biodiversidade - observatório clima-madeira · 12 biodiversidade tropicais ou subtropicais e o...

110
biodiversidade impactos, vulnerabilidades e adaptação às alterações climáticas

Upload: vandien

Post on 01-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

biodiversidade

impactos, vulnerabilidades e adaptação às alterações climáticas

Page 2: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

Índice9 IMPACTOS E VULNERABILIDADES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

15 1. Introdução

15 1.1. Enquadramento17 1.2. BiodiversidadedaMadeira19 1.3. Alteraçõesclimáticasebiodiversidade22 1.4. Objetivodorelatório

25 2. Metodologia

25 2.1. Listarespécies-alvo29 2.3. Avaliaravulnerabilidadedasespécies-alvo29 2.3.1. CCVI–vulnerabilidadedeespéciesterrestres

30 2.3.2. Vulnerabilidadedoscetáceos

32 2.3.3. Vulnerabilidadedeoutrosgruposdefaunamarinha

32 2.3.3.1. Peixes

32 2.3.3.2. Invertebradosmarinhos

33 2.4. Avaliaraconfiançaassociadaaosresultados33 2.4.1. Avaliaçãodaconfiançaefalhasdeconhecimentoparaasespéciesterrestres

33 2.4.2. Avaliaçãodaconfiançaefalhasdeconhecimentoparaoscetáceos

37 3. Resultados

39 3.1. Vulnerabilidadedosgruposdefaunaefloraterrestres39 3.1.1. Líquenes

39 3.1.1.1. Espéciesestudadas

41 3.1.1.2. VulnerabilidadesAtuais

42 3.1.1.3. VulnerabilidadesFuturas

45 3.1.1.4. Fatoresdevulnerabilidade

46 3.1.1.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

47 3.1.2. Briófitos

47 3.1.2.1. Espéciesestudadas

48 3.1.2.2. VulnerabilidadesAtuais

51 3.1.2.3. VulnerabilidadesFuturas

53 3.1.2.4. Fatoresdevulnerabilidade

53 3.1.2.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

55 3.1.3. Plantasvasculares

55 3.1.3.1. Espéciesestudadas

57 3.1.3.2. VulnerabilidadesAtuais

59 3.1.3.3. VulnerabilidadesFuturas

61 3.1.3.4. Fatoresdevulnerabilidade

61 3.1.3.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

Page 3: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

114 3.3.3.1. Espéciesestudadas

114 3.3.3.2. Vulnerabilidadesatuaisefuturas

115 3.3.3.3. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

117 4. Conclusões

125 5. Referências

163 ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

169 1. Introdução

169 1.1. Enquadramento170 1.2. BiodiversidadedaMadeira172 1.3. Objetivosdorelatório

175 2. Metodologia

175 2.1. Avaliarosimpactosevulnerabilidades176 2.2. Avaliaracapacidadeadaptativaatual177 2.3. Avaliarlacunasnoconhecimento177 2.4. Identificarprincipaismedidasdeadaptação

179 3. Resultados

179 3.1. Vulnerabilidadeevulnerabilidadecruzada(inter-sectorial)179 3.1.1. Vulnerabilidadedabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas

183 3.1.2. Vulnerabilidadesparaabiodiversidadedecorrentesdosimpactosesperadosnoutros

sectores

185 3.1.3. Impactosdasalteraçõesdabiodiversidadenoutrossectores

186 3.2. Lacunasnoconhecimento186 3.2.1. Habitatsterrestres

186 3.2.2. Habitatsmarinhos

186 3.2.3. FaunaeFloraterrestres

187 3.2.4. Faunamarinha

188 3.3. Capacidadeadaptativaactualdossistemashumanos190 3.3.1. Conhecimento

191 3.3.2. Planos/programasdeconservaçãoatuais

191 3.3.3. Níveldeprotecçãoactual

195 3.5. Medidasdeadaptação

201 4. Conclusões

203 5. Referências

62 3.1.4. Moluscos

62 3.1.4.1. Espéciesestudadas

63 3.1.4.2. VulnerabilidadesAtuais

65 3.1.4.3. VulnerabilidadesFuturas

67 3.1.4.4. Fatoresdevulnerabilidade

68 3.1.4.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

69 3.1.5. Artrópodes

69 3.1.5.1. Espéciesestudadas

71 3.1.5.2. Vulnerabilidadesatuais

73 3.1.5.3. Vulnerabilidadesfuturas

76 3.1.5.4. Fatoresdevulnerabilidade

77 3.1.5.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

78 3.1.6. Répteis

78 3.1.6.1. Espéciesestudadas

79 3.1.6.2. VulnerabilidadesAtuais

80 3.1.6.3. VulnerabilidadesFuturas

82 3.1.6.4. Fatoresdevulnerabilidade

82 3.1.6.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

83 3.1.7. Aves

83 3.1.7.1. Espéciesestudadas

84 3.1.7.2. VulnerabilidadesAtuais

86 3.1.7.3. VulnerabilidadesFuturas

87 3.1.7.4. Fatoresdevulnerabilidade

88 3.1.7.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

89 3.1.8. Mamíferos

89 3.1.8.1. Espéciesestudadas

90 3.1.8.2. VulnerabilidadesAtuais

91 3.1.8.3. VulnerabilidadesFuturas

92 3.1.8.4. Fatoresdevulnerabilidade

93 3.1.8.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

103 3.3. Vulnerabilidadedosgruposdefaunamarinhos103 3.3.1. Cetáceos

103 3.3.1.1. Espéciesestudadas

104 3.3.1.2. Vulnerabilidadesatuais

105 3.3.1.3. Vulnerabilidadesfuturas

106 3.3.1.4. Fatoresdevulnerabilidadefutura

108 3.3.1.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

109 3.3.2. Peixes

109 3.3.2.1. Espéciesestudadas

110 3.3.2.2. Vulnerabilidadesatuais:tendênciaspescaenovasobservações

112 3.3.2.3. Vulnerabilidadesfuturas

113 3.3.2.4. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados

114 3.3.3. Invertebrados(Espéciesnãoindígenas)

Page 4: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

impactos e vulnerabilidades às alterações climáticas

BIODIVERSIDADE

AUTORES

Maria João Cruz, David Avelar, Andreia Sousa,

Filipa Vasconcelos, Roberto Jardim, Mário Pulquério

COLABORADORESAna Dinis (CCIMAR-Madeira), Andreia Pereira (Instituto D.Luís, FCUL), António M.

Franquinho Aguiar (LQA), Bruce Young (NatureServe), Cátia Gouveia (SPEA-Madeira),

Cecília Sérgio (Ce3C, FCUL), Cláudia Ribeiro (CCIMAR-Madeira), Cristina Abreu

(Universidade da Madeira), Cristina Branquinho (Ce3C, FCUL), Filipe Alves (CCIMAR-

Madeira), Francisco Martinho, João Canning-Clode (Canning-Clode Marine Lab, MARE),

Jorge Palmeirim (Ce3C, FCUL), José Azevedo (Coord. BEST III Macaronesian Hub), Manuela

Sim-Sim (Ce3C, FCUL), Mário Boieiro (Ce3C, FCUL), Mark Nelson (NOAA, MNFS), Paula Matos

(Ce3C, FCUL), Rui Rebelo (Ce3C, FCUL) e Sara Ruas.

DEZEMBRO 2014

Page 5: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 11

ResumoOprojetoCLIMA-MadeiratemcomoobjetivoestudaravulnerabilidadeeasrespostasàsalteraçõesclimáticasnoarquipélagodaMadeira.Oprojetoenvolvediferentessetores,incluindoagriculturaeflorestas,saúde,turismo,biodiversidade,energiaerecursoshídricos.

Nosetordabiodiversidade,procurou-seavaliar,numaprimeirafase,avulnerabilidadedabiodiversidadeendémicaedeoutrasespéciescominteressedaregiãoautónomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticas.Foiefetuadaumalistagemdeespécies-alvoparaasquaisfoiavaliadaasuavulnerabilidadenumaabordagemquantitativaatravésdeíndicesdevulnerabilidadeparaasespéciesterrestreseparaoscetáceos.Avulnerabilidadedasrestantesespéciesmarinhasfoiavaliadaqualitativamente.Oshabitatsterrestresforamavaliadosatravésdeexpert judgment. Osresultadosdevulnerabilidadeobtidosforamanalisadosevalidadospor20especialistasdosdiferentesgrupostaxonómicos.

Nesteestudoforamavaliados11gruposdefaunaefloraterrestreemarinha,numtotalde74espécies.Deentreosgruposterrestres,osbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscos,apresentaramomaiornúmerodeespéciescomumavulnerabilidade“Crítica(-3)”paraocenárioA2nofinaldoséculo.Asespéciesquepoderãobeneficiarcomasalteraçõesdoclima,apresen-tandoumavulnerabilidade“Positiva(1)”nocenárioA2paralongoprazo,pertencemsobretudoaogrupodosrépteisedosartrópodes.Emgeral,asespéciesexóticas,apresentaramvulnerabili-dadesneutrasoupositivas,independentementedogrupoemanálise.

OshabitatsterrestresdoMaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmuladoeZambujalMadei-renseapresentaramumavulnerabilidade“Crítica(-3)”nocenárioA2paralongoprazo,enquantoqueaFlorestaLaurissilvaapresentouumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”.

Asespéciesdecetáceosmaisvulneráveissãoocachaloteeabaleiacomum,naclasse“Muitonegativa(-2)”;espéciescomoabaleiatropicaleogolfinhoroazassociadosàilhaapresentamumavulnerabilidade“Negativa(-1)”.Relativamenteaospeixeseinvertebradosmarinhos,poderãosurgirtantoimpactosnegativos(comoareduçãodaspopulaçõesdeespéciesdeclimasmaisfrios)comoimpactospositivos,comoaumentodaabundânciadeespéciescomafinidades

Page 6: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE12

tropicaisousubtropicaiseoaparecimentodenovasespécies.Aavaliaçãodavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticas,nomeadamenteatravésdaaplicaçãodeíndices,permitiuaidentificaçãodeespéciesemriscoeapriorizaçãodemedidasqueserãoutilizadasparadefinirrespostasdeadaptaçãoeinformaraçõesdegestãoeconservaçãodabiodiversidade.

Palavras-chave:Avaliaçãodavulnerabilidade;Alteraçõesclimáticas;Índicedevulnerabilidade;Biodiversidade;ArquipélagodaMadeira.

Page 7: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 15

1. Introdução

1.1. Enquadramento

Anívelinternacionalhádiversosdocumentoscomrecomendaçõeseorientaçõesquevisamacriaçãodemecanismosdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaamanutençãodabiodi-versidade.SãoexemplosaConvençãoparaaDiversidadeBiológica,aConvençãosobreZonasHúmidas,aConvençãosobreaVidaSelvagemeosHabitatsNaturaisnaEuropa,oPlanodeAçãodaUniãoEuropeia“Até2010—emaisalém”e,maisrecentemente,aEstratégiadeBiodiversi-dadedaUniãoEuropeiapara2020.

EmlinhacomosdesenvolvimentosemmatériadeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasnaUniãoEuropeia,porexemploo“LivroBranco.Adaptaçãoàsalteraçõesclimáticas:paraumquadrodeaçãoeuropeu”(ComissãoEuropeia2009),PortugalaprovouasuaEstratégiaNacionaldeAdap-taçãoàsAlteraçõesClimáticas(ENAAC)emAbrilde2010(ResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º24/2010,DR:1.ªsérieN.º64de1deAbrilde2010).Esteinstrumentoestratégicopretendeenquadrarepromoverumconjuntodeorientaçõesedemedidasdeadaptaçãoaaplicaratravésdeumaabordagemintegradaeenvolvendoumalargadoconjuntodesetores.

AaplicaçãonacionaldaENAACestásobacoordenaçãointerministerialdaComissãoparaasAlteraçõesClimáticas(CAC),criadapelaResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º72/98,de29deJunho,apoiadapeloseuComitéExecutivo(CECAC),queporsuavezéapoiadoporumgrupodecoordenação,pelosgruposdetrabalhosectoriaiseporumpainelcientífico(Despachon.º14893/2010,de18deSetembro).AaplicaçãodaENAACnasRegiõesAutónomasdosAçoresedaMadeiraédaresponsabilidadedosrespetivosGovernosRegionais.

OprojetoCLIMA-MADEIRAiráidentificarecaracterizarpotenciaisimpactosdasalteraçõesclimáticassobreossetoressaúdehumana,biodiversidade,recursoshídricos,turismo,energia,agriculturaeflorestasnoArquipélagodaMadeira,permitindoassimavaliarquaisasprincipaisvulnerabilidadesdessessistemasàsalteraçõesclimáticaseidentificarepriorizarmedidasdeadaptação.

Page 8: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE16 17

1.2. Biodiversidade da Madeira

AMadeiraapresentaumafaunaefloraúnica,sendoconsideradaum‘hot-spot’debiodiver- sidademediterrânica.Localizadanaregiãobiogeográficadamacaronésia,temumelevadonúmerodeendemismosehabitatsricoscomumaelevadadiversidadedeespéciesterrestesemarinhas.Paraosprincipaisgrupostaxonómicosterrestressãoconhecidoscercade1419taxa-1286espéciese182subespécies-sendoosgruposcommaiornúmerodeendemismososmoluscoseosartrópodes,comcercade210e979espéciesesubespéciesrespetivamente. Ogrupodosmoluscosrepresentaassim14,68%dototaldeendemismoseosartrópodesa69,09%(Figura1)(Borgesetal.2008).Váriasespéciesmarinhasestãopresentesemáguasmadeirensesnomeadamente25espéciesdecetáceos,cincoespéciesdetartarugasmarinhaseafocamongeclassificadacomocriticamenteameaçada(Cabraletal.2005).

Figura 1 – Proporção de taxa endémicos (espécies e subespécies) dos vários grupos de fungos, plantas e animais terrestres dos arquipélagos da Madeira e Selvagens. Fonte: Borges et al.,2008.

Osdiferenteshabitatsterrestresestãodistribuídosemaltitudeemdiferentessériesdevegeta-ção,sendoestasvitaisparaaconservaçãoemanutençãodosserviçosecossistémicos(Figura2). AilhadaMadeiracompreendeváriosandaresdevegetaçãoclimatófiladesdeascotasmaisbaixasatéàsdemaioraltitude(Capelo2004).AprimeirasériedevegetaçãocorrespondeaoZambujalMadeirensequeseencontraacotasinferiorescomescarpasrochosasentre0e200metrosnaencostasul.AsériedoMatagalMarmulanoocorreacotasentreos200e300metrosdealtitudenaencostasuleentreos0e50metrosnaencostanorte.Estasérieestáassociadaasolospoucoprofundoseapresentaumaelevadaexposiçãoaosventoshúmidosnaencostanorte.Aflorestaautóctone,Laurissilva,éumecossistemadeextremaimportânciaedeelevadararidade,queocorreemduassériesdistintas:LaurissilvaMediterrânicadoBarbusanoquesedistribuiaproximadamenteentreos300e800metrosemsolospoucoprofundosemambasasencostaseaLaurissilvaTemperadadoTilqueseencontraemsolosmaisprofundosentre

Estedocumentoéoprimeiroresultadodesteprojetoparaosetordabiodiversidadeetemcomoprincipaisobjetivos:

1 )  Identificaravulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdeumconjuntoalargadodeespéciesendémicaseoutrasespéciescomimportânciaparaaregião;

2 )  Identificarlacunasnoconhecimentoeincentivarestudosemuniversidadeseoutrasinsti-tuiçõessobreavulnerabilidadedabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas;

3 ) Servirdebaseparaidentificaçãodemedidasdeadaptaçãoparaosetordabiodiversidade;

4 ) ServirdebaseparaadiscussãoalargadaquesepretenderealizarnoâmbitodoClima-Ma-deira,comaparticipaçãoativadediferentesagentessocioeconómicos,nomeadamentedosetoracadémico,daadministraçãopúblicaedosetorprivado.

Existemaindamuitosdesafiosnaprevisãoemonitorizaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáti-casnabiodiversidade.Énecessárioteremcontaquealgunsefeitospoderãotornar-seevidentesapenasalongoprazo.Alémdisso,osefeitosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasenabiodiversidadeassociadasãomuitocomplexos,sendonecessárioconsideraraflexibilidadefenotípicaegenotípicadasespécies,assuasrespostasaosefeitosdeváriosfatoresclimáticosemsimultâneo,assimcomoasinteraçõesentreasváriascomponentesdosecossistemaseosimpactosindiretosquedaíadvêm.

Aslimitaçõesdestedocumentodevem-seprincipalmentea:

1 )  Faltadedadosdebasesobreasespécies,asuabiologia,ecologiaourequisitosambientais;

2 ) Faltadedadosdebasesobreoefeitodasalteraçõesclimáticasnosecossistemas,habitatsouespécies;

3 ) Elevadacomplexidadedasrelaçõesentreasespécies,ascomunidadesecológicaseoclima;

4 )  Incertezadevidoàcomplexidade,variedadeeinteraçõesdosimpactosesperadosnosdiversoscomponentesdosecossistemas;

5 ) Inúmerassinergiasquepodemocorrerentreosefeitosdasalteraçõesclimáticaseosefeitosdeoutrasalteraçõesantropogénicas.

Emtermosestruturais,opresentedocumentoécompostoportrêsoutroscapítulos,alémdesteprimeirocapítulointrodutório.Nosegundocapítulosãoapresentadasasmetodologiasutilizadasparaaavaliaçãodavulnerabilidadedasespéciesemestudo.Noterceirocapítulosãosumarizadososresultadosobtidos.Noúltimocapítuloapresentam-seasprincipaisconclusõesdopresentetrabalho.

Arthropoda(69,09%)

Mollusca(14,68%)

Nematoda(0,07%)

Platyhelminthes(0,07%)

Chordata(1,06%)

Spermatophyta(10,30%)

Lichens(0,85%)

Fungi(2,54%)

Bryophyta(0,78%)

Pteridophyta(0,56%)

Page 9: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE18 19

1.3. Alterações climáticas e biodiversidade

Muitosestudosefetuadosemsistemasbiológicosrevelamjáimpactossignificativosdevidoàsalteraçõesclimáticas(Lovejoy&Hannah2005;Rosenzweig&Tubiello2007;EEAetal.2008;Stenseth2008)masasgrandesimplicaçõesnosecossistemasaindanãoforamcompletamentereconhecidas(EEA2009).Projeta-sequeasalteraçõesclimáticasvenhamaseramaiorameaçaparaabiodiversidadeduranteesteséculo(MEA2005).Porexemplo,umestudodosimpactosdasalteraçõesclimáticasnabiodiversidadeeuropeiamostrouque20a30%dasespéciesdefaunaeflorapoderãoextinguir-seduranteopróximoséculo;estareduçãodebiodiversidadeserámaisgravenospaísesmediterrânicosdevidoaoesperadoaumentodaaridez(Piper&Wilson2008).Asilhassãomaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticasdoqueasáreascontinentais(IPCC2007).Considerandooselevadosgrausdeendemismosassociadosàsilhasoceânicas,oisolamentodaspopulaçõesinsulares,easuavulnerabilidadeaoutrosfatoresdeameaçacomoaintroduçãodeespéciesexóticas,abiodiversidadeinsularéemgeralmuitovulnerávelàsaltera-çõesclimáticas(Cruzetal.2009;IPCC2014).

Osimpactosdasalteraçõesclimáticasnabiodiversidadedividem-seemdoistipos:

1 ) Alterações fenológicasdevidoaoadiantamentodaprimaveraedoverão.

2 ) Deslocaçãoemlatitudeealtitudedasespéciessensíveisàsalteraçõesdetemperatura,resultandoemextinções locais de populações,alterações na distribuiçãooudeclí-nios populacionais.

Aintensidadedosimpactosdasalteraçõesclimáticas,numdeterminadohabitatouespécie,dependedasuavulnerabilidade.Avulnerabilidadevariadeespécieparaespécieederegiãopararegiãoeconsistenograudesuscetibilidadeedeincapacidadedeumsistemalidarcomosefeitosadversosdasalteraçõesclimáticas(IPCC,2007).

os800e1450metrosnaencostasuleos300–1400metrosnaencostanorte.ALaurissilvaTemperadadoTiléasériedevegetaçãocomamaioráreaocupadaemambasasencostas.AvegetaçãodealtitudedoMaciçoMontanhosoCentraldivide-senassériesUrzaldeAltitudeeVegetaçãoRupícoladeAltitude.AprimeiraconsistenumbosquedeurzalarbóreopresenteemsolospoucoespessoseafloramentosrochososcompredominânciadeErica arborea queocupacotassuperioresa1400metros.AsériedeVegetaçãoRupícoladeAltitudeécaracterizadaporcomunidadespermanentesqueocorrememsubstratorochosoacotasacimade1560metrosdealtitude(SRA2014a).

Figura 2 – Séries de vegetação natural potencial da ilha da Madeira. Fonte: Capelo, 2004.

Page 10: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE20 21

Tabela 1 – Generalização dos fatores de sensibilidade às alterações climáticas e identificação das características que conferem às espécies, grupos de espécies ou habitats uma maior ou menor vulnerabilidade.

MAIS VULNERÁVEIS MENOS VULNERÁVEIS

Sensibilidadediretaàsalteraçõesclimáticas(característicasfisiológi-casefenológicas)

Nichosclimáticospequenos Nichosclimáticosamplos

Ectotérmicas Endotérmicas

Limitesuldadistribuiçãogeográficadaespécie

Limitenortedadistribuiçãogeográ-ficadaespécie

Incapacidadedeajustarciclodevidaàsalteraçõesclimáticas(ajustesfenológicos)

Capacidadedeajustarciclodevidaàsalteraçõesclimáticas(ajustesfenológicos)

Especializaçãoecológica

Associadasahabitatsvulneráveis aoclima

Associadosahabitatsresilientes

Dietaespecialista Dietageneralista

Dependênciadeoutrasespéciesparacriarhabitat,dispersão, polinização,etc.

Nãodependentedeoutrasespéciesparacriarhabitat,dispersão,polini-zação,etc.

Estratégiadereprodução K-estrategistas R-estrategistas

Movimentos/capacidadededispersão

Baixacapacidadededispersão Elevadacapacidadededispersão

Fatoresgenéticos Baixadiversidadegenética Elevadadiversidadegenética

Estadodaspopulações

Efetivopopulacionalreduzido Efetivopopulacionalelevado

Sujeitasaoutraspressõesantropogénicas

Nãosujeitasaoutraspressõesantropogénicas

Distribuiçãoreduzidaoufragmentada

Distribuiçãoabrangenteecontígua

EXPOSIÇÃO

ALTERAÇÕES E VARIABILIDADE CLIMÁTICA

OUTRAS PRESSÕES HUMANAS

SENSIBILIDADE

BIOLOGIA E ECOLOGIA DAS

ESPÉCIES

DISTRIBUIÇÃO E ESTADO DAS POPULAÇÕES

CAPACIDADE ADAPTATIVAIMPACTOS POTENCIAIS

VULNERABILIDADES

Figura 3 – Representação esquemática dos fatores que afetam a vulnerabilidade das espécies às alterações climáticas.

Avulnerabilidadeéoresultadodainteraçãodaexposiçãocomasensibilidadeàsalteraçõesclimáticas.Aexposiçãorefere-seàsalteraçõesclimáticasaquedeterminadaespécieouhabitatestãoexpostas(porexemplotemperaturaehumidade)(Figura3).Estefatorvariacomocenárioclimáticoeperíodoconsiderados.Nesteestudoconsideraram-sedoiscenários(A2eB2)etrêsperíodostemporais(iníciodoséculo–2010-2039;meadosdoséculo–2040-2069;finaisdoséculo–2070-2099),sendoocenárioA2paraofinaldoséculoocenárioparaoqualseesperamMaioresalteraçõesclimáticas.Asensibilidadeàsalteraçõesclimáticas refere-seàscaracterísticasdasespé-ciesqueastornammaisoumenosvulneráveiseincluemosfatoresidentificadosnaTabela1.

Page 11: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE22

Sensibilidade direta às alterações climáticas–relacionadoscomolimiardetolerânciadedeterminadaespécieouhabitatemrelaçãoavariáveisabióticas(porexemplotemperaturaehumidade).Deumaformageral,espéciesectotérmicassãomaisvulneráveis.Consideram-semaisvulneráveisasespéciesouhabitatsquesedistribuemporáreaspróximasdeumoumaislimitesdetolerânciaquepoderãoserultrapassadosnascondiçõesclimáticasfuturas.Destaforma,popula-çõesdasregiõeslimítrofesdaáreadistribuiçãodaespéciepoderãoestarnolimitedasuatolerânciaadeterminadosfatores(e.g.,temperaturaselevadasoustresshídrico),podendodesaparecer.

1 ) Especialização ecológica(habitats,dietasouinteraçõesinterespecíficas)–espéciescomrequerimentosecológicosmuitoespecíficos,comoporexemploasassociadasacharcostemporários,serãomuitovulneráveis.

2 ) Estratégias de reprodução–espéciescomciclosdevidamaiscurtos(r-estrategistas)podemapresentarumaMaiorcapacidadedeadaptaçãocomportamentalougenética.Todavia,tendematerumalongevidadecurta,oquepodeserumaameaçaemsituaçõesderápidasvariaçõesdoclimaduranteperíodoscríticoscomosejamareproduçãoourecrutamento.Porexemplo,condiçõesdesecapodemlevaraextinçõeslocaisdevidoàausênciadascondiçõesdereproduçãoporperíodosdetempoqueultrapassamacurtalongevidadedosindivíduosdestegrupo.Espéciescomumciclodevidalento(k-estrategis-tas)serãotendencialmentemaisvulneráveisaalteraçõesclimáticasgraduais(Chiba1998).Estasespéciesterãomenorcapacidadederecuperardealteraçõesalongoprazo,dadooseubaixopotencialreprodutorealtograudeespecialização.

3 ) Capacidade de dispersão–espéciescombaixacapacidadededispersãopodemficariso-ladaspornãoconseguiremdeslocar-separaáreascomcondiçõesbioclimáticasadequadas.

4 ) Fatores genéticos–espéciescombaixadiversidadegenéticaterãomenorcapacidadedeseadaptaremaalteraçõesdoclima.

5 ) Estado das populações (distribuição, efetivo populacional e vulnerabilidade a outras pressões antropogénicas)–espéciescomreduzidonúmerodeindivíduosoucompopulaçõesfragmentadasouisoladasserãomuitovulneráveisaalteraçõesclimáticas;espéciescompopulaçõesserãotambémmaisvulneráveisaalteraçõesclimáticas;fatoresdepressãocomoasobre-exploraçãoouacompetiçãocomespéciesexóticaspodematuardeformasinergísticacomasalteraçõesclimáticas.

1.4. Objetivo do relatório

AvaliaçãodavulnerabilidadedabiodiversidadeendémicaedeoutrasespéciescominteressedaregiãoautónomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticasatravésdeíndicesdevulnerabilidade.

Page 12: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 25

2. MetodologiaDemodoaavaliaravulnerabilidadedabiodiversidadedaregiãoautónomadaMadeiraàsaltera-çõesclimáticasseguiram-seasseguintesetapas:

2.1.Listarespécies-alvo;

2.2.Identificardadosexistentesedefinirametodologiaparaaavaliaçãodevulnerabilidade;

2.3.Avaliaravulnerabilidadedasespécies-alvo;

2.4.Avaliarconfiançanosresultadosobtidos.

Deseguidadescrevem-seosmétodosutilizadosparacadaumadessasetapas.

2.1. Listar espécies-alvo

Apósdiscussãocomarestanteequipadoprojeto(incluindoaequipadecoordenaçãoeasequipassectoriaisedeadaptação)ecomosrepresentantesdogovernoregionaloptou-seporincluirnopresenteestudonãoapenasespéciesendémicascomotambémoutrasespéciesrele-vantesparaasquaissejaimportanteestudaravulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticas.Assimoscritériosdefinidosparaaseleçãodeespécies-alvoforam:

1 ) Espéciesendémicas;

2 ) Espéciesinvasoras;

3 ) Espécieskey-stone,porexemplo,espéciescominteresseeconómico—pescas,turismo,etc.—ouinteressedeconservação,espéciesrepresentativasdedeterminadoshabitatsoumodosdevidaouespéciesindicadorasdosefeitosdasalteraçõesclimáticas.

Page 13: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE26 27

2.2. Identificar dados existentes e definir a metodologia para a avaliação de vulnerabilidade

Aavaliaçãodevulnerabilidadespodeserfeitacomrecursoadiferentesmetodologias(verTabela2). Paraopresenteprojeto,tendoemcontaosdadosdisponíveis,autilizaçãodeíndicesdevulne-rabilidade(Bagneetal.2011;Davisonetal.2012)seráaúnicametodologiaaplicávelaumvastonúmerodeespéciesecomresultadosfiáveis.

Tabela 2 – Metodologias utilizadas para a avaliação da vulnerabilidade da biodiversidade às alterações climáticas.

MÉTODO PRÓS CONTRAS

Modelaçãobioclimática

› Fáceisdeimplementar › Disponibilidadededados; › Apenasmedemimpactosdiretos › ApenasaplicávelàilhadaMadeira

Expert judgement › Aplicáveisquandohápoucosdadosdebase(aespéciesraras)

› Aplicávelatodooarquipélago

› Subjetivos; › Resultadospoucocomparáveis

Índicesdevulnerabilidade

› Integramimpactosdiretos,indiretosecapacidadeadaptativa; › Podemseratualizadosquandohouver+infodisponível; › Permitemavaliaçãodeincerteza › Aplicávelatodooarquipélago

› Necessário+tempo

Sãováriososíndicesdevulnerabilidadedisponíveis(Faber-Langendoenetal.2009;Bagneetal.2011;Bertzkyetal.2011;Comeretal.2012;Davisonetal.2012).Numaprimeirafase,analisaram--seosdiferentesíndicesemtermosde:

1 ) Aplicabilidadeaosdiferentesgruposdeespécies;

2 ) Atributos/característicasusadas;

3 ) Capacidadedeavaliarconfiançaefalhasnoconhecimento.

Noentanto,considerandoaimpossibilidade,paraamaioriadosgrupos,deavaliartodasasespéciesdeacordocomoscritériosdefinidos,foiefetuada,numasegundafase,aidentificaçãode10espécies-alvoporgrupodeacordocomosseguintescritérios:

1 )  Espéciescomestatutodeconservação;

2 ) Espéciesquerepresentemdiferenteshabitats/nichosecológicos/diferentesgrausdevulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticas;

3 ) Espéciesparaasquaisexistaalgumainformaçãosobreabiologiaeecologiadasmesmasquepermitaaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidade.

Assim,paraidentificarasespécies-alvodesteestudotendoemcontaoscritériosacimadescri-tos,seguiram-seosseguintespassos:

2.1.1.ListarespéciesendémicasterrestresutilizandoapublicaçãodeBorgesecolegas(2008);

2.1.2.Listaroutrasespéciesterrestrescomrelevânciacombaseemexpert judgement(verlistagemdecolaboradores);

2.1.3.ListarespéciesdepeixescomrelevânciaapartirdasestatísticasdapescadisponíveisnaDireçãoRegionaldeEstatísticadaMadeira(http://estatistica.gov-madeira.pt/).

2.1.4.Listarasespéciesdecetáceoscomestatutodeconservaçãoregionaleparaasquaisexistemdadossuficientesparaaatribuiçãodeumestatutodeameaça(Freitas2004).

2.1.5.Paraogrupodosinvertebradosmarinhos,foicompiladaumalistagemdeespéciesnão-indígenasporJoãoCanning-Clode.Devidoàpoucainformaçãoexistenteparaestegrupoalistacompiladarefleteaanálisededadosembrutoaindanãopublicada(Anexo1).

2.1.6.Estaslistasiniciaisforamenviadasaespecialistasdosdiferentesgruposdeespéciesdemodoaseremrevistasecompletadas(umavezqueseassumequeainformaçãodebasepodenãoestarcompleta).Avalidaçãodaslistasdosgruposterrestresfoirealizadaporapenasumperitoporgrupoàexcepçãodogrupodoslíquenes(trêsperitos)edosartrópodes(doisperitos).

2.1.7.Asespéciesforamclassificadasdeacordocomoscritériosdefinidoseosperitosselecio-naramalistafinaldeespécies-alvodesteestudo(Anexo1).

Page 14: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE28 29

2.3. Avaliar a vulnerabilidade das espécies-alvo 2.3.1. CCVI – vulnerabilidade de espécies terrestres

OCCVIbaseia-senaanálisede4gruposdefatoresprincipais:

1 )  Exposiçãodiretaàsalteraçõesclimáticas;

2 ) Exposiçãoindiretaàsalteraçõesclimáticas;

3 ) Sensibilidadeàsalteraçõesclimáticas;

4 ) Respostasdocumentadasoumodeladasàsalteraçõesclimáticas.

Relativamenteaoprimeirofator–Exposiçãoafatoresdiretos–oCCVIconsideraduasvariáveis:anomaliadatemperaturamédiaereduçãodoíndicedehumidadeHamonAET:PET(Hamon1961).

TodososcenáriosdeiníciosemeadosdoséculoparaaMadeiraapresentamalteraçõesdetemperaturaehumidaderelativamentebaixas,apenasseesperandoalteraçõesclimáticasmaisgravosasparaofinaldoséculo(Tabela4).

Tabela 4 – Fatores de exposição direta às alterações climáticas. Anomalia da temperatura e da humidade (Hamon AET:PET) nos cenários A2 e B2 para curto, médio e longo prazo. Dados climáticos produzidos no projeto CLIMAAT II.

ANOMALIA TEMPERATURA ANOMALIA ÍNDICE HUMIDADE

A22010-2039 <2.2ºC >-0.028

B22010-2039 <2.2ºC >-0.028

A22040-2069 <2.2ºC >-0.028

B22040-2069 <2.2ºC >-0.028

A22070-2099 2.2a2.4°C -0.074a-0.096

B22070-2099 <2.2ºC -0.051a-0.073

Considerandoosresultadosdaanáliserealizadaeadisponibilidadedeinformaçãoparaasdiferentesespéciesemestudo,optou-sepor:

1 ) Utilizar,oíndice“ClimateChangeVulnerabilityIndex”(CCVI)desenvolvidopelaNatureServeatodososgruposdefaunaefloraterrestres(Faber-Langendoenetal.2009;Youngetal.2011);

2 ) Desenvolverumíndicedevulnerabilidadeaplicávelaoscetáceosapartirdo“FishStockVulnerabilityAssessment”desenvolvidopelaNOAAparaospeixes(Morrisonetal,in prep.)edoíndicedesensibilidadedecetáceos(Laidreetal.2008;Simmonds&Smith2009)theirhabitatrequirements,andevidenceforbiologicalanddemographicresponsestoclimatechange.Wethendescribeapan-Arcticquantitativeindexofspeciessensitivitytoclimatechangebasedonpopulationsize,geographicrange,habitatspecificity,dietdiversity,migra-tion,sitefidelity,sensitivitytochangesinseaice,sensitivitytochangesinthetrophicweb,andmaximumpopulationgrowthpotential(Rmax);

3 ) Paraasespéciesdepeixeseinvertebradosmarinhos,dadaafaltadeinformaçãodebaseeanecessidadedeadaptaroúnicoíndiceexistenteàsnecessidadesdesteprojeto,optou-seporfazerapenasumaavaliaçãoqualitativadosimpactospotenciais.

Aavaliaçãodavulnerabilidadeparaasespéciesterrestreseparaoscetáceos,foirealizadautilizandoaescaladaTabela3.

Tabela 3 – Escala de vulnerabilidade do projeto [CLIMA-Madeira].

2 Muito Positiva

1 Positiva

0 Neutra

-1 Negativa

-2 Muito Negativa

-3 Crítica

Apósaavaliaçãodosdiferentesgrupos,foiefetuadaumaanálisedavulnerabilidadedasespéciesendémicasenativasporhabitat(definidosdeacordocomCapelo2004),naqualseconsidera-ramapenasasespéciesdependentesdedeterminadohabitatduranteparteouatotalidadedoseuciclodevida.Avulnerabilidadedoshabitatsfoiavaliadaporperitosconsiderandoainfor-maçãodavulnerabilidadedasespéciesporhabitat,osresultadosdamodelaçãobioclimáticaefectuadanoestudoCLIMAATII(2006)eoconhecimentoactualsobreoshabitatsnaMadeira.

Page 15: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE30 31

al,in prep.).Nogeral,aadopçãodeumaavaliaçãoquantitativadavulnerabilidadeprende-secomanecessidadedepriorizarasespéciesmaisemenosvulneráveisnumatentativadeauxiliarnosesforçosdeconservaçãoegestãodeespéciesqueestãogeralmentecondicionadospelotempoerecursosdisponíveis.Autilizaçãodeíndicesdevulnerabilidadeparaasespéciesmarinhasaindaéumaabordagemrelativamenterecentecomparandocomaaplicaçãodestesmétodosnasespéciesterrestres.Pelacomplexidadedomeiomarinhoedasrelaçõesentreníveistróficosasmetodolo-giasdeavaliaçãodevulnerabilidadefocam-seemespécieseporvezesemhabitats.

Oíndicedevulnerabilidadeparacetáceosutilizadonesteprojectofoiadaptadodoíndice“Fishstockvulnerabilityassessment”desenvolvidopelaNOAAparaospeixes(Morrisonetal,in prep.)utilizandoosfatoresdesensibilidadereunidosnotrabalhodesenvolvidopor(Simmonds&Smith2009)paracetáceos.Comodescritoanteriormente(Figura1),avulnerabilidadeéconsideradacomooprodutodaexposiçãoedasensibilidadedasespéciesàsalteraçõesclimáticas.Relativamenteaosfactoresdeexposiçãoéaindadifícildeterminaroimpactodestesfactoresnasespéciesemestudo.Porumladomuitosdosfactoresactuamdeformaglobalnãosendoconhecidososimpactosanívellocal.Aavaliaçãodosfactoresdeexposiçãoémuitasvezesfeitacombasenaáreadedistribuiçãodasespé-cies,queparamuitasépoucoconhecida.Nestetrabalho,osfatoresclimáticos(ouseja,aexposição)nãoforamconsideradosdevidoàelevadamobilidadedasespéciesdestegrupoeàsuavastaáreadedistribuição.Naprática,asalteraçõesclimáticasaqueasespéciesestãosujeitassãosemelhan-tesparatodasasespéciesavaliadas,nãosendoporissoinformativoincluirfatoresquereflitamaexposiçãonoíndicedevulnerabilidade(i.e.,estefatorpodeserconsideradocomoumaconstante).

Combasenotrabalhodesenvolvidopor(Simmonds&Smith2009)foramselecionadossetefatoresdesensibilidade(Anexo4).Cadafatordesensibilidadetemtrêsrespostas(ouclasses)possíveisquevariamde1a3(SCORES),deumamenor(1)paraumamaior(3)contribuiçãoparaoaumentodavulnerabilidadedaespécie(Tabela5).Aaplicaçãodoíndiceconsistenaatribuiçãode5pontosparacadafator,sendoqueaformadedistribuiçãodesses5pontospelas3classesderespostarefleteograudeconfiançanaavaliação.

Tabela 5 – Representação da avaliação de vulnerabilidade aplicada ao grupo dos cetáceos.

FACTORES DE SENSIBILIDADE

RESPOSTAS CONCORDÂNCIA

SCORE 1 SCORE 2 SCORE 3

FACTOR 1

1 1 2 Baixa

3 2 Média

5 Alta

Relativamenteaosfatoresdeexposiçãoindireta,oCCVIconsideratrêsfatores:

1 ) Subidadonívelmédiodomar;

2 ) Alteraçõesrelativamenteabarreirasnaturais(ex.:montanhas,vales)eantropogénicas(ex.:zonasurbanas,estradas);

3 ) Alteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas.

Relativamenteaosfatoresdesensibilidade,oCCVIconsidera6fatores:

1 ) Capacidadededispersãoemovimentos;

2 ) Característicasgeológicasincomuns;

3 ) Fatoresgenéticos;

4 )  Interaçõesinterespecíficas(e.g.dieta,competição,simbioses,etc.);

5 ) Característicasfisiológicasefenológicasdasespécies(e.g.tolerânciatérmicaehidrológica;dependênciadeumregimededistúrbiosespecífico);

6 ) Extensão/distribuiçãodoshabitats.

Finalmente,oíndicepermiteaindaincluirinformaçãosobrerespostasdocumentadasàsaltera-çõesclimáticasobtidasapartirdesériestemporaisdedados,ourepostasmodeladas,obtidasapartirdemodelaçãobioclimática.

NoAnexo2,descrevem-seempormenorosfatoresutilizadosnoíndiceCCVIeapresenta-seumexemplodosresultadosobtidosparaumaespécieavaliada.

AaplicaçãodoíndiceCCVIfoifeitaemcolaboraçãocomespecialistasdosdiferentesgrupostaxonómicos,estandoestesindicadoscomoautoresnosresultadosdopresenterelatório.

2.3.2. Vulnerabilidade dos cetáceos

Deformageraloscetáceossãoumgrupoquesecaracterizapelasuaplasticidadefisiológicaecomportamental,conferindo-lhesumamaiorresiliênciaàsalteraçõesclimáticas.Noentanto,existeaindaumagrandefaltadeconhecimentosobreaspossíveisrespostasdoscetáceosàsalteraçõesclimáticasnomeadamentedevidoaodesconhecimentodospotenciaisimpactosindirectosnascadeiastróficasedecomooscetáceosrespondemaestasalterações.Nesteprojectofoinecessá-rioadoptarumametodologiaquantitativadeavaliaçãodavulnerabilidadequepermiteaatribuiçãodefactoresdesensibilidade,poisháumamaiorcertezanoquerespeitaaparâmetrosdeciclodevidaquandocomparadocomconjecturassobreascondiçõesclimáticasnofuturo(Morrisonet

Page 16: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE32 33

2.4. Avaliar a confiança associada aos resultados

ParatodososresultadosdevulnerabilidadeobtidosfoirealizadaumaavaliaçãodaconfiançautilizandoaescaladaTabela6.

Tabela 6 – Escala de confiança utilizada em todos os grupos terrestres e marinhos.

