textos argumentativos e textos não...

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A dimensão discursiva da filosofia Ciências Filosofia Objetivo: explicar os fenómenos através das suas causas Por ex: pode-se provar pela experiência que a clorofila ajuda as plantas na fotossíntese Objetivo: esclarecer o sentido/significado Por ex: não se pode provar que Deus existe pela experiência

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A dimensão discursiva da filosofia

Ciências Filosofia

Objetivo: explicar os fenómenos através das suas causas Por ex: pode-se provar pela experiência que a clorofila ajuda as plantas na fotossíntese

Objetivo: esclarecer o sentido/significado

Por ex: não se pode provar que Deus existe pela experiência

Método argumentativo = Argumentação crítica

Em filosofia, não é possível, obter provas empíricas ou formais para as teorias sobre os grandes problemas filosóficos. A argumentação é fundamental porque:

Permite avaliar se uma teoria é melhor do que outra.

Permite desenvolver as nossas próprias ideias.

Permite defender e apresentar aos outros as nossas ideias.

Permite convencer os outros

Convém saber argumentar (que as razões apresentadas suportem as nossas conclusões). Para tal é necessário conhecer um conjunto de regras que permitem argumentar corretamente. A lógica é a disciplina que estuda essas regras. A lógica é um instrumento essencial à filosofia.

A filosofia dá muita importância a um conjunto de instrumentos

lógico-linguísticos que permitem discutir e avaliar com rigor os problemas e teorias da filosofia.

Chama-se “ dimensão discursiva da filosofia” a esse conjunto de

instrumentos lógicos.

Entre esses instrumentos lógicos contam-se:

1- CONCEITO

Possui uma extensão e

uma

compreensão

Clarifica-se

pela definição

É expresso linguisticamen

te pelo

termo/palavra

Logicamente

Rigoroso (não deve conter

elementos

contraditórios)

Geral e

abstrato

Síntese das propriedades essenciais da

realidade

representada

CONCEITO

O conceito é um elemento essencial do pensamento porque:

• Ao representar, de modo abstrato e sintético, propriedades comuns a uma

diversidade de coisas, permite-nos pensá-las.

Compreensão e extensão são inversamente proporcionais

(quando uma aumenta diminui a outra e vice-versa)

Exercício

a) Dispõe, os conceitos seguintes, segundo uma extensão

decrescente:

Calças de ganga, Peças de roupa, Calças

b) Dispõe, os conceitos seguintes, segundo uma extensão

crescente:

Árvore, Pinheiro, Pinheiro bravo, Ser vivo, Vegetal

c) Dispõe, os conceitos seguintes, segundo uma compreensão

crescente:

Animal, Vertebrado, Avestruz, Ave, Ser, Vivente

2- PROPOSIÇÃO

Proposição = é uma frase declarativa que exprime um pensamento

(juízo) verdadeiro ou falso

Nem todas as frases são proposições

Formas linguísticas não proposicionais

Interrogações/perguntas

Que horas são? Quem teve a melhor nota?

Exclamações Oxalá esteja bom tempo! Espero que goste!

Pedidos/ordens Dá-me um cigarro. Fecha já a porta.

Promessas Prometo estudar mais. Orações “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo…” Agradecimentos Muito obrigada. Agradeço-te muito. Conselhos Eu acho que devias pedir desculpas.

Absurdos Um hipopótamo voava enquanto lia livros de poesia Indefinidos Chove. Neva. Doente. Morreu. Dorme

Uma frase para ser uma proposição tem de ter as seguintes 3 características:

PROPOSIÇÃO

Frase declarativa (afirma ou negar algo)

Frase com sentido

Frase cujo conteúdo tem valor de verdade (verdadeiro ou falso)

Das afirmações seguintes, identifique com um “P” aquelas que

são proposições

1

O mercúrio é um metal

2

Está muito calor!

3

Quem me dera ele arranjasse

emprego 4 Os juízos são falsos

5

Os gatos não são vadios

6

Bom jantar!

7

A que horas partes?

8

Senta-te e cala-te

Proposições

Categóricas Condicionais

Afirmam ou negam sem

condições

Afirmam ou negam sob certas

condições

Todo o S é P

Nenhum S é P

Alguns S são P

Alguns S não são P

S é P

Alguns S são P

Alguns S não são P

Se P, então Q

Se P, então não Q

Distingue as proposições categóricas das condicionais.

