teste palpatÓrio para determinaÇÃo do nÍvel · para a concordância entre o teste palpatório e...

114
Londrina 2017 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO BIANCA TEIXEIRA COSTA TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR DO TRONCO EM PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA MEDULA ESPINHAL

Upload: duongdang

Post on 12-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Londrina 2017

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

BIANCA TEIXEIRA COSTA

TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR DO TRONCO EM PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA

MEDULA ESPINHAL

BIANCA TEIXEIRA COSTA

Londrina

2017

TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR DO TRONCO

EM PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA MEDULA ESPINHAL

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação. Orientadora: Profa. Dra. Viviane de Souza Pinho Costa

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

Biblioteca CCBS/CCECA PIZA Setor de Tratamento da Informação

Costa, Bianca Teixeira C837t Teste palpatório para determinação do nível motor do tronco em

paraplégicos por lesão da medula espinhal. / Bianca Teixeira Costa. Londrina: [s.n], 2017.

114f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Reabilitação).

Universidade Norte do Paraná.

Orientadora: Profa. Dra. Viviane de Souza Pinho Costa.

1- Traumatismos da medula espinal - dissertação - UNOPAR

2- Paraplegia 3- Tronco 4- Palpação 5- Eletromiografia I- Costa, Viviane de Souza Pinho; orient. II- Universidade Norte do Paraná.

CDD 616.83

BIANCA TEIXEIRA COSTA

TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR DO TRONCO EM PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA MEDULA ESPINHAL

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Ciências da

Reabilitação, área e concentração em Ciências da Saúde como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora

formada pelos professores:

_____________________________________

Profa. Dra. Viviane de Souza Pinho Costa Universidade Norte do Paraná

______________________________________

Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Junior Universidade Norte do Paraná

______________________________________

Prof. Dr. Edson Lopes Lavado Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Junior Coordenador do Curso Universidade Norte do Paraná

Londrina, 14 de março de 2017

Dedico esta dissertação a minha família, amigos, colegas do grupo de

pesquisa, professores, pacientes e orientadora pelo amparo, apoio

incondicional, constante incentivo e confiança, pois sem eles este trabalho não

teria sido realizado.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, quero expressar minha gratidão à minha orientadora

professora Dra. Viviane de Souza Pinho Costa, por me proporcionar esta

grande oportunidade. Obrigada por acreditar no meu potencial e me fazer

acreditar também, por contribuir de maneira excepcional ao meu aprendizado

teórico-prático e por me direcionar pelos melhores caminhos, mas sempre me

deixando voar sozinha. Sua personalidade e seu caráter são admiráveis, sem

dúvida me serão fonte de inspiração.

Aos professores Dr. Rubens Alexandre da Silva Junior e Dr. Edson

Lopes Lavado pelas orientações, por partilhar experiências e conhecimentos, e

pela disponibilidade e paciência durante todo esse período. Vocês foram

fundamentais durante todo o processo.

Aos meus pais e torcedores fieis Armstrong Fernandes Costa e Cristine

Teixeira Costa que sempre colocaram a minha educação em primeiro lugar,

que me incentivaram desde o início desta jornada e nunca mediram esforços

para que eu pudesse percorrer este caminho. Obrigada por todo suporte, amor

e palavras de sabedoria.

A minha irmã Maria Eduarda Teixeira Costa que mesmo com sua pouca

idade me ensina tanto como poucos. Seu carinho e amor são minhas fontes de

energia.

Ao meu namorado Leandro dos Santos Dias que incansavelmente

sempre esteve presente para me ajudar, para me aconselhar ou simplesmente

para me ouvir quando eu precisava, tornando essa trajetória mais fácil de ser

percorrida.

A todos do grupo de pesquisa por toda dedicação e colaboração durante

todas as etapas deste estudo e pela amizade formada ao longo desses anos.

A todos os pacientes que confiaram em mim e no meu trabalho e

participaram das coletas de dados do estudo, pela disponibilidade, atenção e

carinho, sem vocês nada disso seria possível.

A todos os professores e amigos que participaram da minha vida e

colaboraram para minha formação pessoal e profissional nesses anos.

Enfim, meu crescimento pessoal e profissional nestes últimos anos foi

imensurável graças a todos vocês. Muito obrigada.

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”

Arthur Schopenhauer

COSTA, Bianca Teixeira. Teste palpatório para determinação do nível motor do tronco em paraplégicos por lesão da medula espinhal. 2017. Número total de 114 folhas. Dissertação de mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação – Programa Associado entre UEL e UNOPAR) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2017.

RESUMO

Introdução: A relevância da aplicação de classificações padronizadas para avaliação inicial e seguimento do cuidado às pessoas com lesão da medula espinhal (LME) é de acordo com os profissionais que trabalham com estes pacientes. Na ausência de um método preciso que avalie o nível motor do tronco em pessoas com LME, o teste de palpação muscular é uma proposta de avaliação pontual, baseada na contração muscular do miótomo avaliado, simples, prática e sem custo que pode ser aplicada facilmente por profissionais da área da saúde devidamente orientados. Objetivos: A presente dissertação objetivou elaborar um protocolo de avaliação para determinação do nível motor torácico e percepção da contração dos miótomos torácicos, por meio do teste palpatório para população de pessoas acometidas por LME classificadas em paraplegia. Para alcançar determinada proposta foram elaborados dois trabalhos específicos, sendo que no artigo “1” o objetivo específico foi elaborar um protocolo para padronização da avaliação pela eletromiografia de superfície (EMGs), segundo os miótomos do tronco, para avaliação dos músculos intercostais externos e reto abdominal em adultos saudáveis e avaliar a confiabilidade teste-reteste do protocolo proposto; e no artigo “2” avaliar a concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury (ISNCSCI) para determinação do nível motor do tronco; avaliar a concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da EMGs para percepção da contração dos miótomos do tronco; e avaliar a concordância entre a avaliação por meio da ISNCSCI e da EMGs para percepção da contração dos miótomos do tronco na população de pessoas acometidas por LME classificadas em paraplegia. Métodos: No artigo “1” participaram do estudo 10 indivíduos saudáveis e no artigo “2” 33 pessoas com LME classificadas em paraplegia. Para a avaliação por meio da EMGs bem como da palpação as tarefas a serem realizadas eram as mesmas. Com o participante em decúbito dorsal foram avaliados 22 pontos, a cada nível medular bilateralmente (T2 a T12), e o posicionamento dos eletrodos ou da mão do avaliador seguiu um ponto específico, durante atividades de inspiração e flexão anterior de tronco para análise dos músculos intercostais externos e reto abdominal, respectivamente. No artigo “1” a confiabilidade do protocolo de avaliação por meio da EMGs determinou-se pelo Coeficiente de Correlação Intraclasse, Erro Padrão da Medida e concordância Bland-Altman. No artigo “2” o protocolo criado para determinação do nível motor por meio do teste palpatório foi comparado a avaliações por meio da ISNCSCI e da EMGs. A concordância entre as avaliações foi verificada pelo Coeficiente Kappa Simples (K). Resultados: No artigo “1” observou-se excelente confiabilidade (CCI≥0,75) do protocolo proposto para avaliação pela EMGs de todos os miótomos do tronco bilateralmente avaliados (T2-T12) em adultos saudáveis. No artigo “2” para concordância entre o teste palpatório e a ISNCSCI não foi possível calcular o K para T2 e T12. Para os

demais miótomos do tronco superior às concordâncias variaram em razoável, moderado e substancial com valores de K entre 0,29 e 0,76. Para o tronco inferior em quase perfeito, substancial, moderado e desprezível, com valores de K entre 0,10 e 0,81. Para todos os miótomos do tronco superior o valor de K não pode ser calculado para as concordâncias entre o teste palpatório e a ISNCSCI e entre a ISNCSCI e a EMGs. Para a concordância entre o teste palpatório e a ISNCSCI os valores de K foram classificados em quase perfeito, substancial e desprezível (0,05 - 0,81). As concordâncias entre a ISNCSCI e a EMGs agruparam-se em moderada, razoável e desprezível, com K variando entre 0,05 e 0,53. Conclusão: O artigo “1” demonstrou que a confiabilidade teste-reteste do protocolo proposto para avaliação dos miótomos do tronco (T2-T12) por meio da EMGs em adultos saudáveis é excelente para todos os pontos avaliados. O artigo “2” apontou que os valores de K apresentaram concordância quase perfeita ou substancial para os segmentos T6, T7, T8 e T9 indicando assim que o resultado do teste palpatório aproxima-se da avaliação por meio da ISNCSCI, para esses pontos do tronco superior e do tronco inferior, sugerindo que o teste palpatório possa ser possivelmente outra forma de avaliação para determinação do nível motor do tronco em pessoas com lesão da medula espinhal. Palavras-chave: Traumatismos da Medula Espinal; Paraplegia; Tronco; Diagnóstico; Exame neurológico; Eletromiografia; Palpação.

COSTA, Bianca Teixeira. Palpatory test to determine the trunk motor level in paraplegic individuals due to spinal cord injury. 2017. Número total de 114 folhas. Dissertação de mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação – Programa Associado entre UEL e UNOPAR) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2017.

ABSTRACT

Introduction: The relevance of the application of standardized classifications for initial assessment and follow-up of care of people with spinal cord injury (SCI) is in agreement with the professionals who work with these patients. In the absence of a precise method to evaluate the motor level of the trunk in people with SCI, the muscle palpation test is a proposal of a punctual evaluation that is based on the myotome muscle contraction evaluated and is simple, practical and costless that can be easily applied by health professionals. Objectives: The present dissertation aimed to elaborate an evaluation protocol for determination of thoracic motor level and perception of the contraction of thoracic myotomes, through the palpatory test for the population of people affected by SCI classified as paraplegia. In order to reach a specific proposal, two specific studies were elaborated. In article "1" the specific objective was to elaborate a protocol for the standardization of the surface electromyography (EMG) evaluation, according to the myotomes of the trunk, to evaluate the external intercostal and rectus abdominis muscles in healthy adults and evaluate the test-retest reliability of the proposed protocol. In article "2" to evaluate the concordance between the evaluation by the palpatory test and the International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury (ISNCSCI) to determine the trunk motor level; To evaluate the concordance between the evaluation through the palpatory test and the EMG for the perception of contraction of the myotomes of the trunk; And to evaluate the concordance between the ISNCSCI and the EMG for the perception of contraction of the myotomes of the trunk in the population of people affected by SCI classified in paraplegia. Methods: In article "1", 10 healthy individuals participated. In article "2", 33 people participated with SCI classified in paraplegia. For the evaluation through the EMG as well as the palpation the tasks to be performed were the same. With the lying participant, 22 points were assessed at each spinal level bilaterally (T2 to T12), and the positioning of the electrodes or the hand of the evaluator followed a specific point, during activities of inspiration and anterior flexion of the trunk for analysis of the external intercostal muscles and rectus abdominis, respectively. In article "1" the reliability of the evaluation protocol through the EMG was calculated by the Intraclass Correlation Coefficient, Standard Error of the Measure and Bland-Altman agreement. In article "2" the protocol created for determination of the motor level by means of the palpatory test was compared to evaluations by ISNCSCI and EMG. The concordance between the evaluations was verified by the Simple Kappa Coefficient (K). Results: In article "1", it was observed excellent reliability (ICC≥0.75) of the protocol proposed for evaluation by EMGs of all bilaterally assessed myotomes (T2-T12) in healthy adults. In article "2" for concordance between the palpatory test and the ISNCSCI it was not possible to calculate the K value for T2 and T12. For the other myotomes of the upper trunk the concordances varied in fair, moderate and substantial with values of K

between 0.29 and 0.76. For the inferior trunk in almost perfect, substantial, moderate and poor, with K values between 0.10 and 0.81. For all upper trunk myotomes the K value cannot be calculated for the concordances between the palpatory test and the ISNCSCI and between the ISNCSCI and the EMG. For the concordance between the palpatory test and the ISNCSCI the K values were classified as almost perfect, substantial and poor (0.05 - 0.81). The concordances between the ISNCSCI and the EMG were grouped in moderate, fair and poor with values of K between 0.05 and 0.53. Conclusion: The article "1" demonstrated that the test-retest reliability of the proposed protocol for the evaluation of trunk myotomes (T2-T12) through EMG in healthy adults is excellent for all evaluated points. The "2" showed that the values of K presented almost perfect or substantial agreement for the segments T6, T7, T8 and T9 thus indicating that the result of the palpatory test approximates the evaluation through the ISNCSCI, for those points of the upper trunk and inferior trunk, suggesting that the palpatory test may possibly be another form of evaluation for determining the motor level of the trunk in people with SCI. Key-words: Spinal Cord Injuries; Paraplegia; Torso; Diagnosis; Neurologic Examination; Electromyography; Palpation.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Artigo 1 - Confiabilidade de um protocolo para avaliação dos miótomos

do tronco pela eletromiografia de superfície

Figura 1 - Posicionamento dos eletrodos para coleta dos dados pela EMGs.

Figura 2 - Tarefas para coleta dos dados pela EMGs do tronco superior e

inferior respectivamente.

Artigo 2 - Teste palpatório para determinação do nível motor do tronco em

paraplégicos por lesão da medula espinhal

Figura 1 - Posicionamento dos pontos para palpação e colocação dos

eletrodos para coleta dos dados pela EMGs .

LISTA DE TABELAS

Artigo 1 - Confiabilidade de um protocolo para avaliação dos miótomos

do tronco pela eletromiografia de superfície

Tabela 1 - Confiabilidade do protocolo para avaliação dos pontos do tronco

superior bilateralmente.

Tabela 2 - Confiabilidade do protocolo para avaliação dos pontos do tronco

inferior bilateralmente.

Artigo 2 - Teste palpatório para determinação do nível motor do tronco em

paraplégicos por lesão da medula espinhal

Tabela 1 – Características da LME dos participantes do estudo.

Tabela 2 – Concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da

ISNCSCI, do teste palpatório e da EMGs e da ISNCSCI e da EMGs para

percepção da contração dos miótomos do tronco superior.

Tabela 3 - Concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da

ISNCSCI, do teste palpatório e da EMGs e da ISNCSCI e da EMGs para

percepção da contração dos miótomos do tronco inferior.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LME – Lesão Medular Espinhal

OMS - Organização Mundial da Saúde

ASIA – American Spinal Cord Injury Association

ISNCSCI - International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord

Injury

C – Seguimento Cervical

S – Seguimento Sacral

T – Seguimento Torácico

L – Seguimento Lombar

ME – Medula Espinhal

NNL- Nível Neurológico da Lesão

AIS - ASIA Impairment Scale

NT – Não testado

ZPP - Zona de Preservação Parcial

EMG – Eletromiografia

EMGs- Eletromiografia de superfície

RMS – Root Mean Square

SENIAM – Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of

Muscles

IC EXT – Intercostais Externos

RA – Reto Abdominal

CCI – Coeficiente de Correlação Intraclasse

EPM – Erro Padrão da Medida

DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

K – Coeficiente Kappa Simples

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17

2 OBJETIVOS ................................................................................................. 20

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 20

3 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO ............................. 21

3.1 A MEDULA ESPINHAL .............................................................................. 21

3.2 A LESÃO DA MEDULA ESPINHAL .......................................................... 22

3.3 O EXAME CLÍNICO NA LESÃO DA MEDULA ESPINHAL ........................ 24

3.4 A ELETROMIOGRAFIA .............................................................................. 27

3.5 O TESTE PALPATÓRIO ............................................................................ 29

3.6 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DE INSTRUMENTOS NA ÁREA DA

SAÚDE ............................................................................................................. 30

4 ARTIGOS ...................................................................................................... 32

4.1 ARTIGO ORIGINAL 1 – CONFIABILIDADE DE UM PROTOCOLO PARA

AVALIAÇÃO DOS MIÓTOMOS DO TRONCO PELA ELETROMIOGRAFIA DE

SUPERFÍCIE .................................................................................................... 33

4.2 ARTIGO ORIGINAL 2 - TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO

NÍVEL MOTOR DO TRONCO EM PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA MEDULA

ESPINHAL........................................................................................................ 53

5 CONCLUSÃO GERAL .................................................................................. 75

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 76

APÊNDICES .................................................................................................... 81

APÊNDICE A – Ficha de identificação do participante da pesquisa ................ 82

APÊNDICE B – Ficha de avaliação palpatória ................................................. 84

ANEXOS .......................................................................................................... 85

ANEXO A - International Standards for Neurological Classification of Spinal

Cord Injury (ISNCSCI) ...................................................................................... 86

ANEXO B – Parecer de aprovação do Comitê de Ética da UNOPAR ............. 87

ANEXO C – Instruções para os autores: Journal of Electromyography and

Kinesiology ....................................................................................................... 90

ANEXO D – Instruções para os autores: Spinal Cord ..... .............................. 104

17

1 INTRODUÇÃO

A lesão medular espinhal (LME) é uma lesão grave e incapacitante e

tem como resultado a interrupção das funções desempenhadas pela medula

espinhal a nível distal da lesão por perda do controle supraespinhal. De caráter

permanente, acarreta implicações físicas, psicológicas, sociais e financeiras ao

indivíduo, família e sociedade, com consequente redução da qualidade e

expectativa de vida e aumento da morbidade1,2.

A população mais acometida pela LME está na faixa etária adulta jovem

e produtiva para o mercado de trabalho, à vista disso enquadra-se como um

dos grandes problemas em saúde pública mundial1,2,3. A Organização Mundial

da Saúde (OMS) estimou os custos decorridos de uma pessoa com LME, no

período de 25 anos, em 4,6 e 2,3 milhões de dólares para tetraplegias e

paraplegias, respectivamente3,4.

Wyndaele e Wyndaele apontaram a incidência e a prevalência mundial

da LME, nos últimos 30 anos, em 10,4–83,0 e 223,0–755,0 por milhão de

habitantes/ano respectivamente, sendo que a incidência na América do Norte e

Europa aumentou ao longo desse período. Quanto à epidemiologia da lesão

houve mudanças, com aumento das tetraplegias e lesões completas, as mais

incapacitantes3,5.

O importante avanço da medicina nas últimas décadas levou ao

consequente aumento da sobrevida das pessoas com LME. O progresso

abrangeu inúmeras áreas relacionadas ao cuidado desta população, desde

pesquisas em neuroregeneração até intervenções farmacológicas. Os avanços

nas abordagens de avaliação e reabilitação, que têm empregado

bioengenharia, informatização e técnicas terapêuticas avançadas objetivam a

minimização das incapacidades e complicações e a reinserção dos indivíduos à

sociedade3,6.

A relevância da aplicação de classificações padronizadas para avaliação

inicial e seguimento do cuidado às pessoas com LME é acordo por todas as

sociedades médicas e grupos especializados que trabalham com este tipo de

paciente. A grande dificuldade, entretanto, foi encontrar uma classificação que

permitisse uma avaliação objetiva do déficit neurológico e a comparação entre

os exames realizados por diferentes especialistas com o propósito de uma

18

melhor interação entre os profissionais e pesquisadores envolvidos com o

paciente3,7.

Até meados da década de 80 não havia uma padronização para

classificar o nível e integridade da lesão, e desta forma a comparação entre

sujeitos e estudos não era possível. Em 1982 a American Spinal Cord Injury

Association (ASIA) elaborou um método que sofreu revisões ao longo dos

últimos anos, sendo a mais recente em 2013, com o propósito de estabelecer

maior precisão e padronização nas definições utilizadas para classificar a

LME3,8. Este método foi aprovado e definido pela Sociedade Internacional de

Lesão Medular como International Standards for Neurological Classification of

Spinal Cord Injury (ISNCSCI)8,9.

