tese - influência da utilização de retardadores na retraccao do betao

201
UNIVERSIDADE DE ÉVORA ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Estudo da influência da utilização de retardadores de presa na eficiência de expansivos, no controle da retração dos betões Leidymar Carolina Frederico dos Santos Orientadores: Professor Doutor Miguel José Pereira das Dores Santos de Oliveira Doutor António Carlos Bettencourt Simões Ribeiro Mestrado em Engenharia Civil Área de especialização: Construção Dissertação para a obtenção do grau de mestre em Engenharia Civil Évora, 2014

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Influência Da Utilização de Retardadores Na Retraccao Do Betao

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  • UNIVERSIDADE DE VORA

    ESCOLA DE CINCIAS E TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    Estudo da influncia da utilizao de retardadores de presa na eficincia de expansivos, no controle

    da retrao dos betes

    Leidymar Carolina Frederico dos Santos

    Orientadores:

    Professor Doutor Miguel Jos Pereira das Dores Santos de Oliveira

    Doutor Antnio Carlos Bettencourt Simes Ribeiro

    Mestrado em Engenharia Civil

    rea de especializao: Construo

    Dissertao para a obteno do grau de mestre em Engenharia Civil

    vora, 2014

  • AGRADECIMENTOS

    A realizao deste trabalho s foi possvel graas colaborao, tanto a nvel profissional, como

    a nvel pessoal, de inmeras pessoas que foram surgindo e dando o seu contributo ao longo do

    desenvolvimento do mesmo.

    Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao professor Dr. Miguel Oliveira por ter sugerido o

    presente tema e por ter aceitado ser o meu orientador. Agradeo imenso todo o acompanhamento

    prestado, bem como as crticas e sugestes manifestadas, contribuindo para uma maior

    aprendizagem.

    Ao Dr. Antnio Bettencourt Ribeiro (LNEC) um profundo agradecimento por ter aceitado ser o

    meu coorientador, mostrando um grande empenho e profissionalismo. Obrigada por toda a

    transmisso de conhecimento acerca deste tema e pelo interesse demonstrado.

    Ao Fernando Oliveira, tcnico do Laboratrio de Materiais de Construo do Instituto Superior

    de Engenharia da Universidade do Algarve, por toda a ajuda manifestada ao longo da realizao

    do trabalho experimental. Sem a sua disponibilidade e acompanhamento, a realizao do

    trabalho experimental teria sido dificultada.

    Aos elementos do Ncleo de Betes do LNEC, em especial ao Pedro Amaral e Gil Rosa,

    tcnicos experimentadores, por toda a ajuda e colaborao prestada no trabalho experimental.

    Aos meus colegas de curso, especialmente ao Matthias Eckert, um enorme agradecimento por

    toda a ajuda demonstrada e pelas trocas de conhecimento transmitidas.

    A todas as minhas amigas, especialmente Vanessa e Mariana, por todo o apoio e

    compreenso apresentados ao longo desta etapa.

    Um agradecimento especial ao meu namorado Pedro, por todo o apoio e incentivo demonstrado

    ao longo da realizao deste trabalho.

    Por ltimo, e no menos importante, gostaria de agradecer a toda a minha famlia,

    essencialmente aos meus pais, por todo o apoio e educao transmitida ao longo de toda a minha

    vida. Sem a vossa ajuda no teria chegado onde cheguei hoje.

  • RESUMO

    O beto autocompactvel surgiu a partir da evoluo do beto convencional, tendo vindo a

    mostrar-se ao longo dos anos, um material verstil e eficaz. A menor relao gua-ligante e a

    menor dosagem de agregado so as principais diferenas encontradas no beto autocompactvel

    (alm da utilizao de adjuvantes e/ou adies). Estas caractersticas iro originar uma menor

    durabilidade das estruturas, consequente do aparecimento da fissurao, devido s grandes

    tenses geradas nos elementos estruturais, originadas atravs da retrao.

    A retrao apresenta uma elevada importncia na durabilidade das estruturas de beto,

    nomeadamente, na conceo, dimensionamento, processo construtivo e no comportamento em

    servio. Porm, devido aos mecanismos a ela envolvidos estarem ainda longe de serem

    totalmente compreendidos, tm surgido diversos mtodos para a reduo deste fenmeno.

    De forma a compreender melhor o fenmeno da retrao e melhorar as caractersticas do beto

    autocompactvel, foi realizado um trabalho experimental para avaliao deste fenmeno,

    introduzindo dois adjuvantes, um expansivo e um retardador de presa, em duas composies de

    beto autocompactvel com diferentes superplastificantes.

    O estudo efetuado provou que o expansivo atua numa idade precoce, contribuindo para uma

    reduo significativa da fissurao nas primeiras idades. No entanto, a utilizao simultnea de

    um expansivo com um retardador de presa, no se mostrou to eficaz no controle da retrao.

    Palavras-chave:

    Beto autocompactvel; Fissurao; Retrao; Expansivo; Retardador de presa

  • ABSTRACT

    The self-compacting concrete has emerged from the evolution of conventionel concrete, proving

    to be a versatile and effective material over the years. The main differences found in self-

    compacting (besides the use of adjuvants and/or additives) are lower water-binder ratio

    and lower aggregate dosage. These features will result in reduced durability of structures,

    resulting in the appearence of cracks due to large stresses generated in the structural elements,

    caused by shrinkage.

    The retraction is of extreme importance in the durability of concrete structures, particularly in the

    design, sizing, constructive and performance process. Although its perfomance mechanisms are

    far from being fully understood, several methods have appeared to reduce this phenomenon.

    In order to further understand the shrinking phenomenon and improve the characteristics of self-

    compacting concrete, experimental work was conducted by introducing two adjuvants, an

    expansive and setting retarder in two blends of self-compacting concrete with different

    superplasticizeres.

    The study proved that the expansive additive contributed to a significant reduction of cracking

    at early years. However, the simultaneous use of an expansive with a setting retarder additive,

    was not as effective in controlling shrinkage.

    Keywords:

    Self-compacting concrete; Cracking; Shrinkage; Expansive; Setting retarder

  • i

    NDICE GERAL

    1. INTRODUO .............................................................................................................................. 1

    1.1. Motivao e Objetivos ........................................................................................................... 2

    1.2. Estrutura do documento ........................................................................................................ 3

    2. BETO AUTOCOMPACTVEL .................................................................................................. 5

    2.1. Conceito de beto autocompactvel ...................................................................................... 5

    2.2. Influncia dos materiais no beto autocompactvel ............................................................. 8

    2.2.1. Cinzas volantes ................................................................................................................ 8

    2.2.2. Superplastificantes ........................................................................................................... 9

    2.2.3. Agregados finos ..............................................................................................................10

    2.2.4. Agregados grossos ..........................................................................................................10

    2.3. Tipos de beto autocompactvel ..........................................................................................12

    2.3.1. BAC do tipo finos ...........................................................................................................12

    2.3.2. BAC do tipo agente de viscosidade .................................................................................12

    2.3.3. BAC do tipo misto ..........................................................................................................12

    3. RETRAO ..................................................................................................................................13

    3.1. Consideraes Gerais ...........................................................................................................13

    3.2. Tipos de retrao ..................................................................................................................14

    3.2.1. Retrao Plstica .............................................................................................................14

    3.2.1.1. Fatores que afetam a retrao plstica ......................................................................16

    3.2.1.1.1. Fatores ambientais ................................................................................................16

    3.2.1.1.2. Cimento e adies ................................................................................................18

    3.2.1.1.3. Contedo de gua .................................................................................................19

    3.2.1.1.4. Efeito dos adjuvantes ............................................................................................20

    3.2.1.2. Exsudao ...............................................................................................................21

    3.2.2. Retrao Qumica ...........................................................................................................21

    3.2.3. Retrao Autognea ........................................................................................................22

    3.2.3.1. Fatores que afetam a retrao autognea ..................................................................24

    3.2.3.1.1. Quantidade de agregado .......................................................................................24

    3.2.3.1.2. Razo A/C ............................................................................................................24

    3.2.3.1.3. Adies ................................................................................................................26

  • ii

    3.2.3.1.4. Adjuvantes ...........................................................................................................27

    3.2.3.1.5. Finura do cimento.................................................................................................28

    3.2.3.1.6. Aumento da temperatura.......................................................................................28

    3.2.3.2. Relao entre a retrao qumica e a retrao autognea ..........................................29

    3.2.4. Retrao por Secagem .....................................................................................................32

    3.2.4.1. Mecanismo da Tenso Capilar .................................................................................33

    3.2.4.2. Fatores que afetam a retrao por secagem ..............................................................34

    3.2.4.2.1. Fatores ambientais ................................................................................................34

    3.2.4.2.2. Propriedades e Composio do beto ....................................................................36

    3.2.4.3. Relao entre a Retrao Autognea e a Retrao por Secagem ...............................40

    3.2.5. Retrao por Carbonatao .............................................................................................41

    3.2.6. Retrao trmica .............................................................................................................42

    3.3. Desenvolvimento da estrutura slida ...................................................................................43

    3.3.1. Hidratao do cimento ....................................................................................................43

    3.3.2. Autodessecao ..............................................................................................................44

    3.4. Tempo zero ...........................................................................................................................47

    4. ADJUVANTES: EXPANSIVOS E RETARDADORES DE PRESA ..............................................50

    4.1. Consideraes gerais ............................................................................................................50

    4.2. Expansivos ............................................................................................................................52

    4.3. Retardadores de Presa ..........................................................................................................53

