das mquinas com os humanos, onde a cidade

    funciona como uma grande mquina. Na arquitetura, tambm aparece o conceito de Mquina de morar

    de Le Corbusier, que passa para a arquitetura questes do modelo fordista,

    em relao a montagem e a funcionalidade

    universal.

  • 13

    CIDADE JARDIM ..........................

    A industrializao trouxe o anti-vital para as cidades. A fumaa das indstrias e das locomotivas, a insalubridade das cidades, a disparidade social causada pelo liberalismo desenfreado. Todos estes fatores foram motivos para se repensar no que as cidades estavam se tornando e como poderamos melhor-las. A falta de espaos verdes j comeava a ser associada com a insalubridade tanto fsica quanto mental, no mbito social das cidades. Ebenezer Howard, ao observar as pssimas condies de vida da cidade liberal, props uma alternativa aos problemas urbanos e rurais. Primeiramente, ele separa as caractersticas destes dois meios:

    Em sntese, a cidade era o espao da socializao, da cooperao e das oportunidades, especialmente de empregos, mas padecia de graves problemas relacionados ao excesso de populao e insalubridade do seu espao. Por outro lado, o campo era o espao da natureza, do sol e das guas, bem como da produo de alimentos, mas tambm sofria de problemas como a falta de empregos e de infra-estrutura, alm de uma carncia de oportunidades sociais.

    Caractersticas do campo: Faltadevidasocial; Belezadanatureza; Desemprego; Terraociosa; Matas; Bosques,campinas,florestas; Jornadalonga/salriosbaixos; Arfrescoaluguisbaixos; Faltadedrenagem; Abundnciadegua; Faltadeentretenimento; Solbrilhante; Faltadeespritopblico; Carnciadereformas; Casassuperlotadas; Aldeiasdesertas

    Caractersticas da cidade: AfastamentodaNatureza; OportunidadesSociais; Isolamentodasmultides; Locaisdeentretenimento; Distnciadotrabalho; Altossalriosmonetrios; Aluguisepreosaltos; Oportunidadesdeemprego; Jornadaexcessivadetrabalho; Exrcitodedesempregados; Nevoeiroseseca; Drenagemcustosa; Arpestilentoecusombrio; Ruasbemiluminadas; Cortiosebares; Edifciospalacianos;

  • 14

    Assim, ele prope uma nova cidade, em que os mas que representavam as foras positivas tanto do campo quanto da cidade, estariam presentes, aproveitando o que h de melhor em cada um deles. Nasce o modelo de cidade-jardim.

    Fig.15: O esquema mostra a distribuio geral da Cidade-Jardim, conforme concebida por Ebenezer Howard (1996 - 1a edio 1898). A cidade deveria ter uma estrutura radial, com 6 grandes bulevares indo em direo ao centro. Mostra os primrdios da diviso de usos e da adoo de baixas densidades.

    O modelo consistia em uma cidade de 400 hectares construda no centro de uma rea com 2400 hectares, de forma radial. Assim a cidade sempre estaria prxima ao campo, alm disso, em seu centro haveria um parque central e ao redor dele teramos o centro pblico onde estariam os edifcios pblicos, comerciais e de servios enquanto as indstrias se desenvolveriam na periferia da zona urbana, prximo as vias que interligariam as diferentes cidades. Os resduos da cidade seriam utilizados na zona agrcola, e a prpria cidade teria liberdade econmica, sendo que toda a cidade e a populao funcionariam como uma grande cooperativa, buscando converter os lucros em ganhos coletivos.

  • 15

    As habitaes estariam entre a zona industrial e o centro pblico, as reas seriam interligadas por grandes avenidas, e as reas residenciais seriam acessadas por ruas sem sada, assim apenas aqueles que l residissem passariam pelas ruas, tornando a cidade mais segura. Tambm presava pelo verde constante na cidade, e portanto, onde as ruas terminavam nasciam corredores verdes onde a populao teria reas comuns para viverem em sociedade.

    O modelo tinha limitaes quanto a populao, e apenas foi utilizado em bairros residenciais de luxo, e percebeu-se que o desenho nas reas residenciais no trazia segurana aos moradores, mas um engessamento social e reas para esconderijo de ladres. Como Jane Jacobs discorreu em Morte e Vida de Grandes Cidades, necessria movimentao de pedestres nas ruas para garantir uma melhor relao e entrosamento entre a vizinhana, e esta sim, a forma de faz-la mais segura. As cidades continuaram a crescer, a tecnologia avanava e a sociedade tambm mudava. Com a evoluo das mquinas, tambm surgiram novas e mais potentes armas, e logo o mundo passou pelas grandes guerras mundiais. Os arquitetos e urbanistas se viram na necessidade de resolver os problemas causados pela guerra alm dos problemas que as cidades j haviam apresentando desde a Revoluo Industrial. O modernismo na arquitetura j havia surgido, e agora mais ainda, devido a escassez de recursos gerada pela guerra a forma deriva da funo. A funcionalidade, a economia e a velocidade passaram a ser questes fundamentais da nova arquitetura. Estruturas em ao e concreto passaram a ser mais utilizadas. Cada vez mais, o ser humano percebia que se diferenciava da natureza. Como Le Corbusier mesmo nos ensinou nos 5 pontos da arquitetura moderna, os pilotis deviam caracterizarem-se como elementos de transio entre o objeto arquitetnico e o solo liberado para uma livre circulao, deixando a natureza ser, enquanto a arquitetura deveria se desenvolver acima, tocando a natureza apenas com seus pilotis, como se estivesse na ponta dos ps.

  • 16

    Fig16.: Imagem ilustrativa do crescimento de uma malha urbana durante o passar do tempo.

  • 17

    METABOLISMO ..........................

    Na Segunda Guerra Mundial, o Japo foi um dos pases que mais saiu prejudicado. Foi em Hiroshima e Nagazaki onde houve o primeiro e nico momento na histria em que armas nucleares foram usadas em guerra e contra alvos civis. Alm deste episdio, o Japoumpasquepelasualocalizaogeogrficaest acostumado com uma srie de catstrofes naturais, como maremotos e terremotos, alm da faltadeespaoedificvel.Devidoaestesmotivos,aarquitetura japonesa se desenvolveu bastante.

    Na dcada de 60, surge um importante movimento para a arquitetura (o ltimo dos modernistas) o Metabolismo, que levou este nome porque argumentava que os edifcios e cidades deveriam ser concebidas como seres vivos e, portanto, deveriam crescer organicamente, de acordo com as necessidades de seus habitantes.

    Fig17.: Imagend ilustrando desastres naturais e causados por guerras.

  • 18

    (...)Onde a arquitetura ocidental baseada em um mito da tbula rasa um novo comeo no velho

    mundo, Japo, apresenta uma falta de espao sufocante, que faz a arte planejar, intoleravelmente

    pressurizada, ou simplesmente ftil. Uma srie de fenmenos naturais e/ou de origem humana,

    com intervalos de uma dcada, de repente, quase por acaso, oferecem ao Japo um vasto espao

    aberto novssimo que fora a experimentao arquitetnica em grande escala.(...)(KOOLHAAS, 2011 Project Japan, p.57)

    A luta do Japo para encontrar uma nova identidade arquitetnica depois das exploses de Hiroshima e Nagasaki foi dolorosa at o incio dos anos 60, a influncia sobre a nova gerao dearquitetos at ento era Le Corbusier, atravs de Kenzo Tange e Tadao Ando, foi nesse perodo que um grupo de jovens arquitetos e crticos surgiu como uma espciedefilosofiaquefundounovasideiastiradasdodesign tradicional japons, da arquitetura pop e de Le Corbusier e deram a esta o nome de Metabolismo. O nome metabolismo pretendia sugerir uma abordagem biolgica do design, nos edifcio e cidades que cresciam para fazer frente s novas exigncias de uma maneira paralela a natureza, fazendo uso pleno das mais recentes e inovadores tecnologias de construo e formas de comunicao.

    Primeiramente surgiram estudos e projetos utpicos, que visavam o entender e a mudana de paradigmas tanto arquitetnicos e urbanos, quanto sociais. O territrio japons apresenta diversas limitaes quanto a disponibilidade de rea til graas a sua topografia. Alm de ser composto por ilhasvulcnicas, tambm est dentro do chamado crculo de fogo, rea suscetvel a terremotos e maremotos. A falta de reas teis, impossibilita o crescimento espraiado dascidades.Todosestesfatores,fizeramcomqueosarquitetos e urbanistas buscassem solues cabveis, propuseram mega-estruturas e em algumas ocasies acreditavam que deveriam recomear do zero, a partir do princpio da Tbula Rasa.

