Proposicao de Modelo de Balanco Social. Relatorio de Sustentabilidade ede Indicadores de Desempenho

10.1 Introducao ao modelo

O modelo proposto de elaboracao e divulgacao do Balanco Social Relatorio de Sustentabilidadeesta estruturado de forma inedita em cinco bracos, como ja evidenciado ao longo do livro, ou seja:

As atividades exercidas pelas entidades (empresas, governos e ONGs);

Balanco de pessoas recursos humanos;

Demonstracao do Valor Adicionado (DVA);

Indicadores ambientais do balanco ambiental;

A responsabilidade social e publica das organizacoes.

Entendemos que as informacoes divulgadas aos stakeholders (os parceiros sociais), relativas aoBSRS, devem contemplar um horizonte temporal de no minimo tres anos, ou seja, os dois anosanteriores e o atual, em que as informacoes estao sendo evidenciadas.

10.2 As atividades exercidas pelas entidades e seus indicadores basicos dedesempenho

A elaboracao e divulgacao desse topico inedito no contexto do BSRS surge da necessidade deidentificar as atividades geradoras de valor em que as empresas e outras entidades se envolvemmediante o uso de recursos, tais como: pessoas, in- sumos, maquinas, equipamentos, tecnologia,sistemas informacionais, em suma, capitais fixos e circulantes, bem como ativos intangiveis (ativoshumanos etc.).

Incluem-se aqui os produtos/servicos que sao fabricados, desenvolvidos e vendidos, evidenciandosua distribuicao territorial, que pode ser na cidade, Estado, pais e ate no exterior. As vendasrealizadas no mercado externo geram divisas, tao necessarias a sobrevivencia e a independencianacional, perante organismos internacionais, e que precisam ser evidenciados, ja que contribuempara a sustentabilidade empresarial e nacional.

Podem ser divulgadas tanto as atividades exercidas por empresas industriais, comerciais, deservicos, financeiras, de saude (hospitais, clinicas medicas), outras entidades como governos(federal, estaduais e municipais), organizacoes do terceiro setor, universidades, faculdades isoladas,sindicatos etc. No Capitulo 4, apresentamos modelo relativo a uma instituicao de saude: a SantaCasa de Misericordia de Santos.

Faturamento e volumes de producao

Exemplificando, apresenta-se o faturamento, a producao e informacoes da insercao da USIMINASno mercado externo.

Dados relativos aos anos de 2008 e 2007 mostraram que USIMINAS manteve a lideranca nofornecimento de acos planos ao mercado interno, em 2008, com destaque especial para asparticipacoes nos setores automobilistico, de autopecas, de maquinas agricolas e rodoviarias, deequipamentos industriais e eletroeletronicos e de tubos de grande diametro, tradicionais focos deatuacao da empresa.

A fatia de mercado sofreu uma pequena queda, de 51,5% de 2007 para 49,2% em 2008.

Mercado externo (USIMINAS)

As exportacoes corresponderam a 17% das vendas totais da USIMINAS, em 2008, equivalentes a1,2 milhao de toneladas, 34,6% menos que o ano anterior, divulgadas no sitio:www.usiminas.com.br. A reducao, segundo a empresa, se explica por sua estrategia de garantir oatendimento ao mercado interno e pela retracao das exportacoes no quarto trimestre. O principaldestino das exporta- coes, no ano, foi a Argentina, com 17%. Os EUA respondem por 13%, aEspanha por 12% e o Mexico por 10%.

A retracao da demanda provocada pela crise economica mundial levou a Companhia a se adequar ascondicoes do mercado e aproveitar o momento para a realizacao de manutencoes.

Indicadores basicos de desempenho das atividades exercidas Indicadores de producao fisica

O topico apresenta conjunto de Indicadores, de natureza fisica, que tradi- cionalmente nao vemsendo objeto da Contabilidade. Tais indicadores possuem valor intrinseco. Sua apuracao edivulgacao de forma continuada aos gestores tem por finalidade avaliar o desempenho produtivodas entidades.