80-100% Muitoalta

60-80% Alta

40-60% Média

20-40% Baixa

0-20% Muitobaixa

2.4.1. Avaliação da confiança e falhas de conhecimento para as espécies terrestres

ParaaavaliaçãodaconfiançanosresultadosobtidoscomoCCVI,calculou-se,paracadaespécieecadacenárioemcadahorizontetemporal,apercentagemdefatoresparaosquaisarespostafoiUnknown.OresultadodaconfiançaparacadaespéciecorrespondeàpercentagemdosfatoresquecontêmUnknown.Paraavaliarasfalhasdeconhecimentoemrelaçãoacadagrupodeespécies,identificaram-seosfatoresqueapresentavamumMaiornúmeroderespostasUnknown.Atítulodeexemplo,noanexo3encontra-seaavaliaçãodeconfiançaefalhasdeconhecimentoparaumadasespéciesestudadas.

2.4.2. Avaliação da confiança e falhas de conhecimento para os cetáceos

SegundooIPCC,aconfiançadependedaconcordênciaedaevidência(IPCC,2007).Aconcordân-ciaéograudeconformidadeentreosresultadosobtidoscomdiferentesmétodosoudiferentesperitos.Aevidênciaégraucomqueosdados/observaçõessuportamoresultado.Ograudeconfiançaéobtidocomooprodutodeambososfactores(Figura4).

Aavaliaçãodaconfiançanosresultadosobtidoscomoíndicedevulnerabilidadedoscetáceos,foicalculadacombasenadistribuiçãodapontuaçãoatribuídaacadafatordesensibilidade(tra-duzindoaconcordância)eàqualidadedainformação(traduzindoaevidência).Aqualidadedainformaçãopermitiuaindaidentificarasfalhasnoconhecimentosobreosefeitosdasalteraçõesclimáticasnasespéciesavaliadas.

Ofator“qualidadedainformação”(Morrisonetal,in prep.)foiincluídonoíndicedeformaaavaliaraevidêncianaavaliaçãodavulnerabilidadedasespécies.Foicalculadoofator“Confiançatotal”combinandoaconcordâncianaavaliaçãoeaevidência.

Demodoaatribuirvaloresdevulnerabilidadeparacadafatoreparacadaespécie,foiefetuadaumarevisãobibliográficadeimpactosevulnerabilidadesdasespéciesdecetáceosàsalteraçõesclimáticas(Anexo5).

Osresultadosobtidosforamenviadosaespecialistasdogrupodoscetáceos(verautoresdocapítulo3.2.1Cetáceos)eposteriormentefoirealizadoumwebinarcomestesespecialistasdemodoaavaliarevalidaroíndicedesenvolvido,queincluiuumavalidaçãodosfatoresdesensibili-dadeutilizados,assimcomoavalidaçãodosresultadosobtidosparacadaespécie(veranexo5).

2.3.3. Vulnerabilidade de outros grupos de fauna marinha

2.3.3.1. Peixes

NoarquipélagodaMadeiranãoseencontramespéciesendémicasdepeixes.AMadeirapartilhaapenasumaespécieendémica(Gobius maderensis)comasCanáriaseoutracomosAçores(Paraconger macrops)(Wirtzetal.2008).Nesteestudo,considerou-sequeseriarelevanteincluiralgumasespéciesdepeixesdadaasuaimportânciaparaosetordaspescas.Asespécies-alvoselecionadasfazempartedoconjuntodeespéciesmaisdescarregadasemlotanaRAM.Desteconjuntodeespéciesapenasnãoforamavaliadasascategoriasqueincluemváriasespéciescomo“Atunsesimilares”e“Outros”.

Dadaafaltadedadosdebaseearesultanteimpossibilidadedeaplicarumíndicedevulnera-bilidadeàsalteraçõesclimáticasaestegrupo,optou-seporrealizarapenasumaanálisedastendênciasdepescasedasnovasobservaçõesparaoarquipélagodaMadeira.

2.3.3.2. Invertebrados marinhos

NoarquipélagodaMadeiraencontram-sepoucasespéciesendémicasdeinvertebradosmari-nhos.Noentanto,etendoemcontaquesetemobservadooaparecimentodeespéciesnãoindí-genasnoarquipélago,considerou-sequeseriarelevanteincluiralgumasdestasespéciesnesterelatório.Foicompiladaumalistade10espéciesnãoindígenasdeinvertebradosnaMadeiraporJoãoCanning-Clode(Anexo1).

Nesteestudonãofoipossívelaaplicaçãodeumíndicedevulnerabilidade,considerandoqueodesenvolvimentodemétodosquantitativosparaavaliaçãodavulnerabilidadedasespécieséumaabordagemrecente,nomeadamentenoquedizrespeitoaespéciesmarinhas.

Outradaslimitaçõesnaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidadeprende-secomanaturezadosdadosdisponíveisnaavaliaçãodosfatoresdevulnerabilidade,sendooconhecimentomuitolimitado,especialmentenoquerespeitaàsespéciesnãoindígenas.Assim,optou-seporfazerumaanálisequalitativacombasenainformaçãoexistenteparaestasespéciesnoarquipélagodaMadeira.

Page 17: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE34

MÉDIAConcordânciaAltaEvidênciaLimitada

ALTAConcordânciaAltaEvidênciaMédia

MUITO ALTAConcordânciaAltaEvidênciaRobusta

BAIXAConcordâncaMédiaEvidênciaLimitada

MÉDIAConcordânciaMédiaEvidênciaMédia

ALTAConcordânciaMédiaEvidênciaRobusta

MUITO BAIXAConcordânciaBaixaEvidênciaLimitada

BAIXAConcordânciaBaixaEvidênciaMédia

MÉDIAConcordânciaBaixaEvidênciaRobusta

CON

COR

NCI

A

EVIDÊNCIA

Figura 4 – Escala de confiança dos impactos potenciais com base na concordância e evidência (adaptado de Mastrandrea et al. 2010)

Page 18: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 37

3. ResultadosNesteestudoforamavaliados11gruposdefaunaefloraterrestreemarinha,numtotalde74espécies.

Asespéciesterrestresavaliadasforamagrupadasemespéciesendémicas,nativaseexóticas(Figura5).NocenárioA2paraofinaldoséculoamaioriadasespéciesendémicasforamavalia-dascomocríticas.Amaioriadasespéciesnativasnãoendémicasforamavaliadascomonegati-vasouneutras.Asespéciesexóticasnasuamaioriaapresentaramumavulnerabilidadepositivaàsalteraçõesclimáticas.

0

5

10

15

20

25

30

Crítica (-3) Muito negativa (-2)

Negativa (-1) Neutra (0) Positiva (1) Muito positiva (2)

Núm

ero

de e

spéc

ies

Escala de vulnerabilidade

Endémica

Exótica

Nativa

Figura 5 – Vulnerabilidade das espécies endémicas, nativas não endémicas, e exóticas no cenário A2 no final do século.

Page 19: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE38 39

3.1. Vulnerabilidade dos grupos de fauna e flora terrestres3.1.1. Líquenes

Autores:CristinaBranquinho,PaulaMatos,SaraRuaseFilipaVasconcelos

3.1.1.1. Espécies estudadas

Tabela 7 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Graphis scripta Comum Habitatscosteiros IlhadaMadeira

Pseudocyphellaria crocata

CianolíqueneLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Sphaerophorus globosus HabitatmontanhosoMaciçoMontanhosoCentral

IlhadaMadeira

Nephroma areolatum EndémicamuitoraraLaurissilvatemperadadoTil

IlhadaMadeira

Parmotrema reticulatum Comum FlorestasAbertas IlhadaMadeira

Fellhanera seroexspectata

Endémicamasocorreemlocaisperturbados

Laurissilva IlhadaMadeira

Sticta canariensis CianolíqueneLaurissilvatemperadadoTil

IlhadaMadeira

OconhecimentosobreoslíquenesdaMadeiraé,nogeral,muitopobre.Ainformaçãorelativaàsespéciesendémicaséaindamaisescassa,eapoucadisponívelnãopermiteresponderàsques-tõesimpostaspelosmodelos,jáquenãoexisteindicaçãodosrequisitosecológicosdasespécies(Tabela7).Destaforma,optou-seporseleccionarseteespéciesdelíquenesdoArquipélagodaMadeira,procurandoincluirespéciesrepresentativasdosváriostiposdehabitat,comdiferentesrequisitosecológicos,quecolonizamdiferentessubstratoseparaasquaisexisteinformaçãosuficientesobreasuaecologia.

Oslíquenessãoorganismosresultantesdeumasimbioseentreumparceirocapazdefotossin-tetizar(umaalgaverdee/ouumacianobactéria)eumfungo.Elesestãoentreosorganismosquemaisrápidorespondemàsalteraçõesambientais,incluíndooclima.Forampublicadosestudos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Crítica Muito negativa

Negativa Neutra Positiva Muito Positiva

Núm

ero

de e

spéc

ies

Escala de Vulnerabilidade

Maciço Montanhoso Central

Laurissilva

Matagal Marmulano

Zambujal Madeirense

Figura 6 – Vulnerabilidade dos habitats terrestres de acordo com as espécies que destes dependem no cenário A2 para o final do século.

Paracadaumdoshabitatsterrestres(definidosdeacordocomCapelo2004),foiavaliadaavul-nerabilidadedasespéciesendémicasenativasdependentesdessehabitatduranteumaparteounatotalidadedoseuciclodevida(Figura6).MetadedasespéciesdependentesdoZambujalMadeirenseemaisde40%dasespéciesdoMatagalMarmulanoapresentaramumavulnera-bilidadecrítica.Esteshabitatsconcentramomaiornúmerodeespéciesnasclasses“crítica”e“muitonegativa”enãoapresentamespéciescomvulnerabilidadeneutraoupositiva.OMaciçoMontanhosoCentralapresentaumavulnerabilidadenegativaparaamaioriadasespécieseaflorestaLaurissilvaumavulnerabilidadeneutra.AFlorestaLaurissilvaéohabitatcomomaiornúmerodeespéciesnaclassepositiva.

Page 20: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE40 41

3.1.1.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 8 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Graphis scripta NãoAvaliado(NE)

Pseudocyphellaria crocata NãoAvaliado(NE)

Sphaerophorus globosus NãoAvaliado(NE)

Nephroma areolatum NãoAvaliado(NE)

Parmotrema reticulatum NãoAvaliado(NE)

Fellhanera seroexspectata NãoAvaliado(NE)

Sticta canariensis NãoAvaliado(NE)

OestatutodeameaçadaUICNnãofoiavaliadoemnenhumadasespéciesconsideradasnesteestudo(Tabela8)devidoàfaltadeinformaçãosobreaecologiadasespécies,limitandoassimasuaavaliaçãoemtermosdeameaça.

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

quemostramumarespostadoslíquenesàsalteraçõesclimáticas,aoníveldascomunidades,emintervalosdetempotãopequenoscomo3a5anos.Foitambémpublicadoumtrabalhoquemostraalgunsdoscaracteresdoslíquenesquesãofundamentaisnaformacomorespondemàsalteraçõesclimáticas(Matosetal.2015).Oprimeirodestescaractereséotipodefotobiontepresentenoslíquenes:aalgaverdeclorococóiderepresentaumgrupomaisgeneralista,capazdeviverdeformageralnumespectromaisalargadodecondições;aalgaverdetrentepolióideétípicadeambientestropicaisequetenderáaaumentaremabundânciaenúmerodeespéciescasooclimasetropicalize(maishumidaderelativaetemperaturasmaisaltas);efinalmenteascianobactériasquerequeremnogeralcondiçõesmaistemperadas(temperaturasnãomuitoquentesnemmuitofrias)econdiçõeselevadasdehumidadedaatmosferaequetenderãoadecrescercasooclimasetornemaisárido.Damesmaformaotipodecrescimentoéumarespostaàquantidadedeáguanaatmosfera,eporessarazãoforamselecionadoslíquenesrepresentativosdastrêsprincipaisformasdecrescimento:crustosos,foliáceosefruticulosos.Estarespostaémensurável,nãopeloaparecimentooudesaparecimentodeumaespécieendémicacomestascaracterísticas,maspelasmudançasqueocorremnacomunidadecomoumtodo,naformacomoasuacomposiçãoeabundânciamuda.Destaforma,selecionaram-separaestetrabalhoespéciesquepossuemdiferentestiposdealgasediferentesformasdecresci-mento,quepossamserusadascomosinalizadoresdealteraçõesclimáticas.Nesteconjunto,háaindaespéciesextremamentesensíveisadiferentesperturbaçõesambientais,nomeadamenteamudançasdeusodosolo,eoutrasquesãomaistolerantes,porformaaqueestestiposdeperturbaçõessejamtambémcontempladasnocontextodasalteraçõesclimáticas.Noconjuntodasespéciesapresentadasduassãoendémicas,ambascompoucainformaçãoecológica.Apri-meiraespécieseleccionada(Nephroma areolatum)nãoapresentainformaçãosuficenteparaseravaliada,evidenciandoodesconhecimentosobreafloraexistente.Estaespéciepossuiumtipodealgaqueserápotencialmentemaisafectada,pordependerususalmentedecondiçõesele-vadasdehumidadeetemperaturasmaistemperatadas.Adicionalmente,porquetemumaáreadedistribuiçãomuitolimitadajáqueéconhecidaapenasnumlocal,poderáserpotencialmenteimpactadacasoousodesolonalocalidademudefuturamenteemrespostaàsalteraçõesclimá-ticas.Asegundaespécieendémica(Fellhanera seroexspectata)foiescolhidaporexistirumpoucomaisdeinformaçãoeporque,apesardeserconhecidaempoucaslocalidades,estápresenteemhabitatsgeralmenteperturbados,edestaformapoderásermaisresilienteàsperturbaçõesdeusodesolodecorrentesdosefeitosdasalteraçõesclimáticasnofuturo.

Page 21: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE42 43

0

1

2

3

4

5

6

7

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

erode

espécies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 7 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Paratodososcenárioseperíodostemporais,todasasespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Neutra[0]”,peloquenãoserãoimpactadasnegativamentepelasasalteraçõesclimáticas,comexcepçãodeapenasumaespécie(Sticta canariensis)queapresentaumavulne-rabilidadesuperiorencontrando-senacategoria“Muitonegativa[-2]”nocenárioA2paralongoprazo.AespécieendémicaNephroma areolatumresultounumaevidênciainsuficienteemtodososcenários,peloquenãofoipossívelfazeraavaliaçãodasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasporfaltadeinformaçãosobreasuaecologia(Tabela9eFigura7).

Édesalientar,queparaaespécieGraphis scriptaseriaesperadoumaumentodasuadistribuiçãoatualnocenárioA2alongoprazoe,porconseguinte,umavulnerabilidade“Positiva(1)”nessecenário.Ajáquetemperaturaehumidaderelativaelevadasprevistasnestecenáriopodempotencialmentefavorecerodesenvolvimentodestaespécie.Porém,permanecenaclassedevulnerabilidade“Neutra(0)”emtodososcenários,mantendoassimasuapopulaçãoestávelcomaspotenciaisalteraçõesdoclima.

Emgeralnãoseesperamimpactosmuitonegativosnosdiversoscenários,ouseja,nãosãoesperadasextinçõesnasespéciesdelíquenesseleccionadas.Aocorrerextinções,estasseriamdeesperarapenascasodasespéciesendémicas,masnosdoisendemismosseleccionadosissonãoseverificou.Esteresultadodevulnerabilidade“Neutra(0)”paraogrupoemestudo,éconsequenciadafaltadeinformaçãoacercadaecologiadasespéciesquepermitaumacor-rectamodelaçãodarespostadasespéciesendémicasfaceaoscenáriosclimáticosprevistos.

3.1.1.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 9 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES–ALVO A2 e B2_2020 A2 e B2_2040 A2_2070 B2_2070

Graphis scripta Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Pseudocyphellaria crocata

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Sphaerophorus globosus

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Nephroma areolatum NA* NA* NA* NA*

Parmotrema reticulatum

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Fellhanera seroexspectata

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Sticta canariensis Neutra(0) Neutra(0) Muitonegativa(-2) Neutra(0)

NA* Não avaliada

Page 22: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE44 45

3.1.1.4. Fatores de vulnerabilidade

OsprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodaespécieSticta canariensiscomovulnerávelforam:

1 ) Barreirasnaturais;

2 ) Alteraçõesdosusosdossolosdevidoàsalteraçõesclimáticas;

3 ) Nichohistórico–tolerânciatérmica;

4 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica;

5 ) Dependênciadeumregimededistúrbios.

Estaespécienãoapresentaemteoriae,talcomo,agrandegeneralidadedoslíquenesbarreirasàsuadispersão.Noentantonecessitadeumconjuntodecondiçõesmuitorestritasparaoseuestabelecimentoedesenvolvimento.Estascondiçõesestãorelacionadascomohabitatepodemserconsideradasbarreirasnaturais.EstaespécieocorresobretudoemzonasdeLaurisilvamuitobemconservadaseantigas.Opotencialdesaparecimentodestehabitatdevidoàsalteraçõesclimáticaspoderálevaràausênciadecondiçõesmicroclimáticasadequadasàmanutençãodaespécie.

ComapotencialdeslocaçãodaáreadeLaurisilvaemaltitudeépossívelqueaespécieacompa-nheamudançageográficadehabitat,noentantoaestabilidadeelongevidadedaflorestapode-rãoserfatoresqueaumentamaincertezadasuapermanência.EstaespécieestádependentedascondiçõesmicroclimáticasedaestruturaflorestalqueosvalesondeocorreaLaurissilvadoTilproporcionam.Estaespécienãoseencontraespecificamentedependentedafloresta,jáqueéumaespéciequesedesenvolveemrochasepenhascosnasbermasdaslevadasenosolo,masnecessitadaestruturadaflorestaparamanterascondiçõesdehumidadeesombraessenciaisàsuasobrevivência.Seaflorestasedeslocaremaltitude,poderánãoacompanharessadeslo-cação,querporfaltadeexistênciadasvertentesondecresce,querporqueaestabilidadeelongevidadenaflorestadequedependepodenãoseratingidaacurtoprazo.

EstaespécieestáassociadaàLaurissilva,umhabitatondeaexistênciadeabundantevegetaçãoemuitaáguaatenuaoefeitodetemperaturasaltasedaaridez.Opotencialdesaparecimentodestehabitataumentaasuscetibilidadeàexistênciadetemperaturasmaisaltaseaumentaoriscodearidez.

Alteraçõesdousodosolodevidoàsalteraçõesclimáticaspodemreduzirohabitatdisponívelparaasespécies(comoexplicadoanteriormente).Podetambémaumentarapoluiçãoatmosfé-ricadevidoaoaumentodasemissõesdegasescomefeitodeestufa.

Adicionalmente,aelevadacapacidadededispersãodoslíquenesconfere-lhesacapacidadededeslocamentoecolonizaçãodenovoslocaiscomcondiçõesmicroclimáticasmaisfavoráveiscasoascondiçõesdoshabitatsaqueelesestãoconfinadossealterem.

NocasodoNephroma areolatum,ainsuficiênciadedadosimpediupreverasuadistribuiçãofutura.QuantoàFellhanera seroexspectata, avulnerabilidadeé“Neutra(0)”jáqueestaespécieestáassociadaalocaiscomalgumaperturbaçãoe,poressarazão,poderánãosertãoafectada.Asrestantesespéciesnãosãoendémicaseestãoligadasàocorrênciadeumdeterminadohabitat.Desdequeessehabitatpersistaconsiderandooscenáriosclimáticosfuturos,asespé-ciespoderãopotencialmenteexistir.Emteoria,oslíquenesnãopossuemnamaioriadoscasos,barreirasnaturaisàsuadispersão,jáqueosseusesporos(estruturaassociadaàreprodução do fungo)sãocapazesdeviajarmilharesdekmsnascorrentesdeardaatmosfera,podendodestaformaestabelecer-senoutroslocaisdesdequeascondiçõesencontradasestejamdeacordocomosseusrequisitosecológicos.Destaformaascondiçõesmicroclimáticasdoslocaissãoofactordeterminanteaoseuestabelecimentoedesenvolvimento.Deentreasespéciesseleccio-nadas,aSticta canariensiséprovavelmenteaespéciequeapresentarequisitosmaisespecíficoselimitadosdecondiçõesmicroclimáticas,ligadasànecessidadedeexistênciadeumaflorestamatura,comumaestruturajáestávelecapazdemanterascondiçõesmicroclimáticasdetempe-raturaehumidadenecessáriasaoseudesenvolvimento.Estaespécieéumlíquenequepodetercomofotobiontequerumacianobactériaquerumaalgaverde.NaMacaronésiaomorfotipoquedominaéoquecontémaalgaverde,provavelmenteporsermaiscapazdesuportarcondiçõesdehumidademaisbaixas.EstaespécieaparecenoutroslocaisdaEuropaeAméricadoNorte,associadaazonasdeescarpanabermaderibeirascomregimestorrenciaisebaixaaltitude,emzonashúmidas,emsombradaseabrigadasgeralmenteexpostasanorteouemsuperfíciesrochosasmaisoumenosverticaisemlocaiscomalgumainfluênciamarítima.Apesardenãoserumaespécieepífita(vivesobreoutrasplantas),estaespécienecessitadaestruturamaduradaflorestalaurissivadoTilparaterascondiçõesdeensombramentoehumidadenecessáriasaoseudesenvolvimento.Porestarazão,casoatemperaturaaumentemuitoeconsequentementeahumidaderelativadiminua,aespéciepoderásermuitonegativamenteafectada.

Oslíquenessãoorganismospoiquilohídricos,istoé,dependeminteiramentedaatmosferaparaatomadadeágua(funcionamdeformasimilaraumaesponja,seahumidadeestáhúmidaelesestãohúmidoseactivos,seaatmosferaseca,elessecamtambémeficaminactivosemestadodelatência).Porestarazão,sãoexcelentesindicadoresdasalteraçõesclimáticas.Alteraçõesnopadrãodedistribuiçãoeabundânciadassuascomunidadesemfunçãodealteraçõesdoclimatêm,destaforma,umpotencialenormeparaseremutilizadoscomoindicadoresdasalteraçõesclimáticasemcursonaregiãodaMadeira.Porestarazão,devemserpropostoscomoumgrupoaseguirparaavaliaroimpactodestasalteraçõesnaregião.PropomosqueasuadistribuiçãosejaseguidausandoummétodoEuropeuestandardizado,ométodoLichenDiversityValue(LDV)equeasuaamostragemsejafeitaemlocaisdetransiçãoentrehabitats,emparticularosqueenvolvemoshabitatsmaissuscetíveisàmudançaclimáticanaMadeira.EmparticularsugerimosaamostragemdaszonasdetransiçãodoshabitatsdealtitudeparaoshabitatsdominadosporLaurissilva.

Page 23: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE46 47

3.1.2. Briófitos

Autores:ManuelaSim-SimeFilipaVasconcelos

3.1.2.1. Espécies estudadas

Tabela 10 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Campylopus introflexus Exótica

Habitatsalterados/eutrofizadoscomoresul-tadodaacçãoantropo-génicahumanizados.

IlhadaMadeira

Andreaea flexuosa ssp. luisieri

EndémicaMadeiraMaciçoMontanhosocentral

IlhadaMadeira

Frullania sergiae EndémicaMadeira HabitatscosteirosDesertaGrandeePortoSanto

Riccia atlantica EndémicaMadeira HabitatscosteirosIlhadaMadeiraeDesertas

Heteroschyphus denticulatus

EndémicaMacaronésiaLaurissilvaMediterrânicadoBarbusanoestenden-do-seàlaurssilvadoTil

ArquipélagodaMadeira,AçoreseCanárias

Bryoxiphium madeirense EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Fissidens nobreganus EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Echinodium setigerum EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Isothecium montanum EndémicaMadeiraMaciçoMontanhosoCentral

IlhadaMadeira

Echinodium spinosum EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Emboraaespécienãodependadosdistúrbiosparaasuaexistência,adestruiçãodohabitat,nomeadamente,quedadeárvores,cheias,incêndiosflorestais,entreoutros,podemresultarnumfactorderiscoparaestaespécieeprovocarumareduçãosubstancialdasuapopulação.

3.1.1.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadadistribuiçãodasespécies.Aausênciaderesoluçãoespacialdadistribuiçãodasespéciesimpedeoconhecimentodoseunichoecológico.Alémdisso,nãoháinformaçãorelati-vamenteàsrespostasfisiológicas,àvariabilidadegenéticadasespécieseàsuacapacidadedeadaptaçãoàspotenciaisalteraçõesclimáticas.

Confiança= Alta.Paratodasasespéciesaconfiançafoialta,excetoparaumaespécie(Nephroma areolatum)ondeograudeconfiançafoimédio.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos33%.

Page 24: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE48 49

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

CR EN VU NT LC NE

Núm

ero

de e

spéc

ies

Estatuto de ameaça UICN

Figura 8 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN adaptado para pequenas ilhas (Sim-Sim et al., 2014). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

Ogrupodosbriófitosapresentaumelevadonúmerodeendemismos,sendoque,combasenoestatutodeameaçaUICNadaptadoapequenasilhas(Sim-Simetal.2014)foram,nasuamaioriaavaliadascomo“Vulnerável”(VU).Dasespéciesconsideradasnesteestudo,duasencontram-seclassificadascomo“EmPerigo”(EN),seisencontram-senacategoriade“Vulnerável”(VU),umaespéciecomo“QuaseAmeaçada”(NT)eoutracomo“PoucoPreocupante”(LC)(Tabela11eFigura8).

Deummodogeralosbriófitospossuemamplitudesecológicasrestritasebemdefinidas,resul-tadodeadaptaçõesaumdeterminadohabitataolongodeumprocessoevolutivodemilharesdeanos,mastambémumaelevadasensibilidadeàscondiçõesdomeio.Estaparticularidadealiadaàsuasimplicidadeestruturaleatividadecontínuatornaestegrupodeplantascomobonsbioindicadoresdascondiçõesecológicasquernadeteçãodaestabilidadedoshabitats,quernaavaliaçãodosefeitoscausadospelasalteraçõesclimáticasouaindadapoluiçãoatmosféricaeaquática.Osbriófitospodemassimserconsideradoscomoorganismos-chavedamonitori-zaçãodosecossistemas.Entreasprincipaisameaçasatuaisaestegrupopodemreferir-seas

ForamselecionadasdezespéciesdebriófitosdoArquipélagodaMadeira,sendoquedasespé-ciesendémicasselecionaram-senoverepresentativasdosváriostiposdehabitaterequisitosecológicos.Foiaindaselecionadaumaespécieexótica(Campylopus introflexus),espécieinvasoranaEuropa,sendorelevanteavaliarasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdevidoaopos-sívelaumentodasuaáreadedistribuiçãoepotenciaisinteraçõescomespéciesnativas(Tabela10).

3.1.2.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 11 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN adaptado para pequenas ilhas (Sim-Sim et al. 2014). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Campylopus introflexus PoucoPreocupante(LC)

Andreaea flexuosa ssp. luisieri Vulnerável(VU)

Frullania sergiae Vulnerável(VU)

Riccia atlantica Vulnerável(VU)

Heteroschyphus denticulatus QuaseAmeaçado(NT)

Bryoxiphium madeirense EmPerigo(EN)

Fissidens nobreganus EmPerigo(EN)

Echinodium setigerum Vulnerável(VU)

Isothecium montanum Vulnerável(VU)

Echinodium spinosum Vulnerável(VU)

Page 25: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE50 51

3.1.2.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 12 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Campylopus introflexus

Positiva(1) Positiva(1) Positiva(1) Positiva(1)

Andreaea flexuosa ssp. luisieri

Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)

Frullania sergiae Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Riccia atlantica Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Heteroschyphus denticulatus

Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Neutra(0)

Bryoxiphium madeirense

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Fissidens nobreganus Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Echinodium setigerum

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Isothecium montanum

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Echinodium spinosum

Neutra(0) Neutra(0) Crítica(-3) Negativa(-1)

alteraçõesdousodosolo,afragmentaçãoedegradaçãodoshabitats,asalteraçõesnoregimehídricoenaqualidadedaáguaedoardevidoprincipalmenteaatividadesantropogénicas,bemcomoosefeitoscausadospelasalteraçõesclimáticas.Osefeitosdofogoaliadosàgestãopoucoapropriadadosecossistemasnaturais,propiciamodesaparecimentodebiótoposimprescindí-veisparaalgumasespéciesdebriófitosefacilitamaintroduçãodeespéciesinvasoras.

Entreosprincipaisfatoresquecontribuíramparaaatribuiçãodoestatutodeameaçaaosbriófi-tosdaMadeira,destacam-seosdadosatualizadosacercadadistribuiçãoeecologia,bemcomoascaracterísticasdohabitat,estratégiadevidaecapacidadededispersãodafloradebriófitosdaMadeira.Dereferiraimportânciadacompilaçãodeumavastainformaçãofacilitadapelosdadosdeherbário,bemcomodeumacoleçãoquetemvindoaserconstruídaaolongodeváriasdécadas.

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,devidoporexemploaoaumentodafrequên-ciadosfogos,estesnãoforamaindadocumentados.

Page 26: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE52 53

Édesalientarqueapenasumaespécie(Campylopus introflexus)nãoseráimpactadanegativa-mentepelasalteraçõesesperadasdoclima,sendoqueemtodososcenáriospermaneceránaclassedevulnerabilidade“Positiva(1)”,podendoviraaumentarasuaáreadedistribuição.Seráumaespéciequeseiráadaptarbastantebemeatémesmobeneficiarcomoaumentodatempe-raturaereduçãodosníveisdehumidaderelativa.

3.1.2.4. Fatores de vulnerabilidade

Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodosbriófitoscomovulneráveisforam:

1 ) Barreirasnaturais;

2 ) Capacidadededispersão;

3 ) Dependênciadeoutrasespéciesparacriaçãodehabitat;

4 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica;

1 ) Barreirasantropogénicas.

AgeomorfologiaparticulardaIlhadaMadeirarepresentaumdosfatoreschavequepermiteacriaçãodebarreirasnaturaisàdispersãodasdiferentesespéciesdebriófitos.Apesardepartesignificativadestaflorapossuirmecanismosdedispersãoalongadistânciaaltamenteeficientes,talnãoseverificaemmuitosdosendemismos,osquaisdependemmuitodaestabilidadedohabitatedaestruturadoecossistemaondeseinserem(florestaLaurissilva),nomeadamenteasespéciesEchinodium setigerumestritamenteassociadoapequenoscursosdeágua,Echinodium spinosumfrequenteemtaludessombriosehúmidos(espéciereferidanoAnexoIIdaDirectivaHabitats)eFissidens nobreganusqueocorrepredominantementesobretroncosdeOcotea foetens.

Asalteraçõesdoregimehídrico,causadassobretudopelacaptaçãodeáguas,afragmentaçãoedesflorestaçãoporincêndiosouoaparecimentodeespéciesinvasoras,representamfatoresderiscoparaamanutençãoedesenvolvimentoequilibradodascomunidadesdebriófitoscomoBryoxiphium madeirenseeIsothecium montanum(Draperetal.in press).

Naszonascosteirasoaumentodapressãohumanaaliadoàsdiversasbarreirasdeorigemantropogénicasãoosfatoresquemaiscondicionamascomunidadesdebriófitos,emparticularoendemismoRiccia atlantica.Comasubidadonívelmédiodomar,estapressãopoderáviraseraindamaior.

3.1.2.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasefenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.Noentanto,dadosprovenientesdeobservaçãonocampopermitiramverificarqueascomuni-dadesdealgumasespéciesquandosedesenvolvempróximodolimitesuperiordedistribuição

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 9 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

ComosepodeverificarnaTabela12enaFigura9,noscenáriosA2eB2paracurtoemédioprazo,umaespécie(Campylopus introflexus)encontra-senaclasse“Positiva(1)”comumpotencialaumentodasuaáreadedistribuiçãoatual,trêsespécies(Andreaea flexuosa ssp. luisieri, Hete-roschyphus denticulatus e Echinodium spinosum)nacategoriadevulnerabilidade“Neutra(0)”easrestantesseisespécies(Frullania sergiae, Riccia atlantica, Bryoxiphium madeirense, Fissidens nobreganus, Echinodium setigerumeIsothecium montanum)comvulnerabilidade“Negativa(1)”.

NocenárioB2paralongoprazo,háumincrementodavulnerabilidadedestegrupo.Dasdezespéciesestudadas,umadelas(Campylopus introflexus)mantém-senaclassedevulnerabilidade“Positiva(1)”,outraespécie(Heteroschyphus denticulatus)irápermanecercomo“Neutra(0)”,duasespécies(Andreaea flexuosa ssp. luisierieEchinodium spinosum)passamàcategoriade“Negativa(-1)”easrestantesseisespécies(Frullania sergiae,Riccia atlantica,Bryoxiphium madeirense,Fissi-dens nobreganus,Echinodium setigerumeIsothecium montanum)aumentamasuavulnerabilidadepara“Muitonegativa(-2)”.

NocenárioA2paraomesmohorizontetemporal,verifica-seumaumentodavulnerabilidadenageneralidadedasespécies.AespécieCampylopus introflexuspermanecerácomo“Positiva(1)”,duasespécies(Andreaea flexuosa ssp. luisierieHeteroschyphus denticulatus)encontram-senaclasse“Nega-tiva(-1)”easseteespéciesseguintespassamaestarclassificadascomvulnerabilidade“Crítica(-3)”.

Page 27: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE54 55

3.1.3. Plantas vasculares

Autores:RobertoJardim,FilipaVasconceloseMariaJoãoCruz

3.1.3.1. Espécies estudadas

Tabela 13 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Aichryson dumosum Endémica Aichrysetum dumosi IlhadaMadeira

Chamaemeles coriacea Endémica ZambujalMadeirense ArquipélagodaMadeira

Convolvulus massonii EndémicaLaurissilvaMediterrânicadoBarbusano

IlhadaMadeiraeDesertas

Pittosporum coriaceum EndémicaLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Polystichum drepanum EndémicaLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeira

Sibthorpia peregrina EndémicaLaurissilvaTemperadadoTil

IlhadaMadeiraePortoSanto

Sorbus maderensis EndémicaMaciçoMontanhosoCentral

IlhadaMadeira

Armeria maderensis EndémicaMaciçoMontanhosoCentral

IlhadaMadeira

Saxifraga portosanctana EndémicaDavalliocanarien-sis-Saxifragetumportosanctanae

PortoSanto

Acacia mearnsii Exótica Laurissilva IlhadaMadeira

AfloradosarquipélagosdaMadeiraeSelvagens,segundoJardim&Sequeira2008FunchaleAngradoHero\u00edsmo.”,“title”:“Asplantasvasculares(PteridophytaeSpermatophytaéconstituídapor1204taxa(espéciesesubespécies)deplantasvasculares.Destes,154(aquecor-respondem136espéciese21subespécies)sãoendemismosdosarquipélagosdaMadeiraedas

latitudinal,desenvolvemfenologiasbastantedistintasquelhesfacilitatoleraremcondiçõesmaisacentuadasprincipalmentedetemperaturaedehumidadeambiental.

Confiança = Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoialtaexcetoparaumaespécie(Andreaea flexuosa ssp. luisieri)comconfiançamédia.Emmédia,onúmerodefatoressemres-postaparacadaespécierondouos33%.

Page 28: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE56 57

3.1.3.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 14 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVOESTATUTO DE AMEAÇA UICN*

DIRETIVA HABITATS REDE NATURA 2000

Aichryson dumosumCríticamenteemPerigo(CR)*

AnexoB-IIMoledos-MadalenadoMar

Chamaemeles coriacea Vulnerável(VU)*AnexoB-II(espécieprioritária)

Pináculo,PicoBranco-PortoSanto,IlhasDesertas

Convolvulus massonii Vulnerável(VU)*AnexoB-II(espécieprioritária)

FlorestaLaurissilva,IlhasDesertas

Polystichum drepanumCríticamenteemPerigo(CR)*

AnexoB-II(espécieprioritária)

FlorestaLaurissilva

Sibthorpia peregrina PoucoPreocupante(LC)* AnexoB-II FlorestaLaurissilva

Pittosporum coriaceumCríticamenteemPerigo(CR)*

AnexoB-II(espécieprioritária)

FlorestaLaurissilva

Sorbus maderensisCríticamenteemPerigo(CR)*

AnexoB-IIMaciçoMontanhosoCentral

Armeria maderensisVulnerável(VU)Jardim&Sequeira(2008)

_MaciçoMontanhosoCentral

Saxifraga portosanctana Vulnerável(VU)* AnexoB-IVPicoBranco-PortoSanto

Acacia mearnsii NãoAvaliado(NE)* _ _

Selvagens(12,8%),74sãoendemismosmacaronésicos(6,1%),480sãotaxanativos(39,9%),66sãonativosprováveis(5,5%),29sãointroduzidosprováveis(2,4%)e401sãotaxaintroduzidos(33,3%).

ParaoestudodasvulnerabilidadesfuturasforamselecionadasnoveespéciesendémicasdoarquipélagodaMadeiraeumaexóticainvasora(Acacia mearnsiiDeWild.)(Tabela13).Osende-mismosestudadossãorepresentativosouocorremnascincoprincipaissériesdevegetaçãodailhadaMadeira,sendoalgunscomunsàsrestantesilhasdoarquipélago,econstamdosanexosdaDiretivaHabitats(Costaetal.,2004;Jardimetal.,2006).Assim,dasériedozambujal(May-teno umbellatae-Oleo maderensis sigmetum)foramselecionadosChamaemeles coriacea,espéciearbustiva,endémicadasilhasdaMadeira,PortoSantoeDesertaGrande,pertencenteaumgéneroendémicodaMadeiraeainda Aichryson dumosum,espécieherbáceaendémicadailhadaMadeiraqueconstituiumhabitatrupícola(Aichrysetum dumosi)queocorrenestasérie.Dasériedalaurissilvamediterrânica(Semele androgynae-Apollonio barbujanae sigmetum)foiselecionadoalianaConvolvulus massonii,endemismodailhadaMadeiraedaDesertaGrande.Dasériedevegetaçãodalaurissilvatemperada(Clethro arboreae-Ocoteo foetentis sigmetum)foramselecio-nadas,aespéciearbóreaendémicadailhadaMadeira Pittosporum coriaceum,umpteridófitoendémicodailhadaMadeira,Polystichum drepanumeSibthorpia peregrina,espécieherbácea,endémicadailhadaMadeiraedoPortoSanto,quetambémécaracterísticadaslaurissilvasripícolas(Diplazio-caudati-Perseetum indicae eRhmno glandulosi-Sambucetum lanceolatae).Dasériedevegetaçãodourzaldealtitude(Polysticho falcinelli-Erico arboreae sigmetum)foiselecionadaaespéciearbustivaSorbus maderensis.Dasériedevegetaçãorupícoladealtitude(Amerio maderen-sis-Parafestuco albidae microgeosigmetum)foiselecionadaaespécieherbácea,endémicadailhadaMadeiraArmeria maderensis.FoiaindaselecionadoumendemismoherbáceoexclusivodailhadoPortoSanto,Saxifraga portosanctana,queconstituiumhabitatprópriodasfendasterrosasdospicosmaiselevados(Saxifragetum portosanctanae).FoiselecionadaumaespéciearbóreanativadaAustrália,naturalizadanailhadamadeiraequeapresentacaráterinvasor,dominandograndesáreasquepotencialmenteseriamocupadasporlaurissilvamediterrânicaelaurissilvatemperada.

Page 29: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE58 59

3.1.3.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 15 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Aichryson dumosum Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Chamaemeles coriacea

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Convolvulus massonii Neutra(0) Neutra(0) Muitonegativa(-2) Negativa(-1)

Polystichum drepanum

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Sibthorpia peregrina Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Pittosporum coriaceum

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Sorbus maderensis Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Armeria maderensis Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Saxifraga portosanctana

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Acacia mearnsii Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Positiva(1)

Figura 10 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

CR EN VU NT LC NE

Núm

ero

de e

spéc

ies

Estatuto de ameaça UICN

Dasnoveespéciesendémicasdeplantasvascularesestudadas,quatroapresentamumestatutodeameaça“CríticamenteemPerigo”(CR),outrasquatronacategoriade“Vulnerável”(VU)eape-nasumanãoseencontraameaçadasendoclassificadacomo“PoucoPreocupante”(LC)(Tabela14eFigura10).Asespéciesqueseencontramem“CríticamenteemPerigo”ocorremempoucaslocalidades,sendoaspopulaçõesmuitopequenas,emqueonúmerodeindivíduosadultosesti-madoéinferiora50,ounocasodeAichrson dumosumapesardonúmerodeindivíduosadultosestimadoserinferiora250,apresentaflutuaçõesanuaiseencontra-serestritaaumalocalidadedeapenas100m2.Asespéciesvulneráveis,apesardeocorrememmaislocalidades,aspopula-çõescontinuamaserpequenaseonúmeroestimadodeindivíduosadultoséinferiora1000.Asprincipaisameaçassãoacompetiçãocomespéciesinvasoras,incêndios,derrocadas,herbívoria,fragmentaçãodaspopulações,atividadesantrópicas.

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

Page 30: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE60 61

3.1.3.4. Fatores de vulnerabilidade

Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodasplantasvascularescomovulnerá-veisforam:

1 ) Barreirasnaturais;

2 ) Barreirasantropogénicas;

3 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica;

4 ) Capacidadededispersão;

5 ) Nichofisiológico–tolerânciatérmica.

Ainexistênciadeáreascomascondiçõesedafoclimáticasadequadasàsespéciesdeplantasvasculares,resultantesdasalteraçõesclimáticaséumadasprincipaisbarreirasnaturais.Asbarreirasantropogénicas,comoporexemploaáreadeconstruçãourbana,irãolimitaradispersãodasplantasqueatualmenteocupamposiçõesaltitudinaisinferioresequedestaformanãopoderãodispersarparanovasáreascomcondiçõesclimáticasfavoráveis.Muitasespéciesestudadasdependemdeumelevadograudehumidadeeoutrasdetemperaturasmaisbaixas(porexemplo,asespéciesdealtitude)equepeloscenáriosprevistosestascondiçõesserãoalteradasnãohavendoascondiçõesnecessáriasaoseudesenvolvimento.

3.1.3.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.

