tópico especial de moda

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN HABILITAÇÃO EM PROJETO DE PRODUTO DISCIPLINA DE TÓPICO ESPECIAL DE MODA Bento Gustavo de Sousa Pimentel A atividade projectual em Design de Moda com base no método de segmentação em ASSINTECAL e Mapeamento Mental Belém 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁCENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIACURSO DE BACHARELADO EM DESIGNHABILITAÇÃO EM PROJETO DE PRODUTODISCIPLINA DE TÓPICO ESPECIAL DE MODA

Bento Gustavo de Sousa Pimentel

A atividade projectual em Design de Modacom base no método de segmentação em ASSINTECAL

e Mapeamento Mental

Belém 2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................................................p.4

2. DA MODERNIDADE LÍQUIDA À SEGMENTAÇÃO-Mote: 'Observar do comportamento jovem, o melhor e maior comprador'....................p.5

3. QUADRO DE TENDÊNCIAS DO FASHION DESIGN SEGUNDO ASSINTECAL...........................................................................................p.8

4. QUADRO DE CONCEITOS DA PIRÂMIDE DE NECESSIDADES SEGUNDO ASSINTECAL......................................................................p.8

5. PALETAS DE CORES ASSINTECAL...................................................................................................................................................................p.9

6. DIAGNÓSTICO FOTOGRÁFICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM 'LOOK'......................................................................................p.12

7. COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO MAPAS CONCEITUAIS (REFERENCIAL)............................................................................................p.13

8. DESENVOLVIMENTO DO DESIGN....................................................................................................................................................................P.15

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1.INTRODUÇÃO

Este presente trabalho consiste na apresentação de um desenvolvimento de um design para a realização de um posterior artigo, como forma avaliativa para a disicplina de Tópico Especial de Moda, ministrada pela professora Rosângela Gouvêia em 2011.

Será apresentada inicialmente uma reflexão sobre a conjuntura sócio-econômica e sobre a necessidade da inovação mercadológica como ferramenta normativa da gestão contemporânea, dado uma nova constatação do sentimento de sociedade e formas de trocas que servem de material para a segmentação de mercados. Será feito o uso de conceitos tal qual o de 'Cultura Híbrida' (CANCLINI, 2004), que permite uma compreensão profunda do estágio das trocas intangíveis mediante uma relação cultural pautada pela ferramenta do consumo.

Para o desenvolvimento, será apresentada a ferramenta de segmentação de mercados pesquisada por ASSINTECAL (2009, 2010, 2011) e SEBRAE (2011) comunizada em eventos sazonais de incentivo ao setor produtivo. Tais ferramentas foram analisadas e serão aplicadas com o objetivo de apresentar a atividade de segmentação como alicerce rígido para mapeamento de novos e velhos comportamentos e tendências. Desta forma, o pensamento mercadológico e gestionário, muitas das vezes pautado por conhecimento empírico, consolida-se como requisito aconselhável e mesmo executor de grande parte da atividade projectual do designer.

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2.DA MODERNIDADE LÍQUIDA À SEGMENTAÇÃO Mote: 'Observar do comportamento jovem, o melhor e maior comprador'.

As aproximações feitas em torno dos segmentos pesquisados aqui (destinados a produção de calçados, vestuários e acessórios) foram apresentadas primeiramente na forma dos eventos regidos por pesquisa das macrotendências e tendências para a prospecção mercadológica por ASSINTECAL (2010, 2011), e serão expostas mediante o entendimento primeiro de que a complexidade na conceituação deste cenário, que é dado pelo fato social junto a necessidade de um panorama econômico-produtivo, se dá por relações complementares com o ideário, portanto mercadológico (GOMBRICH, 1990) e indissociável.

Tendo nesta relação exercida de forma sincrônica e diacrônica (portanto sistêmica) com matrizes de significação individuais e coletivas, e que são recepcionadas de diferenciadas formas em atitudes de fomento (BALL-ROKEACH, DEFLEUR, 1993), cria-se uma contrapartida que resulta na procura de um objetivo perene para as diretrizes de projeto e planejamento de escopo: ampliar os níveis de saúde econômica do empreendimento (E-NOVA, 2011), admitindo-se que a prospecção sobre a atividade gestionária possui variáveis inesperadas e comportamentos imprevisíveis.

