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Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH Thais Tolentino de Lima INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO AREZZO Belo Horizonte Junho de 2010

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Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH

Thais Tolentino de Lima

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO AREZZO

Belo Horizonte Junho de 2010

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Thais Tolentino de Lima

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO AREZZO

Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Professor Gustavo Salum

Belo Horizonte Junho de 2010

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Internacionalização de empresas brasileiras: Estudo de caso Arezzo Thais Tolentino de Lima 1 Gustavo Salum 2 Resumo: Esse artigo tem como finalidade mostrar como se dá o processo de internacionalização de uma empresa e quais são as estratégias utilizadas pela mesma de forma a realizar tal operação com êxito. Mais especificamente, será tratada a concretização da internacionalização pela empresa Arezzo, agregando o seu histórico, suas experiências e suas parcerias para entrar no mercado estrangeiro. A análise possibilita a compreensão de como uma empresa adquire vantagem competitiva tanto no mercado nacional quanto internacional através da internacionalização. Palavras-Chave: Internacionalização, Arezzo, Vantagem competitiva

Abstract:

This article has an objective to show how is the internationalization process of a company and what are the strategies used by it to perform this operation successfully. More specifically, the implementation will be handled by the company's internationalization Arezzo, adding to his history, his experiences and their partners to enter the foreign market. The analysis get the possibility to understanding of how a company acquires a competitive advantage both in domestic and international market through internationalization.

Key-Words: Internationalization, Arezzo, Competitive advantage

Introdução

No trabalho de conclusão do curso analisou os aspectos que levam à

internacionalização de uma empresa tomando como estudo de caso a empresa

belo-horizontina Arezzo. A intenção é mostrar como esse fato está se tornando

comum, já que esse processo tem ocorrido com mais freqüência. Isso devido a

necessidade das empresas de se tornarem competitivas no mercado. A

internacionalização é considerada uma das estratégias que as empresas podem

adotar para obterem vantagem e fazer frente a outras companhias dentro do

mercado nacional e internacional.

1 Aluna do curso de Relações Internacionais no Centro Universitário UniBH. 2 Graduação em Administração em Comércio Exterior no Centro Universitário Newton Paiva e MBA em Finanças e Controladoria no Centro Universitário Newton Paiva.

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O foco será a análise de empresas brasileiras que desenvolvem

operações internacionais e como a globalização influenciou para isso, já que esse

fenômeno é capaz de aumentar a conexão entre os países facilitando as

negociações e o fluxo do comércio Internacional. Além disso, deve-se mostrar

claramente que é preciso haver planejamento, estratégia, eficiência na execução e

considerar quais os riscos e oportunidades e como essa atitude reflete na expansão

da empresa. Os métodos utilizados pela empresa para ampliação de sua atuação

para além dos limites de seu território nacional são diversos, e é preciso que haja

estrutura e organização para poder colocá-los em prática.

Para melhor exemplificar, a empresa Arezzo S/A foi pesquisada e analisando

informações factuais sobre como aconteceu o processo com a mesma, será

mostrado quais seriam os motivos econômicos e políticos para que a empresa

decidisse por realizar esse processo de internacionalização.

O processo é estudado para entender conceitos importantes que influenciam

a decisão de realizar a internacionalização. Dentre esses podem ser citados a

exportação de produtos, licenciamento, parcerias externas, joint venture,

investimento, trade companies entre outros que poderiam contribuir para corroborar

ou refutar a posição das empresas em questão, as quais decidem por esse processo

como estratégia própria, uma racionalidade econômica com o objetivo de obter

lucros.

A Arezzo S/A é uma empresa que foi fundada em 1972 pelos irmãos

Anderson e Jefferson Birman e está inserida atualmente no mercado comercial

global. Hoje ela se encontra fundida com outra empresa do mercado calçadista, a

Schutz, além disso, a Tarpon Investment Group, - um grupo de investimento -

adquiriu, em novembro de 2007, 25% de ações da Arezzo S/A. A companhia de

calçados fez uma parceria com a Prime Sucsess – empresa chinesa consolidada -

objetivando abrir 300 lojas na China até 2016.

Tudo isso, fez com que ela se tornasse mais forte e tivesse condições de

obter vantagens nacionalmente e internacionalmente, já que hoje a Arezzo possui

unidades no exterior, parcerias e exporta pra diferentes lugares do mundo.

A internacionalização possibilita que uma empresa se introduza em um

local estrangeiro e não obstante se relacione com outro país. Essa ação pode gerar

benefícios nas relações econômicas, políticas e sociais do Estado. Para as relações

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internacionais esse artifício pode ser de inquestionável importância, já que os

aspectos positivos trazidos pelos acordos comerciais possibilitam um bom

entendimento em outros âmbitos também. Possuindo certa confiança em aspectos

econômicos há possibilidade de confiança em aspectos políticos. A Arezzo, sendo

uma empresa belo-horizontina, mostra a força que Minas Gerais têm e também que

através dela foi possível alcançar mercados externos e beneficiar o país. Além disso,

a Arezzo é uma empresa que obteve sucesso ao experimentar o processo de

internacionalização.

Desenvolvimento

1 - Empresa – Arezzo S/A

A Arezzo S/A, uma empresa brasileira de calçados inserida no setor de

vendas de calçados femininos, tem como presidente atualmente Anderson Birman e

vice- presidente seu filho Alexandre Birman. Possui lojas por todo o Brasil e através

do processo de internacionalização alcançou também países no mundo inteiro que

serão exemplificados posteriormente.

1.1 Setor calçadista do Brasil

O parque calçadista brasileiro hoje contempla mais de 7.200 indústrias, com grande

variedade de fornecedores de matérias primas, máquinas e componentes que

produzem aproximadamente 665 milhões de pares/ ano, sendo que 189 milhões são

destinados à exportação. O setor é um dos que mais gera emprego no país. O

Brasil, hoje, é classificado como o terceiro maior produtor mundial de calçados,

perdendo em volume apenas para China e Índia, respectivamente. Estima-se que a

produção mundial de calçados atinja marcas superiores a 12 bilhões de pares/ ano.3

Os principais destinos de exportações são EUA, Reino Unido, Argentina e Itália.

Tabela 1 - Exportação Brasileira de Calçados por Destino

PAÍS US$ % PARES PM Estados Unidos 995.066.129 64,2 103.880.083 9,58

3 Para mais detalhes Ministério de desenvolvimento da Indústria e do Comércio Exterior disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=2&menu=213 acesso em 15/11/2009 às 16h

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Reino Unido 105.541.394 6,8 7.674.654 13,75 Argentina 72.229.824 4,7 11.689.720 6,18 México 50.332.306 3,2 9.508.859 5,29 Canadá 36.255.122 2,3 3.863.160 9,38 Chile 25.407.299 1,6 3.312.691 7,67 Espanha 18.499.009 1,2 2.598.893 7,12 Paises Baixos 18.123.807 1,2 1.226.856 14,77 Alemanha 13.949.413 0,9 1.503.971 9,28 Porto Rico 12.978.541 0,8 1.614.690 8,04 Bolívia 12.859.844 0,8 2.404.590 5,35 Paraguai 12.542.513 0,8 8.082.109 1,55 Austrália 10.624.505 0,7 1.857.442 5,72 Panamá 10.338.086 0,7 2.089.239 4,95 Equador 9.886.115 0,6 1.752.720 5,64 Peru 8.445.028 0,5 1.417.730 5,96 Portugal 8.424.408 0,5 1.349.000 6,24 Emirados Árabes 8.164.626 0,5 1.163.819 7,02 Uruguai 7.999.898 0,5 1.706.612 4,69 França 6.308.823 0,4 643.771 9,80 Totais 1.549.078.773 100 188.676.039 8,21

Fonte: MDIC / SECEX (2005)

Tabela 2 - Exportação Brasileira de Calçados - Série Histórica (2000 - 2004)

ANO VALOR (US$ MILHÕES)

% VARIAÇÃO PARES (MILHÕES)

PREÇO MÉDIO (US$)

2000 1.547 21 163 9,52 2001 1.615 4 171 9,44 2002 1.449 -10 164 8,83 2003 1.549 7 189 8,21 2004 1.809 17 212 8,53

Fonte: MDIC / SECEX (2005)

Como podemos observar na tabela 2, o setor calçadista de 2000 a 2004 veio

aumentando sua exportação. Já em 2007, o setor fechou suas exportações com um

faturamento de US$ 1,9bilhão - números preliminares do Ministério do

Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC) - contra US$1,8 bilhão em 2006, um

pequeno incremento de 2,8%.