  • 19

    Um dos primeiros projetos apresentados foi o de Kenzo Tange em 1960, que apresentou seu Plano para Tquio, incluindo ideias inovadoras sobre como expandir a cidade atravs Baa de Tquio.InfluenciadopelasideiasdeLeCorbusier,Tange prope que reas suspensas por grandes pilotis, separando reas de fluxo de veculos epedestre, vinculando artrias urbanas com os edifcios.

    FIg.: Vista e implantao do projeto para o Plano de Tquio de Kenzo Tange, onde uma mega estrutura se desenvolveria de forma suspensa sobre imensos 'pilotis'.As ideias evoluram em utopias urbanas, prevendo mega-cidades atravs a gerao de gigantes formas geomtricas. A discusso sobre a possibilidade da constituio de uma cidade area, a partir de mega-estruturas que suportariam diversos sistemas de infra-estrutura e transporte, com usos variados foiextremamenteimportantepararefletirmosasituaodas cidades em um futuro prximo. H a tendncia cada vez maior das cidades se aglomerarem, se compactarem e consequentemente se verticalizarem, como o caso observado em grandes centros urbanos. Esta tendncia no se refere apenas a falta de espao, mas tambm como forma sustentvel, diminuindo as distncias entre os habitantes, servios, produtos, etc.

  • 20

    (...)Tokyo no possui esperanas, Isozaki declara: Eu no irei mais considerar a arquitetura que est abaixo de 30 metros de altura...Eu estou deixando tudo abaixo de 30 metros para os outros. Se eles

    pensam que podem resolver a baguna nessa cidade, deixe-os tentar.(...)

    (ISOZAKI, Arata, citado por KOOLHAAS, Projetc Japan p.40)

    (...)Comeando nos 45 metros de altura, uma rede de tetraedros interligados pairam sobre os

    edifcios existentes mantendo-os intactos, criando um cho artificial elevado para a habitao, livres

    da densidade e do trfico das ruas abaixo(...)." ( KOOLHAAS, 2011 Projetc Japan p.41)

    Fig.:Fotodemaquetefsicade"ClustersintheAir"deArataIsozaki

  • Neste movimento, obsevamos um grande nmero de projetos em que a cidade se desenvolve no 'ar', longe da superfcie terrestre, provavelmente pela questo de ser um pas com pouca rea til. Alm de ser um pas que tanto pela guerra quanto pela natureza est sempre se 'reconstruindo'. Assim, nestes projetos observamos a tentativa de se 'desprender' da Terra. O homem deve levar para suas construo aquilo que necessita para viver, utilizando o mnimo possvel dos recursos naturais. Este pensamento acaba por gerar projetos muito sustentveis. O que a populao japonesa teve que resolver a partir da necessidade, o restante do mundo pode absorver como potencialidade. A partir das solues apresentadas pelos arquitetos metabolistas desde 1960, at as solues mais contemporneas que vislumbrem alternativas compatveis com a vida, podem ser consideradas lies de grande valor para aplicao em cidades ocidentais distintas.

    Fig.: Ecpolis: projeto de cidade sustentvel por Kikutake Kiyonori em 1990. Podemos observar o monte Fuji ao fundo.

    21

    Fig .: Croqiu Sou Fujimoto.

  • interessante, que at os tempos atuais, os arquitetos japoneses ainda possuem ligaes com este movimento. Arquitetos como Sou Fujimoto, ainda buscam na natureza a forma tanto fsica, quando de se viver/portasemsuasedificaes.Talvez,pelaculturajapones, h uma percepo de natureza diferente da do ocidente, e percebe-se pela arquitetura uma busca por uma retomada do ser natural mesmo na criao humana.

    Fig .: Serpentine Gallary Pavillion, Sou Fujimoto.

    22

    Fig .: Croqiu Sou Fujimoto.

  • ARCHIGRAM..........................

    Concomitantemente neste perodo, no ocidente, surgiu um grupo de arquitetos Archigram, formado por Peter Cook, Ron Herron,Warren Chalk, DennisCrompton, David Greene e Mike Webb. Aps a 2Guerra Mundial, apesar de toda a destruio que ocasionou, houve tambm um grande avano nas tecnologias. Os pases vencedores passavam por

    22

  • 24

    uma grande expanso econmica e tecnolgica, impulsionando o desenvolvimento de revolucionrios meios de transporte e de comunicao. As polticas de conquista espacial, o crescimento das redes de telecomunicao via satlite, o surgimento da robtica, dos computadores e a proliferao de todo tipo de eletrodomstico, principalmente aqueles voltados para a comunicao como o rdio e a televiso. Entusiasmados com esta perspectiva de progresso, muitos arquitetos da poca viam a arquitetura tradicional como obsoleta, e compartilhavam da ideia de que era o momento para uma drstica revoluo na arquitetura. Os arquitetos do grupo Archigram faziam parte dessa parcela, e a partir disso, criaram uma revista de carter contestatrio e provocativo, tambm denominada Archigram. Suas publicaes, mesclavam projetos e comentrios sobre arquitetura com imagens grficas,cujarefernciavinhadouniversopopdaTV,do rdio e das histrias em quadrinhos.

    Fig.:Imagemdoprojeto"InstantCity".Umgrandecircocobertode lonas erguidas por bales. Uma arquitetura mvel que oferecia uma srie de eventos e informaes culturais para as metrpoles.

  • 25

    As ideias e os projetos arquitetnicos do Archigramrepercutiramportodoomundo,redefinindoa nossa prpria maneira de entender e lidar com a arquitetura. Diferente de tudo que at ento era classificado como arquitetura, seus projetosexperimentais causaram grande impacto na poca, gerando uma srie de discusses. Eles idealizaram arquiteturas que se fundamentavam em ideias e princpios que estavam intrinsecamente relacionados s transformaes provocadas pelos novos sistemas de transporte, pelos novos sistemas de comunicao e de informao e pelas novas tecnologias eletrnicas.

    As vertiginosas mudanas econmicas, sociais e culturais da poca solicitavam novas alternativas de planejamento espacial fundamentadas em princpios comoamobilidade, a flexibilidade, a instabilidade, amutabilidade, a instantaneidade, a efemeridade, a obsolescncia e a reciclagem. A partir destes princpios foram surgindo os projetos do Archigram.

  • 26

    WalkingCity

    TalvezomaisfamosodosprojetodoArchigram,WalkingCity representa o pice do esforo criativo do grupo. Uma arquitetura sem fundaes, sem razes, constitudos por imensos containers com pernas tubulares que se deslocam pelo solo e pelas guas em constante movimento. Mistura de nave espacial com submarino atmico. Mais uma vez, observa-se uma arquitetura que no quer estar ligada ao lugar, ao terreno. Uma arquitetura que busca os limites do homem, e sua separao com seu planeta. Deixar a natureza ser no planeta enquanto criamos o nosso prprio espao. No foi projetada na inteno de ser construda, mas apenas como ideia. Uma questo a ser pensada para aparecerem novas sugestes e possibilidades.

    Fig:ImagemdofilmeHowlsMoving Castle (2004),

    animao japonesa de Hayao Miyazaki e do Studio Ghibli, cujo castelo inspirado na

    WalkingCity.

  • 27

    Nos interessante analisar estes movimentos, pois ambos nos lanam novas ideias e perspectivas trazendo solues ou ideias muito criativas, que mesmo que ainda no possam ser executveis, podem nos abrir a mente e a viso para outras solues. Esta quebra de paradigmas o que nos trar a mudana, pois se analisarmos uma srie de problemas que j apareciam na dcada de 1960 ainda persistem em nosso tempo, em maior escala, como a questo das vias, do nmero de automveis e do trfego.

    (...) Da mesma forma que o elevador tornou possvel a existncia do arranha-cu, o automvel possibilitou

    que os cidados vivessem longe dos centros urbanos. Em todo o mundo, as cidades esto sendo

    transformadas para facilitar a vida dos carros, mesmo que sejam eles e no as indstrias, os responsveis

    pela maior parcela de poluio do ar, a mesma poluio que expulsou os moradores para bairros

    residenciais distantes. (ROGERS, Richard, 1997 Cidades para um pequeno

    Planeta, p.2/35)

    MORADIA TRABALHO

    LAZER

    Distncia que exige deslocamento de

    carro

    O zoneamento das atividades induz utilizao e dependncia do automvel particular

  • 28

    As cidades, principalmente no interior do Brasil que um pas sem problemas quanto ao solo til, crescem na horizontal de forma espraiada e a populao cada vez mais prefere viver em condomnios fechados nas periferias da cidade com a falsa sensao buclica de que esto mais perto da natureza e refugiados da poluio e violncia dos centros urbanos. Assim, enquanto a populao cresce, crescem tambm o nmero da frota de veculos particulares na cidade enquanto o transporte pblico continua sucateado. Este distanciamento dos centros urbanos to insustentvel quanto ao distanciamento da agricultura local de produo, dos centros urbanos local de consumo. Nas duas vertentes da arquitetura apresentadas aqui, percebemos que desde a dcada de 1960 quando comeou-se a pensar nesses problemas que hoje esto agravados, j era notrio a necessidade de se compactar o espao urbano, na forma da verticalizao em vez de expandir horizontalmente.

