textos novas espécies

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Nova espécie de peixe é descrita para a Calha Norte do Rio Amazonas No coração do maior bloco de florestas tropicais protegidas do mundo, pesquisadores do Museu Goeldi e da Universidade Federal do Pará encontram uma nova espécie de peixe. Artigo publicado na Revista Zootaxa em janeiro de 2011 apresenta mais um resultado positivo das expedições que desbravam a Calha Norte da Amazônia desde 2008. Dessa vez, o destaque da pesquisa científica veio da área de Ictiologia, que descreve uma nova espécie de peixe localizada no Igarapé Curuá, afluente da margem esquerda do Rio Amazonas (no estado do Pará), na Estação Ecológica Grão Pará, a maior unidade de conservação de proteção integral do mundo, com mais de 4 milhões de hectares. “É um peixe muito pequeno, que foi coletado quase no fim dos trabalhos no igarapé. Devido ao seu tamanho, acreditamos ser uma espécie difícil de ser encontrada, tanto que só conseguimos coletar um único individuo” relata Wolmar Wosiacki. Wolmar é pesquisador e curador da coleção ictiológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e juntamente com Luciano Montag, professor da Universidade Federal do Pará, e Daniel Coutinho, do Programa de Pós-Graduação em Zoologia, mantido em parceria pelas duas instituições, são os autores do artigo que descreve a espécie Stenolicmus ix. Esta espécie de peixe se difere das outras pelo comprimento dos barbilhões (filamento olfativo ou gustativo) nasais e maxilares; pelo padrão de coloração da região dorsal do tronco e pelos olhos e comprimento da cabeça proporcionalmente grandes, entre outras características descritas no artigo. Habitat e comportamento - O indivíduo de Stenolicnus ix foi coletado com uma peneira nas cabeceiras do Rio Curuá (PA) e, com ele, outras quinze espécies foram observadas. Segundo os autores do artigo, não é possível afirmar o tipo de ambiente utilizado por S. ix, porque não foram realizadas observações das espécies em seu habitat natural. No entanto, pode-se sugerir uma associação a ambientes arenosos considerando o fato de que a maioria das espécies próximas à descrita são associados a este tipo de ambiente. A nova espécie é conhecida somente pelo exemplar encontrado durante as expedições à Calha Norte. A Revista Zootaxa é a principal publicação sobre taxonomia do mundo, com mais de 8 mil autores desde 2001. E pode ser acessada no link http://www.mapress.com/zootaxa/(...) Texto: Vanessa Brasil, Joice Santos e Fernando Cardoso

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Page 1: Textos novas espécies

Nova espécie de peixe é descrita para a Calha Norte do Rio

Amazonas

No coração do maior bloco de florestas tropicais protegidas do mundo, pesquisadores do Museu

Goeldi e da Universidade Federal do Pará encontram uma nova espécie de peixe.

Artigo publicado na Revista Zootaxa em janeiro de 2011 apresenta mais um resultado positivo

das expedições que desbravam a Calha Norte da Amazônia desde 2008. Dessa vez, o destaque

da pesquisa científica veio da área de Ictiologia, que descreve uma nova espécie de peixe

localizada no Igarapé Curuá, afluente da margem esquerda do Rio Amazonas (no estado do

Pará), na Estação Ecológica Grão Pará, a maior unidade de conservação de proteção integral

do mundo, com mais de 4 milhões de hectares.

“É um peixe muito pequeno, que foi coletado quase no fim dos trabalhos no igarapé. Devido ao

seu tamanho, acreditamos ser uma espécie difícil de ser encontrada, tanto que só conseguimos

coletar um único individuo” relata Wolmar Wosiacki. Wolmar é pesquisador e curador da coleção

ictiológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e juntamente com Luciano Montag,

professor da Universidade Federal do Pará, e Daniel Coutinho, do Programa de Pós-Graduação

em Zoologia, mantido em parceria pelas duas instituições, são os autores do artigo que descreve

a espécie Stenolicmus ix.

Esta espécie de peixe se difere das outras pelo comprimento dos barbilhões (filamento olfativo

ou gustativo) nasais e maxilares; pelo padrão de coloração da região dorsal do tronco e pelos

olhos e comprimento da cabeça proporcionalmente grandes, entre outras características

descritas no artigo.