Referente à última revisão, as ISNCSCI primordialmente baseiam-se na

avaliação da sensibilidade e da função motora através dos dermátomos e

miótomos, respectivamente, para então determinar a classificação da pessoa

com LME8,9,10.

O exame da sensibilidade é realizado por meio da avaliação da

sensibilidade tátil e dolorosa, pesquisada em 28 dermátomos (C2-S5) de

ambos os lados, atribuindo-se uma avaliação numérica de acordo com o

achado clínico e o nível sensitivo é determinado pelo dermátomo mais caudal

intacto para a sensibilidade tátil e dolorosa8,9,10.

A função motora é avaliada, também de ambos os lados, a partir dos

músculos denominados “músculos-chave” em 10 pares de miótomos, e a força

muscular é graduada de acordo com uma escala que varia de 0 a 5 e o nível

motor é definido pela força do músculo chave mais caudal que apresente no

mínimo grau 3 (teste supino), comparado com a força muscular do músculo

chave representado pelo segmento acima do nível considerado intacto

(classificada em 5)8,9,10.

Ainda segundo as ISNCSCI, para avaliação da função motora em

regiões que não há músculos-chave definidos para serem testados,

especificamente no tronco (T2-L1), presume-se o nível motor ser igual ao nível

sensitivo se a força muscular testada, a partir dos músculos chaves acima

desse nível, também for considerada normal8,10.

A negligência da avaliação motora do tronco é uma importante limitação

das ISNCSCI, apontada por diversos estudos, já que há evidências de função

19

motora preservada abaixo do nível de lesão estabelecido, que não tenha sido

detectada pelas ISNCSCI. Esta limitação impossibilita conclusões precisas

sobre o nível motor da lesão neurológica quando nos segmentos torácicos, pois

os clínicos devem basear-se exclusivamente no exame sensorial para esta

região e sabe-se que nem sempre o nível motor corresponde ao nível

sensitivo9,11,12,13,14.

Na ausência de um método preciso que avalie o nível motor do tronco

em pessoas com LME a criação e posterior validação de um instrumento que

determine o nível motor do tronco baseando-se na contração muscular do

miótomo avaliado é imprescindível para a prática clínica diária dos profissionais

da área da saúde envolvidos no tratamento de pessoas acometidas por LME

11,12,13.

Ao planejar o método de coleta de dados, deve-se pensar em

procedimentos que garantam indicadores confiáveis. A correta avaliação da

qualidade dos instrumentos de coleta de dados é fundamental para a

aceitabilidade científica. As características de validade e de confiabilidade são

particularmente importantes ao se escolher, desenvolver ou realizar a

adaptação cultural de instrumentos que serão usados tanto em pesquisas

como na prática clínica, sendo aplicadas inicialmente em um grupo de pessoas,

para que mais tarde consigam ser extrapoladas em estudos populacionais15.

A avaliação do nível motor por meio do teste de palpação muscular é

uma proposta de avaliação pontual, simples, prática e sem custo que pode ser

aplicada facilmente por profissionais devidamente orientados. Dependente

apenas de conhecimentos anatômicos e biomecânicos básicos por parte do

avaliador, o teste de palpação muscular tem por objetivo determinar a

capacidade do músculo ou de grupos musculares atuarem no movimento e de

prover estabilidade e suporte por meio do toque objetivo. A realização do teste

de forma cuidadosa e o registro preciso dos resultados encontrados no mesmo

revelarão os achados característicos e desta forma poderão contribuir no

diagnóstico do paciente em questão16.

2 OBJETIVOS

20

2.1 OBJETIVO GERAL

Elaborar um protocolo de avaliação para determinação do nível motor

torácico e percepção da contração dos miótomos torácicos, por meio do teste

palpatório para população de pessoas acometidas por lesão da medula

espinhal classificadas em paraplegia.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Elaborar um protocolo para padronização da avaliação eletromiográfica de

superfície dos miótomos do tronco por meio da avaliação dos músculos

Intercostais Externos e Reto Abdominal em adultos saudáveis; avaliar a

confiabilidade teste-reteste do protocolo proposto para avaliação

eletromiográfica de superfície dos miótomos do tronco por meio da avaliação

dos músculos Intercostais Externos e Reto Abdominal em adultos saudáveis.

Estes objetivos foram respondidos por meio do artigo “1”.

b) Avaliar a concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da

ISNCSCI para determinação do nível motor do tronco na população de pessoas

acometidas por lesão da medula espinhal classificadas em paraplegia; avaliar a

concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da

eletromiografia de superfície para percepção da contração dos miótomos do

tronco na população de pessoas acometidas por lesão da medula espinhal

classificadas em paraplegia; avaliar a concordância entre a avaliação por meio

da ISNCSCI e da eletromiografia de superfície para percepção da contração

dos miótomos do tronco na população de pessoas acometidas por lesão da

medula espinhal classificadas em paraplegia. Estes objetivos foram

respondidos por meio do artigo “2”.

21

3 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO

3.1 A MEDULA ESPINHAL

A medula espinhal (ME) é uma massa cilindriforme de tecido nervoso e

está localizada dentro do canal vertebral sem ocupá-lo completamente. Limita-

se cranialmente com o bulbo, aproximadamente ao nível do forame magno do

osso occipital e o limite caudal no adulto situa-se geralmente na segunda

vértebra lombar. A ME termina afilando-se e formando um cone, o cone

medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento

terminal17.

De forma aproximadamente cilíndrica e ligeiramente achatada no sentido

ântero-posterior a ME não tem seu calibre uniforme, pois apresenta duas

dilatações denominadas intumescência cervical e intumescência lombar,

situadas em nível cervical e lombar, respectivamente, que correspondem às

áreas em que fazem conexão com a medula espinhal às grossas raízes

nervosas que formam os plexos braquial, destinadas a inervação dos membros

superiores e lombossacral, destinadas a inervação dos membros inferiores17.

A união de duas raízes nervosas medulares, uma anterior e outra

posterior, origina o nervo espinhal, sendo 31 pares de nervos espinhais aos

quais correspondem 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1

coccígeo10,18. O 1º par cervical emerge acima da 1ª vertebra cervical, entre ela

e o osso occipital e assim continuamente até o 7º par cervical. A partir do 8º

nervo espinhal todos os nervos espinhais seguintes emergem sempre abaixo

da vértebra correspondente10,17.

Abaixo do nível da segunda vértebra lombar o canal vertebral contém

apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais que,

dispostas em torno do cone medular e filamento terminal, constituem, em

conjunto, a cauda equina17.

O tecido nervoso medular é formado pelas substâncias cinzenta e

branca orientadas longitudinalmente. A primeira que se situa internamente a

medula e apresenta a forma de uma borboleta ou “H”, é constituída

basicamente por corpos celulares e dendritos de neurônios. Já a substância

branca encontra-se mais externamente e compõe-se principalmente de axônios

em sua grande maioria mielinizados formando uma dúzia de tratos motores e

22

sensoriais essenciais que atuam como vias de comunicação entre a ME e o

sistema suprasegmentar10,17.

Condutora de impulsos nervosos e reflexos, na ME encontram-se os

neurônios eferentes que têm a finalidade de inervar os músculos liso, cardíaco

e estriado, glândulas e órgãos carreando informações advindas do sistema

suprasegmentar. Além disso, recebe também as sinapses aferentes referentes

a sensibilidade enviadas pelos neurônios sensitivos e as transmite para o

sistema suprasegmentar. Responsável pela comunicação entre meio interno-

externo e vice-versa a ME espinhal está envolvida nas funções motora,

sensitiva, cardiorespiratória, edócrina, urinária, intestinal e sexual10,17.

Devido à magnitude funcional da ME a lesão da mesma, independente

da etiologia, gera inúmeras limitações ao indivíduo. A correlação entre a

localização anatômica de uma lesão e o sintoma clínico observado é um dos

processos mais utilizados para se estabelecer o significado funcional de uma

área do sistema nervoso central. O conhecimento destas correlações

anatomoclínicas é imprescindível para os profissionais interessados em

estabelecer a localização precisa de uma lesão, com base nos sintomas e

sinais clínicos observados17.

3.2 A LESÃO DA MEDULA ESPINHAL

A ASIA define a lesão da medula espinhal como uma diminuição ou

perda da função motora e/ou sensitiva e/ou autonômica, abaixo do segmento

lesado, como consequência de dano parcial ou total nos elementos neuronais

localizados dentro do canal vertebral podendo ocorrer por etiologia traumática

ou não traumática19.

A LME sequente a um evento traumático tem cunho repentino e

inesperado e pode ser devastadora. Acidentes com transportes terrestres,

ferimentos por arma branca e de fogo, quedas, lesões laborais, esportivas e

recreacionais constituem as causas traumáticas mais comuns. Lee et al.

estimaram a prevalência global, em 2014, entre 236 e 4187 casos de LME por

milhão de habitantes e a incidência anual, em 2007, foi estimada em 23 casos

por milhão (179312 casos). Para a América do Sul a incidência foi estimada em

25 casos por milhão de habitantes e referente ao Brasil, entre 10 e 29 casos

por milhão20.

23

A LME decorrente de causa não traumática compreende um grupo de

condições heterogêneas e com mecanismos fisiopatológicos variados, dentre

elas as alterações congênitas (disrafismo espinhal, malformação de Arnold-

Chiari, malformação esquelética), desordens genéticas

(adrenomieloneuropatia, atrofia muscular espinhal, espino-cerebelar) e

anomalias adquiridas (desordens metabólicas, vasculares, intoxicações,

infecções, neoplasias, doenças inflamatórias e auto-imunes). New e Marshall

relatam que a incidência das lesões não traumáticas é maior do que a das

lesões traumáticas, porém não são documentadas de forma padronizada21.

Uma revisão de literatura realizada em 2006 aponta que há mais

homens com LME do que mulheres, em uma proporção que varia amplamente

na esfera mundial, devido às diferenças culturais, sociais, econômicas e

demográficas, chegando a 5/1 na Turquia e a 3/1 em Portugal. Além disso, os

indivíduos sofrem a LME ainda jovens, por volta dos trinta e poucos anos. A

importante diferença da frequência de LME entre homens e mulheres e a

questão da faixa etária é discutida na literatura devido a maior exposição dos

homens adultos jovens às possíveis etiologias traumáticas5.

A LME pode atingir a coluna cervical, torácica ou lombar, resultando em

tetraplegia ou tetraparesia quando a lesão for a nível cervical e em paraplegia

ou paraparesia nos demais. Em um recente estudo retrospectivo colombiano as

lesões cervicais representaram cerca de 50% de todas as LME, sendo 27,4%

torácicas e 22,9% lombares22. A revisão de literatura realizada por Wyndaele e

Wyndaele mostra que dois terços dos pacientes com LME são paraplégicos e

apenas um terço é tetraplégico5.

Independente da etiologia, nível ou extensão da lesão a fase seguinte à

LME é denominada choque espinhal, determinada por um quadro de ausência

de motricidade, sensibilidade e atividade reflexa que sequencialmente, dentro

de horas, dias ou semanas, pode evoluir para plegia ou paresia, hipotonia ou

hipertonia, arreflexia, hiporreflexia ou hiperreflexia superficial e profunda,

anestesia ou hipoestesia superficial e profunda, alterações do sistema nervoso

autônomo, diminuição da capacidade respiratória, dor irradiada, perda do

controle esfincteriano e alterações das funções sexuais17,19,23.

Devido às inúmeras complicações e implicações que a lesão das

estruturas medulares acarreta e associada a altos índices de morbidade e

24

mortalidade, inúmeros são os profissionais envolvidos no tratamento e

reabilitação dos indivíduos com LME. O intercâmbio de informações coerentes

e precisas entre eles a respeito do diagnóstico e avaliação da lesão é

fundamental para um tratamento qualificado e orientado, proporcionando ao

paciente um atendimento mais humanizado.

3.3 O EXAME CLÍNICO NA LESÃO DA MEDULA ESPINHAL

O exame clínico neurológico é o instrumento que possibilita avaliar a

gravidade, extensão e nível na LME. Uma avaliação exata da magnitude da

LME é a chave para a previsão de resultados funcionais3.

A classificação descrita por Frankel e colaboradores em 1969 foi

aplamente empregada na literatura após a sua criação e serviu de

complemento para a criação do método mundialmente aceito hoje para a

classificação da LME3,24.

A escala de Frankel avalia a extensão do nível neurológico, dividida em

cinco categorias (A-E). O paciente era classificado em A quando apresentava

uma lesão completa e não existia nenhuma função motora e sensitiva nos

segmentos medulares abaixo da lesão; em B quando apresentava uma lesão

incompleta e apresentava apenas função sensitiva completa ou parcial nos

segmentos abaixo da lesão; em C quando apresentava uma lesão incompleta,

entretanto existe também alguma função motora preservada abaixo do nível da

lesão, porém sem funcionalidade; em D quando apresentava uma lesão

incompleta e existia alguma função motora preservada abaixo do nível da lesão

que seja funcional; e em E quando apresentava função sensitiva e motora

normal abaixo do segmento medular lesado, podendo apresentar anormalidade

reflexas3,24.

Duas grandes limitações desta escala foram identificadas: (1) o nível da

lesão não é incorporado na classificação e (2) a subjetividade inerente à escala

para julgar o que é uma contração motora "útil". Além disso, a escala de

Frankel tem uma resposta limitada a sutis melhorias neurológicas durante a

recuperação. Essas deficiências metodológicas da escala de Frankel foram

reconhecidas pelo comitê da ASIA e com a finalidade de elaborar uma

avaliação que abrangesse os pontos crucias da LME, em 1982 a ASIA criou um

exame clínico sistemático da função neurológica que avalia o nível e extensão

25

da LME baseado nos miótomos e dermátomos3,9,25.

A ASIA recomenda que uma ordem seja seguida para determinar a

classificação dos indivíduos com LME. Incialmente deve-se determinar os

níveis sensitivos do lado direito e esquerdo, sequencialmente os níveis motores

do lado direito e esquerdo, em seguida determinar o nível neurológico da lesão

(NLL), posteriormente classificar a lesão em completa ou incompleta e por fim

determinar a graduação pela ASIA Impairment Scale (AIS)10,19.

De acordo com a ASIA, dermátomo é definido como "área cutânea

inervada pelos axônios sensoriais de um único nervo espinhal". O exame

sensorial é realizado em cada um dos 28 dermátomos (C2-S5) do lado direito e

esquerdo em pontos-chave determinados em cada dermátomo, onde a

inervação sobreposta a dermátomos adjacentes é mínima, tornando estas

áreas mais adequadas para testar a função de cada dermátomo específico.

Para cada ponto-chave, incluindo a região anal e perianal, é testada a

sensibilidade tátil por meio do toque leve (com um aplicador com ponta de

algodão ou objeto similar) e a sensibilidade dolorosa utilizando um pino ou

objeto semelhante3,8,9,10,25.

Desta forma, atribui-se uma avaliação numérica de acordo com o

achado clínico: 0- ausente, 1- alterada, 2- normal e NT (não testada), quando,

por qualquer motivo, a avaliação do dermátomo não puder ser realizada. A

pontuação sensorial pode variar de 0 a 112 e assim é calculado o nível

sensorial para cada lado e para cada tipo de sensibilidade, sendo o nível

sensitivo final determinado pelo segmento mais caudal com função sensorial

tátil e dolorosa intacta3,9,25,8,10.

Ainda segundo a ASIA, miótomo é definido como "grupo e fibras

musculares inervados pelos axônios motores de um único nervo espinhal”. A

função motora também é avaliada de ambos os lados, a partir dos músculos

denominados “músculos-chave” em 10 pares de miótomos, sendo de C5-T1

correspondentes aos membros superiores e L2-S1 correspondentes aos

membros inferiores. Os músculos selecionados para a avaliação e os níveis

neurológicos correspondentes são: C5- flexores do cotovelo, C6- extensores do

punho, C7- extensores do cotovelo, C8- flexores dos dedos, T1- abdutor do

dedo mínimo, L2- flexores do quadril, L3- extensores do joelho, L4-

dorsiflexores do tornozelo, L5- extensor longo do hálux e S1- flexores plantares

26

do tornozelo3,8,9,10.

Na última revisão ainda manteve-se a orientação de que em regiões

onde não têm miótomos para testar o nível motor presume-se este ser igual ao

nível sensitivo, se testada a força muscular acima do nível considerado

normal12,19.

A pontuação motora da ASIA é gerada pela soma da avaliação de seis

possíveis graus dos 10 músculos-chave de tal forma que a pontuação total

varia de 0 a 100, com maiores pontuações indicando maior função motora. A

força muscular é graduada de acordo com a seguinte escala: 0- paralisia total,

1- contração palpável ou visível, 2- movimento ativo eliminado pela força da

gravidade, 3- movimento ativo que vence a força da gravidade, 4- movimento

ativo contra alguma resistência, 5- movimento ativo contra grande resistência

normal e NT. O nível motor é definido pelo músculo-chave mais caudal que

tenha uma graduação de pelo menos 3, desde que todos os músculos acima

tenham pontuação 510,19.

Desta forma são encontrados seis níveis (nível motor esquerdo e motor

direito, nível sensitivo tátil esquerdo e direito e nível sensitivo doloroso

esquerdo, e direito) sendo que o NNL é determinado pelo segmento mais

caudal da medula com sensação intacta e com força motora igual ou maior que

3. Por ultimo a extensão da LME é determinada usando a AIS que uma versão

modificada da escala de Frenkel pela ASIA9,10,19.

De acordo com a AIS: A = Completa- Nenhuma função motora ou

sensitiva está preservada nos segmentos sacrais S4-5; B = Incompleta

Sensitiva- Função sensitiva está preservada abaixo do nível neurológico, sem

função motora e incluindo os segmentos sacrais S4-5 (toque leve e agulhada

em S4-5 ou pressão anal profunda) e nenhuma função motora preservada em

mais do que 3 níveis abaixo do nível motor em ambos os lados do corpo; C =

Incompleta Motora- Função motora preservada abaixo do nível neurológico e

mais da metade dos músculos chaves funcionantes abaixo do NLL com

graduação muscular menor que 3 (Escalas 0-2); D = Incompleta Motora-

Função motora está preservada abaixo do nível neurológico e pelo menos

(metade ou mais) dos músculos chaves funcionantes abaixo do NLL com

graduação ≥ 3; E = Normal. Se a função motora e sensitiva é testada pela

ISNCSCI e graduada normal em todos os segmentos, e o paciente tem déficits

27

prévios, então a AIS é graduada em E. Alguém sem LME inicial não recebe

uma graduação pela AIS10,19.

A mudança mais significante da escala de Frankel para a AIS foi a

definição de "completo" seguindo o trabalho de Waters e colaboradores em

1991. Eles argumentaram de forma conclusiva que a definição de um paciente

como "completo" deveria ser realizada com base na resposta do segmento

sacral e assim resultou uma classificação mais precisa a longo prazo e evitou

pacientes passando de "incompleto" para "completo", situação comum na

definição anterior de "completa". A preservação sacral refere-se à capacidade

do paciente de detectar pressão, toque leve ou agulhada na região anal, ou/e

capacidade de contrair voluntariamente o esfíncter anal. A preservação de

qualquer uma destas funções sugere preservação parcial das raízes nervosas

S4-5 e torna o paciente "incompleto". Para os pacientes completos, a zona de

preservação parcial (ZPP) também deve ser determinada. A ZPP é definida

como o segmento mais caudal com alguma preservação da função sensorial ou

motora9,10.