1 Todos os portugueses são altos

2 Nenhum poeta é formado em direito

3 Manuel cora desde que Edite esteja

presente

4

O desporto é uma atividade

educativa

5 Há pessoas milionárias

6 Se este objeto não é artístico, então

não é belo

7 Fico, na condição de ficares

Proposição

categórica

Conteúdo Forma

Sujeito A realidade acerca da qual se afirma/nega algo

Predicado O que se diz do sujeito (podendo ser negado/afirmado)

Quantificador Indicador lógico da quantidade de sujeitos abrangidos pelo predicado

Cópula=verbo ser Partícula que permite a relação

sujeito/predicado

Universal Todo

Nenhum

Particular

Algum

Estrutura canónica ou padrão de uma proposição categórica

Quantificador

Sujeito Cópula Predicado

Todo

Nenhum

Algum

S

(não) É / (não) São

P

Proposição condicional

Conteúdo Forma

Antecedente A condição que se estabelece para

que algo ocorra

Consequente O que depende da condição para

ocorrer

Se…,então

Conectiva lógica que estabelece a

relação entre o antecedente e o consequente

Exercício

Apresente as proposições seguintes na sua forma padrão

1 A virtude dignifica

2 Nem tudo o que existe é belo

3 Os professores não são enfermeiros

4 Ser matemático é gostar de números

5

Há advogados que não são mentirosos

6 Não há alemão nenhum eu não seja orgulhoso

7 A honestidade não é própria dos políticos

8 Poucas pessoas chegam aos 100 anos

Estrutura canónica ou padrão de uma proposição condicional

“Se S, então P”

Conectiva Antecedente Conectiva Consequente

Se P Então Q

Coloque as proposições seguintes na forma padrão

1 Vou à praia, se não chover

2 Se estudar, obtenho boas classificações

3 Só os portugueses são forcados

4 Todos os portugueses são forcados

5

Não pode haver aumento dos ordenados sem

melhoria na economia

6 Só obtenho boas notas estudando muito

7 Engordo, na condição de comer muito

8 Vou ao cinema desde que venhas comigo

9 Quando estudar, saberei a matéria

10 Saio contigo, na condição de não beberes

Negação ou refutação de proposições

(Indicando a proposição oposta, que nega: que têm um valor de

verdade oposto ao da proposição original)

Categóricas Condicionais

Todo o S é P ≠ Algum S não é P

Nenhum S é P ≠ Algum S é P

Se P, então Q ≠ P, mas não Q

Se P, então não Q ≠ P, mas Q

Se não P, então Q ≠ não P, mas não Q

Se não P, então não Q ≠ não P, mas Q

Escreve a negação das proposições seguintes

1 Todos os portugueses são altos Alguns portugueses não são altos

2 Nenhum poeta é formado em direito Alguns poetas são formados em direito

3 Se não adoecer, então vou ao cinema

4 O desporto é uma atividade educativa

Todo o desporto é uma atividade educativa

Algum desporto não é uma atividade educativa

5

Há pessoas milionárias

Algumas pessoas são milionárias Nenhuma pessoa é milionária

6

Se este objeto é artístico, então é belo

7 Se não ficares, também não fico

8 Vou à viajem de estudo na condição de ter dinheiro

9 Muitas pessoas não são milionárias

Algumas pessoas não são milionárias

Todas a pessoas são milionárias

10 Só os portugueses são forcados

Todos os forcados são portugueses alguns forcados

não são portugueses

11 Não há portugueses pobres

Nenhum português é pobre

Alguns portugueses são pobres

3-Argumento

«A música é uma das mais importantes criações do génio humano. Desde os tempos mais primitivos que os seres humanos fazem música. A música tem tido os mais diversos usos, desde os rituais religiosos à pura e simples diversão.»

«Como pode alguém imaginar sequer que há responsabilidade moral? A responsabilidade moral não passa de uma ficção dos filósofos e dos juízes! Na verdade, está tudo determinado. E como está tudo determinado, a responsabilidade moral não é possível»

Forma canónica ou padrão de apresentação de um argumento

«Como pode alguém imaginar sequer que há responsabilidade moral? A responsabilidade moral não passa de uma ficção dos filósofos e dos juízes! Na verdade, está tudo determinado. E como está tudo determinado, a responsabilidade moral não é possível»

Premissa

Premissa

Conclusão

Se tudo está determinado, não há responsabilidade moral

Tudo está determinado

____________________________

Não há responsabilidade moral

IDENTIFICAÇÃO E RECONSTRUÇÃO DE ARGUMENTOS

ARGUMENTO

Identifica-se a conclusão (o que o autor está a defender) e as premissas (as razões que o autor apresenta)

Completa-se o argumento (caso haja premissas omissas temos de as acrescentar)

Formula-se explicitamente o argumento (na forma canónica ou padrão)

Identificação de premissas e conclusão

1- Sabendo-se que nenhum comunista é nazi, segue-se que

nenhum comunista é racista, dado que todos os racistas são nazis

2- Os peixes não respiram porque não têm pulmões, e sem

pulmões não há respiração.