Habitat e comportamento - O indivíduo de Stenolicnus ix foi coletado com uma peneira nas

cabeceiras do Rio Curuá (PA) e, com ele, outras quinze espécies foram observadas. Segundo

os autores do artigo, não é possível afirmar o tipo de ambiente utilizado por S. ix, porque não

foram realizadas observações das espécies em seu habitat natural.

No entanto, pode-se sugerir uma associação a ambientes arenosos considerando o fato de que

a maioria das espécies próximas à descrita são associados a este tipo de ambiente. A nova

espécie é conhecida somente pelo exemplar encontrado durante as expedições à Calha Norte.

A Revista Zootaxa é a principal publicação sobre taxonomia do mundo, com mais de 8 mil autores

desde 2001. E pode ser acessada no link http://www.mapress.com/zootaxa/(...)

Texto: Vanessa Brasil, Joice Santos e Fernando Cardoso

Page 2: Textos novas espécies

Nova Espécie de Golfinho Descoberta na Austrália

Aqui está algo que não acontece todos os dias – na verdade, desde 1800, só aconteceu

três vezes. Uma nova espécie de golfinho foi descoberta.

O novo golfinho, batizado de golfinho de Burrunan foi encontrado em duas populações

no Estado de Victoria, Austrália, uma população de cerca de 100 golfinhos e outra de

50. Estas populações de golfinhos distintas eram já conhecidas, mas foram as análises

de ADN que surpreenderam (de tal forma que os cientistas acharam que estavam

errados e repetiram-nos): estes golfinhos são geneticamente distintos dos dois

golfinhos-nariz-de-garrafa conhecidos, o comum (Tursiops truncatus) e o indo-pacifico

(Tursiops aduncus). É portanto uma nova espécie confirmada (Tursiops australis).

“O objetivo da investigação era descobrir a que espécie de golfinho-nariz-de-garrafa

pertenciam estas duas populações. Mas as sequências [de ADN] que obtivemos,

mostraram que são muito diferentes quer de uma, quer de outra” explicou a líder da

investigação, Kate Charlton-Robb, bióloga marinha da Universidade de Monash,

Australia.

Os cientistas estudaram também crânios destes golfinhos, recolhidos por museus

australianos no último século, e detectaram que existem diferenças cranianas entre este

novo golfinho e as outras duas espécies até agora conhecidas. Além disso, os novos

golfinhos de Burrunan têm uma barbatana dorsal mais curvada, um nariz mais

atarracado e uma “tricoloração” única – cinzento escuro, cinzento normal e branco.

Os 150 golfinhos de Burrunan conhecidos não são, contudo, em número suficiente para

que a espécie esteja segura. Esforços de conservação são necessários para que este

novo golfinho continue a existir.

Page 3: Textos novas espécies

Pesquisador encontra nova espécie de

perereca em Minas Gerais

A descoberta de duas novas espécies em Minas Gerais confirma a rica biodiversidade do Brasil.

Belo Horizonte — Das cinco da manhã até a meia-noite, no meio da mata, à procura pelo

desconhecido. Poderia ser o roteiro de um filme de aventura, mas é só a rotina vivida durante

meses pelo pesquisador Clodoaldo Lopes de Assis, do Museu de Zoologia João Moojen, da

Universidade Federal de Viçosa (UFV). O esforço foi recompensado. Assis descobriu uma

espécie de perereca — a Aparasphenodon pomba — na localidade de Sinimbu, no município de

Cataguases, na Zona da Mata mineira. O artigo científico resultante da novidade foi publicado

há 15 dias na revista Zootaxa, da Nova Zelândia. O nome do anfíbio homenageia o Rio Pomba,

na região. Além de Assis, Leandro Braga Godinho, pesquisador da mesma instituição, encontrou,

na Bacia Hidrográfica do Médio São Francisco, um sapo não descrito na literatura: o

Proceratophrys carranca.