Confiança= Alta.Paratodasasespécies,aconfiançanosresultadoséalta.Paracadaespécie,onúmerodefatoressemrespostarondouos33%.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 11 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Apósanálise(Tabela15eFigura11),podeverificar-sequenocenárioA2eB2paracurtoemédioprazo,amaioriadasespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Negativa(-2)”,sendoqueapenasduasespécies(Convolvulus massoniieAcacia mearnsii)estãonacategoria“Neutra(0)”.

NocenárioB2paralongoprazo,oitoespéciesaumentamasuavulnerabilidadeparaacategoriade“Muitonegativa(-2)”eumaespécie(Convolvulus massonii)para “Negativa(-1)”.Somenteumaespécie(Acacia mearnsii)foiavaliadanaclassedevulnerabilidade“Positiva(1)”eapresenta,assim,umaumentodasuaresiliênciaàsalteraçõesclimáticas.

NocenárioA2paraomesmohorizontetemporal,verifica-seumincrementodavulnerabilidadedessasmesmasoitoespéciesficandoclassificadascomacategoria“Crítica(-3)”edaespécieConvolvulus massoniiquepassaa“Muitonegativa(-2)”.AespécieAcacia mearnsii mantémasuavulnerabilidadecomo“Positiva(1)”.

Page 31: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE62 63

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Leptaxis groviana groviana

Endémica

ZambujalMadeirense;MatagaldoMarmulanoeLaurissilvamediterrâ-nicodoBarbusano

IlhadaMadeira

Theba pisana Exótica Matagaldomarmulano ArquipélagodaMadeira

ForamselecionadasdezespéciesdemoluscosterrestresnoArquipélagodaMadeira,sendoqueforamselecionadasnoveespéciesendémicasrepresentativasdogrupodosmoluscosterrestres,acercadosquaisexisteinformaçãoatualizada.Foiaindaescolhidaumaespécieexótica(Theba pisana),sendorelevanteavaliarasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdevidoaopossívelaumentodasuaáreadedistribuiçãoeinteraçãocomespéciesnativas(Tabela16).

3.1.4.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 17 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Actinella nitidiuscula nitidiuscula PoucoPreocupante(LC)

Caseolus (Caseolus) calculus Vulnerável(VU)

Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus PoucoPreocupante(LC)

Discula (Discula) calcigena calcigena PoucoPreocupante(LC)

Discula polymorpha polymorpha PoucoPreocupante(LC)

Geomitra Turricula Vulnerável(VU)

Idiomela subplicata CríticamenteemPerigo(CR)

Leptaxis membranacea PoucoPreocupante(LC)

Leptaxis groviana groviana PoucoPreocupante(LC)

Theba pisana NãoAvaliado(NE)

3.1.4. Moluscos

Autores:CristinaAbreu,AndreiaSousaeFilipaVasconcelos

3.1.4.1. Espécies estudadas

Tabela 16 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Actinella nitidiuscula nitidiuscula

EndémicaMatagaldoMarmulanoeLaurissilvamediterrâ-nicadoBarbusano

IlhadaMadeira

Caseolus (Caseolus) calculus

EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas

PortoSanto

Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus

EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas

PortoSanto

Discula (Discula) calci-gena calcigena

EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas

PortoSanto

Discula polymorpha polymorpha

Endémica

Matagaldomarmulano.Nosolodebaixodepedraseassociadaaervaeherbáceas

IlhadaMadeiraeIlhasDesertas

Geomitra Turricula EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas

PortoSanto

Idiomela subplicata EndémicaMatostermomediter-rânicosprédesérticos

PortoSanto

Leptaxis membranacea EndémicaLaurissilvatemperadadoTil

IlhadaMadeira

Page 32: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE64 65

3.1.4.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 18 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Actinella nitidiuscula nitidiuscula

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Caseolus (Caseolus) calculus

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Caseolus (Helico-mela) punctulatus punctulatus

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Negativa(-1)

Discula (Discula) calcigena calcigena

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Discula polymorpha polymorpha

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Geomitra Turricula Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)

Idiomela subplicata Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)

Leptaxis membranacea

Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)

Leptaxis groviana groviana

Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)

Theba pisana Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

CR EN VU NT LC NE

Núm

ero

de e

spéc

ies

Estatuto de ameaça UICN

Figura 12 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

Ogrupodosmoluscosterrestresapresentaumelevadonúmerodeendemismos,sendoqueasuavulnerabilidadedeacordocomoestatutodeameaçadaUICN,foiavaliadanasuamaio-riacomo“PoucoPreocupante”(LC).Noentanto,duasespécies(Caseolus (Caseolus) calculuseGeomitra Turricula)estãoavaliadascomacategoriade“Vulnerável”(VU)eumaespécie(Idiomela subplicata)como“CríticamenteemPerigo”(CR)(Tabela17eFigura12).Osprincipaisfatoresquecontribuemparaavulnerabilidadedestasespéciessãofundamentalmenteapresençadealgunscompetidoresnomeadamenteaformigaargentina,carabídeosearanhas.Poroutroladoexisteofactodeestaspopulaçõesseremrelativamentepequenasecomumadistribuiçãomuitorestrita,limitadacadaumadelas,aumpequenoilhéudailhadoPortoSanto.

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

Page 33: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE66 67

3.1.4.4. Fatores de vulnerabilidade

Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodosmoluscosterrestrescomovulneráveisforam:

1 ) Barreirasnaturais;

2 ) Barreirasantropogénicas;

3 ) Capacidadededispersão

4 ) Subidadonívelmédiodomar;

5 ) Interaçõesbióticas(dependênciadehabitatsespecíficose/oudeinteracçõescom outrasespécies).

Avariaçãodetemperatura,aaltitudeecaracterísticastopográficassãovariáveisqueinfluen-ciamadispersãodosmoluscosterrestres(Barker2001).Deacordocom(Cameron1989)querelacionaramaescolhadohabitat,pelosmoluscosterrestresnoarquipélagodaMadeira,comaformaeotamanhodassuasconchas,bemcomocomatopografiadoshabitats,asubidadonívelmédiodaságuasdomarpoderáserresponsávelpelodesaparecimentodedeterminadoshabitats,oquepoderáconduziràperdadeespéciesouàmigraçãodeespéciesparaoutraszonasdeacordocomassuascapacidadesadaptativas.Noquedizrespeitoàinteraçãocomoutrasespécies,nomeadamenteplantas,nãoexistemdadosqueassociemumadeterminadaespéciedemoluscoterrestreaumaplantaespecífica,poisasobservaçõesnocamposugeremqueéapresençadevegetaçãoeomicroclimaexistenteenãoaespecificidadedavegetaçãoexistente(Barker2001),quemaiscondicionamadistribuiçãoodsmoluscosterrestres.

Adisponibilidadedeáguaéfundamentalparaosmoluscosterrestres,dependendoasuasobre-vivênciaemgrandepartedoseucomportamento,mastambémdasuahabilidadepararesistiràdesidratação(Barker2001).OsmoluscosterrestresquevivemnaszonastemperadashibernamcomfrequênciaduranteosmesesdeInverno(Barker2001).Aduraçãodestahibernaçãovariacomascondiçõesclimáticas.Apósahibernação,osmoluscosvoltamàactividadenormalereproduzem-se(Barker2001).Contudo,aexposiçãoatemperaturaselevadas,sobretudonasépocasdeverão,fazcomqueosmoluscossedefendam,domesmomodoqueofazemduranteasbaixastemperaturasdeinverno.Aexposiçãoatemperaturasmaisbaixasoumuitomaiselevadas,doqueosvalorestoleradospelosmoluscosterrestres,poderãoafectarasuasobre-vivêncianamedidaquepoderãocontribuirparaumamaiordesidrataçãoesimultânemanentecomprometerãoacapacidadereprodutiva,umavezquesegundoP.Gomotetal.(1990)(Barker2001,p.333)aespérmatogéseeovogéneseocorremprefencialmenteentre20a25°C.

Algumasespécies(e.g.,Caseolus (Caseolus) calculus;Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus;Discula (Discula) calcigena calcigena),sãoexclusivasdailhadoPortoSantoepossuembarreirasnaturaiscomoospicosevalesdestailha,quediretaouindiretamentelimitamasuadistribuição.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 13 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Apósanálisedosresultadosobtidos(Tabela18eFigura13),verifica-sequenocenárioA2eB2paracurtoemédioprazo,quatroespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Muitonega-tiva(-2)”(Geomitra Turricula,Idiomela subplicata, Leptaxis membranácea,Leptaxis groviana groviana)ecincoespéciescomo“Negativa(-1)”(Actinella nitidiuscula nitidiuscula,Caseolus (Caseolus) calculus,Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus,Discula (Discula) calcigena calcigena,Discula polymor-pha polymorpha).AespécieintroduzidaTheba pisanaapresentaumavulnerabilidade“Neutra(0)”.

NocenárioB2paralongoprazo,ogrupoapresentaumaumentodasuavulnerabilidade,duasespéciesencontram-senacategoria“Negativa(-1)”(Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus eTheba pisana),quatroespécies(Actinella nitidiuscula nitidiuscula,Caseolus (Caseolus) calculus,Discula (Discula) calcigena calcigena,Discula polymorpha polymorpha)como“Muitonegativa(-2)”eoutrasquatro(Geomitra Turricula,Idiomela subplicata,Leptaxis membranácea,Leptaxis groviana groviana)estãoclassificadascomo“Crítica(-3)”.

NocenárioA2paraomesmohorizontetemporal,todasasespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Crítica[-3]”exceptoaespécieintroduzidaTheba pisanaqueseencontranaclasse“Negativa(-1)”.

Page 34: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE68 69

3.1.5. Artrópodes

Autores:MárioBoieiroeFilipaVasconcelos

3.1.5.1. Espécies estudadas

Tabela 19 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Amara superans EndémicaMaciçoMontanhosoCentral

IlhadaMadeira

Hipparchia maderensis EndémicaSobretudoempradosdealtitude

IlhadaMadeira

Scarites abbreviatus EndémicaVárioshabitatsterrestres

ArquipélagodaMadeira

Linepithema humile ExóticaZonasabertasabaixaaltitudeeambienteshumanizados

ArquipélagodaMadeira

Ocypus olens Exótica Sobretudoemprados ArquipélagodaMadeira

Ommatoiulus moreletii ExóticaVárioshabitatsterrestres

ArquipélagodaMadeira

Aedes aegypti Exótica Habitatshumanizados IlhadaMadeira

Tapinoma madeirense NativaVárioshabitatsterrestres

ArquipélagodaMadeira

Deucalion oceanicum Endémica IlhéudeFora Selvagens

Gonepteryx maderensis EndémicaLaurissilvaeurzaldealtitude

IlhadaMadeira

ForamselecionadasdezespéciesdeartrópodesterrestresdoArquipélagodaMadeira,procu-randoabrangerdiferentesgrupostaxonómicoseincluirespéciesrepresentativasdosváriostiposdehabitat,comdiferentesrequisitosecológicoseestatutosdeameaça.Aseleçãodestasespéciesteveaindaemconsideraçãoorazoávelconhecimentosobreasuabiologia,distribuição

NaPontadeSãoLourençoasbarreirasnaturaissãofundamentalmenteosilhéus,ilhéuDesem-barcadouroseoilhéudoFarolquecondicionamamobilidadedosmoluscosterrestres.

Asbarreirasantropogénicasestãorelacionadasmaioritariamentecomopisoteioemzonasdeelevadaintensidadeturística,comoporexemplonaPontadeSãoLourenço.HátambémareferirofactodoPortoSantoserumailhahabitadaepercorridaporestradasemtodaasuaextensão,quecontribuemparaumafragmentaçãodehabitatsconsiderável,seatendermosàdimensãodailha.Poroutroladoaedificaçãonestailhaéconsiderável,inclusivamentenaszonaslitoraisemaispróximasdaszonasdunares.Alocalizaçãodacidadedividefundamentalmenteailhaemduaszonas,azonaesteeazonaleste,econstituiumabarreiraparaaexpansãodasespéciesdentrodailha.

Poroutroladoenodecursodeinvestigaçõesrecentes,estãoadecorreralgumasaçõesconcre-tasaoníveldocontrolodepragasnomeadamenteaformigaargentina.Estaaçãoérelevanteumavezquedeacordocomaavaliaçãodaformigaargentina(ver3.2.5Artrópodes)estaespécieirábeneficiarcomasalteraçõesclimáticas.

Estãoasertestadosabrigosdemadeira,PVCetelhasparaaproteçãodemoluscosterrestresemalgunsilhéusdoPortoSantoequevisamsobretudoprotegerestesanimaisdeataquesdeaves,nomeadamenteasgaivotas,mastambémproporcionarcondiçõesprivilegiadasrelativa-menteàscondiçõesclimáticas,sobretudoproporcionandoambientesmaishúmidos.

3.1.4.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,aprincipalfalhanoconhecimentoprende-secomfaltadeinformaçãorelativa-menteàspotenciaisalteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas.Porexemploautilizaçãodeáreasextensasporimplantaçãodepainéissolares(PontadeS.Lourenço)induzumaalteraçãonohabitatcujosimpactossãoindeterminados.TambémnaPontadeS.Lourençoexistemeólicasnumaáreaqueemboranãodemasiadoextensa,condicionamadistribuiçãodosmoluscosterrestres,sendoosseusimpactosindeterminados.

Confiança= Muito Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoimuitoaltaexcetoparaumaespécie(Discula (Discula) calcigena calcigena)comconfiançaalta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos17%.

Page 35: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE70 71

3.1.5.2. Vulnerabilidades atuais

Tabela 20 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Amara superans NãoAvaliado(NE)

Hipparchia maderensis PoucoPreocupante(LC)

Scarites abbreviatus NãoAvaliado(NE)

Linepithema humile NãoAvaliado(NE)

Ocypus olens NãoAvaliado(NE)

Ommatoiulus moreletii NãoAvaliado(NE)

Aedes aegypti NãoAvaliado(NE)

Tapinoma madeirense NãoAvaliado(NE)

Deucalion oceanicum NãoAvaliado(NE)

Gonepteryx maderensis EmPerigo(EN)

eabundância,bemcomoaexistênciadeinformaçãopublicadasobreestesaspetos.Dasespé-ciesescolhidascincosãoendémicas,umaénativaequatrosãointroduzidas(Tabela19).Entreasespéciesindígenas(i.e.,endemismosenativas)estãoincluídasespéciescomampladistribuiçãonoarquipélagoequesãorelativamentecomuns,bemcomoespéciesdedistribuiçãomuitorestrita.Noquedizrespeitoàsespéciesintroduzidas,duasdelassãoconsideradasinvasoras–odiplópodeO. moreletiieaformiga-argentinaL. humile (Silvaetal.2008).Enquantoodiplópodetempotencialimpactoporaçãocompetitivacomespéciesnativasherbívorasedetritívoras,osimpactosdaformiga-argentinasãoconsideravelmentemaisgravosos,envolvendoapredaçãodeoutrosinvertebradoseainterferêncianosprocessosnaturaisdapolinização,fitofagiaedispersãodesementes.Aformiga-argentinaéconhecidanaMadeiradesde1855,estandoasuaáreadedistribuiçãoestabilizada,emboraestaespécieaproveiteaperturbaçãohumananosecossistemasnaturaisparaseestabelecer(Wettereretal.2006).Nocasododiplópode,ainformaçãopublicadasobreasuadistribuiçãoémuitoescassa,masaespécieencontra-sejáamplamentedispersanoarquipélago,sendocomumemáreasondeaindanãofoioficialmenteassinalada(PortoSantoeDesertas)(Borgesetal.2008).

Page 36: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE72 73

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

3.1.5.3. Vulnerabilidades futuras

Tabela 21 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Amara superans Negativa(-1) Negativa(-1) Muitonegativa(-2) Negativa(-1)

Hipparchia maderensis

Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)

Scarites abbreviatus Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Linepithema humile Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Positiva(1)

Ocypus olens Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Ommatoiulus moreletii

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Aedes aegypti Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Neutra(0)

Tapinoma madeirense Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Neutra(0)

Deucalion oceanicum Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)

Gonepteryx maderensis

Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 14 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

Relativamenteàsvulnerabilidadesatuais,combasenoestatutodeameaçaUICN,dasespé-ciesconsideradasparaesteestudo,umaencontra-seclassificadacomo“EmPerigo”(EN)eoutracomo“PoucoPreocupante”(LC)(VanSwaayetal.2010;http://www.UICNredlist.org/).Asrestantesoitoespéciesforamclassificadasnacategoria“NãoAvaliada”(NE),umavezquequatrodelassãoespéciesintroduzidaseasrestantesaindanãoforamalvodeatribuiçãodeestatutodeameaça,emboraexistaalgumainformaçãosobreasuadistribuiçãoeabundância(Tabela20eFigura14).OcoleópterocerambicídeoD. oceanicum estáincluídonalistagemdascemespéciesmaisameaçadasdaMadeira(Martínetal.2008),enquantoocoleópterocarabídeoA. superans,apesardemuitoraro,nãotemqualquerestatutoatribuído.Asoutrasduasespécies(S. abbrevia-tuseT. madeirense)sãorelativamentecomuns.

OsartrópodesterrestressãoogrupodeorganismoscommaisespéciesemaiornúmerodeendemismosnoarquipélagodaMadeira(Borgesetal.2008;Boieiroetal.2013).Muitasdasespéciesdestegrupoencontram-semuitoameaçadaspeloimpactonegativodeespéciesinvasoras,nomeadamenteváriasespéciesdeplantasedeanimais,comocoelhosecabras,quelhestransformamohabitatou,nocasodevertebradospredadores(ratos,ratazanasegatos),queospredam(Silvaetal.2008).Tambémadestruiçãoefragmentaçãodohabitatcomportagravesimpactosnaspopulaçõesdasespéciesnativas,emboraainformaçãosobreestetemanoarquipélagodaMadeirasejaextremamenteescassa.MuitoemboraapenasseconheçaumcasodeextinçãodeartrópodesnaMadeira–aborboletaGrande-Branca-da-Madeira(Pieris wollas-toni)(Gardiner2003)–muitasespéciesendémicasnãosãoobservadasdesdeháváriasdécadas.

Page 37: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE74 75

passama“Negativa(-1)”,umaespécie(Amara superans)aumentaasuavulnerabilidadepara“Muitonegativa(-2)”e,porfim,umaoutraespécie(Deucalion oceanicum)atingeacategoriade“Crítica(-3)”.

ÉdesalientarqueaespécieDeucalion oceanicum apresentaumamaiorvulnerabilidadeàsaltera-çõesclimáticasrelativamenteàsrestantesespécies,eaolongodoscenáriosclimáticostemumaumentodasuavulnerabilidade,atingindoacategoriade“Crítica(-3)”.AprincipalrazãoparaestaclassificaçãoresultadofactodaprevisãodesubidadoníveldomarsetraduzirnumareduçãoconsideráveldaáreadehabitatdeD. oceanicum,espéciequeactualmenteapresentajáumareduzidaáreadedistribuição(Martínetal.2008).Estareduçãodaáreadedistribuiçãopoderácontribuirparaadiminuiçãodoefectivopopulacionaldestaespécieameaçada,tornando-amaissusceptívelaperturbaçõesecológicaseapossíveisefeitosgenéticosnegativos.TambémseprevêumaconsiderávelreduçãonaáreadedistribuiçãodohabitatdeAmara superans,umaespécieraradeescaravelhoconfinadaàszonasdemaioraltitudedailhadaMadeira.Asáreasondeestaespécieocorrepresentementetenderãoaserocupadasporumtipodehabitatdistinto,situaçãoquecontribuiráparaqueaáreadehabitatpotencialdisponívelsejaprogres-sivamentemenortendocomoconsequênciadirectaareduçãodoefectivopopulacionaldesteendemismoMadeirense.

Poroutrolado,duasespécies(Linepithema humile eAedes aegypti)poderão,noscenáriosparaofinaldoséculo,beneficiardasalteraçõesclimáticaseaumentarasuaáreadedistribuiçãoactual.AespécieLinepithema humileocorrepredominantementenasáreascosteiras,mastambémemáreasabertaslocalizadasemambientesamenos(Wettereretal.2006;Wetterer&Espadaler2010).Étambémfrequenteeabundanteemáreastransformadaspelaactividadehumana.Faceaoscenáriosdealteraçõesclimáticasqueprevêemaumentosdetemperaturaedaáreaocupadapeloshabitatscosteirosemesófilos,éesperadoqueaLinepithema humilevenhaaacompanharessasalteraçõesaumentandoasuaáreadedistribuiçãonoarquipélagodaMadeira.Poroutrolado,várioslocaishumanizadoslocalizadosemáreasonde,porconstrangimentosfisiológicos,aformiga-argentina estáhojeemdiaausente,serãoprevisivelmentenofuturocolonizadosporestaespécie.JánoquedizrespeitoaoAedes aegypti,asalteraçõesclimáticaspotenciarãoacriaçãodehabitatfavorávelàocorrênciadestaespécieemáreasondepresentementeelanãoocorre.Comotal,casonãosejamtomadasmedidasdecontrolopopulacionaldestemosquito,éexpectávelqueelepossaviraaumentarasuaáreadedistribuiçãoemfunçãodasaltera-çõesclimáticasprevistas.OaumentodaáreadedistribuiçãodeAedes aegypti poderáaindaserpotenciadodeformaindirecta,emvirtudedasalteraçõesclimáticaspoderemfavorecerahumanizaçãodecertosespaçosnaturaisemáreasdedistribuiçãopotencialdaespécie.Sabe-sequeoaumentodetemperaturafavoreceodesenvolvimentodosmosquitos,oaumentoastaxasdeoviposiçãoeadiminuiçãodostemposdegeração(Williamsetal.2014).Porém,avariaçãonosvaloresdepluviosidadefuturaeasuadistribuiçãonoarquipélagodaMadeira,serãofortescon-dicionantesaosucessodecolonizaçãodestaespécie.Importareferirque,apesardesepoderemfazerprevisõesgeneralizadassobreadistribuiçãofuturadasespécies,énecessáriacautelanainterpretaçãodosmodelosdealteraçõesclimáticas,umavezqueosresultadosdasinteracçõesdeváriasvariáveisnoambientenaturaledestascomasalteraçõesinduzidaspeloHomemsãoimpossíveisdeavaliarnestafase.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 15 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Verifica-se(Tabela21eFigura15)quenoscenáriosA2eB2paracurtoemédioprazo,amaioriadasespéciesfoiclassificadacomvulnerabilidade“Neutra(0)”àsalteraçõesclimáticas.Apenasduasespécies(Amara superanseDeucalion oceanicum)seencontramnacategoria“Negativa(-1)”.

NocenárioB2paralongoprazo,umadasespécies(Linepithema humile)apresentaumavulne-rabilidade“Positiva(1)”,cincoespécies (Scarites abbreviatus,Ocypus olens,Ommatoiulus moreletii,Tapinoma madeirense,Aedes aegypti)irãopermanecerclassificadascomvulnerabilidade“Neutra(0)”,trêsespécies(Amara superans,Hipparchia maderensise Gonepteryx maderensis)nacategoria“Negativa(-1)”eumaespécie(Deucalion oceanicum)passaa“Muitonegativa(-2)”.

NocenárioA2paralongoprazo,ocenáriodealteraçãoclimáticamaisgrave,verifica-seumagrandeheterogeneidadenaevoluçãodaclassificaçãodevulnerabilidadedasdiferentesespécies.Duasespécies(Linepithema humileeAedes aegypti)detêmumavulnerabilidade“Positiva(1)”,trêsespécies(Scarites abbreviatus,Ocypus olenseOmmatoiulus moreletii)mantêm-senaclasse“Neutra(0)”,outrastrêsespécies(Hipparchia maderensis,Tapinoma madeirense e Gonepteryx maderensis)

Page 38: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE76 77

3.1.5.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Osartrópodesterrestressão,deummodogeral,umgrupoaindainsuficientementeestudadonoarquipélagodaMadeira,tendoemconsideraçãoqueainformaçãobásicasobreabiologia,distribuição,abundânciaerequisitosecológicosdamaioriadasespécieséaindapoucoconhe-cida.Paraalémdisso,informaçãosobreafisiologia,fenologiaegenéticadasespécieséprati-camenteinexistente.Destemodo,odesconhecimentodasrespostasfisiológicas,fenológicaserelativamenteaosfatoresgenéticoseadaptaçãodasespéciesàspotenciaisalteraçõesclimáticasconstituiuumforteentraveparaoconhecimentodastendênciaspopulacionaisdasespéciesemfunçãodosdiferentescenáriosdealteraçõesnoclimadaMadeira.Comotal,aavaliaçãodasespéciesselecionadasvalorizousobretudooconhecimentodasuaassociaçãoaoshabitatsdoarquipélagoeaevoluçãoesperadaparaosmesmosemcenáriosdealteraçõesclimáticas.ImportadestacarqueatendênciapopulacionaldeG. maderensispoderáserdistintadaprevista,umavezqueestaespécieseencontraintimamenteassociadaàsuaplantahospedeira(Rhamnus glandulosa)e,nestafase,desconhece-sequalseráocomportamentodestaplantaemfunçãodasalteraçõesclimáticas.

Confiança= Alta.Paratodasasespéciesaconfiançafoialta,excetoparaumaespécie(Aedes aegypti)ondeograudeconfiançafoimédio.Paracadaespécieonúmerodefatoressemres-postarondouos38%.

3.1.5.4. Fatores de vulnerabilidade

Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodealgumasdasespéciesdeartrópo-desterrestrescomestatutodeconservaçãodesfavorávelforam:

1 ) Barreirasnaturais;

2 ) Nichofisiológico–tolerânciatérmicaehidrológica;

3 ) Dependênciadeoutrasespéciesparacriaçãodehabitat;

4 ) Dependênciastróficas(dieta);

5 ) Capacidadededispersão.

Napresenteanálisedatendênciapopulacionaldasespéciesdeartrópodesemfunçãodediferentescenáriosdealteraçõesclimáticas,houvenecessidade,emfunçãodainformaçãodis-ponível,deefetuaressaavaliaçãovalorizandooaspetodaassociaçãodasespéciesàstipologiasdehabitat.Nestecontexto,emfunçãodasalteraçõesclimáticas,duasdasespéciesendémicasverãooseuhabitatdrasticamentereduzido:1)aespécieAmara superansocorreempradosdealtitudeeprevê-sequeestesvenhamasersubstituídosporurzaldealtitudee2)aespécieDeucalion oceanicum queocorrenumilhéucomapenas0,08km2e18mdealtitude,ondeparteconsideráveldaáreaficarásubmersaseseverificaremasalteraçõesdoníveldomarprevistas.

Paraalémdestaslimitaçõesàdistribuiçãodasespécies,algumasespéciesexclusivasdeumtipodehabitatterãodeseconfrontarcomváriosobstáculosfísicosquelimitarãoacapacidadededispersãoecolonizaçãodeáreasmaisfavoráveis.Poroutrolado,sabendo-sequehaveráumaumentodatemperaturaeumareduçãodosvaloresdehumidade,asespéciescaracterísticasdosambientesflorestaisedealtitudeestarãopotencialmentemaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticas,seconsiderarmosqueasuaassociaçãoaestetipodehabitatspoderápotenciarqueosseuslimitesdetolerânciafisiológicasejamultrapassados.

Algumasdasespéciesavaliadas–G. maderensiseD. oceanicum–estabelecemumarelaçãodedependênciacomplantashospedeiras,quelhesservemdehabitatduranteparteconsideráveldociclodevida,eétambémnessasplantasqueestesinsetosfazemoviposiçãoesealimentamduranteafaselarvar(Martínetal.2008;Franquinhoetal.2009).NocasodoescaravelhoD. ocea-nicumédestacadaasuaassociaçãoàtambémameaçadaEuphorbia anachoreta, plantaexclusivadoIlhéudeForaeclassificadanoTop100(Martínetal.2008).JáaborboletaG. maderensis,aCleópatradaMadeira,estáassociadaàplantaRhamnus glandulosaqueépoucofrequentenaLaurissilva(Martínetal.2008;Franquinhoetal.2009).

Paraalgunsdosartrópodesterrestresanalisados,particularmenteoscoleópterosendémicos,asuabaixacapacidadededispersãopoderáconstituirumgraveconstrangimentoàcolonizaçãodehabitatsfavoráveiscriadosemresultadodasalteraçõesclimáticas.

Page 39: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE78 79

3.1.6.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 23 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Tarentola boettgeri bischoffi Vulnerável(VU)

Teira dugesii PoucoPreocupante(LC)

Hemidactylus mabouia PoucoPreocupante(LC)

Tarentola mauritanica PoucoPreocupante(LC)

0

1

2

3

4

CR EN VU NT LC NE

Núm

ero

de e

spéc

ies

Estatuto de ameaça UICN

Figura 16 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

Ogrupodosrépteisapresentaumbaixonúmerodeendemismos,sendoqueasuavulnerabi-lidadecombasenoestatutodeameaçaéavaliadanasuamaioriacomo“PoucoPreocupante”(LC).Apenasumadasespéciesavaliadasnesteestudoestáclassificadacomo“Vulnerável”(VU)pelaUICN(Tabela23eFigura16).Oprincipalfatorquecontribuiparaavulnerabilidadedaosga-das-Selvagens(Tarentola boettgeri bischoffi)éasualimitadaáreadedistribuição,dadooseuconfinamentoaoarquipélago.

3.1.6. Répteis

Autores:FilipaVasconceloseRuiRebelo

3.1.6.1. Espécies estudadas

Tabela 22 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Tarentola boettgeri bischoffi

EndémicaTodososhabitatsterrestres

Selvagens

Teira dugesii EndémicaTodososhabitatsterrestres

ArquipélagodaMadeira

Hemidactylus mabouia ExóticaZambujalMadeirenseeMatagaldoMarmulano

IlhadaMadeira

Tarentola mauritanica ExóticaZambujalMadeirenseeMatagaldoMarmulano

IlhadaMadeira

ForamselecionadasquatroespéciesderépteisdoArquipélagodaMadeira.DuasdelassãoasúnicasespéciesendémicaspresentesnoArquipélago(Tarentola boettgeri bischoffieTeira dugesii).Foramaindaescolhidasduasespéciesexóticas(Hemidactylus mabouia e Tarentola mauritanica)(Tabela22).Aprimeiraéinvasoraumpoucoportodoogloboe,dadooseupotencialdeinvasãoserbastanteelevado,podetornar-seproblemáticanaIlhadaMadeira.Asegundaespécieprovémdocontinentee,apesardeserexótica,apresentaumpotencialdeinvasãomenorqueaespécieanterior.Érelevanteavaliaravulnerabilidadedasduasespéciesàsalteraçõesclimáticasdevidoaospossíveisaumentosdasuaáreadedistribuiçãopotencialedasuainteraçãocomasespéciesnativas.

Page 40: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE80 81

0

1

2

3

4

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade Futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 17 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Comestaanálise(Tabela24eFigura17)constata-sequenoscenáriosA2eB2paracurtoemédioprazoenocenárioB2paralongoprazo,todasasespéciesforamclassificadascomvulne-rabilidade“Neutra(0)”expectoaespécieTarentola boettgeri bischoffiqueseencontranaclassedevulnerabilidade“Negativa(-1)”.

NocenárioA2paralongoprazo,asduasespéciesexóticasapresentamumavulnerabilidade“Positiva(1)”podendomesmoviraterumaumentoprováveldasuaáreaatualdedistribuiçãocomasalteraçõesclimáticas.Quantoàsespéciesnativas,umadelas(Teira dugesii)mantém-secomo“Neutra(0)”,enquantoqueseverificaumaumentodavulnerabilidadedaespécieatual-mentejáameaçada(Tarentola boettgeri bischoffi)paraaclasse“Crítica(-3)”.

Édesalientarqueapenasaosga-das-Selvagensseráimpactadanegativamentepelasalteraçõesclimáticas,vistoquenosdoiscenárioseaolongodostrêshorizontestemporais,estaespécieevidenciaumaumentodasuavulnerabilidade.Pelocontrário,asduasespéciesexóticas(Hemi-dactylus mabouiaeTarentola mauritanica)poderãobeneficiarcomoaumentodatemperaturaereduçãodahumidaderelativadoar,poisaguentamumagrandeamplitudetérmicaehidrológicanãosendoultrapassadosseuslimitesfisiológicos,assimcomo,tambémdetêmumagrandecapacidadededispersãoepoderdeinvasão,podendoviraaumentarasuaáreadedistribuiçãoatualecompetircomasrestantesespécies.

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

3.1.6.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 24 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Tarentola boettgeri bischoffi

Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Negativa(-1)

Teira dugesii Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Hemidactylus mabouia

Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Neutra(0)

Tarentola mauritanica Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Neutra(0)

Page 41: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE82 83

3.1.7. Aves

Autores:CátiaGouveiaeFilipaVasconcelos

3.1.7.1. Espécies estudadas

Tabela 25 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Pterodroma madeira EndémicaMaciçoMontanhosoCentral

Madeira(NID)*

Pterodroma deserta EndémicaVegetaçãorasteira(Bugio)

Desertas(NID)*

Buteo buteo hartertiSubespécieendémicadoarquipélago

Zonasflorestais,agrí-colas,clareiraseáreashumanizadas

Madeira(NID)*,PortoSantoeDesertas

Tyto alba schmitziSubespécieendémicadoarquipélago

Zonasflorestais,agrí-colas,clareiraseáreashumanizadas

Madeira(NID)*Desertas

Motacilla cinerea schmitzi

Subespécieendémicadoarquipélago

Diverso,desdequeasso-ciadaalinhasdeágua

Madeira(NID)*

Regulus madeirensis Endémica Laurissilva Madeira(NID)*

Fringilla coelebs madeirensis

SubespécieendémicadaMacaronésia

Laurissilva Madeira(NID)*

Carduelis cannabina guentheri

Subespécieendémicadoarquipélago

Vegetaçãorasteiraouáreasagrícolas

Madeira(NID)*,PortoSanto

Anthus berthelotii madeirensis

EspécieendémicadaMacaronésia

VegetaçãorasteiraMadeira(NID)*,PortoSanto(NID)*eDesertas(NID)*

Columba trocaz Endémica Laurissilva Madeira(NID)*

*(NID) – Nidifica

3.1.6.4. Fatores de vulnerabilidade

Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodaosga-das-Selvagenscomovulnerá-velforam:

1 ) Níveldomar;

2 ) Barreirasnaturais;

3 ) Dieta.

Aúnicaespéciederéptilclassificadacomovulnerávelàsalteraçõesclimáticasfoiaosga-das-Sel-vagens.Aespécieestádivididaemtrêspopulações,semcontactoentresidevidoàseparaçãoentreasváriasilhas,peloquearecolonizaçãodequalquerumadasilhasapósaextinçãolocalémuitoimprovável.Duasdestaspopulaçõesencontram-seisoladasemilhasmuitopequenasecompoucorelevo(IlhéudeForaeSelvagemPequena),peloquenestecasoosfactoresreferen-tesàsbarreirasnaturaisedasubidadoníveldomarsãofactoresquetornamestaespéciemaisvulnerável.

Finalmente,asosgassãoexclusivamenteinsectívoras,nãotendoamesmaplasticidadenadietademonstradapelalagartixa-da-Madeira(Teira dugesii).Sãoassimespéciesmaisvulneráveisaextensosperíodosdeseca,quandoadisponibilidadedeinsectospodediminuirmuito.

3.1.6.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas,nomeadamentenoquedizrespeitoàpossibilidadedeanteciparouadiarareproduçãoconsoanteatemperaturae/ouadisponibilidadedealimento.

Confiança= Muito Alta.Aconfiançafoimuitoaltaparaduasespécies,enquantoparaasduasrestantes(Teira dugesiieHemidactylus mabouia)aconfiançafoialta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos19%.

Page 42: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE84 85

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva (2)

Positiva (1) Neutra (0) Negativa (-1) Muito negativa (-2)

Critica (-3)

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 18 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

Ogrupodasavesapresentaumelevadonúmerodeendemismos,sendoqueasuavulne-rabilidade,deacordocomoestatutodeameaçadaUICN,foiavaliadanasuaMaioriacomo“PoucoPreocupante”(LC).Noentanto,umaespécie(Pterodroma deserta)estáclassificadacomo“Vulnerável”(VU)eoutraespécie(Pterodroma madeira)encontra-se“EmPerigo”(EN)(Tabela26eFigura18).Osprincipaisfatoresquecontribuemparaavulnerabilidadedasespéciessão,princi-palmente,oreduzidotamanhodassuaspopulaçõesearestriçãodoseuhabitatdenidificaçãoaumpequenolocalsendo,nocasodaFreira-do-Bugio(Pterodroma deserta),umilhéue,nocasodaFreira-da-Madeira(Pterodroma madeira),azonadomaciçomontanhosocentraldailhadaMadeira.Emambososcasos,oshabitatsdestasespéciessãosuscetíveisaoimpactohumano,noqualsedestacamaintroduçãodeespéciesinvasoraseeventosestocásticos.Importasalientarque,em2010,omaciçomontanhosocentralfoiamplamentedevastadoporviolentosincêndiosquedestruírampartedoseuhabitat.

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

Comumaelevadataxadeendemismos,aavifaunadoarquipélagodaMadeiraédeelevadaimportância.Paraesteestudo,foramselecionadasdezespéciesdeavesnidificantesnoarqui-pélago,sendoestasrepresentativasdosváriostiposdehabitaterequisitosecológicos.Nestegrupoconstamespéciesendémicasecominteresseemtermosdeconservação(Tabela25).

3.1.7.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 26 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Pterodroma madeira EmPerigo(EN)

Pterodroma deserta Vulnerável(VU)

Buteo buteo harterti PoucoPreocupante(LC)

Tyto alba schmitzi PoucoPreocupante(LC)

Motacilla cinerea schmitzi PoucoPreocupante(LC)

Regulus madeirensis PoucoPreocupante(LC)

Fringilla coelebs maderensis PoucoPreocupante(LC)

Carduelis cannabina guentheri PoucoPreocupante(LC)

Anthus berthelotii madeirensis PoucoPreocupante(LC)

Columba trocaz PoucoPreocupante(LC)

Page 43: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE86 87

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muito positiva (2)

Positiva (1) Neutra (0) Negativa (-1) Muito negativa (-2)

Critica (-3)

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 19 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Critica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Paratodososcenárioseperíodostemporais,todasasespéciesforamclassificadascomvulne-rabilidade“Neutra(0)”àsalteraçõesclimáticas.Apenasduasespécies,aFreira-da-MadeiraeaFreira-do-Bugioforamconsideradasvulneráveisparalongoprazo.AFreira-da-Madeira,encon-tra-senaclassedevulnerabilidade“Negativa(-1)”paraoscenáriosA2eB2easegundaespécieestácomo“Negativa(-1)somenteparaocenárioA2(Tabela27eFigura19).

Importarealçarque,deacordocomametodologiaadoptada[CLIMA-Madeira],asaves,devidoàsuacapacidadededispersãoedistribuiçãoaolongodoarquipélago,sãoclassificadascomVulnerabilidade“Neutra(0)”,nocasodasduasFreiras,devidoàelevadaespecificidadedoseuhabitatdenidificação,foramincluídasnumacategoriadevulnerabilidademenosfavorável.

3.1.7.4. Fatores de vulnerabilidade

Amaioriadasespéciesestudadasparecepoucovulnerávelàsalteraçõesclimáticas.Estesresul-tadosprendem-secomofactodeestegrupoterumaelevadacapacidadededispersãoecomofactodeasespéciesestudadasterem,regrageralpoucosrequisitosecológicosespecíficos,podendoutilizarumasériedehabitats.

3.1.7.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 27 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Critica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

Espécies-alvo A2 e B2_2020 A2 e B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Pterodroma madeira Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)

Pterodroma deserta Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Neutra(0)

Buteo buteo harterti Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Tyto alba schmitzi Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Motacilla cinerea schmitzi

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Regulus madeirensis Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Fringilla coelebs maderensis

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Carduelis cannabina guentheri

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Anthus berthelotii madeirensis

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Columba trocaz Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Page 44: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE88 89

3.1.8. Mamíferos

Autores:JorgePalmeirimeFilipaVasconcelos

3.1.8.1. Espécies estudadas

Tabela 28 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.

ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

Pipistrellus maderensis EndémicaTodososhabitatsterrestres

ArquipélagodaMadeira

Nyctalus leisleri verrucosus

Endémica Laurissilva IlhadaMadeira

Plecotus austriacus Nativa Laurissilva ArquipélagodaMadeira

ForamselecionadastrêsespéciesdemamíferosterrestresdoArquipélagodaMadeirasendoquetodaspertencemàordemChiroptera(morcegos).Duasdelassãoasúnicasespéciesendé-micaspresentesnoArquipélagodaMadeira(Pipistrellus maderensiseNyctalus leisleri verrucosus)eaoutraéumaespécienativa(Plecotus austriacus)presentenaIlhadaMadeirae,maisrecente-mente,localizadatambémnasIlhasDesertas(Cabraletal.2005)(Tabela28).Apesardafaltadeconhecimentodotamanhodapopulaçãodestaespécienativaedasuatendênciapopulacional,éumaespéciequedetémumaáreadeocupaçãoeextensãodeocorrênciamuitoreduzidas,fragmentaçãoelevadaeapresentaumdeclíniodaqualidadedohabitatbastanteacentuado(Cabraletal.2005).É,portanto,relevanteavaliarasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdevidoaoseupossívelaumentocomareduçãodoseuhabitate,consequentemente,dasuadistribuiçãoatual.

AFreira-da-MadeiraeaFreira-do-Bugiosãoasúnicasespéciesaapresentarumamaiorvulne-rabilidaderelativamenteàsalteraçõesclimáticas.OsprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodasduasFreirascomestatutovulnerávelforam:

1 ) Barreirasnaturais;

2 ) Alteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas;

3 ) Capacidadededispersão;

4 ) Sensíveladistúrbios(e.g.Incêndios);

5 ) Característicasgeológicasincomuns.

Comoreferidoanteriormente,ascolóniasdeFreira-da-Madeiraencontram-serestritasaumapequenaáreanaregiãodoMaciçoMontanhosoCentral,sendoque,peranteumcenárioclimáticofuturoondeascondiçõesdehabitat(incluídocaracterísticasgeológicasalteradas)possamserdife-rentesdasatuais,estaespéciepoderádeparar-secomalgumasbarreirasaoestabelecimentodassuascolónias.Ofatodepartedohabitatdestaespécietersidodestruídoporviolentosincêndiosem2010,ameaçandoaúnicacolóniadaespécie,poderáindiciarquefuturamente,etendoporbaseoaumentodoriscodeincêndioperantecenáriosclimáticosfuturos,estaespéciepossaenfrentarumfatordeameaçaacrescido.AdependênciadecondiçõesedafoclimáticasespecíficasdazonadoMaciçoMontanhosoCentralparaasuanidificação,poderáimplicarumareduçãonasuacapacidadededispersão,dadoofactodenãoexistirhabitatcomcondiçõessimilaresnoraiodeaçãodaespécie.