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De acordo com Fleury (2006) a partir de 2006 pode-se notar uma nova

tendência em relação às companhias brasileiras De janeiro a julho, o saldo líquido

de investimentos brasileiros diretos fora do país totalizou US$ 5,158 bilhões, 105% a

mais que os US$ 2,516 bilhões registrados em 2004. Entretanto, com a crise

financeira de 2008 novos dados surgiram em relação a isso. Nos nove primeiros

meses de 2009, o comércio exterior brasileiro registrou corrente de comércio de US$

202,3 bilhões, com redução de 28,3% sobre igual período de 2008, quando atingiu

US$ 282 bilhões. As exportações encerraram o período com valor de US$ 111,8

bilhões e as importações de US$ 90,5 bilhões. Em relação a janeiro-setembro de

2008, as exportações apresentaram redução de 25,9% e as importações, de 31%. O

saldo comercial atingiu US$ 21,3 bilhões em janeiro-setembro de 2009, significando

aumento de 8% sobre o consignado em igual período de 2008, de US$ 19,7 bilhões,

motivado por uma redução menor das exportações em relação às

importações.4 Mesmo com essa redução, o processo de internacionalização ainda

era estratégia das empresas para expandir seus negócios.

Tabela 3 – Evolução das exportações em dólares (US$)

Fonte: MDIC / SECEX (2007)

Alguns analistas afirmam que um dos impulsionadores para o aumento de

empresas que se internacionalizam atribui-se ao acesso ao crédito externo a um

4 Ministério de desenvolvimento de Indústria e Comércio Exterior disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=571 acesso em 02/11/2009 às 21h.

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custo mais baixo e a prazos mais longos. Dessa forma, é possível se tornar mais

competitiva tanto no mercado nacional quanto internacional. No entanto, analistas

podem divergir quanto aos motivos dessa internacionalização, pois a mesma não

pode ser feita em qualquer circunstância, essa análise será feita posteriormente.

(FLEURY 2006)

Segundo o Banco Central, os investimentos brasileiros têm como principais

destinatários os setores de serviços (97% em 2003). Ambev, Gerdau, Companhia

Vale do Rio Doce5, Odebrecht, Camargo Correa, Embraer e Petrobrás são exemplos

de empresas que se instalaram em outros países. Inclusive em 2004 três

companhias brasileiras (Petrobrás, companhia Vale do Rio Doce e Gerdau) eram

consideradas uma das 50 mais importantes transnacionais do mundo em

desenvolvimento.

Neste contexto de operações internacionais feitas por corporações brasileiras,

uma que vem ganhando destaque e crescendo muito com isso é a empresa

calçadista Arezzo S/A.

1.2 Histórico da empresa

A Arezzo foi fundada em 1972, começou a fabricar seus primeiros sapatos,

investiu na montagem de uma fábrica de sapatos na capital de Minas Gerais, a

cidade de Belo Horizonte, no bairro Floresta à Rua Itajubá. É importante ressaltar

que a Arezzo enfrentou dificuldades no decorrer de seu percurso, afinal Belo

horizonte não oferecia muitas condições no que dizia respeito à área calçadista.

Pelo contrário faltava conhecimento, técnica e mão-de-obra qualificada. Entretanto,

ela não desistiu e acabou se tornando a pioneira de uma nova tendência de

sapateiros em Belo Horizonte. Na época em que a empresa estava crescendo, havia

uma grande influência da Itália no mundo da moda na época devido a isso foi

escolhido o nome Arezzo que é referente ao nome de uma cidade italiana. O

objetivo era ter uma conexão da produção à moda italiana.

5 A companhia Vale do Rio Doce já não tem esse nome, ela foi privatizada no dia 6 de maio de 1997. Em novembro de 2007, a companhia passou a ter um só nome: Vale. A nova marca surgiu para celebrar todas as conquistas e transformações da empresa, expressando a personalidade da organização em âmbito global. Site Oficial da Vale disponível em http://www.vale.com/vale/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=2 acesso em 14-06-2010

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Primeiramente, a produção era de sapatos masculinos. Essa obteve sucesso

com distribuição para várias lojas. Com o objetivo de expandir criaram uma unidade

própria a qual deram o nome de Gipsy, era a primeira boutique que vendia somente

sapatos e, apesar de ter dado certo, a pedido das lojas e dos consumidores

diversificaram seus produtos começando a fabricação de sapatos femininos. Sua

primeira loja agora com esses novos produtos foi em 1974.

Em 1979, a Arezzo se tornou conhecida nacionalmente, com a criação de

uma sandália Anabela revestida de juta. Este produto projetou a marca no Brasil

inteiro. Em 1989, a Arezzo já iniciava com sucesso o sistema de franquias com lojas

espalhadas por todo o país.6

Todo o seu sucesso foi concretizado em vários prêmios. Foi eleita pela

Revista “Pequenas Empresas & Grandes Negócios” como a Melhor Franquia do

Brasil no Ano de 2005, chancelada pela ABF com Selo de Excelência em 2004 ,

2005 , 2006 . Vencedora do Prêmio Alshop Visa 2005, considerado o Oscar do

Varejo. Prêmio Hors Councours reconhecida através do voto do consumidor e de

outros lojistas.7

Em 2006, a Arezzo já possuía 200 lojas no Brasil, faturando R$ 325 milhões

neste ano.8 Já em 2007, a Arezzo com sua marca e vendas consolidada, buscava

sempre expandir seus negócios, com isso incorporou outra empresa de calçados, a

Schutz. A mesma tinha como presidente Alexandre Birman, filho de Anderson

Birman. A fusão dessas empresas deu origem a que hoje é chamada por Arezzo

S/A. É importante dizer que antes a empresa pertencia aos irmãos Anderson e

Jefferson, mas Anderson em meados de 2006 comprou a parte do irmão e assumiu

sozinho a direção da firma até juntar-se ao filho Alexandre. No novo projeto,

Alexandre assumira a vice-presidência do grupo Arezzo S/A.