    5. TRABALHO EXPERIMENTAL MATERIAIS UTILIZADOS ...................................................56

    5.1. Cimentos ...............................................................................................................................56

    5.2. Adies ..................................................................................................................................57

    5.3. Adjuvantes ............................................................................................................................58

    5.4. Agregados .............................................................................................................................60

    5.4.1. Massa volmica e absoro de gua ................................................................................60

    5.4.2. Granulometria .................................................................................................................60

    5.5. gua ......................................................................................................................................62

    6. TRABALHO EXPERIMENTAL COMPOSIES DESENVOLVIDAS E METODOLOGIAS

    DE ENSAIO ..........................................................................................................................................63

    6.1. Composies desenvolvidas na Fase I ..................................................................................63

    6.2. Composies desenvolvidas da Fase II .................................................................................64

    6.3. Composies desenvolvidas na Fase III ...............................................................................66

  • iii

    6.4. Metodologias de ensaio utilizados na Fase I ........................................................................66

    6.4.1. Amassadura ....................................................................................................................66

    6.4.2. Ensaio de espalhamento ..................................................................................................67

    6.4.3. Ensaio de escoamento no funil V ....................................................................................68

    6.4.4. Ensaio da caixa L ............................................................................................................69

    6.4.5. Resistncia Mecnica ......................................................................................................70

    6.5. Metodologias de ensaio utilizados na Fase II .......................................................................71

    6.5.1. Amassadura ....................................................................................................................71

    6.5.2. Condies climticas da sala de trabalho .........................................................................73

    6.5.3. Preparao, conservao e desmoldagem dos provetes ....................................................74

    6.5.4. Medio dos tempos de presa ..........................................................................................77

    6.5.5. Medio da resistncia ....................................................................................................79

    6.5.6. Medio da retrao Mtodo convencional ...................................................................80

    6.6. Metodologias de ensaio realizados na Fase III .....................................................................82

    6.6.1. Amassadura ....................................................................................................................82

    6.6.2. Medio da retrao autognea .......................................................................................83

    6.6.3. Medio da retrao qumica ...........................................................................................85

    7. APRESENTAO E ANLISE DE RESULTADOS ....................................................................88

    7.1. Resultados obtidos na Fase I ................................................................................................88

    7.1.1. Autocompatibilidade dos BAC base ................................................................................88

    7.1.2. Resistncia compresso dos BAC base .........................................................................91

    7.2. Apresentao e anlise dos resultados obtidos na Fase II ...................................................92

    7.2.1. Tempos de presa .............................................................................................................92

    7.2.1.1. Apresentao de resultados ......................................................................................92

    7.2.1.2. Anlise de resultados ...............................................................................................94

    7.2.2. Resistncia compresso ................................................................................................95

    7.2.2.1. Apresentao de resultados ......................................................................................95

    7.2.2.2. Anlise de resultados ...............................................................................................96

    7.2.3. Variao de massa ..........................................................................................................96

    7.2.3.1. Apresentao de resultados ......................................................................................96

    7.2.3.2. Anlise de resultados ...............................................................................................99

    7.2.4. Variao de comprimento .............................................................................................101

    7.2.4.1. Apresentao de resultados ....................................................................................101

  • iv

    7.2.4.2. Anlise de resultados .............................................................................................104

    7.3. Resultados obtidos na Fase III ...........................................................................................108

    7.3.1. Variao de comprimento desde o estado fresco ............................................................108

    7.3.1.1. Apresentao de resultados ....................................................................................108

    7.3.1.2. Anlise de resultados .............................................................................................114

    7.3.2. Retrao qumica ..........................................................................................................116

    7.3.2.1. Apresentao de resultados ....................................................................................116

    7.3.2.2. Anlise de resultados .............................................................................................117

    8. CONSIDERAES FINAIS .......................................................................................................119

    8.1. Concluses ..........................................................................................................................119

    8.2. Desenvolvimentos futuros ...................................................................................................121

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................................................122

  • v

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 - Modelo reolgico de Bingham ............................................................................................. 6

    Figura 2.2 - Diferenas qualitativas entre a composio dos BAC e a composio dos betes correntes [6]

    ............................................................................................................................................................... 7

    Figura 2.3 - Utilizao dos superplastificantes[13] .................................................................................10

    Figura 2.4 - Mecanismo de bloqueio [14] ...............................................................................................11

    Figura 2.5 - Volume de agregados grossos vs. capacidade do beto fluir atravs das armaduras (adaptado

    de [15]) ..................................................................................................................................................11

    Figura 3.1 - Alteraes de volume Enquadramento (adaptado de [18]) .................................................14

    Figura 3.2 - Descrio esquemtica da retrao em idade precoce do beto ao longo do tempo (adaptado

    de [19]) ..................................................................................................................................................15

    Figura 3.3 - Efeito da humidade relativa (a), da velocidade do vento (b) e da temperatura ambiente (c) na

    secagem do beto (adaptado de [21]) ......................................................................................................16

    Figura 3.4 - Retrao plstica de argamassas de cimento com e sem retardadores de presa (adaptado de

    [22]) ......................................................................................................................................................17

    Figura 3.5 - Efeito do contedo de cimento na retrao plstica, em argamassas de consistncia semi-

    plstica. (adaptado de [23]) ....................................................................................................................18

    Figura 3.6 - Efeito do contedo de gua (a) na retrao plstica de amostras com um contedo de cimento

    Portland ordinrio de 550 kg/m3, expostas a diferentes condies (adaptado de [22] e [27]) ....................20

    Figura 3.7 - Representao esquemtica da retrao qumica [30] ...........................................................22

    Figura 3.8 - Retrao Autognea numa pasta de cimento com A/C=0,30 (adaptado de [33]) ...................23

    Figura 3.9 - Efeito da razo A/C na retrao autognea do beto (adaptado de [43]) ...............................25

    Figura 3.10 - Efeito do contedo de Slica de fumo na retrao autognea do beto (adaptado de [43]) ...27

    Figura 3.11 - Variao da temperatura e a retrao autognea para um beto com razo A/C de 0,30

    (Temperatura de referncia=30C) (adaptado de [43]) ............................................................................29

    Figura 3.12 - Retrao qumica e a formao dos vazios intrnsecos (adaptado de [49]) ..........................30

    Figura 3.13 - Relao entre a retrao qumica e a retrao autognea (adaptado por [30] a partir de [40])

    ..............................................................................................................................................................30

    Figura 3.14 - Relao entre a retrao qumica e a retrao autognea na direo horizontal (adaptado por

    [30] a partir de [40])...............................................................................................................................32

    Figura 3.15 - Descrio esquemtica das mudanas de volume no beto exposto a ciclos alternados de

    secagem e humedecimento (adaptado de [50]) ........................................................................................33

  • vi

    Figura 3.16 - Efeito da velocidade do vento e da humidade relativa do ar sobre a taxa de evaporao da

    gua do beto. Temperatura ambiente 30C (adaptado de [51]) ...............................................................34

    Figura 3.17 - Efeito da gua perdida na retrao do cimento (adaptado de[52]) .......................................35

    Figura 3.18 - Efeito da concentrao de agregado na retrao do beto (adaptado de [53]) ......................36

    Figura 3.19 - Relao entre a retrao e o mdulo de elasticidade do beto (adaptado de [54])................37

    Figura 3.20 - Efeito do contedo de gua na retrao do beto feito com diferentes contedos de cimento

    (adaptado por [55] a partir de [56])........................................................................................................38

    Figura 3.21 - Efeito da razo A/C na retrao da pasta de cimento (adaptado de [57]) .............................39

    Figura 3.22 - Retrao autognea e retrao por secagem, para betes correntes e para betes de alta

    resistncia (adaptado por [30] a partir de [40]) .......................................................................................41

    Figura 3.23 - Descrio esquemtica do desenvolvimento da resistncia do calor de hidratao (adaptado

    por [30] a partir de [65]).........................................................................................................................42

    Figura 3.24 - Influncia da dimenso da seco dos provetes no calor de hidratao (adaptado de [65]) ..43

    Figura 3.25 - A autodessecao como consequncia da retrao qumica (adaptado de [40]) ...................45

    Figura 3.26 - Mecanismo proposto para a retrao autognea em idades precoces (adaptado de [67]) .....47

    Figura 3.27 - Presa e endurecimento (adaptado de [82]) .........................................................................48

    Figura 3.28 - Erro na medio da retrao devido ao erro da medio inicial (adaptado de [83]) .............49

    Figura 5.1 - Curvas granulomtricas dos agregados de densidade normal [30] ........................................61

    Figura 6.1 - Misturadora utilizada na produo dos betes ......................................................................67

    Figura 6.2 Ensaio de espalhamento a) Cone de Abrams; b) Espalhamento obtido ..............................68

    Figura 6.3 - Funil V utilizado no presente trabalho .................................................................................69

    Figura 6.4 - Caixa L utilizada no presente trabalho .................................................................................70

    Figura 6.5 - Cubos com 15 cm de aresta, realizados no presente trabalho ................................................70

    Figura 6.6 - Ensaio compresso de um cubo com 15 cm de aresta ........................................................71

    Figura 6.7 - Misturadora utilizada para a produo de betes em volumes de 1,5 l ..................................72

    Figura 6.8 - Equipamento de controlo da temperatura e da humidade relativa .........................................74

    Figura 6.9 - Moldes utilizados para a preparao dos provetes - a) resistncia mecnica; b) retrao .......75

    Figura 6.10 - Moldes cobertos por uma placa de vidro ............................................................................75