Sendo assim, as tendências mercadológicas que serão expostas a seguir convivem simultânea e complementarmente, configurando um cenário de Hibridismo Cultural (CANCLINI, 2004), alimentado por mercado e fomento 'glocalizado' (ASSINTECAL, 2010), e que portanto sofrem a interferência objetiva de exponenciais tendências externas, ou mesmo endógenas. Portanto, dado os diferenciais de significação entre os consumidores e os códigos apresentados pelas tendências para o comportamento aquisitivo de novos bens, percebe-se continuamente uma produção balizada por projetos conceituais próximos, e aspectos de produto idênticos - ou similares - para produções balizadas por segmentações diferentes. Ou seja, mesmo com uma grande quantidade de links entre as matrizes criadoras de signos e o fato destas apresentarem uma necessidade permanente de renovação criativa por parte dos setores produtivos, também há uma boa aceitação complementar de produtos que vêm sendo oferecidos há muito tempo, sem relevantes inovações em seu perfil funcional, estético ou material, e que esta interação de forças gera resultados férteis para o estudo das sociedades.

De forma simultânea a essa contínua exposição e fomento da vitrine fashionista focada no comportamento jovem que progressivamente se acirra há 60 anos (começando a partir da geração Babyboom), o individualismo acentuado na geração Millenium (BOX1824, 2011) e a intensificação da busca pelo ponto de encontro como lugar comum e passagem obrigatória da comunização (BOURRIAUD, 1998) de valores colaborativos (ASSINTECAL, 2011), também é verificável em estudos atualizados.

A geração Millenium (18-24 anos) mudou o poder de compra da família média: hoje o jovem lidera os discernimentos das aquisições da vida familiar e serve de cânone para várias outras faixas etárias da sociedade (BOX1824, 2011). Na velocidade da difusão, assimilação e ressignificação de valores reproduzidos ou criados pelas matrizes produtivas e midiáticas, caracterizou-se nossa sociedade nos aspectos que fazem dela: uma rede de forças complementares reagindo na velocidade ótica, com comportamento líquido, disforme e de difícil previsão (SARAIVA, 2009).

Os paradigmas da geração Millenium são percebidos com mais força durante as revoluções de contra-cultura da Era Hippie, resultando nas convivas gerações X (24 anos), Y (18 anos) e Z (12 anos). A geração Millenium possui uma tendência a apresentar comportamentos de difícil classificação, porém, de pensamento voltado a organicidade das relações: com tendências a comportamentos de afetividade na coletividade (BOURRIAUD, 1998), e que são mediados por sua própria condição cognitiva. Ou seja, reitera uma necessidade predisposta ao aumento do nível de insegurança dos investimentos, uma vez que inverte a direção normal da relação criada pelo fetiche e despotismo social oferecidos pela estética da mercadoria em sua apresentação keynesiana (HAUG, 1996).

A possibilidade de tal desnível no momento da aquisição, entre estratégias de indução

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mercadológica e demanda jovem, é um reflexo do desacordo exercido pelo pensamento projectual na forma das clássicas estratégias de fidelização de marcas, o que gera um gap no desenvolvimento, uma necessidade de atualizar o desenho estratégico dos produtos através de uma revisão das técnicas capazes de auxiliar a gestão estratégica (E-NOVA, 2011), tais como o Brand Equity (PIZZOLI, 2004), o Brand Strategy (DESIGN TO BRANDING MAGAZINE, 2006) e o Brand Types (COELHO, 2008).

Como resultado social deste amálgama de interações humanas mediadas pela compra e atividade projectual, um sentimento coletivo, um ideário lançado por esta relação complementar de anseios, comportamentos e atitudes de compra, e o próprio referencial de novos cânones de comportamento de nossa época, sofrem um processo de integração ideológica: descem da superestrutura tornado-se populares no sentido mais 'glocalizável'. Tais iniciativas podem ser conhecidas via web em divulgação audiovisual de suas atividades, ou por meio do serviço http:/www.youtube.com como apontado por BENJAMIN (1955), ou mesmo através de obras literárias construídas como relatos da vida real, tal como o romance de não-ficção.

A base fundamentadora do pensamento apresentado por ASSINTECAL (2011) para o ano de 2012, é dado pela recorrente estrutura alegórica da pirâmide de desejos, utilizada de forma recorrente nos dados pesquisados (2010, 2011 e 2012). Sendo assim, de 100% dos entes abrangidos pela pesquisa e que são consumidores em potencial tendo acesso a formatos comunicacionais tecnológicos, tais quais celulares, internet, televisão e publicações populares em suas modalidades atualizadas, estão divididos em 3 categorias: 10% , 30% e 60 %.