As marcas Arezzo e Schutz passam a ser unidades de negócio da nova

empresa, compartilhando a mesma estrutura corporativa e os mesmos princípios de

governança corporativa. Um dos objetivos da associação é ter benefícios de

6 FIEMG Disponível em http://www.fiemg.com.br/bh100/hist-42.htm#topo acesso em 29/10/2009 às 15h 7Disponível em: http://www.infomoda.com.br/criadores_marcas1.php?id_criadores_marcas=103 acesso em: 21/10/2009às 18h 8Disponível em: http://blogdosnovosnegocios.blogspot.com/2007_06_01_archive.html acesso em: 10/11/2009 às 16h

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sinergia9 nas cadeias de suprimento, desenvolvimento, produção e logística. A

fábrica própria da Schutz, localizada em Campo Bom, no estado do Rio Grande do

Sul passa a atender o grupo como um todo não só à Schutz. Conseqüência disso, a

Arezzo S/A nasce como uma das líderes de seu mercado. Contudo, é importante

ressaltar que, mesmo com a fusão das empresas, manteve-se a independência e a

personalidade das marcas, serão trabalhadas como negócios distintos. A Schutz,

considerada uma marca com sapatos de luxo, tem o preço de calçados na faixa

média de R$ 250, já a marca Arezzo de R$ 150. 10

A Schutz surgiu em 1995 com a venda de calçados de perfil moderno e

aventureiro, tinha como alvo, calçados para um público jovem que buscasse conforto

contíguo à moda, ou seja, design fashion, mas confortável. Contemporaneamente, a

Schutz é uma marca moderna e arrojada, que fabrica sapatos com design inovador

e de alta qualidade, posicionada no segmento premium do mercado varejista. “No

período dos últimos doze meses terminados em outubro, a Schutz vendeu 1,6

milhão de pares por meio de mais de mil pontos-de-venda no Brasil e em lojas em

mais de 50 países. Seu faturamento alcançou, neste período, R$120,9 milhões. As

exportações já representam 40% do seu faturamento”.11

Ainda em 2007, no mês de novembro, outro acontecimento muito importante

aconteceu na trajetória da corporação. A Tarpon Investment Group12, através do seu

fundo Tarpon All Equities 13, passou a ter participação em 25% na Arezzo S/A por

9 Convergência das partes de um todo para alcançar um mesmo resultado 10 Site Tarpon Invest, disponível em: http://www.tarponinvest.com.br/tarpon/pt/tarpon/web/arezzo.php acesso em 22/10/2009 às 22h 11 Tarpon Invest, disponível em: http://www.tarponinvest.com.br/tarpon/pt/tarpon/web/arezzo.php acesso em 22/10/2009 às 22h 12 Gestora de recursos independente, especializada na gestão de fundos de renda variável e investimentos em private equity, a Tarpon mantém sob sua gestão (dados de 30 de setembro de 2007) US$ 1,301 bilhão em fundos de ações e private equity, isso a inclui entre as maiores gestoras independentes brasileiras dedicadas exclusivamente a esses segmentos. O objetivo da firma é proporcionar aos seus investidores uma opção distinta na administração de recursos, adotando filosofia de investimentos que visa explorar o potencial de empresas promissoras em setores dinâmicos da economia brasileira, utilizando rigorosa disciplina de investimentos focada na obtenção de retornos consistentes e acima do mercado a médio e longo prazo. “Em maio deste ano, a empresa concluiu Oferta Pública de seus BDRs na Bovespa e de suas ações na Bolsa de Luxemburgo, captando valor líquido equivalente a R$ 423,7 milhões aproximadamente US$ 221 milhões).”( http://www.tarponinvest.com.br/tarpon/pt/tarpon/web/arezzo.php) 13 O Tarpon All Equities Fund foi criado em Setembro de 2006 com o foco em investidores não-residentes brasileiros. O fundo pode investir em empresas listadas em Bolsas da América do Sul ou em transações ilíquidas no Brasil e em outros países Sul-americanos. O foco em identificar estratégias de negócios que maximize a riqueza do acionista é alvo da empresa; O desempenho operacional da empresa e seu valor de Mercado convergem no longo prazo; Profundo conhecimento das companhias investidas e das características da indústria; Grande contato e constante

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meio de ações. Para entender melhor a participação da Tarpon no grupo, será feito

um investimento na Arezzo S/A,

O investimento se dará por meio de aumento de capital e de compra de ações já existentes e será de R$ 76.323.530,00, como informa fato relevante da Tarpon enviado à CVM. Desse total, parte será desembolsada futuramente, para financiar novas aquisições e o programa de crescimento da Arezzo S.A. A Tarpon considerará a possibilidade de realizar aportes adicionais para fazer frente às oportunidades que se apresentem para a companhia. (http://www.tarponinvest.com.br/tarpon/pt/tarpon/web/arquivos/Tarpon_Comunicado_20071109_port.pdf)

A Arezzo iniciou produzindo seus próprios calçados, entretanto atualmente

tudo que é vendido pela empresa não é de produção autônoma. Empreendimentos

brasileiros em um número expressivo desenvolvem a terceirização de maneira vasta

e intensa, isto é, chegam a terceirizar 100% do seu processo produtivo. Empresas

como a Arezzo, por exemplo, terceirizam seu processo produtivo desde dezembro

de 1997 (FDC, 2000).

Os custos industriais de Belo Horizonte tornaram-se restritivos e altos, os

irmãos Birman então iniciaram um planejamento o qual geraria uma mudança que

reinventaria a empresa. Esse programa consistia na desativação gradual das linhas

de produção de Belo Horizonte e transferiram a criação para Campo Bom (RS), no

centro do Vale dos Sinos, maior complexo calçadista do Brasil. Assim, desde 1996,

a Arezzo é a única grande companhia brasileira que não tem fábricas. Esta

empresa, só não terceirizou a contratação dos estilistas e a venda de tecnologia de

varejo. Por conseguinte, a Arezzo hoje cuida da marca, contrata os estilistas que vão

desenhar os calçados e vende tecnologia de varejo. Isto sugere então que o foco da

Arezzo se concentre em: tecnologia de ponta, pesquisa, design e satisfação do

consumidor14. Além de concentrar esforços naquilo que Anderson Birman considera

o mais importante de seu negócio: marketing e comercialização.

1.3 A empresa atualmente

monitoramento com o os gestores das empresas investidas. (http://www.tarponinvest.com.br/tarpon/pt/tarpon/web/arezzo.php) 14 Site Oficial da Arezzo Disponível em: http://www.arezzo.com.br/altoverao2010/#/pt-br/empresa/arezzo/ acesso 15/10/2009 às 16h

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Ela possui atualmente 236 lojas distribuídas em 90 municípios em território

nacional e contabilizam 16 lojas no mercado internacional sendo 4 na Venezuela, 1

na Bolívia, 1 no Paraguai, 2 em Portugal e 8 na China. Através de distribuidores ela

também está presente em países como África do Sul, Argentina, Aruba, Austrália

Canadá, Colômbia, Croácia, Emirados Árabe, Equador, EUA, França, Inglaterra,

Israel, Itália, Jamaica, Japão, Líbano, Peru, Polônia, Rússia, Turquia e Uruguai.

O faturamento da Arezzo está voltado aproximadamente em R$ 400 milhões,

300 milhões em média de produtos vendidos por ano e 1 milhão de clientes

cadastrados. A Arezzo vende sapatos que custam, em média, R$ 160; já a Schultz,

vende calçados com um apelo mais original a um preço médio de R$ 230.15 O Grupo

Arezzo trabalha com uma produção média de 4,5 milhões de pares/ano, e

exportamos cerca de 20% desse total.

A Arezzo dá muita importância ao mercado interno e continua crescendo

internamente. A companhia vai abrir 16 lojas no País este ano, ante as 10 do ano

passado. A perspectiva é bastante otimista, já que a empresa prevê fechar 2009

com uma receita de R$ 550 milhões e crescimento de 16% a 18% no segundo

semestre, por conta de uma estratégia que visou a redução de custos, nova coleção

com um preço melhor devido à fortes negociações com os fornecedores, além de

expansão de lojas por meio de abertura de novas franquias.

O cliente alvo da Arezzo são mulheres modernas que gostam de estar por

dentro das ultimas tendências da moda. É possível constatar também que ela atinge

pessoas de uma classe média alta já que seus produtos não são tão baratos como

já fora citado anteriormente.

Outro importante feito da Arezzo foi uma parceria com o Primes Success uma

das maiores empresas de calçados da China, o que será melhor explicado

posteriormente.

Para entender o que aconteceu com a Arezzo e como uma empresa se insere

em mercados estrangeiros, serão abordados diversos conceitos e estudos sobre o

processo de internacionalização, incluindo o licenciamento, ou seja, as franquias que

a Arezzo tem em diversos países e as parcerias que ela fez.