O primeiro exemplar da Aparasphenodon pomba foi encontrado em 2008, mas, só neste ano,

Assis conseguiu reunir a quantidade mínima de oito animais a fim de atestar que não se trata

apenas de um bicho já conhecido com algumas alterações. A perereca tem entre 5cm e 6cm e,

nas palavras do pesquisador, “parece uma onça”: dourada, com manchas beges e olhos

vermelhos. O pesquisador comparou o animal com todas as espécies do gênero, encontrando

diferenças significativas tanto na coloração quanto na morfologia interna.

Peneira, lanterna, máquina fotográfica, gravador e caderno para anotações foram as ferramentas

de campo usadas pelo biólogo para descobrir a A. pomba, considerada por ele uma espécie

difícil de ser observada e capturada. “Ela vive em bambuzais e, no período chuvoso, tem hábitos

reprodutivos explosivos. Reproduz-se em um pequeno período, quando está chovendo, e depois

some, volta para seu refúgio”, diz. O próximo passo, segundo ele, é encontrar o animal se

reproduzindo, gravar seu canto e achar o girino, para aprofundar os estudos.

Page 4: Textos novas espécies

Nova espécie de besouro surpreende cientistas

Uma nova espécie de besouro descoberta nas florestas da Guiana Francesa

surpreendeu os cientistas. Batizado “besouro espetacular de falsa forma da Guiana”

(Guyanemorpha spectabilis), ele apresenta tamanho maior e uma coloração muita mais

viva que outros insetos relacionados da tribo Pseudomorphini, conhecida por sua

convivência com diversas espécies de formigas.

Este surpreendentemente grande e colorido pseudomorphine foi um choque para mim,

já que todas outras espécies no Hemisfério Ocidental são de tediosa coloração marrom,

vermelho escura ou preta com nenhum ou pouco contraste na superfície superior –

explica Terry L. Erwin, pesquisador do Instituto Smithsonian e um dos autores de artigo

que descreve a nova espécie, publicado nesta terça-feira no periódico científico de

acesso aberto “ZooKeys”. - No mundo da entomologia, esta nova espécie só pode ser

comparada às raras características do Olinguito, uma nova espécie carnívora que

encantou o mundo e foi descrita recentemente por Kris Helgen também na “ZooKeys”.

Segundo os pesquisadores, o besouro foi encontrado nas planícies da selva da Guiana

Francesa e, como integrante da tribo Pseudomorphini, provavelmente convive com as

formigas da região, mas seu exato ciclo de vida ainda é desconhecido.

Os pseudomorphines são uma derivação evolucionária muito interessante da morfologia

normal da família Carabidae tanto em forma quanto em função e apenas recentemente

estão começando a ser compreendidos na América do Norte – acrescentou Erwin. - O

fato de uma espécie de gênero relacionado estar vivendo na América do Sul junto a

formigas arbóreas faz com que aprender sobre eles se torne ainda mais difícil. O uso de

inseticidas permite a captura de adultos desta espécie, mas só destruindo os

formigueiros suspensos nas árvores teremos suas larvas, o que não é trabalho para os

estudiosos mais fracos.

Page 5: Textos novas espécies

Bolsista da Univates descobre nova espécie de ácaro

Transeius gervasioi é a espécie de ácaro descoberta por Matheus dos Santos Rocha. Em todos

os ambientes a nossa volta, existe uma grande quantidade de seres vivos, muitos dos quais

ainda não foram classificados como espécie. Conforme dados da revista National Geographic,

no grupo dos aracnídeos, por exemplo, apenas 17% das espécies estimadas já foram

classificadas. O aluno do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da Univates Matheus dos

Santos Rocha está colaborando para que esse percentual cresça.

Recentemente ele descobriu nova espécie de ácaro: a Transeius gervasioi. Conforme o

estudante, que atua há três anos como bolsista de iniciação científica do Laboratório de

Acarologia, vinculado ao Museu de Ciências Naturais da Instituição, o nome gervasioi é uma

homenagem ao pesquisador Gervásio Carvalho, da Pucrs, um eminente entomólogo gaúcho

com o qual o grupo de pesquisa tem uma boa relação. A espécie foi encontrada no município de

Forquetinha, enquanto era realizado o Trabalho de Conclusão de Curso de Matheus em uma

área de regeneração ambiental, sobre folhas de Chicória (Cichorium intybus) e Tanchagem

(Plantago sp.). “Porém, não se pode excluir a possibilidade de encontrar essa espécie em outras

espécies vegetais”, afirma o acadêmico.