Os usuários que se encaixam nos primeiros 10% classificados mediante similaridade comportamental a ser induzida, representam consumidores que possuem acesso a produtos restritos por ordem econômica de altos preços, localizados na alta sociedade e cujo patrimônio advêm de uma transição de riquezas levada a cabo por descendência hereditária ou altos cargos e ocupações. Tais consumidores geralmente adquirem itens conceituais, únicos ou de tiragem limitada, de arte ou assinados por customização, sem anular a opção de consumo da ordem mais normal. Mas o que lhes diferencia é de fato '(…) o nascimento da idéia, experimentação, inovação e expressão dos desejos (…)' (ASSINTECAL, 2010, p.5)

Os seguintes 30% adquirem os mesmos produtos acima apontados, porém com a diferença capaz de configurar novos produtos e novas formas de compra: tais bens, para serem assimilados por novos mercados com poder aquisitivo menor, passarão por um processo de integração mercadológica, que consiste na transição em que o projeto do produto sofrerá modificações prioritárias dado o tempo necessário acordado entre assimilação/fomento midiático da tendência, passando por reformas que permitam a viabilidade técnica industrial de alta escala ao final da reconcepção integrante, bem como a possibilidade de reaproveitamento, reciclagem ou reuso (HEEMAN, 2007). Então reconcebidos, estes produtos passarão agora pelo ciclo de vida e morte do produto (LOBACH, 2006) em sua utilidade extendida (MANZINI, VEZZOLI, 2008). A viabilidade técnica dos produtos nesse segmento necessita também de afunilar com baixa onerosidade a inovação tecnológica de alto nível apresentada anteriormente em seu lançamento aos usuários pertencentes ao grupo dos 10%: '(…) estratégia, planejamento, aceitação e racionalização do produto (…)' (ASSINTECAL, 2010, p. 5).

Os últimos 60% consomem os itens de consumo popularizados entre o comportamento de renda média e massificados no acordo de assimilação/fomento e viabilidade técnica: são produtos consagrados pelo gosto do grande público e passam constantemente por renovações projectuais reconceptivas para o ciclo de vida extendido ou mesmo para alcançar novos segmentos de consumo: '(…) representando a base da pirâmide, engloba o fabricar em série e a massificação do produto, incluindo até mesmo as criações genéricas (…)' (ASSINTECAL, 2010, p. 5).

Percebe-se também de forma complementar, que estes comportamentos mercadológicos admitem aspectos não-lineares nos 3 principais segmentos. Mediante isto e diante do acompanhamento e redefinição da atuação do Design Estratégico (NIEMEYER, DATA), constata-se que mesmo as tendências há algum tempo apresentadas como passageiras, dado uma nova configuração sócio-econômica de pós-crise, apresentam-se como comportamento percebível e em

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constante evolução. Elas são formas de comportamento social aquisitivo perenes, e não mais sazonais, são perfis permanentes de grupos sociais que possuem (mediante a sociedade em que estão) forma líquida (SARAIVA, K. NETO, 2009), mas também: pensamento aceitável pela segmentação. Estas tendências apontadas pela pesquisa mercadológica, que aparentemente se configurariam novamente em tempo sazonal, conseguem sobreviver evoluindo e se materializando de forma permutada entre os segmentos sociais do pensamento piramidal apresentado em ASSINTECAL (2010), tal qual em: '(...) inspirações não são simplesmente tendências momentâneas, mas fenômenos de longo prazo (…) contribuindo para definir a arqueologia de gerações futuras (p. 9).

Também como aspectos não-lineares perenes, é percebido que este processo de integração mercadológica e técnica, pode ser induzida pelo fomento midiático ou mesmo por demanda social percebida mediante o comportamento de 'usuários-líder', capazes de formar opinião ou ainda apontar o vanguardismo comportamental. Tendo diagnosticado a expansão da adesão destes comportamentos vanguardistas, tais traços podem ser assimilados como necessidades a serem expandidas pelo mercado, de modo a gerar novos projetos de produtos concebidos como já fora apontado.