    Figura 6.11 - Armrios abertos onde foram conservados os provetes ao longo do trabalho experimental .76

    Figura 6.12 - Provetes imersos em gua .................................................................................................77

    Figura 6.13 - Molde efetuado para a medio dos tempos de presa .........................................................78

    Figura 6.14 - Realizao de um ensaio de penetrao com o aparelho utilizado para o efeito ..................78

    Figura 6.15 - Mquina de flexo, compresso e trao de prismas ..........................................................80

  • vii

    Figura 6.16 - Equipamento medidor de comprimentos utilizado no presente trabalho..............................81

    Figura 6.17 - Misturadora utilizada na produo de betes em volumes de 3,5 l......................................82

    Figura 6.18 Ensaio dos moldes no medidor de comprimentos desde o estado fresco, utilizado no

    presente trabalho ....................................................................................................................................84

    Figura 6.19 Frasco de vidro preparado para a realizao do ensaio de retrao qumica .......................85

    Figura 6.20 - Conservao dos provetes para a realizao das leituras ....................................................86

    Figura 7.1 Amassadura do BAC base com Glenium ............................................................................89

    Figura 7.2 Ensaio de espalhamento do BAC base com Glenium a) espalhamento obtido; b) pormenor

    do bordo ................................................................................................................................................89

    Figura 7.3 - Ensaio da caixa L do BAC base com Glenium a) vista lateral; b) vista de cima .................90

    Figura 7.4 - Ensaio do funil V do BAC base com Glenium .....................................................................90

    Figura 7.5 - Amassadura do BAC base com ACE 40 ..............................................................................90

    Figura 7.6 - Ensaio de espalhamento do BAC base com ACE 40 a) espalhamento obtido; b) pormenor

    do bordo ................................................................................................................................................91

    Figura 7.7 - Resistncia compresso do BAC base com Glenium .........................................................92

    Figura 7.8 - Resistncia penetrao da agulha ao longo do tempo, para as 7 composies de BAC .......93

    Figura 7.9 - Incio e fim de presa das 7 composies de BAC .................................................................93

    Figura 7.10 - Resistncia compresso das 7 composies de BAC .......................................................95

    Figura 7.11 - Variao de massa das composies com Glenium, nos provetes expostos temperatura

    ambiente ................................................................................................................................................97

    Figura 7.12 - Variao de massa para as composies com Ace 40, nos provetes expostos temperatura

    ambiente ................................................................................................................................................97

    Figura 7.13 - Variao de massa para as composies com Glenium, nos provetes imersos ....................98

    Figura 7.14 - Variao de massa para as composies com Ace 40, nos provetes imersos .......................98

    Figura 7.15 - Variao de massa das composies para os provetes expostos temperatura ambiente ...100

    Figura 7.16 - Variao de massa das composies para os provetes imersos .........................................101

    Figura 7.17 - Variao de comprimento para as composies com Glenium, nos provetes expostos

    temperatura ambiente ...........................................................................................................................102

    Figura 7.18 - Variao de comprimento para as composies com Ace 40, nos provetes expostos

    temperatura ambiente ...........................................................................................................................102

    Figura 7.19 - Variao de comprimento das composies com Ace 40 at aos 7 dias de idade, para os

    provetes expostos temperatura ambiente ............................................................................................103

    Figura 7.20 - Variao de comprimento para as amassaduras constitudas por Ace 40, zeradas aos 7 dias

    de idade ...............................................................................................................................................103

  • viii

    Figura 7.21 - Variao de massa para as amassaduras constitudas por Ace 40, zeradas aos 7 dias de idade

    ............................................................................................................................................................105

    Figura 7.22 - Variao de comprimento para as composies com Glenium, nos provetes imersos .......106

    Figura 7.23 - Variao de comprimento para as composies com Ace 40, nos provetes imersos ..........106

    Figura 7.24 - Variao de comprimento para as 7 composies de BAC efetuadas, nos provetes expostos

    temperatura ambiente ........................................................................................................................107

    Figura 7.25 - Variao de comprimento para as 7 composies de BAC efetuadas, nos provetes imersos

    ............................................................................................................................................................108

    Figura 7.26 - Variao de comprimento desde o estado fresco para a composio de referncia com

    Glenium ...............................................................................................................................................109

    Figura 7.27 - Variao de comprimento desde o estado fresco, para a composio com Glenium e

    expansivo ............................................................................................................................................109

    Figura 7.28 - Variao de comprimento desde o estado fresco na composio com Glenium, expansivo e

    0,1% de retardador de presa .................................................................................................................110

    Figura 7.29 - Variao de comprimento desde o estado fresco na composio de referncia com Ace 40

    ............................................................................................................................................................110

    Figura 7.30 - Variao de comprimento desde o estado fresco na composio com Ace 40 e expansivo 111

    Figura 7.31 - Variao de comprimento desde o estado fresco na composio com Ace 40, expansivo e

    0,1% de retardador de presa .................................................................................................................111

    Figura 7.32 - Variao de comprimento desde o estado fresco, nas composies com Glenium.............112

    Figura 7.33 - Variao de comprimento desde o estado fresco, nas composies com Ace 40 ...............112

    Figura 7.34 - Variao de comprimento desde o estado fresco para as composies com Glenium, zerados

    em T0 ..................................................................................................................................................113

    Figura 7.35 - Variao de comprimento desde o estado fresco para as composies com Ace 40, zerados

    em T0 ..................................................................................................................................................114

    Figura 7.36 - Variao de comprimento desde o estado fresco para as composies com Glenium, zerados

    s 24h ..................................................................................................................................................115

    Figura 7.37 - Variao de comprimento desde o estado fresco para as composies com Ace 40, zerados

    s 24h ..................................................................................................................................................116

    Figura 7.38 - Retrao qumica das diferentes composies ..................................................................117

    Figura 7.39 - Retrao qumica at as 24h ............................................................................................118

  • ix

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 5.1 - Caractersticas qumicas do cimento utilizado .....................................................................57

    Tabela 5.2 - Caractersticas fsicas do cimento utilizado .........................................................................57

    Tabela 5.3 - Caractersticas fsicas das cinzas volantes utilizada (adaptado de [30]) ................................58

    Tabela 5.4 - Caractersticas dos adjuvantes superplastificantes ...............................................................58

    Tabela 5.5 - Caractersticas do expansivo ...............................................................................................59

    Tabela 5.6 - Caractersticas do adjuvante retardador de presa .................................................................59

    Tabela 5.7 - Massas volmicas e absoro dos agregados [30]................................................................60

    Tabela 5.8 - Teores de finos e mdulo de finura dos agregados [30] .......................................................61

    Tabela 5.9 - Dimenses dos agregados [30] ............................................................................................62

    Tabela 6.1 - Propores das duas composies base ...............................................................................64

    Tabela 6.2 - Propores das composies desenvolvidas ........................................................................65

    Tabela 6.3 - Propores utilizadas nas pastas desenvolvidas ...................................................................66

    Tabela 7.1 - Resultados obtidos nos ensaios efetuados para os dois BAC base ........................................89

    Tabela 7.2 Instante para o qual foram zerados os provetes de cada composio .................................113

  • x

    ABREVIATURAS E SMBOLOS

    A gua no combinada com o cimento

    A/C relao gua-cimento em massa

    A/L relao gua-ligante

    AMV adjuvantes modificadores de viscosidade

    BAC beto autocompactvel

    C cimento no hidratado

    C3A aluminato triclcico

    Ci comprimento do provete no incio do perodo de ensaio

    Cf comprimento do provete no final do perodo de ensaio

    Cs(t) retrao qumica

    CV cinzas volantes

    d/D dimenso do agregado

    dref comprimento da barra padro

    dtampa comprimento de cada tampa

    d(t0) comprimento do provete na 1 leitura

    Ea mdulo de elasticidade do agregado

    Ep mdulo de elasticidade da pasta de cimento

    F fora necessria para fazer penetrar a agulha no provete at ao trao de

    referncia

    h(t) nvel de gua no tubo capilar

    k razo A/C

    L(t) leitura do defletmetro com o provete no tempo t

    LMC Laboratrio de Materiais de Construo do ISE/UAlg

  • xi

    LNEC Laboratrio Nacional de Engenharia Civil

    Mfrasco+pasta massa do frasco de vidro com a pasta adicionada

    Mfrasco massa do frasco de vidro

    Mpasta massa da pasta introduzida no frasco

    MVmi massa volmica do material impermevel

    MVmsat massa volmica do material saturado com superfcie seca

    MVmsec massa volmica do material seco

    n propriedades elsticas do agregado

    Pc tenso capilar mxima

    Pliq Presso na gua

    Pgaz Presso do ar

    Prh produtos hidratados

    r raio de curvatura do menisco

    R raio do capilar

    RP retardador de presa

    S rea superficial especfica do cimento

    Sa seco da agulha

    Sas coeficiente de retrao autognea

    Sc extenso na retrao do beto

    Scs coeficiente de retrao qumica

    SF slica de fumo

    SP superplastificante

    Sp coeficiente de volume de vazios

    t500 tempo em segundos at um espalhamento de dimetro 500 mm, no ensaio

    do cone de Abrams

  • xii

    T tenso de superfcie da gua

    Tc teor de cimento

    Va volume de gua combinada

    Vaa volume de gua antes da hidratao

    Vag concentrao de agregado

    Vc volume de cimento hidratado

    Vca volume de cimento antes da hidratao

    Vh vazios gerados durante a hidratao

    Vph volume de produtos hidratados

    W teor de gua

    Letras Gregas

    ngulo de humedecimento do slido com gua

    Scs coeficiente de retrao qumica no tempo de incio de presa

    c retrao autognea do beto

    p retrao autognea da pasta de cimento

    re retrao ou expanso do provete

    coeficiente de Poisson

    pl viscosidade plstica

    tenso de superfcie da gua

    tenso de corte

    0 tenso de cedncia

    velocidade interna de corte

  • 1. Introduo

    1

    1. INTRODUO

    O beto autocompactvel considerado um dos grandes e importantes desenvolvimentos na

    indstria da construo, tendo vindo a ser cada vez mais utilizado devido s diversas vantagens

    que apresenta, relativamente ao beto convencional.