    MORADIA TRABALHO

    LAZER

    Distncia que pode ser percorrida a p

    ou de bicicleta

    Ncleos compactos reduzem as distncias e permitem o deslocamento a p ou de bicicleta

    Fig.: Formao das cidades compactas Fonte: (ROGERS,Richard, 2011 - Cidades para um pequeno planeta, p.39) Descrio: Imagem ilustrativa que exprime de forma bastante coerente as vantagens da compactao das cidades.

  • 29

    3- Agricultura Urbana

    Ao surgir uma cidade, sempre houve a preocupao com o fornecimento de alimentos e por isso sempre houveram zonas agrcolas nas proximidades. Com a evoluo dos transportes e o crescimento das cidades as distncias entre o alimento e o consumidor aumentaram, criando hoje um sistema insustentvel onde o consumidor no sabe de onde vm, como chegou e como foi produzido o alimento que consome. Alm da insustentabilidade no consumo de combustveis para o transporte do alimento e o excessivo consumo de gua pelas zonas industriais e agrcolas, graas a este distanciamento com a produo e a correria da vida urbana, consumimos cada vez mais produtos industrializados. Podemos ver o resultado desse consumo na sade da populao: a pesquisa de Oramentos Familiares de 2008-2009, realizada pelo IBGE, indicou grande aumento no nmero de crianas com excesso de peso, alm de constatado que mais de 40% da populao sofre de obesidade. Devido este sistema falho, observamos uma tendncia mundial pela busca de alimentos orgnicos e a busca por uma revoluo alimentar. Cada vez mais, pessoas esto utilizando reas urbanas para produzir seus prprios alimentos. Hortas urbanas aparecem em vrias cidades pelo mundo. Podemos observar nas principais megacidades preocupao crescente com a boa alimentao, e o surgimento de hortas urbanas em New York, Tkyo, Cidade do Mxico. No Brasil no diferente, na cidade de So Paulo j podemos ver vrias hortas urbanas surgirem, como a Horta do Ciclista, a Horta da Vila Pompia, a Horta Vegana na Av. Paulista e a Horta do CCSP. Todas estas hortas urbanas viso, alm da busca por alimentos mais saudveis, uma nova relao entre o habitante com o espao urbano e com sua vizinhana. Fig.: Horta do ciclista na

    Av. Paulista - So Paulo

  • 30

    Pode-se observar a importncia da relao dos habitantes com espaos urbanos no projeto Rebar, em que um grupo de artistas e designers ocuparam reas de estacionamento em So Francisco transformando-os em parques improvisados, atividade que foi batizada de Park(ing) Day e que em novembro de 2013 foi realizadapela primeira veznoChile.Oevento ficouto popular que o planejamento da cidade autorizou a criao de diversos parklets e criou o programa Pavimentao aos Parques que transforma espaos de praas pblicas em reas de recreao. um bom exemplo de como deve haver dilogo entre a populao e seus governantes para um melhor uso do espao urbano.

    Fig.: Outro projeto Rebar, o Victory Garden, localizado no espao cvico de So Francisco com uma horta urbana.

    Em Tokyo, devido a falta de espao o governo disponibilizou as reas sobre os tneis de metr para o cultivo agrcola. O governo disponibiliza espao, sementes, adubo, e pessoal especializado queles interessados em ter uma horta, com o pagamento de

  • 31

    uma taxa anual de aproximadamente 2500 reais. Na Sua, aps a Primeira Guerra Mundial o governo distribuiu lotes na cidade de Les Avanchets para as famlias recomearem suas vidas. Cada famlia criou uma horta em sua casa, plantando algum vegetal e/ou fruta de sua preferncia, criando-se assim a cultura de troca de alimentos orgnicos entre a comunidade aumentando a qualidade da alimentao e a integrao social da populao.

    Outro exemplo de mudana urbana, em prol da alimentao foi a ocorrida em Cuba. Em 1989, 57% do consumo calrico de Cuba era importado da Unio Sovitica. Quando esta entrou em colapso, Cuba subitamente se tornou a nica responsvel em alimentar sua populao, incluindo os 2.2 milhes que habitavam em Havana. Frente a uma escassez massiva de alimentos, os cidados fizeram anica coisa que podiam, e a cada espao possvel apareciam pequenas hortas. Nas sacadas, terraos, ptios e terrenos baldios, os vizinhos comearam a plantar feijes, tomates, bananas e qualquer alimento em local que estivesse disponvel. Em um espao de dois anos levantaram-se granjas e jardins em todos os bairros de Havana. O governo colabora com a iniciativa da populao e em 1994 cria o departamento de Agricultura Urbana, tomando medidas normativas para o planejamento do Usofruto, tornando legal e livre a prtica agrcola em terrenos sem usos e pblicos. Tambm capacitou membros da comunidade

  • 32

    para monitorarem, educarem e incentivarem a construo de hortas comunitrias nos bairros, alm da criao de casas de sementes para prover recursos e informaes para os cidados. Para tornar as hortas rentveis, tambm foi criado uma infraestrutura de venda direta de Mercados Agrcolas. Em 1988eramreconhecidasoficialmentemaisde8000hortasemHavana, cujos produtos orgnicos cobriam 50% da produo de hortalias do pas. Infelizmente, o governo cessa os incentivos para agricultura urbana em 2008, quando Ral Castro substitu seu irmo. Mas, o importante em aprender com Cuba como a partir na necessidade, a comida se converteu novamente em um fator determinante na configuraoda cidade.Apesar de queas circunstncias em outros pases no sejam to extremas, possvel estabelecer paralelos. As crises econmicas atuais, a precarizao dos recursos naturais e a busca por uma alimentao mais saudvel, so pontos que levaro as cidades a buscarem mtodos mais sustentveis na produo e distribuio de alimentos. Se aproximarmos a ideia de que a comida um fator preponderante no projeto urbano, seremos capazes de usar o projeto para diminuir no s a distncia fsica, mas tambm conceitual entre ns e nossos alimentos.

  • 33

    At a metade do prximo sculo, a presso para o fornecimento de alimentos vir de muitos lugares:

    at agora, estivemos a salvo por causa da revoluo verde, mas as perspectivas para a ocorrncia de uma outra revoluo similar so bastante fracas.

    At recentemente o principal problema no setor de alimentos era a distribuio, porm hoje isso no

    mais ocorre. Com as recentes mudanas no clima e o constante crescimento da demanda, o mundo pode

    estar entrando em um perodo de escassez. (ROGERS, Richard 1997 Cidades par um

    pequeno planeta, p iii)

    No Brasil, a produo de alimentos responsvel por 72% do desperdcio da gua que chegaaoconsumidorfinal.Boapartedaguautilizadapara produzir alimentos perdida na evaporao, o que exige uma maior captao do recurso em rios e lagos. Alm da utilizao de agrotxicos pela agricultura, que tambm colabora para a diminuio dos recursos hdricos do pas. Esses insumos contaminam o solo, alm de mananciais, diminuindo a disponibilidade de gua, no apenas no meio rural, mas tambm nas cidades. Alm do desperdcio de gua, estimado que at 20% da produo perdida durante o transporte nas estradas brasileiras. Segundo o IBGE, a estimativa de que 67% das cargas brasileiras sejam deslocadas pelo modal rodovirio, o menos vantajoso para longas distncias. Conforme estudo de viabilidade econmica dos transportes de cargas, o modal rodovirio o mais adequado para as distncias inferiores a 300 km, enquanto o ferrovirio o para distncias entre 300 km e500km;eofluvialparadistnciasacimade500km.

  • 34

    Alm dos combustveis queimados no transporte,

    auxiliando na poluio do ar e na diminuio da camada de oznio, o transporte rodovirio onera bastante o preo do produto final. Um exemplo

    o valor pago pelo frete em relao ao que o agricultor

    recebe pelo produto. Um produtor de soja do municpio de Sorriso,

    Mato Grosso, recebia R$ 23 pela saca e gastava R$ 12 para lev-la at o porto, em 2007, onde embarcaria a carga para o mercado internacional. Ou seja, o gasto com o escoamento representava mais de 50% do valor recebido pelo produtor. Alm do gro quedesperdiado,oBrasilficaimpedidodecrescer e de se tornar ainda mais competitivo.