Furlan et al. realizaram uma revisão sistemática com o objetivo de reunir

estudos que abrangessem as propriedades psicométricas das ISNCSCI.

Cinquenta e seis artigos foram selecionados e os autores concluíram que as

ISNCSCI representam um instrumento apropriado para categorizar e avaliar

adultos com LME ao longo do tempo no que diz respeito à função motora e

sensorial. No entanto, mesmo aceito mundialmente essas normas apresentam

importantes limitações. Para função motora, apenas os membros superiores e

inferiores são avaliados, com apenas 5 grupos musculares para cada membro

incluído, além do tronco não ser avaliado, tornando a avaliação do nível

neurológico motor da LME na região torácica dependente unicamente da

avaliação sensorial e por fim, para a avaliação de melhoras clínicas leves a

responsividade é pequena25.

3.4 A ELETROMIOGRAFIA

A eletromiografia (EMG) é uma técnica baseada no registro,

processamento e análise de sinais mioelétricos que são formados por

variações fisiológicas dos potenciais de ação que propagam-se nas

membranas das fibras musculares. A EMG possibilita o estudo da ativação

28

neuromuscular em tarefas posturais, movimentos funcionais, situações de

trabalho, treinamento e reabilitação. Assim, para investigações fisiológicas e

biomecânicas, a EMG é uma ferramenta amplamente utilizada que auxilia a

pesquisa e prática clínica26.

O registro pode ser realizado por meio de eletrodos de superfície

(posicionados sobre a pele) ou de modo intramuscular26. Devido ao seu caráter

não invasivo, na maioria dos casos, os eletrodos de superfície são usados em

estudos cinesiológicos12,26,27.

A EMG de superfície (EMGs) vem sendo utilizada há décadas no

registro da atividade muscular intercostal e abdominal em pessoas com LME e

também em outras populações9,12,14,28. Porém ainda não há um consenso na

literatura e inúmeros são os protocolos empregados para coleta dos sinais

nesses músculos29. Em relação aos parâmetros da EMGs no domínio do

tempo, uma medida preconizada na literatura é a amplitude do sinal da EMG,

chamada de Root Mean Square (RMS). Essa mostra-se válida e confiável para

o tratamento do sinal eletromiográfico14,26.

Em 1996, Sherwood et al. concluíram que os sinais da EMGs

apresentam padrões diferenciáveis, significativos e sensíveis que podem ser

usados para caracterização da LME. Eles evidenciaram que um paciente

classificado em AIS A, ou seja, sem atividade motora e sensitiva abaixo do NLL

foi capaz de evocar atividades elétricas repetidamente na EMGs ao tentar

mover sua perna30. Em 2004, achados semelhantes foram apresentados por

McKay et al., onde concluíram em uma amostra com 67 pessoas com LME

classificadas em AIS A ou B que mais de 60% dos investigados tinham

capacidade residual abaixo da lesão para modular a excitabilidade motora

espinhal31.

Li et al. avaliariam vinte e quatro pessoas com LME entre lesões agudas

e crônicas e quatro saudáveis com o objetivo de desenvolver um protocolo

objetivo e sensível para caracterização da LME por meio da EMG de

superfície. Foram avaliados 15 músculos bilateralmente, dentre eles os

intercostais externos (T2-5) e o reto abdominal (T6-T9), durante atividades

padronizadas. Atividades musculares evidentes foram apresentadas no

segmento torácico e foram registradas a partir de músculos os quais não são

possíveis atribuir uma pontuação motora na ISNCSCI. Os valores do RMS do

29

EMG foram comparados com a pontuação da ISNCSC e concluiu-se que a

EMGs é uma ferramenta adequada para o protocolo de caracterização

neurológica da LME e que os valores do RMS do EMGs podem aumentar a

precisão de caracterização da LME adicionando detalhes subclínicos a

ISNCSC14.

Bjerkefors et al. também detectaram atividade muscular abdominal

voluntária preservada usando a EMGs em indivíduos com LME completa acima

de T6, e confirmaram que esta atividade muscular era resultado da

preservação corticoespinhal utilizando estimulação magnética transcraniana.

Portanto há evidências de que EMG é uma técnica sensível e precisa para

detectar função motora preservada em músculos abdominais12.

Quanto à atividade muscular intercostal, Taylor demonstrou que a região

paraesternal é o local de atividade inspiratória ótima para gravação da

atividade eletromiográfica, estando presente até mesmo durante a respiração

silenciosa32.

Duiverman et al. avaliaram a confiabilidade e a capacidade de resposta

da EMGs de 4 músculos respiratórios, entre eles os intercostais, em 7

indivíduos saudáveis e 7 indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica

durante a respiração tranquila e contra uma carga inspiratória. Os sinais da

EMGs foram obtidos em 2 dias diferentes nos 14 participantes. O estudo

concluiu que a EMGs é uma técnica confiável para avaliar padrões de

respiração em pacientes com DPOC e em indivíduos saudáveis nas duas

condições de respiração27.

Maarsingh et al. avaliaram os sinais dos músculos intercostal, diafragma

e abdominal por meio da EMGs em crianças saudáveis e asmáticas e pré-

escolares e adultos saudáveis e observou em todas as faixas etárias com e

sem asma, valores reprodutíveis durante a respiração tranquila. Em relação ao

posicionamento dos eletrodos, para avaliação do músculo intercostal os

eletrodos foram posicionados no segundo espaço intercostal, bilateralmente, à

3 cm da borda do esterno, assim como no estudo de Duiverman et al.

(2004)27,33.

3.5 O TESTE PALPATÓRIO

O teste de palpação muscular é de simples aplicação, dependente

30

apenas de conhecimentos anatômicos e biomecânicos básicos por parte do

avaliador, e tem por objetivo determinar a capacidade de músculos ou de

grupos musculares de atuarem no movimento e de prover estabilidade e

suporte por meio do toque objetivo. A aplicação do teste de forma cuidadosa e

o registro preciso dos resultados encontrados no mesmo revelarão os achados

característicos e ajudarão no diagnóstico do paciente em questão16.

Bjerkefors et al. propuseram verificar a acurácia do exame manual para

avaliação da função muscular abdominal em pessoas com LME classificadas

pela ISNCSCI com NLL acima de T6 e em ASIA A (11 pessoas) e ASIA B (2

pessoas), visando a abordagem da avaliação dentro de um cenário clínico. Os

músculos abdominais foram avaliados pela palpação EMGs e Ultra-som

durante a flexão anterior do tronco, rotação do tronco bilateral e manobra de.

Concluíram que a palpação é confiável para identificação da função muscular

abdominal preservada em pessoas com LME. Neste contexto a EMGs foi um

instrumento útil para validar testes manuais para reconhecimento da função

motora abdominal12.

O protocolo do teste palpatório à ser proposto para classificação da LME

deve ser sensível o suficiente para discernir o nível de lesão, bem como

progressos da reabilitação. Uma vez que contração da musculatura do tronco

for identificada, os profissionais envolvidos na reabilitação do paciente podem

prescrever exercícios direcionados à esses músculos visando a melhora da

performance desses e consequente funcionalidade.

3.6 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DE INSTRUMENTOS NA ÁREA DA

SAÚDE

A consciência da importância da prática clínica baseada em evidências é

crescente, logo pesquisadores e clínicos visam avaliações objetivas, precisas e

fidedignas, para que o diagnóstico, a evolução e a eficácia do tratamento sejam

percebidos e medidas de forma adequada. Assim, a mensuração correta é

parte essencial do processo de reabilitação e permite a comparação entre

resultados. No entanto, a utilidade das mensurações na investigação clínica e

no processo de tomada de decisão depende da confiabilidade da medida, se a

mesma fornece indicadores precisos e significativos de comportamento,

atributo ou fenômeno34,35.

31

Idealmente, qualquer forma de mensuração deve ser confiável, válida,

responsiva e prática. Assim, a mensuração indicada deve cumprir vários

requisitos para ser justificável e clinicamente útil. A confiabilidade, validade e

responsividade necessárias para cada estudo (experimental ou clínico), a

aplicabilidade do instrumento em cada cenário, bem como os propósitos da

investigação ou avaliação clínica devem ser motivo de atenção dos

pesquisadores ou clínicos, a fim de escolher a medida mais adequada em cada

situação34,35.

A confiabilidade é definida como o grau de coerência ou precisão com

que o instrumento mede o atributo a que se propõe medir, ou seja, está livre de

erros aleatórios. Refere-se ao grau em que o instrumento produz os mesmos

resultados quando aplicado em diferentes momentos nas mesmas condições.

Estudos de confiabilidade dos instrumentos de avaliação em reabilitação são

necessários para assegurar que o erro envolvido na medição seja pequeno o

suficiente para detectar mudanças reais no que está sendo medido34,35,36.

32

ARTIGOS

33

ARTIGO 1

CONFIABILIDADE DE UM PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO DOS

MIÓTOMOS DO TRONCO PELA ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE

(Será submetido ao periódico Journal of Electromyography and Kinesiology -

ISSN: 1050-6411)

Autores:

a. Bianca Teixeira Costa

a. Rubens Alexandre da Silva Junior

a. Vinícius Aparecido Yoshio Ossada

a. André Wilson de Oliveira Gil

a. Antonio Carlos Evangelista

b. Edson Lopes Lavado

a. Viviane de Souza Pinho Costa

a. Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências da Reabilitação,

Universidade Pitágoras Unopar, Londrina-PR, Brasil.

b. Departamento de Fisioterapia, Universidade Estadual de Londrina

(UEL), Londrina-PR, Brasil.

Palavras-chave: Diagnóstico; Exame neurológico; Eletromiografia; Tronco.

Correspondência ao autor: Viviane de Souza Pinho Costa: Rua Moacyr

Teixeira, 217 – Bairro Terras de Santana – Londrina – Paraná – Brasil. CEP:

86055-230. E-mail: [email protected]

34

RESUMO

O objetivo do estudo foi elaborar um protocolo para padronização da avaliação

eletromiográfica de superfície dos miótomos do tronco por meio da avaliação

dos músculos Intercostais Externos e Reto Abdominal em adultos saudáveis e

avaliar a confiabilidade teste-reteste do protocolo proposto. Estudo de

confiabilidade realizado com 10 adultos jovens saudáveis avaliados em dois

dias (teste-reteste) com intervalo de sete dias. Quanto ao protocolo

experimental, com o participante em decúbito dorsal, os sinais

eletromiográficos foram captados bilateralmente em cada miótomo do tronco

(T2 a T12), e o posicionamento dos eletrodos determinado segundo revisão de

literatura e considerações anatômicas, durante atividades de inspiração e

flexão anterior de tronco para análise dos músculos Intercostais Externos e

Reto Abdominal, respectivamente. A confiabilidade do protocolo determinou-se

pelo Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI), Erro Padrão da Medida

(EPM) e concordância Bland-Altman. Observou-se excelente confiabilidade

teste-reteste para todos os pontos de avaliação estabelecidos pelo protocolo

com CCI variando entre 0,75 e 0,90. Valores do EPM foram baixos, indicando

que o erro nas medidas foi mínimo e valores da diferença da média também

baixos, evidenciando que as medidas teste-reteste foram similares. Concluímos

que o protocolo proposto é confiável para avaliação dos miótomos do tronco

em adultos saudáveis.

Palavras-chave: Diagnóstico; Exame neurológico; Eletromiografia; Tronco.

35

1.0 Introdução

A eletromiografia de superfície (EMGs) propicia o registro da atividade

elétrica dos músculos em contração por meio de eletrodos de superfície

(posicionados sobre a pele), caracterizando-se como uma técnica segura, não

invasiva e que gera pouco ou nenhum desconforto para o avaliado (Konrad,

2005; Reis, 2015). A EMGs pode ser empregada como uma ferramenta de

avaliação para pesquisa aplicada, fisioterapia/reabilitação, treinamento

esportivo e condições de trabalho, em indivíduos saudáveis ou com disfunções

neuromusculares, como na lesão da medula espinhal. É amplamente utilizada

na prática clínica para diagnósticos, avaliação da função e disfunção do

sistema neuromuscular ou para quantificar os efeitos de diferentes

intervenções (Duiverman et al., 2004; Konrad, 2005; Bjerkefors et al., 2015).

O conhecimento da EMGs tem aumentado consideravelmente nos últimos

anos. Isto diz respeito a uma melhor compreensão dos processos fisiológicos

que contribuem para a geração do sinal eletromiográfico, das técnicas de

processamento de sinal mais adequadas e sobre a forma como a EMGs pode

ser aplicada em diversas situações clínicas (Hermens et al., 1999).

Contribuindo com essa crescente e com o objetivo de desenvolver a

padronização das recomendações para o uso da EMGs e, assim permitir um

intercâmbio de dados mais fiel e seguro entre os utilizadores, o projeto

SENIAM (Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of

Muscules) foi iniciado em 1996 e já desenvolveu recomendações para o

registro da atividade de 30 músculos (SENIAM, 2016). Para cada músculo as

recomendações incluem a descrição da anatomia muscular (subdivisão,

origem, inserção e função), o posicionamento dos eletrodos de superfície e a

orientação da postura e atividade muscular necessária para o registro do

músculo em questão (Hermens et al., 1999).

Os músculos do tronco tornam-se críticos, pois, além das suas

atividades primárias contribuem para manutenção da postura e do equilíbrio e

confinamento e proteção das vísceras, proporcionando a estabilização e

funcionalidade necessária para a maioria das atividades diárias do indivíduo

(Bjerkefors et al., 2015).

Os músculos eretores da espinha (dorsal longo e iliocostal) e multífidos

36

já constam na descrição disponibilizada pela SENIAM, entretanto, para

avaliação dos músculos intercostais externos (IC EXT) e reto abdominal (RA)

não há padronização de métodos ou protocolos, embora a quantidade de

estudos utilizando a EMGs para registro da atividade de tais músculos seja

abundante (Maarsingh et al., 2000; Duiverman et al., 2004; Marchetti, 2005;

Reis, 2015; Mitchell et al., 2015; Bjerkefors et al., 2015). Respeitada a

apropriada localização dos eletrodos, mantendo a qualidade do registro e

minimizando influências de fatores externos é possível obter dados da EMGs

dos músculos IC EXT e RA com boa confiabilidade e alta qualidade (Reis,

2015; Bjerkefors et al., 2015; Bjerkefors et al., 2015).

Estudos de confiabilidade avaliam o erro da medida do desfecho e, com

a técnica teste-reteste avalia-se se medidas semelhantes são obtidas quando o

mesmo protocolo é aplicado sob as mesmas condições, mas em momentos

diferentes, determinado o quanto varia a medida em dois momentos (Rankin e

Stokes, 1998). Esses estudos fornecem informações sobre a precisão de

protocolos e suas metodologias indicando aqueles que são seguros para uso

na prática clínica, na pesquisa e na análise biomecânica (Portney e Watkins,

2000; Lexell e Downham, 2005).

A numerosa variedade de protocolos e métodos aplicados na coleta do

sinal eletromiográfico dos músculos IC EXT e RA compromete o uso da EMGs

como ferramenta para avaliação, uma vez que a comparação de dados entre

sujeitos e entre estudos torna-se limitada (Bjerkefors et al., 2015). Os músculos

IC EXT e RA recebem inervação de diferentes nervos torácicos sendo,

portanto, diretamente dependentes da integridade destes nervos e do

segmento medular correspondente à sua porção para sua funcionalidade

máxima (Kendall et al., 2007).

A lesão medular espinhal tem como resultado a interrupção das funções

desempenhadas pela medula espinhal a nível distal da lesão como

consequência de dano parcial ou total nos elementos neuronais localizados

dentro do canal vertebral (Chamberlain et al., 2015). Para avaliação da função

motora dos indivíduos acometidos pela lesão a EMGs é uma ferramenta de

avaliação útil por demonstrar a possível preservação de atividade elétrica

abaixo do segmento lesado (Sherwood et al., 1996; McKay et al., 2004; Li et

al., 2012; Bjerkefors et al., 2015).

37

Diante do exposto e visando a futura utilização da EMGs em pessoas

com lesão da medula espinhal é evidente a necessidade da padronização do

método utilizado no registro da EMGs dos músculos IC EXT e RA. O objetivo

do presente estudo foi elaborar um protocolo para padronização da avaliação

eletromiográfica de superfície dos miótomos do tronco por meio da avaliação

dos músculos IC EXT e RA em adultos saudáveis e avaliar a confiabilidade

teste-reteste do protocolo proposto.

2.0 Método

2.1 Participantes

Participaram deste estudo dez adultos jovens saudáveis. Metade da

amostra eram homens (n=5), a média de idade foi 22,9 (DP=3,24) anos, altura

1,75 (DP=0,06) m, peso 75,20 (DP=10,66) Kg e IMC 24,51 (DP=2,98) Kg/m2.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Norte do Paraná (Nº 1.430.845), seguindo a Resolução 466/12 do Conselho

Nacional de Ética em Pesquisa.

2.1.1 Critérios de elegibilidade

Foram incluídos na pesquisa apenas adultos jovens saudáveis sem

disfunção neurológica central e/ou periférica e que aceitaram participar

voluntariamente do estudo após serem informados dos procedimentos do

mesmo e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram

excluídos aqueles indivíduos com doença respiratória obstrutiva e/ou restritiva,

que já realizaram cirurgia torácica e/ou abdominal, gestantes ou que

apresentassem dores, lesões ou qualquer distúrbio musculoesquelético que

afetassem a inspiração, expiração e flexão anterior de tronco e, desta forma, os

impossibilitassem do cumprimento adequado do protocolo.

2.1.2 Cálculo da amostra

O cálculo do tamanho da amostra foi realizado no programa G Power 3.0.10

(Universidade Kiel, Alemanha). Para este cálculo, considerou-se as estimativas

do artigo Vera-Garcia et al. (Vera-Garcia et al., 2010) e a média (M) e desvio

38

padrão (DP) da amplitude do sinal eletromiográfico normalizado para a

atividade de flexão superior (M=95,9 e DP=7,7) e inferior (M=78,76 e DP=18,4)

de tronco da porção inferior do abdômen. Além disso, consideraram-se os

seguintes parâmetros estatísticos: α (0,05), poder do teste (0,95) e tamanho do

efeito muito grande (>1,3), segundo critérios de Sulliven e Feinn (Sullivan e

Feinn), objetivando-se observar a relevância clínica desta avaliação e reduzir

de forma significativa o erro do tipo II. A partir destes dados, foi calculado que a

amostra mínima seria de oito sujeitos.