Ele conta que todo o processo para descrição de novas espécies é árduo, pois deve-se buscar

todas as espécies que pertencem ao mesmo gênero para definir quais são mais semelhantes,

levando em conta os caráteres morfológicos definidos pela literatura. “Esse gênero (Transeius)

possui outras 54 espécies. Sendo assim, tivemos que observar todas as descrições para

encontrar alguma que fosse semelhante”, diz. Para o estudante, a importância de descobrir

espécies é, principalmente, ampliar o conhecimento da biodiversidade onde vivemos. “Para mim,

é ter a oportunidade de poder fazer parte da história da acarologia, pois, toda vez que alguém

encontrar essa espécie em campo, saberá que o Laboratório de Acarologia da Univates a

descreveu”, comemora. Toda a pesquisa foi desenvolvida no local, desde a coleta e triagem do

material até o desenho e a descrição do novo ácaro. Além disso, o Laboratório de Acarologia

está em processo de publicação de mais 15 espécies, incluindo um novo gênero nos próximos

dois anos.

De acordo com Matheus, muitas dessas espécies e de outros trabalhos desenvolvidos no

laboratório contam com o auxílio de pesquisadores de outros países, como África do Sul, Grécia,

Polônia, Estados Unidos, Holanda, Espanha, entre outros. “Além de contribuir significativamente

para a comunidade científica, essas publicações colocam nosso laboratório entre os melhores

do país”, completa. Ainda, segundo ele, o artigo que descreve a nova espécie, de coautoria do

mestrando da UFPel Guilherme Liberato da Silva e do professor da Univates Noeli Juarez Ferla,

especialista em taxonomia desse grupo, foi publicado na International Journal of Acarology, uma

das mais importantes revistas científicas da área da acarologia.

Page 6: Textos novas espécies

Nova espécie de anta é descrita na região amazônica por Clara Nobre de Camargo

Uma nova espécie de anta foi descoberta na região Norte do Brasil, mais

especificamente na divisa entre Rondônia e Amazonas. A pesquisa foi publicada no

início desta semana pelo Journal of Mammalogy, apesar de o estudo, iniciado pelo

paleontólogo Mario Cozzuol da UNIR (Universidade Federal de Rondônia) e UFMG

(Universidade Federal de Minas Gerais), ter começado há cerca de 10 anos.

Denominada Tapirus kabomani, a espécie é a primeira que se revela em 100 anos da

ordem Perissodactyla, da qual também fazem parte cavalos, zebras e rinocerontes.

Cozzuol afirma haver relatos dos povos indígenas da região, que apontavam esta nova

espécie como diferente das outras antas, porém foram sempre ignorados. “O

conhecimento da comunidade local precisa ser levado em conta e é o que fizemos em

nosso estudo, que culminou com a descoberta de uma nova espécie para a ciência",

contou o paleontólogo ao site mongabay.com.

O artigo afirma que as espécies de anta conhecidas, que atualmente são cinco contando

com esta nova, estão listadas como vulneráveis na lista da União Internacional para

Conservação da Natureza, devido à caça predatória do homem. As antas apareceram

há cerca de 50 milhões de anos, são caracterizadas por sua tromba curta que auxilia o

animal a agarrar-se à vegetação. É um mamífero de hábitos noturnos, além de ser um

excelente nadador e, no caso da Tapirus kabomani, habita regiões montanhosas.

"Como predadores de sementes e dispersores, elas têm um papel-chave na dinâmica

de florestas tropicais, Cerrado, Pantanal e ecossistemas de alta montanha ", escrevem

os cientistas no artigo sobre a espécie nova descoberta.

Page 7: Textos novas espécies

Xysticus grallator (Simon, 1932) – uma nova espécie de aranha para Portugal

A espécie de aranha Xysticus grallator foi descrita por E. Simon na sua obra Les

Arachnides de France para a ilha da Córsega em 1932 e foi depois citada em Itália

(Sardenha) por Kraus em 1955 e em Espanha por Urones et al. em 1983.