    Mas o caminho do desperdcio no se limita ao percurso da colheita at o transporte. Quando se fala em frutas e hortalias, produtos mais perecveis, as perdas so ainda maiores e ultrapassam os limites do campo, chegando ao varejo e s cozinhas brasileiras. Um estudo da FAO, de 2004, revela que o Brasil est entre os 10 pases que mais jogam comida no lixo, com perda mdia de 35% da produo agrcola. A Embrapa Agroindstria de Alimentos realizou uma pesquisa focada nesse tipo de produtos e mostrou que o brasileiro joga fora mais alimentos do que, efetivamente, leva mesa. Nas 10 principais capitais do pas, o consumo anual de vegetais de 35 quilos por habitante. No entanto, o desperdcio chega a 37 quilos por habitante/ano. Do total de desperdcio no pas, 10% ocorremduranteacolheita;50%nomanuseioetransportedosalimentos;30%nascentraisde abastecimento; e os ltimos 10% ficamdiludos entre supermercados e consumidores.

  • 35

    Infelizmente, o modo de produo agrcola brasileiro totalmente insustentvel. As perdas se somam a todos envolvidos no processo. Se o Brasil reduzisse as perdas, poderia oferecer mais produtos para o mercado interno, barateando os preos, e tambm exportar mais, sem a necessidade de investimentos adicionais na abertura de novas fronteiras agrcolas. Uma forma de reduo das perdas trazer novamente a agricultura para dentro das cidades. Com isso, teremos grande reduo do desperdcio causado pelo transporte. Alm disso, as distncias no s fsicas entre produto e consumidor sero minimizadas. Se o desenho urbano fosse repensado considerando a alimentao, a populao estaria mais ciente do processo, tornando-a mais consciente quanto ao desperdcio e quanto ao alimento que consome.

  • 36

    As mudanas sociais que os ltimos adventos tecnolgicos vm trazendo, nos fazem crer que as novas geraes prezam pelo compartilhamento de servios e informaes. o que percebemos com o aparecimento de aplicativos de comunicao e servios, e at mesmo com o maior compartilhamento de informaes observvel pela internet. Assim, podemos crer que esta nova gerao prese tambm por um maior compartilhamento fsico. Ao trazer a agricultura para omeiourbano,ocidadoficarmaisprximodoprocesso.Podero ser criadas cooperativas, unindo cada vez mais a populao urbana, recriando vnculos na escala da vizinhana que vinham sendo perdidos.

    AGRICULTURA CIDADES

    CIDADESAGRICULTURA

    Fig.: Esquema demonstrando as vantagens na aproximao entre agricultura e cidade, no necessitando de transporte

  • 37

    Hidroponia.................

    Hidroponia consiste em cultivar as plantas sem solo, onde ser fornecida uma soluo nutritiva balanceada com gua e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta. A tcnica pode ser empregada de vrias formas, sendo as principais: exposio das razes a uma lamina de soluo sobre uma bancada ou uso de substrato inerte para a sustentao da planta, onde est ir receber a soluo nutritiva, que sero absorvidos por suas razes. A hidroponia tambm pode ser auxiliada pelo uso de outros substratos como: cascalho, vermiculita, perlita, l de rocha, serragem, areia, casca de rvore, etc., em que se adicionado uma soluo de nutriestes contendo elementos essenciais para o desenvolvimento da planta. Atualmente, a alface a espcie mais cultivada, mas tambm pode-se platar couve, rcula, melo, brcolis, berinjela, tomate, arroz, morango, feijo-vagem, salsa, repolho, agrio, trigo, pepino, e mudas de rvores.

  • 38

    (...)De acordo com os dados ambientais das Naes Unidades de 1993/94, 17% dos solos em todo mundo

    foram atingidos em maior ou menor grau desde 1945. (ROGERS,Richard -1997, Cidades para um

    pequeno planeta, p.iii)

    O processo de hidroponia apresenta vrias vantagens em relao ao mtodo de cultivo tradicional. Alm de ter uma economia de gua de at 70% comparada aos mtodos utilizados hoje no Brasil, maior produo por rea, crescimento rpido, aumento da proteo contra doenas, pragas e insetos, possibilidade de plantio fora de poca e rpido retorno econmico, assim como menores riscos perante as adversidades climticas.O cultivo hidropnico exige menor espao e a produo de hortalias e plantas poder ser feita em qualquer lugar, qualquer tipo de clima e em pequenos espaos. Na hidroponia, a planta no entra em contato direto com o solo e recebe os nutrientes e minerais que precisa em proporo equilibrada dissolvidos na gua. O resultado uma planta mais forte e sadia, com qualidade nutricional e sabor equivalentes aos vegetais produzidos nas prticas tradicionais de cultivo. Outra grande vantagem a iseno de resduos agrotxicos, assim, pelo mtodo da hidroponia o agricultor tambm evita a degradao dos solos e a agresso ao meio ambiente, alm de economizar, pois reduz o uso de produtos qumicos e a preocupao com a desinfestao de reas para o plantio.

    Hidroponia.................

  • 39

    Principais Vantagens e Desvantagens do Sistema Hidropnico Vantagens Produo de melhor qualidade: pois as plantas crescem em um ambiente controlado, procurando atender as exigncias da cultura e com isso o tamanho e a aparncia de qualquer produto hidropnico so sempre iguais durante todo o ano. Trabalho mais leve e limpo: j que o cultivo feito longe do solo e no so necessrias operaes como araes, gradagens, coveamento, capinas, etc. Menor quantidade de mo-de-obra: diversas prticas agrcolas no so necessrias e outras, como irrigao e adubao, so automatizadas. No necessria rotao de cultura: como a hidroponia se cultiva e meio limpo, pode-se explorar, sempre, a mesma espcie vegetal. Alta produtividade e colheita precoce: como se fornece s plantas boas condies para seu desenvolvimento no ocorre competio por nutrientes e gua, e alm disso, as razes nestas condies de cultivo no empregam demasiada energia para crescer antecipando o ponto de colheita e aumentando a produo. Menor uso de agrotxicos: como no se emprega solo, os insetos e microorganismos de solo, os nematides e as plantas daninhas no atacam, reduzindo a quantidade de defensivos utilizada. Mnimo desperdcio de gua e nutrientes: j que o aproveitamento dos insumos em questo mais racional. Maior higienizao e controle da produo: alm do cultivo ser feito sem o uso de solo, todo produto hidropnico tende a ser vendido embalado, no entrando em contato direto com mos, caixas, veculos, etc.Melhorapresentaoeidentificaodoprodutopara o consumo: na embalagem utilizada para acondicionamento dos produtos hidropnicos pode-se identificar a marca, cidade de origem, nome doprodutor ou responsvel tcnico, caractersticas do produto, etc. Melhor possibilidade de colocao do produto no mercado: por ser um produto de melhor qualidade,

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    aparncia e maior tamanho, torna-se um produto diferenciado, podendo agregar ele melhor preo e comercializao mais fcil. Maior tempo de prateleira: os produtos hidropnicos so colhidos com raiz, com isso duram mais na geladeira. Pode ser realizado em qualquer local: uma vez que seu cultivo independe da terra, pode ser implantado mais perto do mercado consumidor. Desvantagens Os custos iniciais so elevados, devido a necessidade de terraplenagens, construo de estufas, mesas, bancadas, sistemas hidrulicos e eltricos. Dependncia grande de energia eltrica. O negcio para ser lucrativo exige conhecimentos tcnicos e de fisiologiavegetal.Emumsistemafechado,comumapopulao alta de plantas, poucos indivduos doentes podem contaminar parte da produo. Exige rotinas regulares e peridicas de trabalho (Carmo Jr., 2003). O balano inadequado da soluo nutritiva e a sua posterior utilizao podem causar srios problemas s plantas. O meio de cultivo deve prover suporte s razes e estruturas areas das plantas, reter boa umidade e, ainda, apresentar boa drenagem, ser totalmente inerte e facilmente disponvel. Somente materiais inertes podem entrar em contato com as plantas (toxidez de Zn e de Cu podero ocorrer, caso presentes nos recipientes). essencial boa drenagem para no haver morte das razes (Castellane e Arajo, 1995). Emprego de inseticidas e fungicidas: No incio do emprego da hidroponia, para fins comerciais, sepropagava que no ocorriam pragas e doenas no referido sistema de cultivo. Hoje, sabe-se, que se pode ter esses problemas na instalao hidropnica, embora em muito menor grau em comparao com o sistema convencional. Entretanto, a deciso quanto ao uso de inseticidas e fungicidas sempre muito difcil. Deve-se, sempre, procurar alternativas menos agressivas sade e ao ambiente, evitando, ao mximo, o uso de produtos qumicos. Pois, caso contrrio, o mtodo perde um dos atrativos de comercializao (Teixeira, 1996). Os equipamentos necessrios para trabalhar

  • as culturas hidropnicas devem ser mais precisos e sofisticadosqueparaosolo,portanto,maiscarosdeaquisio, instalao e manuteno. A falta de inrcia dos sistemas hidropnicos torna-os vulnerveis perante qualquer falha ou erro de manejo. Tambm afiabilidadedasinstalaeseautomatismosatuaisalta, no se devendo esquecer que, para um sistema deste tipo, alguma avaria teria conseqncia muito mais grave que na agricultura tradicional (www.ep-agricola-torres-vedras.rcts.pt, 2003).