2 - Entendendo a Internacionalização 15 CARLOS SAMBRANA sucessão com o pé direito disponível em http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/592/artigo125184-1.htm acesso em 20/10/2009 às 22h

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Segundo a autora Ângela da Rocha (2002), poderia se conceituar a

internacionalização na expansão das suas estratégias de produtos/mercados e de

integração vertical para outros países, devendo uma empresa ser enquadrada com

as competências e vantagens competitivas desenvolvidas no mercado nacional.

Aprofundando no conceito, uma outra definição diz que internacionalização “é o

processo de concepção do planejamento estratégico, e sua respectiva

implementação, para que uma empresa passe a operar em outros países diferentes

daquele no qual está originalmente instalada.” (CINTRA; MOURÃO, 2005 p.3)

O Brasil inicialmente para realizar o processo não instituía as próprias

unidades no exterior, haviam intermediários estrangeiros sediados no próprio país

que faziam a transação. Devido a essa circunstância, as empresas não tinham

acesso ao mercado e nem como eram feitas essas negociações no âmbito

internacional. Mas isso não durou muito e o comércio exterior começou a ser

praticado pelas próprias empresas. (HYMER, 1978)

O comércio exterior vem sendo algo indiscutivelmente benéfico e influente

em todos os países do mundo, constituindo algo de indubitável importância para o

crescimento e desenvolvimento econômico dos países. “Em razão de sua própria

natureza, os fatos ligados ao comércio exterior têm profundas implicações com as

relações internacionais, sejam estas vistas nas suas repercussões internas16 ou

externas.” 17 (MALUF, 2000)

Com o objetivo de manterem seus mercados internos e expandirem seus

negócios no mercado internacional é explicita a necessidade de empresas tornarem-

se competitivas em nível internacional, por isso, a internacionalização é um processo

que vem ganhando cada vez mais espaço nos projetos das empresas e também no

mercado mundial. Segundo o autor Manfred Steger (2003), esses deslocamentos de

produção ou mesmo da própria empresa direta para comercialização tem

aumentado e se transformado em um dos fatos preponderantes na economia. O

processo de internacionalização

16 No aspecto interno o comercio exterior influencia na política de desenvolvimento mostrando suas dependências, vulnerabilidades e outras deficiências. (MALUF, 2000. p. 18) 17 No aspecto externo o comercio internacional se torna uma variável tática para implantar a ordem econômica liberal, do ideal de integração e internacionalização da economia mundial. (MALUF, 2000. p. 18)

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de empresas se transformou em um fenômeno crescente nas ultimas décadas. De acordo com Bennett (2007), no período entre 1984 e 1998 o fluxo total do investimento direto no exterior mundial aumentou dez vezes, enquanto o crescimento da produção mundial foi muito modesto e as exportações mundiais praticamente duplicaram. Como a tendência dessas variáveis continua a mesma, Bennett (2007) conclui que uma das principais transformações ocorridos na economia internacional foi na localização das atividades produtivas. (CINTRA, MOURÃO, 2005 p.8)

Esse espaço que as empresas abriram para a realização desse procedimento

já citado anteriormente recebeu a contribuição do processo de globalização.18 A

facilidade de comunicação e o acesso a qualquer lugar do mundo transferiu para o

comércio a possibilidade de negociações internacionais, maiores oportunidades de

investimentos e mais liberalização. Conseqüentemente, restrições foram diminuindo

à medida que a globalização trazia mais integração aos países e unificação dos

mercados. (STEGER, 2003)

O mundo atualmente caminha para uma economia globalizada em que se

prega o livre comércio19 e em que há menor importância para as economias locais.

Isso acontece como resultado de acordos bilaterais e multilaterais e rodadas de

negociação que vão abrindo os mercados. Acoplado a isso temos a questão das

barreiras comerciais.

A queda das barreiras comerciais se reforça por intermédio da crescente abertura da conta capital do balanço de pagamentos, quer dizer, da redução e/ou eliminação dos entraves para o ingresso ou saída de financiamentos, investimentos, fluxos financeiros em geral, compreendidas nesses entraves as restrições aos investimentos, à aquisição de firmas nacionais por estrangeiros ou à sua fusão com companhias de fora (ALMEIDA, 2007)

Os motivos pelos quais as empresas se internacionalizam são vários,

Stephem Hymer, (1978, p.100) que foi uma dos primeiros autores a escrever nessa

área de negócios internacionais, já observava que um dos incentivos seria a

concorrência com empresas nacionais, ou seja, para se destacar, expandir o produto

e obter maiores lucros, é preciso buscar alternativas como a transferência da

produção para outros lugares. Além disso, as empresas são incitadas a se

internacionalizarem para fazer frente às empresas estrangeiras que são fortíssimas

18 Globalização como a ampliação das trocas entre os povos de diferentes países sob o instituto do capitalismo (VASCONCELLOS 2008) 19 É uma associação que dá possibilidade de livre circulação de mercadorias com reduzidas ou nenhuma taxas alfandegárias; é resultado de acordo mútuo entre os países envolvidos, que supostamente beneficia as empresas localizadas nesses países. Como exemplo temos o Nafta (EUA, Canadá e México). (KEEDI, 2004)

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na competição pelo consumidor no mercado. A competitividade e a concorrência

contribuem para que o capital e empresas se internacionalizem, pois as forças de

mercado começam atuar em âmbito mundial. O autor também afirma que às vezes a

internacionalização de uma empresa pode fornecer a ela mais vantagens e

benefícios do que ela tem no seu local de criação, no espaço nacional. É muito

importante que a empresa use a estratégia da internacionalização para crescer, em

setores que a competição internacional é intensa, sendo assim “a questão passa a

ser investir no exterior ou acabar sendo comprado por investidores poderosos”.

(ALMEIDA, 2007)

Cintra e Mourão (2005) também observam que como razões para se

internacionalizar têm: ultrapassar barreiras tarifárias e/ou não tarifárias20, a “cultura”

da empresa, a necessidade de desenvolver a tecnologia, diplomacia econômica e o

estímulo à internacionalização por parte do governo.

Acrescenta-se que ao se internacionalizar buscam um dinamismo, um

crescimento da companhia que interiormente é baixo e não satisfatório, essa

característica se adéqua principalmente à empresas brasileiras. (ALMEIDA, 2007)

Quando o mercado doméstico está saturado sem que a firma consiga se

ampliar mais, a solução é se expandir para mercados internacionais e que de

preferência tenham características semelhantes para facilitar essa inserção. Além

disso, o processo de internacionalização pode ser um diferencial que ajuda empresa

a se proteger da concorrência no mercado doméstico.

Vantagens e o valor da internacionalização são claramente observados.

Por exemplo, um crescimento do número de empregos na economia de origem é um

benefício que, com certeza poderia deixar de acontecer caso uma empresa não

internacionalizada e atenuada pela concorrência internacional com outras

transnacionais viesse a fechar as portas por falta de competitividade. Esse processo

então pode ser visto não mais como uma opção, mas como uma necessidade, uma

questão de sobrevivência para as empresas e se é notado como uma condição de

sobrevivência “contra necessidade não há objeções”. Diante do que foi supracitado

introduz-se uma questão muito importante, a postura do apoio governamental a essa

operação.

20 Barreiras tarifárias: a entrada de mercadoria não é proibida só dificultada(taxas e tributos); Barreiras não-tarifárias: são mais comuns porque restringem, proíbem ou limitam as negociações (quotas e proibições). (KEEDI, 2004)

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2.1 Apoio do governo à internacionalização

Para se internacionalizar alguns obstáculos são encontrados, de forma

geral certa ressalva deve ser feita a aplicação de um preço competitivo e acessar

um sistema de financiamento mais eficaz.