Muito poucos exemplares foram encontrados até hoje e pouco se sabe também sobre

a biologia desta espécie.

Em Outubro de 2000, em Valverde (Évora), foi encontrado o primeiro exemplar em

Portugal (um macho), durante uma saída noturna sendo depois encontrados mais dois

machos em Outubro de 2003: um exatamente no mesmo local, o outro, a cerca de 7

Km. Estas novas citações para o território português, vêm ampliar para Sudoeste a área

de distribuição mundial conhecida de X. grallator Simon, 1914.

Facto curioso, é que em toda a área de distribuição conhecida, e ao longo de 72 anos,

os adultos desta espécie surgiram todos no mês de Outubro, o que sugere uma vida de

adulto muito curta com uma época de reprodução restrita.

Ao contrário das restantes espécies do género Xysticus, esta espécie apresenta patas

muito compridas facto que levou Simon a atribuir-lhe um grupo próprio chamado de

longipes ou “patas compridas”.

É possível que esta espécie tenha um comportamento mais arborícola que as restantes

e por isso seja menos robusta e mais ágil, parecendo ter preferência por zonas mais

húmidas.

O artigo com a citação desta espécie foi aceite pela RIA – Revista Ibérica de Aracnologia

e encontra-se em fase de publicação.

Com mais esta citação, eleva-se o número de espécies de aranhas conhecidas em

Portugal para 746 de acordo com a mais recente listagem oficial de P. Cardoso incluída

no site Aranhas.info. Este número aumenta todos os anos o que mostra o quanto ainda

nos falta conhecer sobre o nosso Património Natural.

Page 8: Textos novas espécies

Nova espécie de bambu descoberta em RPPN da Cenibra

Batizada com o nome Eremitis magnifica, uma nova espécie de bambu herbáceo foi

encontrada por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia e Universidade

Estadual de Feira de Santana em propriedade da CENIBRA, na Reserva de Patrimônio

Particular Natural (RPPN) Fazenda Macedônia.

O registro da descoberta foi oficializado com a publicação na revista científica

internacional Phytotaxa, da Nova Zelândia. De acordo com o artigo publicado, a espécie

pode ser considerada criticamente ameaçada de extinção, devido à sua raridade,

pequeno número de exemplares e ocorrência restrita a área da RPPN Fazenda

Macedônia. O artigo foi publicado pelo doutor Fabrício Moreira Ferreira, do

Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana,

com a participação de outros pesquisadores. Desde 2008 eles vêm realizando estudos

envolvendo filogenia e genética molecular, anatomia foliar, palinologia e estudos

morfológicos sobre o gênero Eremitis, que apresenta distribuição restrita à Floresta

Atlântica na costa Leste do Brasil. Entre as 18 novas espécies de Eremitis encontradas

e descritas, uma possuía características únicas, que as diferenciava das demais.

Após um aprofundamento dos estudos confirmou-se e publicou-se essa descoberta

científica. A descoberta de uma nova espécie é de extrema relevância para a ciência e

pode trazer diversos benefícios para toda a sociedade. Grande parte dos medicamentos

utilizados pela humanidade é extraída de plantas e a descoberta de uma nova espécie

amplia as possibilidades na busca pelo tratamento de doenças ainda incuráveis.

Após a publicação da descoberta, uma equipe do Departamento de Meio Ambiente e

Qualidade realizou novos levantamentos na Fazenda Macedônia e identificou cerca de

60 indivíduos da nova espécie. Trata-se de uma população muito pequena e, por esse

motivo, a equipe elaborou estratégias e ações para garantir a proteção e conservação

da Eremitis magnifica.

A descoberta de uma nova espécie é um indicativo da elevada qualidade ambiental do

manejo florestal praticado pela CENIBRA, que, pelo baixo impacto das operações

florestais e por conservar áreas extensas com vegetação nativa, abriga espécies raras,

endêmicas e ameaçadas de extinção.

