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Poder Judicirio do Estado do Rio de Janeiro
Quarta Cmara Cvel
Apelao Cvel Deciso 557/CPC
n 0237907-42.2008.8.19.0001
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APELAO CVEL n 0237907-42.2008.8.19.0001
APELANTE: AILTON MARQUES DA CRUZ
APELADO: ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RELATOR: DES. ANTNIO ILOZIO BARROS BASTOS
APELAO CVEL. DIREITO PROCESSUAL.
POLICIAL MILITAR. CAS - CURSO DE
APERFEIOAMENTO DE SARGENTOS.
EFEITO RETROATIVO DA PROMOO.
INEXISTNCIA DE CAUSA PETENDI E
PRETENSO RESISTIDA. INOVAO
RECURSAL.
1. Trata espcie de ao ajuizada por 2 Sargento da
PMERJ com o objetivo participar de CAS Curso de
Aperfeioamento de Sargentos, o que logrou em sede
de antecipao de tutela deferida em agravo, e ver os
efeitos do curso enquanto requisito para progresso
retroagirem ao tempo em que preencheu 25 anos de
efetivo servio prestado, que reflete outro requisito.
Somente a tutela antecipada foi confirmada, o que
motivou o recurso de apelao;
2. Na espcie, o que foi debatido e que constituiu a
vexata quaestio, ou melhor, a questo que constituiu
a resistncia de sorte a dar causa ao ajuizamento da
presente ao, iniludivelmente, foi o indeferimento
da inscrio do autor no curso de aperfeioamento;
3. Sendo assim, inexiste causa petendi no que se
refere ao pedido de promoo com efeito retroativo,
sendo certo que sequer existe pretenso resistida no
que se refere a esse pedido propriamente dito. Nessa
quadra, tem-se que a resistncia quanto inscrio,
este que foi o nico tema debatido a ttulo de causa
petendi e vexata quaestio, no viabiliza o per saltum
que foi desejado no pedido inicial;
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4. Essas inconsistncias refletem-se no recurso da
parte autora, que traz verdadeira inovao no debate
travado na origem;
5. De mais a mais, o pedido formulado com todas
essas insubsistncias tende a que se profira sentena
cuja eficcia estaria condicionada verificao dos
requisitos para progresso na carreira por parte da
Administrao Pblica, violando o art. 460, pargrafo
nico, do CPC;
6. Negado seguimento ao recurso.
DECISO DO RELATOR
Trata-se de ao ajuizada por AILTON MARQUES DA CRUZ em
face do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, objetivando, para alm da antecipao
dos efeitos da tutela de modo a ser matriculado em CAS - Curso de
Aperfeioamento de Sargentos da PMERJ, a anulao do ato administrativo que
indeferiu sua inscrio e, caso concludo o citado curso com aproveitamento, sua
promoo a 1 Sargento PM com efeito retroativo data em que completou 25 anos
de servio.
Como causa petendi aduz que em 05/01/2008 completou 27 anos
de efetivo servio prestados a PMERJ; que para ascender a graduao de 1 Sargento
precisa cursar o CAS Curso de Aperfeioamento de Sargentos; que em 05/01/2006
completou o interstcio previsto no art. 3, inc. III, do Decreto 22.169/96, qual seja,
25 anos de efetivo servio prestado; que 15/09/2008 a data prevista para incio do
curso de aperfeioamento; que o Comandante da Unidade indeferiu sua inscrio por
se encontra o autor no estado de IFP Incapacidade Fsica Parcial. No mais, o autor
invoca o art. 48, inc. IV, item 12 e o art. 57 2 e o art. 58, todos da Lei 443/81.
A antecipao dos efeitos da tutela foi deferida em sede recursal,
conforme Agravo de Instrumento n 0037058-57.2008.8.19.0000.
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O parquet opinou pela parcial procedncia de modo a ser acolhido
to somente a pretenso quanto inscrio no curso de aperfeioamento, conforme
parecer acostado s fls.264/266 (pea eletrnica 274).
O processo culminou na sentena de fls.320/323 (pea eletrnica
337), integrada fl.330 (pea eletrnica 348), sendo julgado procedente a pretenso
autoral quanto matrcula no curso de aperfeioamento, pelo que confirmada a
tutela antecipada, e improcedente o pedido de graduao de 1 sargento, na medida
em que no possvel a promoo sem o atendimento dos requisitos estabelecidos
no Decreto n 22.196/96.
O autor apelou s fls.331/340 (pea eletrnica 349) uma vez que
pleiteou a retroao dos efeitos do mesmo [Curso de Aperfeioamento] na mesma
data em que completou 25 anos de efetivo servio prestado na PMERJ, tendo em
vista que no deu azo para que a Administrao atrasasse na realizao do referido
curso. Nesse sentido, alega fato superveniente relacionado a um reconhecimento de
inrcia quanto aos cursos necessrios para a progresso na carreira, que teria havido
quando da promoo de novos cursos, conforme BOL da PM n 010, de 13/01/12.
Acrescenta, de rigor, ao completar 25 anos de efetivo servio prestado a Corporao,
deveria ter sido promovido a 1 Sargento sem preencher vagas. Ao final, invoca o
art. 4, pargrafo nico, do Decreto 22.169/96 e art. 86, inc. III, da Lei 443/81.