Sendo assim, percebe-se nesta mudança do ponto de vista dos afetos de significação do valor (HAUG, 1996) junto a toda revisão do pensamento projectual na cadeia produtiva, um deslocamento no centro da significação do sentimento de fetiche mercadológico para o usuário. A apreciação por processos de desenvolvimento configura um alto nível de exigência dos interessados (stakeholders), bem como necessita de certo arcabouço intelectual para fazer-se entendida em respeito as conceituações da sustentabilidade (AMÂNCIO, CLARO, CLARO. 2008). Estes aspectos configuram uma espécie de auditoria mediada pela aquisição do produto (AMSTEL, 2008), uma progressiva consolidação do consumo racional centrado nos aspectos intangíveis da aquisição de produtos, o 'consumo consciente' (ALMANAQUE SOCIOAMBIENTAL, 2008), uma 'desmaterialização da economia' (BAUMAN apud SARAIVA, 2009) e a agregação de valores balizados pela visibilidade de práticas e processos produtivos que incluem éticas ecológicas, sociais e uma revisão daquelas mercadológicas (tripolaridade), tal qual pode ser averiguado em ASSINTECAL (2011): '(...) abreviação de uma tendência humanista e responsável conduz a uma atitude de mercado holísitca, inovadora, sustentável e ética (...) (p. 47) e '(...) políticas estão sendo revistas e a economia mundial está tomando novos rumos (...)'; (p. 9).

Tais comportamentos, mediante a velocidade de fortes recessões econômicas (2009) e a já caracterizada forma líquida no qual o cenário econômico e produtivo se materializa, ajuda a configurar a Pós-modernidade frente a este corpo de prova sem rigidez em suas relações de troca, e a dificuldade de previsão e prospecção, denominando-a assim em acordo com o comportamento de um novo realizar produtivo e econômico, de 'Modernidade Líquida'.

Sendo assim, se há uma mudança sobre as significações concernentes ao valor, há portanto uma mudança na tendência dos comportamentos afetivos. Somando-se isto ao nível de insegurança no qual os empreendimentos se apresentam, então percebe-se a necessidade de atingir os mercados das afetividades de forma objetiva, buscar nestes o que pode ser segmentado: o consumo dos afetos abrangendo sentimentos de coletividade e pequenos comportamentos grupais balizados pela individualidade (ASSINTECAL, 2011), além das tendências macro. Desta forma a atividade de segmentação aqui, torna-se uma parte expandida da atividade projectual, como pode ser verificado em:

englobando também todos os processos de criação, distribuição, varejos e preços, pronta para fisgar o consumidor ávido, rápido, informado e smart, propiciando inclusive uma democratização da moda e abrindo caminhos para a força da originalidade.

Vale ressaltar que nessa busca incansável de superação, focada aqui na segmentação de produtos, as empresas contam com as inovações tecnológicas como grandes aliadas no desenvolvimento, porém a emoção é a força motriz para uma criação bem-sucedida e é o que injeta o 'novo' ao produto nosso de cada dia (ASSINTECAL, p. 61).

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3.QUADRO DE TENDÊNCIAS DO FASHION DESIGN SEGUNDO ASSINTECAL(ASSINTECAL, 2011)

O quadro abaixo apresenta uma definição sintética do comportamento predominante em acordo com as décadas em que ocorreu, nos últimos 60 anos. Nota-se no último comportamento predominante para mercado, um retorno sexagenário à tendência do 'bom mocismo'.

Década Comportamento predominante/ tendência

Anos 50 Conformismo, égide da boa família

Anos 60 Fomento inicial dos formatos midiáticos

Anos 70 Comportamento Roquenrou

Anos 80 Japonismo

Anos 90 Grunge e Multipolaridade

2000 Clean

2010 até ? Voltamos 'a uma moda mais tradicional, com requinte e bom gosto' (p. 83) com 'uma busca à tradição e à qualidade com as vantagens da modernidade' (p.84). Um abraço da juventude com o passado.

4.QUADRO DE CONCEITOS DA PIRÂMIDE DE NECESSIDADES SEGUNDO ASSINTECALASSINTECAL (2009, 2011).

A seguir apresenta-se a tendência predominante, presente em ASSINTECAL (2009, 2011) e SEBRAE (2011), nos últimos 4 anos de exposições das pesquisas em que o autor participou:

Estação do anoTendência do comportamento

Segmento 10% Segmento 30% Segmento 60%

Inverno 2010

Verão 2010

Verão 2012

Inverno 2012 (Diário de Inspirações 31.05.2011) SEBRAE

O único no meio urbano

Acervo particular das regiões

Transversalidade étnica

Aquisição de aspectos tácteis

Consumo Consciente e

Intangibilidade

Consumo de afetividades

Abraço da juventude com o

passado

Setentismo e Contracultura

Pulverização de Influências

Encanto da descoberta com lugares e bens balizados pela

Biomimética e a Biônica

Cognitivo, consumo de afetividades

Pulverização de Influências

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5.PALETAS DE CORES ASSINTECALSegundo ASSINTECAL,(2009, 2011).