    Fig.:Bancada de canos de PVC, mostrando tambm a canaleta de retorno de soluo e a fixaodosuportedasplantasnabancada.Nodetalhe, a unio dos tubos.

    Fig.: Esquema Bsico para Instalao de Hidroponia no Sistema NFT (Tcnica do Filme Nutriente), tcnica de cultivo em gua, no qual as plantas crescem tendo o seu sistema radicular dentro de um canal ou canaleta (paredes impermeveis) atravs do qual circula uma soluo nutritiva (gua + nutrientes).

    41

  • aeroponia.................

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    Aeroponia Horizontal

    Aeroponia horizontal consiste fundamentalmente em cultivar as plantas em tubos de plsticos (PVC) de 12 a 15 cm de dimetro, em cujo interior passa a soluo nutritiva. Os tubos so colocados com inclinao de 1-3%. A soluo entra pela parte mais alta do tubo saindo pela outra extremidade. As mudas so colocadas, nos tubos de PVC, em perfuraes de 3-4 cm de dimetro e no espaamento indicado cultura. Os tubos, (Figura 09), so colocados em grupos formando linhas seguidas. Os grupos so colocados um em cima dos outros, a 1 m de distncia, como se fossem andaimes. O apoio feito em estruturas metlicas ou de madeira, de preferncia, mveis.

    Fig.: Instalao Aeropnica Horizontal

  • 43

    Aeroponia Vertical Neste sistema se cultivam plantas em colunas (tubos de PVC de quatro polegadas), de cerca de 2 m de comprimento. Esses tubos recebem perfuraes para adaptao das mudas. As colunas so dispostas paralelamente, deixando-se espaos de 1,40 m entre elas, formando grupos. Entre os grupos se deixa o espaamento de 1,80 m. Maneja-se a formao de grupos de modo que a luminosidade e a temperatura sejam as desejveis para boa produtividade.A soluo nutritiva entra pelo alto da coluna, passa ao longodamesma,recolhidanaparteinferior,filtradae retorna ao reservatrio. O processo inclui, como nos anteriores, bomba para recalque da soluo, timer programador e reservatrio de soluo nutritiva.

    Fig.: Esquema da Instalao de Hidroponia Vertical

    Tanto a aeroponia quanto a hidroponia, so meios de cultivo que acabam interferindo na natureza de forma bem menos agressiva do que os mtodos tradicionais implantados no pas. Alm da economia de gua e da no contaminao do solo, tais mtodos so mais econmicos em rea, portanto so excelentes para a implantao de hortas dentro da zona urbana.

  • 44

    4- Referncias Projetuais

    FarmedHere

    FarmedHere, uma marca de uma fazenda vertical em Chicago, que cultiva alimentos orgnicos atravs da hidroponia. Alm de reduzir custos de transporte, a fazenda urbana recicla gua, usa pouca energia e nenhum agrotxico. A ideia de levar a produo para mais perto do mercado faz sentido para a economia, o ambiente, e a administrao urbana. Melhor ocupar o espao vazio do que deix-lo ser invadido por algo menos til.

    O projeto FarmedHere [plantado aqui, em traduo literal] j preencheu mais de 8 mil m com rcula, ervas e tilpias, criando um sistema fechado que fornecer mais de 450 mil kg de vegetais todos os anos. A mais nova adio safra essa fbrica de vegetais com 8361m, a cerca de 24km do centro de Chicago. Fazendo uso de um barraco abandonado, essa uma fazenda vertical para produo de rcula, quatro tipos de manjerico, e peixes. O mais engenhoso que a gua dos tanques de tilpias

    usada em sistemas aquapnicos (quando plantas crescem na gua) e aeropnicos (por asperso). Praticamente no h desperdcio de gua.

  • 45

    Edificaes que buscam a verticalizao daagricultura, aproximando-a aos centros urbanos so as chamadas fazendas verticais. Assim como a FarmedHere, existem outros projetos em desenvolvimento, e outros mais utpicos que acabam por buscar solues para vrias das questes j levantadas, como a sustentabilidade, a diminuio da queima de combustveis, do desperdcio de gua e do prprio alimento, da contaminao do solo e a busca por uma maior integrao entre a alimentao, o urbano e o cidado. Com a verticalizao, alm de podermos inserir a agricultura no meio urbano de forma mais consciente, liberaramos espao onde hoje so as zonas agrcolas, para a natureza se reestabelecer, minimizando complicaes climticas que h tempos j esto interferindo nas nossas vidas e no nosso planeta. Alm da ideia de cultivo, j pensado na composio das fazendas verticais pensadas para suportar a criao de animais. Certamente, o processo de trazer a agricultura para os centros urbanos atravs das fazendas verticais, a longo prazo trariam esforo no apenas monetrio como qualitativo para todos ao seu redor. Estudos sobre a implantao de fazendas verticais em metrpoles mundiais como Nova Iorque, mostram resultados muito positivos na reduo de problemas apresentadosnacidadepordificuldadenotransportede alimentos, a falta de vastas reas agricultveis prximas e at mesmo na qualidade do ar. O desejo de adensamento, ao aproximar reas vastas como fazendas ou grandes propriedades rurais para prximas da concentrao populacional, refora as qualidades em que, neste deslocamento esto atreladas economia, facilidade de locomoo, sustentabilidade, cooperao entre outras que transformariam a cidade em um lugar mais atrativo, prximo e mais humano. Apesar de ainda existirem muitas utopias e idealizaes de um futuro sustentvel, e de projetos inexecutveis at ento, apresentaremos a seguir uma sriedeprojetosdefazendasverticais,ouedificaesatreladas a vegetao, demonstrando que este talvez seja um futuro no to distante.

  • 46

    Escritrios Pasona (2010) - Tquio, Japo Kono Designs

    Com o aumento da populao nos centros urbanos, aumenta tambm a preocupao com o futuro da agricultura. Este foi o pensamento do pessoal do escritrio Pasona, que pensando no futuro se transformaram em um escritrio/fazenda vertical dedicando 20% de sua rea para o cultivo de vegetais.A mescla de usos dentro de um nico edifcio adensa ainda mais a cidade, sendo menos necessrio ainda a utilizao de transportes para locomoo. O projeto parece pronto para inspirar outros escritrios a embarcar nesta nova tendncia de projeto.

    Os jardins contm tanto vegetais hidropnicos quanto plantados em terra, e necessitam de um controle climtico bastante preciso. Isto frequentemente significa manter estes espaos maisquentes que os nveis considerados confortveis para escritrios, e esta

    indiscutivelmente a caracterstica mais desagradvel do edifcio.

  • 47

    Todaedificaosetornouumagrande fazenda vertical. Tanto

    as reas comuns como as areas de servio

    so tambm utilizadas para a produo de

    alimento que no se destinam apenas

    alimentao dos funcionrios de

    Pasona.

  • 48O escritrio Kono Design espera que este novo tipo de escritrio inspire os habitantes das grandes cidades a reconsiderar a agricultura e, possivelmente, redinamizar algumas reas rurais.

    Acima, temos duas imagens mostrando a evoluo do edifcio com o crescer das plantas. Ao lado temos um detalhe das janelas, que possuem uma estrutura tipo 'brise' onde a vegetao pode crescer para fora em busca de luz solar.

  • 49

    Urbanana - (2012) Paris, Frana

    SOA

    Soa um escritrio de arquitetura contemporneo francs, que visa a maior integrao da agricultura e alimentao no desenho urbano. Possu vrios projetos, ainda no construdos de fazendas urbanas de diferentes escalas. Sero apresentados alguns deles.

  • 50 Urbana um edifcio, no construdo, voltado para o plantio de banana, dentro da cidade de Paris entre dois edifcios residenciais. Suas fachadas so de vidro, aproveitando ao mximo a iluminao natural, j que a vegetao cresce ao longo de um ciclo de luz e estaes. O interior livre de um sistema de pavimentos convencionais, a fim deutilizar ao mximo o espao e a luz do dia, com apenas algumas pontes que possibilitam o acesso necessrio entre as sees. A estrutura metlica com vedao em vidro.