É importante que se faça uma distinção de obstáculos internos e

externos, além disso, quais são os referentes a empresas pequenas, grandes e de

médio porte. Como obstáculos externos, pequenas empresas apontam necessidade

de promoção comercial, o excesso de burocracia nos órgão públicos, desvalorização

cambial e tributos domésticos. Já para as empresas de médio porte são acentuados

burocracia, assistência do governo na promoção comercial. Por último, grandes

corporações citam barreiras tarifárias e não-tarifárias, concorrência internacional e

taxas portuárias21. Em relação a obstáculos internos, pode-se destacar insuficiência

de recursos financeiros à produção, preços não competitivos, desconhecimento do

mercado externo e insuficiência do marketing internacional para empresas

pequenas, assim como as pequenas as companhias de médio porte indicaram a

insuficiência de recursos financeiros à produção e preços não competitivos. As

grandes empresas, entretanto, só vão assinalar a falta de conhecimento do mercado

externo.22

Dentro desse mérito é possível concluir que um dos obstáculos às

empresas para realizarem o processo de internacionalização é a falta de apoio

governamental. Para firmas que competem de forma globalizada a

internacionalização é algo imprescindível por isso a precisão de políticas públicas

favoráveis. Para entendermos melhor como seria essa ajuda Alem e

Cavalcanti(2005) enfatizam elementos inclusos nessas políticas publicas: a)

liberalização das restrições aos investimentos diretos no exterior; b) criação de

instrumentos internacionais que facilitem e projetem investimentos no exterior; c)

informação e assistência técnica; d) incentivos fiscais; e) mecanismos de seguros

para os investimentos; f) financiamento.

21 Taxas portuárias também chamadas de despesas portuárias são aquelas oriundas das operações de transporte, deslocamento e armazenagem do produto, na qual se utilizam as instalações de porto e/ou aeroporto. (http://www.guiadotrc.com.br/dicionario.asp) 22 Obstáculos à Internacionalização e o Porte de Empresas Exportadoras http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2005_Enegep0707_1469.pdf acesso em 25/04/2010

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A questão do apoio governamental e seus benefícios podem ser

ilustrados como casos do EUA, Japão até Índia e China que possuem medidas

definidas de apoio à internacionalização. Essa postura é tomada devido a

necessidade das empresas nacionais se tornarem mais fortes e competitivas,

impedindo que haja inibição do desenvolvimento nacional e tem adquirido resultado

ao passar dos anos.

No Brasil, ainda não existem políticas de apoio à internacionalização, ele

não possui uma agência para promover a atração de investimentos e muito menos

de uma entidade de apoio a investimentos brasileiros no exterior.(Almeida, 2007)

É preciso destacar que esses investimentos no exterior não

necessariamente conceituam-se na inserção da empresa com unidades de venda,

costumeiramente seus produtos são exportados primeiro e depois de alguns anos

exportando é que se tem a iniciativa de abrir uma sede da empresa em território

estrangeiro. Isso será explicado com mais profundidade pela escola de Uppsala, em

seguida.

2.2 Escola de Uppsala

De acordo com Ângela da Rocha (2002), pesquisadores da universidade de

Uppsala começaram a estudar o processo de internacionalização das empresas e

mais tarde solidificaram suas idéias e pesquisas formando a escola de Uppsala.23

Segundo o modelo dessa escola, teóricos como Hornell, Johason, Wiedershein-Paul

e Vahlne observaram os padrões do processo de internacionalização das empresas

suecas. Inicialmente, foi constatado que as empresas que querem realizar esse

processo começam a operar seus procedimentos em países próximos e

gradualmente em países mais distantes. Além disso, nota-se que empresas

começam a exportar e somente após um período desempenhando essa função para

aquele local é possível instalar unidades próprias. A internacionalização, não pode

ser encarada como algo universal, que qualquer empresa pode adotar. É necessária

uma estrutura adequada e que a empresa consiga se enquadrar nos fatores

necessários para que ela tenha vantagens com isso, afinal, os custos envolvendo tal

23 Foi criado um modelo tradicional da escola de Uppsala, onde foi formulada uma teoria da internacionalização com base em empresas suecas. Pesquisadores da universidade de Uppsala se reteram a estudar o processo de internacionalização e desenvolveram estudos de como as firmas escolhiam as formas e mercados para darem entrada. (ROCHA, 2002 p.21)

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procedimento são muitos e não é fácil obter altos lucros para ter um saldo positivo

nessa transação.

Tentando se especializar e aprimorar cada vez mais no processo de

internacionalização, houve uma evolução da escola citada anteriormente, que trazia

uma nova questão, de suma importância e de influência, que deveria começar a ser

discutida. Diferente do que prega a escola de Uppsala, essa introdução é feita

através do estabelecimento de redes de relacionamento- networks nos novos

mercados a serem servidos.

A escola de Uppsala acrescenta o conceito das estruturas das networks. São

formadas fundamentalmente por influências mútuas entre atores, foca nos laços que

fomentam o relacionamento dos mesmos. A internacionalização, segundo essa

visão de Anderson e Johanson,1997 não se define só em mudar a produção para o

território internacional mas como também a exploração de relacionamentos no

exterior.(ROCHA, 2002)

Para enriquecer o que foi dito pela escola de Upssala, Fleury (2007),outro

teórico da área afirma que é possível que a internacionalização de empresas seja

realizada a partir de três diferentes abordagens. A primeira abordagem vai mostrar

que a decisão para se internacionalizar vai partir da empresa em usar sua razão

econômica unicamente com o objetivo de obter maiores ganhos e menores custos.

Para explicar melhor, será exposto quais as vantagens adquiridas com esse

processo.

1) Vantagens específicas da empresa, provenientes de sua propriedade e/ou

nacionalidade. Essas vantagens podem ser estruturais já que possibilita o acesso a

recursos que criam ativos e também podem ser transnacionais quando concilia e

gerencia ativos de diferentes países de forma adequada.

2) Vantagens específicas de localização, relaciona-se com questão dos

lugares onde as operações serão concretizadas, lidar com as políticas de incentivo

do país de destino, burocracias institucionais, costumes, etc. É importante também

que a empresa consiga administrar e conformar os diferentes ativos os quais tem

acesso.

3) Vantagens específicas de localização, nesse caso há uma facilitação que

se tem em transações internas em analogia a troca de matérias-primas,

equipamentos, tecnologia e até pessoas.

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A segunda abordagem considera primordial a questão de comportamento e

cultura para determinar a realização do processo de internacionalização para as

empresas. Nessa abordagem, tem-se como base a escola de Uppsala. Vai afirmar

que não é só com pesquisa de mercado que é possível se inserir no mercado, não

se trata de uma seqüência de passos planejados, mas requer experiência, atitudes

equilibradas que assim vão consolidando esse empreendimento internacional.

Para finalizar, a terceira abordagem mostra a questão da estratégia e

estrutura como fatores de fundamental importância para a realização desse

procedimento, mais especificamente a configuração (saber usar e distribuir da

melhor maneira o espaço e o cumprimento das tarefas) e coordenação (sistemas de

integração).

2.3 Exportação

Para esclarecer melhor a inserção de empresas em territórios

internacionais serão apresentados alguns considerações a respeito da exportação. A

exportação não pode ser uma válvula de escape ou salva-vidas para uma empresa,

pois na maioria das vezes quando a empresa não está bem, com problemas de

gestão, dificilmente ela obterá êxito no mercado externo. Exporta-se para lugares

onde as condições oferecidas de inserção são mais lucrativas, com risco menor e a

um custo mínimo. Esse artifício usado para maximizar os ganhos vendendo produtos

para outros mercados deve ser feito com planejamento, não pode ser feito ao acaso,

não acontece de forma imediata, mas a médio e longo prazo. Outro elemento que

contribui para o sucesso na exportação é a informação. Quanto mais conhecimento

você adquire sobre o lugar alvo mais possibilidade de obter sucesso (MINERVINI,

1997).