Conceito 1 Inverno 2010 Conceito 2 Inverno 2010

Conceito 3 Inverno 2010 Conceito 1 Verão 2010

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Conceito 2 Verão 2010 Conceito 3 Verão 2010

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6.DIAGNÓSTICO FOTOGRÁFICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM 'LOOK'

Como proposto mediante formalização de avaliação final para o semestre, se apresentará a partir deste trecho o processo construtivo para a criação de um 'look' conceitual. Para tal, fora realizado um levantamento das tendências utilizadas por transeuntes da Rua Braz de Aguiar, entre 15 e 17 horas de um dia útil da semana, portanto as fotografias realizadas apresentarão usuários em atividade transitória, na sua maioria de poder aquisitivo médio e médio alto (segmentos 30% e 60% segundo ASSINTECAL, 2010) usando trajes no estilo 'pret-a-porter' destinado primoridialmente à funcionalidade, com poucas características de moda conceitual ou mesmo alta costura. A necessidade de certa desenvoltura ergonômica para o comportamento do vestuário é percebível, bem como a necessidade de conveniência mediante o conforto térmico.

Imagens do acervo de FURTADO, E. J. C.(2011) Imagens do acervo de FURTADO, E. J. C.(2011)

Imagens do acervo de FURTADO, E. J. C.(2011)

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7.DESENVOLVIMENTO DE MAPAS CONCEITUAIS

Para as conceituações acerca do estilo a ser desenvolvido na atividade projetual do design neste trabalho, será utilizado além das bases recorrentes no corpo desta pesquisa, o texto 'O uso de mapas conceituais no processo de pesqusia de moda – Uma análise metodológica dos Cadernos de Inspirações para o Design de Moda' (MOREIRA MONÇORES, Aline). Tal elaboração expõe a necessidade de realizar 'mind mapping' nos locais aonde a atividade projectual é elaborada, como ferramenta para constatação e homologação das percepções a respeito de determinado aspecto de mercado, bem como útil ferramenta para a visualização de características principais do pensamento do autor, do público-alvo e da atividade. A atividade de mapeamento será descrita e pode ser avaliada a seguir.

Sendo assim, o entendimento amadurecido dos objetivos finais em acordo com certos anseios estéticos, mercadológicos, e portanto ideológicos, afunila a diretriz e escopo do projeto do 'look' a ser desenvolvido em uma direção conceitual, portanto destinado ao segmento de 10% dentro da pirâmide de desejos, estando embasado por SEBRAE (2009, 2010, 2011) e pela constatação da 'burguesificação' de tendências e comportamentos menores (estilemas) tais quais o exercício do estilo Kitsch e o Camp (ECO, 1979), em uma compreensão que pode ser abordada pelo conceito de Hibridismo Cultural (CANCLINI, 20054).

Para cumprir a finalidade estética levada a cabo pelo tipo de projeto realizado aqui, o desenvolvimento estará diretamente relacionado com o plano das subjetividades. De forma particular, o cenário conveniente entre conceito e ideário, será produzido por intermédio de um anteparo poético, que aqui no caso será a música 'All along the watchtower' de Bob Dylan (1968). Segue a tradução da letra:

Dever haver algum jeito de sair daquiDisse o coringa ao ladrãoHá muita confusãoEu não consigo me libertar

Homens do dinheiro bebem meu vinhoHomens de capa cavam na minha terraNinguém com nível mentalNinguém de fora desse mundo

Sem motivo pra se excitarO ladrão docemente fala:'Muitos de nóspensam que a vida é uma piada'

Mas você e eu estivemos dentro dissoÉ nosso destinoEntão vamos parar de falsear agoraEstá ficando tarde

De cima da torre príncipes mantém a vistaEnquanto todas as mulheres vieram e entãoEmpresários descalços também

Lá fora na fria distânciaUm gato selvagem rosnouDois motoqueiros se aproximamE o vento começa a uivar

Todos espalhados pela torre

Dada a análise de letra e entendimento do conteúdo poético, pontuam-se as principais características da profundidade na mensagem, tais quais: a atividade lírica é direcionada à elaboração fantástica cujo objetivo se dá por meio do escapismo da realidade apreendida e

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conflitada, portanto prevalece o tom da crítica. Há o sentimento de saudosismo de uma realidade não exposta, uma vez que o diálogo (o texto poético) ocorre entre dois entes de sabedoria onisciente, na forma peculiar de um ladrão e um bobo da corte, personagens clássicos abordados por diversas vezes na literatura universal, principalmente a de cunho dramático medieval. No desenvolver da narrativa, a conversa particular dá lugar à comunização da constatação existencial de mudanças no meio social, junto aos indivíduos que eram observados do alto da torre e que foram os protagonistas do mesmo comportamento condenável. Esta torre, que pode ser paralelizada com as torres de marfim presentes nas alegorias do estilo Simbolista, reafirma uma extensão do sentimento de dissociação socrática ocidental entre sujeito e meio.