    A ausncia de vibrao e a consequente diminuio do rudo, existente na realizao deste beto,

    causam grandes melhorias no impacto ambiental, bem como na sade dos trabalhadores. Desta

    forma, e devido sua facilidade de colocao, diminuindo o tempo de execuo das construes

    e a consequente mo-de-obra, este beto origina custos de construo mais baixos, sendo este o

    principal motivo da sua utilizao cada vez mais acentuada. Esta utilizao cada vez mais

    preferencial visvel essencialmente em trabalhos de reabilitao onde se pretende reparar reas

    de difcil acesso. A ausncia de compactao na colocao do beto autocompactvel permite a

    sua melhor colocao em reas densamente armadas onde a compactao por vibrador de agulha

    dificultada.

    Contudo, devido sua baixa relao gua-ligante e menor dosagem de agregado grosso, a

    probabilidade de ocorrer fissurao neste tipo de beto elevada, principalmente em idades

    precoces, diminuindo a durabilidade das estruturas.

    De forma a reduzir o fenmeno da retrao e sabendo-se que este fenmeno ainda no est

    completamente conhecido, tm vindo a ser utilizados diversos mtodos, tais como a

    incorporao de adies, uso de diversos tipos de adjuvantes, bem como a realizao de variados

    mtodos de cura.

    A incorporao de adies expansivas no cimento comeou a ser realizada h mais de 30 anos,

    com o objetivo de contrariar a exsudao da gua, diminuindo a retrao por secagem, bem

    como o efeito do assentamento das partculas finas do inerte e do cimento provocado pelo

    excesso de gua utilizada.

    No entanto, foram os adjuvantes retardadores de presa, uns dos primeiros a ser adicionados ao

    cimento, tendo comeado a sua comercializao no incio do sculo XX. Apesar do efeito destes

    adjuvantes ser complexo e, por vezes, incompreensvel, estes comearam a ser empregues

    essencialmente em trabalhos onde a colocao do beto demorada. Desta forma, permite uma

  • 1. Introduo

    2

    maior rentabilidade dos mesmos, devido ao retardamento da presa que permite ao beto ficar

    fresco durante mais tempo. Betes que apresentem este tipo de adjuvantes iro apresentar uma

    maior resistncia a longo prazo, relativamente a um beto convencional.

    1.1.Motivao e Objetivos

    O fenmeno da retrao tem uma forte influncia no comportamento do beto e das estruturas ao

    longo dos anos, podendo originar deformaes excessivas e redistribuio das tenses. Se estas

    deformaes e a redistribuio das tenses no forem detetadas ou tratadas adequadamente,

    podero provocar a degradao das estruturas e, at, o colapso das mesmas, causando grandes

    custos econmicos e sociais [1]. Estes custos econmicos, quando associados degradao das

    estruturas, esto relacionados com a manuteno e reabilitao das estruturas, permitindo

    aumentar o tempo de vida til das mesmas.

    Estudos sobre a retrao e a fissurao em idades precoces tm vindo a ser efetuados nos ltimos

    anos devido maior valorizao da durabilidade das estruturas, bem como ao maior

    desenvolvimento de betes de alto desempenho com baixas relaes A/L, sendo estes mais

    sensveis ocorrncia de fissurao [2]. Esta fissurao em idade precoce, nos betes de alto

    desempenho ou alta resistncia com uma baixa relao A/L, pode ser devida ocorrncia

    simultnea de dois processos: retrao autognea e efeitos trmicos. Desta forma, ao longo dos

    anos tm sido desenvolvidos e comercializados diversos produtos visando o controlo da retrao

    dos betes, tais como fibras e adjuvantes redutores de retrao.

    Nos ltimos anos, o fenmeno da retrao tem suscitado algum interesse por parte dos

    investigadores, com o objetivo de perceber melhor este fenmeno e encontrar solues para

    minimizar o seu efeito. O objetivo da realizao deste estudo tambm o mesmo, pretendendo

    avaliar a eficcia de um expansivo, utilizado em conjunto com um retardador de presa. O uso

    combinado de um expansivo com um retardador de presa permite conhecer em que instante que

    o primeiro atua, conforme o endurecimento da estrutura for mais lento ou mais rpido, devido

    adio de diferentes dosagens de retardador de presa. Assim, atravs do conhecimento do

    instante em que o expansivo atua possvel compreender se este ir ter influncia na fissurao

    em idades precoces, impedindo o aparecimento das mesmas.

  • 1. Introduo

    3

    1.2.Estrutura do documento

    O trabalho desenvolvido encontra-se dividido em 8 captulos, apresentando-se seguidamente o

    contedo dos mesmos.

    O Captulo 1 corresponde Introduo, onde se apresentam os motivos que levaram realizao

    deste trabalho, os objetivos e a estrutura do documento.

    No Captulo 2, designado por Beto Autocompactvel, descrevem-se, resumidamente, os

    conceitos gerais mais importantes deste tipo de beto, e que necessrio conhecer para o

    desenvolvimento do presente trabalho. Apresentam-se tambm, a influncia que alguns materiais

    apresentam no beto autocompactvel, bem como as diferentes composies deste tipo de

    betes.

    O Captulo 3, denominado por Retrao, dedicado retrao dos betes e apresentam-se

    descritos os diferentes tipos de retrao, tais como a retrao plstica, qumica, por secagem,

    autognea e trmica. Encontram-se tambm abordados, os vrios fatores que podero influenciar

    ou originar cada tipo de retrao. Por ltimo, descreve-se sucintamente o mecanismo da

    hidratao e da autodessecao, de forma a compreender-se o desenvolvimento da estrutura

    slida.

    No Captulo 4, destinado aos adjuvantes expansivos e retardadores de presa, apresentam-se,

    resumidamente, os efeitos que estes adjuvantes provocam nos betes, nomeadamente na retrao

    e na resistncia dos mesmos.

    No Captulo 5, encontram-se descritos os materiais utilizados no trabalho experimental.

    O Captulo 6 corresponde descrio pormenorizada das composies desenvolvidas, bem como

    dos mtodos de ensaios adotados no trabalho experimental.

    O Captulo 7 reservado para a apresentao e anlise de resultados, os quais se encontram

    divididos pelas 3 fases desenvolvidas. Na fase 1, encontram-se os resultados obtidos para a

    autocompatibilidade dos BAC desenvolvidos. Na fase 2 apresentam-se e analisam-se os

    resultados referentes aos tempos de presa, resistncia compresso, variao de massa e

    retrao total. Por ltimo, na terceira e ltima fase, apresentam-se e analisam-se os resultados

    relativos retrao autognea e retrao qumica dos BAC desenvolvidos.

  • 1. Introduo

    4

    O Captulo 8, intitulado Concluses e consideraes finais, destina-se apresentao das

    principais concluses deste trabalho, bem como sugestes para futuros trabalhos de investigao.

  • 2. Beto Autocompactvel

    5

    2. BETO AUTOCOMPACTVEL

    2.1. Conceito de beto autocompactvel

    O beto autocompactvel definido como um beto que capaz de fluir entre as armaduras,

    envolvendo-as, preenchendo o espao delimitado pela cofragem, apenas sob o efeito do seu peso

    prprio, no sendo necessrio o uso de equipamentos externos de vibrao.

    Este tipo de beto deve apresentar uma argamassa com elevada deformabilidade e uma

    viscosidade que garanta a resistncia segregao entre os agregados grossos e a argamassa. So

    exigncias funcionais do beto autocompactvel a resistncia segregao, a capacidade de

    enchimento e a facilidade de passagem [3].

    A resistncia segregao definida como a capacidade das partculas em suspenso manterem

    a homogeneidade durante a mistura, transporte e colocao. Como exemplos da falta de

    resistncia segregao temos a exsudao e o assentamento de partculas grossas.

    A capacidade de enchimento entendida como a facilidade com que o beto preenche o interior

    da cofragem e envolve as armaduras.

    Entende-se por facilidade de passagem, a capacidade do beto em passar por espaos estreitos,

    resultantes da configurao da cofragem e das armaduras.

    Um beto autocompactvel um material homogneo, com elevada fluidez e suficiente coeso,

    devendo apresentar uma viscosidade que minimize os riscos de segregao, e uma resistncia ao

    movimento reduzida.

    O aumento da razo gua/p origina o aumento da fluidez que, por sua vez, conseguida custa

    de uma grande diminuio da viscosidade e coeso, podendo originar segregao dos agregados

    e bloqueio do fluxo. Contudo, o aumento da quantidade de p e a reduo da quantidade de gua

    livre (gua da amassadura menos a gua utilizada no processo de hidratao e gua absorvida

    pelos agregados) pode permitir o aumento da viscosidade e da coeso, do beto autocompactvel

    [4].

    David [5] refere que os betes autocompactveis, no estado fresco, apresentam caractersticas de

    um fluido, sendo o seu comportamento reolgico caracterizado, de forma simplificada, pelo

    modelo de Bingham (Figura 2.1 e equao 2.1).