Relativamente,àFreira-doBugio,encontra-seexclusivamenteconfinadaàIlhadoBugionasIlhasDesertas,comotal,asbarreirasnaturaissãoumfactorquepotenciaamaiorvulnerabilidadedestaespéciedevidoaoisolamentogeográficoaqueamesmaestáexposta.Tambémsedeveatenderaofatodeestaserbastantesensívelaalteraçõesdosusosdosoloedeestardepen-dentedeumtipodevegetaçãoesubstratoespecificosparanidificar.

3.1.7.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomafaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasefenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.Importadestacarofatodametodologiaadoptadanãopermitircontemplaralgunsefeitosindirectosdasalteraçõesclimáticas,nomeadamenteaoníveldadisponibilidadedealimento,alteraçõesnascaracterísticasfísicasnascolóniasdenidificação(ex:vegetação),competiçãocomoutrasespécies,alteraçõesnafenologia,etc..Assimsendo,emboraosresultadosapontemparaumabaixavulnerabilidadeparaestegrupo,estaavaliaçãodeveráseraprofundadademodoaaferir,commaiorsegurançaosreaisimpactosdasalteraçãoesclimáticasnestegrupoanimal.

Confiança = Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoialta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos37%.

Page 45: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE90 91

Osprincipaisfatoresquecontribuemparaavulnerabilidadedestegrupo,sãooisolamentogeográficoaqueaspopulaçõesestãosujeitasnoArquipélagodaMadeira,tornando-asmaissensíveisadistúrbiosdeorigemnatural(e.g.tempestades)eaoutrotipodeameaças.Outrasameaçasassociadasaestasespéciesprendem-secomareduçãodassuasáreasdeocupação,usoexcessivodepesticidascausandoareduçãodadiversidadedepresaseacontaminaçãodosmorcegosporingestãodeinsetoscontaminados,perturbaçãodecolónias,alteraçãoedestrui-çãodehabitatsdealimentaçãoedeabrigos(e.g.,eliminaçãodeárvoresantigasdefolhosasbemdesenvolvidascomcavidadeserecuperaçãonãoplaneadadeedifícios)e,porúltimo,substitui-çãodailuminaçãopúblicacomlâmpadasdemercúrioqueatraemmaisinsetos,porlâmpadasdesódiomaiseficientesenergeticamente,reduzindoassimadisponibilidadedealimento(Cabraletal.2005).

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

3.1.8.3. Vulnerabilidades Futuras

Tabela 30 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS

ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070

Pipistrellus maderensis

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Nyctalus leisleri verrucosus

Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

Plecotus austriacus Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)

3.1.8.2. Vulnerabilidades Atuais

Tabela 29 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)

Pipistrellus maderensis EmPerigo(EN)

Nyctalus leisleri verrucosus CríticamenteemPerigo(CR)

Plecotus austriacus PoucoPreocupante(LC)

0

1

2

3

CR EN VU NT LC NE

Núm

ero

de e

spéc

ies

Estatuto de ameaça UICN

Figura 20 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

Ogrupodosmamíferosterrestresapresentaumbaixonúmerodeendemismos,sendoqueapenasforamavaliadastrêsespéciescujacategoriadeameaçaédistinta:umaespécie(Plecotus austriacus)encontra-secomo“PoucoPreocupante”(LC),outraespécie(Pipistrellus maderensis)estáclassificadacomo“EmPerigo”(EN),eporúltimo,aespécie(Nyctalus leisleri verrucosus)está“CríticamenteemPerigo”(CR)(Tabela29eFigura20).

Page 46: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE92 93

3.1.8.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamenteaosfatoresgenéticoseàadaptaçãodasespéciesàsalteraçõesclimáticas.

Confiança = Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoialta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos25%.

0

1

2

3

Muito positiva [2]

Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]

Critica [-3]

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

A2_B2_2020

A2_B2_2040

A2_2070

B2_2070

Figura 21 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Paratodososcenárioseperíodostemporais,todasasespéciesforamclassificadascomaclassedevulnerabilidade“Neutra(0)”(Tabela30eFigura21).

Estaanálisepareceindicarquenenhumadasespéciesselecionadasseráimpactadanegativaoupositivamentepelasalteraçõesclimáticas,vistoquenosdoiscenárioseaolongodostrêshori-zontestemporais,estima-sequenogeralseadaptembemequeaspopulaçõessemantenhamestáveisaumpossívelaumentodetemperaturaereduçãodahumidaderelativadoar.

3.1.8.4. Fatores de vulnerabilidade

Nenhumadasespéciesfoiconsideradacomovulnerável.Oúnicofatoridentificadocomopodendotornarestasespéciesvulneráveisfoi:

1 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica.

Emtodasasespéciesestefatorpronunciou-secomoumfatorderisco,evidenciandoumpossívelaumentodavulnerabilidadedestegrupo.Édebastanterelevância,atenderaofactodeahumidaderelativaserumfatorimportanteparaaconservaçãodosseushabitatse,também,emtermosdasuacadeiatróficaaoníveldadisponibilidadedealimentoedassuasinteraçõesbióticas.Comadiminuiçãodahumidaderelativaevistoquetodasasespéciessãoinsectivorasedependemdadisponibilidadedeinsectos,istopoderáresultarnumareduçãodorecursoali-mentar,deimpactosaoníveldossicronismoscomumapossívelalteraçãodospicosdealimentoedereprodução,levandoaumareduçãodoefectivopopulacional.

Page 47: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE94 95

3.2. Padrões de vulnerabilidade entre espécies, grupos e habitats terrestres

Figura 22 – Distribuição das espécies-alvo por habitat de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira].

MUITO POSITIVO (2)

POSITIVO (1)

NEUTRO (0)

NEGATIVO (-1)

MUITO NEGATIVO (-2)

CRÍTICO (-3)

Spha

erop

horusglob

osus

Andreaeaflexuo

saluisieri

Isothe

cium

mon

tanu

m

Sorbusm

aderen

sis

Armeriam

aderen

sis

Amarasupe

rans

Hippa

rchiamad

eren

sis

Gon

epteryxmad

eren

sis

Pterod

romamad

eira

Pseu

docyph

ellariacrocata

Fellhan

eraseroexspectata

Stictacan

ariensis

Heteroschyphu

sde

nticulatus

Bryoxiphium

mad

eirense

Fissiden

sno

bregan

us

Echino

dium

setigerum

Echino

dium

spino

sum

Convolvulusmassonii

Pittospo

rumcoriaceum

Polystichu

mdrepa

num

Sibtho

rpiaperegrina

Actin

ellanitidiusculanitidiuscula

Leptaxisgrovian

agroviana

Leptaxism

embran

acea

Fringillacoe

lebsm

adeirensis

Regu

lusmad

eirensis

Columba

trocaz

Nyctalusleisleriverrucosus

Plecotusaustriacus

Gon

epteryxmad

eren

sis

Actin

ellanitidiusculanitidiuscula

Leptaxisgrovian

agroviana

Disculapolym

orph

apo

lymorph

a

Cham

aemelescoriacea

Leptaxisgrovian

agroviana

Líqu

enes

Briófitas

Plan

tasvasculares

Artróp

odes

Aves

Líqu

enes

Briófitos

Plan

tasvasculares

Moluscos

Aves

Mam

íferos

Artróp

odes

Moluscos

Plan

tasvasculares

Moluscos

Maciço Montanhoso Central Floresta Laurissilva Floresta Laurissilva

Matagal Marmulano

Zam-bujal

ma dei-ren se

HABITATS HABITATS

-3

-2

-1

0

1

2

Esca

la d

e Vu

lner

abili

dade

A2(Longo)

B2(Longo)

A2eB2(CurtoeMédio)

Page 48: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE96 97

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Líquen

es

Briófito

s

Plantas

Vascu

lares

Moluscos

Artrópodes

Réptei

s Ave

s

Mamífe

ros

Perc

enta

gem

de

espé

cies

-alv

o (%

)

Grupos terrestres

Crítica

Muito negativa

Negativa

Neutra

Positiva

Figura 23 – Vulnerabilidade dos grupos terrestres no cenário A2 a longo prazo.

OsgruposqueapresentammaiornúmerodeespéciesvulneráveisnocenárioA2paralongoprazosãoosbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscosterrestres.Destes,80%dasespéciesdeplantasvascularesedemoluscosterrestrese70%dasespéciesdebriófitosforamclassifica-dasnaclasse“Crítica(-3)”(Figura23).

Osartrópodesapresentam30%dasespéciesavaliadascomvulnerabilidadenegativae30%comvulnerabilidadeneutra.Amaioriadasespéciesnosgruposdasaves,mamíferoselíquenes,apresentamumavulnerabilidadeneutra.

Ogrupodosrépteisapresenta50%dasespéciescomumavulnerabilidadepositivapodendoestegrupobeneficiardasalteraçõesclimáticas.Paraalémdestegrupo10%dosbriófitos,dasplantasvascularesedosmoluscose20%dosartópodestambémapresentamumavulnerabili-dadepositiva(Figura23).

Importareferirqueasespécies-alvoconsideradasnosdiferentesgruposforamselecionadassegundoumconjuntodecritérios(ver2.1Listarespécies-alvo)equeonúmerodeespéciesvariaconsoanteosgrupos.Assim,oconjuntodeespéciesselecionadasnãosãorepresentativasdosrespectivosgrupos,nãopodendoosresultadosserextrapoladoscomorepresentativosdetodaadiversidadedeespéciesdosrespectivosgruposnaMadeira.

NaanálisedavulnerabilidadedoshabitatsforamconsideradasapenasasespéciesquedurantetodooupartedoseuciclodevidadependemdeumoumaisdoshabitatsdailhadaMadeira(35espéciesdas74estudadasnesteprojecto).DadoqueparamuitasespéciesainformaçãosobreassériesdevegetaçãodeacordocomCapelo(2004)nãoéconhecida,oshabitatsconsideradosnestaanáliseforamoMaciçoMontanhosoCentral,aFlorestaLaurissilva,oMatagalMarmulanoeoZambujalMadeirense(Figura22).

Considerandoadistribuiçãodasespéciesnasdiferentesclassesdaescaladevulnerabilidadeemtodososcenários,aFlorestaLaurissilvaapresentaummaiornúmerodeespéciesnasclasses“Neutra(0)”.OMaciçoMontanhosoCentraleaFlorestaLaurissilvasãooshabitatsmelhorrepre-sentadosnaRAMeporissoapresentamummaioremaisdiversificadonúmerodeespéciesconsideradas.OMaciçoMontanhosoCentralapresentaummaiornúmerodeespéciesnaclassenegativa“Negativa(-1)”.OZambujalMadeirenseeoMatagalMarmulanoapresentamomaiornúmerodeespéciesnaclasse“Crítica”.

Considerandoqueavulnerabilidadedoshabitatsestádependentedonúmeroevulnerabilidadedasespéciesselecionadas,estaanáliseapresentalimitaçõesinerentesàescolhadasespéciesselecionadas,nãosendoporissorepresentativadavulnerabilidadedoshabitatsassim,proce-deu-setambémaumaanálisedosresultadosdamodelaçãobioclimáticarealizadanoestudoCLIMAATII(Cruzetal.2009).Esteestudoindicouqueasalteraçõesclimáticasirãopotenciarumadeslocaçãodoshabitatsemaltitude,resultadonumadiminuiçãodaáreadedistribuiçãodoMaciçoMontanhosoCentralqueseráprogressivamentesubstituídopelaflorestalaurissilva.Noentanto,aconfiançanestesresultadosébaixapoisexistemfundamentaislacunasnoconheci-mento,noquerespeita,porexemplo,àecofisiologiadasespécieseàincertezanasimulaçãodaprecipitaçãooculta.Poroutrolado,considerandoascaracterísticasactuaisdedistribuiçãodoshabitatseosdiferentesusosdoterritórionailhadaMadeira,aindaqueaflorestaLaurissilvapossadeslocar-seemaltitudeestadeslocaçãoiráestarcondicionadapelatopografiaesubs-tracto.OshabitatsMatagalMarmuladoeZambujalMadeirense,nãoforamalvodemodelaçãobioclimáticanoentantosãohabitatscondicionadospelafortepressãourbanaefragmentaçãodohabitat.

ConsiderandoainformaçãoacimadescritaoshabitatsdoMaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmuladoeZambujalMadeirenseforamavaliadoscomvulnerabilidadecríticanocenárioA2paralongoprazoeaFlorestaLaurissilvafoiavaliadacomvulnerabilidademuitonegativa(Anexo6).

Page 49: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE98 99

Figura 24 – Vulnerabilidade das espécies e grupos terrestres por cenário (A2 e B2) e por período temporal (curto, médio e longo prazo).

MUITO POSITIVO (2)

POSITIVO (1)

NEUTRO (0)

NEGATIVO (-1)

MUITO NEGATIVO (-2)

CRÍTICO (-3)

Graph

isscripta

Pseu

docyph

ellariacrocata

Spha

erop

horusglob

osus

Nep

hrom

aareo

latum

Parm

otremareticulatum

Fellhan

eraseroexspectata

Stictacan

ariensis

Campylopu

sintrofl

exus

Andreaeaflexuo

saluisieri

Frullaniasergiae

Ricciaatlâ

ntica

Heteroschyphu

sde

nticulatus

Bryoxiphium

mad

eirense

Fissiden

sno

bregan

us

Echino

dium

setigerum

Isothe

cium

mon

tanu

m

Echino

dium

spino

sum

Aichrysondu

mosum

Cham

aemelescoriacea

Convolvulusmassonii

Polystichu

mdrepa

num

Sibtho

rpiaperegrina

Pittospo

rumcoriaceum

Sorbusm

aderen

sis

Armeriam

aderen

sis

Saxifragapo

rtosan

ctan

a

Acaciam

earnsii

Actin

ellanitidiusculanitidiuscula

Caseolus(C

aseo

lus)calculus

Caseolus(H

elicom

ela)pun

ctulatuspun

ctulatus

Discula(D

iscula)calcigena

calcigena

Disculapolym

orph

apo

lymorph

a

Geo

mitraTurricula

Idiomelasubp

licata

Leptaxism

embran

acea

Leptaxisgrovian

agroviana

Theb

apisana

Amarasupe

rans

Hippa

rchiamad

eren

sis

Scarite

sab

breviatus

Line

pithem

ahu

mile

Ocypu

solen

s

Ommatoiulusm

oreletii

Aede

saegypti

Tapino

mamad

eirense

Deu

calionoceanicum

Gon

epteryxmad

eren

sis

Tarentolabo

ettgeribischoffi

Teiradu

gesii

Hem

idactylusmab

ouia

Tarentolamau

ritanica

Pterod

romamad

eira

Pterod

romade

serta

Buteo

buteo

harterti

Tytoalbaschm

itzi

Motacillacine

reaschm

itzi

Regu

lusmad

eirensis

Fringillacoe

lebsm

adeirensis

Cardue

liscan

nabina

gue

nthe

ri

Anthusberthelotiimad

eirensis

Columba

trocaz

Pipistrellusmad

eren

sis

Nyctalusleisleriverrucosus

Plecotusaustriacus

Líqu

enes

Briófitos

Plan

tasvasculares

Moluscos

Artróp

odes

Répteis

Aves

Mam

íferos

GRUPOS GRUPOS

-3

-2

-1

0

1

2

Esca

la d

e Vu

lner

abili

dade

A2(Longo)

B2(Longo)

A2eB2(CurtoeMédio)

Page 50: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE100 101

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Barreiras Naturais Nicho fisiológico – tolerância hidrológica

Nicho histórico – tolerância térmica

Barreiras antropogénicas

Capacidade de dispersão

Núm

ero

de g

rupo

s

Factor de sensibilidade

Figura 25 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade negativa dos grupos terrestres

Foramanalisadososprincipaisfatoresquecontribuiramparaumaelevadavulnerabilidadedasespécies,ondeseincluiramtodasasvulnerabilidadesavaliadascomo“Negativo(-1)”,”Muitonegativo(-2)”ou“Crítico(-3)”(Figura25).Ofatorquemaiscontribuíuparaaclassificaçãodeespé-ciescomovulneráveisfoiaexistênciadebarreirasnaturais.NumaáreacomooarquipélagodaMadeira,emqueamaioriadasespéciesseencontrarestringidaaáreasrelativamentepequenas,édeesperarqueasbarreirasnaturaissejamumfactordeterminanteporlimitaremacapacidadedasespéciesalteraremasuaáreadedistribuiçãoemrespostaàsalteraçõesclimáticas.Asbarrei-rasantropogénicasexistentestantonailhadaMadeiracomoemPortoSantoequeincluemzonasurbanas,estradas,zonasagrícolaseáreasdeflorestaexótica,tambémlimitamacapacidadedasespéciesseadaptaremàsnovascondiçõesclimáticas.Atolerânciahidrológicarelaciona-secomadependênciadasespéciesdeumregimedeprecipitaçãooudecondiçõesdehumidadelocaliza-dasquepodemviradiminuirouadesaparecercomasalteraçõesclimáticasquevãolevaraumareduçãosignificativadaprecipitaçãoedahumidaderelativaparatodaaáreadeestudo.

Atolerânciatérmicaéumfatordesensibilidadeimportanteparaasespéciesassociadasatempe-raturasfriasquepodemsofrerreduçõesnasuaáreadedistribuiçãoe/ouabundância.Acapaci-dadededispersãoemovimentoéumacaracterísticaintrínsecadasespécies,quesendoelevada,tornaasespéciesmaisresilientesàsalteraçõesnascondiçõesclimáticasaolongodotempo.

Avulnerabilidadedasespéciesdelíquenesé“Neutra(0)”acurto,médioelongoprazoemambososcenários,comexceçãodaespécieSticta canariensisquealongoprazonocenárioA2apre-sentaumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”(Figura24).

Avulnerabilidadedasespéciesdebriófitostambémiráaumentaramédioelongoprazo.Asespéciesqueacurtoemédioprazoapresentamumavulnerabilidade“Negativa(-1)”,alongoprazonocenárioB2passamaapresentarumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”enocenárioA2umavulnerabilidade“Crítica(-3)”.Paraasespéciescomumavulnerabilidadeneutraacurtoemédioprazo,alongoprazoapresentamumavulnerabilidadenegativa.AespécieEchinodium spinosumdesdeoinícioatéaofinaldoséculoatravessadoisníveisnaescaladevulnerabilidade,passandode“Neutra(0)”a“Crítica(-3)”.

Amaioriadasespéciesdeplantasvascularesapresentaumaumentodavulnerabilidadealongoprazoemambososcenários.AespécieexóticaAcacia mearnsiiéaúnicaquealongoprazopoderábeneficiardasalteraçõesclimáticas.Ogrupodosmoluscosterrestresapresentaomesmopadrãodeaumentodevulnerabilidadealongoprazo.

Ogrupodosartrópodesnãoapresentaumpadrãodevulnerabilidadenosdiferentescenárioseperíodostemporais,sendoquequatroespéciesaumentamasuavulnerabilidadepara“Negativa(-1)”,“Muitonegativa(-2)”ou“Crítica(-3)”.Noentanto,trêsespéciesdeartrópodesemambososcenárioseperíodostemporaisapresentamumavulnerabilidade“Neutra(0)”.AsespéciesLinepithema humileeAedes aegyptiirãobeneficiardasalteraçõesclimáticas,avaliadascomumavulnerabilidade“Positiva(1)”paraofinaldoséculo(Figura24).

Nogrupodosrépteis,aespécieTarentola boettgeri bischoffifoiavaliadacomumavulnerabilidade“Negativa(-1)”acurtoemédioprazoealongoprazonocenárioA2atingiuumavulnerabilidade“Crítica(-3)”.AsespéciesHemidactylus mabouiaeTarentola mauritanica,nofinaldoséculoparaocenárioA2apresentamumavulnerabilidade“Positiva(1)”.AespécieTeira dugesiiapresentaumavulnerabilidade“Neutra(0)”emambososcenárioseperíodostemporais.Àsemelhançadaespé-cieTeira dugesii,astrêsespéciesdemamíferosavaliadastambémapresentamumavulnerabili-dade“Neutra(0)”.Amaioriadasespéciesdeavesapresentaumavulnerabilidadeneutraalongoprazo,comexceçãodasespéciesPterodroma desertaePterodroma madeiraqueapresentamumavulnerabilidade“Negativa(-2)”alongoprazo.

Page 51: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE102 103

3.3. Vulnerabilidade dos grupos de fauna marinhos3.3.1. Cetáceos

Autores:AndreiaSousa,FilipeAlves,AnaDinis,MariaJoãoCruz,AndreiaPereiraeFranciscoMartinho

3.3.1.1. Espécies estudadas

Das25espéciesdecetáceosconfirmadasqueocorremnoarquipélagodaMadeira(Freitasetal.2012)foramselecionadasasespéciescomestatutodeconservaçãoregionaleparaasquaisexistemdadossuficientesparaaatribuiçãodeumestatutodeameaça(Freitas2004;Cabraletal.2005).AestalistafoiadicionadaaBaleiadeBrydedevidoaocadavezmaisfrequentereavista-mentosazonal(verão)daespécienaságuasdaMadeira(Tabela31–Listadeespécies).Asseisespéciesselecionadasnesteestudoconstituemmaisde80%dosavistamentosnoarquipélagodaMadeira.

Tabela 31 – Lista de espécies-alvo e respetivo estatuto global (UICN) e regional (Freitas 2004). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES-ALVOESTATUTO GLOBAL (UICN)

ESTATUTO REGIONAL (FREITAS 2004)

Physeter macrocephalus Vulnerável(VU) Vulnerável(VU)

Globicephala macrorhynchus Informaçãoinsuficiente(DD) PoucoPreocupante(LC)

Stenella frontalis Informaçãoinsuficiente(DD) PoucoPreocupante(LC)

Tursiops truncatus Poucopreocupante(LC) Poucopreocupante(LC)

Delphinus delphis Poucopreocupante(LC) Poucopreocupante(LC)

Balaenoptera brydei Informaçãoinsuficiente(DD) Nãoavaliada(NA)

Balaenoptera physalus EmPerigo(EN) EmPerigo(EN)

NaavaliaçãodevulnerabilidadedasespéciesforamconsideradasaspopulaçõesdoAtlânticonorte.Paraabaleia-pilototropical(Globicephala macrorhynchus)eogolfinhoroaz(Tursiops trun-catus)foirealizadaumasegundaanálisedevulnerabilidadeconsiderandoapenasaspopulaçõesassociadasàilhadaMadeira(i.e.,utilizandoindivíduosresidentese/ouimigrantestemporários),devidoàdisponibilidadedeinformaçãoparaestaspopulações.

Àsemelhançadosfatoresdesensibilidadequemaiscontribuemparaumaelevadavulnerabi-lidade,algunsdosmesmosfatorestambémcontribuemparaumamenorvulnerabilidadedasespécies(Figura26).Existemespéciesquepoderãobeneficiardaalteraçãodoregimehidroló-gicoedoaumentodatemperatura.Aelevadacapacidadededispersãotambémcontribuíparadiminuiçãodavulnerabilidadenamaioriadasespéciesmigratóriaspermitindoqueestasalteremasuaáreadedistribuição,adaptando-seàsalteraçõesdoclima.Asalteraçõesnoecossistemacomoresultadodeumregimededistúrbios(cheias,fogos,etc.)podemtambémbeneficiaralgumasespécies,sobretudoespéciesintroduzidas.

0

1

2

3

4

5

6

Capacidade de dispersão Nicho fisiológico - tolerância térmica

Nicho fisiológico - tolerância hidrológica

Regime de distúrbios

Núm

ero

de g

rupo

s

Factor de sensibilidade

Figura 26 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade positiva dos grupos terrestres.

Page 52: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE104 105

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.

3.3.1.3. Vulnerabilidades futuras

Naavaliaçãodasvulnerabilidadesdasespéciesàsalteraçõesclimáticasfoiaplicadooíndicedevulnerabilidadedesenvolvidoparaoscetáceoscombasenotrabalhode(Simmonds&Smith2009)e(Morrisonetal,in prep.).

Tabela 32 – Vulnerabilidade futura e confiança nos resultados de acordo com a escala do projeto [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira] [-3; 2]: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

ESPÉCIES-ALVO VULNERABILIDADE CONFIANÇA

Physeter macrocephalusCachalote

Muitonegativa(-2) Alta

Balaenoptera physalusBaleiacomum

Muitonegativa(-2) Alta

Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical(associadosàilha)

Negativa(-1) Alta

Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical

Negativa(-1) Alta

Balaenoptera brydeiBaleiadeBryde

Negativa(-1) Alta

Tursiops truncatusGolfinhoroaz(associadosàilha)

Negativa(-1) Alta

Tursiops truncatusGolfinhoroaz

Neutra(0) Alta

Delphinus delphisGolfinhocomum

Neutra(0) Alta

Stenella frontalisGolfinhopintado

Neutra(0) Alta

3.3.1.2. Vulnerabilidades atuais

0

1

2

3

4

5

CR EN VU NT LC DD NE

Núm

ero

de e

spéc

ies

Estatuto de ameaça do UICN

Global

Regional

Figura 27 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça global e regional UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

DeacordocomoestatutodoUICN,umadasespéciesestudadasé“Vulnerável”(VU)anívelglobaleregional,quatrodasespéciesestudadasencontram-senacategoriade“PoucoPreocu-pante”(LC)anívelregional,sendoquedestas,duassãoclassificadascom“InformaçãoInsufi-ciente”(DD)anívelglobal(Figura27).

Ocachalote(Physeter macrocephalus)éumaespécievulnerável,tendoemcontaquesofreuumareduçãodoseuefetivopopulacionalduranteoperíododabaleação,emváriasregiõesnomundo.EmPortugal,abaleaçãoindustrialteveinícionoséculoXIXeterminounoséculoXX,sendoquenoarquipélagodaMadeiraentre1940e1981cercade6000cachalotesforamcapturados.Emboraacaçaàbaleianãosejaatualmenteumaameaçaparaaespécie,areduçãodoseuefetivopopulacionalfazcomquesejaconsideradavulnerável.

Abaleia-pilototropical(Globicephala macrorhynchus),ogolfinhopintado(Stenella frontalis)eabaleiadeBryde(Balaenoptera brydei)nãopossueminformaçãosuficienteparaseravaliadaasuavulnerabilidadeatual.Ogolfinhoroaz(Tursiops truncatus)eogolfinhocomum(Delphinus delphis),sãoespéciescomumaamplaáreadedistribuiçãoeelevadaabundância,apresentandoumabaixavulnerabilidadeanívelglobal.Noentantopopulaçõeslocaispodemestarsujeitasaamea-çasespecíficas.Nogeral,paraasespéciesavaliadas,asprincipaisameaçasestãorelacionadascomatividadesantropogénicascomoacapturaacidentalemartesdepesca,asinteraçõescomolixonomareopotencialimpactodaobservaçãocomercialdecetáceosoudotráfegomarítimo.

Page 53: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE106 107

Otamanhodapopulaçãoéumdosprincipaisfatoresquecontribuiuparaavulnerabilidadedasespécies.Espéciescomelevadotamanhopopulacionalterãoumamaiorcapacidadeparaseadaptaremousereestabelecerememnovasáreas.Nogeral,comexceçãodogolfinhopintadoedogolfinhocomum,todasasespéciesapresentamumamaiorpontuaçãoatribuídaaomaisbaixotamanhopopulacional,definidonaclasse<100.000indivíduos(Anexo5).Dasespéciescomummenorefetivopopulacionalsalientam-seabaleiadebryde,abaleiacomumeasespé-ciesdebaleiapilotoegolfinhoroazassociadasàilha.

NaMadeira,abaleiadeBrydefoiavistadapelaprimeiravezem2003(Freitasetal.2012),edesdeentão,algunsindivíduostêmdemonstradoumaresidênciasazonalduranteoverão(Alvesetal.2009).ExistemváriasexplicaçõespossíveisparaestesavistamentosregularesnaMadeira.Umaumentodatemperaturapoderáalterarolimitenortededistribuiçãodediversasespéciesdepeixes,oquepoderálevaraumaumentodonúmerodebaleiasdeBrydeemáguasmadei-renses.Umaumentodoesforçodeobservação,ouamoratóriadecaçaquetemcontribuídoparaoaumentodaspopulaçõespodemtambémcontribuirparaoaumentodosavistamentos.Possivelmente,esteaumentodever-se-áàaçãoconjuntadestesváriosfatores.Omesmopoderáocorrercomogolfinhopintado,quetinhaumapresençasazonalnaságuasdaMadeiramasqueatualmentejáexistemindivíduosquepermanecemdurantetodooano.

Asespéciesdegolfinhoroazebaleia-pilotopertencem,anívelgenético,aumasuperpopulaçãodoAtlânticonorte(Quérouiletal.2007;Alvesetal.2013).Contudo,existemindivíduosassocia-dosàsilhascomdiferentespadrõesderesidência.Àpartedeumelevadonúmerodetranseun-tesqueocorremaolongodetodooano,foramaindaidentificadoscercade180indivíduosdegolfinhoroaz(Dinis2014)e140(IC95%)debaleia-piloto(Alvesetal.2014)comosendoresiden-tese/oumigrantes/visitantessazonaisnaságuasdosuldailhadaMadeira,commaiorregulari-dade.Assim,estaspopulaçõesassociadasàilhaserãomaissensíveisaalteraçõesnoclimapoisestãopotencialmentemaisdependentesdesteshabitats.

Asatividadeshumanasfoioutrodosfatoresdesensibilidadeconsideradosvistoqueopossívelaumentodestasatividadespoderáampliaroimpactodasalteraçõesclimáticas.Apontuaçãoatribuídaaestefatorrefletiuumcenárioemqueaintensidadedasatividadeshumanasseman-tinha,comtendênciaaaumentarnofuturo.AsprincipaisameaçashumanasparaaspopulaçõesdecetáceosnoarquipélagodaMadeirasãoasinteraçõescomaatividadecomercialdeobserva-çãodecetáceos,comasembarcaçõesderecreioecomotráfegomarítimo(Cunha2013;Freitasetal.2013;SRA2014b).AsinteraçõesdecetáceoscomartesdepescanaMadeirasãoreduzidasesãopoucososregistosdecapturasacidentais(Nicolauetal.2013).

Cunha,2013fezumaavaliaçãodotráfegomarítimonaMadeiraeidentificouumaáreaderisco,queincluíacostasuldailha,ondeapresençadecetáceosedeembarcaçõessesobrepõe,aumentandopotencialmenteoriscodecolisões.

AatividadedeobservaçãodecetáceosnaMadeirateveinícioàquaseduasdécadas,comumcrescimentoacentuadonaúltimadécada(Dinisetal.2004;Ferreira2007;Vera2012).Acurto

0

1

2

3

4

5

Muito positiva (2) Positiva (1) Neutra (0) Negativa (-1) Muito negativa (-2)

Critica (-3)

Núm

ero

de e

spéc

ies

Vulnerabilidade futura

Figura 28 – Vulnerabilidades futuras das espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).

Avulnerabilidadefuturadasespécieséumaponderaçãodapontuaçãoatribuídaacadafactoredaincertezaassociada(vermétodoseAnexo5).Ocachaloteeabaleiacomumapresentamumavulnerabilidademuitonegativasendoqueosprincipaisfactoresquecontribuemparaestaclassificaçãosãootamanhodapopulação,dieta,migraçõeseestatutodeameaça(Tabela32).Paraosíndivíduosassociadosàilhadebaleiapilotoegolfinhoroaz,ofactorquediferenciaoresultadodavulnerabilidadeéadistribuiçãogeográfica.Paraabaleiapilototropicaladietaéofactorquedistingueestaespécieecontribuiparaaclassificaçãodevulnerabilidadenegativa,enquantoqueparaabaleiadebrydeabaixavariabilidadegenéticaéumfactorquediferenciaestaespécie.Asespéciesdegolfinhoroaz,comumepintadoapresentamumavulnerabilidadeneutra,sendoasactividadeshumanasoúnicofactorqueapareceacontribuirparaaumentaraasuavulnerabilidade.

3.3.1.4. Fatores de vulnerabilidade futura

Osprincipaisfatoresquemaiscontribuíramparaaclassificaçãodasváriaspopulaçõesdecetá-ceoscomovulneráveisàsalteraçõesclimáticasnofuturo,foram:

1 ) Tamanhodapopulação

2 ) Atividadeshumanas

3 ) Dieta

Page 54: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE108 109

Asespéciesquerealizammigraçõesanuais,estãodependentestemporalouespacialmentedehabitatsespecíficostornando-asmaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticas.Paramuitasespé-cies,ospadrõesdemigraçãosãopoucoconhecidos.Porexemplo,paraocachalote,osmachosduranteoverãomigramparazonaspolaresenquantoqueasfêmeasmantêm-seemáguastropicaisesubtropicais.Noentanto,nosAçores,epossivelmentenaMadeira,háindivíduosqueestãopresentestodooano,existindoapossibilidadedealgunsnãorealizaremmovimentosmigratóriosatéàszonaspolares.Silvaetal.2013suportaahipóteselevantadaporClarke1956dequeosAçorespodemserumaáreadereproduçãoparaocachalote.

Oimpactodasatividadeshumanasnaspopulaçõesdecetáceoséofatorcommaiorincertezaemtodasasespéciesavaliadas.Nestetrabalho,tendoemcontaastendênciasobservadasnasúltimasdécadas,assumiu-sequeestasatividadesseirãomanterouaumentarnofuturo,noentanto,associou-seaestefatorumafortecomponentedeincerteza.

OestatutodeconservaçãoatribuídopeloInternationalUnionforconservationofNature(UICN)estádependenteemgrandepartedoconhecimentobiológicoexistenteparaasespécies.Nesteestudo,aincertezainerenteaosdadosdisponíveisparaavaliaçãodoestatutodeconservaçãofoirefletidanapontuaçãoatribuídaaestefator.

3.3.2. Peixes

Autores:AndreiaSousaeMariaJoãoCruz

3.3.2.1. Espécies estudadas

Asespécies-alvoselecionadasestãoentreasprincipaisespéciesdepescadodescarregadasnosportosdaregiãoeparaasquaisexistemdadosdepesodopescadoentre1976e2013(DREM2013).

OsetordaspescasnaMadeiraéinfluenciadopelascaracterísticasoceanográficasebiológicasdoecossistemamarinhodaregião.Destacam-seocaráteroligotróficodaáreaondenãoexistemafloramentospersistenteseaestreitaplataformainsularquelimitaapescaàcapturadeespé-ciesdemersais.EstascaracterísticasfazemcomqueapescacomercialnaMadeirasejadirigidaaespéciesmigratóriasedeprofundidade(SRA2014b).

Em2013foramdescarregadasemlota4172toneladasdepescadocorrespondentea10,9M€transacionados.Noentanto,acontribuiçãodosetordaspescasparaoPIBregionaléde0,8%(SRA2014b).Estefactodeve-seàscaracterísticasnaturaisacimamencionadasquemoldamaatividadepesqueiranaMadeira,sendonecessáriorecorreràimportaçãocomercialdeprodutosdapesca(SRA2014b).

prazo(entre2002e2008),foiobservadoumaumentodavelocidadedosdelfinídeoscompa-randoosperíodos“antes”e“duranteeapós”oencontrocomembarcações(Ferreira2007).Nesteperíodo,aatividadedeobservaçãodecetáceosnãoseencontravaregulamentadaeregia-seporumcódigodecondutavoluntáriopropostopeloMuseudaBaleia(Dinisetal.2004).Em2013,aAssembleiaLegislativaRegionaldaMadeiraaprovouumdecreto-lei(Nº15/2013/M)emqueregulamentaaobservaçãodecetáceosnoarquipélagodaMadeira.Nestesentidoseráimportantedarcontinuidadeàmonitorizaçãodasinteraçõesentreoscetáceoseasembarca-ções,acurtoelongoprazo,designadamenteapósaregulamentaçãodestaatividade.

Aspopulaçõesassociadasàilhadegolfinhoroazebaleiapilotoserãomaisvulneráveisàsativida-deshumanaspoisestãomaisconcentradasnaszonascosteiras.

Relativamenteaogolfinhocomumeaogolfinhopintado,estasespéciesserãomenosvulnerá-veisàsalteraçõesclimáticasdevidoàsuavastaáreadedistribuiçãoeaoseuelevadotamanhopopulacional.OgolfinhocomuméumaespéciequeocorrenaMadeiranoinvernoeprimavera,sendonestasépocasumadasespéciesmaisobservadasnaatividadecomercialdeobservaçãodecetáceos(Ferreira2007).

Adietaéoutrodosprincipaisfatoresquecontribuiparaavulnerabilidadedasespécies.Ocacha-loteeabaleia-pilototropicalalimentam-seessencialmentedelulaseoutroscefalópodes(Tayloretal.2008;Tayloretal.2011).Asrestantesespéciestêmumadietamaisgeneralistapodendoalimen-tar-sedediferentesespéciesdepeixe.Assim,espéciesquesealimentamdeumamaiorvariedadedepresas,sãopotencialmentemaisresilientesemenosvulneráveisàsalteraçõesclimáticas.

3.3.1.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,aconfiançaéumreflexodaconcordânciaedaevidênciarepresentadapela“qualidadedosdados”(vermétodos).Asprincipaisfalhasnoconhecimentosãoafaltadeinfor-maçãorelativamenteaotamanhopopulacionaldasespécies,àsmigraçõeseaoimpactodasatividadeshumanasnaspopulaçõesdecetáceos.

Asespéciesdegolfinhoroazebaleiapilotoassociadasàilhasãodasqueapresentamumamaiorconfiançanosresultadospoissãopopulaçõesquesedistribuemjuntoàcostasendoalvodostrabalhosdeinvestigaçãocientíficaeparaasquaisexistemaisinformaçãosobreasuaecologia.Ogolfinhoroazeogolfinhocomumsãoespéciescosmopolitas,comumelevadoefetivopopula-cionalsendodasespéciesmaisbemestudadasglobalmente(Perrinetal.2009).

OtamanhopopulacionaléumdosfatorescommaiorincertezanosresultadospoisparamuitaspopulaçõesnãoexistemestimativasparaoAtlânticosendoaavaliaçãofeitacombaseemestimativasparaoutrasáreas.

Nocasodocachaloteestaéumaespécieparaaqualexistemenosinformaçãoconcretasobreestimativaspopulacionaisnoatlânticonorte,ospadrõesdemigraçãoediferenciaçãogenéticadestocksàescalaregional(Cabraletal.2005).

Page 55: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE110 111

DasespéciesavaliadasopeixeespadapretoéaespéciemaisdescarregadanosportosdaMadeira,seguindo-seacavalaeochicharro(Figura29).Atualmentesabe-sequeosdadosdedescargasdopeixe-espada-pretoincluemtambémaespéciesimpátricaA. Intermedius(Biscoitoetal.2011).

cavala(19%)chicharro(18%)peixeespada-preto(62%)

Figura 29 – Percentagem de peso do pescado descarregado em lota para as espécies-alvo.

Opescadepeixeespadapretoéumaatividadeancestralqueseiniciouàmaisde200anosnaMadeirasendooprimeirolocaldomundoondeseexploroucomercialmenteumaespéciedeprofundidade(verhttp://goo.gl/L0UACw).Apescadopeixeespadapretoéfeitaatravésdautilizaçãodeumpalangrehorizontaldeprofundidade,sendoestaartedepescaconsideravel-menteseletiva(SRA2014b).OpeixeespadapretoéaespéciecomummaiorpesodepescadonaMadeira,comumcrescimentodesde1976até1998(Figura30).Apartirdestadataobser-va-seumdecréscimonapescadescarregadadevidoaumapossíveldiminuiçãodesterecursopesqueiro.Deformaagarantiraexploraçãosustentáveldopeixeespadapretoforamimplemen-tadosdoisplanosdeajustamentodeesforçodepescaparaestaespécie(SRA2012).SegundoorelatóriodaDGPIU(2008),areduçãonascapturasdepeixeespadapretoestavamaobrigaràprocuradebancosdepescacadavezmaislongínquos.AdiminuiçãodascapturasfoiatribuídaàsalteraçõesdatemperaturadaságuaseaofactodegrandepartedaspescariasserealizarentreOutubroeDezembro,coincidindocomoperíododadesova.

Ochicharroeacavalasãoespéciescapturadasatravésdapescadecerco,nafaixacosteiradaMadeira,sobretudonacostasul(SRA2014b).Desde1976,acavalamanteve-seentreas500eas1500toneladassendoqueapartirde2001eaté2013osvaloressesituamabaixodas500tone-ladas.Ochicharroteveumaumentogradualaté1986comumdecréscimoem1995,atingindoonúmeromínimodetoneladasdasérietemporal.Desdeestadataeaté2013onúmerodedescargasmanteve-sepróximodas500toneladastendovindoadiminuirnosúltimosanos.Foitambémdelineadoumplanodeajustamentodoesforçodepescadepequenospelágicoscomoobjetivodemanterumníveldecapturassustentável(SRA2008).

Tabela 33 – Lista de espécies-alvo deste estudo e respetivo critério de seleção.

ESPÉCIES(NOME CIENTÍFICO)

ESPÉCIES(NOME COMUM)

CRITÉRIO DE SELEÇÃO

Scomber colias CavalaInteresseeconómicoedadosdisponíveis(DREM)

Trachurus picturatus ChicharroInteresseeconómicoedadosdisponíveis(DREM)

Aphanopus carbo Peixe-espada-pretoInteresseeconómicoedadosdisponíveis(DREM)

Foramselecionadasespéciessegundoocritériodeinteresseeconómicoededadosdisponíveis,tendosidoseleccionadasastrêsespéciesmaiscapturadas(Tabela33).

3.3.2.2. Vulnerabilidades atuais: tendências pesca e novas observações

Tabela 34 – Lista de espécies-alvo deste estudo e respetivo estatuto global de ameaça (UICN). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.