Segundo Nicola Minervini (1997), as necessidades de exportar variam de

cada empresa e são várias as motivações para exportar:

1) necessidade de operar em um mercado de volumes que garantam uma

dimensão industrial da empresa;

2) pedidos casuais de exportadores;

3) dificuldades com venda no mercado interno;

4) melhor aproveitamento das estações;

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5) possibilidade de preços mais rentáveis;

6) melhor programação de produção;

7) prolongamento do ciclo de vida de um produto;

8) diversificação de riscos.

9) melhora da imagem com fornecedores, bancos e clientes;

10) equilibrar-se contra a entrada de competidores no mercado interno;

11) para uma estratégia de desenvolvimento da empresa.

Kotabe e Helsen (2000) vão acrescentar que a exportação é quase

sempre o início de uma expansão por parte de uma empresa. Inclusive as

microempresas normalmente só têm essa única alternativa quando querem alcançar

mercados estrangeiros. A exportação oferece às companhias três opções:

exportação indireta, exportação direta e exportação cooperativa. A exportação

indireta acontece quando a empresa comercializa seus produtos através de um

intermediário no seu próprio país. Já a exportação direta trata de vender os produtos

por meio de um intermediário localizado no país de destino. Por último, a exportação

cooperativa em que as empresas não estão dispostas a usar recursos próprios para

fazer a transação, mas ao mesmo tempo querem ter certo controle da operação no

exterior.

Em suma, para poder exportar é preciso que a empresa avalie a sua

capacidade econômica e organizacional de internacionalização e enfrente a

exportação como uma tática para melhorar sua competitividade.

Para a empresa instalar-se em outra localidade a mesma deve realizar

uma pesquisa avançada identificando o melhor local, se possuem características

semelhantes ao seu local de origem (nível de desenvolvimento, conteúdo

educacional, idioma, cultura, sistema político entre outros) e qual a metodologia mais

viável para se inserir no local escolhido. Normalmente, procuram-se grandes

mercados, de rápido crescimento, mais próximos e similares culturalmente. Isso se

deve ao fato de que cada lugar se difere um do outro e em vários aspectos, tais

como forma de negociação, mercado consumidor, procedimentos, estrutura,

organização, preços e etc. Então, segundo a escola Uppsala, quanto mais se sabe

do país em que se está entrando, menor será incerteza quanto ao sucesso que

poderá ser obtido. (ROCHA, 2002)

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19

Além da exportação existem outras formas pelas quais uma empresa pode

se inserir em outro país, estas, são estratégias utilizadas pelas firmas para alcançar

os consumidores estrangeiros com mais eficiência, lucratividade e facilidade

possível.

2.4 Estratégias de entrada no mercado global

As empresas percorrem estágios sucessivos ao realizar o processo de

internacionalização. Esses estágios podem ser denominados também como

estratégias globais de entrada no mercado internacional. Além da exportação, dentre

elas podem se destacar parcerias como licenciamento, franchising, joint venture e o

controle acionário, que poderia ser considerado o ultimo estágio.

Segundo Keegan (2003) pode-se conceituar a estratégia de licenciamento

quando uma empresa denominada “licenciadora” disponibiliza um bem a outra que

seria a licenciada em troca de alguma remuneração. O licenciamento pode gerar um

bom lucro caso um contrato bem elaborado exigindo um bom desempenho da

empresa licenciada seja feito antes. Afinal, o único custo que há nesse tipo de

transação é o de assinar e policiar a execução do acordo. A criação de uma marca

pode ser uma abertura para obter boas oportunidades em relação às licenças. O

bem licenciado varia entre patentes, segredos comerciais ou mesmo o nome da

empresa. Suas desvantagens seriam uma participação limitada e que os licenciados,

por terem abertura de explorar e aumentar recursos da outra, podem se tornar seus

concorrentes.

A estratégia de licenciamento deve assegurar vantagem competitiva constante; por exemplo, os acordos de licença podem criar oportunidades no mercado de exportação e abrir as portas a relacionamentos de fabricação que envolvam pouco risco. Além disso, podem acelerar a difusão de novos produtos ou tecnologias. (KEEGAN, GREEN, 2003, p.254)

As empresas que utilizam o licenciamento como estratégia de expansão

global tem também como vantagem a exposição mínima às instabilidades políticas e

econômicas do mercado estrangeiro (KOTABE, HELSEN, 2000).

Outra forma de entrada no mercado global seria o franchising, muito parecido

com o licenciamento. Nesse processo há um acordo entre o franquiador e o

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franquiado em que o primeiro concede o direito do uso do negócio e a marca

registrada do produto/serviço e em correspondência a isso o segundo faz o

pagamento de royalties24. Para que os mercados estrangeiros consigam aproveitar

melhor as oportunidades de expansão eles adotam a franquia máster. “Com esse

sistema o franquiador dá a um empreendedor local o direito de vender franquias

dentro de um território, o qual pode ser uma região dentro do país, ou grupo de

países” (KOTABE, HELSEN, 2000)

Assim, como o licenciamento a franquia tem a vantagem de ter baixa

responsabilidade política e econômica. Além disso, as empresas podem capitalizar

uma fórmula de negócio vencedor ao expandir para o exterior com um investimento

mínimo. É preciso deixar claro que a franquia incentiva o franquiado a crescer.

A joint venture se define em uma sociedade que se faz entre um agente que

tenha conhecimentos locais com um agente estrangeiro que quer investir fora. Seu

diferencial é que nesse tipo de estratégia há o compartilhamento de lucros, posse,

riscos e etc. Exemplifica-se uma joint venture quando uma empresa tem tecnologia,

know how e se junta à uma empresa local que tem mão-de-obra barata e

conhecimento do mercado nacional. Acrescenta-se também que os benefícios

concedidos as empresas nacionais podem ser usufruídos pela joint venture. Assim

como o licenciamento, seu sócio pode se tornar seu concorrente, além de questões

de controle e coordenação quando se trabalha com um sócio.

A joint venture pode ser uma estratégia utilizada principalmente por

motivações como a falta de recurso da empresa para operar em outro país e

também por muitos países subdesenvolvidos não permitirem o investimento direto

estrangeiro ou de alocação de indivíduos e empresas estrangeiras.

No controle acionário é necessário que haja um comprometimento de capital,

ou seja, um alto investimento por parte da empresa e um amplo controle do trabalho,

já que é preciso um gerenciamento intenso e absoluto das atividades que vão ser

feitas. É considerado então o meio mais completo, a forma mais ampla de

participação em mercados globais quando se inicia a companhia obtendo 100% do

negócio ou quando o adquire totalmente após uma parceria. (KEEGAN,2003)

24 Valor pago ao detentor de uma marca, patente industrial, processo de produção, produto ou obra literária original pelos direitos de sua exploração comercial (http://www.direito2.com.br/acam/2004/nov/4/o-que-sao-royalties acesso em 30/11/2009)

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Uma empresa preocupada em comercializar no âmbito externo pode também

fazer negociações com uma trading company, empresa que compra produtos de um

país e revende-os a compradores de outros países.

A trading companies tratam de todas as atividades exigidas para a movimentação de produtos de um país a outro, incluindo compra dos produtos corretos, consultoria, pesquisa de marketing, propaganda, seguro, pesquisa e design de produto, armazenagem e serviços de câmbio de moeda estrangeira. São similares aos agentes de exportação, mas seu papel no comércio internacional é maior. Ao vincular vendedores e compradores de diferentes países, elas promovem o comércio internacional25. (FERREL, 2000)

Diante de tudo que foi exposto, o processo de internacionalização seria a

entrada de uma empresa em um mercado diferente do seu de origem, ou mesmo

que o mercado seja parecido, seria o estabelecimento de uma marca, empresa em

um lugar distante geograficamente de diversas formas para a produção e

comercialização dos seus produtos. Dado condições e motivos para a concretização

dessa operação, as empresas tem que manifestar sua vontade para tal, e

normalmente as que escolhem, são as que possuem uma natureza, uma tendência

interna para a exportação e o alcance do mercado internacional. Em relação a isso,

se acrescenta que as características internas de uma empresa são de

inquestionável importância para o sucesso destas em território estrangeiro.