  • 2. Beto Autocompactvel

    6

    (2.1)

    Onde:

    a tenso de corte;

    0 a tenso de cedncia, correspondente resistncia inicial ao movimento;

    pl a viscosidade plstica;

    a velocidade interna de corte.

    Para alm destes mecanismos, o atrito interno das partculas e a quantidade de gua livre, so

    tambm mecanismos que afetam a reologia do beto, os quais dependem da tenso superficial e

    da disperso das partculas. Estas, por sua vez, podem ser modificadas com o uso dos adjuvantes

    redutores de gua.

    Desta forma, quando se d a deformao do beto, as tenses internas aumentam, pois a

    frequncia da coliso e o contacto entre as partculas do agregado aumenta devido menor

    distncia relativa entre as partculas, especialmente junto a obstculos.

    A combinao das trs propriedades fundamentais (capacidade de enchimento, resistncia

    ocorrncia de segregao e a facilidade de passagem), exigidas por um beto autocompactvel,

    Figura 2.1 - Modelo reolgico de Bingham

  • 2. Beto Autocompactvel

    7

    permite que as composies dos BAC se diferenciem das dos betes correntes nas seguintes

    caractersticas [6]:

    Menor teor de agregados grossos;

    Maior teor de pasta;

    Baixa razo gua-finos;

    Elevado teor em finos (material < 125m);

    Elevada dosagem de superplastificante;

    Eventual utilizao de adjuvantes modificadores de viscosidade (AMV).

    Na Figura 2.2 apresentam-se as diferenas entre os BAC e os betes correntes, onde se ilustram

    os valores relativos para cada constituinte.

    Desta forma, o beto autocompactvel apresenta-se como uma inovao na construo,

    apresentando diversas vantagens quando comparado com o beto convencional, tais como:

    Eliminao da necessidade de vibrao;

    Incrementao da qualidade e da durabilidade das construes;

    Figura 2.2 - Diferenas qualitativas entre a composio dos BAC e a composio

    dos betes correntes [6]

  • 2. Beto Autocompactvel

    8

    Reduo do impacto no ambiente (ausncia de vibrao, diminuio do rudo,

    maior segurana);

    Aumento das possibilidades de projeto, quer arquitetnicas quer quanto forma

    das estruturas;

    Incrementao da produtividade na indstria da construo, diminuindo o tempo

    de execuo e, consequentemente, os encargos com a mo-de-obra;

    Melhoria das condies de trabalho e da sade dos trabalhadores da indstria da

    construo.

    2.2. Influncia dos materiais no beto autocompactvel

    2.2.1. Cinzas volantes

    As caractersticas fsicas e a composio qumica das cinzas volantes dependem de vrios

    fatores, nomeadamente, do tipo de carvo utilizado na queima, do processo de queima e da

    presena de combustvel nas cmaras de combusto.

    A forma esfrica e a elevada finura das cinzas volantes conduzem a baixos coeficientes de atrito

    entre as suas partculas e tambm entre estas e as partculas dos outros componentes, diminuindo

    a energia despendida para a realizao do fluxo. Desta forma, consegue-se o aumento da

    trabalhabilidade, sendo maior num beto com cinzas volantes utilizando menor quantidade de

    gua do que num beto sem cinzas [4]. As resistncias superiores do beto autocompactvel no

    estado endurecido, ao longo do tempo, so conseguidas atravs do seu efeito pozolnico.

    Said Jalali e Rui Ferreira [4] substituram 30% do cimento por cinzas volantes, verificando que

    esta substituio melhorou a fluidez e a deformabilidade das pastas, independentemente da

    dosagem de superplastificante. Contudo, neste mesmo estudo, estes autores concluram que a

    utilizao de cinzas volantes reduz a dosagem de superplastificante necessria para obter uma

    dada fluidez.

  • 2. Beto Autocompactvel

    9

    2.2.2. Superplastificantes

    Os superplastificantes ou redutores de gua de alta gama, permitem aumentar a plasticidade da

    pasta, aumentando a trabalhabilidade do beto que muitas vezes mantida mesmo com uma

    reduo da quantidade de gua.

    A reduo da quantidade de gua livre e o aumento da fluidez com uma diminuio da

    viscosidade conseguida utilizando um superplastificante. Contudo, se este for aplicado numa

    dosagem elevada, pode provocar segregao e bloqueio do fluxo.

    Segundo Khayat et al. [7], a combinao de um superplastificante com uma baixa razo gua/p

    provoca a reduo da quantidade de gua livre e consequentemente, uma viscosidade que garante

    a uniforme suspenso das partculas slidas e a reduo das tenses internas devidas coliso

    entre as partculas dos agregados.

    Na ausncia de superplastificantes, as pequenas partculas de cimento tendem a flocular devido

    s foras atrativas do tipo Van der Waals, que se geram entre elas. Esta floculao tende a reter

    gua, e quanto maior for esse efeito maior ser a tixotropia da pasta de cimento, ou seja, menor

    ser a sua capacidade de fluir quando sujeita somente ao da gravidade [5].

    Segundo Collepardi [8], quando adicionado um superplastificante a um beto, o abaixamento

    deste pode aumentar cerca de 150 a 220 mm, sendo este capaz de reduzir a necessidade de gua

    para um dado abaixamento em cerca de 20-30%.

    Tattersall e Banfill [9] e mais tarde, Flatt [10], referiram que a tenso de cedncia de pastas e de

    betes, quando adicionado um superplastificante, reduzida para valores muito baixos atravs da

    disperso das partculas de cimento, permitindo que os betes possam ser mais fluidos.

    Contudo, os superplastificantes so incorporados nos betes com o objetivo de alcanar um dos

    seguintes efeitos [11][12]:

    Aumentar a trabalhabilidade, mantendo constante o consumo de gua e a razo

    gua/cimento. Isto pode ser observado na Figura 2.3 (situao a));

    Reduzir a gua de amassadura, mantendo-se a mesma trabalhabilidade, o que,

    para a mesma dosagem de cimento, reduz a razo gua/cimento e eleva as resistncias

    mecnicas dos betes e aumenta a durabilidade. Da a denominao redutores de gua

    (Figura 2.3,situao b));

  • 2. Beto Autocompactvel

    10

    Diminuir o consumo de cimento dos betes, a partir da reduo de gua e da

    manuteno da relao gua/cimento inicial, sem que haja queda da resistncia para uma

    dada trabalhabilidade.

    [13]

    2.2.3. Agregados finos

    A distribuio granulomtrica, a forma das partculas e a quantidade existente de agregados finos

    na composio do beto autocompactvel, tm influncia no seu comportamento no estado

    fresco.

    Uma quantidade de areia muito elevada origina uma fluidez reduzida, pois a quantidade de pasta

    entre as partculas dos agregados insuficiente. Por outro lado, se a quantidade de areia for

    muito baixa, a estrutura granular pode ser insuficiente para a quantidade de pasta, originando

    segregao ou exsudao.

    2.2.4. Agregados grossos

    A capacidade de auto compactao do beto condicionada pela mxima dimenso, quantidade,

    natureza e pelo tipo de agregados grossos.

    Figura 2.3 - Utilizao dos superplastificantes[13]

    Aplicaes:

    a) BAC

    b) Betes de alta

    resistncia

  • 2. Beto Autocompactvel

    11

    Ao limitar-se o contedo de agregado grosso, de modo a que cada partcula deste agregado esteja

    envolta por uma camada de pasta ou argamassa, consegue-se uma elevada deformabilidade,

    permitindo o seu movimento relativo de forma a reduzir o risco de formao de arcos de

    agregados (Figura 2.4).

    [14]

    Na Figura 2.5, est relacionada a quantidade de agregados grossos, em volume, com a

    capacidade do beto fluir entre as armaduras. Observa-se que quanto maior for a quantidade de

    grossos e a mxima dimenso do agregado, menor a capacidade do beto fluir atravs de

    obstculos [15].

    Figura 2.5 - Volume de agregados grossos vs. capacidade do beto fluir atravs

    das armaduras (adaptado de [15])

    Figura 2.4 - Mecanismo de bloqueio [14]

    Volume absoluto de agregados grossos (m3/m

    3)

    Ca

    pa

    cid

    ad

    e d

    o b

    eto f

    luir

    atr

    avs

    da

    s a

    rma

    du

    ras

    (%)

  • 2. Beto Autocompactvel

    12

    2.3. Tipos de beto autocompactvel

    2.3.1. BAC do tipo finos

    Os BAC com composies do tipo fino apresentam um elevado volume de finos, originando o

    aumento da tenso de cedncia e da viscosidade plstica.

    A diminuio da tenso de cedncia e o ligeiro decrscimo da viscosidade so conseguidos

    atravs da utilizao de um superplastificante, podendo a viscosidade chegar a valores nulos para

    dosagens de adjuvante elevadas.

    De forma a evitar a ocorrncia de segregao, a razo gua/finos ajustada de forma a conferir

    uma coeso e uma viscosidade adequadas. Estes tipos de BAC apresentam, normalmente,

    elevada resistncia e durabilidade.

    2.3.2. BAC do tipo agente de viscosidade

    Os BAC do tipo agente de viscosidade so considerados evolues das colocadas em betes

    subaquticos. Estes betes submersos apresentam elevada viscosidade, impedindo a libertao

    do ar bem como a passagem em zonas congestionadas, da a no utilizao deste tipo de beto

    em estruturas correntes.