ESPÉCIES (NOME CIENTÍFICO)

ESPÉCIES (NOME COMUM)

ESTATUTO GLOBAL (UICN)

Scomber colias Cavala PoucoPreocupante(LC)

Trachurus picturatus Chicharro NãoAvaliado(NE)

Aphanopus carbo Peixe-espada-preto NãoAvaliado(NE)

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,apresenta-secomoneutra.

DeacordocomoestatutodoUICN,acavala(Scomber colias)éclassificadacomopoucoPreocu-pante(LC)sendoqueochicharro(Trachurus picturatus)eopeixe-espada-preto(Aphanopus carbo)nãoforamavaliadospeloUICN(Tabela34)(verwww.iucnredlist.org).

Page 56: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE112 113

Tendoemcontaastendênciasobservadasnasúltimasdécadas,pareceestaraobservar-seumdecréscimodastrêsespéciesemestudo–Peixeespadapreto,CavalaeChicharro.Estedecrés-cimodeveráestarassociadoàsobrepesca,nãosendonoentantopossívelafirmarqueoutrosfatorescomoasalteraçõesclimáticasnãoestejamtambémenvolvidos.

Relativamenteaopeixeespadapreto,dadoqueoArquipélagodaMadeirarepresentaumdoslimitessuldasuadistribuição(verhttp://www.fishbase.org/summary/646),nãosepodedescartarahipótesede,comoaumentodatemperaturadomar,haverumareduçãodapopulação,oumesmooseudesaparecimento.Opeixe-espada-pretoéumaespéciequehabitaemmédiaprofundidadesentreos800eos1200m,sendoquedeacordocomIPCC(2007)asobserva-çõesdesde1961mostramqueoOceanotemestadoaabsorvermaisde80%datemperaturaadicionadaaosistemaclimáticoequeestastemaumentadoatéprofundidadesdepelomenos3000metros.TantoaCavalacomooChicharrosãoespéciesassociadasaáguasmaisquenteseportantomenosvulneráveisaoaumentodatemperaturadomar.Paraalémdosefeitosdiretosdoaumentodatemperatura,poderãoobservar-seefeitosindiretosaoníveldascadeiastróficasdifíceisdequantificar.

Resumindo,oimpactopotencialdasalteraçõesclimáticasnosetordaspescasédedifícilquan-tificação.Porumladopoderãosurgirnovasespécies,criandooportunidadesparaosetordaspescasnoarquipélago.Poroutrolado,poderãodesaparecertambémalgumasespécieseoutraspoderãosofreralteraçõesnasuaabundância.

3.3.2.4. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Paraestegrupo,foiefetuadaumaavaliaçãoqualitativadavulnerabilidadedasespéciescombasenumarevisãobibliográficaenastendênciasdepescaobservadas(pescadodescarregadoemlota)enovosavistamentos.Aconfiançanosresultadosapresentadoséportantobaixa.Osdadosdedescargadopescadoapresentamlimitaçõesquandosepretendeinferirsobreoimpactoalteraçõesclimáticasnascomunidadesdepeixes.Estasestatísticasestãoinfluenciadasporfatoresambientaismastambémsociaiseeconómicoscomoastécnicaseequipamentosdepescaeasnecessidadesdosmercados.Destaformaécomplexoavaliarosimpactosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasmarinhosdevidoàinteraçãosinergísticaentreosfatoresnaturaisehumanos.Noentanto,Teixeiraetal.2014utilizandodadosdedescargasdepescado,identificouumdecréscimodeespéciestemperadaseumaumentodeespéciescomafinidadestropicaisousubtropicaisparaPortugal.Adicionalmente,osefeitosindiretosdasalteraçõesclimáticasnascadeiastróficassãocomplexosedifíceisdeprever.

Asprincipaisfalhasnoconhecimentorelacionam-secomafaltadeinformaçãosobreabiologiaeecologiadasespéciesecomafaltadeinformaçãosobreosefeitospotenciaisaníveldasaltera-çõesclimáticasnaspresasconsumidaspelasespéciesestudadas.

Umaverdadeiraavaliaçãodevulnerabilidadesàsalteraçõesclimáticasparaestegrupoterádepassarpelaelaboraçãodeumíndicedevulnerabilidadesemelhanteaousadoparaosrestantesgruposdesterelatório(veremcima).Muitoemboraainformaçãodisponívelsejaaindaescassa,

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

4 000

4 500

5 000

1976

19

77

1978

19

79

1980

19

81

1982

19

83

1984

19

85

1986

19

87

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

20

09

2010

20

11

2012

20

13

Tone

lada

s

Ano

Cavala Chicharro Peixe espada - preto

Figura 30 – Série temporal retrospetiva entre 1976 e 2012 de peso do pescado descarregado em lota em toneladas para as espécies-alvo.

3.3.2.3. Vulnerabilidades futuras

Asalteraçõesclimáticaspodemlevaràalteraçãodaáreadedistribuiçãodasespécies,ocorrendoumdeslocamentoparanortedoseulimitededistribuição.Esteprocesso,tambémocorreemambientesterrestresmasécercade10vezesmaisrápidonomar(Pinskyetal.2013).Édifícilidentificaroefeitodestasalterações,dadoquemuitosoutrosfatorespodematuarsinergisti-camentecomoasobre-exploraçãodosrecursoseodesenvolvimentotecnológico(EEA2012;Cheungetal.2013).Paraalémdasalteraçõesnadistribuiçãoenascomunidadesdepeixes,outrosimpactosconhecidossãoaalteraçãodafenologiadasmigraçõesanuaiseépocadedesovaealteraçõesnocrescimentoetamanhocorporaldevidoàdependênciadatemperaturanatermoregulaçãoenasrespostasmetabólicas(Simpsonetal.2013).Osfatoresclimáticosatuamemconjuntoedeformacomplexanadeterminaçãodociclodevida,distribuiçãoeabundânciadasespécies.Destemodo,édifícilpreverosefeitosdasalteraçõesclimáticasnosrecursosmarinhos.Noentanto,deacordocomoIPCC(2007),asalteraçõesclimáticasterãoumimpactomuitosignificativonosrecursospesqueirosglobais.

AfaunamarinhadaMadeiraécaracterizadaporumconjuntodeespéciesdaregiãotemperadadoMediterrâneo-Atlânticoeumconjuntodeespéciestropicais(Wirtzetal.2008).OsefeitosdasalteraçõesclimáticassãojáobservadosnoarquipélagodaMadeira,tendosidorecentementeidentificadas22novasespéciesprovenientesdelatitudesmenores(Freitas&Canning-Clode2014).Orecenteaparecimentoe/ouaumentodafrequênciadeespéciestropicaiscomoAbudef-duf saxatilis,Aluterus scriptus,Canthidermis sufflamen,Caranx crysoseGnatholepis thompsonipodeprovocarnofuturoumaalteraçãosignificativanacomposiçãofaunísticadaMadeira(Bianchietal.1999;Wirtzetal.2008;Freitas&Canning-Clode2014).

Page 57: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE114 115

Asespéciesnãoindígenas,nãoforamavaliadaspeloInternationalUnionforconservationofNature(UICN).Noentanto,todasasespéciesselecionadasapresentamatualmentepopulaçõesestáveisnaMadeira(Anexo1).Umadelas(Distaplia corolla)éconhecidapordominarascomu-nidadesdebiofixaçãonamarinadaQuintadoLordeeporcompetircomespéciesindígenasnaRAM(Canning-Clodeetal.2013;SRA2014b).

UmainventariaçãodetrintaenoveespéciesmarinhasnãoindígenasfoicompiladanaEstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira(SRA2014b).Nestetrabalhoconcluiu-sequeonúmerodeespéciesnãoindígenaséreduzidoequenãosãoconhecidosefeitosadversosdeespéciesnãoindígenas.Foiverificadoqueorácioentreespéciesnãoindígenaseespéciesnativastambémébaixo(SRA2014b).Noentanto,éimportantesalientarqueaconfiançanestesresultadosébaixa.

Édifícilestabelecerumarelaçãodiretaentreasalteraçõesclimáticaseapropagaçãodasespéciesnãoindígenasdevidoàinfluênciadeoutrosfatorescomoaatividadeantropogénica(Cooketal.2013).Noentanto,éprovávelquecomoaumentodatemperatura,outrasespéciesnãoindígenaspossamencontrarcondiçõesfavoráveisparaseintroduzirem,estabelecerem,ouestenderemoseulimitededistribuição,podendoviracompetircomespéciesnativas.

3.3.3.3. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados

Énecessáriamaisinformaçãosobreaabundânciadeespéciesnãoindígenasmarinhasnoarqui-pélagodaMadeira.Étambémnecessárioaumentardeformaconsistenteaáreadeavaliaçãodestasespéciesedarcontinuidadeaostrabalhosdemonitorização(Canning-Clodeetal.2013;SRA2014b).Noquerespeitaapolíticasdegestão,maisinformaçãosobrevetoresdeintroduçãodeespéciesnãoindígenas(tipologiaemagnitude)érelevanteparareduzirachegadadenovasespécies(VECTORS2014).

Aaplicaçãodeumíndicedevulnerabilidadetantoainvertebradosmarinhosnativoscomoaespéciesintroduzidaspoderápermitirnofuturofazerumaavaliaçãomaisobjetivadospoten-ciaisimpactosquepoderãodecorrerdasalteraçõesclimáticas.

Muitasdasespéciesdeinvertebradosmarinhossãoespéciesfundadorascomumpapelimpor-tantenaestruturadascomunidadesmarinhas.NaMadeiramuitosinvertebradosmarinhosdominamazonacosteira,sendoosmaisimportantesoscrustáceos,moluscosepoliquetas.OgrupoosinvertebradosnaMadeiraéconstituídoporespéciesdoMediterrâneoeespéciestemperadasetropicaisecontinuamaserdescobertasnovasespéciestodososanos(e.g.Wirtz2006;Wirtz&Canning-Clode2009;Canning-Clodeetal.2013;Ramalhosaetal.2014).

autilizaçãodeumíndiceirápermitiridentificarespéciesmaisvulneráveiseosprincipaisfatoresderiscoparaestegrupoassimcomoasprincipaisfalhasnoconhecimento.Estainformaçãoénecessárianãosóparaavaliaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáticasmastambémparainformaraavaliaçãodosstocksdepesca.

Seriatambémimportantealargararecolhadedadosdepescasaoutrasespéciesoquepermiti-ria,porexemplo,monitorizaradescargadenovasespéciescaracterísticasdezonastropicaisousubtropicais.

ComoobjetivodecontribuirparaaintegraçãodoconhecimentosobreomarnaRAM,oObservatórioOceânicodaMadeira(OOM,veroom.arditi.pt)iniciouodesenvolvimentodeumaplataformadevisualizaçãogeográficadabiodiversidademarinhanaMadeira(Visor-Bio),deumabasededadosdeespéciesmarinhascomerciaisnaMadeira(MadeiraFish),bemcomoumabasededadosdebiodiversidademarinhanaMadeira(BioDivMarMadeira)queseencontra,àdatadesteestudo,emconstrução.

3.3.3. Invertebrados (Espécies não indígenas)

Autores:JoãoCanning-ClodeeAndreiaSousa

3.3.3.1. Espécies estudadas

Comoobjetivodereunirumconjuntodeespéciesquefossemrepresentativasdosdiferentesgrupos,considerou-sequeseriarelevanteincluiralgumasespéciesdestegruponesterelatório(Anexo1).DadoquesetêmobservadonosúltimosanosumaumentodonúmerodeespéciesnãoindígenasnoarquipélagodaMadeira(Wirtz&Canning-Clode2009;Canning-Clodeetal.2013;Ramalhosaetal.2014)frutodeumprogramadedeteçãoemonitorizaçãoiniciadoem2006,foicompiladaumalistade10espéciesnãoindígenasdeinvertebradosnaMadeiraporJoãoCanning-Clode(Anexo1).

Nesteestudonãofoipossívelaaplicaçãodeumíndicedevulnerabilidade,considerandoqueodesenvolvimentodemétodosquantitativosparaavaliaçãodavulnerabilidadedasespécieséumaabordagemrecente,nomeadamentenoquedizrespeitoaespéciesmarinhas.

Outradaslimitaçõesnaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidadeprende-secomanaturezadosdadosdisponíveisnaavaliaçãodosfatoresdevulnerabilidade.Porexemplo,noquerespeitaàabundânciadeespéciesnãoindígenasoconhecimentoémuitolimitado,sendoqueasprimeirasestimativasparaaMadeira(naMarinadaQuintadoLorde)forampublicadasrecentemente(Canning-Clodeetal.2013).

3.3.3.2. Vulnerabilidades atuais e futuras

Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,considerou-sequeasespéciescompopulaçõesestabelecidasseencontramadaptadasaoclimaexistente.Destemodo,avulnerabi-lidadeatualdas10espéciesemestudofoiconsideradacomoneutra.

Page 58: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 117

4. ConclusõesNesteestudofoiavaliadaavulnerabilidadeatualefuturaàsalteraçõesclimáticasdosváriosgrupostaxonómicosterrestresemarinhospresentesnoarquipélagodaMadeira.Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnera-bilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticasqueaindanãoforamdocumentados.

Biodiversidade Terrestre

AavaliaçãodevulnerabilidadesdabiodiversidadeterrestredaRAMébastantecomplexadevidoàsuagrandediversidade,quantidadedeespéciesendémicaselimitadainformaçãotantoaníveldoconhecimentoemonitorizaçãodasespécies,comosistematizaçãodeacçõesquelevamaoaumentodasuacapacidadeadaptativa.Aabordagempodeseradoisníveis:dasespéciesqueconstituemosváriosgruposdefloraefaunaoudoshabitats.

Espécies

Emtermosgerais,asespéciesmaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticasnaRAMsãoasespécies:i)ectotérmicasecujolimiartérmicojáseencontrapertodoseulimitemáximooudependentesdeeventosdeperturbaçãocíclica,ii)dependentesdefactoresclimáticosquedespoletamoiníciodassuasactividadesouintervenhamnosseussincronismosbiológicoseecológicos,iii)especializadasemnichosambientaissingularesoucujacapacidadededispersãoébastantelimi-tada,iv)dependentesdeinteraçõesbióticasespecíficastantonocasodesimbioseserelaçõespositivascomonocasodepredaçãoecompetição(porexemplocomespéciesinvasoras),v)cujohabitatébastantereduzidoouseencontrafragmentado(nãoconectado)evi)assuaspopula-çõesestãobastanteameaçadasdevidoaoutraspressõesantropogénicas.

Emsuma,osgruposterrestrescommaisespéciesidentificadascomovulneráveisàsalteraçõesclimáticasforamosgruposdosbriófitos,dasplantasvascularesedosmoluscosterrestres.Osgruposquedetêmmaisespéciesquepodembeneficiardasalteraçõesdoclimasãoogrupodosrépteisedosartrópodes.

Page 59: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE118 119

Emtermosgerais,asalteraçõesclimáticasirãopromoveradeslocaçãodesteshabitatsemaltitude(dadoqueemlatitudeestãocondicionadosaovastooceanoAtlântico).Noentanto,estadeslocaçãopoderáestarlimitadapelaspressõesantropogénicas(comoapressãourbanísticaepoluição),fragmentação(comovales,montanhaseoceanonocasodasilhasdesertaseselva-gens),espéciesexóticas(comcaracterísticasinvasoras)eeventosclimáticosextremos(comoosfogosflorestais).

Avulnerabilidadedoshabitatsterrestresfoiavaliadapor“expert judgment”recorrendoàinfor-maçãodosmodelosbioclimáticos(Cruzetal.,2009),àavaliaçãodasespéciesqueoscompõemeàscaracterísticasactuaisdoshabitats.OMaciçoMontanhosoCentral,oZambujalMadeirenseeoMatagalMarmulanoapresentaramumavulnerabilidadenaclasse“Crítico(-3)”eaFlorestaLaurissilvanaclasse“Muitonegativa(-2)”alongoprazonocenárioA2(Anexo6).

OMaciçoMontanhosoCentralestácondicionadoaotopodeilhadaMadeirapeloquenãosepoderádeslocaremaltitude.Casossemelhantesmascomseriesdevegetaçãodiferentessãoosvárioshabitatsdasilhasdesertaseselvagensporseremrelativamentepequenoseconfinadosnovastooceano.

NocasodoshabitatsdoZambujalMadeirense,MatagalMarmulanoeLaurissilva(emparticularamediterrâneadobarbuzano)estãofortementecondicionadospelapressãourbana,agrícolaeflorestaldaszonascosteirasdailhadaMadeira.

Avulnerabilidadedoshabitatsestátambémrepresentadanoesquemaconceptual(Figura31).

Destacam-seasespéciesendémicaspelasuaimportânciaóbviaparaopatrimónionaturalmundialeporqueserãodasespéciesmaisafectadasquandocomparadascomasrestantes.Emtermosgeraissãoespéciesaindapoucoconhecidas,queexploramnichosecológicosespecíficos,porvezesdegradados,combaixosefectivospopulacionaiseáreasdedistribuiçãorestritas.

Poroutrolado,asespéciesexóticascomcaracterísticasinvasorassãodeigualrelevânciaumavezqueoâmbitodoestudoéumaregiãoinsular,cujoequilíbriodosecossistemastemdinâmi-casúnicasfrutodeanosdeisolamento,quepodemestaremcausaaquandodoaparecimentodeespéciesdesestabilizadoras.

Importaevidenciarasváriasespéciesindicadorasdasalteraçõesambientais,emparticulardogrupodosbriófitos,líquenes,moluscoseartrópodes.Osresultadosnestasespéciesindicamqueestáaocorrerumamudançaeasuamonitorizaçãoéessencialparaanteciparimpactosfuturos.Éentãovantajosocingirosesforçosaestasespéciesdadoquereflectemoqueestáaaconteceraoutrasespéciesdosmesmoshabitats.

Interessantereconhecerquenocasodosmamíferos,apesardeseteremestudadoespéciespotencialmentesensíveiscomoosmorcegosdevidoàsuaecologiaúnica,parecemterumacapacidadeadaptativaíntrinsecarobusta,dadoquenãoaparentamsersensíveisàsalteraçõesclimáticas.

ImportantedestacarigualmentequealgumasespéciespoderãobeneficiarcomasalteraçõesclimáticasprojectadasparaaRAM,emparticularespéciesdogrupodosrépteiseartrópodes.

Comoobjetivoderepresentardeformageralosfactoresdeexposição,sensibilidade,impac-tosevulnerabilidadedabiodiversidadeterrestesàsalteraçõesclimáticas,foielaboradoumesquemaconceptual(Figura31)comumarepresentaçãosimplificadadavulnerabilidadedosgrupos,sendoqueestesforamdivididosemduascategoriasdevulnerabilidade:1)“Muitovulnerável”quecorrespondeàsclasses-3a-1naescaladevulnerabilidadedo[CLIMA-Madeira]2)“Neutra(0)”quecorrespondeàsclassesde“Neutra(0)”a“Positiva(2)”(Figura31).Ogrupodosbriófitos,plantasvasculares,moluscoseartrópodessãogruposquepoderãosofrerumareduçãoaoníveldonúmerodeespéciesedeindividuos,sobretudoosquepossuambaixacapacidadededispersãooupopulaçõesmuitofragmentadas.Osrestantesgrupos,serão,nogeral,menosimpactadosnegativamentepelasasalteraçõesclimáticas.

Habitats

OshabitatsconsideradosnesteestudoforamoMaciçoMontanhosoCentral(caracterizadopelasériedevegetaçãodourzaldealtitude),aFlorestaLaurissilva(caracterizadopelasériedevegetaçãodaLaurissilvamediterrânicaetemperada),oMatagalMarmulano(caracterizadopelasériedevegetaçãoMayteno umbeliatae–Oleo madenrensis),oZambujalMadeirense(caracteri-zadopelasériedevegetaçãoHelichryso melaleuci–Sideroxylo marmulanae)easilhasdesertaseselvagens(nãocaracterizados).

Page 60: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE120 121

Biodiversidade Marinha

AavaliaçãodevulnerabilidadesdabiodiversidademarinhadaRAMébastantecomplexadevidoàgrandediversidadedeespécieselimitadainformaçãosobretudoaníveldoconhecimentoeco-lógicodasespéciesedasinteraçõesentreasespéciesecadeiastróficas.Aavaliaçãodavulnera-bilidadedasespéciesseguiu,nogrupodoscetáceos,umaabordagemquantitativaenogrupodospeixeseinvertebradosumaabordagemqualitativa.OshabitatsmarinhosnaRAMnãoforamavalaliadosdevidoàfaltadeinformaçãobasenecessáriaparacaracterizaravulnerabilidade.

AFigura32representaumesquemaconceptualgeralesimplificadodosfactoresdeexposição,sensibilidadeeimpactosdasalteraçõesclimáticasnabiodiversidademarinha.

Espécies e habitats

Asespéciesdecetáceosmaisvulneráveisforamocachaloteeabaleiacomumavaliadasnaclasse“Muitonegativa(-1)”.Asespéciesdebaleiapilotoegolfinhoroazcomindivíduosassocia-dosàilhasãorelevantesparaaRAMnomeadamenteparaosectordoturismoeapresentaramumavulnerabilidade“Muitonegativa”.Aresidênciasazonal,duranteoverãodaespéciedebaleiadeBryde,poderádever-seaumconjuntodefactoresqueactuamdeformaconjunta,incluindoasalteraçõesnoclima.

Nogrupodospeixes,econsiderandoqueosimpactosdasalteraçõesclimáticassãodifíceisdequantificar,foramidentificadas22novasespéciesdepeixeprovenientesdelatitudesmenores.Considerandoastendênciasobservadasnasúltimasdécadas,odecréscimodastrêsespécies–Peixeespadapreto,CavalaeChicharrodeveráestarassociadoaumconjuntodefactoresqueactuamdeformasinergística,nãosendonoentantopossívelafirmarquefactorescomoasalteraçõesclimáticasnãoestejamtambémenvolvidos.

Nosúltimosanostem-seobservadoumaumentodonúmerodeespéciesnãoindígenasnoarquipélagodaMadeiranãosendoconhecidososimpactosadversosprovocadosporestasespécies.Éprovávelquecomoaumentodatemperatura,outrasespéciesnãoindígenaspossamencontrarcondiçõesfavoráveisparaseintroduzirem,estabelecerem,ouestenderemoseulimitededistribuição,podendoviracompetircomespéciesnativas.

Nofuturo,énecessáriodesenvolverumaavaliaçãoquantitativadosimpactosparaospeixes,invertebradoseaindaoutrasespéciesrelavantesnaMadeiracomoafoca-mongeouasespéciesdetartarugas,através,porexemplo,daaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidade.

Asfalhasdeconhecimentocomunsaváriosgruposprendem-secomanecessidadedeummaiorconhecimentodabiologiaeecologiadasespéciesedeumamonitorizaçãoalongoprazodascomunidadesfaunísticas.

NoshabitatsmarinhosdoArquipélago,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãobaseacercadasuadistribuição,composiçãoefuncionamento.Umadas

FACTORES DE EXPOSIÇÃO

Temperatura Vento NMMPrecipitação

Reduçãodeespécies endémicas+Aumento

deinvasoras

Reduçãodeespécies endémicas(sobretudo combaixacapacidade dedispersãooucom populaçõesmuito fragmentadas

Reduçãodabiodiversidade (sobretudosppendémicas, dezonashúmidas,com

baixamobilidade

Reduçãodehabitat (muitoreduzidos,

fragmentadosenão contectados)

VULNERABILIDADE

FISIOLOGIALimiares (sp. ectotérmicas); Sex ratio; Eventos de perturbação; Período de actividade diário; Flutuação do recurso; Requisitos energéticos.

FISIOLOGIADespoleta início de actividades; Sin-cronismos; Proximidade; Resiliência/oportunidade.

CICLO DE VIDAK estrategistas; Capacidade de dispersão.

INTERACÇÕES BIÓTICASRecursos alimentares; Predação; Simbioses; Doenças; Competidores.

HABITATÁrea e distribuição; Componentes específicas no ciclo de vida; Quali-dades específicas; Habilidade para colonizar novas áreas; Migração ou necessidade de habitats de transição.

ESTADO DA POPULAÇÃODiversidade genética; Efectivo populacional; Distribuição reduzida ou fragmentada; Outras pressões antropogénicas.

FACTORES DE SENSIBILIDADE

Medidas de conservação

Conectividade dos habitats

Monitorização e Avaliação

Aumento do conhecimento

CAPACIDADE ADAPTATIVA

AumentodaaridezDistúrbios

(ex:fogosflorestais, quedadeárvores,cheias)

BIODIVERSIDADE TERRESTRE DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

Humidade relativa

Briófitos

PlantasVasculares

Moluscos

Artrópodes

Líquenes

Répteis

Aves

Mamíferos

Deslocaçãodoshabitats emaltitude

MaciçoCentral

Laurissilva

MatagalMarmulano

ZambujalMadeirense

MuitovulnerávelVulnerávelNeutraNãomodeladoBioindicador

diminuição

aumento

ImpactopotencialImpactointermédioExposiçãoSensibilidadeCapacidadeadaptativaatualdossistemashumanos

Figura 31 – Esquema conceptual da biodiversidade terrestre. Representação simplificada dos factores de exposição, sensibilidade e impactos das alterações climáticas.

Page 61: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE122

principaislacunassobreoecossistemamarinhodasubdivisãodaMadeiraconsistenafaltadeconhecimentosobreasinteraçõesentreasespécieseosseusecossistemasqueacabaporlimitarodesenvolvimentodeestudosmaisdetalhadosnoquerespeitaàidentificaçãodeindicadoresdebiodiversidade(SRA2014b)edosimpactosdasalteraçõesclimáticasnoecossistemamarinho.

FACTORES DE EXPOSIÇÃO

Temperatura CO2pHFISIOLOGIALimiares (sp. ectotérmicas); Sex ratio; Eventos de perturbação; Período de actividade diário; Flutuação do recurso; Requisitos energéticos.

FISIOLOGIADespoleta início de actividades; Sin-cronismos; Proximidade; Resiliência/oportunidade.

CICLO DE VIDAK estrategistas; Capacidade de dispersão.

INTERACÇÕES BIÓTICASRecursos alimentares; Predação; Simbioses; Doenças; Competidores.

HABITATÁrea e distribuição; Componentes específicas no ciclo de vida; Quali-dades específicas; Habilidade para colonizar novas áreas; Migração ou necessidade de habitats de transição.

ESTADO DA POPULAÇÃODiversidade genética; Efectivo populacional; Distribuição reduzida ou fragmentada; Outras pressões antropogénicas.

FACTORES DE SENSIBILIDADE

Medidas de conservação

Conectividade dos habitats

Monitorização e Avaliação

Aumento do conhecimento

CAPACIDADE ADAPTATIVA

MuitovulnerávelVulnerávelNeutraDemuitovulnerável apositivaNãomodeladoBioindicador

ImpactopotencialImpactointermédioExposiçãoSensibilidadeCapacidadeadaptativaatualdossistemashumanos

diminuição

aumento

Perdadeespécies (mediterrâneo-atlântico)

Ganhodeespécies (e.g.exóticas)

Alteraçãoda distribuição+ Abundânciadas

espécies

Cetáceos

Peixes

Invertebrados

Reduçãodeespécies coralinas,bivalvese

crustáceos

Reduçãoda produtividadeprimária

(ex.:fitoplâncton)

VULNERABILIDADE

Extinções locais

Diminuiçãoabundância deespécies(diminuição dosstocksdepesca)

Alteraçõesna cadeiatrófica

Aumentodo efeitodehipoxia

Alteraçãodos habitats

Figura 32 – Esquema conceptual da biodiversidade marinha. Representação simplificada dos factores de exposição,

sensibilidade e impactos das alterações climáticas.

Page 62: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 125

5. Referências › AlvesF,DinisA,CascãoI,FreitasL.2009.Bryde’swhale(Balaenopterabrydei)stableassocia-tionsanddiveprofiles:Newinsightsintoforagingbehavior.MarMammalSci[Internet].[cited2014Dec15];26:202–212.Availablefrom:http://doi.wiley.com/10.1111/j.1748-7692.2009.00333.x

 › AlvesF,DinisA,NicolauC,RibeiroC,KaufmannM,FortunaC,FreitasL.2014.Survivalandabun-danceofshort-finnedpilotwhalesinthearchipelagoofMadeira,NEAtlantic.MarMammalSci.

 › AlvesF,QuérouilS,DinisA,NicolauC,RibeiroC,FreitasL,KaufmannM,FortunaC.2013.Populationstructureofshort-finnedpilotwhalesintheoceanicarchipelagoofMadeirabasedonphoto-identificationandgeneticanalyses:implicationsforconservation.AquatConservMarFreshwEcosyst.23:758–776.

 › BagneK,FriggensM,FinchD.2011.Asystemforassessingvulnerabilityofspecies(SAVS)toclimatechange.GeneralTechnicalReportRMRS-GTR-257.FortCollins,CO:U.S.DepartmentofAgriculture,ForestService,RockyMountainResearchStation.

 › BarkerGM.2001.Thebiologyofterrestrialmolluscs.Ed.LandcareResearchHamilton,NewZealand.558pp.

 › BertzkyM,DicksonB,GaltR,GlenE.2011.ImpactsofclimatechangeandselectedrenewableenergyinfrastructuresonEUbiodiversityandtheNatura2000network:SummaryReport.EurCommIntUnionConservNature,Brussels.

 › BianchiCN,MorriC,SartoniG,WirtzP.1999.SublittoralepibenthiccommunitiesaroundFun-chal(IslandofMadeira,NEAtlantic):anupdateofpreviousinformationandacomparisonwiththeMediterraneanSea.BolMusMunicFunchalSupno5,59–80.

 › BiscoitoM,DelgadoJ,GonzálezJA,StefanniS,TusetVM,IsidroE,MederosGM,CarvalhoD.2011.MorphologicalidentificationoftwosympatricspeciesofTrichiuridae,AphanopuscarboandA.intermedius,inNEAtlantic.Cybium.35:19–32.

Page 63: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE126 127

 › CunhaISA.2013.MarinetrafficandpotentialimpactstowardscetaceanswithintheMadeiraEEZ:apioneerstudy.MestradoemEcologiaAmbienteeTerritório.DepartamentodeBiologia.

 › DavisonJ,CoeS,FinchD,RowlandE,FriggensM,GraumlichL.2012.Bringingindicesofspeciesvulnerabilitytoclimatechangeintogeographicspace:anassessmentacrosstheCoronadonationalforest.BiodiversConserv.21:189–204.

 › DinisA,NóbregaF,FreitasL.2004.RelatóriodaCaracterizaçãodaActividadedeWhaleWat-chingeAvaliaçãodosseusImpactos(DocumentoJ).RelatóriotécnicopreparadonoâmbitodoProjectoparaaConservaçãodosCetáceosnoArquipélagodaMadeira.MuseudaBaleia,Caniçal.

 › DinisA.2014.EcologyandConservationofBottlenoseDolphinsinMadeiraArchipelago,Portu-gal.DoctorateThesisinBiologicalSciences.UniversidadedaMadeira,Portugal.

 › DraperI,HedenäsL,StechM,PatiñoJ,WernerO,González-Mancebo,J.M.Sim-SimM,LopesT,RosRM.2015.HowmanyspeciesofIsothecium(Lembophyllaceae,Bryophyta)arethereinMaca-ronesia?AsurveyusingintegrativeBotanicalJournaloftheLinneanSociety(inpress).taxonomy”.

 › DREM.2013.Sérieretrospectivadaagricultiraepesca.PescadescarregadanosportosdaRegião(1976-2013).DireçãoRegionaldeEstatísticadaMadeira.

 › EEA,JRC,WHO.2008.ImpactsofEurope’schangingclimate-2008indicator-basedassessment.EurEnvironAgency,Copenhagen.

 › EEA.2009.ProgresstowardstheEuropean2010biodiversitytarget–EuropeanEnvironmentAgency.Report.Nº4/2009.

 › EEA.2012.Climatechange,impactsandvulnerabilityinEurope2012.Anindicator-basedreport.EuropeanEnvironmentAgency.ReportNo12/2012.

 › Faber-LangendoenD,MasterL,NicholsJ.2009.NatureServeConservationStatusAssessments:MethodologyforAssigningRanks.NatureServe,Arlington,VA.

 › FerreiraBR.2007.MonitorizaçãodaactividadedeobservaçãodecetáceosnoarquipélagodaMadeira,Portugal.TesedeMestrado,UniversidadedeLisboa,FaculdadedeCiências,Portugal.

 › FranquinhoAAM,Wakeham-DawsonA,FreitasJJG.2009.ThelifecycleofthelittleknownandendangeredendemicMadeiranBrimstoneButterflyGonepteryxrhamniFelder,1862(Pieridae).Notalepidopterologica32(2):145-157.

 › FreitasL,DinisA,NicolauC,AlvesF,RibeiroC.2013.MardaMadeiraumoásisaconservar-baleiasegolfinhosdaMadeira.MusdaBaleiadaMadeira.

 › BoieiroM,AguiarAF,AguiarCAS,BorgesAV,CardosoP,CrespoL,MenezesD,PereiraF,RegoC,SilvaI,etal.2013.Madeira,thebiodiversitypearl-valuingthenativehabitatsandendemiclifeforms.Lisboa,80pp.

 › BorgesPAV,AbreuC,AguiarAMF,CarvalhoP,JardimR,MeloI,OliveiraP,SérgioC,SerranoARM,VieiraP(Eds).2008.Alistoftheterrestrialfungi,floraandfaunaofMadeiraandSelvagensarchipelagos.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeiraeUniversidadedosAçores,FunchaleAngradoHeroísmo.438pp.

 › CabralMJ,AlmeidaJ,AlmeidaPR,DellingerT,FerranddeAlmeida,N.,OliveiraME,PalmeirimJM,QueirozAI,L.R,Santos-ReisM.2005.LivroVermelhodosVertebradosdePortugal.InstitutodaConservaçãodaNatureza,Lisboa.

 › CameronRAD.1989.ShellsizeshapeinMadeiraLandsnails:donichesremainunfilled?Biologi-calJournaloftheLinneanSociety36:79-96.

 › Canning-ClodeJ,FofonoffP,McCannL,CarltonJT,RuizG.2013.Marineinvasionsonasubtropi-calisland:FoulingstudiesandnewrecordsinarecentmarinaonMadeiraIsland(EasternAtlanticOcean).AquatInvasions.8:261–270.

 › CapeloJ.2004.ApaisagemvegetaldailhadaMadeira.Quarcetea.6:3–200.FCT.

 › CheungWWL,WatsonR,PaulyD.2013.Signatureofoceanwarminginglobalfisheriescatch.Nature[Internet].497:365–368.Availablefrom:http://dx.doi.org/10.1038/nature12156

 › ChibaS.1998.Amathematicalmodelforlong-termpatternsofevolution:effectsofenviron-mentalstabilityandinstabilityonmacroevolutionarypatternsandmassextinctions.Paleobio-logy.24:336–348.

 › ClarkeR.1956.SpermwhalesoftheAzores.DiscoveryReports28.

 › ComerP,YoungB,SchulzK.2012.ClimateChangeVulnerabilityandAdaptationStrategiesforNaturalCommunities:PilotingmethodsintheMojaveandSonorandeserts.ReporttotheU.S.FishandWildlifeService.NatureServe,Arlington,VA.

 › ComissãoEuropeia.2009.Whitepaper-Adaptingtoclimatechange:towardsaEuropeanframeworkforaction.Brussels.

 › CookEJ,JenkinsS,MaggsC,MinchinD,MineurF,NallC,SewellJ.2013.Impactsofclimatechangeonnon-nativespecies.MCCIPSciRev2013.:155–166.

 › CruzMJ,AguiarR,CorreiaA,TavaresT,PereiraJS,SantosFD.2009.ImpactsofclimatechangeontheterrestrialecosystemsofMadeira.IntJDesNatEcodynamics.4:413–422.

Page 64: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE128 129

 › MatosP,PinhoP,AragónG,MartínezI,NunesA,SoaresAMVM,BranquinhoC.2015.Lichentraitsrespondingtoaridity.JEcol[Internet].103:451–458.Availablefrom:http://doi.wiley.com/10.1111/1365-2745.12364

 › MEA.2005.Ecosystemsandhumanwell-being.WorldResourcesInstitute,Washington,DC.

 › MorrisonW,NelsonM,HowardJ,TeetersE,HareJ,GriffisR,ScottDJ,AlexanderAM.Asses-singtheVulnerabilityofFishStockstoClimateChange.(inprep.).NOAA,OfficeofScienceandTechnology.

 › NicolauC,AlvesF,FerreiraBR,HenriquesF,DinisA,RibeiroC,FreitasL.2013.AFirstAsses-smentOfTheCetaceans’OccurrenceAndThreatsInTheOffshoreWatersOfMadeira.Posterpresentation.In:EuropeanCetaceanSocietyConference.Setúbal,Portugal.

 › PerrinWF,WursigB,ThewissenJGM.2009.EncyclopediaofMarineMammals.ElsevierScience.

 › PinskyML,WormB,FogartyMJ,SarmientoJL,LevinSA.2013.MarineTaxaTrackLocalCli-mateVelocities.Sci[Internet].341:1239–1242.Availablefrom:http://www.sciencemag.org/con-tent/341/6151/1239.abstract

 › PiperJ,WilsonE.2008.Deliverable4.1:PolicyAnalysisforBiodiversityunderclimatechange.MinimisationAdapttoClimChangImpactsBiodivers[Internet].Availablefrom:http://www.macis-project.net

 › QuérouilS,SilvaMA,FreitasL,PrietoR,MagalhãesS,DinisA,AlvesF,MatosAJ,MendonçaD,HammondPS,SantosRS.2007.Highgeneflowinoceanicbottlenosedolphins(Tursiopstrunca-tus)oftheNorthAtlantic.ConservGenet.8:1405–1419.

 › RamalhosaP,Camacho-CruzK,Bastida-ZavalaR,Canning-ClodeJ.2014.FirstrecordofBran-chiommabairdiMcIntosh,1885(Annelida:Sabellidae)fromMadeiraIsland,Portugal(northeas-ternAtlanticOcean).BioInvasionsRec.3:235–239.

 › RosenzweigC,TubielloFN.2007.Adaptationandmitigationstrategiesinagriculture:ananalysisofpotentialsynergies.MitigAdaptStrategGlobChang.12:855–873.

 › SilvaL,LandEO,RodríguezLuengoJL(Eds).2008.Invasiveterrestrialflora&faunaofMacarone-sia.TOP100inAzores,MadeiraandCanaries.ARENA,PontaDelgada,546pp.

 › SilvaMA,PrietoR,CascãoI,SeabraMI,MacheteM,BaumgartnerMF,SantosRS.2013.Spatialandtemporaldistributionofcetaceansinthemid-AtlanticwatersaroundtheAzores.MarBiolRes.10:123–137.

 › SimmondsMP,SmithV.2009.CetaceansandClimateChange–AssessingtheRisks.SC-F09-CC8.

 › FreitasL,DinisA,NicolauC,RibeiroC,AlvesF.2012.NewrecordsofcetaceanspeciesforMadeiraArchipelagowithanupdatedchecklist.BoldoMusMunicdoFunchal.62:25–43.

 › FreitasL.2004.EstatutosdeconservaçãodoscetáceosnoarquipélagodaMadeira(documentoF).RelatóriotécnicodoProjectoCETACEOSMADEIRA(LIFE99NAT/P/06432).MuseudaBaleiadaMadeira.

 › FreitasM,Canning-ClodeJ.2014.Non-indigenousfishinthefreshandmarinewatersoftheMadeiraArchipelago.In:PosterapresentadonoSIBIC–VJornadasIbéricasIctiolMusNacHistó-riaNatedaCiência.24a27deJunho2014.

 › GardinerB.2003.ThepossiblecauseofextinctionofPierisbrassicaewollastoniButler(Lepi-doptera:Pieridae).EntomolGaz.54:267–268.

 › HamonWR.1961.Estimatingpotentialevapotranspiration.J.oftheHydraul.Div.Amer.Soc.Civ.Engrs.87:107-120.

 › IPCC.2007.IPCCFourthAssessmentReport(AR4).Watson,R.T.andtheCoreWritingTeam(Eds.).IPCC,Geneva,Switzerland.

 › IPCC.2014.ClimateChange2014:Impacts,Adaptation,andVulnerability.PartA:globalandsectoralaspects.ContributionofWorkingGroupIItotheFifthAssessmentReportoftheIntergo-vernmentalPanelonClimateChange.eds.C.B.FieldV.R.BarrosD.J.DokkenK.UKandNewYork,USA:CambridgeUniversityPress.

 › JardimR,SequeiraM.2008.Asplantasvasculares(PteridophytaeSpermatophyta)dosarqui-pélagosdaMadeiraedasSelvagens.In:Listdosfungos,floraefaunaTerrdosarquipélagosdaMadeiraeSelvagens.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeiraeUniversidadedosAçores,FunchaleAngradoHeroísmo.

 › LaidreKL,StirlingI,LowryLF,WiigØ,Heide-JørgensenMP,FergusonSH.2008.Quantifyingthesensitivityofthearcticmarinemammalstoclimate-inducedhabitatchange.EcolAppl[Internet].18:S97–S125.Availablefrom:http://dx.doi.org/10.1890/06-0546.1

 › LovejoyTE,HannahL.2005.ClimateChangeandBiodiversity.YaleUniversityPress.

 › MartínJL,ArechavaletaM,BorgesPAV,FariaB(Eds).2008.TOP100-Ascemespéciesameaça-dasprioritáriasemtermosdegestãonaRegiãoEuropeiaBiogeográficadaMacaronésia.Conseje-ríadeMedioAmbienteyOrdenaciónTerritorial,GobiernodeCanarias,500pp.

 › MastrandreaMD,ChristopherBF,StockerFT,EdenhoferO,EbiKL,DavidJ,FrameHH.2010.GuidanceNoteforLeadAuthorsoftheIPCCFifthAssessmentReportonConsistentTreatmentofUncertaintiesGuidance.NoteforLeadAuthorsoftheIPCCFifthAssessmentReport.