Ademais, esses indicadores, se bem aferidos e utilizados, evidenciam quan- titativamente a eficaciae a eficiencia da producao e do uso dos recursos pelas entidades.

Produtividade

Em decorrencia de um sistema de producao, Moreira (1991, p. 2-3), explicita que pode-seconceituar produtividade como sendo a relacao entre o que foi produzido e os insumos alocados aproducao, num determinado periodo de tempo.

Em funcao do numero de insumos usados e de sua natureza, a pratica consagrou as seguintescategorias de produtividade: parcial e Produtividade Total dos Fatores (PTF).

Os indicadores de produtividade a seguir relacionados serao referenciados em termos fisicos.Buscam captar de forma ampla os fatores que conduzem ao incremento/decremento daprodutividade das entidades.

10.3 Balanco de pessoas recursos humanos e indicadores de desempenho

A base de dados para elaboracao e divulgacao de pessoas no BSRS e aquela abordada e evidenciadano Capitulo 5 do livro, e que adotamos como modelo:

emprego;

remuneracoes e outros beneficios (custos com pessoal);

formacao profissional e desenvolvimento continuo;

condicoes de higiene e seguranca no trabalho;

outras condicoes de trabalho;

absenteismo.

10.3.1 Emprego

No que se refere ao emprego devem-se computar e divulgar aos parceiros sociais: volume total deempregados no fim de cada exercicio; pessoas ocupadas, segundo a categoria profissional e sexo;pessoas ocupadas, segundo sexo e instrucao; pessoas ocupadas, segundo a idade e segundo o tempode trabalho na empresa; pessoas ocupadas, segundo o estado civil e raca; pessoas ocupadas,segundo a nacionalidade; pessoas ocupadas, por tipo de contrato de trabalho, tempo integral,temporario, parcial, optantes ou nao do FGTS; pessoas ocupadas por estabelecimento e distribuicaoespacial. A divulgacao deve cobrir horizonte temporal de tres anos, permitindo avaliar ocomportamento e tomar decisoes em relacao a desvios do planejado.

10.3.2 Remuneracoes e outros beneficios (custos com pessoal)

Divulgam-se aqui informacoes relativas as remuneracoes, como segue: pessoas ocupadas porinstrucao, segundo as classes salariais; pessoas ocupadas por sexo, segundo classes salariais;pessoas ocupadas por sexo e instrucao, segundo classes de salarios; pessoas ocupadas por categoriaprofissional, segundo classes salariais.

10.3.3 Formacao profissional e desenvolvimento continuo

Nesta secao devem-se elencar os programas de formacao empreendidos por entidades empresariais,governamentais e do terceiro setor, relativos a tres anos (dois anteriores e o ano atual). Elencam-se aseguir conjuntos de eventos, meramente exemplificativos, ja citados no Capitulo 5, tais como:

os tipos de formacao adotados;

o tempo destinado a formacao; o numero de pessoas envolvidas;

as modalidades dessa formacao (escola de empresa, pessoal da empresa destinando parte de seutempo ao ensino e formacao, instrutores e escolas externas, institutos de aprendizagem e formacaocomo: Servico Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Servico Nacional da Industria(SESI), Servico Nacional do Comercio (SESC) etc.);

programas de treinamento e capacitacao, estimulando promocoes internas;

comprometimento dos colaboradores nos processos de melhoria do ambiente de trabalho;

condicoes educacionais proporcionadas que contribuam para erradicar o analfabetismo entre oscolaboradores da empresa e de terceirizados;

as despesas de formacao (investimentos e despesas do exercicio).

10.3.4 Condicoes de higiene e seguranca no trabalho

Importa fazer uma descricao e divulgar as condicoes de higiene e de seguranca do trabalho, quepermita que esta se desenvolva em perfeita harmonia com as posturas legais, permitindo um climade seguranca no trabalho, evitando acidentes e outros maleficios que podem ser fatais a todos osenvolvidos diretamente no trabalho e a outros indiretamente envolvidos.