    Os BAC do tipo agente de viscosidade apresentam elevada deformabilidade, mesmo com uma

    quantidade de finos relativamente pequena, mantendo a homogeneidade da mistura.

    2.3.3. BAC do tipo misto

    Os BAC do tipo misto so baseados na combinao dos tipos de BAC anteriormente referidos.

    Este tipo de composies tem sido utilizado com o objetivo de prevenir variaes nas

    caractersticas reolgicas dos betes devidas, principalmente, a variaes no teor em gua

    superficial e nas granulometrias das areias.

  • 3. Retrao

    13

    3. RETRAO

    3.1. Consideraes Gerais

    A retrao um fenmeno que resulta da hidratao do cimento e da secagem do material

    cimentcio, causando uma diminuio do seu volume com o tempo, podendo levar fissurao.

    Desta forma, a fissurao em idades precoces est associada retrao por secagem e

    hidratao do cimento que, por vezes, pode ser agravada por efeitos trmicos. Contudo, estes

    comportamentos em idades precoces, no esto totalmente compreendidos, continuando a ser

    uma grande rea de pesquisa.

    Podem ser considerados dois tipos de fissurao em idades precoces. A primeira, denominada

    fissurao por retrao plstica, pode ocorrer mesmo quando o beto considerado um fluido, ou

    seja, antes da presa. Este tipo de fissurao pode ser mais considervel em betes de alta

    resistncia ou alto desempenho, uma vez que contm uma maior quantidade de finos e uma

    menor razo A/C do que o beto normal, apresentando tambm uma menor exsudao [16].

    O segundo tipo de fissurao pode ocorrer num estado semisslido ou slido, aps a presa.

    Segundo Bentur [16], nesta fase, as prticas de cura convencionais que so consideradas

    adequadas para o beto normal, tais como a selagem da superfcie do beto, podem no ser

    eficazes para o beto de alta resistncia.

    Recentes avanos na construo rpida e na tecnologia dos betes de altas resistncias iniciais,

    geraram grandes preocupaes a nvel mundial sobre a fissurao em idade precoce [17].

    Segundo Lange [18], os fenmenos de deformao trmica, retrao, fluncia e expanso,

    contribuem para uma observao global da variao de volume de uma pea de beto (Figura

    3.1).

  • 3. Retrao

    14

    3.2. Tipos de retrao

    A retrao, nos ltimos anos, tem sido alvo de muitos estudos conhecendo-se, desta forma, seis

    tipos de retrao. Nesta seco pretende-se dar destaque aos mesmos, sendo eles os seguintes:

    Retrao Plstica;

    Retrao Qumica;

    Retrao Autognea;

    Retrao por Secagem;

    Retrao por Carbonatao;

    Retrao Trmica.

    3.2.1. Retrao Plstica

    A retrao plstica a retrao que ocorre antes da presa, quando ainda o beto est plstico.

    Este tipo de retrao ocorre quando h uma evaporao da gua superficial relativamente rpida

    Figura 3.1 - Alteraes de volume Enquadramento (adaptado de [18])

  • 3. Retrao

    15

    que no compensada por movimentos internos de gua, provocando a secagem da gua nos

    poros capilares.

    Na Figura 3.2 est esquematicamente descrita a secagem e a associada retrao plstica, sendo

    distinguveis quatro fases [19]:

    Fase I A taxa de exsudao maior do que a taxa de secagem, desta forma, a superfcie do

    beto permanece hmida e no ocorre retrao.

    Fase II A taxa de secagem maior do que a taxa de exsudao, assim, a superfcie fica seca e a

    retrao ocorre. Quanto s fissuras, estas no ocorrem pois o beto ainda est suficientemente

    plstico para acomodar as variaes de volume.

    Fase III Nesta fase o beto torna-se frgil e a retrao restrita provoca tenses de trao. Desta

    forma, podem surgir fissuras se a resistncia trao for menor que as tenses de trao

    induzidas.

    Fase IV Nesta fase o beto est definido e comea a retrao por secagem.

    Figura 3.2 - Descrio esquemtica da retrao em idade precoce do beto ao

    longo do tempo (adaptado de [19])

    Tempo de Exposio (horas)

    Exte

    ns

    o x

    10

    -3

  • 3. Retrao

    16

    3.2.1.1. Fatores que afetam a retrao plstica

    Foi sugerido por Wittmann [20] que a tenso capilar o mecanismo que est envolvido na

    retrao plstica pois, esta induz tenses de compresso no beto fresco, provocando a sua

    retrao. Este mecanismo torna-se operacional quando so formados, na superfcie do beto,

    meniscos entre as partculas slidas.

    Soroka [19] refere que a tenso mxima igual a 2T/r, onde T a tenso superficial da gua e r o

    raio de curvatura do menisco. Assim, observa-se que a tenso na gua aumenta com a

    diminuio do raio de curvatura do menisco, enquanto o raio de curvatura diminui com a

    diminuio da humidade relativa ambiente. Deste modo, a retrao plstica dever aumentar com

    a intensidade da secagem.

    3.2.1.1.1. Fatores ambientais

    A humidade relativa, a velocidade do vento e a temperatura, so uns dos fatores ambientais que

    afetam a secagem. Atravs da Figura 3.3, observa-se que a humidade relativa sem dvida a que

    provoca os maiores efeitos na secagem do beto. A velocidade do vento apesar de ser mais

    dominante do que a temperatura ambiente, apresenta valores mais pequenos do que a humidade

    relativa. [21]

    Figura 3.3 - Efeito da humidade relativa (a), da velocidade do vento (b) e da temperatura ambiente (c) na secagem

    do beto (adaptado de [21])

    Tempo aps moldagem (horas) Tempo aps moldagem (horas) Tempo aps moldagem (horas)

    (a)

    (b) (c)

    Evap

    orao (

    kg

    /m2)

  • 3. Retrao

    17

    Soroka [19] refere que a retrao final no depende apenas da intensidade de secagem, mas

    tambm da rigidez da mistura e do tempo que leva a mistura a estar definida. Desta forma, para

    misturas mais rgidas e tempos de presa curtos, espervel uma menor retrao.

    Na Figura 3.4 verifica-se que o uso de adjuvantes retardadores de presa aumenta a retrao

    plstica, no sendo aconselhvel o uso dos mesmos em condies ambientais, tais como calor e

    condies de tempo seco, pois estes favorecem uma alta retrao plstica [19]. Porm, como se

    sabe, as condies atrs referidas permitem com que a presa se d rapidamente, dificultando a

    colocao do beto. Desta forma, os retardadores de presa so adjuvantes essenciais nesse tipo

    de condies, de forma a contrariar o efeito de acelerao da presa, sendo a retrao originada

    atravs da secagem do beto e no propriamente atravs da introduo deste tipo de adjuvantes.

    Para a obteno dos resultados apresentados na Figura 3.4, foram realizadas argamassas de

    cimento com consistncia plstica e com um contedo de cimento Portland Ordinrio de 550

    kg/m3, temperatura do ar de 30C, com uma velocidade do vento de 20 km/h e expostas a

    radiao.

    [22]

    Figura 3.4 - Retrao plstica de argamassas de cimento com e sem

    retardadores de presa (adaptado de [22])

    Tempo (horas)

    Ex

    ten

    so x

    10

    -3

  • 3. Retrao

    18

    3.2.1.1.2. Cimento e adies

    Quanto maior for o contedo de cimento, maior ser o nmero de pontos de contacto entre os

    meniscos formados, na qual a tenso capilar torna-se funcional. Da mesma forma, quanto menor

    forem os gros de cimento, menor o raio dos meniscos que se formam nos pontos de contacto.

    Para as mesmas condies, a tenso capilar aumenta com o aumento do contedo de cimento e

    com o aumento da finura do mesmo, consequentemente, a retrao plstica tambm dever

    aumentar [19].

    Na Figura 3.5 pode ser demonstrado o efeito da quantidade de cimento na retrao plstica. Para

    tal, foram efetuadas argamassas de consistncia semi-plstica, expostas a uma temperatura do ar

    de 30C, a uma humidade relativa de 45% e a uma velocidade do vento de 20 km/h.

    [23]

    O contedo de cimento deve ser alargado de forma a incluir adies com rea de superfcie

    especfica da mesma ordem do que o cimento, sendo um exemplo disto as cinzas volantes, ou

    com superfcie especfica superior, por exemplo, a micro-slica [19].

    Ravina e Jaegermann [24] estudaram o efeito da adio de cinzas volantes, onde substituram

    20% do cimento pelas mesmas. A fim de facilitar a comparao com o mesmo nvel de

    resistncia, cada 1 kg de cimento foi substitudo por 1,7 kg de cinzas volantes e,

    Figura 3.5 - Efeito do contedo de cimento na retrao plstica, em

    argamassas de consistncia semi-plstica. (adaptado de [23])

    Tempo (horas)

    Exte

    ns

    o d

    a R

    etra

    o P

    lst

    ica x

    10

    -3

  • 3. Retrao

    19

    consequentemente, o contedo de cimento mais o contedo de cinzas volantes foi 14% maior em

    relao ao beto de referncia.

    Desta forma, Ravina e Jaegermann [24] concluram que, para uma amostra contendo cimento e

    cinzas volantes, a retrao plstica maior do que no beto de referncia. Isto deve-se ao facto

    das cinzas volantes terem um efeito retardador na configurao do beto fresco, originando um

    tempo mais longo no qual ocorre a retrao plstica comparativamente ao beto ordinrio.

    Assim, a retrao plstica ser maior em betes que apresentem cinzas volantes.