3 – Análise

3.1 Casos de empresas Brasileiras

É importante ressaltar como se dá ou se realmente há um destaque de

empresas brasileiras no âmbito internacional. Inicialmente, nota-se grande

dificuldade de inserção de empresas brasileiras no mercado externo. Alguns dos

motivos são aludidos pelos autores Roberto Magno Iglesias e Pedro da Motta Veiga

(2002): diferenças culturais entre países, a dificuldade de acesso ao mercado

financeiro local e/ou alto custo do financiamento, dificuldade de transferir executivos

25 Comércio Internacional é o ambiente pelo qual são feitas as trocas comerciais entre os países através das importações e exportações, ou seja, são as comercializações e o mercado propriamente dito. (KEEDI, 2004)

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e técnicos; e dificuldade de obtenção de informações sobre mercados externos e

sobre a regulação dos investimentos naqueles mercados.

Vimos no que foi supracitado a importância do apoio governamental à

internacionalização. Entretanto, percebe-se a falta de recursos e estrutura no Brasil

nesse aspecto, há a ausência de políticas públicas favoráveis além de não possuir

órgãos responsáveis para auxiliar, estimular, facilitar e até induzir a

internacionalização. Ainda assim, podem ser encontrados alguns benefícios

proporcionados por instrumentos brasileiros:

Não seria justo esquecer que, mecanismos e facilidades como Proex do BNDES tem sido fatores decisivos, condições sine qua non para tornar possível a exportação de serviços de engenharia, aeronaves e de bens de capitais em geral. Tais mecanismos não configuram, porém, política explícita e consciente de internacionalização. (ALEM, CAVALCANTI 2005)

Realizar o processo de internacionalização não é fácil, requer um grande

empenho e organização por parte da empresa, contudo, esse não apoio só

complementa as dificuldades que empresas brasileiras têm ao tentar realizar esse

processo.

Ao analisarmos os casos de sucesso do processo de internacionalização

feitos por firmas brasileiras constata-se que a maior parte - não a totalidade – são

empresas grandes como a Petrobrás, a Companhia Vale do Rio Doce, a Votoratim,

a Gerdau, a Embraer e, entre as empresas de engenharia e construção, a

Odebrecht. Contudo, deve-se mencionar que nem sempre empresas grandes, que

tem êxito internamente vão possuir o mesmo resultado lá fora.

Além disso, é totalmente plausível e aceitável que uma firma pequena consiga

um resultado positivo ao concretizar a internacionalização. Exemplos disso são

encontrados fundamentalmente em ramos de restaurantes típicos, a Churrascaria

Fogo de Chão é uma amostra disso já que implantada nos Estados Unidos obteve

ótimas saldos. Outro aspecto importante são empresas que estão crescendo por

meio desse procedimento Weg, Marcopolo, Tigre e Sabó além da Companhia

siderúrgica Nacional, a Sadia - na indústria alimentícia – e a Natura - no setor de

cosméticos. Há uma conclusão que se torna comum a todas as empresas - tanto as

de países desenvolvidos e em desenvolvimento - e as tornam tendenciosas a

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internacionalização, é a busca por recursos, mercados e tecnologia. (ALMEIDA,

2007)

O governo brasileiro vem tentando mudar sua postura em relação ao apoio a

internacionalização, em 7 de dezembro de 2009 a Camex26, Secex27 e MDIC28

promoveram um seminário sobre internacionalização de empresas no qual tem entre

seus objetivos a discussão das ações governamentais voltadas ao tema e a

definição da agenda de trabalho do Grupo de Trabalho para a Internacionalização de

Empresas Brasileiras, criado pelo governo federal com o intuito de elaborar políticas

públicas para o setor.29

3.2 Caso Arezzo

Para esclarecer melhor os fatores que levaram a Arezzo a se

internacionalizar, é preciso deixar claro que é a competitividade que conduz a

maioria das empresas a buscarem estratégias de obterem vantagens no núcleo de

vendas.

A vantagem competitiva ocorre quando uma empresa consegue um

diferencial em relação às outras. Existem duas possibilidades para se tornar distinta,

de uma forma superior,

[...] a primeira é quando uma empresa consegue adotar uma estratégia de custo baixo que lhe permita oferecer produtos a preços inferiores aos dos concorrentes. A outra é mediante estratégia de diferenciação de produtos para que os consumidores vejam benefícios únicos que justifiquem um preço mais elevado. (KEEGAN, 2003, p.103)

26 A Câmara de Comércio Exterior - Camex, órgão integrante do Conselho de Governo, tem por objetivo a formulação, adoção, implementação e a coordenação de políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, incluindo o turismo. É o órgão mais importante e atuante no comercio exterior brasileiro. A Camex é integrada pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; que a preside, pelos Ministros Chefe da Casa Civil; das Relações Exteriores; da Fazenda; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e do Planejamento, Orçamento e Gestão (www.mdic.gov.br) 27 A Secretaria de Comércio Exterior – Secex, tem como principal função assessorar o MDIC na condução das políticas de comercio exterior, alem disso, é o órgão estratégico do ministérios e é responsável pela gestão do controle comercial. O secex normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades de comercio exterior de acordo com as diretrizes da Camex e do MDIC (www.mdic.gov.br) 28 Minstério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, foi criado em 1999 e é o ministério responsável pelas decisões e execuções das diretrizes políticas de comércio e exerce sua função através do órgão gestor Secex. (www.mdic.gov.br) 29 Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior disponível em: www.mdic.gov.br acesso em 20/03/2010

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24

É importante ressaltar que as estratégias para obter superioridade da

competência (essa competência é definida pelas necessidades dos clientes) tem

que ter efeito em que aumentam benefícios aos olhos do consumidor. A vantagem

competitiva é alcançada quando se cria mais valor do que o concorrente, e sempre o

valor é definido pelo consumidor.

Por cada vez mais empresas e mais indústrias estarem surgindo em âmbito

mundial a concorrência em bases globais também aumenta. À medida que as

empresas vão crescendo e se expandindo, as mesmas vão se tornando ferozmente

competitivas. O efeito da competição global tem beneficiado muito os consumidores

no mundo todo, pois tanto empresas nacionais quanto transnacionais precisam ter

preços bons e produtos de qualidade para progredir no seu comércio e ganhar a

preferência seguida de uma fidelidade da clientela. (ALMEIDA, 2007)

A estratégia para obter vantagem competitiva adotada pela Arezzo foi através

da internacionalização. Para compreender melhor o processo de internacionalização

feito pela companhia, pode-se considerar o modelo de estágios sucessivos, no qual

primeiramente as empresas começam com a exportação (explicada anteriormente

segundo Minervini (1997) e Kotabe e Helsen (2000)) em que existe baixa

responsabilidade por parte do exportador - não há muito envolvimento -, em seguida

estágios intermediários que incluem parcerias como licenciamento, franchising, Joint

Venture até que a empresa obtenha uma subsidiária com controle total no local

estrangeiro. (CAVUSGIL, 1996)

A Arezzo utilizou e ainda usa a estratégia de “Franchising”, ou seja, franquias

onde há a disponibilização do bem para o outro, como já foi citado anteriormente

segundo a teoria de Kotabe e Helsen (2000). É importante ressaltar que nesse caso

nota-se que não é só a entrega dos produtos e a operação está finalizada, existe um

controle por parte da empresa que fornece o produto. Nesse estágio da

internacionalização, exige-se que seja obedecido certo padrão por quem decida

vender produtos Arezzo fora do Brasil. A Arezzo não só exporta seu produto (baixa

responsabilidade) ela também cuida da marca, do preço, perfil da loja, marketing e

outros. Um exemplo disso são as lojas na Venezuela. Hoje a Arezzo possui quatro

franquias em território venezuelano.