Page 9: Textos novas espécies

Nova espécie de humanos “cara chata” pode ter sido descoberta

Acredita-se que a linhagem do ser humano Homo surgiu há 2,5 milhões de anos,

coincidindo com as evidências mais antigas de ferramentas, feitas de pedra. E até a

metade do século passado, acreditava-se que o ancestral humano mais antigo era o

Homo erectus.

50 anos atrás, na Garganta de Olduvai, foi descoberto outro hominídeo mais primitivo,

o Homo habilis, com o crânio menor e esqueleto mais simiesco.

Mais tarde, em 1972, foi descoberto no Quênia um outro crânio, que recebeu o nome

de KNM-ER 1470, e agitou o meio paleontológico desde então: alguns entendiam que

as características dele, como a face mais achatada e o cérebro maior que o do H. habilis,

indicavam tratar-se de uma nova espécie, que recebeu o nome provisório Homo

rudolfensis.

O problema era que a comparação era difícil de ser feita, já que só havia um pedaço do

crânio e nenhuma mandíbula do H. rudolfensis. A diferença entre ele e o H. habilis

poderia ser um caráter sexual secundário, por exemplo, ou uma variação geográfica.

Mas isto mudou com a descoberta de alguns fragmentos em 2007 e 2009, não mais de

10 quilômetros distante de onde o KNM-ER 1470 foi encontrado. Os novos fósseis tem

entre 1,78 e 1,95 milhões de anos, e receberam o nome de KNM-ER 60000 e KNM-ER

62000.

A foto que ilustra este artigo é uma reconstrução do crânio do H. rudolfensis, usando a

face encontrada em 1972, a mandíbula KNM-ER 60000, e um crânio obtido por

tomografia.

A análise das descobertas, publicada este mês, aponta que a mandíbula tem uma forma

em U, e diferente da mandíbula em V do H. habilis, o que indica que a dieta do novo

hominídeo era diferente: ele provavelmente era mais vegetariano. Por esta análise, o H.

rudolfensis realmente se trata de um novo hominídeo.

O trabalho, publicado por Meave Leakey, do Insituto Turkana Basin, do Quênia, Fred

Spoor, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, da Alemanha, e equipe de

colaboradores, sugere que dois milhões de anos atrás, no lago cercado de vegetação

luxuriante que existia ali no norte do Quênia, não só duas, mas três espécies de

hominídeos compartilhavam o mesmo ambiente.

O que aconteceu então com o H. habilis e o hominídeo descrito recentemente, que

talvez venha a se chamar H. rudolfensis? Um beco sem saída evolutivo? Será que o H.

erectus descende de alguma destas linhagens, ou de um outro Homo, ainda não

descoberto?

Page 10: Textos novas espécies

Nova espécie de lêmure em Madagascar está em risco extremo de extinção

No Sudeste da ilha de Madagáscar, na época das chuvas, as poucas dezenas de

lêmures-anões-lavasoa param de hibernar e tornam-se ativos nas florestas. Em 2001,

estes primatas foram observados pela primeira vez por um cientista, mas só agora se

compreendeu que pertencem a uma espécie nova para a ciência. O artigo com a

descoberta foi agora publicado na revista Molecular Phylogenetics and Evolution.

Madagascar terá recebido há cerca de 60 milhões de anos a espécie de lêmure

antepassada das que hoje lá habitam. Não se sabe exatamente como é que lá chegou,

mas teve oportunidade de prosperar e de se diversificar nas florestas distribuídas pela

ilha – que tem 6,3 vezes o tamanho de Portugal – sem a competição de outros primatas

que, entretanto, levaram à extinção as antigas espécies de lémures que viviam no

continente africano.

Hoje, conhecem-se cerca de 100 espécies de lémures. Todas vivem em Madagascar, à

exceção de duas que habitam as ilhas Comores, mas que foram provavelmente

introduzidas lá por pessoas.

A nova espécie Cheirogaleus lavasoensis é um lêmure-anão que se pensava pertencer

à espécie Cheirogaleus crossleyi. Mas investigadores do Instituto de Antropologia da

Universidade Johannes Gutenberg em Mainz, na Alemanha, capturaram 51 lémures-

anões em nove locais diferentes para lhes retirarem amostras de tecido. Os animais

foram devolvidos à natureza. Com as amostras, os cientistas fizeram análises

moleculares e genéticas, para compreender melhor a diversidade genética entre

diferentes géneros de lémures.