Page 65: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE130 131

 › WettererJK,EspadalerX.2010.InvasiveantsofMacaronesia.Pp.133-144.In:A.R.M.Serrano,P.A.V.Borges,M.Boieiro&P.Oromí(Eds).TerrestrialarthropodsofMacaronesia–Biodiversity,EcologyandEvolution.SociedadePortuguesadeEntomologia.

 › WilliamsCR,MinchamG,RitchieSa,ViennetE,HarleyD.2014.BionomicresponseofAedesaegyptitotwofutureclimatechangescenariosinfarnorthQueensland,Australia:implicationsfordengueoutbreaks.ParasitVectors[Internet].7:447.Availablefrom:http://www.parasitesand-vectors.com/content/7/1/447

 › WirtzP,Canning-ClodeJ.2009.TheinvasivebryozoanZoobotryonverticillatumhasarrivedatMadeiraIsland.AquatInvasions.4:669–670.

 › WirtzP,FrickeR,BiscoitoMJ.2008.ThecoastalfishesofMadeiraIsland—newrecordsandanannotatedcheck-list.Zootaxa.1715:1–26.

 › WirtzP.2006.TeninvertebratesnewforthemarinefaunaofMadeiraArquipélago.LifeMarSci.23A:75–78.

 › YoungB,ByersE,GravuerK,HallK,HammersonG,RedderA,CordeiroJ,SzaboK.2011.Guideli-nesforUsingtheNatureServeClimateChangeVulnerabilityIndex.NatureServe.

 › SimpsonDS,BlanchardJ,GennerM.2013.Impactsofclimatechangeonfish.MarineClimateChangeImpactsPartnership:ScienceReview2013:113-124.

 › Sim-SimM,RuasS,FontinhaS,HedenäsL,SérgioC,LoboC.2014.BryophyteconservationonaNorthAtlantichotspot:threatenedbryophytesinMadeiraandSelvagensArchipelagos(Portugal).SystBiodivers.12:315–330.

 › SRA.2008.Planodeajustamentodoesforçodepescaparaospequenospelágicos.DirecçãodeServiçosdeDesenvolvimentoeAdministraçãodasPescas.Funchal,Junhode2008.

 › SRA.2012.2°Planodeajustamentodoesforçodepescaparaopeixe-espada-preto.DirecçãodeServiçosdeDesenvolvimentoeAdministraçãodasPescas.Funchal,Junhode2012.

 › SRA.2014a.JardimBotânicodaMadeira–RecursosNaturais–Vegetação[Internet].Availablefrom:http://goo.gl/CVi8Fh

 › SRA.2014b.EstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira.DiretivaQuadroEstratégiaMari-nha.SecretariaRegionaldoAmbienteedosRecursosNaturais,Junho2014.

 › StensethN.2008.Effectsofclimatechangeonmarineecosystems.ClimRes.37:121–122.

 ›TaylorBL,BairdR,BarlowJ,DawsonSM,FordJ,MeadJG,NotarbartolodiSciara,G.WadeP,PitmanRL.2008.Physetermacrocephalus.TheIUCNRedListofThreatenedSpecies.Version2014.3.IUCNRedListThreatSpeciesVersion20143[Internet].Availablefrom:http://www.iucnre-dlist.org

 ›TaylorBL,BairdR,BarlowJ,DawsonSM,FordJ,MeadJG,NotarbartolodiSciara,G.,WadeP,PitmanRL.2011.Globicephalamacrorhynchus.TheIUCNRedListofThreatenedSpecies.Version2014.3.IUCNRedListThreatSpeciesVersion20143[Internet].Availablefrom:http://www.iucnredlist.org

 ›TeixeiraCM,GamitoR,LeitãoF,CabralHN,ErziniK,CostaMJ.2014.TrendsinlandingsoffishspeciespotentiallyaffectedbyclimatechangeinPortuguesefisheries.RegEnvironChang[Inter-net].14:657–669.Availablefrom:http://dx.doi.org/10.1007/s10113-013-0524-5

 › VECTORS.2014.Vectorsinview.Newsletter.Issue7.December2014.

 › VeraAH.2012.Quantificationoftheexposureofcetaceanindividualstowhale-watchingvesselsthroughthephoto-identificationtechniqueintheSouthcoastofMadeiraIsland(Portugal).Facul-dadedeBiologia.UniversidadedeMurcia.

 › WettererJK,EspadalerX,WettererAL,Aguin-PomboD,Franquinho-AguiarAM.2006.Long-termimpactofexoticantsonthenativeantsofMadeira.EcolEntomol.31:358–368.

Page 66: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 133

Anexo 1 - Listagem de espécies-alvo

Líquenes

Graphis scriptaPseudocyphellaria crocataSphaerophorus globosusNephroma areolatumParmotrema reticulatumFellhanera seroexspectataSticta canariensis

Briófitos

Campylopus introflexusAndreaea flexuosa luisieriFrullania sergiaeRiccia atlanticaHeteroschyphus denticulatusBryoxiphium madeirenseFissidens nobreganusEchinodium setigerumIsothecium montanumEchinodium spinosum

Plantas Vasculares

Aichryson dumosumChamaemeles coriaceaConvolvulus massoniiPittosporum coriaceum

Polystichum drepanumSaxifraga portosanctanaSorbus maderensisArmeria maderensisSibthorpia peregrinaAcacia mearnsii

Moluscos terrestres

Actinella nitidiuscula nitidiusculaCaseolus (Caseolus) calculusCaseolus (Helicomela) punctulatus punctulatusDiscula (Discula) calcigena calcigenaDiscula polymorpha polymorphaGeomitra TurriculaIdiomela subplicataLeptaxis membranaceaLeptaxis groviana grovianaTheba pisana

Artrópodes

Amara superansHipparchia maderensisScarites abbreviatusLinepithema humileOcypus olensOmmatoiulus moreletiiGonepteryx maderensis

Page 67: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE134 135

Macroalgae

Asparagopsis armata (Harvey,1855)Taxonomy:PhylumRhodophytaFirst record in Madeira: 1974Notes:Establishedpopulations.PresentinMadeira,PortoSanto,DesertasandSelvagens.References:(Levring1974,Netoetal.2001)

Macroinvertebrates

Distaplia corolla (MonniotF.,1974)Taxonomy:PhylumChordataFirst record in Madeira: 2006Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.HighabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013).

2)Myresearchgroupisconductingamonitoringprogramonmarinenon-indigenousspeciesinMadeirabydeployingPVCsettlingplatesinfourmarinasofMadeira(Mad_MOMISproject–seewww.canning-clode.com).Settlingplatesweresampledevery3months(4samplingeventsin1year).Distaplia corollawasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Distaplia corollawasfoundin17%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished)

References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Aiptasia diaphana (Rapp,1829)Taxonomy:PhylumCnidariaFirst record in Madeira: 2008Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.HighabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013).

2)Aiptasia diaphanawasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Aipta-sia diaphanawasfoundin22%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Aedes aegyptiDeucalion oceanicumTapinoma madeirense

Répteis

Tarentola boettgeri bischoffiTeira dugesiiHemidactylus mabouiaTarentola mauritanica

Aves

Buteo buteo hartertiFringilla coelebs madeirensisCarduelis cannabina guentheriMotacilla cinerea schmitzi Tyto alba schmitziRegulus madeirensisAnthus berthelotii madeirensisColumba trocazPterodroma madeiraPterodroma deserta

Mamíferos Terrestres

Pipistrellus maderensisNyctalus leisleri verrucosusPlecotus austriacus

Mamíferos marinhos

Physeter macrocephalusGlobicephala macrorhynchusStenella frontalisTursiops truncatusDelphinus delphisBalaenoptera brydeiBalaenoptera physalus

Peixes

Scomber coliasTrachurus picturatusAphanopus carbo

Espécies não indígenas (invertebrados)

TOP 10 of non-indigenous species for the Madeira archipelago

ListcompiledbyJoãoCanningClode1,2,3

1 CentreofIMARoftheUniversityoftheAzores,DepartmentofOceanographyandFisheries/UAz,RuaProf.DrFredericoMachado,4,PT-9901-862Horta,Azores,Portugal

2 MARE–MarineandEnvironmentalSciencesCentre,EstaçãodeBiologiaMarinhadoFunchal,CaisdoCarvão9000-107Funchal,Madeira,Portugal.

3 SmithsonianEnvironmentalResearchCenter,Edgewater,MD21037

Page 68: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE136 137

Clavelina lepadiformiswasfoundin27%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Bugula neritina (Linnaeus,1758)Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 1909Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.NotfoundinPVCsettlingplates inQuintadoLorde(southcoastofMadeira) in the2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013)

2)Bugula neritinawasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Bugula neritinawasfoundin44%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Norman1909,Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished).

Schizoporella pungens Canu & Bassler, 1928Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 2006Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.FoundinlowabundancesinPVCsettlingplatesatQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).

2)Schizoporella pungenswasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Schizoporella pungenswasfoundin64%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Watersipora subtorquata (d’Orbigny1852)Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 2006Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.FoundinverylowabundancesinPVCsettlingplates

Botrylloides leachii (Savigny,1816)Taxonomy:PhylumChordataFirst record in Madeira:ThisspeciesispresentinMadeiraforquitesometime(atleast1990s)andisnotyetconsideredintroduced.Canning-Clodeetal2013haveconsideredthisspeciesasbeingcryptogenic(Unknownorigin)buthintthatpreliminaryevidencewouldsuggestthatthisspeciesisverylikelytoturnouttobeNISinthefuture.Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeira.LowabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013).

2)Botrylloides leachiiwasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Botrylloides leachiiwasfoundin60%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Botryllus schlosseri (Pallas,1766)Taxonomy:PhylumChordataFirst record in Madeira: 2004Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.Medium-highabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).

2)Botryllus schlosseri wasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Botryllus schlosseri wasfoundin44%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Canning-Clodeetal.2008,Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Clavelina lepadiformis (Müller,1776)Taxonomy:PhylumChordataFirstrecordinMadeira:1995Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.Medium-HighabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).

2)Clavelina lepadiformiswasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).

Page 69: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE138 139

References

 › Canning-Clode,J.,P.Fofonoff,L.McCann,J.T.Carlton,andG.Ruiz.2013.Marineinvasionsonasubtropicalisland:FoulingstudiesandnewrecordsinarecentmarinaonMadeiraIsland(EasternAtlanticOcean).AquaticInvasions8:261-270.

 › Canning-Clode,J.,M.Kaufmann,M.Molis,M.Wahl,andM.Lenz.2008.Influenceofdisturbanceandnutrientenrichmentonearlysuccessionalfoulingcommunitiesinanoligotrophicmarinesystem.MarineEcology29:115-124.

 › Levring,T.1974.Themarinealgaeof thearchipelagoofMadeira.Bol.Mus.Mun.Funchal28:5-111.

 › Neto,A.I.,D.C.Cravo,andR.T.Haroun.2001.ChecklistofthebenthicmarineplantsoftheMadeiraArchipelago.Bot.Mar.44:391-414.

 › Norman,A.M.1909.ThePolyzoaofMadeiraandneighbouring islands. JournaloftheLinneanSocietyofLondon30:275-314.

 › Wirtz,P.,andJ.Canning-Clode.2009.TheinvasivebryozoanZoobotryonverticillatumhasarrivedatMadeiraIsland.AquaticInvasions4:669-670.

atQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).

2)Watersipora subtorquatawasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Watersipora subtorquatawasfoundin35%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)

Zoobotryon verticillatum (DellaChaije,1828)Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 2009Notes:Establishedpopulations.

1)PresentinMadeiraandPortoSanto.FoundinmediumabundancesinPVCsettlingplatesatQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).

2)Zoobotryon verticillatumwasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Zoobotryon verticillatumwasfoundin11%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).

References:(WirtzandCanning-Clode2009,Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished) 

Page 70: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 141

Anexo 2 – Definição dos fatores de exposição indireta utilizados no CCVI

B. Indirect Exposure to Climate Change1) Exposure to Sea Level Rise

Thisfactorcomesintoplayonlyinthecasethatalloraportionoftherangewithintheassess-mentareamaybesubjecttotheeffectsofa0.5-1msealevelriseandtheconsequentinfluenceofstormsurges.Mostclimatemodelscenariospredictatleasta0.5msealevelrise.Becauseprojectedsealevelrise(0.5-2mby2100)isgreatcomparedtohistoricalsealevelchanges,thenegativeimpactonhabitatsformostaffectedspeciesisexpectedtobehigh.Seehttp://www.geo.arizona.edu/dgesl/research/other/climate_change_and_sea_level/sea_level_rise/sea_level_rise.htmforaninteractivemaptovisualizetheeffectofsealevelriseinyourarea.

2) Distribution to Barriers

Thisfactorassessesthedegreetowhichnatural(e.g.topographic,geographic,ecological)oranthropogenicbarrierslimitaspecies’abilitytoshiftitsrangeinresponsetoclimatechange.Barriersaredefinedhereasfeaturesorareasthatcompletelyoralmostcompletelypreventmovementordispersalofthespecies(currentlyandfortheforeseeablefuture).Speciesforwhichbarrierswouldinhibitdistributionalshiftswithclimatechange-causedshiftsinclimateenvelopeslikelyaremorevulnerabletoclimatechangethanarespecieswhosemovementsarenotaffectedbybarriers.Barriersmustbeidentifiedforeachspecies(butoftenarethesameforagroupofcloselyrelatedspecies).NaturalandanthropogenicbarriersaredefinedformanyspeciesandtaxonomicgroupsinNatureServe’sElementOccurrenceSpecifications(viewableinthePopulation/Occurrence DelineationsectionofspeciesaccountsonNatureserveExplorer,www.natureserve.org/explorer),butusuallythesereadilycanbedeterminedbyconsideringaspecies’basicmovementcapacityandecologicaltolerances.

Thedistinctionbetweenabarrierandunsuitablehabitatsometimesmaybeunclear;inthesecasesassumethefeatureorareaisunsuitablehabitat(habitatthroughwhichthespeciescandisperseormovebutthatdoesnotsupportreproductionorlong-termsurvival)andscorethe

Page 71: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE142 143

applytobothterrestrialandaquaticspecies.ThesedistancesarederivedfromLoarieetal.(2009,Nature462:1052).

Thefollowingcategoriesandcriteriaapplytobothnaturalandanthropogenicbarriers,butthetwotypesofbarriersarescoredseparately.Notethatitisillogicalfornaturalandanthropogenicbarrierstobothcausegreatlyincreasedvulnerabilitytoclimatechangeforasinglespecies(onlyoneortheothercancompletelysurroundaspecies’range).Ifbothbarriersoccur,estimatetherelativeportionsofthecircumferenceoftherangeblockedbyeachandthenscoreaccordingly.

3) Predicted Impact of Land Use Changes Resulting from Human Responses to Climate Change (e.g., plantations for carbon offsets, new seawalls in response to sea level rise, and renewable energy projects such as wind-farms, solar arrays, or biofuels production)

Strategiesdesignedtomitigateoradapttoclimatechangehavethepotentialtoaffectverylargeareasoflandandthespeciesthatdependontheseareas,inbothpositiveandnegativeways.Thisfactorarguablyshouldbeconsideredinconservationstatusassessments,butconsideringthatformostspeciesthisfactorhasnotyetbeenconsideredintheseassessments,weincludeithere.ThisfactorisNOTintendedtocapturehabitatlossordestructionduetoon-goinghumanactivities,astheseshouldalreadybeincludedinexistingconservationstatusranks.Includeonlynewactivitiesrelateddirectlytoclimatechangemitigationhere.Thereismuchuncertaintyaboutthetypesofmitigationactionthatarelikelytothreatenhabitatsandspecies.Rememberthatmultiplecategoriescanbecheckedforeachfactortocaptureuncertainty.Asfederalandstateclimatechangelegislationisenacted,someofthemitigationdirections(andassociatedthreatsorbenefitstospecies)willbecomeclearer.

C. Sensitivity, or Species-Specific Factors

Thesefactorsrelatetocharacteristicsofthespeciesonly.Anthropogeniceffects,suchasontheavailabilityofdispersalcorridors,shouldNOTbeconsideredinthissection.

1) Dispersal and Movements

Thisfactorpertainstoknownorpredicteddispersalormovementcapacitiesandcharacteristicsandabilitytoshiftlocationintheabsenceofbarriersasconditionschangeovertimeasaresultofclimatechange.Speciesinwhichindividualsexhibitsubstantialdispersal,readilymovelongdistancesasadultsorimmatures,orexhibitflexiblemovementpatternsshouldbebetterabletotrackshiftingclimateenvelopesthanarespeciesinwhichdispersalandmovementsaremorelimitedorinflexible.Thisfactorisassessedconservativelyandpertainsspecificallytodisper-salthroughunsuitablehabitat,which,inmostcases,ishabitatthroughwhichpropagulesorindividualsmaymovebutthatdoesnotsupportreproductionorlong-termsurvival.Ifallhabitatisregardedassuitable(i.e.,speciescanreproduceandpersistineveryhabitatinwhichitoccurs),thendispersalabilityisassessedforsuitablehabitat.Ifappropriate,scoringofspecieswhosedispersalcapacityisnotknowncanbebasedoncharacteristicsofcloselyrelatedspecies(orspeciesofsimilarbodysizeinthesamemajorgroup).

specieshereand/orinFactorC1asappropriate.NotethatcavesareconsideredunderFactorC3:RestrictiontoUncommonGeologicalFeatures,andnotherewherethefocusisonbarriersthataffectthewidearrayofnonsubterraneanspecies.

a ) Natural barriers

Examplesoffeaturesthatmayfunctionasnaturalbarriersforvariousspeciesinclude:uplandhabitat(i.e.,absenceofaquaticstream,lake,orpondhabitat)isabarrierforfishes(butnotforsemiaquaticoramphibiousspeciesthatmayoccupythesamebodyofwater);highmountainran-ges(especiallythosethatextendwest-east)areabarrierformanylowlandplantsandnonvolantlowlandanimals;warmlowlandsareabarrierforsomealpinespeciessuchasAmericanpikabutnotforelkorAmericanpipit;largeexpansesofwaterarebarriersforpocketgophersandmanyothersmallterrestrialanimals(butnotformanyvolantspecies,orforplantspeciesthataredispersedbywide-rangingbirds,orforspeciesthatreadilyswimbetweenlandareasifthedistanceisnottoogreat);ahighwaterfallisabarrierforfishes(butnotforAmericandippersorgartersnakesthatoccuralongthesamestream).

b ) Anthropogenic barriers

Examplesoffeaturesthatmayfunctionasanthropogenicbarriersinclude:largeareasofintensiveurbanoragriculturaldevelopmentarebarriersformanyanimalsandplants;waterssubjecttochronicchemicalpollution(e.g.acidminedrainage)canbeabarrierforfishesandotherstrictlyaquaticspecies;waterssubjecttothermalpollution(e.g.frompowerplants)maybeabarrierforsomestrictlyaquaticspeciesbutnotforothers(notethermalalterationsassociatedwithreservoirsoftenproduceunsuitablehabitatratherthanimposeabarrier);damswithoutfishpassagefacilitiesandimproperlyinstalledculvertscanbebarriersforfishesandcertainotherstrictlyaquaticspecies;tortoise-prooffencingmaybebarrierforsmallreptilesandcertainothernonvolantanimals(butnotformostplants,largemammals,orlargesnakes).

Thedegreetowhichabarriermayaffectaspecies’abilitytoshiftitsrangeinresponsetoclimatechangedependsinpartonthedistanceofthebarrierfromthespecies’currentdistribution.Barriersthatareseparatedfromaspecies’rangebyalongdistanceofrelativelyflattopographycanneverthelessaffectrangeshiftsbecauseingentleterrainrelativelysmallchangesinclimatecanresultinlargeshiftsinthelocationofaparticularclimateenvelope.Ifaspecieschangeditsrangeaccordingly(totrackaparticularclimateenvelope),itmightencounterbarriersthatwerefarfromitsoriginalrange.Incontrast,inlandscapesinwhichclimaticconditionschangerapidlyoversmallhorizontaldistances(e.g.mountainousareas,steepslopes,orothertopographicallydiverselandscapes)aspecies’distributionwouldhavetoshiftarelativelysmalldistanceinordertotrackaparticularclimateenvelope,sothespeciesislesslikelytoencounterdistantbarriers.

Tocountasabarrierforthepurposesofthisfactor,afeaturecanbeupto50kmfromthespe-cies’currentrangewhenmeasuredacrossareaswhereclimatechangesgraduallyoverlatitudeorlongitude(e.g.relativelyflatterrain)andupto10kmwhenmeasuredacrossareaswhereclimatechangesabruptlyoverlatitudeorlongitude(e.g.mountainousorsteepterrain).Use25kmforspeciesthatoccurinintermediatetopography,suchasmoderatehillcountry.Thesedistances

Page 72: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE144 145

Usetheannualmapforbothresidentandmigratoryspecies.Althoughmigratoryspeciesarenotphysicallypresenttoexperiencetemperaturevariations,theynonethelessareaffectedbythesevariationsthrougheffectsonfoodsupplyandhabitatavailability.

Notethattropicalspeciesinhighdesertsoralpineenvironmentsmayexperiencedailytempe-raturevariationsashighasseasonalvariationsinthetemperatezone.Speciesinthesetropicalsettingsshouldeitherbeassessedusingdailytemperaturevariation,orifdataisnotavailable,theymayberankedonecategorylessvulnerableforthisfactor.

ii) Physiological thermal nicheCurrentprojectionsindicatethatclimatewarmingwillbenearlypervasiveinNorthAmericaoverthenextseveraldecades.Speciesassociatedwithcoolorcoldconditionslikelywillexperienceareductioninhabitatextentorqualityandmayexperiencedeclinesindistributionorabundancewithinagivenassessmentarea.Thisfactorassessesthedegreetowhichaspeciesisrestrictedtorelativelycoolorcoldabove-groundterrestrialoraquaticenvironmentsthatarethoughttobevulnerabletolossorsignificantreductionasaresultofclimatechange.Speciesthatdependonthesecool/coldenvironmentsinclude(butmaynotbelimitedto)thosethatoccurintheassess-mentarea’shighestelevationalzones,northernmostareas,orthecoldestwaters.Therestrictiontotheserelativelycoolenvironmentsmaybepermanentorseasonal.

Speciesthatoccurinfrostpockets,onnorth-facingslopes,inshadyravines,inalpineareas,orsimilarcoolsitesarescoredhereifthoseareasrepresentorareamongthecoldestenviron-mentsintheassessmentarea;lackingthisstipulation,speciesoccurringinsuchsitesmaynotbevulnerabletoclimatechangebecausefavorablesitesmaysimplyshiftinlocationwithoutreduc-tionorloss.SpeciesthatareassociatedspecificallywithsnoworiceareassessedseparatelyinFactorC2d.Notethattemperatureconditionsandhydrologicalregimesoftencovaryandoftenarenotneatlyseparable;thesesituationsshouldbescoredhereiftemperatureperseappearstobetheoverridingfactor;otherwisetheyshouldbescoredunderFactorC2bii:PhysiologicalHydrologicalNiche.

a ) Predicted sensitivity to changes in precipitation, hydrology, or moisture regime.

i) Historical hydrological niche (exposure to past variations in precipitation)Thisfactormeasureslarge-scaleprecipitationvariationthataspecieshasexperiencedinrecenthistoricaltimes(i.e.,thepast50years),asapproximatedbymeanannualprecipitationvariationacrossoccupiedcellswithintheassessmentarea.Overlaythespecies’rangeontheClimateWizardmeanannualprecipitationmap1951-2006.Subtractthelowestpixelvaluefromthehighestvaluetoassessthisfactor.Usetheextremepixelvaluesforthiscalculation.Useannualdataformigratoryspecies,asthismeasurereflectstheprecipitationregimeoftheecosystemasawhole.

ii) Physiological hydrological nicheThisfactorpertainstoaspecies’dependenceonanarrowlydefinedprecipitation/hydrologicregime,includingstronglyseasonalprecipitationpatternsand/orspecificaquatic/wetland

Barriers,whichareheredefinedasfeaturesorareasthatcompletelyoralmostcompletelyblockdispersal,aretreatedinFactorB2.Ifaspeciesrequiresotherspeciesforpropaguledispersal,pleasealsocompletefactorC4d.Thefollowingcategorizationforplantsislooselybasedon:Vittoz,P.,andR.Engler.2007.Seeddispersaldistances:atypologybasedondispersalmodesandplanttraits.BotanicaHelvetica117:109–124.

Asmallnumberofspeciesareconfinedbybarrierstoareasthataresmallerthanthespecies’potentialdispersaldistance(fishesinsmallisolatedspringsareaclassicexample).Mostifnotallofthefishspeciesthatoccurinthesmallestsuchhabitatpatchescoulddispersefartherthanthegreatestextentoftheoccupiedpatchifalargerextentofhabitatwereavaiilabletothem.Forthepurposesofthisfactor,thedispersalabilityofthesespeciesisscoredasifthespeciesoccurredinalargepatchofhabitat(longerthanthedispersaldistance),basedondispersalormovementpatternsorcapabilitiesofcloselyrelatedspecies(orspeciesofsimilarbodysizeinthesamemajorgroup).

Mostmigratoryspecieswillsatisfycriteriaforthedecreasevulnerabilitycriteria.Usetheirabilitytoshifttheirdistributionwithintheassessmentduringtheperiodofoccupationorfromoneyeartothenext(whicheverislarger)asthemeasureofdispersaldistance.

Speciesinwhichpropaguledispersalisbothsynchronousamongallmembersofthepopulationintheassessmentareaandinfrequent(averageofseveralyearsbetweensuccessfulreproduc-tionevents)shouldbescoredasonecategorymorevulnerablethanthecategorythatwouldotherwiseapply.Anexampleisthemonocarpicgiantcane(Arundinaria gigantea),abamboospeciesthatreproducessynchronouslyevery25-50yearsandthendies.

2) Predicted Sensitivity to Temperature and Moisture Changes

Thisfactorpertainstothebreadthoftemperatureandprecipitationconditions,atbothbroadandlocalscales,withinwhichaspeciesisknowntobecapableofreproducing,feeding,growing,orotherwiseexisting.Specieswithnarrowenvironmentaltolerances/requirementsmaybemorevul-nerabletohabitatlossfromclimatechangethanarespeciesthatthriveunderdiverseconditions.

a ) Predicted sensitivity to changes in temperature, based on current/recent past tempera-

ture tolerance

i) Historical thermal niche (exposure to past variations in temperature)Thisfactormeasureslarge-scaletemperaturevariationthataspecieshasexperiencedinrecenthistoricaltimes(i.e.,thepast50years),asapproximatedbymeanseasonaltemperaturevariation(differencebetweenhighestmeanmonthlymaximumtemperatureandlowestmeanmonthlyminimumtemperature)foroccupiedcellswithintheassessmentarea.Itisaproxyforspecies’temperaturetoleranceatabroadscale.ThisfactormaybeevaluatedbycomparingthespeciesrangewiththeAnnualTemperatureVariationmap1951-2006(seefirstimageatbottomofthispage)orcalculatedusingGISdatadownloadedfromNatureServe(http://www.natureserve.org/climatechange).Foraquaticspecies,followthesameprocedureasforterrestrialspecies,sincethisfactormeasuresbroadregionalpatterns.

Page 73: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE146 147

andchemistry,thusimpactingaquaticspeciessensitivetotheseaspectsofwaterquality.Thepotentialimpactsofaltereddisturbanceregimesonspeciesthatrequirespecificriverfeaturescreatedbypeakflowsshouldalsobeconsideredhere;forexample,somefishrequirefloodplainwetlandsforlarval/juveniledevelopmentorhighpeakflowstorenewsuitablespawninghabitat.Usecarewhenestimatingthemostlikelyeffectsofincreasedfires;inmanyecosystems,whileasmallincreaseinfirefrequencymightbebeneficial,agreatlyincreasedfirefrequencycouldresultincompletehabitatdestruction.

Finally,besuretoalsoconsiderspeciesthatbenefitfromalackofdisturbanceandmaysufferduetodisturbanceincreaseswhenscoringthisfactor.Foramapofmodeledfuturefireregime,seeFigura2inKrawchuketal.(2009)PLoSONE4(4):e5102,available:http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0005102.

c ) Dependence on ice, ice-edge, or snow cover habitats

Thisfactorpertainstoaspecies’dependenceonhabitatsassociatedwithice(e.g.seaice,gla-ciers)orsnow(e.g.long-lastingsnowbeds,avalanchechutes)throughouttheyearorseasonallyduringanessentialperiodofthelifecycle.Foraquaticspecies,theimportanceofsnowpackformaintainingdownstreamwatertemperaturesshouldbeconsideredhere.“Range”referstotherangewithintheassessmentarea.

3) Restriction to Uncommon Geological Features or Derivatives

Thisfactorpertainstoaspecies’needforaparticularsoil/substrate,geology,waterchemistry,orspecificphysicalfeature(e.g.caves,cliffs,ativesanddunes)forreproduction,feeding,growth,orotherwiseexistingforoneormoreportionsofthelifecycle(e.g.normalgrowth,shelter,repro-duction,seedlingestablishment).Itfocusesonthecommonnessofsuitableconditionsforthespeciesonthelandscape,asindicatedbythecommonnessofthefeaturesthemselvescombinedwiththedegreeofthespecies’restrictiontothem.Climateenvelopesmayshiftawayfromthelocationsoffixed(withinatleasta50yeartimeframe)geologicalfeaturesortheirderivatives,makingspeciestiedtotheseuncommonfeaturespotentiallymorevulnerabletohabitatlossfromclimatechangethanarespeciesthatthriveunderdiverseconditions.

ThisfactordoesNOTincludehabitatpreferencesbasedontemperature,hydrology,ordistur-banceregime,asthesearecoveredelsewhereintheIndex.Forexample,speciesdependentonspringsorephemeralpoolsshouldnotbescoredasmorevulnerableforthisfactorsolelyonthatbasis(addressedunderFactorC2bii:PhysiologicalHydrologicalNiche).However,restrictiontoaquaticfeatureswithregionallyuncommonwaterchemistryshouldbeconsideredhere.ThisfactoralsodoesNOTincludemicrohabitatfeaturessuchasstreamrifflesorbaskingrocks.Finally,thisfactordoesNOTincludebiotichabitatcomponents;forexample,speciesthatrequirefeaturessuchastreesnagsoraparticulartype/conditionofplantcommunity(e.g.oldgrowthforest)shouldnotbescoredasmorevulnerableforthisfactor.

Iftheideaofspecificitytosoil/substrate,geology,orspecificphysicalfeaturesisnotrelevanttothespecies(e.g.manybirdsandmammals),chooseSomewhatDecrease.

habitats(e.g.certainsprings,*vernalpools,seeps,seasonalstandingorflowingwater)orlocali-zedmoistureconditionsthatmaybehighlyvulnerabletolossorreductionwithclimatechange.Dependencemaybepermanentorseasonal.Aquaticcaveobligatespeciesareconsideredhereaccordingtotheirhydrologicalneeds.**Speciesnestingonislandsinlakes,reservoirs,and/orwetlandsthatpreventpredatoraccesscanbescoredheretotheextentthatachangedhydro-logicalregimemayinfluencetheavailabilityofthesepredator-freebreedingsites(forexample,birdsnestingonislandstoavoidpredationbymammals).Ifaspeciesisdependentonaquatic/wetlandhabitatsthatareactivelymanagedtomaintainaparticularhydrology,considerwhetherthismanagementwouldbesufficienttoameliorateprojectedclimatechangeimpacts(and,ifso,scoreasNeutral).

ManyhabitatsintheU.S.arepredictedtoexperiencenetdrying(seeannualHamonAET:PETmoisturemetricmapbelowandseasonmapsintheGuidelinesdocumentordownloadableGISfilesatwww.natureserve.org/climatechange),eveninareaswhereprecipitationispredictedtoincrease.Considerthedirection,strength,andseasonalityofmoisturechangeinrankingthisfactor,alongwiththelevelofdependenceofthespeciesonparticularhydrologicconditions.

Forplantspecies,theadvantageoftheC4photosyntheticpathwayforwateruseefficiencywilllikelyenableC4plantstobelessvulnerabletodeclineunderdryingconditionsthanC3plants(Tayloretal.2010,NewPhytologist185:780).Assuch,C4plantswhoserangesarepredictedtoexperiencenetdryingduringthegrowingseason(seeHamonAET:PETMoistureMetricmapsintheGuidelinesdocument)shouldbescoredonecategorylessvulnerablethantheyotherwisewouldbeforthisfactor.

Asaresultofgeographicaldifferencesinmodeledfuturehydrologicalconditions,aspeciesmayfallintomorethanoneofthefollowingcategories.Insuchcasesselectallcategoriesthatapply;ifthecategoriesarenotcontiguous(e.g.IncreaseVulnerabilityandSomewhatDecreaseVulnera-bility),selectonlythosecategoriesanddonotselectthenonapplicableintermediatecategories.Notethattemperatureconditionsandhydrologicalregimesoftencovaryandoftenarenotneatlyseparable;thesesituationsshouldbescoredunderFactorC2aii:PhysiologicalThermalNicheiftemperatureperseappearstobetheoverridingfactor;otherwisetheyshouldbescoredhere.“Range”referstotherangewithintheassessmentarea.

*Notethatspringsfedbybedrockgroundwatersourcesarelesslikelytobesignificantlyimpac-tedbyprecipitationchanges;considerscoringspeciesassociatedwithsuchspringsasNeutral.**Similarly,speciesinhabitingcavesfedbygroundwatermaybelessvulnerabletochangesinprecipitationthanspeciesinhabitingcavesfedbysurfacerunoffwater.

b ) Dependence on a specific disturbance regime likely to be impacted by climate change

Thisfactorpertainstoaspecies’responsetospecificdisturbanceregimessuchasfires,floods,severewinds,pathogenoutbreaks,orsimilarevents.Itincludesdisturbancesthatimpactspeciesdirectlyaswellasthosethatimpactspeciesviaabioticaspectsofhabitatquality.Forexample,changesinfloodandfirefrequency/intensitymaycausechangesinwaterturbidity,siltlevels,

Page 74: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE148 149

b ) Occurrence of bottlenecks in recent evolutionary history (use only if C5a is “unknown”)

Intheabsenceofrangewidegeneticvariationinformation(C5a),thisfactorcanbeusedtoinferwhetherreductionsinspecies-levelgeneticvariationthatwouldpotentiallyimpedeitsadaptationtoclimatechangemayhaveoccurred.OnlyspeciesthatsufferedpopulationreductionsandthensubsequentlyreboundedqualifyfortheSomewhatIncreaseorIncreaseVulnerabilitycategories.

6) Phenological Response to Changing Seasonal Temperature or Precipitation Dynamics

Recentresearchsuggeststhatsomephylogeneticgroupsaredecliningduetolackofresponsetochangingannualtemperaturedynamics(e.g.earlieronsetofspring,longergrowingseason),includingEuropeanbirdspeciesthathavenotadvancedtheirmigrationtimes(Molleretal.2008),andsometemperatezoneplantsthatarenotmovingtheirfloweringtimes(Willisetal.2008)tocorrespondtoearlierspringonset.Thismaybeassessedusingeitherpublishedmul-tisspeciesstudiessuchasthosecitedaboveorlargedatabasessuchasthatoftheU.S.NationalPhenologyNetwork.

4) Reliance on Interspecific Interactions

Theprimaryimpactofclimatechangeonmanyspeciesmayoccurviaeffectsonsynchronywithotherspeciesonwhichtheydepend(Parmesan2006),ratherthanthroughdirectphysiologi-calstress.

d ) Dependence on other species to generate habitat.

Habitatreferstoanyhabitat(e.g.forreproduction,feeding,hibernation,seedlingestablish-ment,etc.)necessaryforcompletionofthelifecycle,includinghabitatsusedonlyonaseasonalbasis.Forplants,creationofhabitatconditionsnecessaryforseedlingestablishmentshouldbeconsideredhere;nutritionalrelationshipsnecessaryforseedlingestablishment(e.g.parasiticorobligatelymyco-heterotrophicplants)shouldbeconsideredunderC4e.

e ) Dietary versatility (animals only)

Thisfactorpertainstothediversityoffoodtypesconsumedbyanimalspecies.Dietaryspecia-listsaremorelikelytobenegativelyaffectedbyclimatechangethanarespeciesthatreadilyswitchamongdifferentfoodtypes.

f ) Pollinator versatility (plants only)

QuantitativethresholdslooselybasedondatainWaseretal.1996(Ecology77:1043-1060).

g ) Dependence on other species for propagule dispersal

Canbeappliedtoplantsoranimals.Examples:Differentspeciesoffreshwatermusselscanbedispersedbyonetomanyfishspecies;fruitdispersalbyanimals.

h ) Forms part of an interspecific interaction not covered by C4a-d

Canbeappliedtoplantsoranimals.Referstointeractionsunrelatedtohabitat,seedlingestab-lishment,diet,pollination,orpropaguledispersal.Forexample,anacaciabushrequiringanantcolonyforprotectionagainstherbivores.Hereaninterspecificinteractioncanincludemutualism,parasitism,commensalism,orpredator-preyrelationship.

5) Genetic Factors

a ) Measured genetic variation

Specieswithlessstandinggeneticvariationwillbelessabletoadaptbecausetheappearanceofbeneficialmutationsisnotexpectedtokeeppacewiththerateof21stcenturyclimatechange.Throughoutthisquestion,“geneticvariation”mayreferneutralmarkervariation,quantitativegeneticvariation,orboth.Toanswerthequestion,geneticvariationshouldhavebeenassessedoverasubstantialproportionofaspecies’range.

Becausemeasuresofgeneticvariabilityvaryacrosstaxonomicgroups,therecannotbespecificthresholdnumberstodistinguishamongthecategories.Theassessorshouldinterpretgeneticvariationinaspeciesrelativetothatmeasuredinrelatedspeciestodetermineifitislow,high,orinbetween.

Page 75: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE150 151

Anexo 3 - Exemplo do índice CCVI aplicado a um grupo terrestre (Plantas vasculares)

Nív

el d

o m

ar

Bar

reir

as n

atur

ais

Bar

reir

as a

ntro

pogé

nica

s

Mit

igaç

ão à

s al

tera

ções

clim

átic

as

Capa

cida

de d

e di

sper

são/

mov

imen

tos

Nic

ho h

istó

rico

- to

lerâ

ncia

rmic

a

Nic

ho fi

siol

ógic

o - t

oler

ânci

a té

rmic

a

Nic

ho h

istó

rico

- to

lerâ

ncia

hi

drol

ógic

a

Nic

ho fi

siol

ógic

o - t

oler

ânci

a hi

drol

ógic

a

Dep

endê

ncia

de

um r

egim

e de

di

stur

bios

Gel

o/ne

ve

Cara

cter

ísti

cas

geol

ógic

as

inco

mun

s

Dep

endê

ncia

de

outr

as e

spéc

ies

para

cri

ação

de

habi

tat

Die

ta

Polin

azad

ores

Dep

endê

ncia

de

outr

as e

spéc

ies

para

dis

pers

ão

Inte

raçã

o co

m o

utra

s es

péci

es

Vari

abili

dade

gen

étic

a

Redu

ção

subs

tânc

ial d

a po

pula

ção

“bot

tlen

eck”

Resp

osta

s fe

noló

gica

s

Esca

la d

e vu

lner

abili

dade

[C

LIM

A-M

adei

ra]

Confi

ança

Esca

la d

e co

nfian

ça

[CLI

MA

-Mad

eira

]

Fato

res

sem

res

post

a

Espécies B1 B2a B2b B3 C1 C2ai C2aii C2bi C2bii C2c C2d C3 C4a C4b C4c C4d C4e C5a C5b C6

Aichryson dumosum_A2_B2_2020_2040 N GI GI Inc Inc U N U SI Inc N Inc N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%

Aichryson dumosum_A2_2070 N GI GI Inc Inc U N U SI Inc N Inc N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%

Aichryson dumosum_B2_2070 N GI GI Inc Inc U N U SI Inc N Inc N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%

Chamaemeles coriacea_A2_B2_2020_2040 N Inc GI Inc Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%

Chamaemeles coriacea_A2_2070 N Inc GI Inc Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%

Chamaemeles coriacea_B2_2070 N Inc GI Inc Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%

Convolvulus massonii_A2_B2_2020_2040 N SI SI SI Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Neutra[0] 67% Alta 33%

Convolvulus massonii_A2_2070 N SI SI SI Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%

Convolvulus massonii_B2_2070 N SI SI SI Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%

Polystichum drepanum_A2_B2_2020_2040 N Inc SI SI Inc U GI U GI Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%

Polystichum drepanum_A2_2070 N Inc SI SI Inc U GI U GI Inc N N N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%

Polystichum drepanum_B2_2070 N Inc SI SI Inc U GI U GI Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%

Page 76: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE152 153

Nív

el d

o m

ar

Bar

reir

as n

atur

ais

Bar

reir

as a

ntro

pogé

nica

s

Mit

igaç

ão à

s al

tera

ções

clim

átic

as

Capa

cida

de d

e di

sper

são/

mov

imen

tos

Nic

ho h

istó

rico

- to

lerâ

ncia

rmic

a

Nic

ho fi

siol

ógic

o - t

oler

ânci

a té

rmic

a

Nic

ho h

istó

rico

- to

lerâ

ncia

hi

drol

ógic

a

Nic

ho fi

siol

ógic

o - t

oler

ânci

a hi

drol

ógic

a

Dep

endê

ncia

de

um r

egim

e de

di

stur

bios

Gel

o/ne

ve

Cara

cter

ísti

cas

geol

ógic

as

inco

mun

s

Dep

endê

ncia

de

outr

as e

spéc

ies

para

cri

ação

de

habi

tat

Die

ta

Polin

azad

ores

Dep

endê

ncia

de

outr

as e

spéc

ies

para

dis

pers

ão

Inte

raçã

o co

m o

utra

s es

péci

es

Vari

abili

dade

gen

étic

a

Redu

ção

subs

tânc

ial d

a po

pula

ção

“bot

tlen

eck”

Resp

osta

s fe

noló

gica

s

Esca

la d

e vu

lner

abili

dade

[C

LIM

A-M

adei

ra]

Confi

ança

Esca

la d

e co

nfian

ça

[CLI

MA

-Mad

eira

]

Fato

res

sem

res

post

a

Espécies B1 B2a B2b B3 C1 C2ai C2aii C2bi C2bii C2c C2d C3 C4a C4b C4c C4d C4e C5a C5b C6

Sibthorpia peregrina_A2_B2_2020_2040 N Inc SI SI Inc U Inc U Inc Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%

Sibthorpia peregrina_A2_2070 N Inc SI SI Inc U Inc U Inc Inc N N N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%

Sibthorpia peregrina_B2_2070 N Inc SI SI Inc U Inc U Inc Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%

Pittosporum coriaceum_A2_B2_2020_2040 N Inc SI SI GI U Inc U GI Inc N U N N/A N N N U U N Negativa[-1] 63% Alta 33%

Pittosporum coriaceum_A2_2070 N Inc SI SI GI U Inc U GI Inc N U N N/A N N N U U N Crítica[-3] 63% Alta 33%

Pittosporum coriaceum_B2_2070 N Inc SI SI GI U Inc U GI Inc N U N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 63% Alta 33%

Sorbus maderensis_A2_B2_2020_2040 N GI N N Inc U Inc U GI Inc SI N N N/A N N N U Inc N Negativa[-1] 71% Alta 33%

Sorbus maderensis_A2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc SI N N N/A N N N U Inc N Crítica[-3] 71% Alta 33%

Sorbus maderensis_B2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc SI N N N/A N N N U Inc N Muitonegativa[-2] 71% Alta 33%

Armeria maderensis_A2_B2_2020_2040 N GI N N Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N SI N/A N Negativa[-1] 75% Alta 33%

Armeria maderensis_A2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N SI N/A N Crítica[-3] 75% Alta 33%

Armeria maderensis_B2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N SI N/A N Muitonegativa[-2] 75% Alta 33%

Saxifraga portosanctana_A2_B2_2020_2040 N GI SI SI Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%

Saxifraga portosanctana_A2_2070 N GI SI SI Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%

Saxifraga portosanctana_B2_2070 N GI SI SI Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%

Acacia mearnsii_A2_B2_2020_2040 N N N N SD U SD U N Dec N N N N/A N N N U U N Neutra[0] 67% Alta 33%

Acacia mearnsii_A2_2070 N N N N SD U SD U N Dec N N N N/A N N N U U N Positiva[1] 67% Alta 33%

Acacia mearnsii_B2_2070 N N N N SD U SD U N Dec N N N N/A N N N U U N Positiva[1] 67% Alta 33%

Falhas de conhecimento 0 0 0 0 0 30 0 30 0 0 0 3 0 0 0 0 0 27 24 0

Page 77: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 155

Anexo 4 – Definição dos fatores de sensibilidade utilizados no índice de vulnerabilidade de cetáceos

Fatoresdesensibilidade,adaptadosde(Laidreetal.2008;Simmonds&Smith2009)theirhabitatrequirements,andevidenceforbiologicalanddemographicresponsestoclimatechange.Wethendescribeapan-Arcticquantitativeindexofspeciessensitivitytoclimatechangebasedonpopulationsize,geographicrange,habitatspecificity,dietdiversity,migration,sitefidelity,sensi-tivitytochangesinseaice,sensitivitytochangesinthetrophicweb,andmaximumpopulationgrowthpotential(Rmax

Population size:Thecurrentpopulationsize.Specieswithbiggerpopulationsshouldhavemoreoptionsforadaptingorreestablishingthemselvesinlocalornewareas.ConsideringestimatesfortheAltanticareoftennotavaible,globalpopulationsizeisusedtoinformadequatejudgements.