2.2 Instrumentos

A coleta dos dados realizou-se por meio do Eletromiógrafo EMG830 WF

de 04 canais (EMG System do Brasil, São José dos Campos, SP), com

impedância de 109 Ohms e resolução de 16 bits, programado na faixa de

entrada de ±1V e com frequência de amostragem de 1000 Hz, interfaciado com

microcomputador. Foram utilizados eletrodos de superfície descartáveis

confeccionados em espuma de polietileno coberto com adesivo acrílico

hipoalergênico em uma das faces e laminado com fita de polipropileno

impresso na outra face, gel condutivo adesivo, pino metálico de aço inox 304

ou 316 e contra-pino de polímero ABS, reforçado com fibras de vidro recoberto

com tratamento de prata

2.3 Procedimentos

Para a confiabilidade teste-reteste as avaliações aconteceram com

intervalo de sete dias em uma sala aterrada e cuidadosamente isolada de

ruídos elétricos, iluminada e refrigerada (entre 23 °C e 26 °C) no Laboratório de

Avaliação Funcional e Performance Motora e Humana localizado no Centro de

Pesquisa em Ciências da Saúde da Universidade Unopar. Cada avaliação

durou em torno de 30 minutos e foi realizada sempre pelos mesmos

avaliadores, devidamente treinados, e nos mesmos dias da semana e horários

aproximados.

2.4 Protocolo experimental

O voluntário foi posicionado em decúbito dorsal e permaneceu em

repouso enquanto recebia as instruções e se familiarizava com o teste. Antes

39

da colocação dos eletrodos foi realizado o preparo da pele com a limpeza e

tricotomia das regiões a serem avaliadas.

Foram avaliados os miótomos respectivos ao 2º nível medular torácico

(T2) até o 6º nível medular torácico (T6) por meio de porções do músculo IC

EXT e do 7º nível medular torácico (T7) até o 12º nível medular torácico (T12)

por meio de porções do músculo RA, sempre bilateralmente e conforme a

direção das fibras musculares. A coleta dos sinais aconteceu a cada dois

níveis, exceto para avaliação do T6 que foi individual, no sentido céfalo-caudal.

2.4.1 Posicionamento dos eletrodos (Figura 1)

Para avaliação dos miótomos de T2 a T12 os eletrodos de superfície

seguiram o seguinte posicionamento: T2- no 2º espaço intercostal, 3 cm lateral

a borda esternal; T3- no 3º espaço intercostal, 3 cm lateral a borda esternal;

T4- no 4º espaço intercostal, 3 cm lateral a borda esternal; T5- no 5º espaço

intercostal, 3 cm lateral a borda esternal; T6- no 6º espaço intercostal lateral a

borda esternal, na linha mamilar; T7- no ponto médio do hemi ventre do

músculo reto do abdome no plano transversal e 1 cm acima do processo xifóide

do esterno; T8- no ponto médio do hemi ventre do músculo reto do abdome no

plano transversal e 3 cm abaixo do processo xifoide do esterno; T9- no ponto

médio do hemi ventre do músculo reto do abdome no plano transversal e 2 cm

acima do nível da cicatriz umbilical; T10- no ponto médio do hemi ventre do

músculo reto do abdome no plano transversal e 2 cm abaixo do nível da cicatriz

umbilical; T11- na região medial entre a cicatriz umbilical e a sínfise púbica;

T12- na região medial entre a espinha ilíaca anterossuperior e a sínfise púbica

(Pradhan e Taly, 1989; Marchetti, 2005; Reis, 2015). O eletrodo de referência

foi posicionado sobre o maléolo medial do membro inferior esquerdo.

2.4.2 Tarefa (Figura 2)

A tarefa para coleta dos sinais se baseou nos seguintes comandos:

inspiração em volume corrente com expiração até o volume residual funcional

seguido por uma inspiração lenta para elevar as três bolas de um Respiron

Classic® (NCS Indústria e Comércio, Barueri, SP), no nível zero, com

sustentação da inflação por cinco segundos, seguido por expiração tranquila,

com um ciclo respiratório de descanso para então, o recomeço do comando por

40

três repetições, os membros superiores estavam posicionados ao lado do

corpo e membros inferiores alinhados, para a avaliação da função muscular

dos IC EXT. A avaliação da função muscular do RA foi realizada em três

flexões anteriores de tronco sustentadas em isometria por cinco segundos, sem

intervalos, com os membros superiores cruzados sobre o tronco e membros

inferiores alinhados. Outro avaliador orientava a tarefa durante a coleta,

segurava o Respiron e introduzia o bucal entre os lábios do participante para

não comprometer o andamento do procedimento de avaliação.

2.5 Processamento dos dados

Para a aquisição, armazenamento e análise dos dados foi utilizado o

Data Acquisition Software (EMG System do Brasil). Os sinais eletromiográficos

foram filtrados em band-pass entre 20 e 450Hz. Após três contrações

voluntárias, segundo protocolo descrito anteriormente, de cada miótomo

avaliado, a média simples da amplitude do sinal EMG em Root Mean Square

(RMS) foi calculada e o sinal foi, então, normalizado (Burden, 2010) para extrair

o valor em porcentagem (%) de ativação muscular em relação ao RMS máximo

da tarefa e a equação foi calculada para cada miótomo avaliado, como segue

na equação:

%RMS (ativação muscular) = [(RMSmédia-tarefa/ RMSmáx-tarefa/X100%]

2.6 Análise estatística

Os dados foram apresentados como média e desvio-padrão, após

aplicação do teste de normalidade Shapiro-Wilk. Para avaliar a confiabilidade

do protocolo proposto, todas as medidas foram repetidas após 7 dias e os

resultados foram avaliados por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse

(CCI), com um valor do ICC < 0,4 indicando fraca reprodutibilidade, 0,4≤ ICC >

0,75 boa reprodutibilidade e ICC≥ 0,75 indicando excelente reprodutibilidade

(Fleiss, 1986). Foi calculado também o erro padrão da medida (EPM), por meio

do ICC, utilizando o número de erros que podem ser atribuídos na amostra pela

equação SD x √1 − 𝐼𝐶𝐶 (Jewell, 2011) e a concordância de Bland-Altman com

a diferença da média (d) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%, o

desvio padrão das diferenças de média (DP da d) e os limites de concordância

(LA).

41

A análise estatística foi realizada por meio dos programas IBM SPSS

(Statistical Package for Social Sciences, versão 22) e GraphPad Prism (versão

7), e adotado um intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5%

para todos os testes utilizados.

3.0 Resultados

Observou-se excelente confiabilidade teste-reteste para todos os pontos

de avaliação, bilateralmente testados, estabelecidos pelo protocolo proposto

(T2-T12) com CCI variando entre 0,75 e 0,90 (Tabelas 1 e 2). Os valores do

EPM foram baixos (0,44-2,20), indicando que o erro nas medidas foi mínimo

(Tabelas 1 e 2). Além disso, os valores da diferença da média também foram

baixos, o que evidencia que as medidas teste-reteste foram similares em

ambas às avaliações (Tabelas 1 e 2).

4.0 Discussão

Este estudo elaborou um protocolo para avaliação de vinte e dois

miótomos (T2-T12 bilateral) referentes aos músculos intercostais externos e RA

por meio da EMGs, determinando os pontos para posicionamento dos

eletrodos de superfície, a orientação da postura e a tarefa a serem executadas

para o registro adequado da atividade muscular. Foi encontrada excelente

confiabilidade (ICC≥0,75) em todos os pontos estabelecidos pelo protocolo,

tanto para as porções do músculo IC EXT como para as porções do músculo

RA. Os valores do EPM e da concordância Bland & Altman foram calculados

para complementar as informações quanto à confiabilidade do protocolo, pois o

CCI isoladamente não fornece informação suficiente sobre a confiabilidade das

medidas devido a: não demonstração de indicação do valor medido ou suas

variações; erro na medida e impossibilidade de ser interpretado clinicamente

(Rankin e Stokes, 1998).

A concordância de Bland & Altman complementa a análise de correlação

por examinar os padrões da diferença entre as duas medidas, isto é, mede a

variação em relação à diferença média. Além disso, este método apresenta os

valores do intervalo de confiança para a diferença da média e os limites de

concordância. Os valores do EPM no presente estudo foram próximos de zero

(0,44-2,20), indicando que o número de erros atribuídos às medidas foi baixo

42

(Jewell, 2011).

Os IC EXT são compostos por finas camadas musculares que se dirigem

obliquamente para baixo em direção à costela inferior em um eixo que se move

ventralmente e dessa forma, quando contraído para a inspiração, eleva a

costela inferior em direção à costela superior, de forma a expandir a caixa

torácica, sob sinal dos nervos intercostais respectivos aos segmentos

medulares (T1 a T12) (Taylor, 1960; Kendall et al., 2007; Reis, 2015). Taylor

observou em seu estudo, por meio da EMG invasiva, que, em respiração

tranquila, os intercostais contribuíram pouco para o esforço respiratório e que

as partes ativas da camada externa inspiratória e da camada interna expiratória

não se sobrepõem (Taylor, 1960). O mesmo estudo também demonstrou que

esforços respiratórios mais vigorosos recrutam as camadas de ação recíproca

em toda a parede torácica, sendo a camada externa inspiratória e a camada

interna expiratória e que a posição ortostática ou supina não apontam

diferentes formas de ativação (Taylor, 1960). Justificando assim, o

posicionamento do indivíduo e a atividade resistida desenvolvida para coleta

dos sinais dos miótomos das porções do IC EXT do presente estudo.

Duiverman et al. (2004) avaliaram a confiabilidade e a capacidade de

resposta da EMGs dos músculos respiratórios em 07 indivíduos com doença

pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e em 07 indivíduos saudáveis durante a

respiração tranquila e contra uma carga inspiratória. Os sinais da EMGs dos

músculos diafragma, intercostais, abdominais e escalenos foram obtidos em 02

dias diferentes nos 14 participantes. Em conclusão, o estudo mostrou que a

EMGs é uma técnica confiável para avaliar padrões de respiração em

pacientes com DPOC e em indivíduos saudáveis nas duas condições de

respiração (Duiverman et al., 2004).

Maarsingh et al. (2000) avaliaram por meio da EMGs, 19 crianças

escolares asmáticas e 20 saudáveis, 16 pré-escolares saudáveis e 11 adultos

saudáveis e observou os sinais derivados dos músculos diafragma, intercostal

e abdominal, em todas as faixas etárias com e sem asma, são reprodutíveis

durante a respiração tranquila. Para avaliação do músculo intercostal os

eletrodos de superfície foram posicionados no segundo espaço intercostal,

bilateralmente, a 3 cm da borda do esterno, assim como no estudo de

Duiverman et al. (2004) (Maarsingh et al., 2000). Para o presente estudo

43

utilizamos o mesmo posicionamento de eletrodos de ambos os estudos

descritos anteriormente.

Com importante papel na mecânica pulmonar qualquer alteração no

desempenho dos músculos IC EXT pode levar a desvantagens respiratórias,

afetando o movimento da caixa torácica, prejudicando a ventilação pulmonar, o

padrão respiratório e a geometria dos músculos respiratórios (Reis, 2015).

Sinalizando a necessidade de métodos de avaliação que abranjam todas as

porções desta musculatura.

Com origem na crista ilíaca e sínfise púbica o RA insere-se nas

cartilagens costais da quinta à sétima costela e processo xifóide do esterno, é

inervado pelos nervos respectivos aos segmentos medulares de T5 a T12, e

tem como ação flexionar a coluna vertebral aproximando o tórax e a pelve

anteriormente (Marchetti, 2005; Kendall et al., 2007). Para avaliação deste

músculo utilizamos a flexão anterior de tronco com os membros superiores

cruzados sobre o tronco, exercício abdominal tradicional, de fácil realização e

com baixo risco de lesão (Bjerkefors et al., 2015). Escamilla et al. (2006)

relatam que para ativação de toda a musculatura do RA, tanto os exercícios

realizados com a flexão do tronco quanto os exercícios que realizam a

inclinação pélvica posterior e a flexão do quadril são eficientes para todo o seu

recrutamento (Escamilla et al., 2006). Outros autores também afirmam que não

existem diferenças significativas na atividade eletromiográfica da porção

superior e inferior do reto abdominal em diversos exercícios executados,

inclusive no exercício abdominal tradicional (Lehman e Mcgill, 2001; Clark et

al., 2003; Marchetti, 2005; Escamilla et al., 2006).

Pradhan e Taly (1989) avaliaram 30 adultos saudáveis com o objetivo de

conhecer os pontos motores do 7º ao 11º nervo intercostal e, consequentes

locais de estimulação e registro apropriado dos mesmos. Para alcançar o

objetivo foi utilizada a técnica de eletroestimulação superficial. A técnica foi

padronizada em conformidade e a sua confiabilidade avaliada pela observação

dos resultados obtidos em diferentes intervalos de tempo no mesmo indivíduo.

Os locais de registro mais consistentes na maioria dos sujeitos foram: 7º nervo

intercostal- 0 a 1 cm acima do nível do processo xifóide; 8° nervo intercostal- 1

a 3 cm abaixo do nível do processo xifóide; 9° nervo intercostal- 2 a 5 cm acima

do nível do umbigo; 10º nervo intercostal- 1 cm acima a 4 cm abaixo do nível

44

do umbigo e 11º nervo intercostal- ponto médio entre a cicatriz umbilical e a

sínfise pública. No plano transversal, o melhor potencial de ação motor foi

obtido no meio da largura do reto abdominal. Ao repetir o protocolo de

condução em duas ocasiões diferentes, os resultados foram reprodutíveis.

Fornecendo assim, possíveis pontos para a adequada colocação dos eletrodos

de superfície para aquisição do sinal eletromiográfico (Pradhan e Taly, 1989).

Para o presente estudo nos baseamos nos pontos referidos por Pradhan e Taly

(1989) para posicionamento dos eletrodos de superfície.

Marchetti (2005), em um segundo estudo, também objetivou determinar

a localização e posterior caracterização da variabilidade dos pontos motores do

RA, em uma amostra de 20 adultos saudáveis, por meio da técnica de

eletroestimulação superficial, resultando no encontro de mais de oito pontos

motores, corroborando com os achados de Pradhan e Taly para a maioria dos

pontos, que foram definidos caracterizando a estrutura neural para um controle

segmentado de diversas porções musculares, apoiando a ideia da avaliação

por segmentos do músculo RA do presente estudo (Marchetti, 2005).

Os músculos IC EXT e RA recebem inervação de diferentes níveis

medulares torácicos e desta forma a avaliação de diferentes segmentos

medulares para ambos os músculos se torna interessante, pois, contribui para

apurar a precisão diagnóstica da EMGs nos mesmos (Bjerkefors et al., 2015).

Além disso, dado que uma das intenções da criação do presente protocolo é a

aplicação em indivíduos com disfunções neurológicas, em especial na lesão

medular, julgamos necessária a avaliação e apresentação das medidas de

forma bilateral, visto que existem lesões medulares oblíquas.

Até o momento, nenhum estudo avaliou a confiabilidade de um protocolo

que avalie os diversos miótomos do tronco pela EMGs, mostrando este ser um

trabalho inédito e, por esse motivo não se encontrou outros estudos

comparativos aos resultados apresentados nesta pesquisa, que foram dados

relevantes e de grande aplicabilidade clínica (Reis, 2015).

Como limitação deste estudo destaca-se a aplicação do protocolo

apenas na população de adultos saudáveis. Sugere-se a aplicação do

protocolo proposto em pessoas com disfunções neuromusculoesqueléticas, em

especial nas lesões da medula espinhal, a fim de assistir e qualificar o

diagnóstico e o plano terapêutico neurofuncional, a partir do entendimento da

45

função muscular.

5.0 Conclusão

A confiabilidade teste-reteste do protocolo proposto para avaliação dos

miótomos do tronco (T2-T12) por meio da EMGs em adultos saudáveis é

excelente para todos os pontos avaliados. É de grande valia a comprovação da

confiabilidade deste protocolo, garantindo a comparação precisa de medidas

entre sujeitos e estudos, e por consequência, qualificando a pesquisa científica

e a prática clínica.

46

Referências

Bjerkefors, A., Squair, J.W., Chua, R., Lam, T., Chen, Z., Carpenter, M.G.,

2015. Assessment of abdominal muscle function in individuals with motor-

complete spinal cord injury above T6 in reponse to transcranial magnetic

stimulation. J Rehabil Med. 47, 138–146.

Bjerkefors, A., Squair, J.W., Malik, R., Lam, T., Chen, Z., Carpenter, M.G.,

2015. Diagnostic accuracy of common clinical tests for assessing abdominal

muscle function after motor-complete spinal cord injury above T6. Spinal Cord.

53, 114–119.

Bland, J.M., Altman, D., 1986. Statistical methods for assessing agreement

between two methods of clinical measurement. Lancet 327, 307–310.

Burden, A., 2010. How should we normalize electromyograms obtained from

healthy participants? What we have learned from over 25 years of research. J

Electromyogr Kinesiol. 20, 1023-1035.

Chamberlain, J.D., Deriaz, O., Hund-Georgiadis, M., Meier, S., Scheel-Sailer,

A., Schubert, M. et al, 2015. Epidemiology and contemporary risk profile of

traumatic spinal cord injury in Switzerland. Inj Epidemiol. 2 (28), 1-11.

Clark, K.M., Holt, L.E., Sinyard, J., 2003. Electromyographic comparison of the

upper and lower rectus abdominis during abdominal exercises. J Strength Cond

Res. 17(3), 475-483.

Duiverman, M.L., Eykern, L.A.V., Vennik, P.W., Koȅter, G.H.K., Maarsingh,

E.J.W., Wijkstra, P.J., 2004. Reproducibility and responsiveness of a

noninvasive EMG technique of the respiratory muscles in COPD patients and in

healthy subjects. J Appl Physiol. 96, 1723-1729.

Escamilla, R.F., McTaggar, M.S.C., Fricklas, E.J., DeWitt, R., Kelleher, P.,

Taylor, M.K., Hreljac, A., Moorman, C.T., 2006. An electromyographic analysis

of commercial and commom abdominal exercises: Implications for rehabilitation

and training. J Orthop Sports Phys Ther. 36,(2)45-57.

Fleiss, J.L., 1986. The Design and Analysis of Clinical Experiments. Wiley, New

York.

Guide Surface EMG for Non-Invasive Assessment of Muscles (SENIAM):

<http://www.seniam.org> Acesso em: novembro, 2016.

Hermens, H.J., Freriks, B., Merletti, R., Hagg, G.G., Stegeman, D., Blok, J.,

Rau, G., Disselhorst-Klug, C., 1999. SENIAM 8: European Recommendations

47

for Surface Electromyography (Roessingh Research and Development).

Jewell, D.V., 2011. Guide to Evidence-based Physical Therapist Practice,

second ed. Jones e Bartlett Learning, Sudbury.

Kendall, F.P., Mccreary, E.K., Provance, P.G., Rodgers, M.M., Romani, W.A.

2007. Músculos: provas e funções. 5rd ed. São Paulo: Manole, 2007.

Konrad, P., 2005. The ABC of EMG: Practical Introduction to Kinesiological

Electromyography. Noraxon USA, Inc.

Lehman, G.J., McGill, S.M., 2001. Quantification of the diferences in

electromyographic activity magnitude between the upper and lowerportions of

the rectus abdominais muscle during selected trunk exercises. Phys Ther.

81(5): 1096-1101.

Lexell, J.E., Downham, D.Y., 2005. How to assess the reliability of

measurements in rehabilitation. Am. J. Phys. Med. Rehabil. 84, 719–723.

Li, K., Atkinson, D., Boakye, M., Tolfo, C.Z., Aslan, S., Green, M. et al., 2012

Quantitative and sensitive assessment of neurophysiological status after human

spinal cord injury. J Neurosurg Spine 17, 77–86.