  • 51

    Musical Farm (2012) Bordeaux, Frana SOA

    Localizao: Bastide Niel, Bordeaux, FranceCliente: Groupe Evolution, Darwin Ecosystme rea: 2 760 mEstrutura: aoPrograma: fazenda vertical, palco para shows de msica e galeria educacional

  • 52 Music Farm, uma fazenda vertical projetada para alm de abrigar plantaes, abrigar uma galeria,cursos e de um palco voltado para a rea externa para apresentaes musicais. Diferente do Urbanana, o Musical Farm um exemplo de fazenda vertical que mescla usos diversos e tambm sehdo um polo atrativo cultural para a vizinhana.

  • 53

    1- Estoque produtos perigosos/ 2- Lixo/ 3- Manuteno de equipamentos/4-Estoque/5-Frigorfico/6-Escritrio/7-reade refeies/ 8- Sala de transformao/ 9- Estoque/ 10- Palco/ 11- Estoque de terra/ 12- Galeria

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    The Living Tower (2005) Rennes, Frana SOA

    Uso: Habitao, escritrio, espaos comerciais e fazenda verticalLocalizao: Rennes FranaCliente: Cidade de Rennes e Cimbtonrea: 50 471 m

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    The Living Tower (2005) Rennes, Frana

    The Living Tower, ou La tour Vivante foi um projeto do grupo SOA Architects, vencedor da competio Positivo Building Energy, que busca a interao entre cidade e o campo dentro do planejamento urbano, propondo o adensamento das cidades, propondo uma grande torre de uso misto. O objetivo associar a produo agrcola com a habitao nas zonas urbanas, diminuindo a necessidade de transporte e aumentando o rendimento energtico. Alm disto, o projeto se destaca pelo seu revestimento por painis solares, e seus geradores elicos no terrao.

  • 57

    Fig.: rea de plantio de Tomates Estimativa de produo para o tomate , saladas e produo de morango :t63 000 kg de tomates por ano37 333 ps de saladas por ano9 324 kg de morangos por ano

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    O edifcio composto por dois blocos. Um horizontal e em parte subterrneo com estacionamento e salas comerciais e outro verticalizado onde encontra-se as habitaes junto as plantaes.

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    Bosco Verticale (2007) Milo, Espanha Stefano Boeri

    Localizao Milo, ItliaAno de incio e trmino das obras: 2009-2014Cliente HINES Italia SrlUso: torres residenciaisrea: 40.000 m

    Diferentes dos projetos j apresentados, este no se trata de uma fazenda vertical, mas sim de um conjunto residncial singular. Em toda sua fachada foram plantadas rvores de mdio porte, visando o bem estar da populao, proporcionando um microclina capazdefiltraraspartculasdeppresentesnomeiourbano. O sistema de irrigao das planas ser realizado po meio de um sistema de absoro de guas pluviais alm da reutilizao de guas cinzas. Alm do uso de sistemas de energia elica,geotrmica e fotovoltaica, trazendo maiores benefcios ambientais.

  • 60

    Bosco Verticale (2007) Milo, Espanha

    Figs.: Esquemas energticos e das vantagens ambientais trazidas pela

    vegetao nas fachadas

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    61

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    Acima temos desenhos tcnicosdaedificao,plantasefachadas. Ao lado, observamos um esquema explicando o funcionamento hdrico para a irrigao das plantas, junto das lajes que as sustentaro. Depois um esquema apenas com a vegetaoeporfimaestruturajunto da vegetao.

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    Acima outro esquema apenas com a vegetao e depois o prdio pronto, com suas estruturas e vegetao.

    Abaixo, uma foto de guindastes suspendendo a vegetao, rvores de pequeno e mdio porte, at suas grandes jardineiras de concreto, nas sacadas dos apartamentos. Podemos ver tambm as esquadrias metlicas, que daro suporte a vedao uniforme do edifcio.

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    Acima vemos o prdio finalizado, com as rvoresj plantadas nas grandes jardineiras. Podemos observar que para auxilio no suporte do peso destas grandes jardineiras de concreto, foi necessrio a utilizao de cabos de ao. Note tambm, o acabamento da vedao da estrutura com placas de diferentes cores e transparncias.

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    5- Proposta

    As solues apresentadas, como o processo de aglomerao urbana, so aplicadas normalmente para grandes metrpoles onde o espao escasso e a populao j vive constantemente com uma srie de problemas como poluio do ar, sonora, trfego intenso, longas distncias a percorrer, etc. Porm, podemos evitar muitos destes males se nos preocuparmos com o planejamento urbano das cidades menores que esto tambm em constante crescimento.

    o caso de Ribeiro Preto. Uma cidade interiorana, polo regional que est crescendo cada vez mais, porm sem um planejamento urbano, havendo assim o processo de espraiamento. Cada vez mais pessoas saem da zona urbana, para morarem em condomnios fechados na periferia da cidade, por este mesmo motivo os limites entre a cidade de Ribeiro Preto e seu distrito Bonfim Paulista j esto bemtnues.

    Assim, as distncias entre habitao, comrcio e servios vo aumentando cada vez mais, sendo necessrio o deslocamento por meio de transporte normalmente pessoal. Aumentando as taxas de poluio, ondas de calor, congestionamentos no trfego, etc., tornando a cidade cada vez menos sustentvel.

    Ribeiro Preto

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    Fig.: Mapa da regio de Ribeiro Preto junto as cidades vizinhas com a demarcao e as direes do crescimento

    urbano em cada uma delas.

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    Porm, quanto trazer para prximo da cidade a agricultura, Ribeiro Preto j possu em seu Plano Diretor uma rea reservada agricultura urbana, pois antes mesmo de ser planejado j haviam hortas no local, ao redor do Crrego Laureano, entre as Avenidas do Caf e Bandeirantes. rea prxima ao campus da USP, local com uma grande demanda de habitao para estudantes, e portanto, rea onde est havendo o processo de verticalizao para atender essa demanda.

    USP

    rea para agricultura urbana

    Quadriltero Cetral

    Hortas Urbanas

    Processo de verticalizao para habitao na Av. do

    Caf

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    Uso do solo

    Atravs das imagens possvel ver o incio do processo de verticalizao que est ocorrendo na Av. do Caf. Aos poucos surgem torres com kitnets

    para estudantes.

  • 71

    Ribeiro Preto possu algumas hortas urbanas, que junto a ONGs visam a integrao da comunidade. Uma delas a da Estao Luz, em que a populao convidada a participar do cultivo todas as teras de manh. Quando os vegetais, frutos e legumes esto prontos para o consumo so vendidos a preos mais acessveis para a vizinhana, e o dinheiro revertido em atividades que a ONG proporciona. Alm disto, a Estao Luz conta com alguns programas relacionado horta, como a visita de grupos de crianas de escolas municipais para que aprendam sobre o plantio e a importncia do contato com a terra, e tambm parceria com psiclogos, em um projeto de horta teraputica para os internos do Hospital Santa Tereza, visto que o contato com a terra e o plantio teraputico.

    Estao Luz

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    A sede da Estao Luz em RibeiroPretoficanoinciodaruaAmazonas, com o fundo voltado para a Via Norte. No terreno existem vrias nascentes que so protegidas pela ONG.

  • 73

    Proposta Foram analisadas diversas reas e regies que pudessem abrigar uma fazenda vertical. Na realidade, a proposta que uma mesma cidade possusse diversas fazendas verticais que abastecem determinadas regies, para que houvesse o menor deslocamento possvel alm de poder tambm fortalecer vnculos entre uma mesma vizinhana, algo que est se desfazendo na contemporaneidade e que enfraquece a cidade como um todo, pois cada vez mais os cidados preferem se isolar em seus mundos fechados, casas em condomnios, e carros com ar condicionado.

    TERMINALRODOVIRIO

    PRONTOSOCORRO

    CLUBE RECREATIVA

    REA

    ESCOLHIDA

    QUADRILTERO

    CENTRAL

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    Depois de muito esforo, a rea uma regio bem prxima ao quadriltero central e entre bairros antigos que hoje esto esquecidos, como a Vila Tibrio, Ipiranga e Campos Elseos. uma rea hoje sem uso, prxima a rotatria Amin Antnio Caliu, onde se encontra um supermercado da rede Carrefour. A ideia que a fazenda alm de servir produtos queles que quiserem diretamente, possa tambm revender seus produtos para supermercados prximos.

    A regio est bem guarnecida de gua graas aos crregos prximos.Almdisto,umaviaexpressadefluxorpidopassapelo lote, assim sendo uma boa escolha visando a propagao dos produtos da fazenda pela cidade. Alm da preocupao com a produo alimentar, o edifcio dever tambm servir como rea de lazer e forma de melhorar os acessos entre os bairros que o rodeiam.

    Vila Tibrio

    Ipiranga

    Campos Elseos

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    Projeto A proposta criar um edifcio que alm de produzir alimentos por hidroponia, tenha tambm reas de lazer, feira, e praa de alimentao para os cidados da cidade, principalmente daqueles que moram nas proximidades.