3- Não és a minha mãe biológica. Pois os documentos da

conservatória são conclusivos, fui adotado.

4- João é digno de estima, porque as pessoas honestas são dignas

de estima e o João é honesto

5- Uma vez que nenhuma pessoa que respeite a vida humana é

terrorista e, visto que os piratas aéreos são terroristas, portanto

nenhum pirata aéreo respeita a vida humana.

6- Como estudei, vou ter boa nota no teste. (qual a premissa implícita?)

7- O João tem um corpo musculado, logo o João é um atleta (qual a

premissa implícita?)

8- Dado que todos os crimes são violações da lei, o roubo é uma

violação da lei (qual a premissa implícita?)

Argumentos

Dedutivo Não dedutivo

Aqueles que, se forem válidos, a verdade das premissas torna impossível a falsidade da conclusão

Aqueles que, se forem válidos, a verdade das premissas torna muito improvável, mas não impossível, a falsidade da conclusão

Porque as premissas dão

um apoio total à conclusão

Porque as premissas dão um apoio parcial à conclusão

8- A pena de morte é inaceitável. Porque matar um ser humano só é

aceitável se não houver alternativa moralmente válida. (qual a

premissa implícita?)

9- Não é nada provável que haja vida em Vénus, pois lá a atmosfera

é imprópria e as temperaturas excessivas (qual a premissa

implícita?)

10- Proibir a publicidade ao tabaco só fará aumentar o seu

consumo. Sabendo-se que, se a publicidade for proibida os

produtores pouparão dinheiro que nela gastariam e para

competirem uns com os outros reduzirão o preço do tabaco. (qual

a premissa implícita?)

11- Os seres humanos reconhecem os direitos dos animais. Sabe-

se que castigamos as pessoas que maltratam os animais. (qual a

premissa implícita?)

VALIDADE

Um argumento é válido quando é impossível ou

muito improvável que as suas premissas sejam

Verdade/validade

Verdade Validade

- É uma propriedade das proposições

- Exprime a relação do conteúdo de uma

proposição com uma realidade

- É uma propriedade dos argumentos (da sua forma

lógica)

- Exprime a relação lógica (formal) das premissas

entre si e com a conclusão

Futebolistas

Cantores

Ronaldo

verdadeiras e a sua conclusão falsa

Premissa Conclusão Validade do

Argumento

Verdadeira Verdadeira Válido

Verdadeira Falsa Inválido Única

situação

que não é

permitida

Falsa1 Falsa Válido

Falsa2 Verdadeira Válido

Premissa: Todos os cantores são futebolistas (falso)

Premissa: Ronaldo é cantor (falso)

__________________________________________

Conclusão: Ronaldo é futebolista (verdadeiro)

1 Um mês tem 365 dias ( falso)

Um ano tem 31 dias ( falso)

Logo um mês é maior do que um ano ( falso) 2 Ronaldo é cantor ( falso)

Todos os cantores são futebolistas ( falso )

Logo, Ronaldo é futebolista ( verdadeiro )

Validade

Argumentos dedutivamente válidos

Argumentos não dedutivamente válidos

Aqueles cuja forma garante as premissas dão um apoio total à conclusão

Aqueles cuja forma não

garante que as premissas

deem um apoio total à

conclusão

Generalização Alguns S são P

Todos os S são P

Previsão Alguns S são P

O próximo S é P

Todos os S são P

Alguns os S são P

Apreciação de

Argumentos

Quanto à validade Quanto ao conteúdo

Aprecia-se a forma do

argumento

Válido (nunca tem premissas verdadeiras e

conclusão falsa)

Inválido = falácia

Aprecia-se o valor de verdade

das premissas

Sólido

(premissas todas verdadeiras)

Não sólido

(premissas falsas)

Apreciação pela forma ou pela validade

(Queremos saber se as premissas

justificam/apoiam uma certa conclusão)

Experiência mental

(tenta-se encontrar uma situação em que é possível pensar que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa)

Contraexemplo

(tenta-se encontrar um caso concreto em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa)

Regras lógicas (verifica-se se alguma regra lógica é violada)

Apreciação pela forma(validade)

Queremos saber se as premissas justificam/apoiam uma certa conclusão ?