Geographic distribution:GeographicdistributionofeachspecieswithintheNorthAtlantic.Widelydistributedspeciesshouldbelessvulnerablethannarrowlydistributedspeciesgivenregionaldeviationsinthedirectionandmagnitudeofclimatewarming.

Diet diversity:Thisvariableidentifiesthediversityofdiet.Thedietdiversityofaspeciesisconsideredafundamentalvariablebecausedietflexibilityorabilitytoconsumeavarietyofpreyspeciesshouldresultindecreasedsensitivity.

Migrations:Thisvariabledescribestheextentandfrequencyofannualmigrations.Migratoryspeciesarecharacterizedasmorevulnerableduetoapotentialspecifictemporalorseasonalrelianceonacertainhabitat.

*Human activities:Thisvariabledescribesthedegreeofvulnerabilityofspeciestohumanactivities.Increasedhumanactivitiesmaygaugevulnerabilityforspecies.

Page 78: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE156

*Genetic variability:Thisvariableidentifiesthespeciesgeneticvariability.Lowgeneticdiversitymaymakespecieslessabletorespondtochanges.

UICN Status:StatusattributedbyUICNRedList,bothglobalandregionalstatuswhenavailable.

*Definidonesteprojeto.

Page 79: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE158 159

Anexo 5 – Exemplo do índice de vulnerabilidade de cetáceos aplicado à espécie baleia piloto (indivíduos associados à ilha)

Sensitivity Indicators Possible answers

Score Data

Agr

eem

ent

Data quality

Tota

l con

fide

nce

1 2 3 Globicephala macrorhynchus short-finned pilot whale

0- n

o da

ta

1- E

xper

t Jud

gmen

t

2- L

imit

ed D

ata

3- A

dequ

ate

Dat

a

Population size

<100.000-SCORE=3

5

140island-associatedwhales(CI:131to151)usedthesouthernandeasternwatersofMadeiraduringthethreemonthperiodscoveringsummers/autumnsof2005-2011.Alvesetal.,2014describedatleasteightpodsofresidentandregularvisitorpilotwhalesinMadeira,eachwithanestimatedmeanof15individuals(SD=9,range:4to29).TheChapman’smodificationestimatedthatthetotalnumberofallwhales usingthesameareaandperiodsof2010and2011was340animals(CI:306to381).

3 3 6100.000-500.000-SCORE=2

>500.000-SCORE=1

Geographic distribution

restrictedtoanarea-SCORE=3

2 3

Acorearea,inthesouth-eastoftheislandofMadeira,isindicativeofthewhales’habitatpreferences.Whilebreedingissuggestedtobemainlyassociatedwiththeincreaseintherelativedensityduringautumn,theareaplaysanimportantroleforthespeciesthroughouttheyear.

2 3 5widespreadintheNortheastAtlanticbutrestrictedbyhabitat(e.g.coastalorinshorewaters)-SCORE=2

widespreadintheNortheastAtlantic-SCORE=1

Page 80: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

Sensitivity Indicators Possible answers

Score Data

Agr

eem

ent

Data quality

Tota

l con

fide

nce

1 2 3 Globicephala macrorhynchus short-finned pilot whale

0- n

o da

ta

1- E

xper

t Jud

gmen

t

2- L

imit

ed D

ata

3- A

dequ

ate

Dat

a

Diet diversity

Onepreytypecomprisedof>20%ofitsdiet-SCORE=3

2 3Resultsfromdifferentregionsagreethattheirdietconsistsprimarilyofsquid,withlesseramountsoffish(Alves,2013)

2 3 5Twopreytypecomprisedof>20%ofitsdiet=2-SCORE=2

If3ormorepreytypescomprisedof>20%ofitsdiet-SCORE=1

Migrations

Wholepopulationundertookanannualmigrationof>1000kmalongdefinedroutesandspecificsitesusedthroughtheyear-SCORE=3

3 2

Photo-identificationstudyofshort-finnedpilotwhalesinthearchipelagoofMadeira(Portugal)suggestsvaryingpatternsofoccurrencewithresident(upto14years),transientandtempo-raryemigrantwhalesoccupyingthestudyarea(Alvesetal.,2013).

2 3 5Populationundertooksmallermigrationsorsubstantialregionalshifts-SCORE=2

Populationstayedinthesamegeneralregionthroughouttheyear-SCORE=1

Human activities

Increaseinspeciesvulnerabilityduetohumanactivities-SCORE=3

2 3

*Assumedthathumanactivitiesimpactwilleitherstaythesameorincrease.whale-wa-tchingactivitystandsasthemajorpotentialthreat.

2 2 4Speciesvulnerabilityismaintainedduetohumanactivities-SCORE=2

Reductioninspeciesvulnerabilityduetohumanactivities-SCORE=1

Genetic variability

Lowgeneticvariability-SCORE=3

4 1

GeneticanalysessuggestthatindividualsofthedifferentresidencypatternsencounteredinMadeiramaynotbegeneticallyisolatedandthattheymayinteractformatingpurposesuponmeeting(Alvesetal.,2013).*Assumedmediumtohighgeneticvariability.

2 2 4Mediumgeneticvariability-SCORE=2

Highgeneticvariability-SCORE=1

IUCN Status

CriticallyEndangered(CR),Endangered(EN),Vulnerable(VU)-SCORE=3

5 Globalandregionalstatus:LC 3 2 5TOTAL

CONFIDENCENearThreatened(NT)-SCORE=2

LeastConcern(LC)-SCORE=1

12 9 14 0 0 6 12 34,0 77

ScoreVULNERABILITY SCORE

Dat

a Q

ualit

y Sc

ore

1 2 3 2,6

12 18 42 53

Page 81: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

adaptação às alterações climáticas

BIODIVERSIDADE

AUTORES

Andreia Sousa, Filipa Vasconcelos,

David Avelar, Maria João Cruz

27 DE FEVEREIRO DE 2015

Page 82: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 165

ResumoOprojetoCLIMA-Madeiratemcomoobjetivoestudaravulnerabilidadeeasrespostasàsaltera-çõesclimáticasnoarquipélagodaMadeira.Oprojetoenvolvediferentessetorescomoagricul-turaeflorestas,saúde,turismo,biodiversidade,energiaerecursoshídricos.Oprojetopretendeidentificarasvulnerabilidadesnosdiferentessetores,criarumaplataformadeapoioàdecisãoeinformarodesenvolvimentodeumaestratégiaregionaldeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas.

Nosetordabiodiversidade,oprojetovisaavaliaravulnerabilidadedasespéciesàsalteraçõesclimáticasparadepoisdefinirumplanodeadaptaçãoemonitorizaçãoparaaBiodiversidade.Norelatório1dosetordabiodiversidadefoiselecionadoumconjuntodeespécies-alvotantoparagruposterrestrescomoparamarinhosparaasquaisseavaliouavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasatravésdaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidade.Deentreosgruposterrestres,osbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscosapresentaramumaumentodavulnerabilidadeaolongodoscenáriostemporaisatingindoaclassedevulnerabilidade“Crítica(-3)”nofinaldoséculo.Osgruposquedetêmmaisespéciesquepodembeneficiardasalteraçõesdoclimasãoogrupodosrépteiseodasaves,atingindoacategoriadevulnerabilidade“Positiva(1)”nocenárioA2paralongoprazo.OshabitatsterrestresdoMaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmuladoeZambujalMadeirenseapresentaramumavulnerabilidade“Crítica(-3)”nocenárioA2paralongoprazo,enquantoqueaFlorestaLaurissilvaapresentouumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”.

Asespéciesdecetáceosmaisvulneráveissãoocachaloteeabaleiacomum,naclasse“Muitonegativa(-2)”eespéciescomoabaleiatropicaleogolfinhoroazassociadosàilhaapresen-tamumavulnerabilidade“Negativa(-1)”.Relativamenteaospeixeseinvertebradosmarinhos,poderãosurgirtantoimpactosnegativos(comoareduçãodaspopulaçõesdeespéciesdeclimasmaisfrios)comoimpactospositivos,comoaumentodaabundânciadeespéciescomafinidadestropicaisousubtropicaiseoaparecimentodenovasespécies.Estaavaliaçãodavulnerabilidadepermitiuaidentificaçãodeespéciesemriscoedeespéciesindicadoras.

Aavaliaçãodacapacidadeadaptativahumanaveiopermitirumaavaliaçãomaiscompletadavulnerabilidadedosdiferentesgruposehabitats.Osgruposterrestresmaispreocupantessãoosbriófitoseosartrópodescujasespéciesestudadasapresentamumamaiorvulnerabilidade

Page 83: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE166

eacapacidadeadaptativafoiavaliadacomo“razoável”.Ogrupodoslíquenesapresentaumavulnerabilidadebaixa,noentanto,temumareduzidacapacidadeadaptativa.

Nogeralogrupodoscetáceoséumgrupovulnerável,masqueapresentaumaelevadacapa-cidadeadaptativa.Osgruposdospeixeseinvertebradosapresentamumavulnerabilidadequepodevariardepositivaacríticamasambososgruposapresentamumabaixacapacidadeadaptativa.

Asmedidasdeadaptaçãoforamcompiladascombasenoscontributosdoworkshopdeadap-taçãodoprojetoCLIMA-MadeiraecomumaseleçãodemedidaslistadasdaEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticasparaosectordabiodiversidade,aplicáveisàrealidadedaRAM.Amaioriadasmedidas,focam-senasdimensõesconhecimentoegovernança.

Palavras-chave:Adaptação;AlteraçõesClimáticas;Biodiversidade;CapacidadeAdaptativaAtual;ArquipélagodaMadeira.

Page 84: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 169

1. Introdução

1.1. Enquadramento

Anívelinternacionalhádiversosdocumentoscomrecomendaçõeseorientaçõesquevisamacriaçãodemecanismosdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaamanutençãodabiodi-versidade.SãoexemplosaConvençãoparaaDiversidadeBiológica,aConvençãosobreZonasHúmidas,aConvençãosobreaVidaSelvagemeosHabitatsNaturaisnaEuropa,oPlanodeAçãodaUniãoEuropeia“Até2010—emaisalém”e,maisrecentemente,aEstratégiadeBiodiversi-dadedaUniãoEuropeiapara2020.

EmlinhacomosdesenvolvimentosemmatériadeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasnaUniãoEuropeia,porexemploo“LivroBranco.Adaptaçãoàsalteraçõesclimáticas:paraumquadrodeaçãoeuropeu”(ComissãoEuropeia2009),PortugalaprovouasuaEstratégiaNacionaldeAdap-taçãoàsAlteraçõesClimáticas(ENAAC)emAbrilde2010(ResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º24/2010,DR:1.ªsérieN.º64de1deAbrilde2010).Esteinstrumentoestratégicopretendeenquadrarepromoverumconjuntodeorientaçõesedemedidasdeadaptaçãoaaplicaratravésdeumaabordagemintegradaeenvolvendoumalargadoconjuntodesetores.

AaplicaçãonacionaldaENAACestásobacoordenaçãointerministerialdaComissãoparaasAlteraçõesClimáticas(CAC),criadapelaResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º72/98,de29deJunho,apoiadapeloseuComitéExecutivo(CECAC),queporsuavezéapoiadoporumgrupodecoordenação,pelosgruposdetrabalhosectoriaiseporumpainelcientífico(Despachon.º14893/2010,de18deSetembro).AaplicaçãodaENAACnasRegiõesAutónomasdosAçoresedaMadeiraédaresponsabilidadedosrespetivosGovernosRegionais.

OprojetoCLIMA-MADEIRApretendeidentificarecaracterizarpotenciaisimpactosdasalte-raçõesclimáticassobreossetoressaúdehumana,biodiversidade,recursoshídricos,turismo,energia,agriculturaeflorestasnoArquipélagodaMadeira,permitindoassimavaliarquaisasprincipaisvulnerabilidadesdessessistemasàsalteraçõesclimáticaseidentificarepriorizarmedidasdeadaptação.

Page 85: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE170 171

Arthropoda(69,09%)

Mollusca(14,68%)

Nematoda(0,07%)

Platyhelminthes(0,07%)

Chordata(1,06%)

Spermatophyta(10,30%)

Lichens(0,85%)

Fungi(2,54%)

Bryophyta(0,78%)

Pteridophyta(0,56%)

Figura 1 – Proporção de taxa endémicos (espécies e subespécies) dos vários grupos de fungos, plantas e animais terrestres dos arquipélagos da Madeira e Selvagens. Fonte: Borges et al.,2008.

Osdiferenteshabitatsterrestresestãodistribuídosemaltitudeemdiferentessériesdevegeta-ção,sendoestasvitaisparaaconservaçãoemanutençãodosserviçosdeecossistemas.AilhadaMadeiracompreendeváriosandaresdevegetaçãoclimatófiladesdeascotasmaisbaixasatéàsdemaioraltitude(Capelo2004).AprimeirasériedevegetaçãocorrespondeaoZambujalMadeirensequeseencontraacotasinferiorescomescarpasrochosasentre0e200metrosnaencostasul(Figura2).AsériedoMatagalMarmulanoocorreacotasentreos200e300metrosdealtitudenaencostasuleentreos0e50metrosnaencostanorte.Estasérieestáassociadaasolospoucoprofundoseapresentaumaelevadaexposiçãoaosventoshúmidosnaencostanorte.Aflorestaautóctone,Laurissilva,éumecossistemadeextremaimportânciaedeelevadararidade,queocorreemduassériesdistintas:LaurissilvaMediterrânicadoBarbusanoquesedistribuiaproximadamenteentreos300e800metrosemsolospoucoprofundosemambasasencostaseaLaurissilvaTemperadadoTilqueseencontraemsolosmaisprofundosentreos800e1450metrosnaencostasuleos300–1400metrosnaencostanorte.ALaurissilvaTemperadadoTiléasériedevegetaçãocomamaioráreaocupadaemambasasencostas.AvegetaçãodealtitudedoMaciçoMontanhosoCentraldivide-senassériesUrzaldeAltitudeeVegetaçãoRupícoladeAltitude.AprimeiraconsistenumbosquedeurzalarbóreopresenteemsolospoucoespessoseafloramentosrochososcompredominânciadeEricaarboreaqueocupacotassuperioresa1400metros.AsériedeVegetaçãoRupícoladeAltitudeécaracterizadaporcomunidadespermanentesqueocorrememsubstratorochosoacotasacimade1560metrosdealtitude(SRA2014a).

Existemaindamuitosdesafiosnaprevisãoemonitorizaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáti-casnabiodiversidade.Énecessárioteremcontaquealgunsefeitospoderãotornar-seevidentesapenasalongoprazo.Alémdisso,osefeitosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasenabiodiversidadeassociadasãomuitocomplexos,sendonecessárioconsideraraflexibilidadefenotípicaegenotípicadasespécies,assuasrespostasaosefeitosdeváriosfatoresclimáticosemsimultâneo,assimcomoasinteraçõesentreasváriascomponentesdosecossistemaseosimpactosindiretosquedaíadvêm.

Emtermosestruturais,opresentedocumentoécompostoporcincooutroscapítulos,alémdesteprimeirocapítulointrodutório.Nosegundocapítulosãoapresentadasasmetodologiasutilizadas.Noterceirocapítulosãosumarizadososresultadosobtidosaníveldelacunasdoconhecimento.Noquartocapítuloapresenta-seacapacidadeadaptativaatual.OquintocapítulolistaasmedidasdeadaptaçãoaplicáveisaosectordabiodiversidadenocontextodoArquipé-lago.Noúltimocapítuloapresentam-seasprincipaisconclusõesdopresentetrabalho.

1.2. Biodiversidade da Madeira

AMadeiraapresentaumafaunaefloraúnica,sendoconsideradaum‘hot-spot’debiodiversidademediterrânica.Localizadanaregiãobiogeográficadamacaronésia,temumelevadonúmerodeendemismosehabitatsricoscomumaelevadadiversidadedeespéciesterrestesemarinhas.Paraosprincipaisgrupostaxonómicosterrestressãoconhecidoscercade1419taxa-1286espéciese182subespécies-sendoosgruposcommaiornúmerodeendemismososmoluscoseosartrópodes,comcercade210e979espéciesesubespéciesrespetivamente.Ogrupodosmoluscosrepresentaassim14,68%dototaldeendemismoseosartrópodesa69,09%(Borgesetal.2008).Váriasespéciesmarinhasestãopresentesemáguasmadeirensesnomeadamente25espéciesdecetáceos,cincoespéciesdetartarugasmarinhaseafocamongeclassificadacomocriticamenteameaçada(Cabraletal.2005).

Page 86: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE172

Figura 2 – Séries de vegetação natural potencial da ilha da Madeira (Capelo et al, 2004).

1.3. Objetivos do relatório

1 ) AvaliaçãodavulnerabilidadedabiodiversidadeendémicaedeoutrasespéciescominteressedaregiãoautónomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticasatravésdeíndicesdevulnerabilidadequeintegramacapacidadeadaptativaintrínsecadasespécies;

2 )  Identificarlacunasnoconhecimento;

3 ) Avaliardequemodoosresultadosobtidospelosrestantessetoresaníveldevulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticaspoderãoterefeitossobreabiodiversidade;

4 ) Definirmedidasdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaosectordabiodiversidade.

Page 87: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 175

2. MetodologiaDemodoaidentificarmedidasdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaosectordabiodiversi-dadedaregiãoautónomadaMadeiraseguiram-seasseguintesetapas:

2.1.Avaliarosimpactosevulnerabilidadedasespécies-alvoàsalteraçõesclimáticas;

2.2.Avaliaracapacidadeadaptativaatualdossistemashumanos;

2.3.Avaliarlacunasnoconhecimento;

2.4.Identificarprincipaismedidasdeadaptaçãotendoemcontaasvulnerabilidadesidentifica-daseacapacidadeadaptativaatual.

Deseguidadescrevem-seosmétodosutilizadosparacadaumadessasetapas.

2.1. Avaliar os impactos e vulnerabilidades

OsprincipaisimpactosevulnerabilidadesdabiodiversidadedoArquipélagodaMadeiraàsalteraçõesclimáticasencontram-sedescritosnoprimeirorelatóriodoprojecto(Cruzetal.2014).Denotarqueapenasfoiavaliadaavulnerabilidadedecercade10espécies-alvoporgrupo,nãosendoporissoumaavaliaçãocompletaeexaustiva.Osresultadosdevemporissoseranalisadoscomprecaução.

Numafaseposterior,foramavaliadosospotenciaisimpactosindiretosnabiodiversidadedecor-rentesdasvulnerabilidadesidentificadasnosoutrossectoresemestudo.Estaavaliaçãoteveporbaseosresultadosdeimpactosevulnerabilidadesobtidospelosoutrossectores,seguindoumametodologiadeexpert judgement.Estecruzamentointer-sectorialdosimpactospermiteodesenvolvimentoderespostasintegradasàsalteraçõesclimáticas.

Page 88: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE176 177

Tabela 2 – Escala da avaliação sumária da capacidade adaptativa atual.

ELEVADA RAZOÁVEL REDUZIDA

2.3. Avaliar lacunas no conhecimento

Nosgruposterrestres,aslacunasnoconhecimentoforamavaliadasaquandodaaplicaçãodoíndiceCCVI(verCruzetal.2014).

Aavaliaçãodaconfiançanosresultadosobtidoscomoíndicedevulnerabilidadedoscetáceos,foicalculadacombasenapontuaçãoatribuídaacadafatordesensibilidadeeàqualidadedainformaçãoutilizadanaavaliação.Aqualidadedainformaçãopermitiutambémidentificarasfalhasnoconhecimentodasespéciesavaliadas.Aslacunasnoconhecimentoparaogrupodospeixesedosinvertebradosfoiavaliadaatravésderevisãobibliográfica.

2.4. Identificar principais medidas de adaptação

No1ºworkshopdoprojetoCLIMA-Madeira,foramidentificadasmedidasdeadaptaçãoparaofuturo,porpartedosagentesexternosrepresentativosdopoderregional,dopodereconhe-cimentolocal,dasociedadeciviledaindústrianaRAM.Asmedidasestratégicasparaosectordabiodiversidadeforamcompiladascombaseem:i)medidasidentificadasnoworkshoppelosagentesexternoseii)umaseleçãodemedidaslistadasdaEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticasparaosectordabiodiversidade(Araújoetal.2013)aplicáveisàrealidadedaRAM.Aseleçãodestasmedidastevecomobaseaavaliaçãodevulnerabilidadesedacapa-cidadeadaptativa.Estasmedidasdeadaptaçãoforamagrupadasnasseguintesdimensões:i)conhecimento;ii)tecnologia;iii)governança;iv)socio-economiaev)natureza.

2.2. Avaliar a capacidade adaptativa atual

Acapacidadeadaptativaatualavaliadarefere-seàcapacidadeatualdossistemashumanosdedarrespostaaosimpactosdasalteraçõesclimáticas.AcapacidadeadaptativaintrínsecadasespéciesfoiconsideradaaquandododesenvolvimentodoíndiceCCVI(verCruzetal2014).

Ametodologiautilizadaparaavaliaracapacidadeadaptativaatualdossistemashumanosconsi-deratrêscritérios(Tabela1):

4 ) Conhecimento;

5 ) Planose/ouprogramasdeconservaçãoatuais;

6 ) Níveldeproteçãoatual(legislaçãoregionaleeuropeiaeestatutodeameaçaIUCN).

AcadaumdoscritériosfoiatribuídaumaavaliaçãodeacordocomaescaladaTabela1paraosdiferentesgruposehabitatsterrestresemarinhos(Tabela4).

Aavaliaçãodacapacidadeadaptativaatualfoielaboradacombaseemrevisãobibliográficaecontribuiçõesdosperitosedestakeholderslocais.Estascontribuiçõesforamvalidadasno1ºworkshopdoprojetoCLIMA-Madeira,a12deFevereirode2015quetevelugarnoFunchal.

Tabela 1 – Critérios e escala de avaliação da capacidade adaptativa atual.

CRITÉRIOS AVALIAÇÃO

Conhecimento(-)(+/-)(+)

ReduzidoRazoávelElevado

Planos/programasdeconservaçãoatuais

(-)(+)

NãoexistemplanosExistemplanos

Estatutolegaldeproteçãoe/ou estatutodeconservação(IUCN)

(-)(+)

NãoexisteproteçãoouproteçãoreduzidaElevadograudeproteção(todasasespéciesougrandepartedaáreadedistribuiçãonocasodoshabitats)

Aavaliaçãosumáriadacapacidadeadaptativaatualparacomparaçãocomavulnerabilidadedosgruposehabitatsterrestresemarinhos(verseção3.4),foirealizadautilizandoaseguinteescaladaTabela2:

Page 89: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 179

3. Resultados

3.1. Vulnerabilidade e vulnerabilidade cruzada (inter-sectorial)3.1.1. Vulnerabilidade da biodiversidade às alterações climáticas

OsprincipaisimpactosevulnerabilidadesdabiodiversidadedoArquipélagodaMadeiraàsalteraçõesclimáticasencontram-sedescritosnoprimeirorelatório(Cruzetal.2014).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Líquen

es

Briófito

s

Plantas

Vascu

lares

Moluscos

Artrópodes

Réptei

s Ave

s

Mamífe

ros

Perc

enta

gem

de

espé

cies

-alv

o (%

)

Grupos terrestres

Crítica

Muito negativa

Negativa

Neutra

Positiva

Figura 3 – Vulnerabilidade dos grupos terrestres para o cenário A2 de longo prazo.

Page 90: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE180 181

ESPÉCIES (nome científico e nome comum)

VULNERABILIDADE CLIMA-MADEIRA

[-3; 2]

CONFIANÇA CLIMA-MADEIRA

[Muito alta; Muito baixa]

Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical(associadosàilha)

Negativa(-1) Alta

Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical

Negativa(-1) Alta

Balaenoptera brydeiBaleiadeBryde

Negativa(-1) Alta

Tursiops truncatusGolfinhoroaz(associadosàilha)

Negativa(-1) Alta

Tursiops truncatusGolfinhoroaz

Neutra(0) Alta

Delphinus delphisGolfinhocomum

Neutra(0) Alta

Stenella frontalisGolfinhopintado

Neutra(0) Alta

Oimpactopotencialdasalteraçõesclimáticasnospeixesenosinvertebradosmarinhosédedifícilquantificação.Porumladopoderãosurgirnovasespécies,criandooportunidadesparaosetordaspescasnoarquipélagomas,também,podendocriarimpactosnegativosaníveldealteraçõesnascadeiastróficas.Poroutrolado,poderãodesapareceralgumasespécieseoutraspoderãosofreralteraçõesnasuaabundância.Éocaso,porexemplo,dopeixe-espada-preto,dadoqueoArquipélagodaMadeirarepresentaumdoslimitessuldasuadistribuição.TantoaCavalacomooChicharro(asoutrasduasespéciesmaispescadasnoarquipélago)sãoespéciesassociadasaáguasmaisquenteseportantomenosvulneráveisaoaumentodatemperaturadomar.

Principais fatores de Vulnerabilidade

Foramanalisadososprincipaisfatoresquecontribuemparaumaelevadavulnerabilidadedasespéciesterrestres.Paraamaioriadasespéciesasbarreirasnaturaissãoofatorquemaiscontribuiuparaavulnerabilidadedasespécies.Asbarreirasnaturaiseantropogénicaslimitam

Osgruposterrestresqueapresentammaiornúmerodeespéciesvulneráveissãoosbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscosterrestres.Destes,80%dasespéciesdeplantasvascularesedemoluscosterrestrese70%dasespéciesdebriófitosforamclassificadasnaclasse“Critica(-3)”,nocenárioA2paraofinaldoséculo.Nogeral,comexceçãodasavesedosrépteis,amaioriadosrestantesgruposapresentaumavulnerabilidade“Neutra(0)”(Figura3).

Emresumoadistribuiçãodasespéciesnasdiferentesclassesdaescaladevulnerabilidadeemtodososcenários,aFlorestaLaurissilvaapresentaummaiornúmerodeespéciesnasclasses“Neutra(0)”.OMaciçoMontanhosoCentraleaFlorestaLaurissilvasãooshabitatsmelhorrepre-sentadosnaRAMeporissoapresentamummaioremaisdiversificadonúmerodeespéciesconsideradas.OMaciçoMontanhosoCentralapresentaummaiornúmerodeespéciesnaclassenegativa“Negativa(-1)”.OZambujalMadeirenseeoMatagalMarmulanoapresentamomaiornúmerodeespéciesnaclasse“Crítica”.

Paraalémdestacaracterizaçãodoshabitatsdeacordocomadistribuiçãodasdiferentesespécies,foitambémconsideradaainformaçãodamodelaçãobioclimáticaparaoMaciçoMontanhosoCentraleparaaLaurissilvaeoutrascondicionantesdohabitatcomoatopografiaesubstrato,apressãourbanaeafragmentaçãodohabitat.Avulnerabilidadefinaldoshabitatséapresentadanamatrizdevulnerabilidade(Anexo3).

Relativamenteaogrupodoscetáceosocachaloteeabaleiacomumapresentamumavulnera-bilidademuitonegativa,asespéciesdebaleiapiloto(incluindoosindivíduosassociadosàilha),abaleiadeBrydeeosindivíduosassociadosàilhadegolfinhoroazapresentamumavulne-rabilidadenegativa.Ogolfinhoroaz,ogolfinhocomumeogolfinhopintadoapresentamumavulnerabilidadeneutra(Tabela3).

Tabela 3 – Vulnerabilidade futura dos cetáceos e confiança nos resultados de acordo com a escala do projeto [CLIMA-Madeira: Critica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).]

ESPÉCIES (nome científico e nome comum)

VULNERABILIDADE CLIMA-MADEIRA

[-3; 2]

CONFIANÇA CLIMA-MADEIRA

[Muito alta; Muito baixa]

Physeter macrocephalusCachalote

Muitonegativa(-2) Alta

Balaenoptera physalusBaleiacomum

Muitonegativa(-2) Alta

Page 91: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE182 183

0

1

2

3

4

5

6

Capacidade de dispersão Nicho fisiológico - tolerância térmica

Nicho fisiológico - tolerância hidrológica

Regime de distúrbios

Núm

ero

de g

rupo

s

Factor de sensibilidade

Figura 5 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade positiva dos grupos terrestres.

Relativamenteaoscetáceos,ocachaloteeabaleiacomumapresentamumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”devidoaosfatorestamanhodapopulação,dieta,migraçõeseestatutodeameaça.Osindivíduosassociadosàilha,comoabaleiapiloto,apresentamumavulnerabili-dadenegativadevidoaosfatorestamanhodapopulação,distribuiçãogeográfica,migraçõeseestatutodeameaça.Asespéciesqueapresentamumavulnerabilidade“Neutra(0)”,devem-seàavaliaçãodosfatorestamanhodapopulação,distribuiçãogeográfica,dieta,variabilidadegenéticaeestatutodeameaça.

Osresultadossumáriosdavulnerabilidadedasespéciesehabitatsmarinhoseterrestres,comosrespetivosfatoresdeexposiçãoeaavaliaçãodeconfiançaestãorepresentadosnamatrizdevulnerabilidadesnoAnexo3.

3.1.2. Vulnerabilidades para a biodiversidade decorrentes dos impactos esperados noutros sectores

FoiidentificadapelosparticipantesnoworkshopdeadaptaçãodoprojetoCLIMA-Madeira,apotencialidadedeasaluviõesteremimpactonoecossistemalitoraldailhadaMadeiracomrepercussõesnasatividadesmarítimo-turísticas.Assim,casoseverifiqueumaumentodestesfenómenos,avulnerabilidadedosecossistemasmarinhoslitoraispoderátambémaumentar.

acapacidadedasespéciesalteraremasuaáreadedistribuiçãoemrespostaàsalteraçõescli-máticas.Atolerânciahidrológicarelaciona-secomadependênciadasespéciesdeumregimedeprecipitaçãooudecondiçõesdehumidadelocalizadasquepodemviradiminuiroudesaparecercomasalteraçõesclimáticas.Atolerânciatérmicaéumfatordesensibilidadeimportanteparaespéciesassociadasatemperaturasfriasquepodemsofrerreduçõesnasuaáreadedistribui-çãoeabundância.Acapacidadededispersãoemovimentopretenderefletirestacaracterísticaintrínsecadasespécies,que,sendoelevada,tornaasespéciesmaisresilientesàsalteraçõesnascondiçõesclimáticasaolongodotempo(Figura4).

Àsemelhançadosfatoresdesensibilidadequemaiscontribuemparaumaelevadavulnerabi-lidade,algunsdosmesmosfatorestambémcontribuemparaumamenorvulnerabilidadedasespécies(Figura5).Existemespéciesquepoderãobeneficiardaalteraçãodoregimehidrológicoedoaumentodatemperatura.Aelevadacapacidadededispersãotambémcontribuíparadiminuiçãodavulnerabilidadenamaioriadasespéciesmigratóriaspermitindoqueestasalteremasuaáreadedistribuição.Asalteraçõesnoecossistemacomoresultadodeumregimesdedistúrbios(cheias,fogos,etc)podembeneficiaralgumasespécies.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Barreiras Naturais Nicho fisiológico – tolerância hidrológica

Nicho histórico – tolerância térmica

Barreiras antropogénicas

Capacidade de dispersão

Núm

ero

de g

rupo

s

Factor de sensibilidade

Figura 4 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade negativa dos grupos terrestres

Page 92: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE184 185

3.1.3. Impactos das alterações da biodiversidade noutros sectores

Osectordosrecursoshídricosidentificouasalteraçõesnaqualidadeedisponibilidadedeáguasubterrâneacomodependentesdarecargaresultantedaprecipitação,precipitaçãoocultaetemperatura.Noentanto,paraalémdestesfatoresarecargaéaindainfluenciadapelapermeabi-lidade,ousoeocupaçãodosolo,odecliveeocobertovegetal.Aimportânciadascaracterísticasfísicasmastambémnaturaisnadisponibilidadedeáguapodemserarticuladascomoimpactonoshabitatsavaliadosnosectordabiodiversidade.

OspotenciaisimpactosidentificadosparaosectordoTurismonaMadeiraprendem-secomaafetaçãodospercursosterrestres,doscursosdeáguaedapaisagemflorestal.Nomeiomarinho,aafetaçãodeatividadescomoexcursões,passeioseprodutosturísticoscomoaobservaçãodevertebradosmarinhos,apescaturística,avelaouoremotambémterãoimpactonaofertaturísticadaMadeira.Nestesentidoérelevanteaarticulaçãodestesimpactoscomosimpactosidentificadosparaabiodiversidadeterrestreemarinha.

OsectordaSaúdeHumanaidentificoucomoimpactopotencialdasalteraçõesclimáticasodesenvolvimentoesobrevivênciadomosquitoAedes aegypti.Segundoaavaliaçãofeitapelosectordabiodiversidade,espera-sequeestaespéciepossabeneficiardasalteraçõesclimáticaseaaumentarasuaáreadedistribuiçãoatual.

NofuturoesteimpactopoderáviraseravaliadoemconjuntocomosectordosrecursoshídricosnacomponentedosriscosetambémemarticulaçãocomosectordoTurismo.

OsectordaAgriculturaeflorestasidentificouaexpansãodeexóticasinvasoraseaexistênciadepragasedoençascomoimpactosqueinfluenciamaprodutividadedasculturasdebananeira,vinhaehortícolas.Osectordabiodiversidadeidentificouquenogeralasespéciesexóticasterãotendênciaabeneficiardasalteraçõesclimáticas(verfigura6).Naavaliaçãodaáreadedistribui-çãopotencialdasculturasfoiconsideradooefeitodadeslocaçãodaadequaçãoclimáticaemaltitudeeascaracterísticasdasculturascomofatorescríticosaestadeslocação.EsteimpactopoderáterconsequênciasnaflorestanaturaldaMadeira,poispoderáhavercompetiçãoporespaçoerecursoscomasculturas.

Oriscodeocorrênciadepragasinfluenciadopeloaumentodatemperatura,diminuiçãodaprecipitaçãoeinteraçõesbióticaspoderánofuturoseravaliadoemarticulaçãocomosectordabiodiversidadenoquerespeitaàsespéciesenvolvidaseàsinteraçõesbióticasdasmesmas.

Poroutrolado,osectordaagriculturaidentificouopotencialdeemcenáriosfuturosseobservarumareduçãodaáreaagrícola,sobretudodasáreasagrícolasmaispequenas,emmosaicos,e,portanto,comumamaiorimportânciaaníveldebiodiversidade.Estapotencialreduçãopoderáterimpactosnegativosnasespéciesassociadasaesteshabitats.Assim,algumasespéciesdeavescomoaColumba torcazouaCarduelis cannabinaqueforamclassificadascomonãovulneráveisàsalteraçõesclimáticas,poderãoserafectadasindirectamentepelosimpactosaníveldaagricultura.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Crítica Muito negativa Negativa Neutra Positiva Muito Positiva

Núm

ero

de e

spéc

ies

Escala de Vulnerabilidade

Maciço Montanhoso Central

Laurissilva

Matagal Marmulano

Zambujal Madeirense

Figura 6 – Distribuição da vulnerabilidade das espécies endémicas, exóticas e nativas para o cenário A2 no final do século.

Page 93: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE186 187

Noqueconcerneaosmamíferos,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamenteaosfatoresgenéticoseàadaptaçãodasespéciesàsalteraçõesclimáticas.

Quantoaogrupodosmoluscosaprincipalfalhanoconhecimentoprende-secomfaltadeinfor-maçãorelativamenteàspotenciaisalteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas.

Paraogrupodasplantasvasculares,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.

Porfim,nogrupodosrépteis,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas,nomeadamentenoquedizrespeitoàpossibilidadedeanteciparouadiarareproduçãocon-soanteatemperaturae/ouadisponibilidadedealimento.

3.2.4. Fauna marinha

Nogrupodoscetáceosasprincipaisfalhasnoconhecimentosãoafaltadeinformaçãorela-tivamenteaotamanhopopulacionaldasespécies,àsmigraçõeseaoimpactodasatividadeshumanasnaspopulaçõesdecetáceos.

Asprincipaisfalhasnoconhecimentonogrupodospeixeseinvertebradosrelacionam-secomafaltadeinformaçãosobreabiologiaeecologiadasespéciesesobreosimpactosdirectosaoníveldacadeiratróficadosefeitosdasalteraçõesclimáticas.

Noquerespeitaaosdadosdedescargadopescado,estesapresentamlimitaçõesquandosepretendeinferirsobreoimpactoalteraçõesclimáticasnascomunidadesdepeixes.Estasestatísticasestãoinfluenciadasporfatoresambientaismastambémsociaiseeconómicoscomoastécnicaseequipamentosdepescaeasnecessidadesdosmercados.Destaformaécomplexoavaliarosimpactosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasmarinhosdevidoàinteraçãosinergísticaentreosfatoresnaturaisehumanos.Nestesentidodevemserdesenvolvidasmeto-dologiasquantitativasparaavaliaravulnerabilidadedasespécies(verCruzetal2014).

NocasodasespéciesnãoindígenasénecessáriamaisinformaçãosobreaabundânciadestasespéciesnoarquipélagodaMadeira.Étambémnecessárioaumentardeformaconsistenteaáreadeavaliaçãoedarcontinuidadeaostrabalhosdemonitorização(Canning-Clodeetal.2013;SRA2014b).Noquerespeitaapolíticasdegestão,maisinformaçãosobrevetoresdeintroduçãodeespéciesnãoindígenas(tipologiaemagnitude)érelevanteparareduzirachegadadenovasespécies(VECTORS2014).

3.2. Lacunas no conhecimento3.2.1. Habitats terrestres

Paraoshabitatsnaturais,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadasuadistribuiçãorealassimcomoaslimitaçõesinerentesàmodelaçãodosimpactosdiretosdasalteraçõesclimáticas.ParaoMaciçoMontanhosoeparaaFlorestadaLaurissilvafoirealizadoumestudodemodelaçãobioclimática(Cruzetal.2009),sendoporissoconhecidosospotenciaisimpactosdiretosdasalteraçõesclimáticasnestesdoishabitats.Porém,existemaindaelevadasfalhasnoconhecimentodosefeitosindiretosedaspotenciaisinteraçõesbióticas.ParaoshabitatsdoMatagalMarmulanoedoZambujalMadeirensenãoexistequalquerinformaçãodisponívelsobreospotenciaisimpactosdiretosouindiretos,tendo-seapresenteavaliaçãobaseadoapenasemexpert judgement.

3.2.2. Habitats marinhos

ParaoshabitatsmarinhosdoArquipélago,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadasuadistribuição,composiçãoefuncionamentoqueempartesetraduzemtambémnaslimitaçõesinerentesàmodelaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáticas.

Nogeral,umadasprincipaislacunassobreoecossistemamarinhodasubdivisãodaMadeiraconsistenafaltadeconhecimentosobreasinteraçõesentreasespécieseosseusecossis-temasqueacabaporlimitarodesenvolvimentodeindicadoresdebiodiversidade,queestãodependentesdevaloresdereferência,paraaavaliaçãodoestadoambientaldosecossistemas(SRA2014b).