“Fizemos uma análise exaustiva para examinar a diversidade genética de dois géneros

de lémures que têm um parentesco próximo, o género Cheirogaleus (lémur-anão) e o

Microcebus. A comparação revelou que a diversidade de lémures-anões era maior do

que o que se pensava anteriormente”, explica em comunicado Dana Thiele, uma das

autoras do artigo.

Dessa forma, a equipe identificou o Cheirogaleus lavasoensis. A espécie vive apenas

em três pequenos fragmentos de floresta, isolados uns dos outros, e que ficam

inundados na altura das chuvas quando este animal se torna ativo. Uma estimativa

preliminar da população aponta para a existência de apenas 50 indivíduos, o que coloca

a espécie num risco extremo de extinção. A perda de habitat e a caça são duas ameaças

que fazem com que muitas espécies de lémures estejam à beira da extinção.

Page 11: Textos novas espécies

Descoberta nova espécie de tartaruga com 145 milhões de anos nas arribas de Mafra

Os paleontólogos espanhóis Francisco Ortega e Adán Pérez-García anunciam hoje em Torres

Vedras a descoberta de uma nova espécie de tartaruga com 145 milhões de anos, cujo fóssil foi

descoberto nas arribas de uma praia em Mafra. "Sabíamos que estas tartarugas se encontravam

unicamente na Europa e apenas na Inglaterra no Cretáceo Inferior (há 65 milhões de anos), mas

este achado em Portugal permitiu-nos descobrir uma tartaruga com 80 milhões de diferença

daquela, porque esta é do Jurássico Superior e tem 145 milhões de anos", afirmou Francisco

Ortega, paleontólogo e diretor científico da Sociedade de História Natural de Torres Vedras, à

agência Lusa.

As semelhanças existentes entre elas permitiram aos cientistas perceber que pertencem à

mesma família das "eucryptodiras", de que fazem parte tartarugas atuais, mas as diferenças

anatômicas entre ambas levaram-nos a concluir que se tratava de uma nova espécie para a

ciência, a que apelidaram de Hylaeochelys kappa’. "Tem formas um pouco mais primitivas do

que a da Inglaterra, como uma carapaça mais aplanada do que a das outras que são mais

redondas, o que não é tão comum nas tartarugas", explicou o também professor na Universidade

Nacional de Educação à Distância, em Madrid. Essa característica levou os investigadores a

inspirarem-se num episódio em que os japoneses, no século XVI, confundiram as cabeças dos

frades franciscanos portugueses com as figuras mitológicas japonesas `kappas`, semelhantes a

tartarugas, por terem a cabeça parecida à carapaça das tartarugas, para apelidarem a nova

espécie.

Trata-se de uma tartaruga de água doce adulta, cuja carapaça de meio metro de diâmetro foi

encontrada quase completa. O achado foi feito em 2011 na praia do Porto Barril, concelho de

Mafra, por José Joaquim dos Santos, um cidadão de Torres Vedras que, nos seus tempos livres

de carpinteiro, se ocupa a encontrar achados de dinossauro e outros animais nas arribas.

A descoberta foi validada pela comunidade científica, depois de a Academia das Ciências

francesa ter aprovado a publicação para breve do artigo científico na sua revista. Para os

cientistas, este grupo de tartarugas confinado à Europa vem corroborar a tese de que, com a

abertura do Atlântico Norte no Jurássico Superior e a separação dos continentes europeu e

americano, começou a existir faunas diferentes dos dois lados que se tornou mais patente no

Cretáceo. Nos últimos 20 dias, José Joaquim dos Santos recolheu alguns milhares de fósseis

pertencentes a dinossauros, tartarugas, crocodilos, peixes e até tubarões, cuja coleção foi

vendida em 2009 à Câmara de Torres Vedras, para vir a expô-los num futuro museu. A coleção

tem vindo a ser estudada desde essa altura por investigadores associados da Sociedade de

História Natural.