Maarsingh, E.J.W., Van Eykern, L. A., Sprikkelman, A. B., Hoekstra, M.O., Van

Aalderen, W.M.C., 2000. Respiratory muscle activity measured with a

noninvasive EMG technique: technical aspects and reproducibility. J Appl

Physiol 88, 1955–1961.

Marchetti, P.H., 2005. Investigações sobre o controle neuromotor do músculo

reto do abdome. São Paulo.

McKay, W.B., Lim, H.K., Priebe, M.M., Stokic, D.S., Sherwood, A.M., 2004.

Clinical neurophysiological assessment of residual motor control in post-spinal

cord injury paralysis. Neurorehabil Neural Repair 18, 144–153.

Mitchell, M.D., Yarossi, M.B., Pierce, D.N., Garbarini, E.L., Forres, G.F., 2015.

Reliability of surface EMG as an assessment tool for trunk activity and potential

to determine neurorecovery in SCI. Spinal Cord. 53, 368-374.

Portney, L.G., Watkins, M.P., 2000. Reliability of Measurements. In: Prentice-

Hall (Ed.), Foundations of Clinical Research Applications to Practice, third ed.

Upper Saddle River, New Jersey, pp. 77–96.

Pradhan, S., Taly, A., 1989. Intercostal nerve conduction study in man. J Neurol

Neurosurg Psychiatry. 52, 763-766.

Rankin, G., Stokes, M., 1998. Reliability of assessment tools in rehabilitation: an

48

illustration of appropriate statistical analyses. Clin. Rehabil. 12, 187–199.

Reis, I.M.M.D., 2015. Eletromiografia de superfície em músculos inspiratórios

de indivíduos adultos e idosos: Revisão sistemática. Universidade Federal de

São Carlos.

Sherwood, A.M., McKay, W.B., Dimitrijevic, M.R., 2012. Motor control after

spinal cord injury: assessment using surface EMG. Muscle Nerve 19, 966-979.

Sullivan, G.M., Feinn, R., 2012. Using effect size – or why the p value is not

enough. J Grad Med Educ. 4, 279-282.

Taylor, A., 1960. The contribution ofintercostal muscles to the effect of

respiration in man. J Physiol. 151, 390-402.

Vera-Garcia, F.J., Moreside, J.M., McGill, S.M., 2010. MVC techniques to

normalize trunk muscle EMG in healthy women. J Electromyogr Kinesiol. 20,

10–16.

Weir, J.P., 2005. Quantifying test-retest reliability using the intraclass correlation

coefficient and the SEM.J Strength Cond Res.19, 231–240.

49

Tabelas Tabela 1. Confiabilidade do protocolo para avaliação dos pontos do tronco superior bilateralmente (n=10).

Teste Reteste CCI EPM Bland & Altman

M DP M DP CCI (IC 95%) EPM d IC 95% da d DP da d LC 95%

T2D 18,48 4,17 18,99 3,90 0,90 (0,63;0,97) 0,55 -0,51 -2,24;1,21 2,41 -5,25; 4,22

T2E 15,88 2,98 17,71 3,34 0,81 (0,10;0,95) 0,86 -1,83 -3,28;-0,38 2,02 -5,81; 2,14

T3D 17,34 2,15 18,70 1,86 0,77 (-0,04;0,94) 0,68 -1,36 -2,37;-0,35 1,41 -4,13; 1,41

T3E 16,97 3,39 18,20 3,21 0,88 (0,49;0,97) 0,57 -1,23 -2,62;0,15 1,93 -5,03; 2,55

T4D 18,20 3,53 18,23 3,47 0,77 (-0,004;0,94) 1,06 -0,03 -2,27;2,21 3,13 -6,17; 6,11

T4E 15,37 2,30 16,43 3,98 0,81 (0,30;0,95) 0,85 -1,06 -2,87;0,75 2,53 -6,03; 3,90

T5D 17,52 3,44 16,60 3,00 0,80 (0,28;0,95) 0,87 0,92 -0,92;2,76 2,57 -4,12; 5,96

T5E 15,03 2,85 16,94 2,87 0,75 (-0,03-0,93) 1,04 -1,91 -3,45;-0,36 2,15 -6,14; 2,32

T6D 18,52 4,29 19,30 3,53 0,77 (0,12;0,94) 1,18 -0,78 -3,20;1,65 3,39 -7,43; 5,88

T6E 24,11 6,34 29,73 8,84 0,81 (-0,17;0,96) 2,20 -5,62 -8,46;-2,77 3,97 -13,40; 2,17

T2D= 2º segmento medular direito; T2E= 2º segmento medular esquerdo; T3D= 3º segmento medular direito; T3E= 3º segmento medular esquerdo; T4D= 4º segmento medular direito; T4E= 4º segmento medular esquerdo; T5D= 5º segmento medular direito; T5E= 5º segmento medular esquerdo; T6D= 6º segmento medular direito; T6E= 6º segmento medular esquerdo; M= Média; DP= Desvio Padrão; CCI= Coeficiente de Correlação Intraclasse; IC= Intervalo de Confiança; EPM= Erro Padrão da Medida; d= diferença da média; LC= Limites de Concordância.

50

Tabela 2. Confiabilidade do protocolo para avaliação dos pontos do tronco inferior bilateralmente (n=10).

Teste Reteste CCI EPM Bland & Altman

M DP M DP CCI (IC 95%) EPM d IC 95% da d DP da d LC 95%

T7D 19,12 4,33 20,94 3,84 0,76 (0,15;0,94) 1,34 -1,82 -4,23;0,59 3,37 -8,43; 4,79

T7E 18,53 3,88 19,18 3,70 0,78 (0,12;0,94) 1,11 -0,65 -2,99;1,68 3,27 -7,06; 5,76

T8D 19,73 4,70 17,65 2,99 0,78 (0,15;0,94) 1,23 2,08 -0,05;4,21 2,98 -3,76; 7,92

T8E 18,73 3,80 18,26 2,54 0,82 (0,27;0,95) 0,79 0,47 -1,38;2,31 2,58 -4,59; 5,53

T9D 19,16 4,63 19,82 4,31 0,79 (0,14;0,94) 1,25 -0,66 -3,38;2,07 3,80 -8,12; 6,81

T9E 19,12 2,92 18,90 2,88 0,81 (0,21;0,95) 0,73 0,22 -1,47;1,92 2,37 -4,43; 4,87

T10D 20,03 2,28 18,01 2,90 0,75 (-0,07;0,94) 0,97 2,02 0,47;3,22 1,92 -1,92; 5,62

T10E 19,08 2,12 19,24 1,73 0,75 (0,07;0,93) 0,63 -0,16 -1,44;1,11 1,78 -3,65; 3,32

T11D 19,05 3,10 20,99 2,52 0,75 (-0,05;0,94) 1,03 -1,94 -3,42;-0,46 2,07 -6,00; 2,12

T11E 20,12 3,00 20,75 2,04 0,77 (0,13;0,94) 0,78 -0,63 -2,21;0,95 2,21 -4.96; 3,71

T12D 21,48 6,23 21,34 4,41 0,81 (0,20;0,95) 1,37 0,14 -3,03;3,31 4,43 -8,55; 8,82

T12E 20,11 1,30 21,05 1,36 0,78 (-0,09;0,95) 0,44 -0,94 -1,57;-0,31 0,87 -2,66; 0,78

T7D= 7º segmento medular direito; T7E= 7º segmento medular esquerdo; T8D= 8º segmento medular direito; T8E= 8º segmento medular esquerdo; T9D= 9º segmento medular direito; T9E= 9º segmento medular esquerdo; T10D= 10º segmento medular direito; T10E= 10º segmento medular esquerdo; T11D= 11º segmento medular direito; T11E= 11º segmento medular esquerdo; T12D= 12º segmento medular direito; T12E= 12º segmento medular esquerdo; M= Média; DP= Desvio Padrão; IC= Intervalo de Confiança; EPM= Erro Padrão da Medida; d= diferença da média; LC= Limites de Concordância.

51

Figura

Figura 1: Posicionamento dos eletrodos para coleta dos dados pela EMGs.

52

Figura 2: Tarefas para coleta dos dados pela EMGs do tronco superior e

inferior respectivamente.

53

ARTIGO 2

CARTA DE APRESENTAÇÃO DO MANUSCRITO

Londrina, março, 2017.

Para o editor-chefe Professor J-J Wyndaele Bredabaan,

Eu, Viviane de Souza Pinho Costa, envio o manuscrito intitulado “TESTE

PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR DO TRONCO EM

PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA MEDULA ESPINHAL” para ser considerado

para publicação na revista Spinal Cord. Este manuscrito representa um

material original, que não foi previamente publicado e não está sob avaliação

para publicação em outra revista, no momento. Todos os autores desse artigo

participaram diretamente no planejamento, execução ou análises desse estudo,

leram e aprovaram o conteúdo do manuscrito. Assim, todos os autores

contribuíram de maneira fundamental para a realização do mesmo.

Estou à disposição para maiores esclarecimentos.

Atenciosamente,

___________________________

Viviane de Souza Pinho Costa

54

TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR DO

TRONCO EM PARAPLÉGICOS POR LESÃO DA MEDULA ESPINHAL

TESTE PALPATÓRIO PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL MOTOR

(Será submetido ao periódico Spinal Cord - ISSN: 1362-4393)

Autores:

1. Bianca Teixeira Costa

1. Rubens Alexandre da Silva Junior

1. Vinícius Aparecido Yoshio Ossada

1. Marcio Rogério de Oliveira

2. Edson Lopes Lavado

1. Viviane de Souza Pinho Costa

1. Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências da Reabilitação,

Universidade Pitágoras Unopar, Londrina-PR, Brasil.

2. Departamento de Fisioterapia, Universidade Estadual de Londrina

(UEL), Londrina-PR, Brasil.

Correspondência: Viviane de Souza Pinho Costa

Rua Moacyr Teixeira, 217 – Bairro Terras de Santana – Londrina – Paraná –

Brasil. CEP: 86055-230

Telefone: +55 (43) 99649-1500

E-mail: [email protected]

Conflito de interesse: Os autores declaram não haver conflito de interesse.

55

RESUMO

Desenho do estudo: Estudo de concordância.

Objetivo: Avaliar a concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório

e da International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury

(ISNCSCI) para determinação do nível motor do tronco na população de

pessoas acometidas por lesão da medula espinhal classificadas em paraplegia.

Ambiente: Laboratório de Avaliação Funcional e Performance Motora Humana,

Centro de Ciências da Saúde, UNOPAR, Londrina, Brasil.

Métodos: Trinta e três pessoas com lesão da medula espinhal foram

submetidas a um novo protocolo que objetiva a avaliação da contração

voluntária de 11 miótomos torácicos bilateralmente (T2-T12) por meio da

palpação para determinação do nível motor. As mesmas também foram

avaliadas por meio da ISNCSCI e da eletromiografia de superfície. A concordância

entre as avaliações foi verificada pelo Coeficiente Kappa Simples (K).

Resultados: Não foi possível calcular o K para T2 e T12. Para os demais

miótomos do tronco superior os valores de K variaram entre razoável (0,29),

moderado (0,46;0,52;0,43) e substancial (0,70;0,76) para T4D, T4E, T5D, T5E,

T6D e T6E respectivamente. Para o tronco inferior entre quase perfeito para

T7D e T7E (0,81;0,81), substancial para T8D, T8E, T9D e T9E (0,75;0,75;

0,62;0,62), moderado para T10D e T10E (0,48;0,53) e desprezível para T11D e

T11E (0,20;0,10).

Conclusões: Há concordância entre as avaliações por meio do teste palpatório

e da ISNCSCI para alguns dos miótomos analisados, sugerindo que o teste

palpatório possa ser outra forma de avaliação para determinação do nível

motor do tronco em pessoas com lesão da medula espinhal.

Palavras-chave: Traumatismos da Medula Espinal; Paraplegia; Diagnóstico;

Exame neurológico; Eletromiografia; Palpação.

56

INTRODUÇÃO

A Lesão Medular Espinhal (LME) leva à diminuição ou perda da função

motora e/ou sensitiva e/ou autonômica abaixo do segmento lesado, como

consequência de dano parcial ou total nos elementos neuronais localizados

dentro do canal vertebral1. De caráter permanente, acarreta implicações físicas,

psicológicas e sociais ao indivíduo e família, com consequente redução da

qualidade e expectativa de vida e aumento da morbidade2,3.

Entretanto, o progresso da medicina nas últimas décadas levou ao

consequente aumento da sobrevida das pessoas com LME. Os avanços nas

abordagens de avaliação e reabilitação, que têm empregado bioengenharia,

informatização e técnicas terapêuticas avançadas, objetivam a minimização

das incapacidades e complicações e a reinserção dos indivíduos com LME à

sociedade4,5. A relevância da aplicação de classificações padronizadas para

avaliação inicial e seguimento do cuidado às pessoas com LME é de acordo

com as sociedades médicas, fisioterapia neurofuncional e demais profissionais

que trabalham com esta população4,6.

Em 1982 a American Spinal Cord Injury Association (ASIA) elaborou um

método que sofreu revisões ao longo dos últimos anos, sendo a mais recente

em 2013, com o propósito de estabelecer maior precisão e padronização nas

definições utilizadas para classificar a LME4,7. Este método é considerado hoje

o padrão ouro para avaliação da LME e foi aprovado e definido pela Sociedade

Internacional de Lesão Medular como International Standards for Neurological

Classification of Spinal Cord Injury (ISNCSCI)7,8. Referente à última revisão, a

ISNCSCI primordialmente, baseia-se na avaliação da sensibilidade e da função

motora pelos dermátomos e miótomos, respectivamente, para então determinar

a classificação sensório motora da pessoa com LME7,8,9.

A função motora é avaliada a partir dos músculos denominados

“músculos-chave” em 10 pares de miótomos, sendo cinco correspondentes aos

membros superiores (C5-T1) e cinco correspondentes aos membros inferiores

(L2-S1) e, o nível motor é definido pelo músculo chave mais caudal que

apresente no mínimo grau 03 de força (teste em posição supina), comparado

com a força muscular do músculo chave representado pelo segmento acima do

nível considerado intacto (classificada em grau 05)1,7,8,9. Para os músculos do

tronco não há músculos-chave definidos para serem testados (T2-L1) e

57

presume-se o nível motor ser igual ao nível sensitivo se, a força muscular

testada, a partir dos músculos chaves acima desse nível, também for

considerada normal1,7,9.

A negligência da avaliação motora do tronco é uma importante limitação

da ISNCSCI, apontada por diversos estudos, já que há evidências

eletromiográficas de função motora preservada abaixo do nível de lesão,

conforme padronizada pelo classificação internacional8.10,11,12,13,14. Esta

limitação impossibilita conclusões precisas sobre o nível motor da lesão

neurológica quando nos segmentos torácicos, pois os clínicos devem basear-

se exclusivamente no exame sensorial para esta região e sabe-se que nem

sempre o nível motor corresponde ao nível sensitivo8.10,11,12,13,14.

Na ausência de um método preciso que avalie o nível motor do tronco

em pessoas com LME, o teste de palpação muscular é uma proposta de

avaliação pontual, baseada na contração muscular do miótomo avaliado,

simples, prática e sem custo que pode ser aplicada facilmente por profissionais

devidamente orientados. Dependente apenas de conhecimentos anatômicos e

biomecânicos básicos por parte do avaliador, o teste de palpação muscular tem

por objetivo determinar a capacidade do músculo ou de grupos musculares

atuarem no movimento e de prover estabilidade e suporte, por meio do toque

objetivo sob áreas musculares em avaliação. A realização do teste de forma

cuidadosa e o registro preciso dos resultados encontrados no mesmo revelarão

os achados característicos e, desta forma poderão contribuir na avaliação do

paciente em questão15.

Desta forma, o objetivo deste estudo foi (a) elaborar um protocolo de

avaliação para determinação do nível motor torácico e percepção da contração

dos miótomos torácicos, por meio do teste palpatório para população de

pessoas com LME classificadas em paraplegia; (b) avaliar a concordância entre

a avaliação por meio do novo protocolo e a ISNCSCI na determinação do nível

motor torácico na população de pessoas com LME; (c) avaliar a concordância

entre a avaliação por meio do novo protocolo e a eletromiografia de superfície

para percepção da contração dos miótomos do tronco na população de

pessoas com LME e (d) avaliar a concordância entre a avaliação por meio da

ISNCSCI e a eletromiografia de superfície para percepção da contração dos

miótomos do tronco na população de pessoas com LME.

58

MATERIAIS E MÉTODOS

Participantes

Trinta e três pessoas com LME participaram do estudo, sendo 27 do gênero

masculino, com mediana de idade de 42 [28-49] anos, peso corporal de 70,0

[59-75] kg e altura de 1,75 [1,71-1,79] metros. A descrição das características

clínicas da LME de todos os participantes está apresentada na Tabela 1. Este

estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Pitágoras Unopar (Nº 1.430.845), seguindo a Resolução 466/12 do Conselho

Nacional de Ética em Pesquisa.

Critérios de elegibilidade

Foram incluídos na pesquisa apenas voluntários com idade igual ou

superior a 18 anos, com LME há no mínimo um ano e que fossem classificados

em paraplegia pela ISNCSCI e que aceitaram participar voluntariamente do

estudo após serem informados dos procedimentos do mesmo e assinarem o

termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos aqueles

indivíduos com doença respiratória obstrutiva e/ou restritiva já diagnosticada,

que já realizaram cirurgia torácica e/ou abdominal, gestantes ou que

apresentassem dores, lesões ou qualquer distúrbio muscoloesquelético que

afetassem a inspiração, expiração e flexão anterior de tronco e, desta forma, os

impossibilitassem do cumprimento adequado do protocolo.

Cálculo da amostra

Para atender aos requisitos estatísticos de validade do estudo, o cálculo

da amostra foi realizado pela seguinte fórmula: e = α√p.q/(n)16 considerando

um erro padrão de 1,5% e uma prevalência de 0,18 indivíduos com lesão da

medula espinhal no Brasil17. Chegou-se a um mínimo de 30 pacientes para

este estudo, no entanto, a amostra foi superestimada em 10% (33 indivíduos)

para garantir que as possíveis perdas durante a pesquisa não diminuiriam o

valor calculado.

Procedimentos

Cada voluntário foi submetido à avaliação pela ISNCSCI9, ao teste

59

palpatório segundo novo protocolo proposto, que está descrito a seguir, e

também à avaliação por meio da eletromiografia de superfície, padrão ouro

para avaliação da função muscular. As três avaliações aconteceram no mesmo

dia, seguindo ordem aleatória e por três diferentes avaliadores cegos,

fisioterapeutas especialistas com atuação em Fisioterapia Neurofuncional.

Todas as avaliações foram realizadas no Laboratório de Avaliação Funcional e

Performance Motora Humana localizado no Centro de Pesquisa em Ciências

da Saúde da Universidade Pitágoras Unopar.

Protocolo Experimental – Teste Palpatório

O voluntário foi posicionado em decúbito dorsal e permaneceu em

repouso, enquanto recebia as instruções e se familiarizava com o teste. Foram

avaliados os miótomos respectivos ao 2º nível medular torácico (T2) até o 6º

nível medular torácico (T6) por meio de porções dos músculos intercostais

externos (IC EXT) e do 7º nível medular torácico (T7) até o 12º nível medular

torácico (T12) por meio de porções do músculo reto abdominal (RA), sempre

bilateralmente e conforme a direção das fibras musculares.