Devem-se evidenciar, entre outros, os seguintes eventos: acidentes no trabalho; doencasprofissionais e despesas em materia de seguranca, conforme explicitado no item 5.5 do livro.

10.3.5 Outras condicoes de trabalho

No acompanhamento e na divulgacao das condicoes de trabalho, a preocupacao principal que sedeve ter e, por exemplo, como tornar o trabalho dos operarios menos penoso. Colaborador saudavelproporciona harmonia no ambiente de trabalho e tende a reduzir custos e despesas operacionais.Empregados estressados, sedentarios, com colesterol elevado e fumantes inveterados provocamdesanimo, absenteismo, alta rotatividade, retrabalho e desempenho menos sustentavel.

10.3.6 Absenteismo

O absenteismo pode ser revelado aos usuarios internos e externos da in- formacao, conformedivulgado na Tabela 5.15 do Capitulo 5 deste livro, espe- cificando dias de ausencia ao trabalhocom retribuicao e sem retribuicao, dias potenciais de presenca. A apuracao e a divulgacao doabsenteismo, que deve cobrir um periodo minimo de tres exercicios anuais, objetiva permitiranalise, bem como especialmente atuar sobre suas causas, minimizando-o, ja que ele acarretaproducao nao realizada e, portanto, custos maiores nas organizacoes, implicando seriamente naperda de competitividade das organizacoes, tornan- do-as menos sustentaveis.

Indicadores de Treinamento e de Desenvolvimento

Estes indicadores mensuram os gastos com treinamento e o retorno que dai decorre. E de se esperarque com os investimentos em treinamento da mao de obra, a producao cresca, melhore a qualidadee adicione valor para as organizacoes. Considera: o numero de dias de treinamento por empregado epor ano; o montante de investimento em treinamento por empregado e por ano; o orcamento detreinamento em relacao a folha de pagamento total.

Indicador de Treinamento

10.4 Demonstracao do Valor Adicionado (DVA) e indicadores economicosde desempenho

A Demonstracao do Valor Adicionado, como ja exposto, e elaborada em duas partes: na primeira, eapresentada a geracao, na segunda parte, a distribuicao do Valor Adicionado, segundo o modeloestabelecido na Lei 11.638/07.

Varios indicadores podem ser estabelecidos em decorrencia da elaboracao da DVA, referenciados, atitulo exemplificativo, sem a pretensao de esgotar o assunto.

Produtividade de Valor Adicionado do Trabalho

Este indicador de produtividade do trabalho evidencia, em termos financeiros, o Valor AgregadoBruto por funcionario, em determinado periodo de tempo, que pode ser desde diario ate mensal.

Indicadores de Valor Adicionado Bruto

Sao apresentados nesta secao indicadores, que complementam e detalham aqueles ja relacionados ecomentados no Capitulo 6 do livro.

10.5 Indicadores ambientais

Os indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado a insumos (como material, energia,agua) e a producao (emissoes, efluentes, residuos). Alem disso, abarcam o desempenho relativo abiodiversidade, a conformidade ambiental e outras informacoes relevantes, tais como gastos commeio ambiente e os impactos de produtos e servicos (GRI, 2006).

Os indicadores de desempenho ambiental (environmental performance indicators EPIs)sintetizam as informacoes quantitativas e qualitativas que permi- tem a determinacao da eficiencia eefetividade da empresa, de um ponto de vista ambiental, em utilizar os recursos disponiveis.

Entre outros, as empresas podem divulgar indicadores de ecoeficiencia, indicadores de desempenhoambiental gerais e especificos do setor a que pertencem.

Indicadores de Ecoeficiencia

Reduzem o consumo de materiais com bens e servicos.

Reduzem o consumo de energia com bens e servicos.

Reduzem a dispersao de substancias toxicas.

Intensificam a reciclagem de materiais.

Maximizam o uso sustentavel de recursos renovaveis.

Prolongam a durabilidade dos produtos.

Agregam valor aos bens e servicos.