    Privilegiar o pedestre e criar novos acessos para que os cidados pudessem passar foi uma das questes fundamentais do projeto. Para isso foi criado uma passarela que interligue o bairro Ipirangaedificao.

    Carrefour Cermica So Luiz

  • Passarela de ligao com bairro Ipiranga

    Praa de alimentao central

    Fazenda Vertical

    Composteiras

    Praa de entrada(Feirinha)

    Terrao jardim

    APP PomarLaranjas

    PomarMexericas

    Pomar Limes

    Pomar Manga

    PomarGoiabas

    PomarPitangas

    PomarJaboticabas

    Espao Livre

    76 A passarela alm de ter funo de acesso entre o bairro Ipiranga e a Fazenda vertical, ela tambm uma possibilidade para o morador do bairro atravessar a Via Francisco Maggioni de forma segura. Observando a Implantao, pode-se observar que existe uma rampa contnua ps a fazenda vertical, que faz essa ligao direta da passarela para a Rua Industrial, que d acesso ao Hipermercado Carrefour e Cermica So Luiz, marco histrico que a partir de 2015 est em processo de revitalizao utilizando o espao para eventos comunitrios. Usando o Highline Park como referncia ela tambm dever funcionar como passarela-parque, com canteiros, gramados, bancos e espaos de permanncia.

    RUA I

    NDUS

    TRIAL

    A praa de alimentao central um espao criado para a populao usufruir dos alimentos produzidos na fazenda em um ambiente agradvel. Seu acesso atravs da passarela. O espao est sobreumdeckdemadeira, respeitandoa topografiaeavegetaoexistenteficandoumpoucoacimadoterreno, que consiste em uma rea ambientalmente delicada, visto que rea de vrzea do Crrego.

    Aqui se encontra a rea das composteiras, voltada para o norte acelerando o processo de compostagem. Alm de servir para gerar adubo para os canteiros com terra da prpria fazenda, ela tambm servir como forma de incentivo para a populao, que poder trazer seu lixo orgnico e trocar por hmos.

    IMPLANTAO

    Preocupao com a conservao da APPaolongodocrrego,reflorestandocom a vegetao nativa.

    Devido grande rea do local, h tambm um grande pomar, que alm de ter funo de produo mais um atrativo para a comunidade.

    Estacionamento para visitantes

    A praa de acesso, o principal acessoaoedificiopelaRuaIndustrial,portanto espaos de permanncia, banheiros, bebedouros e uma feirinha onde ser comercializado produtos da fazenda entre outros. rodeada por rvores frutferas como jaboticabeiras, goiabeiras,pitangueiras, p de acerola etc.

  • ESQUEMA ACESSOS

    Neste esquema, podemos entender melhor como se d os acessos aos diferentes nveis e ambientes. A passarela em vermelho, segue de forma contnua at chegar ao primeiro patamar da fazenda vertical, lembrando que h um desnvel de14mdapassarelaaotrreodoedifciodevidotopografia. Se permanecer em linha reta aps tal patamar, pode-se observar uma rampa, que desce chegando ao nvel da Rua Industrial, com uma inlinao de 6%.Todos o percuso em vermelho, composto por grades metlicas, dando leveza a estrutura e permitindo certo grau de transparncia, dando ao usurio uma nova perspectiva do lugar.

    Para quem gostaria de conhecer melhor a fazenda vertical, ao chegar neste nvel do edifcio ter a escolha de conhecer alguns mdulos onde se encontram diferentes cultivos por hidroponia, como folhagens e verduras, ou mesmo mdulos com cultivo orgnico comum, para aquelas plantas que no respondem bem hidroponia como tubrculos. Alm disto, uma srie de rampas, escadas e elevadores podem lev-los diferentes nveis desse espao, alguns com reas de permanncia e rvores de pequeno porte ou arbustos, com vrias berries para comer diretamente do p, principalmente amoras!

  • Tambm possvel acessar o terrao jardim sobre a laje que cobre a praa de acesso, que a entrada da fazenda vertical pela Rua Industrial.

    Espao na cobertura do estoque. Lugar de permanncia com espaos agradveis e muitas

    Mdulo de plantio por hidroponia. Podemos observar sua cobertura com gramado que capta gua excedente da chuva e placas fotovoltaicas que geram energia eltrica para o edifcio.

  • FAZENDA VERTICAL

    A proposta da fazenda criar uma estrutura metlica onde seriam encaixados mdulos com produo pr-determinada por hidroponia ou cultivo convencional (para aqueles que no respondem bem hidroponia, como tubrculos). Assim, a fazenda teria a possibilidade de crescer dependendo da demanda dos alimentos.

    Aqui observamos a estrutura, composta por pilares e os blocos de circulao vertical como rampas, escadas e elevadores. Alm da estrutura de suporte das caixas d'gua

    Depois, so criados diferentes nveis com diferentes combinaes de mdulos, para que todos recebam luz solar, para que os painis fotovoltaicos de suas coberturas gerem energia. Alm de esteticamente criar formas inovadoras para paisagem urbana.

    MDULO 1

    MDULO 2

    MDULO 3

    Todas as vigas que sustentam os mdulos devero ter no mnimo 1m de altura, visto a necessidade em cada caso. Neste, o motivo o maior sustento de peso junto a necessidade mnima de 1m de altura nos canteiros de terra.

    Neste mdulo, o menor, teremos cultivo comum, e sero cultivadas batatas, beterrabas, rabanetes e cenouras visto que tubrculos no se adaptaram bem hidroponia. A laje piso e de cobertura so de grade metlica a no ser nas regies dos canteiros.

    O mdulo 2, maior porm no carrega tanto peso, visto que em seu interior h canteiros de hidroponia, onde apenas gua com nutrientes utilizada no plantio. Ainda sim, sua viga de sustento deve ser espessa para que possa

    suportar os grandes balanos da estrutura. Vale informar que este projeto apenas a representao de uma ideia, sendo assim o clculo estrutural no foi levado em considerao

    nas representaes grficas.A inteno mostrar a possibilidadedeumaedificaometlica industrial, para o cutivo de alimentos dentro da zona urbana, e que possa crescer dependendo da demanda.

    O mdulo 3 contm as mesmas caractersticas do mdulo 2, inclusive a cobertura com teto grama que capta o excedente de guas pluviais e com as placas fotovoltaicas para gerar energia eltrica para aedificao.Asdiferenasentreosdoisestonadistribuio e o tipo de plantio. Apesar de ambos serem hidropnicos, neste caso temos plantaes verticais utilizando-se de tubulaes alm da criao de peixes, assim sendo possvel analisar a qualidade da gua de forma biolgica. Alm disto, a vedao do mdulo possu cor diferente, sendo possvel prever o cultivo vendo o prdio distncia.

  • TRREO

    O trreo abriga o estoque, o local de carga e descarga dos caminhes para transporte, parte administrativa, banheiros, alguns canteiros com hortas e outros ornamentais, alm das composteiras, em que alm de produzirem adubo com a matria orgnica residual da prpria fazenda conta com o sistema de incentivo comunidade, que pode trazer seu lixo orgnico at o local e trocar por hmos para que possam adubar as plantas de suas casas. Neste piso, para a comunidade funciona como uma praa coberta, com vrios canteiros, bancos, mobilirio. Em sntese: vrios espaos de permanncia

  • Praa coberta

    rea deembarquede cargas

    elevador

    elevador

    elevador

    elevador cxa.d'gua

    cxa.d'gua

    cxa.d'gua

    cxa.d'gua

    Composteiras

    rea de degustao de morangos hidroponicos

    Praas suspensasde amoras

    Praas suspensasde frutinhas

    MESANINO O p direito at o primeiro andar bemalto,devidoatopografiadolocal,pois, a inteno foi que a passarela que interliga este espao com o bairro Ipiranga chegasse paralela ao cho, encontrando o primeiro nvel da edificao. Assim, o p direito aquiultrapassa 14m. Assim, para as lajes das coberturas das estruturas vistas na planta anterior ficariam sem uso,e portanto, foram feitos espaos de permanncia e plantaes de berries nestes espaos, que podem ser acessados pela comunidade atravs de uma srie de rampas, todas com inclinao mxima de 8%. Alm disto, pode-se acessar tambm a parte superior da marquise quelevaata"PraadeAcesso",naRua Industrial. Ao subir as escadas, antes de chegar a superfcie desta laje jardim, que se estende com gramados e canteiros at a praa, chega-se um patamar de estrutura metlica, com laje em grade metlica onde h plantao de morangos hidropnicos, onde todos podem degust-los.