Posicionamento das mãos do avaliador (Figura 1)

Para avaliação dos miótomos de T2 a T12 os pontos palpados foram os

seguintes: T2- no 2º espaço intercostal 3 cm lateral a borda esternal; T3- no 3º

espaço intercostal 3 cm lateral a borda esternal; T4- no 4º espaço intercostal 3

cm lateral a borda esternal; T5- no 5º espaço intercostal 3 cm lateral a borda

esternal; T6- no 6º espaço intercostal lateral a borda esternal na linha mamilar;

T7- no ponto médio do hemi ventre do músculo RA no plano transversal e 1 cm

acima do processo xifoide do esterno; T8- no ponto médio do hemi ventre do

músculo RA no plano transversal e 3 cm abaixo do processo xifoide do esterno;

T9- no ponto médio do hemi ventre do músculo RA no plano transversal e 2 cm

acima do nível da cicatriz umbilical; T10- no ponto médio do hemi ventre do

músculo RA no plano transversal e 2 cm abaixo do nível da cicatriz umbilical;

T11- na região medial entre a cicatriz umbilical e a sínfise púbica; T12- na

região medial entre a espinha ilíaca anterossuperior e a sínfise púbica18,19,20,21.

Tarefa

60

A tarefa para percepção da contração baseou-se nos seguintes

comandos: inspiração em volume corrente com expiração até o volume residual

funcional seguido por uma inspiração lenta para elevar as três bolas de um

Respiron Classic® (NCS Indústria e Comércio Ldta, Barueri, SP), no nível zero,

com sustentação da inflação por cinco segundos, seguido por expiração

tranquila, com um ciclo respiratório de descanso para então, o recomeço do

comando por três repetições, os membros superiores estavam posicionados ao

lado do corpo e membros inferiores alinhados, para a avaliação da função

muscular dos IC EXT. A avaliação da função muscular do RA foi realizada em

três flexões anteriores de tronco sustentadas em isometria por cinco segundos,

sem intervalos, com os membros superiores cruzados sobre o tronco e

membros inferiores alinhados, para avaliação da função muscular do RA. Outro

avaliador orientava a tarefa durante a coleta, segurava o Respiron e introduzia

o bucal entre os lábios do participante para não comprometer o andamento do

procedimento de avaliação21.

Eletromiografia de superfície (EMG)

A coleta eletromiográfica realizou-se por meio do eletromiógrafo

EMG830 WF de 04 canais (EMG System do Brasil, São José dos Campos,

Ltda, SP), com impedância de 109 Ohms e resolução de 16 bits, programado

na faixa de entrada de ±1V e, com frequência de amostragem de 1000 Hz,

interfaciado com microcomputador.

Foram utilizados eletrodos de superfície descartáveis, que foram

posicionados nos mesmos pontos em que foram realizadas as palpações,

confeccionados em espuma de polietileno coberto com adesivo acrílico

hipoalergênico em uma das faces e laminado com fita de polipropileno

impresso na outra face, gel condutivo adesivo, pino metálico de aço inox 304

ou 316 e contra-pino de polímero ABS, reforçado com fibras de vidro recoberto

com tratamento de prata/cloreto de prata e liner de poliéster ou papel siliconado

da 3M do Brasil Ltda. O eletrodo de referência foi posicionado sobre o maléolo

medial do membro inferior esquerdo. As avaliações por meio da EMGs

aconteceram a cada dois níveis, exceto para avaliação do T6 que foi individual,

no sentido céfalo-caudal. Antes da colocação dos eletrodos foi realizado o

preparo da pele com a limpeza e tricotomia das regiões a serem avaliadas e os

61

eletrodos de superfície foram posicionados conforme a direção das fibras

musculares.

Processamento dos dados

Para a aquisição, armazenamento e análise dos dados foi utilizado o

Data Acquisition Software (EMG System do Brasil). Os sinais eletromiográficos

foram filtrados em band-pass entre 20 e 450 Hz. Após três contrações

voluntárias isométricas, segundo protocolo descrito anteriormente, de cada

miótomo avaliado, a média simples da amplitude do sinal EMG em Root Mean

Square (RMS) foi calculada.

Para os dados da EMGs, se a média da amplitude do RMS excedesse 2

DP acima do valor médio de repouso (calculado individualmente) a contração

muscular era definida como presente para dado miótomo11.

Análise estatística

A concordância entre as avaliações por meio do teste palpatório, da

ISNCSC, bem como com a EMGs foi verificada pelo Coeficiente Kappa Simples

(K), determinando-se o valor de K, o intervalo de confiança (IC-95%), a

concordância observada e concordância esperada. Para interpretação das

estimativas de concordância foram utilizados os valores de Kappa propostos

por Landis e Koch, nos quais se estabelecem cinco categorias de

concordância: quase perfeita (>0,80); substancial (0,61 a 0,80); moderada

(0,41 a 0,60); razoável (0,21 a 0,40); fraco (0,01 a 0,20) e pobre (≤0,00)22.

Os dados foram apresentados como mediana e intervalos

interquartílicos, após aplicação do teste de normalidade Shapiro-Wilk. A análise

estatística foi realizada por meio do programa BioEstat 5.3 e adotado um

intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5%.

RESULTADOS

Todos os participantes completaram as avaliações sem efeito adverso.

Teste Palpatório x ISNCSCI

Conforme descrito na Tabela 2, não foi possível apresentar os valores

de K para os miótomos T2D e E e T3D e E. Isso se deve ao fato de todos os

62

sujeitos da amostra apresentarem contração muscular segundo a palpação

nesses miótomos e desta forma a estimação estatística não pode ser

observada. Para os demais segmentos do tronco superior os valores de

concordância entre as avaliações foram razoável (0,29), moderado (0,46; 0,52;

0,43) e substancial (0,70; 0,76) para T4D, T4E, T5D, T5E, T6D e T6E

respectivamente (Tabela 2).

Quanto aos segmentos do tronco inferior não foi possível apresentar os

valores de K para os miótomos T12D e E devido ao fato de todos os sujeitos da

amostra não apresentarem contração muscular nesses miótomos segundo a

ISNCSCI e desta forma a estimação estatística não pode ser observada

(Tabela 3). Os valores de K variaram em quase perfeito para T7D e E (0,81;

0,81), substancial para T8D e E e T9D e E (0,75; 0,75; 0,62 e 0,62), moderado

para T10D e E (0,48; 0,53) e desprezível para T11D e E (0,20; 0,10). Observa-

se que para os níveis mais altos do tronco inferior os valores de K são mais

representativos (Tabela 3).

A concordância observada foi consistentemente maior que a esperada

para todos os miótomos.

Teste Palpatório x EMGs

Para todos os miótomos do tronco superior o valor de K não pode ser

calculado devido a todos os sujeitos apresentam contração entre T2 e T6

bilateralmente segundo a EMGs (Tabela 2). Pelo mesmo motivo também não

foi apresentado o valor de K para T7D (Tabela 3).

A maioria dos valores de K foi classificada em substancial (T9D e E,

T11D e E e T12D e E) variando entre 0,70 e 0,64, sendo que T10 D e E foi

categorizado em quase perfeito (0,81; 0,81). Os miótomos mais altos (T7E e

T8D e E) apresentaram os valores de K mais baixos, estabelecidos em

desprezível (0,05; 0,10; 0,20, respectivamente). A concordância observada foi

consistentemente maior que a esperada para todos os miótomos (Tabela 3).

ISNCSCI x EMGs

O valor de K não pode ser calculado para todos os miótomos do tronco

superior devido a todos os sujeitos apresentarem contração entre T2 e T6

bilateralmente segundo a EMGs (Tabela 2 e 3). Pelo mesmo motivo não foi

63

apresentado o valor de K para T7D (Tabela 3). O coeficiente de K para T12D e

E também não foi calculado, pois, todos os voluntários não apresentaram

contração muscular nesses miótomos segundo a ISNCSCI (Tabela 3).

As concordâncias entre as avaliações pela ISNCSCI e pela EMGs

agruparam-se em moderada, razoável e desprezível, com K variando entre

0,53 e 0,05. Mesmo com valores de K mais baixos a concordância observada

foi consistentemente maior que a esperada para todos os miótomos (Tabela 3).

DISCUSSÃO

Neste estufo foi proposto um novo protocolo, devidamente padronizado,

com a descrição do posicionamento do voluntário e dos pontos a serem

avaliados e com as respectivas tarefas a serem realizadas para avaliação da

contração voluntária de cada miótomo do tronco e consequente possível

determinação do nível motor. Os pontos delimitados para a avaliação muscular

de cada segmento medular fogem da superposição de outros músculos e o

posicionamento de avaliação do indivíduo inibe a interferência de músculos

posturais. A padronização dos pontos de avaliação é fator determinante para

altos valores de confiabilidade de protocolos11,20. Além disso, este protocolo

seguiu-se de duas avaliações padrão ouro, a avaliação por meio da ISNCSCI a

da EMGs.

Dado que atualmente a ISNCSCI não oferece uma proposta para

avaliação real da função motora dos segmentos torácicos (T2-T12) na

determinação do nível motor, objetivamos criar um método de avaliação para

percepção da contração dos miótomos do tronco para as pessoas com LME

baseado na contração muscular. Os valores de K apresentaram concordância

quase perfeita ou substancial para os segmentos T6, T7, T8 e T9 indicando

assim que o resultado do teste palpatório aproxima-se da avaliação por meio

da ISNCSCI, para esses pontos do tronco superior e do tronco inferior. Os

valores de concordância mais baixos referem-se aos níveis medulares mais

baixos, classificadas em razoável e fraco.

Coeficientes baixos podem estar relacionados ao fato de que a avaliação

proposta pela ISNCSCI para determinação do nível motor do tronco é baseada

no exame sensorial e não na contração muscular dos miótomos avaliados,

assim como propomos no protocolo apresentado neste estudo. De modo que o

64

IC EXT e o RA recebem inervação de diferentes níveis do segmento torácico a

avaliação nível a nível contribui para aumentar a precisão da avaliação motora

e consequentemente da integridade da medula espinhal11. Autores afirmam

que a flexão anterior do tronco é eficiente para o recrutamento de todo o reto

abdominal, sendo que não existem diferenças significativas na atividade

eletromiográfica da porção superior e inferior do reto abdômen nesta

atividade18,23,24,25.

O exame manual da musculatura abdominal já é utilizado na

classificação da função do tronco em atletas paralímpicos, como no rugby de

cadeira de rodas e esqui nórdico. Durante este procedimento de classificação,

os atletas realizam diferentes funções de tronco, enquanto o avaliador observa

o desempenho do atleta e palpa os músculos apropriados do tronco26,27. A

avaliação precisa dos segmentos abdominais em pessoas com LME torácica

fornece uma avaliação adequada e condição para a elaboração objetiva e

individualizada de um plano terapêutico de exercícios para consequente

evolução mais efetiva de suas condições musculares após a lesão da medula

espinhal11,12.

Furlan et al. realizaram uma revisão sistemática com o objetivo de reunir

estudos que abrangessem as propriedades psicométricas da ISNCSCI.

Cinquenta e seis artigos foram selecionados e os autores concluíram que a

ISNCSCI representa um instrumento apropriado para categorizar e avaliar

adultos com LME ao longo do tempo no que diz respeito à função motora e

sensorial. No entanto, afirmam que mesmo aceita mundialmente a ISNCSCI

apresenta importantes limitações para a avaliação da função motora, sendo

apenas os membros superiores e inferiores avaliados, com apenas 5 grupos

musculares para cada membro incluído, além do tronco não ser avaliado,

tornando a avaliação do nível neurológico motor da LME na região torácica

dependente unicamente da avaliação sensorial e por fim, para a avaliação de

melhoras clínicas leves a responsividade é pequena, corroborando com as

ideias dos presentes autores28.

Objetivou-se calcular o K para verificar a concordância entre as

avaliações por meio do teste palpatório e da EMGs, visto que a EMGs é padrão

ouro para avaliação da função muscular, à medida que propicia o acesso aos

processos fisiológicos neuromusculares por meio da identificação dos

65

potenciais de ação que se propagam ao longo das membranas das fibras

musculares fornecendo o registro da atividade elétrica dos músculos em

contração, e assim confrontar aos achados encontrados na palpação20,29.

Estudos já demonstram a confiabilidade da EMGs para avaliação da função

dos músculos intercostais e reto abdominal em diversas condições e

populações18,20,21,30,31. A EMGs oferece riscos mínimos ao avaliado por ser não

invasiva, além de pouco ou nenhum desconforto. Além disso, é facilmente

utilizada na prática clínica para diagnósticos, avaliação da função e disfunção

do sistema neuromuscular ou quantificar os efeitos de diferentes

intervenções11,29,30.

Foram calculados apenas valores de K para o tronco inferior, onde os

mesmos variaram entre quase perfeito e substancial (≤0,81-0,61) na sua

maioria, sendo desprezível apenas para três pontos (T7E e T8D e E). Com

exceção dos três pontos descritos anteriormente, nas comparações entre o

teste palpatório com a ISNCSCI e do teste palpatório com a EMGs para todos

os outros miótomos os valores de K que se apresentaram mais altos são

aqueles resultantes da comparação com a EMGs e não com a ISNCSCI. Tal

achado pode indicar que o teste palpatório reflete a definição do nível motor de

maneira mais apropriada por basear-se objetivamente na contração muscular.

Os coeficientes de K apresentados na comparação entre a ISNCSCI e a

EMGs foram mais baixos quando comparados à análise da EMGs com o teste

palpatório. Este resultado sugere que os valores referentes à palpação refletem

de forma mais verídica a contração muscular voluntária, indicando novamente

a limitação da ISNCSCI quanto à determinação do nível motor do tronco

baseando-se pela sensibilidade.

Este trabalho apresenta-se inédito quanto ao tema. Não é de

conhecimento dos autores que haja outros estudos que exponham outra forma

de avaliação para determinação do nível motor para pessoas com LME.

Assinala-se a necessidade da verificação das propriedades psicométricas do

teste.

Apontamos que não dispor de voluntários com todos os níveis de lesão

dentro da amostra foi uma limitação do presente estudo, impossibilitando

estimar todas as concordâncias pretendidas no mesmo, que poderiam ter sido

evidenciadas caso uma amostra mais variada fosse recrutada. Desta forma,

66

sugerimos estudos com uma amostra mais diversificada.

Portanto, concluímos que os valores de K apresentaram concordância

quase perfeita ou substancial para os segmentos T6, T7, T8 e T9 indicando

assim que o resultado do teste palpatório aproxima-se da avaliação por meio

da ISNCSCI, para esses pontos do tronco superior e do tronco inferior,

sugerindo que o teste palpatório possa ser possivelmente outra forma de

avaliação para determinação do nível motor do tronco em pessoas com lesão

da medula espinhal.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao apoio financeiro do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Fundação Nacional de

Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (FUNADESP), a equipe de

trabalho (Bianca Teixeira Costa, Rubens Alexandre da Silva Junior, Vinícius

Aparecido Yoshio Ossada, Marcio Rogério de Oliveira, Edson Lopes Lavado e

Viviane de Souza Pinho Costa), ao Laboratório de Avaliação Funcional e

Performance Motora Humana e aos participantes do Estudo.

CONFLITO DE INTERESSE

Os autores declaram não haver conflito de interesse.

67

REFERÊNCIAS

1. American Spinal Cord Injury Association [homepage]. [acesso em

01/2017]. Disponível em: http://asia-

spinalinjury.org/wpcontent/uploads/2016/02/International_Stds_Diagram

_Worksheet.pdf

2. Chamberlain JD, Deriaz O, Hund-Georgiadis M, Meier S, Scheel-Sailer

A, Schubert M et al. Epidemiology and contemporary risk profile of

traumatic spinal cord injury in Switzerland. Inj Epidemiol 2015; 2 (1): 1-

11.

3. Lee BB, Cripps RA, Fitzharris M, Wing PC. The global map for traumatic

spinal cord injury epidemiology: update 2011, global incidence rate.

Spinal Cord 2014; 52 (2): 110-116.

4. van Middendorp JJ, Goss B, Urquhart S, Atresh S, Williams RP, Schuetz

M. Diagnosis and Prognosis of Traumatic Spinal Cord Injury. Global

spine journal 2011; 1 (01): 01-08.

5. Kirshblum S, Millis S, McKinley W, Tulsky D. Late neurologic recovery

after traumatic spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil 2004; 85:

1811-1817.

6. Filho TEPB. Avaliaçäo padronizada nos traumatismos raquimedulares.

Rev. bras. Ortop. 1994; 29 (3): 99-106.

7. Kirshblum S, Waring W. Updates for the International Standards for

neurological classification of spinal cord injury. Phys Med Rehabil Clin N

Am 2014; 25 (3): 505-517.

8. Squair JW. Examination of preserved motor pathways in persons with

motor-complete spinal cord injury. Vancouver. Dissertação [The Faculty

of Graduate and Postdoctoral Studies] - University of British Columbia;

2014.

9. Kirshblum SC, Burns SP, Biering-Sorensen F, Donovan W, Graves DE,

Jha A et al. International standards for neurological classification of

spinal cord injury (Revised 2011). J Spinal Cord Med 2011; 34(6): 535-

546.

68

10. Bjerkefors A, Squair JW, Chua R, Lam T, Chen Z, Carpenter MG.

Assessment of abdominal muscle function in individuals with motor-

complete spinal cord injury above t6 in response to transcranial magnetic

stimulation. J Rehabil Med 2015; 47: 138-146.

11. Bjerkefors A, Squair JW, Malik R, Lam T, Chen Z, Carpenter MG.

Diagnostic accuracy of common clinical tests for assessing abdominal

muscle function after motor-complete spinal cord injury above T6. Spinal

Cord 2015; 53: 114–119.

12. Bjerkefors A, Carpenter MG, Cresswell AG, Thorstensson A. Trunk

muscle activation in a person with clinically complete thoracic spinal cord

injury. J Rehabil Med 2009; 41: 390–392.

13. Li K, Atkinson D, Boakye M, Tolfo CZ, Aslan S, Green M et al.

Quantitative and sensitive assessment of neurophysiological status after

human spinal cord injury. J Neurosurg Spine 2012; 17: 77–86.

14. Frostell A, Mattsson P, Persson JKE, Hedman B, Nordblom J, Lindenryd

A et al. Neurophysiological evaluation of segmental motor neuron

function of the thoracic cord in chronic SCI. Spinal Cord 2012; 50: 315–

319.

15. Kendall FP, Mccreary EK, Provance PG, Rodgers MM, Romani WA.

Músculos: provas e funções. 5 ed. Manole: São Paulo, BR, 2007.

16. Pocock SJ. Clinical trials: a practical approach. John Wiley & Sons:

Chichester, UK, 1983.

17. Instituto de Geografia e Estatística. Censo demográfico e contagem

[texto na Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; [acesso em 2016]. Disponível

em: http://www.ibge.gov.br/home/estatística/população/censo2000/

população/censo2000/populacao.pdf.

18. Marchetti PH. Investigações sobre o controle neuromotor do músculo

reto do abdome. São Paulo. Dissertação [Mestre em Educação Física] –

Universidade de São Paulo; 2005.

19. Pradhan S, Taly A.. Intercostal nerve conduction study in man. J Neurol

Neurosurg Psychiatry 1989; 52: 763-766.