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Nesse contexto, é indubitável que se fale que a Arezzo percorreu o estágio da

exportação, mais especificamente optou pela exportação direta e ainda faz isso em

muitos lugares do mundo. Essa também é considerada uma alternativa de expandir

para o mercado internacional, foi ela quem impulsionou a Arezzo e que por seu

devido sucesso e demanda fez que ela chegasse a ter unidades próprias em outros

países. A exportação direta é vantajosa pois permite que

[...] o exportador tenha mais controle sobre suas operações internacionais. Como decorrência disso o potencial de vendas (e de lucro) é, em geral muito mais siginificativo do que o oferecido pela exportação indireta. Também permite a empresa construir sua própria rede de distribuição no mercado estrangeiro e obter melhor feedback mercado.(KOTABE, HELSEN, 2000, p. 253)

A exportação direta no caso da Arezzo se faz presente através de intermediários em

países de diversas partes do mundo como África do Sul, Argentina, Aruba, Austrália

Canadá, Colômbia, Croácia, Emirados Árabe, Equador, EUA, França, Inglaterra,

Israel, Itália, Jamaica, Japão, Líbano, Peru, Polônia, Rússia, Turquia e Uruguai.

Outra estratégia utilizada pela a Arezzo foi a de parcerias, designadamente

joint venture. A joint venture tem como principal vantagem a facilitação da entrada de

uma empresa estrangeira no país, é possível constatar que na China, por exemplo,

apesar de seu crescimento acelerado, ela tem suas restrições a empresas

estrangeiras e benefícios às locais, quanto a isso a Joint Venture proporciona

benefícios e não malefícios. Esse processo se deu com a Arezzo quando ela

constituiu uma sociedade com a Prime Success. É importante lembrar que países

como China ou a Índia, são menos liberalizados principalmente na área econômica e

“... até data recente , com a exigência chinesa de formação de joint venture com

parceiros locais como condição para autorização de certos tipos de

investimentos.”(ALMEIDA, 2007)

Criada em Hong Kong na década de 1980, a Prime Success possui mais de 3

mil lojas na China. Além de duas marcas próprias (Daphne, de calçados femininos, e

a popular Shoebox, que vende um par de sapatos a US$ 10), a empresa tem a

distribuição exclusiva da Adidas na China e fabrica sapatos para dezenas de

varejistas mundo afora, como as americanas Wal-Mart e JC Penney. No ano

passado, seu faturamento foi de quase US$ 400 milhões. A previsão da Arezzo em

relação aos mercados chineses era tentar uma dimensão semelhante a que

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empresa tem da marca no Brasil, mas com um posicionamento diferente, pois teria

uma venda de itens Premium. Os sapatos teriam preço médio de US$ 250. O

projeto inclui a implantação de 300 lojas até 2016, até lá, a rede Arezzo S/A,

especializada em calçados femininos, pode faturar na China US$ 150 milhões,

quase o mesmo que com as lojas brasileiras.30 O presidente da empresa considera

um ato muito desafiador já que ele compara a venda de sapatos para China como a

venda de geladeiras para esquimó.

Até agora, a Arezzo inaugurou sete pontos de venda na China: quatro lojas e

três "corners", que são espaços próprios em grandes lojas de departamento, mas

diferente do programa inicial não foi possível que o preço dos sapatos fosse tão

altos, por isso houve uma diminuição, caindo para US$ 200 cada par de sapatos.31

Algumas dificuldades começaram a ser enfrentadas pela a empresa brasileira,

estas apareceram principalmente nas áreas técnica, de marketing (obstáculos na

divulgação do produto, fazer marketing na China não é tão fácil como no Brasil) e

até na disputa por funcionários. Contudo, é importante afirmar que não só como a

Arezzo S/A como muitas outras companhias arcam com muitos problemas ao tentar

se inserir em território chinês, entretanto pelo papel que a China tem em âmbito

mundial é inevitável a tentativa deste. A empresa avaliza que essa operação não

está dando prejuízos e que não pretende desistir do negócio.32

Com efeito, é perceptível que capacidade de utilizar a cooperação nas

perspectivas estratégicas empresariais e de ampliação da aprendizagem, assim

como a maneira de aprender por meio do relacionamento com parceiros,

internalizando conhecimento e incorporando-o nos hábitos correntes de atuação ou

transpondo-o para outros negócios, é determinante para um amplo conjunto de

economias em desenvolvimento.

4 Conclusão

30Site de notícias G1 disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL80000-9356,00-AREZZO+VAI+ABRIR+LOJAS+DE+SAPATOS+NA+CHINA.html http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1221571901.pdf acesso em 14/11/2009 31 FIEC http://www.fiec.org.br/cin/prod&serv/mailclipping/edicoes/20091210.htm 32 Site do jornal Estadão disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/economia,os-percalcos-da-arezzo-no-mercado-chines,479857,0.htm acesso em 26/04/2010

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Ao transcorrer todas essas informações aqui escritas, conclui-se que uma

empresa necessita de uma estabilidade interna para pensar em transpor fronteiras, o

primeiro objetivo que deve ser traçado antes de conquistar mercados exteriores é a

manutenção do mercado interno, afinal é preciso organização e condições

financeiras para realizar este tipo de operação.

Outra questão é saber o máximo possível do lugar que se pretende entrar.

Aspectos culturais influenciam sim no sucesso das vendas e é por isso que

parcerias são tão úteis e vantajosas, pois elas ajudam se infiltrar e adaptar aos

costumes dos outros países evitando certas dificuldades. “É entender a realidade de

cada país de forma a colocar os produtos ou serviços de forma a criar estratégias de

negócios competitivos.” (KEEGAN, 1986)

A internacionalização requer que estágios sejam percorridos, então é visível a

necessidade de que os países iniciem o processo com a exportação porque assim é

admissível que se obtenha maiores informações e relações com o país de destino

facilitando o acontecimento dos estágios posteriores como no caso da Arezzo que

começou exportando depois passou para o sistema de parcerias através de

franquias e até mesmo joint ventures. Outro aspecto fundamental é que o processo

de internacionalização não é algo que se obtêm resultados rápidos, ele é feito

paulatinamente e tem seus efeitos à longo prazo.

É notável que Arezzo S/A mediante a essas teorias explanadas seguiu os

passos adequados e conseguiu obter sucesso no seu processo de

internacionalização. Esse sucesso é definido pelo número de países que ela

alcançou (não só com exportações como também parcerias bem sucedidas), pela

ampliação da empresa nacionalmente com o aumento de lojas no Brasil, pelo

faturamento que aumentou e principalmente porque ela conseguiu ter vantagem

competitiva sobre outras empresas, hoje a mesma é considerada nome de destaque

dentro do setor calçadista brasileiro. Outra questão é a demonstração de interesse

em internacionalizar feita pela empresa, já que no Brasil não existem políticas de

apoio e pouco recurso que incentive empresas a se internacionalizar, ou seja,

empresas tomam essa atitude por sua própria racionalidade visando aumentar seus

lucros.

Em suma, o processo de internacionalização para Arezzo foi sim decisivo

para que ela pudesse se tornar competitiva, ou mais do que isso ter vantagem

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competitiva tanto no mercado nacional quanto internacional. Essa vantagem em

âmbito nacional pode ser definida na concorrência de preços, batalhas publicitárias,

posicionamento do produto e tentativas de diferenciação. Enfatizando que uma

dessas tentativas de diferenciação foi a entrada da mesma em outros países.

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