1º Experiência mental:

Trata-se de imaginar uma situação em que, aceitando a verdade das premissas, se possa pensar a conclusão como falsa.

Argumento original Situação imaginada Validade Se chover, então a rua fica molhada

A rua está molhada

_______________________________

Logo, choveu

Imaginemos que a rua está molhada

porque rebentou uma conduta de água

Então a conclusão é falsa

A 1ª e a 2ª premissa são verdadeiras

Inválido

Se a Joana ficou em casa, não foi à praia

Ora, ela não foi à praia

______________________________

Logo, ficou em casa

Imaginemos que Joana foi ao cinema

Então a conclusão é falsa

A 1ª e a 2ª premissa são verdadeiras

Inválido

Se a Joana ficou em casa, não foi à praia

Ora, ela ficou em casa

______________________________ Logo, não foi à praia

Imaginemos que a Joana foi à praia

Então a conclusão é falsa

Mas a 2ª premissa também é falsa

Válido

2º Arranjando um contra exemplo:

Apresentar outro argumento com a mesma estrutura/forma lógica, mas em que a verdade das premissas não torna impossível a falsidade da conclusão.

Argumento original Contraexemplo Validade Se chover, então a rua fica molhada

A rua está molhada

_______________________________

Logo, choveu

Se alguém está em Lisboa, então está em

Portugal (v)

Nós estamos em Portugal (v)

_________________________________

Nós estamos em Lisboa (f)

Inválido

Se a Joana ficou em casa, não foi à praia

Ora, ela não foi à praia

______________________________

Logo, ficou em casa

Se alguém está em Lisboa, então está no

Porto (v)

Nós não estamos em Lisboa (v)

_________________________________

Nós estamos no Porto (f)

Inválido

Exercício

Mostra que os argumentos seguintes são inválidos:

a) Se chove, a estrada fica perigosa. A estrada está perigosa, logo choveu.

b) Se a nossa equipa jogasse bem, ganhávamos o jogo. Como a nossa

equipa não jogou bem, não ganhámos o jogo.

c) João é casado, visto que alguns filósofos são casados e o João é filósofo

d) Todos os advogados ganham muito dinheiro. O João ganha muito

dinheiro. Logo, o João é advogado.

Exercício Assinala o valor de verdade das proposições seguintes:

a) Um argumento pode ser falso.

b) Nenhum argumento válido tem uma

conclusão falsa

c) Todos os argumentos com premissas falsas

têm conclusão falsa.

d) Todos os argumentos com premissas e

conclusão verdadeiras são válidos

e) Um argumento sólido é um argumento válido

com premissas verdadeiras

f) Pode-se recusar a conclusão de um

argumento válido.

g) A validade é uma questão de consistência.

Contra-exemplos argumentativos

Argumento

Forma do argumento Contra-exemplo

Alguns portugueses são políticos Alguns políticos são ministros ______________________________ Alguns ministros são portugueses

Alguns x são y Alguns y são z ___________ Alguns z são x

Alguns filósofos são casados João é filósofo _________________________

João é casado

Alguns x são y B é x ____________

B é y

Nenhum leão é um tigre Nenhum tigre é um leopardo ___________________________ Nenhum leopardo é leão

Nenhum x é y Nenhum y é z ____________ Nenhum z é x

Se a nossa equipa jogasse bem, ganhávamos o jogo A nossa equipa não jogou bem ___________________________ Não ganhámos o jogo

Se P, então Q Não P __________ Não Q

Alguns alunos do 10º H1 são alunos Da ESARS Alguns alunos da ESARS são alunos do 12ºAno _________________________________________________ Alguns alunos do 10ºT1 são alunos do 12º Ano Alguns alunos do 10ªT1 tiveram negativa no teste de filosofia O Luís Bettencourt é aluno do 10º T1” ___________________________________________________ O Luís teve negativa no teste de filosofia Se houvesse pandas que fossem vermelhos, então seriam muito raros Os pandas não são vermelhos ________________________________________________ Os pandas não são muito raros Nenhum ser humano é uma pedra Nenhuma pedra é um ser vivo ____________________________ Nenhum Ser vivo é um ser humano