    Segundo [24] a retrao plstica aumenta com o aumento do tempo da mistura. Isto deve-se ao

    efeito de moagem na operao de mistura que origina um maior contedo de finos quanto maior

    for o tempo de mistura. Assim, um maior contedo de cimento ir provocar uma maior retrao.

    Num estudo efetuado, foi observado que a adio de micro-slica, com uma rea de superfcie

    especfica de 23 900 m2/kg, aumentou significativamente a retrao plstica [25].

    3.2.1.1.3. Contedo de gua

    A tenso capilar mxima atingida quando o raio do menisco igual ao do capilar. Desta forma,

    foi sugerido por Powers [26] que a tenso capilar mxima, Pc, dada pela seguinte equao:

    (3.1.)

    Onde T a tenso de superfcie da gua, S a rea superficial especfica do cimento, Tc o teor

    de cimento, W o teor de gua e k a razo A/C.

    Atravs da equao mencionada verifica-se que a presso capilar diminui com o aumento do teor

    de gua do beto. Consequentemente, a retrao plstica ser menor numa mistura hmida do

    que numa mistura seca. Contudo, Ravina e Shalon [22][27] observaram o comportamento oposto

    (Figura 3.6). Desta forma, sabendo-se que um menor contedo de gua resulta numa mistura

    mais rgida, esta vai resistir a uma maior extenso de retrao do que uma mistura hmida com

    um teor de gua mais elevado.

  • 3. Retrao

    20

    3.2.1.1.4. Efeito dos adjuvantes

    Os adjuvantes afetam a retrao plstica atravs do seu efeito no teor de gua livre e no tempo de

    presa. Desta forma, esperado que os adjuvantes redutores de gua reduzam a retrao, devido

    reduo de gua que ocorre quando se utilizam os mesmos, contudo, esperado que no uso de

    adjuvantes retardadores de presa, estes aumentem a retrao devido ao seu efeito retardador na

    configurao do beto [19].

    O efeito do uso de adjuvantes retardadores de presa pode ser observado na Figura 3.4 (seco

    3.2.1.1.1)

    Figura 3.6 - Efeito do contedo de gua (a) na retrao plstica de amostras com

    um contedo de cimento Portland ordinrio de 550 kg/m3, expostas a diferentes

    condies (adaptado de [22] e [27])

    Tempo (horas)

    Exte

    ns

    o x

    10

    -3

  • 3. Retrao

    21

    3.2.1.2. Exsudao

    Quando o beto est a ser colocado, a gua tem tendncia a subir superfcie, este efeito

    denominado por exsudao.

    Numa mistura com uma exsudao excessiva, se aumentarmos a finura do cimento e

    substituirmos parte da areia por um filer fino, ocorre uma diminuio da exsudao. Adjuvantes

    aceleradores de presa tambm reduzem a exsudao, pois reduzem o tempo pelo qual o beto

    est plstico [19].

    3.2.2. Retrao Qumica

    A retrao qumica ocorre durante a hidratao do cimento e definida como a reduo do

    volume absoluto dos produtos resultantes da hidratao, no que diz respeito ao volume total do

    cimento e da gua no hidratados. Esta inicia-se no momento em que a gua e o cimento entram

    em contacto, mesmo quando o material est ainda em estado plstico.

    A medio da retrao qumica pode ser feita atravs de mtodos gravimtricos e volumtricos, e

    depende principalmente da suco desimpedida da gua na estruturao da pasta de cimento

    [28].

    Le Chatelier [29] mostrou que, independentemente da variao macroscpica, a hidratao do

    cimento produz uma importante reduo do volume absoluto. Contudo, a retrao qumica serve

    tambm para avaliar a dinmica da hidratao.

    O mtodo Le Chatelier determina a retrao qumica total at uma idade muito precoce e a

    retrao autognea depois de um certo perodo de tempo, pois os dados, aps um certo perodo

    de tempo, so tecnicamente de pouca utilidade.

    A retrao qumica pode ser descrita pela equao 3.2 e encontra-se exemplificada na Figura 3.7,

    onde a retrao qumica corresponde reduo de volume dos produtos que reagiram (cimento e

    gua).

    (3.2)

  • 3. Retrao

    22

    Onde:

    Scs Coeficiente de retrao qumica, %

    Vc Volume de cimento hidratado

    Va Volume de gua combinada

    Vph Volume de produtos hidratados

    Vca Volume de cimento antes da hidratao

    Vaa Volume de gua antes da hidratao

    [30]

    3.2.3. Retrao Autognea

    A retrao autognea uma reduo do volume macroscpica, sob temperatura constante e sem

    trocas de humidade com o exterior. Esta retrao resulta do fenmeno qumico associado

    hidratao do cimento.

    Figura 3.7 - Representao esquemtica da retrao qumica [30]

  • 3. Retrao

    23

    O incio da retrao autognea ocorre mais cedo conforme a relao A/C diminui. Contudo, as

    fissuras devido retrao trmica e retrao plstica, dificilmente podem ser independentes da

    retrao autognea [31].

    Normalmente, a retrao autognea nos betes de uma ordem de grandeza menor do que a

    retrao autognea nas pastas de cimento, devido restrio que o agregado ir provocar na

    retrao do beto [32].

    Estudos efetuados sobre pastas de cimento [33][34] mostraram que, numa fase inicial, a retrao

    autognea e a retrao qumica so semelhantes, contudo, aps a transio suspenso-slido e

    autorrestrio, a retrao autognea representa apenas uma pequena parte da retrao qumica

    (Figura 3.8). Trabalhos efetuados [35][36] referem que a transio suspenso-slido est

    relacionada com o tempo de presa.

    Segundo Aitcin [37], a retrao autognea comea quando se inicia o tempo de presa do beto.

    Figura 3.8 - Retrao Autognea numa pasta de cimento com A/C=0,30 (adaptado

    de [33])

    Tempo (horas)

    Ret

    ra

    o A

    uto

    gn

    ea (

    mm

    3/g

    )

  • 3. Retrao

    24

    3.2.3.1. Fatores que afetam a retrao autognea

    3.2.3.1.1. Quantidade de agregado

    A insero dos agregados conduz a uma reduo da retrao autognea, devido reduo do teor

    de pasta de cimento e deformao elstica do agregado, que, em parte, vai limitar a deformao

    por retrao da pasta [38]. Por outras palavras, a retrao autognea ir aumentar com o aumento

    do contedo de finos, ou seja, com a diminuio da concentrao de agregados.

    A equao 3.3 traduz o modelo de Hobbs [39] proposto para a previso da retrao por secagem

    de betes com diferentes teores de agregados, podendo tambm ser aplicado para a retrao

    autognea [40].

    (3.3)

    Em que:

    c Retrao autognea do beto

    p Retrao autognea da pasta de cimento

    Vag Volume de agregado

    Ka

    Kp -

    Ea Mdulo de elasticidade do agregado

    Ep Mdulo de elasticidade da pasta de cimento

    - Coeficiente de Poisson

    3.2.3.1.2. Razo A/C

    A quantidade absoluta da retrao autognea tende a aumentar e a retrao tende a iniciar em

    idades mais precoces, quando a relao gua/cimento diminui [41].

  • 3. Retrao

    25

    Segundo Aitcin et al. [42], betes que apresentem uma razo A/C maior do que 0,42, no iro ter

    uma retrao autognea muito elevada, por outro lado, a retrao autognea ir desenvolver-se

    rapidamente se a razo A/C for menor do que 0,42.

    Zhang et al. [43] investigaram o efeito da razo A/C entre os 0,26 e os 0,35 e com um teor de

    Slica de Fumo num intervalo de 0% a 10% por peso de cimento.

    Na Figura 3.9 mostra-se a influncia da razo A/C, num beto sem Slica de fumo e apresentando

    um contedo de Slica de Fumo de 5% e 10%, respetivamente.

    Atravs dos grficos, verifica-se que a retrao autognea maior para menores razes A/C e,

    isto vlido tanto para betes sem Slica de Fumo como para betes apresentando contedos de

    Slica de fumo de 5% e 10%.

    Nos betes que no apresentam slica de fumo, possvel observar que ocorre um aumento

    significativo da retrao autognea para razes A/C de 0,26 e 0,30. Contudo, tanto para a

    situao b) como para a situao c), verifica-se que a Slica de fumo fez aumentar

    significativamente a retrao autognea.

    Os betes com baixa razo A/C e incorporando slica de fumo, tm sido utilizados para atingir

    maior resistncia e durabilidade. Contudo, estes betes apresentam uma maior tendncia para

    desenvolver fissuras durante o endurecimento, sendo estas atribudas, em parte, retrao

    autognea [43].

    Figura 3.9 - Efeito da razo A/C na retrao autognea do beto (adaptado de [43])

    Idade (dias)

    Retr

    a

    o A

    uto

    gn

    ea

    (mic

    roex

    ten

    so)

    (a) (b) (c)

  • 3. Retrao

    26

    3.2.3.1.3. Adies

    Escrias de alto-forno

    Atravs de um estudo realizado, Tazawa e Miyazawa [41] concluram que num cimento Portland

    ordinrio contendo escria de alto-forno, a retrao autognea aumenta medida que a

    percentagem de cimento substitudo por escria aumenta at 90%. Isto , quanto maiores forem

    as percentagens de substituio, maior a retrao autognea em idades posteriores.

    Expansivos

    Tazawa e Miyazawa [41] verificaram que a retrao autognea tambm observada em cimentos

    que contm expansivos e ocorre mesmo quando no existe secagem. O estudo foi realizado

    substituindo 10% do cimento Portland por quatro tipos diferentes de expansivos e para uma

    relao A/C de 30%.