O recurso foi recebido fl.343 (pea eletrnica 361). Sem
contrarrazes (pea eletrnica 361).
A Douta Procuradoria de Justia opinou pelo desprovimento do
recurso de apelao (pea eletrnica 375)
O RELATRIO.
DECIDO.
Com todas as vnias, o presente recurso traz em seu bojo srias
insubsistncias a revelar, inclusive, verdadeira inovao recursal.
O que se pretendeu claramente no presente recurso de apelao foi
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trazer baila novo debate que no foi travado pelas partes na origem.
Em verdade, conforme possvel constatar a partir dos termos da
petio inicial, contestao (pea eletrnica 83) e rplica (pea eletrnica 91), o que
foi debatido e que constituiu a vexata quaestio, ou melhor, a questo que constituiu a
resistncia de sorte a dar causa ao ajuizamento da presente ao, iniludivelmente, foi
o indeferimento da inscrio do autor no curso de aperfeioamento.
Nesse diapaso exsurgem algumas lacunas evidentes e a primeira
delas consiste em dizer que no h causa petendi, como pretendeu inovar o apelante,
para o pedido inicial quanto a promoo do autor a graduao de 1 Sargento PM, se
concludo o CAS Curso de Aperfeioamento de Sargentos com aproveitamento,
retroagido a promoo a contar da data que completou 25 (vinte e cinco) anos de
servio. Alis, a rigor e por razes muito bvias, sequer h pretenso resistida no
que se refere a esse pedido propriamente dito, pois no foi indeferida a promoo e
sua extenso temporal, foi indeferida, isto sim, algo que lhe anterior, que a
inscrio no curso tido como um dos pressupostos para que, ao lado de outros, possa
o apelante progredir na carreira.
V-se claramente na contestao que a resistncia cinge-se ao fato
de que o curso figura como um dos pressupostos (art. 3 3 do Decreto 22.169/96) e
o candidato deveria preencher as condies para participar do processo seletivo e/ou
realizar o curso, mais precisamente o que se refere ao impedimento do graduado na
situao de IFP Incapacidade Fsica Parcial. Ou seja, em nenhum momento fala-se
em resistncia porque, mesmo completando o curso com aproveitamento, o autor
no foi promovido por algum motivo que, na hiptese, provavelmente figuraria no
centro do debate. No foi isso o que aconteceu.
Nessa quadra, tem-se que a s resistncia quanto inscrio, repita-
se, nico tema debatido a ttulo de causa petendi e vexata quaestio, no viabiliza o
per saltum que foi desejado no citado pedido inicial que foi desacolhido no julgado.
Essa evidncia tambm corrobora o parecer ministerial no sentido
de que a procedncia do pedido apenas garante ao postulante a sua inscrio no
curso pretendido, no lhe assegurando a promoo pretendida nesta demanda, razo
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pela qual no merece acolhimento o pedido formulado no sentido da promoo do
autor patente de 1 Sargento (item "d", de fls. 09), eis que, ainda que tenha sido
demonstrado que o autor concluiu o curso de formao, com aproveitamento (fls.
109/119), cabe Administrao a verificao quanto ao preenchimento de todos os
requisitos necessrios promoo pretendida pelo autor, pelo que, em decorrncia,
h que ser garantida ao autor to somente sua inscrio no curso de aperfeioamento
de sargentos (pea eletrnica 274).
Ou seja, data venia, bvio que o Poder Judicirio no pode nem
deve substituir a Administrao Pblica nos assuntos de cunho administrativo,
claro que o setor pertinente da Administrao naquele rgo pontual que deve ter o
trabalho de checar o preenchimento de todas as condies legais e regulamentares
promoo. Porquanto, somente e to somente, se houver alguma pretenso resistida
nesse segundo momento, aps o xito na concluso do curso, que, em tese, poderia
o Poder Judicirio conhecer a lide a ser deduzida em outra ao, vez que a presente
ao conta com seus contornos objetivos muito bem definidos pelo que debatido e
veiculado nos autos do processo at o advento da apelao, quando se inovou.
No bastassem essas razes, notadamente quanto atribuio da
Administrao Pblica de verificar o preenchimento de todas as condies para a
progresso, o que j seria suficiente para conferir base de argumentao ao que ser
ora revelado, o apelante logo no incio de seu recurso desvela o sentido, alcance e
contedo do seu pedido inicial, que se limitava retroao dos efeitos do curso de
modo a atingir a data em que havia completado um dos requisitos para a progresso,
qual seja, o interstcio de 25 anos de efetivo servio prestado.
Ora, claramente o pedido traz em seu bojo uma inconsistncia, pois
tende a que se profira sentena cuja eficcia estaria condicionada verificao dos
requisitos por parte da Administrao Pblica, violando, porquanto, a inteligncia do
art. 460, pargrafo nico, do CPC.
Por fim, no h falar em fato novo uma vez o evento suscitado no
traz qualquer efeito de direito, considerado os limites objetivos da lide, porquanto
no influi no julgamento da causa.
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Por esses fundamentos, com fulcro no caput do art. 557 do Cdigo
de Processo Civil, nego seguimento ao recurso.
Rio de Janeiro, 27 de maro de 2015.
Antnio Ilozio Barros Bastos
DESEMBARGADOR
Relator
2015-03-27T15:23:43-0300GAB. DES ANTONIO ILOIZIO DE BARROS BASTOS