20. Reis IMMD. Eletromiografia de superfície em músculos inspiratórios de

indivíduos adultos e idosos: Revisão sistemática. São Carlos.

69

Dissertação [Mestre em Fisioterapia] - Universidade Federal de São

Carlos; 2015.

21. Costa BT, Silva RAS, Ossada VAY, Gil AWO, Evangelista AC, Costa

VSP. Confiabilidade de um protocolo para avaliação dos miótomos do

tronco pela eletromiografia de superfície. 2017 [Trabalho em preparação]

22. Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for

categorical data. Biometrics 1977; 33, 159-174.

23. Clark, K.M., Holt, L.E., Sinyard, J., 2003. Electromyographic comparison

of the upper and lower rectus abdominis during abdominal exercises. J

Strength Cond Res 17(3):475-483.

24. Escamilla, R.F., McTaggar, M.S.C., Fricklas, E.J., DeWitt, R., Kelleher,

P., Taylor, M.K., Hreljac, A., Moorman, C.T., 2006. An electromyographic

analysis of commercial and commom abdominal exercises: Implications

for rehabilitation and training. J Orthop Sports Phys Ther 36,(2)45-57.

25. Lehman, G.J., McGill, S.M.. Quantification of the diferences in

electromyographic activity magnitude between the upper and

lowerportions of the rectus abdominais muscle during selected trunk

exercises. Phys Ther 2001; 81: 1096-1101.

26. Pernot HF, Lannem AM, Geers RP, Ruijters EF, Bloemendal M, Seelen

HA. Validity of the test-table-test for Nordic skiing for classification of

paralympic sit-ski sports participants. Spinal Cord 2011; 49: 935-941.

27. Altmann VC, Groen BE, van Limbeek J, van landewijck YC, Keijsers NL.

Reliabilityof the revised wheelchair rugby trunk

impairmentclassificationsystem. Spinal Cord 2013; 51: 913–918.

28. Furlan JC, Fehlings MG, Tator CH, Davis AM. Motor and Sensory

Assessment of Patients in Clinical Trials for Pharmacological Therapy of

Acute Spinal Cord Injury: Psychometric Properties of the ASIA

Standards. J Neurotrauma 2008; 25: 1273–1301.

29. Konrad P. The ABC of EMG: A Practical Introduction to Kinesiological

Electromyography. Noraxon Inc. Version 1. 2005.

30. Duiverman ML, Eykern LAV, Vennik PW, Koȅter GHK, Maarsingh EJW,

Wijkstra PJ. Reproducibility and responsiveness of a noninvasive EMG

technique of the respiratory muscles in COPD patients and in healthy

subjects. J Appl Physiol 2004; 96, 1723-1729.

70

31. Maarsingh, E.J.W., Van Eykern, L. A., Sprikkelman, A. B., Hoekstra,

M.O., Van Aalderen, W.M.C., 2000. Respiratory muscle activity

measured with a noninvasive EMG technique: technical aspects and

reproducibility. J Appl Physiol 88, 1955–1961.

71

TABELAS

Tabela 1 Características da LME dos participantes do estudo (n=33)

Tempo de lesão (anos) n=33 %

<1 ano 0 0

1-5 anos 10 30,3

6-10 anos 5 15,2

11-15 anos 6 18,2

16-20 anos 4 12,1

21-25 anos 3 9,1

26-30 anos 5 15,2

Nível Neurológico da lesão

T2 2 6,1

T3 7 21,2

T4 6 18,2

T5 3 9,1

T6 2 6,1

T7 2 6,1

T8 1 3,0

T9 2 6,1

T10 7 21,2

T11 1 3,0

AIS

A 21 63,6

B 12 36,4

Abreviações: T2D= 2º segmento medular direito; T2E= 2º segmento medular esquerdo; T3D= 3º segmento medular direito; T3E= 3º segmento medular esquerdo; T4D= 4º segmento medular direito; T4E= 4º segmento medular esquerdo; T5D= 5º segmento medular direito; T5E= 5º segmento medular esquerdo; T6D= 6º segmento medular direito; T6E= 6º segmento medular esquerdoT7= 7º segmento medular; T8= 8º segmento medular; T9= 9º segmento medular; T10= 10º segmento medular; T11= 11º segmento medular; T12= 12º segmento medular; AIS, American Spinal Injury Association Impairment Scale.

72

Tabela 2 Concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da ISNCSCI, do teste palpatório e da EMGs e da ISNCSCI e da EMGs para percepção da contração

dos miótomos do tronco superior (n=33)

Abreviações: T2D= 2º segmento medular direito; T2E= 2º segmento medular esquerdo; T3D= 3º segmento medular direito; T3E= 3º segmento medular esquerdo; T4D= 4º

segmento medular direito; T4E= 4º segmento medular esquerdo; T5D= 5º segmento medular direito; T5E= 5º segmento medular esquerdo; T6D= 6º segmento medular

direito; T6E= 6º segmento medular esquerdo; IC= Intervalo de Confiança; CO= Concordância Observada; CE= Concordância Esperada

Variáveis

Teste Palpatório x ISNCSCI Teste Palpatório x EMGs ISNCSCI x EMGs

Kappa (IC-95%) CO (%) CE (%) Kappa (IC-95%) CO (%) CE (%) Kappa (IC-95%) CO (%) CE (%)

T2D - - - - - - - - -

T2E - - - - - - - - -

T3D - - - - - - - - -

T3E - - - - - - - - -

T4D 0,29 (0,05-0,53) 78,79 69,97 - - - - - -

T4E 0,46 (0,14-0,78) 81,82 65,84 - - - - - -

T5D 0,52 (0,20-0,84) 07,87 55,46 - - - - - -

T5E 0,43 (0,11-0,75) 72,73 51,79 - - - - - -

T6D 0,70 (0,37-1,0) 84,85 49,04 - - - - - -

T6E 0,76 (0,43-1,0) 87,88 49,31 - - - - - -

73

Tabela 3 Concordância entre a avaliação por meio do teste palpatório e da ISNCSCI, do teste palpatório e da EMGs e da ISNCSCI e da EMGs para percepção da contração

dos miótomos do tronco inferior (n=33)

Abreviações: T7D= 7º segmento medular direito; T7E= 7º segmento medular esquerdo; T8D= 8º segmento medular direito; T8E= 8º segmento medular esquerdo; T9D= 9º

segmento medular direito; T9E= 9º segmento medular esquerdo; T10D= 10º segmento medular direito; T10E= 10º segmento medular esquerdo; T11D= 11º segmento

medular direito; T11E= 11º segmento medular esquerdo; T12D= 12º segmento medular direito; T12E= 12º segmento medular esquerdo; IC= Intervalo de Confiança; CO=

Concordância Observada; CE= Concordância Esperada.

Teste Palpatório x ISNCSCI Teste Palpatório x EMGs ISNCSCI x EMGs

Variáveis Kappa (IC-95%) CO (%) CE (%) Kappa (IC-95%) CO (%) CE (%) Kappa (IC-95%) CO (%) CE (%)

T7D 0,81 (0,48-1,0) 90,91 50,32 - - - - - -

T7E 0,81 (0,48-1,0) 90,91 50,32 0,05 (-0,05-0,17) 51,52 48,58 0,05 (-0,05-0,15) 48,48 45,73

T8D 0,75 (0,42-1,0) 87,88 51,52 0,10 (-0,04-0,25) 51,52 46,01 0,10 (-0,04-0,26) 45,45 38,84

T8E 0,75 (0,42-1,0) 87,88 51,52 0,20 (-0,001-0,41) 57,58 46,56 0,20 (0,00-0,41) 54,55 42,61

T9D 0,62 (0,30-0,93) 81,82 52,07 0,64 (0,32-0,96) 81,82 48,76 0,39 (0,12-0,66) 66,67 45,18

T9E 0,62 (0,30-0,93) 81,82 52,07 0,70 (0,37-1,0) 84,85 49,04 0,43 (0,15-0,71) 69,70 46,56

T10D 0,48 (0,19-0,78) 75,76 52,62 0,81 (0,47-1,0) 90,91 50,14 0,48 (0,19-0,78) 75,76 52,62

T10E 0,53 (0,23-0,83) 78,79 54,36 0,81 (0,47-1,0) 90,91 50,69 0,53 (0,23-0,83) 78,79 54,36

T11D 0,20 (0,003-0,40) 69,70 61,98 0,68 (0,35-1,0) 84,85 51,24 0,16 (-0,02-0,34) 63,64 56,66

T11E 0,10 (-0,04-0,25) 66,67 62,81 0,68 (0,35-1,0) 84,85 51,24 0,08 (-0,05-0,21) 60,61 57,12

T12D - - - 0,66 (0,33-0,98) 84,85 55,46 - - -

T12E - - - 0,66 (0,33-0,98) 84,85 55,46 - - -

74

Figura Figura 1 Posicionamento dos pontos para palpação e colocação dos eletrodos para coleta dos dados pela EMGs.

75

5.0 CONCLUSÃO GERAL

A referida dissertação apresentou 2 artigos originais, onde foi possível

concluir que:

O artigo “1” constatou que a confiabilidade teste-reteste do protocolo

proposto para avaliação dos miótomos do tronco entre T2 e T12 por meio da

EMGs em adultos saudáveis é excelente para todos os pontos avaliados.

O artigo “2” identificou que os valores de K apresentaram concordância

quase perfeita ou substancial para os segmentos T6, T7, T8 e T9 indicando

assim que o resultado do teste palpatório aproxima-se da avaliação por meio

da ISNCSCI para esses pontos descritos, sugerindo que o teste palpatório

possa ser possivelmente outra forma de avaliação para determinação do nível

motor do tronco em pessoas com lesão da medula espinhal. Porém, para T2,

T3 e T12 ainda não foi possível demonstrar a concordância entre as avaliações

por meio do teste palpatório e da ISNCSCI na população de pessoas

acometidas por LME.

76

REFERÊNCIAS

1. Chamberlain JD, Deriaz O, Hund-Georgiadis M, Meier S, Scheel-Sailer A,

Schubert M et al. Epidemiology and contemporary risk profile of traumatic spinal

cord injury in Switzerland. Inj Epidemiol 2015; 2 (1): 28.

2. Lee BB, Cripps RA, Fitzharris M, Wing PC. The global map for traumatic

spinal cord injury epidemiology: update 2011, global incidence rate. Spinal Cord

2014; 52 (2): 110-116.

3. van Middendorp JJ, Goss B, Urquhart S, Atresh S, Williams RP, Schuetz M.

Diagnosis and Prognosis of Traumatic Spinal Cord Injury. Global spine journal

2011; 1 (01), 001-008.

4. World Health Organization, International Spinal Cord Society. International

perspectives on spinal cord injury. World Health Organization 2013.

5. Wyndaele M, Wyndaele JJ. Incidence, prevalence and epidemiology of spinal

cord injury: what learns a worldwide literature survey? Spinal cord 2006; 44 (9):

523-529.

6. Kirshblum S, Millis S, McKinley W, Tulsky D. Late neurologic recovery after

traumatic spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil 2004; 85: 1811-1817.

7. Filho TEPB. Avaliaçäo padronizada nos traumatismos raquimedulares. Rev.

bras. Ortop. 1994; 29 (3): 99-106.

8. Kirshblum S, Waring W. Updates for the International Standards for

neurological classification of spinal cord injury. Phys Med Rehabil Clin N Am

2014; 25 (3), 505-517.

9. Squair JW. Examination of preserved motor pathways in persons with motor-

complete spinal cord injury [dissertação]. Vancouver: University of British

Columbia, Faculty of Graduate and Postdoctoral Studies; 2014.

77

10. Kirshblum SC, Burns SP, Biering-Sorensen F, Donovan W, Graves DE, Jha

A et al. International standards for neurological classification of spinal cord

injury. J Spinal Cord Med. 2011; 34(6): 535-546.

11. Bjerkefors A, Carpenter MG, Cresswell AG, Thorstensson A. Trunk muscle

activation in a person with clinically complete thoracic spinal cord injury. J

Rehabil Med 2009; 41: 390–392.

12. Bjerkefors A, Squair JW, Malik R, Lam T, Chen Z, Carpenter MG.

Diagnostic accuracy of common clinical tests for assessing abdominal muscle

function after motor-complete spinal cord injury above T6. Spinal Cord 2015;

53: 114–119.

13. Bjerkefors A, Squair JW, Chua R, Lam T, Chen Z, Carpenter MG.

Assessment of abdominal muscle function in individuals with motor-complete

spinal cord injury above t6 in response to transcranial magnetic stimulation. J

Rehabil Med 2015; 47: 138-146.

14. Li K, Atkinson D, Boakye M, Tolfo CZ, Aslan S, Green M et al. Quantitative

and sensitive assessment of neurophysiological status after human spinal cord

injury. J Neurosurg Spine 2012; 17: 77–86.

15. Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de

construção e adaptação de instrumentos de medidas. Cien Saúde Colet. 2011;

16(7): 3061- 3068.

16. Kendall, F.P., Mccreary, E.K., Provance, P.G., Rodgers, M.M., Romani,

W.A. 2007. Músculos: provas e funções. 5rd ed. São Paulo: Manole, 2007.

17. Machado ABM. Anatomia macroscópica da medula espinal e seus

envoltórios. In: Machado ABM Neuroanatomia funcional. 2nd ed. São Paulo:

Atheneu, 2003. p. 35-42. 12.

78

18. Meneses MS, Jurkiewicz AL. Medula espinal. In: Meneses MS.

Neuroanatomia aplicada. 3rd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.

88-105. 13.

19. American Spinal Cord Injury Association - Home page: http://asia-

spinalinjury.org/wpcontent/uploads/2016/02/International_Stds_Diagram_Works

heet.pdf Acessado em 01/01/2017.

20. Lee BB, Cripps RA, Fitzharris M, Wing PC. The global map for traumatic

spinal cord injury epidemiology: update 2011, global incidence rate. Spinal Cord

2014; 52: 110–116.

21. New PW, Marshall R. International Spinal Cord Injury Data Sets for non-

traumatic spinal cord injury. Spinal Cord 2014; 52: 123–132.

22. Lenehan B, Street J, Kwon BK, Noonan V, Zhang H, Fisher CG et al. The

epidemiology of traumatic spinal cord injury in British Columbia, Canada. Spine

2012; 37(4;, 321-329.

23. Adams RD, Victor M, Ropper AH. Doenças da medula espinal. In: Adams

RD, Victor M, Ropper AH. Neurologia. 6th ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill,

1998. p.456- 466.

24. Frankel HL, Hancock DO, Hyslop G, Melzak J, Michaelis LS, Ungar GH et

al. The value of postural reduction in the initial management of closed injuries of

the spine with paraplegia and tetraplegia. Paraplegia. 1969; 7(3): 179-192.

25. Furlan JC, Fehlings MG, Tator CH, Davis AM. Motor and Sensory

Assessment of Patients in Clinical Trials for Pharmacological Therapy of Acute

Spinal Cord Injury: Psychometric Properties of the ASIA Standards. J

Neurotrauma 2008; 25: 1273–1301.

26. Konrad P. The ABC of EMG: A Practical Introduction to Kinesiological

Electromyography. Noraxon Inc. Version 1. 2005.

79

27. Duiverman ML, Eykern LAV, Vennik PW, Koȅter GHK, Maarsingh EJW,

Wijkstra PJ. Reproducibility and responsiveness of a noninvasive EMG

technique of the respiratory muscles in COPD patients and in healthy subjects.

J Appl Physiol 2004; 96, 1723-1729.

28. Frostell A, Mattsson P, Persson JKE, Hedman B, Nordblom J, Lindenryd A

et al. Neurophysiological evaluation of segmental motor neuron function of the

thoracic cord in chronic SCI. Spinal Cord 2012; 50: 315-319.

29. Reis IMMD, Jamami M. Eletromiografia de superfície em músculos

inspiratórios de indivíduos adultos e idosos: Revisão sistemática [dissertação].

São Carlos: Universidade Federal de São Carlos; 2015.

30. Sherwood AM, McKay WB, Dimitrijevic MR. Motor control after spinal cord

injury: assessment using surface EMG. Muscle Nerve 1996; 19:966-979.

31. McKay WB, Lim HK, Priebe MM, Stokic DS, Sherwood AM. Clinical

neurophysiological assessment of residual motor control in post-spinal cord

injury paralysis. Neurorehabil Neural Repair 2004; 18:144–153.

32. Taylor A. The contribution of the intercostal muscles to the effort of

respiration in man. J Physiol 1960; 151 :390-402.

33. Maarsingh EJW, Van Eykern LA, Sprikkelman AB, Hoekstra MO, Van

Aalderen WMC. Respiratory muscle activity measured with a noninvasive EMG

technique: technical aspects and reproducibility. J Appl Physiol 2000; 88, 1955–

1961.

34. Gadotti IC, Vieira ER, Magee DJ. Importance and clarification of

measurement properties in rehabilitation. Rev. bras. fisioter 2006; 10 (2): 137-

146.

35. Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de

80

construção e adaptação de instrumentos de medidas. Cien Saúde Colet. 2011;

16(7): 30613068.

36. Rankin G, Stokes M. Reliability of assessment tools in rehabilitation: an

illustration of appropriate statistical analyses. Clin. Rehabil 1998; 12, 187–199.

81

APENDICES

82

APÊNDICE A

Avaliador:____________________________________________ Data:___/___/_____ Paciente: ____________________________________________

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

DADOS PESSOAIS:

1. Nome: _________________________________________________________

2. Gênero: ( ) F ( ) M

3. Cor da pele: ( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela

4. Data de nascimento: ___/___/_____

5. Idade: ______ anos

6. Estado civil:

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) União Estável ( ) Divorciado ( ) Viúvo

7. Nível de escolaridade:

( ) 1ª a 4ª série ( ) 5ª a 8ª série ( ) 2° grau incompleto

( ) 2° grau completo ( ) 3° grau incompleto ( ) 3° grau completo

( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado

8. Profissão: ______________________________________________________

9. Procedência: ____________________________________________________

10. Endereço: ______________________________________________________

11. Telefone: ( ) ________________

ANAMNESE:

12. Peso: _____Kg

13. Altura: ______ m

14. IMC: ________

15. Medicamentos em uso (nome/peso e comp/dia):

___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________

16. Antecedentes cirúrgicos:

Pré lesão: ________________________________________________________

Pós lesão: ________________________________________________________

83

17. Antecedentes pessoais: ___________________________________________

18. Hábitos e vícios:

Álcool (bebida/l/dia): _____________________

Cigarro (tempo/maços/dia): _______________________

Drogas ilícitas: ___________________________

19. Quantas vezes por semana você pratica atividade física/Qual:

_____________________________________________________

LESÃO MEDULAR

1. Data da lesão medular: ___/___/_____

2. Tempo de lesão medular: ______ anos

3. Causa da lesão medular: ( ) Acidente automobilístico ( ) Ferimento por

arma de fogo ( ) Mergulho ( ) Quedas ( ) Acidente de trabalho ( )

Esporte Outros: ___________________________________________

4. Nível traumático da lesão medular: _______________

5. Nível motor já diagnosticado: ___________

6. Nível sensitivo já diagnosticado: __________

7. Tipo de lesão: ( ) Completa ( ) Incompleta

8. Classificação segundo a ASIA: ( ) A ( ) B ( ) C ( ) D

84

APÊNDICE B

Avaliador:______________________________________________________ Data: ___/___/_____ Paciente: _______________________________________________________

AVALIAÇÃO PALPATÓRIA

1. Nível motor

DIREITO ESQUERDO

85

ANEXOS

86

ANEXO A

International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury

(ISNCSCI)

87

ANEXO B

Parecer de aprovação do Comitê de Ética da UNOPAR

88

89

90

ANEXO C

Instruções para os autores: Journal of Electromyography and Kinesiology

Guide for Authors

The Journal of Electromyography and Kinesiology aims to provide a single,

authoritative forum for the publication of original research and clinical studies on

muscle contraction and human motion through combined or separate

mechanical and electrical detection techniques. Some of the key topics covered

include: control of movement; muscle and nerve properties; electrical

stimulation; sports and exercise; rehabilitation; muscle fatigue; joint

biomechanics; motion analysis; measures of human performance;

neuromuscular diseases; physiological modelling; posture and movement. The

Journal welcomes the submission of original papers, reviews and letters to the

Editors. The Journal will also publish book reviews and a calendar of

forthcoming events. Please note that, at the discretion of the Editor in Chief,

some papers may be accepted for online publication only.