  • NVEL 1

    Este nvel o mais importante em questes de acesso, pois atracvs delequesetemligaodaedificaocom a passarela que liga ao espao e a Rua Industrial ao bairro Ipiranta. Em um eixo horizontal rente passarela, pode-se observar a presena de uma rampa, com inclinao de 6%, que traa um caminho em linha reta at o outro lado do lote. No caso daqueles que querem passear pela fazenda vertical, existem uma srie de equipamentos de circulao vertical, podendo subir at outros nveis e ver a prpria produo da fazenda, como usufruir do prprio andar, que consta com todos os tipos de cultivo que existem nos nveis superiores, ou descer para o mesanino de berries, ou o trreo com a "praa coberta". A partir deste nvel, as lajes de circulao de pessoas sero todas de grades metlicas, dando certa leveza a estrutura apesar de seu porte robusto e bruto com ares industriais, proporcionando diferentes experiencias sensoriais ao usurio. Este o nvel menos repetido na extenso vertical da edificao,por ser o mais denso em produo, e portanto o que suporta mais peso, alm de ter os maiores balanos na estrutura.

  • Mdulo 2

    Mdulo 3

    Mdulo 1

    NVEL 2

    Neste nvel, podemos observar que os mdulos presentes se concentram no centro da estrutura. Este posicionamento foi adotado para que, durante a repetio dos nveis houvesse um certo 'espaamento' maior entre os mdulos, possibilitando uma maior captao de luz para todos os mdulos. Podemos observar tambm, que as lajes superiores dos mdulos do andar abaixo esto rentes ao piso, formando 'terraos jardins' que podem ser utilizados.

  • NVEL 3

    Mdulo 2

    Mdulo 2Mdulo 3

    Mdulo 1

    Com sua composio diferente do nVEL 2, porm com caractersticas semelhantes. Este nvel e o anterios so repetidos verticalmente na edificao de modo regular e empropores semelhantes.

  • PRAA DE ALIMENTAO CENTRAL

    Passarela de ligao com bairro Ipiranga

    Praa de alimentao central

    Banheiros

    Este um espao de convivncia e usufruto da produo da fazenda. No meio do canteiro central, sobre um deck que evita a modificaodo espao existente, que se trata de uma rea delicada visto que um espao alagvel devido ao crrego que passa pelas proximidades.

    No deck, obervamos uma srie de 'barraquinhas' onde sero vendidos diversos tipos de refeies, entre outros. rvores existentes permanecem preservadas, 'surgindo' pelo deck. Entre os equipamentos tambm h banheiros e bebedouros..

  • PRAA DE ACESSO

    Alm da passarela, este o principal acesso para a fazenda vertical. A praa, localizada na fachada da Rua Industrial, prxima ao Carrefour e Cermica So Luiz, possui uma rea para uma feira, onde podero ser comercializados produtos da fazenda entre outros. Alm disto, h vrios espaos de permanncia, como bancos e extensos gramados, uma rea tima para piqueniques, visto que rodeada de diversas rvores frutferas. A ideia aqui, retomar o hbito de 'panhar e comer a fruta no p', estreitando novamente as relaes que temos com o alimento, com as rvores e at mesmo com a terra.

  • Praa de entrada(Feirinha)

    Terrao jardim

    Pomar Limes Pomar Manga

    PomarGoiabas

    PomarPitangas

    PomarJaboticabas

    PRAA DE ACESSO (Superior) A praa possu uma marquise, gerando espaos sombreados. Alm disto, sobroe ela h um terrao jardim, com mais espaos de permanncia onde a populao pode passear e ter novas vistas da paisagem .

  • ELEVAES

    Vista da Rua Industrial

    Vista da elevao Norte

  • Fig 1 : Ilustrao representando o surgimento das cidades prximas a rios Documento digital disponvel em: :http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/9310/imagens/ rio4.jpg Data de acesso em: 02/06/2015Fig 2: logos de programas que facilitam a comunicao, graas a Internet. Documento digital disponvel em: https://lh5.ggpht.com/1CxNUEdzrREikWZoaHIU5J63x2gOxTb7R-ZIbJd51uPBFt0jUj8AX2bMOhKiIBcuAqtH=w300 http://bolsablindada.com.br/wp-content/uploads/2015/04/whatsapp-todesdrohungen_34808c42.png https://www.newbrandanalytics.com/blog/wp-content/uploads/2013/12/Facebook-Icon-2-1021x1024.png Data de acesso em: 04/06/2015Fig 3: Ilustrao representando as ligaes entre pessoas em diferentes partes do globo. Documento digital disponvel em:http://escoladatecnologia.com.br/wp-content/uploads/2014/03/internet.jpg Data de acesso em: 04/06/2015 Fig4e5:cenasdofilme"Wall-e",daDisney Documento digital disponvel em: http://1.bp.blogspot.com/-90aJrv1UJ6Y/U1NLjMGIU8I/AAAAAAAAczM/0w5_FW-V6s8/s1600/Wall-E-2.jpg http://setimaarte.com/wp-content/uploads/2015/01/OSC-04.jpg Data de acesso em: 04/06/2015 Fig.6:ilustraesdeformigasquesetransformamemhomens-Curta"Destiny",WallDisney e Salvador Dal Documento digital disponvel em: https://www.youtube.com/watch?v=1GFkN4deuZU Data de acesso em: 16/06/2015Fig.7:Cenadofilme"MadMax-EstradadaFria"(2015) Documento digital disponvel em: http://abacaxivoador.com.br/wp-content/uploads/2099/05/3033642-poster-p-1-first-look-mad-max.jpg Data de acesso em: 12/06/2015Fig.8: rea agrcola sendo irrigada Documentodigitaldisponvelem:http://cdn2.hubspot.net/hub/212749/file-234958828-gif/images/irrigacao.gif Data de acesso em: 12/06/2015Fig.9: Reservatrio da Cantareira seco E Documento digital disponvel em: http://imguol.com/c/s/2014/10/22/22out2014---seca-continua-na-represa-reserva-jaguari-jacarei-na-cidade-de-braganca-paulista-no-interior-de-sao-paulo-onde-o-indice-que-mede-o-volume-de-agua-armazenado-no-sistema-cantareira-e-de-1413992819934_956x500.jpg Data de acesso em: 12/06/2015 Fig 10: Foto de soja desperdiada nas estradas devido ao transporte rodovirio falho Documento digital disponvel em: http://www.horahnoticias.com/ups/noticia/grande-038c3a32059794d774799195784cf890.JPG Data de acesso em: 13/06/2015 Figs.11 e 12: esquemas de buracos negros Documento digital disponvel em: http://files.diniz.webnode.com.br/200004835-2b8eb2be66/BURACO2.jpg https://universogenial.files.wordpress.com/2013/10/buracos-negros-supermassivo.jpg?w=593&h=444 Data de acesso em: 13/06/2015 Fig.13: imagem linear da evoluo humana em paralelo com o declnio da vegetao

    FONTE DAS FIGURAS:

  • DA Documento digital disponvel em: http://eddiesouza.com.br/wp-content/uploads/2011/08/camisa.jpg Data de acesso em: 13/06/2015 Fig.14: imagem representando formao das cidades prximo rios Documento digital disponvel em: http://www.megaartigos.com.br/blog/wp-content/gallery/as-primeiras-sociedades-um-pouco-de-historia-2/as-primeiras-sociedades-um-pouco-de-historia-5.jpg FIGData de acesso em: 13/06/2015 Locomotiva, pg 11 e 12 URDocumento digital disponvel em: http://historiadaefa.net/imagens/lvefa2.jpg FIGData de acesso em: 13/06/2015Fig.15: Esquema geral da Cidade-Jardim Documento digital disponvel em: http://urbanidades.arq.br/bancodeimagens/displayimage.php?pid=12&fullsize=1 Data de acesso em: 11/06/2015Fig16.: Imagem ilustrativa do crescimento de uma malha urbana durante o passar do tempo. Documento digital disponvel em: Data de acesso em: Fig17.: Imagens ilustrando desastres naturais e causados por guerras. Documento digital disponvel em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e0/Nagasakibomb.jpg Data de acesso em: 13/06/2015

    FONTE DAS FIGURAS:

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    ROGERS, Richard. GUMUCHDJIAN, Philip (ed.). Cidades para um Pequeno Planeta Barcelona: Gustavo Gili, 2008

    KOOLHAAS, Rem, OBRIST, Hans Ulrich (ed.). Project Japan: Metabilism Talks... Barcelona: TASCHEN GmbH, 2011 LEITE,Carlos,AWAD,JulianadiCesareMarques (ed.). Cidades Sustentveis Cidades Inteligentes: Desenvolvimento sustentvel num planeta urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012

    CHOAY, Franoise (ed.) O Urbanismo. So Paulo: Perspectiva, 2003

    BIBLIOGRAFIA