Indicadores de desempenhos ambientais gerais

Sugerem-se, sem se limitar a esses, os indicadores ambientais genericos a seguir referenciados.

Devem ser elaborados e evidenciados pelas entidades privadas e publicas, abrangendo 3 anos, ouseja, os dois anteriores e o ano em que a empresa esta divulgando seu BSRS, para permitir analises,comparacoes e acoes sobre eventuais desvios de comportamento dos indicadores, em relacao aoplanejado.

Indicadores ambientais especificos na industria de petroleo

Segundo Amaral (2005, p. 98), os seguintes indicadores devem ser evidenciados na industria depetroleo, porem adaptaveis para outros tipos de industria:

1. Emissoes atmosfericas totais (incluindo emissoes de SOx,NOx,VOCs, CH4, material particulado,CO, CO2).

2. Efluentes liquidos (incluindo OeG e NH3).

3. Derramamento de oleo e derivados no MA (agua e solo).

4. Manejo de residuos solidos, incluindo percentual de abatimento de residuos estocados e percentual de abatimento de residuos gerados.

5. Multas e penalidades.

10.6 A responsabilidade social e publica das organizacoes e indicadoressociais

Com ja mencionado no Capitulo 8, entendemos que deve-se incorporar na divulgacao do BSRS asdisposicoes contidas na Norma Brasileira de Contabilidade, Interpretacao Tecnica 15 (NBC T 15),de 2004, no que tange a responsabilidade social corporativa das entidades.

A sociedade tem requerido que, alem do retorno aos acionistas sobre o capital investido, asempresas assumam o comprometimento das obrigacoes incon- testaveis que possuem com o elosocial e que os resultados empresariais sejam avaliados de forma mais abrangente e divulgados no

BSRS.

As entidades devem satisfazer adequadamente as demandas de seus clientes, e de seus parceiros nosnegocios e atividades, e, especialmente divulgar e dar transparencia, aos agentes sociais e a toda asociedade, no contexto da governanca corporativa, de sua insercao no contexto das relacoeseconomicas, financeiras, sociais, ambientais e de responsabilidade publica sustentaveis, atraves doBalanco Social, que e o Relatorio da Sustentabilidade, apropriado para isso.

Listam-se a seguir rols de indicadores sociais sugeridos:

Com base no GRI (2006) tem-se, entre outros, os seguintes indicadores sociais:

Tratamento que se da aos grupos minoritarios e as mulheres.

Trabalho feito em favor dos menores.

Saude e seguranca operacionais.

Estabilidade do emprego.

Direitos laborais.

Direitos humanos.

Salarios e condicoes de trabalho etc.

10.7 Sintese dos indicadores de sustentabilidade

No intuito de apresentar uma visualizacao dos indicadores de pessoas, economicos e sociais de umaentidade, apresentam-se tabelas que explicitam os principais indicadores obtidos a partir do Sistemade Informacoes Gerenciais da Contabilidade, especialmente para os indicadores especificos.

Essas tabelas, basicamente de uso dos gestores, permitem comparacoes da evolucao dosindicadores, ao longo de periodos, bem como permitem o confronto entre Centros de Resultados e aEmpresa.

Permitem, ademais, avaliar o desempenho da empresa com as empresas do setor a que estapertence. A partir do Sistema de Informacao Contabil Gerencial, disponibilizam uma serie derelatorios de indicadores, com saidas periodicas (diarias, mensais, semestrais e/ou anuais), quepermitirao um acompanhamento do desempenho das entidades, alem de favorecer o confronto doefetivamente realizado com o planejado, e que a nosso juizo integram o Balanco Social.

Estes relatorios, pela informacao que reportam, pelo conteudo, abrangencia e por sua transparenciatornarao possivel a quem os analisar um melhor posicionamento do andamento das atividades dasentidades. Contribuirao, tambem, para o acompanhamento e o controle, bem como para tomada dedecisoes dos usuarios da informacao, especialmente os internos, aos quais preferencialmente sedirigem.