Relacionam-se então os conceitos apontados na letra da música com o estado de espírito pós-moderno retratado anteriormente, constatando que ambos atores, o sujeito performático da geração Millenium e o mito atemporal contado por Bob Dylan, possuem traços de semelhança tal a postura naturalmente líder, de fazer discernimentos de cunho dissociativo, e uma sensação de ser eternamente jovem. Esta relação entre a gênese desta categoria social que agora se torna o principal eixo de estudo da pós-modernidade está em Dylan e em 'All along the watchtower', exatamente como fora apresentado por (BOX1824, 2011).

Para uma correlação efetiva entre tal comportamento e a aplicação mercadológica do mesmo, fora registrado por este autor no formato fotográfico, imagens de um pequeno grupo de jovens participantes de um evento destinado ao grupo 'gótico urbano'. Percebe-se aqui de forma acentuada, um desprendimento da finalidade residida na função ergonômica e a funcionalidade que o traje cotidiano exige, dando lugar a aplicações de vestuário escolhidas em função de um estilo maior, portanto dá-se a adesão de um pensamento maior. Trajes de inverno, palheta de cores escurecidas, acessórios monocromáticos e metálicos, uso de mais de 2 peças de roupa e maquiagem monocromática são algumas destas características. É possível realizar um paralelo com o comportamento de usuários expostos por ASSINTECAL (FILHO, SOBRAL, MIRANDA. 2011), da adesão e prática do estilo nipônico denominado Harajuku, no qual jovens integrantes da sociedade recifense trajam-se não só identicamente ao estilo maior Harajuku, como realmente se personificam em um jogo social balizado por relações hierárquicas, no qual o vestuário é a ferramenta da exposição conceitual do pensamento individual, envolvido pelo exercício do conceito deslocado de seu ambiente original, que é a fantasia e a abstração.

Foto do acervo do autor (2011)

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Foto do acervo do autor (2011)

Tendo entrelaçado o conceito artístico com o entendimento sistêmico e a materialização do pensamento conceitual na aplicação cotidiana, é possível iniciar a atividade criativa mediante um melhor embasamento sobre o tema. Antes de expô-la contudo será objetivada a atividade criativa sob o conceito de 'Euforia', apresentado no Diário de Inspirações do dia 31.05.2011 por Fernanda Carlos (SEBRAE, 2011). Tal conceito explora entre outros, as estéticas do Kitsch (ECO, 1979) e do Camp (ECO, 2008) , que podem ser atestadas nos formatos de divulgação, performance e venda dos personagens midiáticos Lady Gaga e Marlyn Manson (material fotográfico retirado de Yahoo.com).

8.DESENVOLVIMENTO DO DESIGN:

De tal maneira embasado dos conceitos, das aplicabilidades e do comportamento, dá-se início ao processo de desenvolvimento de um 'look' destinado a apresentação do conceito, portanto carregado do elemento artístico e utilizando as premissas apresentadas nos registros fotográficos, usando uma segmentação 'eufórica' com paleta de cores escurecida. Será apresentado a seguir somente o desenvolvimento levado por imagens de Ambiência, Sketches, e ao final, o Croqui do estilo alcançado pela pesquisa. Todas as imagens apresentadas aqui que não forem da autoria do

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autor não poder ser correlacionadas a qualquer tipo de intuito ou inferência mercantil. Tal uso é de destino acadêmico e fundamento científico:

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Para a criação do 'look' conceitual fora estabelecida uma relação de dependência hierárquica com o conteúdo literário de 'All along the watchtower' (DYLAN, 1968). Sendo assim, o decorrer da estória cantada que seria o próprio desfile em si, seria protagonizada por um ladrão e um bobo da corte, dividindo os outros posteriores looks em duas árvores, uma de palheta eufórica e outra de palheta escurecida. Não se desenvolveu o conceito do bobo da corte, por uma opção de identificação pessoal e objetivo da avaliação. Conceito do Coringa:

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Conceito do Ladrão:

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