3.2.3. Fauna e Flora terrestres

Osartrópodessão,deummodogeral,umgrupoaindainsuficientementeestudadonoarquipé-lagodaMadeira,tendoemconsideraçãoqueainformaçãobásicasobreabiologia,distribuição,abundânciaerequisitosecológicosdamaioriadasespécieséaindapoucoconhecida.Paraalémdisso,informaçãosobreafisiologia,fenologiaegenéticadasespéciesépraticamenteinexistente.Destemodo,odesconhecimentodasrespostasfisiológicas,fenológicaserelativamenteaosfatoresgenéticoseadaptaçãodasespéciesàspotenciaisalteraçõesclimáticasconstituiuumforteentraveparaoconhecimentodastendênciaspopulacionaisdasespéciesemfunçãodosdiferentescenáriosdealteraçõesnoclimadaMadeira.

Paraogrupodoslíquenes,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadadistribuiçãodasespéciescomelevadaresoluçãoespacialeissolevaaumaausênciadeinformaçãosobreonichoecológico.Paraalémdissonãoháinformaçãorela-tivamentearespostasfisiológicaseàvariabilidadegenéticadecadaespécienemquantoàsuacapacidadedeadaptaçãoàspotenciaisalteraçõesclimáticas.

Relativamenteaosgruposdasavesebriófitos,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomafaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasefenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.

Page 94: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE188 189

CONHECIMENTO

PLANOS/PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO

ACTUAIS

NÍVEL DE PROTECÇÃO

ACTUAL

HABITATS TERRESTRES

MaciçoMontanhosoCentral + + +

Laurissilva + + +

MartagalMarmulano +/− - +/−

ZambujalMadeirense +/− - +/−

HABITATS MARINHOS

ReservaNaturalParcialdoGarajau(marinha) +/− + +

ReservaNaturaldaRochadoNavio(marinha) +/− + +

RededeÁreasMarinhasProtegidasdoPortoSanto(mista)

+ + +

ReservaNaturaldasIlhasDesertas(mista) + + +

ReservaNaturaldasIlhasSelvagens(mista) + + +

ÁreamarinhadaPontadeSãoLourenço +/− + +

3.3. Capacidade adaptativa actual dos sistemas humanos

Acapacidadeadaptativaatualavaliadanestesubcapítulorefere-seàcapacidadeatualdossiste-mashumanosdedarrespostaaosimpactosdasalteraçõesclimáticas.Acapacidadeadaptativaintrínsecadasespéciesfoiconsideradaaquandododesenvolvimentodosíndicesdevulnerabili-dade(Cruzetal.2014).

Acapacidadeadaptativaactualdossistemashumanosfoiavaliadaconsiderandoosseguintescritérios:i)conhecimento;ii)Planos/programasdeconservaçãoeiii)Níveldeproteçãoactual.Atabela4resumeaavaliaçãodestescritériosparaosgruposehabitatsterrestresemarinhosqueseencontramdetalhadosnaseção3.3.1e3.3.2.

Considerandooscritériosacimamencionadosfoiefectuadaumaavaliaçãoglobaldacapacidadeadaptativaactual(tabela4)erepresentadanoesquemadafigura7.

Tabela 4 – Avaliação da capacidade adaptativa atual dos sistemas humanos às alterações climáticas para os grupos e habitats terrestres e marinhos de acordo com os critérios Conhecimento, Planos/programas de conservação e nível de proteção atual.

CONHECIMENTO

PLANOS/PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO

ACTUAIS

NÍVEL DE PROTECÇÃO

ACTUAL

GRUPOS TERRESTRES

Líquenes - - -

Briófitos + - +

Plantasvasculares + + +

Moluscos + + +

Artrópodes - + +/−

Répteis + + +

Aves + + +

Mamíferos +/− - +

GRUPOS MARINHOS

Cetáceos + + +

Peixes + + -

Invertebrados - - -

Page 95: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE190 191

3.3.2. Planos/programas de conservação atuais

Nopresentecritérioacapacidadeadaptativaactualfoiavaliadacombasenaexistênciaouinexistênciadeplanosdeconservaçãoatuaisparaosdiferentesgruposehabitatsterrestres.Emrelaçãoaosgruposterrestresexistemplanosadecorreractualmenteparaogrupodasplantasvasculares,moluscos,artrópodes,répteiseaves,queseencontramlistadosnoAnexo1.Paraogrupodoslíquenes,briófitosemamíferosnãoexistemplanos(tabela4).

Quantoaoshabitatsterrestres,aanálisefoifeitacombasenoconhecimentodisponíveldeprojetosdeconservaçãoemcurso.NoAnexo1,verifica-sequeexistemprojetosemcursoqueabrangemoMaciçoMontanhosoCentraleaLaurissilva(e.g.LIFEMaciçoMontanhosoeLIFERECOVERNATURA).Aclassificaçãofoipositiva(+)paraestesdoishabitats.Paraosrestanteshabitats(ZambujalmadeirenseeMatagaldoMarmulano)aavaliaçãofoinegativa(-),vistoqueosplanosdegestãodasZECnãofazemreferênciaaestasduasformaçõesflorestais(foramreconhecidasdepoisdacriaçãodosSICdaRedeNatura)masapenasaalgumasespéciesqueconstituemestesecossistemas,comoporexemplo,Chamaemeles coriácea(espécieprioritária)eMaytenus umbellataquepertencemaoZambujalequetêmmedidaspropostasnalgunsplanosdegestão,comoporexemplonodopináculo.

ARegiãoAutónomadaMadeiradesenvolveuPlanosdeOrdenamentoeGestãodasdiferentesáreasmarinhasprotegidasqueestãorefletidasnaavaliaçãopositiva(+)databela4.Doconjuntodehabitatsmarinhosavaliados,5(ReservaNaturaldasIlhasDesertas,IlhasSelvagens,dosIlhéusdoPortoSanto,IlhéudaViúvaePontadeSãoLourenço)sãoZonasEspeciaisdeConser-vação(ZEC)aoabrigodaDiretivaHabitatscomáreamarinha.Destes,3(IlhasSelvagens,IlhasDesertasePontadeSãoLourenço)sãotambémZonasdeProteçãoEspecial(ZPE)aoabrigodaDiretivaAves.

Relativamenteaogrupodoscetáceos,em2013,aAssembleiaLegislativaRegionaldaMadeiraaprovouoDecretoLegislativoRegional15/2013/M,queregulamentaaobservaçãodevertebra-dosmarinhosnaságuasdoArquipélagodaMadeira.Estalegislaçãocontemplaadefiniçãoeimplementaçãodeáreasdeatuaçãoerespetivacapacidadedecarga.

Nogrupodospeixes,asespéciesdepeixe-espada-preto,cavalaechicharronãoforamavaliadaspelaIUCNenãoapresentamumestatutodeconservação.

Afaltadeconhecimentonogrupodosinvertebrados(ver3.3.1e3.2.4)acabaporsereflectirnafaltadeplanosoumedidasdeconservaçãoespecíficasparaestasespéciesbemcomodaatribuiçãodeumestatutodeameaça.

3.3.3. Nível de protecção actual

Estecritériofoiavaliadodeacordonaexistênciadeumestatutodeproteçãolegalaonívelregionaleeuropeudosgruposehabitatsterrestrese/ouoestatutodeameaçaIUCNdosgrupostendocomobaseasespécies.

3.3.1. Conhecimento

Nestecritérioaavaliaçãoglobaldacapacidadeadaptativaatualtevecomobaseoconhecimentoexistentesobreaecologiaebiologiadasespéciesesobreosdiferenteshabitats.Aoníveldosgruposterrestres,estecritériofoiclassificadocomopositivo(+)paraosbriófitos,plantasvascu-lares,moluscos,répteiseaves,poisestesgruposencontram-serelativamentebemestudados,sendoqueaslacunasdeconhecimentosãoreduzidas.Paraogrupodosmamíferosaavaliaçãofoirazoável(+/-),pelofactodeexistiralgumconhecimentosobreasespéciesestudadas,porémnãomuitoaprofundado.Oslíqueneseosartrópodessãoosgruposondeaslacunasdeconheci-mentosãosuperiorese,comotal,foramavaliadoscomonegativo(-).

Relativamenteaoshabitatsterrestres,oMaciçoMontanhosoCentraleaLaurissilvaforamavalia-dospositivamente(Tabela4)considerandoosestudosrealizadossobreesteshabitats,nomea-damente,aoníveldasalteraçõesnoclimaatravésdemodelaçãobioclimáticacomdoiscenáriosetrêsperíodostemporaisdesenvolvidanoprojecto(Santos&Aguiar2006).ParaoshabitatsMatagaldoMarmulanoeZambujalMadeirenseoconhecimentoérazoável(+/-).

AavaliaçãodoconhecimentodoshabitatsmarinhosnaMadeirafoifeitacombasenaavaliaçãodoestadoambientaldecadahabitatdeacordocomaEstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira(SRA2014b).Aavaliaçãodoestadoambientalfoiefetuadacombasenumconjuntodecritérioscomoadistribuição,extensãoecondiçõesdoshabitats.Aestaavaliaçãofoiassociadoumgraudeconfiançaquepretendeurefletiraslimitaçõesaoníveldainformaçãoeconheci-mentodisponível.AReservaNaturalParcialdoGarajau,aReservaNaturaldaRochadoNavioeaÁreamarinhadaPontadeSãoLourençoapresentaramumgraudeconfiançamoderadoeasrestantesáreasprotegidasapresentaramumgraudeconfiançaelevado.

OconhecimentoparaogrupodoscetáceosfoiavaliadocomopositivoconsiderandoosváriosestudoscientíficosatéàdataqueinventariaramasespéciesdecetáceosdaMadeiraenosquaisforamrecolhidosdadossobreaabundância,sazonalidade,distribuição,estruturasocial,genéticapopulacionaleimpactosdasatividadeshumanasnoscetáceos.

Nogrupodospeixesoconhecimentofoiavaliadocomopositivoconsiderandoodesenvolvi-mentodeprojetosdemonitorizaçãodaspescariasnaRAMpelaDireçãoGeraldasPescascomvistaàsustentabilidadedosrecursospesqueiros.

Dosgruposmarinhosavaliados,ogrupodosinvertebradosapresentaasmaioreslacunasnoconhecimento(tabela4).MuitopoucainformaçãoexisteparaestegrupoenovasespéciesparaaMadeirasãodescobertastodososanos(Wirtz2006).Nomeadamenteasespéciesnãoindígenasqueencontramcondiçõesfavoráveisparaseintroduzirem,estabeleceremoualargaremoseulimitededistribuição.AlgunsestudospreliminaressobreasespéciesmarinhasnãoindígenaseoseuimpactonoecossistemaestãoadecorrernaMadeira(verCruzetal.2014).

Page 96: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE192 193

3.4. Vulnerabilidade e capacidade adaptativa atual dos sistemas humanos

Arelaçãoentreavulnerabilidadedosgruposehabitats(Cruzetal.2014)eaavaliaçãoglobaldacapacidadeadaptativaactual(tabela4)érepresentadadeformasimplificadanaFigura7.

Noqueconcerneaosgruposterrestres,dentrodosgruposmaisvulneráveis,asplantasvascu-lareseosmoluscossãoosgruposcomumamaiorcapacidadeadaptativaatual,poroposiçãoogrupodosbriófitosedosartrópodesapresentamumacapacidadeadaptativainferior(Figura7).

Relativamenteaosgruposemqueavulnerabilidadeéneutra,osrépteiseavesapresentamumamaiorcapacidadeadaptativaatual.Osmamíferosapresentamumacapacidadeadaptativarazoável.Ogrupodoslíquenes,apesardeestarclassificadocomvulnerabilidadeneutra,sãoogrupocomumamenorcapacidadeadaptativaatual,conferindo-lhesnogeralumamaiorvulne-rabilidadedevidoàreduzidacapacidadedestegruposeadaptaràsalteraçõesclimáticas.

Noshabitatsterrestres,oMaciçoMontanhosoCentraléohabitatmaisvulneráveldevidosobretudoaofactodecomoaumentodatemperaturaolimiteinferiordohabitattenderáadeslocar-seemaltitudeficandocadavezmaisconfinadoaotopodailhadaMadeira,seguindo-sepelaLaurissilvaquetenderáadeslocar-seemaltitude(sobretudoaLaurissilvadoTil)estandocondicionadapelatopografiaesubstrato,contudoacapacidadeadaptativaatualparaambososhabitatséelevada.NocasodoshabitatsMatagaldoMarmulanoeZambujalMadeirense,oconhecimentosobreéreduzidonãoexistindoinclusivamentemodelaçãobioclimática.Consi-dera-sequeesteshabitatsestãomuitovulneráveisàsalteraçõesclimáticas,essencialmente,devidoaofactoderepresentarempequenasparcelas,serembastantefragmentadoseimpac-tadospelapressãourbana.Devidoaessaslacunasnoconhecimentoe,também,aoníveldaconservaçãoegestãodessesterritórios,acapacidadeadaptativaébaixa.

Nosgruposmarinhos,oscetáceossãoogrupocommaiorvulnerabilidademastambémcommaiorcapacidadeadaptativaatual.Asespéciesdepeixeseinvertebrados,apresentamumavulnerabilidadequevariademuitovulnerávelapositiva,poispoderãoexistirespéciesnegativa-menteimpactadaspelasaalteraçõesclimáticaseespéciesquepoderãobeneficiardaalteraçãodascondiçõesdoclima,porexemplo,atravésdaextensãodasuaáreadedistribuição.Emambososgruposfoiefetuadaumaavaliaçãoqualitativadavulnerabilidade.Ogrupodospeixesapresentaumamaiorcapacidadeadaptativaatualqueogrupodosinvertebrados.

DevidoàslacunasnoconhecimentosobreoshabitatsmarinhosnaMadeira(ver3.2.1)nãofoipossívelavaliarasvulnerabilidadesdesteshabitats.Noentantofoipossívelavaliaracapacidadeadaptativaatualdoshabitatsmarinhos(Figura7).

Nosgruposterrestres,existeumelevadoníveldeproteção(+)paraosbriófitos,plantasvascu-lares,moluscos,répteis,avesemamíferos.TodososgruposapresentamespéciescomestatutodeameaçaavaliadopeloIUCN(e.g.Sim-Simetal.2014).Paraalémdoestatuto,asplantasvasculareseaespécieLacerta/Teira dugesii (grupodosrépteis)constamdoAnexoBdaDiretivaHabitats.AsavesestãoprotegidaspelaDiretivaAvesealgumasespéciesdemoluscosconstamdosanexosIIeIVdaDiretivaHabitats.Ogrupodoslíquenesfoiavaliadocomonegativo(-),vistoquenãoexisteníveldeproteçãoatualparaasespéciesestudadas,nãoestandoestasincluídasemnenhumaDiretivaeoseuestatutodeameaçaaindanãoseencontraravaliado.Ogrupodosartrópodestambémfoiavaliadocomonegativo(-),poisapresentaumníveldeproteçãoreduzido,estandoapenasduasespéciesabrangidaspeloestatutodeameaçaIUCN(Cruzetal.2014).

Aoníveldoshabitatsterrestres,aavaliaçãoparaoMaciçoMontanhosoCentraleLaurissilvafoipositiva(+),poisesteshabitatsestãoinseridosemáreasclassificadasdeZECeZPEenoParqueNaturaldaMadeira,encontrando-secomumelevadoníveldeproteção(Anexo2).ParaoZambujalMadeirenseeMatagaldoMarmulanoaavaliaçãofoinegativa(-)considerandoquenemtodoohabitatestáprotegidonatotalidade.AáreadeZambujalquesepodeencontraremáreasprotegidasdaMadeiraémuitoreduzida,pequenosnúcleosnasZECdaRedeNatura2000doPináculoedosMoledos-MadalenadoMar.Comefeito,amaiorpartedaáreadeZambujalnãoestáincluídaemqualqueráreaprotegida.NoPortoSantosobrevivemalgunsexemplaresdezambujeirosedeoutrosarbustosnaZECdoBicoBranco,masnãopodemosconsiderarumaverdadeiraformaçãoflorestal,poissóocorremalgunselementosdispersoseomesmosepassanaDesertas(ReservaNaturaldasIlhasDesertas).Ozambujalcorrespondeaohabitat9320“FlorestasdeOleaeCeratonia”daDiretivaHabitats.ObosquedeMarmulano,correspondeaumavariantemediterrânicasub-xerofíticadohabitatprioritário9360“laurissilvasmacaronési-cas”,masapenasumaínfimaparteestáincluídanaporçãodoParqueNaturaldaMadeiraqueatingeaszonasmaisbaixasnaencostanortedailhadaMadeira.NoPortoSantoocorremalgunsexemplaresisoladosdeMarmulano(árvoreprincipaldestaformaçãovegetal)principalmentenaZECdoPicoBranco.NaReservaNaturaldasIlhasDesertasapenasocorrempoucosexemplaresdispersosdeMarmulano.

Nogrupodoscetáceos,aníveleuropeu,ogolfinhoroazestáincluídonoAnexoIIdaDiretivaHabitatseasrestantesespéciesavaliadasestãoincluídasnoAnexoIVdaDiretivaHabitats.Anívelregionaltodasasespéciesavaliadasapresentamumestatutoregionaldeconservação(Freitas2004).

Nocasodopeixe-espadapretoforamimplementadosdoisplanosdeajustamentodeesforçodepesca,bemcomoparaapescadepequenospelágicoscomoobjetivodemanterumníveldecapturassustentável.

Nocasodosinvertebradoseapesardaslacunasnoconhecimentoexistentes,algunsplanosdegestãodasáreasmarinhasprotegidasacabamporconferirboascondiçõesdeproteção,repro-dução,repousoeáreasdealimentaçãoadiversasespécies.

Page 97: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE194 195

GRUPOS

Vuln

erab

ilida

de

Briófitos

Capa

cida

de a

dapt

ativ

a ac

tual

PlantasVasculares

Moluscos

Artrópodes

Líquenes

Répteis

Aves

Mamíferos

HABITATS

Vuln

erab

ilida

de?

ReservaNaturalParcialdoGarajau(marinha)

Capa

cida

de a

dapt

ativ

a ac

tual

?ReservaNaturaldaRocha

doNavio(marinha)

?RededeÁguasMarinhasProtegidasdoPortoSanto

(mista)

?ReservaNaturaldasIlhas

Desertas(mistas)

?ReservaNaturaldasIlhas

Selvagens(mistas)

GRUPOS

Vuln

erab

ilida

de Briófitos

Capa

cida

de

adap

tati

va a

ctua

l

PlantasVasculares

Moluscos

HABITATS

Vuln

erab

ilida

de

MaciçoCentral

Capa

cida

de

adap

tati

va a

ctua

l

Laurissilva

MatagalMarmulano

ZambujalMadeirense

Vulnerabilidade Capacidade adaptativa atual

muitovulnerávelvulnerávelneutrademuitovulnerável apositivanãomodelado

elevadarazoávelreduzida

Biodiversidade terrestre Biodiversidade marinha

Figura 7 – Esquema sumário da vulnerabilidade e capacidade adaptativa atual para a biodiversidade terrestre e marinha.

3.5. Medidas de adaptação

Nototalforamselecionadas16medidasdeadaptaçãoparaosectordabiodiversidade.AmaioriadasmedidassãoprovenientesdaEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticas(Araújoetal.2013),mastambémforamincluídasmedidasreunidasnoworkshopdeadaptaçãorealizadonaMadeiracomagenteslocaisnodia12deFevereirode2015.AlgumasaçõesconcretasidentificadasparaaRAMnesseworkshopencontram-sedetalhadasnatabela5.Asmedidasestãodivididasem5dimensões:conhecimento,tecnologia,governança,socio-eco-nomiaenatureza.Amaiorpartedestasmedidasencontram-senadimensãodoconhecimentoedagovernança.Setedasmedidasindicadasnatabelapossuemrelevânciaparaoutrossectores.Esteconjuntodemedidas,serãopriorizadas,emconjuntocomosrestantessectores,numsegundoworkshopcomagenteslocaisnaMadeira.

Page 98: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE196 197

Tabela 5 – Medidas de adaptação para o sector da biodiversidade.

OBJETIVO ENAAC

OBJ. ESPECÍFICO BIODIVERSIDADE

MEDIDASPROVENIÊNCIA MEDIDAS

MEDIDAS RELEVANTES PARA OUTROS SECTORES

AÇÕES CONCRETAS JÁ IDENTIFICADAS NA MADEIRADIMENSÕES DE ADAPTAÇÃO

1. Informação e conhecimento

1.1.Aumentaroconhecimentosobreosefeitoseformasdeadaptaçãodasespéciesehabitats,edaestruturaefunçãodosecossistemasàsalteraçõesclimáticas

1.1.1.Estabelecerplanosregionaisdeinvestigaçãodelongotermosobreosefeitoseformasdeadaptaçãoaoníveldacomunidade,ecossistema,paisagemedasespéciesterres-tresemarinhas,garantindofinanciamentodelongoprazo.

AdaptadoENAACeWS Todosossectores

Avaliarasoportunidadesparaosectordaspescasdoaparecimentodenovasespéciesmarinhas(WS).Desenvolverestudosdecaracterizaçãodosfundosmarinhos(WS).Desenvolvermetodologiasdeavaliaçãodevulnerabilidade,parapeixes,invertebradoseoutrosvertebradosmarinhos(verCruzetal.2014).Con-sideraraAgênciaRegionalparaoDesenvolvimentodaInvestigaçãoTecnologiaeInovação-ARDITI

Conhecimento

1.1.2.ReverestatutosregionaisdeameaçadeespéciescombasenoscritériosdefinidospelaIUCN

ENAACeWS Conhecimento

1.2.Monitorizarosefeitosdasalteraçõesclimáticasaoníveldasespécies,habitatseecossistemas

1.2.1.Criarumprogramademonitorizaçãoregionalcomespéciesindicadorasdasaltera-çõesclimáticasreunidosnumabasededadosemformatoSIG.

AdaptadoENAACeWS TodosossectoresMedidaparaasespéciesterrestres(grupodoslíquenes,briófitosemoluscos)eespéciesmarinhasnãoindígenas,identificadasnorelatório.IntegrarestamedidanasplataformasSIGjáexistentes(e.g.VISOR-BIOdoOOM).

ConhecimentoTecnologia

1.2.2.Criarplanosdeacompanhamentoemoni-torizaçãoparasituaçõesderiscoimprevisíveis,comoosfogos,asinundações,assecaseasondasdecalor.

ENAAC TodosossectoresConhecimentoTecnologiaGovernança

2. Reduzir a vulnera-bilidade e aumentar a capacidade de resposta.

2.1.Diminuiravulnerabilidadedeespécies,habitatseecossistemasaosefeitosdasalteraçõesclimáticas

2.1.1.Criaroumanteráreasdeproteção, considerandoosefeitosdasalterações climáticas,paraosecossistemasehabitats maisvulneráveis.

ENAAC Recursoshídricos MaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmulano;ZambujalMadeirense Natureza

2.1.2.Garantiraexistênciadeumapaisagemdiversificadaquesuporteumarededecorredo-resecológicoseficaz.

ENAAC Turismo,AgriculturaeFlorestas Natureza

2.1.3.Reduziroutraspressõesantropogénicassobreabiodiversidade. ENAAC

Pressãourbanísticaeturística.Aparecimentoeestabelecimentodeespéciesexóticaseasobreexploraçãoderecursos.Desenvolvimentodeartesdepescamaisselectivas(WS).

NaturezaeGovernança

2.2.Integrarabiodiversidadeeasalteraçõesclimáticasnasváriaspolíticassectoriais,planoseprogramas,incluindoosinstrumentosdegestãoterritorialdeâmbitoregionalelocal,enosprojetos

2.2.1.Reverpolíticassectoriais,planoselegis-laçãoassociadaedocumentosdereferênciaegarantirasuavalidaçãoclimáticaemtermosdebiodiversidade.

ENAACeWS Governança

2.2.2.ReveraRedeFundamentaldeConserva-çãodaNatureza(RFCN)faceàproblemáticadasalteraçõesclimáticas.

ENAAC Florestas ConsiderarapropostadecriaçãodeumSICpararoazesnaságuasdoarquipé-lagodaMadeira. Governança

2.2.3.Rever,implementarefiscalizarplanosdegestãoeaçãoparaespéciesehabitatsvulneráveiseáreasclassificadas.

ENAACeWS EfetivarafiscalizaçãodaspescariasnaRAM. Governança

ENAAC: Estratégia nacional de adaptação às alterações climáticas - sector biodiversidade

WS: Workshop realizado na Madeira com stakeholders locais no dia 12 de Fevereiro

Page 99: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

OBJETIVO ENAAC

OBJ. ESPECÍFICO BIODIVERSIDADE

MEDIDASPROVENIÊNCIA MEDIDAS

MEDIDAS RELEVANTES PARA OUTROS SECTORES

AÇÕES CONCRETAS JÁ IDENTIFICADAS NA MADEIRADIMENSÕES DE ADAPTAÇÃO

3. Participar, sensi-bilizar e divulgar

3.1.Capacitarosváriosagen-tespúblicoseprivadoscomresponsabilidadesnatomadadedecisõesinfluenciadaspelasalteraçõesclimáticas

3.1.1.Disponibilizaràsociedadeeaosdecisoresoconhecimentocientíficoatualizadosobreaadaptaçãodabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas.

ENAACeWS DivulgarepromoveracontinuaçãodaplataformaCLIMA-Madeira. Conhecimento

3.1.2.Promoveraçõesdeformaçãosobreasalteraçõesclimáticasquecontribuamparaavalorizaçãodasespéciesehabitatsmaisvulneráveis.

ENAACeWSConhecimentoSocio-economia

3.2.Sensibilizareenvolverumvastoconjuntodepartesinteressadasnaadaptaçãodabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas

3.2.1.Implementarumprogramadesensibilizaçãosobrealteraçõesclimáticaseabiodiversidade.

ENAACeWS EscolasnaRAMConhecimentoSocio-economia

4. Cooperar a nível regional, nacional e internacional

4.1.Cooperaranívelregionalecomregiõesdamacaronésia

4.1.1.Promoveracooperaçãoearticulaçãodemedidasdegestãoentrediferentesinstituiçõesresponsáveispelasflorestas,biodiversidadeeambiente(e.g.DROTA,SRA,DRFlorestas,Agricultura)

WS AgriculturaeFlorestas Governança

4.1.2.Melhoraracirculaçãoedivulgaçãodeinformaçãoeparticiparemprojetosdecoope-raçãosobreaadaptaçãodabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticasanívelregional,nacional(ENAAC)enaregiãodamacaronésia.

AdaptadoENAAC Nomeadamenteparaespéciesmigratórias(avesecetáceos)Conhecimento

4.2CooperarnocontextoEuropeuedaONU

4.2.1.Proporarevisãodosestatutosdeprote-çãodeespéciesehabitatsanívelinternacional. AdaptadoENAAC;WS Conhecimento

Page 100: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 201

4. ConclusõesEsterelatórioidentificouasprincipaislacunasdoconhecimentoecruzouaavaliaçãodevulne-rabilidadesapresentadanorelatórioanterior(Cruzetal.2014)comaavaliaçãodacapacidadeadaptativadossistemashumanosdemodoaidentificarquaisosgruposehabitatsprioritáriosparaaaplicaçãodemedidasdeadaptação.Nototalforamselecionadas16medidasdeadapta-çãoparaosectordabiodiversidadedivididasem5dimensões:conhecimento,tecnologia,gover-nança,socio-economiaenatureza.Amaiorpartedestasmedidasencontram-senadimensãodoconhecimentoedagovernança.Setedasmedidasindicadasnatabela5possuemrelevânciaparaoutrossectores.

Page 101: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 203

5. Referências › AraújoP,SilvaREP,CostaT,CruzMJ,AvelarD,PulquérioM.2013.EstratégiaNacionaldeAdapta-çãoàsAlteraçõesClimáticas-SectordaBiodiversidade-R-DPOT/001/2013.Lisboa.

 › BorgesPAV,AbreuC,AguiarAMF,CarvalhoP,JardimR,MeloI,OliveiraP,SérgioC,SerranoARM,VieiraP(Eds).2008.Alistoftheterrestrialfungi,floraandfaunaofMadeiraandSelvagensarchipelagos.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeiraeUniversidadedosAçores,FunchaleAngradoHeroísmo.438pp.

 › CabralMJ,AlmeidaJ,AlmeidaPR,DellingerT,FerranddeAlmeida,N.,OliveiraME,PalmeirimJM,QueirozAI,L.R,Santos-ReisM.2005.LivroVermelhodosVertebradosdePortugal.InstitutodaConservaçãodaNatureza,Lisboa.

 › Canning-ClodeJ,FofonoffP,McCannL,CarltonJT,RuizG.2013.Marineinvasionsonasubtropi-calisland:FoulingstudiesandnewrecordsinarecentmarinaonMadeiraIsland(EasternAtlanticOcean).AquatInvasions.8:261–270.

 › CapeloJ.2004.ApaisagemvegetaldailhadaMadeira.Quarcetea.6:3–200.FCT.

 › ComissãoEuropeia.2009.Whitepaper-Adaptingtoclimatechange:towardsaEuropeanframeworkforaction.Brussels.

 › CruzMJ,AguiarR,CorreiaA,TavaresT,PereiraJS,SantosFD.2009.ImpactsofclimatechangeontheterrestrialecosystemsofMadeira.IntJDesNatEcodynamics.4:413–422.

 › CruzMJ,AvelarD,SousaA,VasconcelosF,JardimR.2014.RelatóriodaVulnerabilidadedoSetordabiodiversidadenaRegiãoAutónomadaMadeira.ElaboraçãodoEstudosobreasVulnerabili-dadeseRespostasàsAlteraçõesClimáticasnoArquipélagodaMadeira.

 › FreitasL.2004.EstatutosdeconservaçãodoscetáceosnoarquipélagodaMadeira(documentoF).RelatóriotécnicodoProjectoCETACEOSMADEIRA(LIFE99NAT/P/06432).MuseudaBaleiadaMadeira.

Page 102: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE204

 › SantosFD,AguiarR.2006.CLIMAATII,ImpactoseMedidasdeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáti-casnoArquipélagodaMadeira,ProjectoCLIMAATII.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeira,Funchal.

 › Sim-SimM,RuasS,FontinhaS,HedenäsL,SérgioC,LoboC.2014.BryophyteconservationonaNorthAtlantichotspot:threatenedbryophytesinMadeiraandSelvagensArchipelagos(Portugal).SystBiodivers[Internet].12:315–330.Availablefrom:http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14772000.2014.918063

 › SRA.2014a.JardimBotânicodaMadeira–RecursosNaturais–Vegetação[Internet].Availablefrom:http://goo.gl/CVi8Fh

 › SRA.2014b.EstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira.DiretivaQuadroEstratégiaMari-nha.SecretariaRegionaldoAmbienteedosRecursosNaturais,Junho2014.

 › VECTORS.2014.Vectorsinview.Newsletter.Issue7.December2014.

 › WirtzP.2006.TeninvertebratesnewforthemarinefaunaofMadeiraArquipélago.LifeMarSci.23A:75–78.

Page 103: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 207

Anexo 1 - Lista de Planos/programas de conservação atuais Fonte:ParqueNaturaldaMadeira(http://www.pnm.pt/ )

Projeto LIFE RECOVER NATURA

Objetivo:RecuperaçãodeespéciesehabitatsterrestresdossítiosdaRedeNatura2000daPontadeSãoLourençoeIlhasDesertas,noCentroCívicodoCaniçal

Programa de controlo de plantas invasoras

Objetivos:1)SalvaguardadoPatrimónioNaturaldaRAM,atravésdocontroloeerradicaçãodeplantasinvasorasedarecuperaçãodeecossistemasnaturais.2)Sensibilizaçãodosgestoreseutilizadoresdosespaçosnaturais,assimcomodetodosaquelesqueestãoligadosaosetordaproduçãoevendadeplantas.

Programa de monitorização do estado de conservação do pombo-torcaz

Objetivo:Estabelecerumalinhademonitorização,quepermitaseguirosefetivospopulacionaisdaespécieepelacompatibilizaçãoentreapresençadopombo-torcazeapráticaagrícolanaszonaslimítrofesdoseuhabitat,atravésdaminimizaçãodosestragoscausados(ilhadaMadeira).

Projeto LIFE “Conservação da Freira-da-Madeira através da recuperação do seu habitat”

Objetivo:Monitorizaçãodapopulaçãoeavaliaçãodosucessodasmedidasdegestãoimple-mentadas,paraqueseprocedaaeventuaisalteraçõesnomesmoseassimfornecessário.(IlhadaMadeira;MaciçoMontanhosoCentral)

Programa de Educação Ambiental

Objetivo:OCentrodeinformaçãodoServiçodoParqueNaturaldaMadeira(CISPNM),dandocontinuidadeaotrabalhoiniciadonosanosanteriores,apresentouedesenvolveuumprogramadeeducaçãoambientalespecifico,paraailhadaMadeiraeparaPortoSanto,comumplanodeatividadesquevisoupromoveraconservaçãodabiodiversidade,maisespecificamentenas

Page 104: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE208

áreasprotegidasdaRegiãoAutónomadamadeira,assimcomo,osprojetosdeconservaçãoeinformaçãodesenvolvidosnessesespaços.

Projeto LIFE Natureza “Medidas urgentes para a recuperação da Freira-do-Bugio (Pterodroma

deserta) e do seu habitat/SOS Freira-do-Bugio”

Objetivo:GarantirqueapopulaçãodeFreira-do-BugioeoseuhabitatdenidificaçãonasilhasDesertas.

Projeto LIFE Maciço Montanhoso

Objetivo:RecuperaçãoeconservaçãodeespéciesehabitatsdoMaciçoMontanhosoCentraldaMadeira.

Levantamento das plantas e seus usos tradicionais

Objetivos:1)Efetuarumlevantamentodafloraaromáticaemedicinallocal,identificandoecatalogandoosseususos,bemcomoastradiçõeseastecnologiasagráriasassociadas,con-tribuindoparaoconhecimentodopatrimónionaturaleodesenvolvimentoruraldafreguesia.2)Recuperaroconhecimentopopularparaasfuturasgerações,valorizandoasinformaçõesencontradas,atravésdaediçãodumapublicação,dadinamizaçãodeexposiçõeseumpequenojardimdeervasaromáticasemedicinais,emmododeproduçãobiológico.3)Contribuirparaadiversificaçãoevalorizaçãodasatividadesrurais.

Projeto LIFE Ilhéus do Porto Santo

Objetivo:OcorrepredominantementenaáreaterrestredosseisilhéusdoPortoSantonoArqui-pélagodaMadeira:IlhéudaCal,IlhéudoFarol,IlhéudeFerro,IlhéudaFontedaAreia,IlhéudasCenouraseIlhéudeFora.Aáreaterrestretotalaintervirécercade232hectaresestandoprevis-tascercade45açõesdistintas.Esteprojetoéfundamentalparacessarascausaseameaçasdedegradaçãodoshabitats.

Page 105: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE 211

Anexo 2 - Nível de proteção atual Fonte:ParqueNaturaldaMadeira(http://www.pnm.pt/ )

Classificação Regional

ÁREA TIPO CLASSIFICAÇÃO

ParqueNaturaldaMadeira Incluiáreascomdiferentestiposdeproteção

ReservaNaturalParcialdoGarajau Reservamarinha

ReservaNaturaldaRochadoNavio Reservamarinha

RededeÁreasMarinhasProtegidasdoPortoSanto

ÁreaProtegida(incluiaÁreaClassificadadeZEC)

ReservaNaturaldasIlhasDesertasReservaNatural(sobrepõeaáreaclassificadadeZECeZPE)

ReservaNaturaldasIlhasSelvagens

ReservaNatural(sobrepõeaáreaclassificadadeZECeZPE)

Page 106: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE212

Classificação da Rede Natura 2000 (Europeu)

ÁREA TIPO CLASSIFICAÇÃO

MaciçoMontanhosoCentralÁreaClassificadadeZECeZPEapenasazonaocidental,totalmenteincluídanoPNM

LaurissilvaÁreaClassificadadeZECeZPE,maioritariamenteincluídanoPNM

PontadeS.LourençoÁreaClassificadadeZEC,parcialmenteincluídanoPNMeZPE

IlhéudaViúvaÁreaClassificadadeZEC,sobrepõeàReservaNaturaldaRochadoNavio

AchadasdaCruz ÁreaClassificadadeZEC

Moledos ÁreaClassificadadeZEC

Pináculo ÁreaClassificadadeZEC

PicoBranco(PortoSanto) ÁreaClassificadadeZEC

IlhéusdoPortoSantoÁreaClassificadadeZEC,incluídanaRededeÁreasMarinhasProtegidasdoPortoSanto

IlhasDesertasÁreaClassificadadeZECeZPE,sobrepõeàReservaNaturaldasIlhasDesertas

IlhasSelvagensÁreaClassificadadeZECeZPE,sobrepõeàReservaNaturaldasIlhasSelvagens

Page 107: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações
Page 108: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE216 217

Anexo 3 - Matriz de vulnerabilidade dos habitats e grupos terrestres e marinhos

radiaçãosolar vento

temperatura efeitofertilizanteCO2

precipitação humidaderelativa

subidanívelmédiodomar acidificaçãodooceano

CONFIANÇA

Muitobaixa

Baixa

Média

Alta

Muitoalta

VULNERABILIDADE

Muitopositiva

Positiva

Neutra

Negativa

Muitonegativa

Crítica

IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE - HABITATS E GRUPOS MARINHOS E TERRESTRES EXPOSIÇÃOHORIZONTE TEMPORAL

CONFIANÇA VULNERABILIDADE

HA

BIT

ATS

MaciçoMontanhosoCentralDevidosobretudoaoaumentodetemperaturaolimiteinferiordohabitattenderáadeslocar-seemaltitude(ex.:SorbusmaderensiseArmeriamaderensis),ficandocadavezmaisconfinadonotopodailhadaMadeira.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

FlorestaLaurissilvaALaurissilvatenderáadeslocar-seemaltitude(sobretudoaLaurissilvadoTil,ex.:PittosporumcoriaceumePolystichumdrepanum)estandocondicionadapelatopografiaesubstrato.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

MatagalMarmulanoDevidoaoaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,estehabitattendeadeslocar-seemaltitude.Noentantoestácondicionadopelafortepressãourbanaefragmentaçãodohabitat.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

ZambujalMadeirenseAsubidadonívelmédiodomariráforçarohabitatadeslocar-seemaltitude,noentantoesteencontra-sealtamentefragmentadoecondicionadopelapressãourbana.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

Page 109: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações

BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE218 219

IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE - HABITATS E GRUPOS MARINHOS E TERRESTRES EXPOSIÇÃOHORIZONTE TEMPORAL

CONFIANÇA VULNERABILIDADETE

RR

ESTR

E

AVESSobretudodevidoaoaumentodatemperaturaediminuiçãodaprecipitaçãoohabitatdafreiradaMadeirareduzir-se-á.Oseventosextremos(e.g.incêndios)tenderãoaaumentardegradandooseuhabitat.Asrestantesespéciesbeneficiamdevidoàcapacidadededispersãoeporseremgeneralistasnohabitat.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

BRIÓFITOSOaumentodatemperatura,diminuiçãodaprecipitaçãoedahumidaderelativa,iráproduziralteraçõesnoregimehídricodosecossistemasqueseráampliadopelabaixacapacidadededispersãodasespécies,desflorestaçãoporincêndiosouaparecimentodeespéciesinvasoras.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

MAMÍFEROSComadiminuiçãodahumidaderelativa,existiráumareduçãodadisponibilidadedeinsetosealteraçãodospicosdealimentoereprodução.Asespéciestenderãoadeslocar-se,estandonoentantolimitadaspelafragmentaçãodohabitat.Nãosãovulneráveispoistêmumaboacapacidadededispersãoesãoendotérmicos.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

PLANTASVASCULARESOaumentodatemperaturaediminuiçãodaprecipitaçãoedahumidaderelativa,irápotenciaralteraçõesdoregimehídricolimitandoacapacidadededispersãodasespéciesdevidoàmaiorfragmentaçãodohabitat,aumentodedistúrbiosouaparecimentodeespéciesinvasoras.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

RÉPTEISComaumentodatemperaturaediminuiçãodaprecipitaçãoedahumidaderelativa,tenderáaexistirumareduçãodadisponibilidadedeinsetos,queserápotenciadocomoaumentodeespéciesinvasoras.Espéciesbeneficiamdevidoaoslimitesfisiológicosnãoultrapassadoseboacapacidadededispersão.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

ARTRÓPODESOaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,teráimpactonoslimitesfisiológicostérmicosehídricosdasespécies,potenciadocomareduçãodoshabitatseaumentodeespéciesinvasoras.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

MOLUSCOSDevidosobretudoaoaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,asespéciestenderãoadeslocar-se,estandonoentantolimitadaspelageomorfo-logiadasilhas,fragmentaçãodohabitateespéciescompetidoras.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

LÍQUENESOaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,iráafetaroslimitestérmicosehidrológicosdosecossistemas.Sãobonsbiondicadoresdascondiçõesmicroclimáticasedetêmumaboacapacidadededispersão.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

MA

RIN

HO

CETÁCEOSAlteraçãonadistribuiçãodasespécies,reduçãodaimunidadedasespécies,perdadehabitatparaespéciesassociadasaáreasespecíficas(e.g.zonacosteira)ecompetiçãocomatividadeshumanas.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

PEIXESAáreadedistribuiçãodasespéciestenderáaalterar-se,occorrendoumaperdadeespéciesmediterrâneo-atlânticoeganhodeumconjuntodeespéciestropicais.Outrosimpactosprendem-secomalteraçõesnaabundância,nafenologiaenocrescimentodasespécies.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

INVERTEBRADOSImpactonadistribuição,abundância,fenologiaecrescimentodasespécies.Espéciesnãoindígenaspodemencontrarcondiçõesparaseintroduzirem,estabeleceremouestenderemoseulimitededistribuiçãopodendoviracompetircomespéciesnativas.

Atual

Curto(2020-2039)

Longo(2070-2099)

Page 110: biodiversidade - Observatório CLIMA-Madeira · 12 BIODIVERSIDADE tropicais ou subtropicais e o aparecimento de novas espécies. A avaliação da vulnerabilidade às alterações