Open Access

This journal offers authors two choices to publish their research;

1. Open Access

• Articles are freely available to both subscribers and the wider public with

permitted reuse

• An Open Access publication fee is payable by authors or their research funder

2. Subscription

• Articles are made available to subscribers as well as developing countries and

patient groups through our access programs (http://www.elsevier.com/access)

• No Open Access publication fee

All articles published Open Access will be immediately and permanently free for

everyone to read and download. Permitted reuse is defined by your choice of

one of the following Creative Commons user licenses:

91

Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs (CC-BY-NC-ND): for

non-commercial purposes, lets others distribute and copy the article, and to

include in a collective work (such as an anthology), as long as they credit the

author(s) and provided they do not alter or modify the article.

Creative Commons Attribution (CC-BY): available only for authors funded by

organizations with which Elsevier has established an agreement. For a full list

please see http://www.elsevier.com/fundingbodies

Elsevier has established agreements with funding bodies. This ensures authors

can comply with funding body Open Access requirements, including specific

user licenses, such as CC-BY. Some authors may also be reimbursed for

associated publication fees. http://www.elsevier.com/fundingbodies

To provide Open Access, this journal has a publication fee which needs to be

met by the authors or their research funders for each article published Open

Access. Your publication choice will have no effect on the peer review process

or acceptance of submitted articles. The Open Access publication fee for this

journal is $3000 USD, excluding taxes.

Learn more about Elsevier's pricing

policy http://www.elsevier.com/openaccesspricing

Authors can share their research in a variety of different ways and Elsevier has

a number of green open access options available. We recommend authors see

our green open access page for further information

(http://elsevier.com/greenopenaccess). Authors can also self-archive their

manuscripts immediately and enable public access from their institution's

repository after an embargo period. This is the version that has been accepted

for publication and which typically includes author-incorporated changes

suggested during submission, peer review and in editor-author communications.

Embargo period: For subscription articles, an appropriate amount of time is

needed for journals to deliver value to subscribing customers before an article

becomes freely available to the public. This is the embargo period and begins

92

from the publication date of the issue your article appears in. This journal has

an embargo period of 12 months.

PUBLICATION CONDITION

A manuscript submitted to this journal can only be published if it (or a similar

version) has not been published and will not be simultaneously submitted or

published elsewhere. A violation of this condition is considered as fraud, and

will be answered by appropriate sanctions against all authors. Two manuscripts

are considered similar if their subjects concern the same hypothesis, question

or goal, addressed with the same scientific methodology.

REFEREEING

All contributions are read by two or morereferees to ensure both accuracy and

relevance, and amendments to the script may thus berequired before final

acceptance. On acceptance, contributions are subject to editorial amendmentto

suit house style.

AUTHORSHIP

All authors should have made substantial contributions to all of the following: (1)

the conception and design of the study, or acquisition of data, or analysis and

interpretation of data, (2) drafting the article or revising it critically for important

intellectual content, (3) final approval of the version to be submitted.

CHANGES TO AUTHORSHIP

This policy concerns the addition, deletion, or rearrangement of author names in

the authorship of accepted manuscripts:

Before the accepted manuscript is published in an online issue: Requests to

add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to the

Journal Manager from the corresponding author of the accepted manuscript and

must include: (a) the reason the name should be added or removed, or the

author names rearranged and (b) written confirmation (e-mail, fax, letter) from

all authors that they agree with the addition, removal or rearrangement. In the

93

case of addition or removal of authors, this includes confirmation from the

author being added or removed. Requests that are not sent by the

corresponding author will be forwarded by the Journal Manager to the

corresponding author, who must follow the procedure as described above. Note

that: (1) Journal Managers will inform the Journal Editors of any such requests

and (2) publication of the accepted manuscript in an online issue is suspended

until authorship has been agreed.

After the accepted manuscript is published in an online issue: Any requests to

add, delete, or rearrange author names in an article published in an online issue

will follow the same policies as noted above and result in a corrigendum.

ACKNOWLEDGEMENT OF OTHER CONTRIBUTORS

All contributors who do not meet the criteria for authorship as defined above

should be listed in an acknowledgements section. Examples of those who might

be acknowledged include a person who provided purely technical help, writing

assistance, or a department chair who provided only general support. Authors

should disclose whether they had any writing assistance and identify the entity

that paid for this assistance.

CONFLICT OF INTEREST

"Conflict of interest statement" all authors must disclose any financial and

personal relationships with other people or organisations that could

inappropriately influence (bias) their work. Examples of potential conflicts of

interest include employment, consultancies, stock ownership, honoraria, paid

expert testimony, patent applications/registrations, and grants or other funding.

If there are no conflicts of interest, the authors should state there are none.

ROLE OF THE FUNDING SOURCE

All sources of funding should be declared as an acknowledgement at the end of

the text. Authors should declare the role of study sponsors, if any, in the study

design, in the collection, analysis and interpretation of data; in the writing of the

manuscript; and in the decision to submit the manuscript for publication. If the

study sponsors had no such involvement, the authors should so state.

94

PREPARATION OF SCRIPTS

All publications will be in English. Authors whose 'first' language is not English

should arrange for their manuscripts to be written in idiomatic English before

submission. Please also ensure that your manuscript has been thoroughly

checked for errors prior to submission.

Language Editing: International Science Editing and Asia Science Editing can

provide English language and copyediting services to authors who want to

publish in scientific, technical and medical journals and need

assistance before they submit their article or, it is accepted for publication.

Authors can contact these services directly: International Science

Editing http://www.internationalscienceediting.com and Asia Science

Editing http://www.asiascienceediting.com or, for more information about

language editing services, please visit our Support Center.Please note Elsevier

neither endorses nor takes responsibility for any products, goods or services

offered by outside vendors through our services or in any advertising. For more

information please refer to our terms &

conditions http://www.elsevier.com/termsconditions.

You should have your contribution typed in double-line spacing, on one side

only of A4 paper. Do not underline anything and leave wide margins. Please

also add line numbers to your submitted manuscript (e.g. 5, 10 , 15 etc.) and

number every page.

EMG data should be collected and presented according to the 'Standards for

Reporting EMG Data' printed at the back of each issue of this journal.

All authors should sign a cover note to acknowledge that they have read, and

approve of, the content of the manuscript as submitted.

SUBMISSIONS

Authors are requested to submit their original manuscript and figures online

via https://www.evise.com/evise/jrnl/JEK. This is the Elsevier web-based

submission and review system. You will find full instructions located on this site.

95

Please follow these guidelines to prepare and upload your article. Once the

uploading is done, the system automatically creates an electronic pdf proof,

which is then used for reviewing. All correspondence, including notification of

the Editor's decision and requests for revisions, will be managed via this

system.Paper copies and email submissions are also currently accepted.

Please submit to:

For the Americas, Europe, Africa and the Middle East:

Professor M. Solomonow, Professor & Director, Bioengineering Division &

Musculoskeletal Disorders Research Laboratory, University of Colorado Health

Sciences Center, Mailstop 8343, PO Box 6511, Aurora, CO., 80045, USA; Tel.:

(303) 724-0383, Fax: (303) 724-0394

For the Far East and Australia:

Professor T. Moritani, Laboratory of Applied Physiology, TheGraduate School of

Environmental Studies, Kyoto University, Sakyo-ku, Kyoto 606, Japan; Tel: 81

75 753 6888, Fax: 81 75 753 6734

No page charges are made to authors for material published.

Arrangement of papers

JEK now accepts original articles within a word limit of 5,000 words (including

title page, abstract, text, references & figure legends). Reviews and special

articles (keynote lectures or a Special issue articles) are exempted from this

limit.

You should arrange your contribution in the following order:

1. Title page including the article title, author(s), affiliation(s), keywords and one

author identified for correspondence

2. A 200 word abstract outlining the purpose, scope andconclusions of the

paper

3. The text, suitably divided under headings

96

4. Acknowledgements (if any)

5. References

6. Tables (each on separate sheet)

7. Captions to illustrations (grouped on a separate sheet or sheets)

8. Illustrations, each on a separate sheet containing no text.

All submissions should be accompanied by a declarationsigned by each author

that the paper has not been previously published or submitted for consideration

elsewhere.

TEXT

Subdivide your paper in the simplest way possible, consistent with clarity using

the standard format of introduction, methods, results and discussion.

TABLES

Number tables consecutively throughout the paper (with Arabic numerals)

referring to them in the text as Table 1, Table 2 etc. with a caption at the top of

each table. Avoid the use of vertical rules. Tables should not duplicate results

presented ingraphs.

ILLUSTRATIONS

All illustrations should be identified with the author's name and figure number

marked in pencil.

Line illustrations

Articles may be published more quickly if illustrations are supplied to the

required standards, authors should not be deterred if they are unable to meet

these standards as illustrations can be redrawn in-house. The originals must be

supplied on separate sheets, with two photocopies. Illustrationswill be reduced

in size photographically, typically to fit one or two columns of the journal and

97

this should be borne in mind to ensure that lines and lettering remain clear

when reduced. If you label the original illustrations do so in black ink using a

suitable stencil. Lower case letters should be used throughout, with an initial

capital letter for the first word only. If suitable stencils are unavailable label a

photocopy, not the original illustrations, and our studio will complete the workto

the correct standard. If your illustrations are computer-generated follow the

lettering standards as above and supply the blackest possible laser printout.

For full instructions on the electronic submission of artwork, please

visit: https://www.evise.com/evise/jrnl/JEK.

Graphs

The minimum amount of descriptive text should be used on graphs and

drawings (label curves, points, etc, with single-letter symbols). Descriptive

matter should be placed in the figure caption. Scale grids should not be used in

graphs, unless required for actual measurements. Graph axes should be

labelled with variables written out in full, along the length of the axes, with the

unit in parentheses (for example, Time(s)). A table is usually more satisfactory

for recording data.

Photographs

Supply glossy, black and white, unmounted prints or 35 mmtransparencies, plus

two photocopies. A scale, where appropriate, should be marked on the

photographs or included in the caption.

Colour Illustrations

If, together with your accepted article, you submit usable colour figures then

Elsevier will ensure, at no additional charge, that these figures will appear in

colour on the web (e.g., ScienceDirect and other sites) regardless of whether or

not these illustrations are reproduced in colour in the printed version. For colour

reproduction in print, you will receive information regarding the costs from

Elsevier after receipt of your accepted article. For further information on the

preparation of electronic artwork, please

98

see https://www.evise.com/evise/jrnl/JEK. Please note: Because of the

technical complications which can arise by converting colour figures to 'grey

scale' (for the printed version should not opt for colour in print) please submit in

addition usable black and white prints corresponding to all the colour

illustrations. Submit colour illustrations as original photographs high-quality

computer prints or transparencies, close to the size expected in publication, or

as 35 mm slides. Polaroid colour prints are not suitable.

REFERENCES

The reference list should be constructed alphabetically. Where more than one

reference has the same first author, use the next named author to construct the

list alphabetically. For identical author groups, list the references by date.

References should be cited in the text using the first author name plus the year

of the paper, eg Solomonow et al, 2004, in square brackets. References should

be in the following form:

Journal article

Paivio A, Jansen B, Becker LJ. Comparisons through the mind's eye. Cognition

1975;37(2):635-47

Book

Strunk W, White EB. The elements of style. 3rd ed. New York: Macmillan, 1979

Article or chapter in edited book

Gurman AS, Kniskern DP. Family therapy outcome research: knowns and

unknowns. In: Gurman AS, Kniskern DP, editors. Handbook of family therapy.

New York: Brunner/Maazel, 1981:742-75.

Please ensure that references are complete, in that they include where relevant,

author's name, article or book title, volume and issue number, publisher, year

and page reference. Journal titles should appear in full.

For reference style 2 Harvard:

99

[dataset] Oguro, M., Imahiro, S., Saito, S., Nakashizuka, T., 2015. Mortality data

for Japanese oak wilt disease and surrounding forest compositions. Mendeley

Data, v1. http://dx.doi.org/10.17632/xwj98nb39r.1.

Data References

This journal encourages you to cite underlying or relevant datasets in your

manuscript by citing them in your text and including a data reference in your

Reference List. Data references should include the following elements: author

name(s), dataset title, data repository, version (where available), year, and

global persistent identifier. Add [dataset] immediately before the reference so

we can properly identify it as a data reference. This identifier will not appear in

your published article.

UNITS AND ABBREVIATIONS

SI units and their accepted abbreviations should be used.

RANDOMISED CONTROLLED TRIALS

All randomised controlled trials submitted for publication in the journal should

include a completed Consolidated Standards of Reporting Trials (CONSORT)

flow chart. Please refer to the CONSORT statement website

at http://www.consort-statement.org for more information. The Journal of

Electromyography and Kinesiology has adopted the proposal from the

International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) which require, as a

condition of consideration for publication of clinical trials, registration in a public

trials registry. Trials must register at or before the onset of patient enrolment.

The clinical trial registration number should be included at the end of the

abstract of the article. For this purpose, a clinical trial is defined as any research

project that prospectively assigns human subjects to intervention or comparison

groups to study the cause-and-effect relationship between a medical

intervention and a health outcome. Studies designed for other purposes, such

as to study pharmacokinetics or major toxicity (e.g. phase I trials) would be

exempt. Further information can be found at http://www.icmje.org.

100

ETHICS

Work on human beings that is submitted to the Journal should comply with the

principles laid down in the Declaration of Helsinki; Recommendations guiding

physicians in biomedical research involving human subjects. Adopted by the

18th World Medical Assembly, Helsinki, Finland, June 1964, amended by the

29th World Medical Assembly, Tokyo, Japan, October 1975, the 35th World

Medical Assembly, Venice, Italy, October 1983, and the 41st World Medical

Assembly, Hong Kong, September 1989. The manuscript should contain a

statement that the work has been approved by the appropriate ethical

committees related to the institution(s) in which it was performed and that

subjects gave informed consent to the work. Studies involving experiments with

animals must state that their care was in accordance with institution guidelines.

Patients' and volunteers' names, initials, and hospital numbers should not be

used.

CHECKLIST

Have you told readers, at the outset, what they might gain byreading your

paper?

Have you made the aim of your work clear?

Have you explained the significance of your combination?

Have you set your work in the appropriate context by giving sufficient

background (including a complete set of relevant references) to your work?

Have you addressed the question of practicality and usefulness?

Have you identified future developments that may result from your work?

Have you structured your paper in a clear and logical fashion?

COPYRIGHT

101

Upon acceptance of an article, authors will be asked to sign a "Journal

Publishing Agreement" (for more information on this and copyright

see https://www.evise.com/evise/jrnl/JEK. Acceptance of the agreement will

ensure the widest possible dissemination of information. An e-mail (or letter) will

be sent to the corresponding author confirming receipt of the manuscript

together with a "Journal Publishing Agreement" form.If excerpts from other

copyrighted works are included, the author(s) must obtain written permission

from the copyright owners and credit the source(s) in the article. Elsevier has

preprinted forms for use by authors in these cases : contact Elsevier's Rights

Department, Philadelphia, PA, USA: Tel. (+1) 215 238 7869; Fax (+1) 215 238

2239; e-mail [email protected] . Requests may also be

completed online via the Elsevier homepage

(http://www.elsevier.com/locate/permissions).

PROOFS

One set of page proofs in PDF format will be sent by e-mail to the

corresponding author (if we do not have an e-mail address then paper proofs

will be sent by post). Elsevier now sends PDF proofs which can be annotated;

for this you will need to download Adobe Reader version 7 available free

from http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html. Instructions on

how to annotate PDF files will accompany the proofs. The exact system

requirements are given at the Adobe

site: http://www.adobe.com/products/acrobat/acrrsystemreqs.html#70win.If you

do not wish to use the PDF annotations function, you may list the corrections

(including replies to the Query Form) and return to Elsevier in an e-mail. Please

list your corrections quoting line number. If, for any reason, this is not possible,

then mark the corrections and any other comments (including replies to the

Query Form) on a printout of your proof and return by fax, or scan the pages

and e-mail, or by post.Please use this proof only for checking the typesetting,

editing, completeness and correctness of the text, tables and figures. Significant

changes to the article as accepted for publication will only be considered at this

stage with permission from the Editor. We will do everything possible to get your

article published quickly and accurately. Therefore, it is important to ensure that

102

all of your corrections are sent back to us in one communication: please check

carefully before replying, as inclusion of any subsequent corrections cannot be

guaranteed. Proofreading is solely your responsibility. Note that Elsevier may

proceed with the publication of your article if no response is received.

OFFPRINTS

The corresponding author, at no cost, will be provided with a PDF file of the

article via e-mail or, alternatively, 25 free paper offprints. The PDF file is a

watermarked version of the published article and includes a cover sheet with

the journal cover image and a disclaimer outlining the terms and conditions of

use. Additional paper offprints can be ordered by the authors. An order form

with prices will be sent to the corresponding author.

PREPARATION OF SUPPLEMENTARY DATA

Elsevier now accepts electronic supplementary material to support and enhance

your scientific research. Supplementary files offer the author additional

possibilities to publish supporting applications, movies, animation sequences,

high-resolution images, background datasets, sound clips and more.

Supplementary files supplied will be published online alongside the electronic

version of your article in Elsevier web products, including

ScienceDirect: http://wwww.sciencedirect.com. In order to ensure that your

submitted material is directly usable, please ensure that data is provided in one

of our recommended file formats. Authors should submit the material in

electronic format together with the article and supply a concise and descriptive

caption for each file. For more detailed instructions please

visit: https://www.evise.com/evise/jrnl/JEK.

AUTHOR ENQUIRIES

For enquiries relating to the submission of articles (including electronic

submission where available) please

visit: https://www.evise.com/evise/jrnl/JEK.Contact details for questions arising

after acceptance of an article, especially those relating to proofs, are provided

after registration of an article for publication.

103

AudioSlides

The journal encourages authors to create an AudioSlides presentation with their

published article. AudioSlides are brief, webinar-style presentations that are

shown next to the online article on ScienceDirect. This gives authors the

opportunity to summarize their research in their own words and to help readers

understand what the paper is about. More information and examples are

available at http://www.elsevier.com/audioslides. Authors of this journal will

automatically receive an invitation e-mail to create an AudioSlides presentation

after acceptance of their paper.

104

ANEXO D

Instruções para os autores: Spinal Cord

105

106

107

108

109

110

111

112

113

114