    Hori e Morioka [44] estudaram os efeitos da compensao da retrao autognea de dois tipos de

    argamassa de alta fluidez contendo diferentes ligantes, preparados pela adio de dois tipos de

    expansivos, variando o contedo do mesmo. Neste estudo, referem que a adio do expansivo foi

    eficaz para a compensao da retrao autognea de uma argamassa de alta fluidez. Contudo,

    esta compensao da retrao autognea depende dos tipos de ligantes utilizados.

    Bjntegaard [45] estudou o fenmeno da expanso e refere que este pode no ser um fenmeno

    real. Desta forma, importante referir que altas razes A/C (> 0,40) podem produzir expanso

    inicial, embora isto no seja claro, pois pouco provvel que variaes relativamente pequenas

    de razes A/C alterem os mecanismos de deformao autognea, fundamentalmente da retrao

    para a expanso. Porm, pensa-se que a expanso esteja relacionada com o ligante ter acesso

    gua a partir de fontes internas (a partir do agregado poroso ou exsudao interna) ou externas

    (de reabsoro da gua exsudada).

    Slica de fumo

    Estudos efetuados revelam que a retrao autognea aumenta medida que a relao A/C

    diminui e medida que o contedo de Slica de fumo aumenta.

  • 3. Retrao

    27

    Zhang et al. [43] estudaram a influncia da Slica de fumo, para um beto com 10% de Slica de

    fumo e para uma razo A/C de 0,26, 0,30 e 0,36, respetivamente.

    Nos grficos da Figura 3.10, verifica-se que a retrao autognea maior para maiores

    contedos de Slica de fumo, tanto para betes com razo A/C de 0,26, como para betes com

    razo A/C de 0,30 e 0,35.

    possvel observar que, para os primeiros 7 dias, a retrao autognea praticamente igual, para

    contedos de Slica de fumo de 5% e 10%, nas diferentes razes A/C. Para o beto sem Slica de

    fumo e com uma razo A/C de 0,35 verifica-se uma diminuio significativa da retrao. Neste

    mesmo beto, a partir dos 14 dias, verifica-se que os valores da retrao autognea apresentam-

    se constantes at aos 98 dias de idade, enquanto para as outras razes A/C, a retrao continua a

    aumentar significativamente.

    Observa-se tambm, tal como em estudos anteriores, que a retrao autognea aumenta quando a

    razo A/C diminui e quando o contedo de SF aumenta.

    3.2.3.1.4. Adjuvantes

    Tazawa e Miyazawa [41] referem que os superplastificantes originam uma reduo da retrao

    autognea. No estudo realizado, utilizaram cinco tipos diferentes de superplastificantes e

    Figura 3.10 - Efeito do contedo de Slica de fumo na retrao autognea do beto (adaptado de [43])

    Idade (dias)

    Retr

    ao A

    uto

    gn

    ea

    (mic

    roexte

    ns

    o)

    (a) (b) (c)

  • 3. Retrao

    28

    observaram que as diferenas dos valores da retrao entre os vrios superplastificantes foram

    pequenas. Da mesma forma, concluram que modificando a dosagem, o efeito desta na retrao,

    tambm foi pequena.

    Pensa-se que estas redues na retrao podem ser devido aos efeitos ligeiros dos

    superplastificantes sobre a taxa de hidratao [41].

    3.2.3.1.5. Finura do cimento

    Um gro mais fino do cimento leva a uma maior retrao, comeando esta numa idade precoce.

    Desta forma, um cimento com uma finura de 5570 cm2/g ou mais, sofre uma retrao autognea

    de 1000 a 1200 x 10-6

    , s 24 horas [41].

    Tazawa e Miyazawa [41] tambm referem que a finura da escria de alto-forno afeta a retrao

    autognea. Estes verificaram que quando a finura da escria de 4000 cm2/g ou mais, a retrao

    autognea do cimento que contm a escria, com uma percentagem de substituio at 70%,

    aumenta at 120 dias.

    Por outro lado, num estudo realizado anteriormente, Tazawa et al. [46] observaram que a

    retrao no aumentou quando foi usada uma escria com uma finura de 3000 cm2/g.

    3.2.3.1.6. Aumento da temperatura

    Um dos fatores que afetam o ponto onde se inicia a retrao autognea o aumento da

    temperatura do beto em idades precoces devido ao calor de hidratao do cimento. O aumento

    da temperatura pode resultar num aumento do volume do beto [43].

    Mak et al. [47] verificaram que um aumento de temperatura de 15C teve, em alguns betes, um

    impacto significativo de 25% a 50%, na reduo da retrao autognea em idades precoces.

    Por outro lado, num estudo posterior, Zhang et al. [43] verificaram que a retrao autognea

    mxima em idades precoces, aps correo da temperatura, ocorreu perto do momento em que o

    beto atingiu a temperatura de pico, apresentando valores relativamente elevados (Figura 3.11).

    Aitcin [37] refere que, um beto com uma razo A/L baixa apresenta uma expanso nas

    primeiras horas de endurecimento. Esta expanso trmica ir ser maior do que a retrao

  • 3. Retrao

    29

    autognea. Contudo, a retrao autognea ultrapassa rapidamente a expanso trmica e, desta

    forma, um beto com baixa razo A/C retrai depois de ocorrer a fase inicial da expanso.

    3.2.3.2. Relao entre a retrao qumica e a retrao autognea

    Tazawa et al. [48] verificaram que, a maior parte da retrao qumica transforma-se em vazios de

    ar internos dentro pasta de cimento endurecido e a retrao autognea consiste numa parte muito

    pequena da retrao qumica, tal como mostrado na Figura 3.12.

    Posteriormente, Tazawa et al. [49] verificaram que a retrao qumica no est relacionada com

    a mudana de volume macroscpica do cimento ou do beto pois, a mudana de volume

    macroscpica que ocorre simultaneamente com a retrao qumica, tanto pode ser expansiva

    como de retrao. Desta forma, observaram que a retrao qumica em idades muito precoces

    normalmente muito maior do que a retrao autognea (na ordem de 10 a 100 vezes).

    Figura 3.11 - Variao da temperatura e a retrao autognea para um beto

    com razo A/C de 0,30 (Temperatura de referncia=30C) (adaptado de [43])

    Idade (horas)

    Idade (horas)

    Retr

    a

    o A

    uto

    gn

    ea

    (mic

    roex

    ten

    so

    ) T

    em

    per

    atu

    ra (

    C)

  • 3. Retrao

    30

    Na Figura 3.13 est esquematicamente representada a relao entre a retrao qumica e a

    retrao autognea, sem evaporao e sem entrada exterior de gua [40].

    Figura 3.12 - Retrao qumica e a formao dos vazios intrnsecos (adaptado de [49])

    Figura 3.13 - Relao entre a retrao qumica e a retrao autognea (adaptado por [30] a partir de [40])

    Red

    uo d

    e v

    olu

    me (

    %)

    Idade (dias)

  • 3. Retrao

    31

    Esta relao tambm pode ser descrita atravs da equao 3.4 [40]:

    (3.4)

    Onde:

    Sp o coeficiente de volume de vazios criados no processo de hidratao em relao ao volume

    de pasta endurecida (%).

    Sas o coeficiente de retrao autognea (%).

    Scs o coeficiente de retrao qumica no tempo de incio de presa (%).

    Uma vez que o termo Scs corresponde deformao na fase lquida, para aplicaes prticas o

    Scs calculado atravs da equao 3.5:

    (3.5)

    O somatrio dos coeficientes na equao 3.4, no exatamente igual ao coeficiente da retrao

    qumica pois, para o clculo da retrao qumica, o volume inicial o verificado no final da

    amassadura, enquanto para o clculo da retrao autognea o verificado no incio de presa.

    Na Figura 3.14 est esquematicamente representada a relao entre a retrao qumica e a

    retrao autognea na direo horizontal, pois, em situaes em que o efeito da gravidade no

    seja desprezvel, a variao de comprimento na direo vertical diferente da variao de

    comprimento na horizontal.

  • 3. Retrao

    32

    Em que:

    A gua no combinada com o cimento

    C Cimento no hidratado

    Prh Produtos hidratados

    Vh Vazios gerados durante a hidratao

    3.2.4. Retrao por Secagem

    No passado, o termo retrao por secagem foi usado para incluir tanto a retrao por secagem

    como a retrao autognea. Desta forma, uma amostra que no esteja submetida a uma carga

    aplicada e a alteraes de temperatura, sob condies de secagem, inclui tanto a retrao por

    secagem como parte da retrao autognea [43].

    A retrao por secagem ocorre devido s variaes do teor de humidade que envolvem mudanas

    de volume. Desta forma, uma diminuio do teor de humidade envolve uma reduo de volume,

    denominado retrao. Por outro lado, um aumento do teor de humidade, ou seja, a absoro,

    vai originar um aumento de volume denominado expanso.

    Figura 3.14 - Relao entre a retrao qumica e a retrao autognea na direo horizontal (adaptado por [30] a partir de [40])

  • 3. Retrao

    33

    Na Figura 3.15 apresenta-se uma descrio esquemtica das variaes de volume de beto,

    submetidos a ciclos alternados de secagem e molhagem. Pode verificar-se que a retrao mxima

    ocorre na primeira secagem e, uma parte considervel da retrao irreversvel, no sendo

    recuperado parte da diminuio do volume com uma posterior molhagem. No entanto, na prtica,

    a distino entre retrao reversvel e irreversvel no de grande importncia pois,

    usualmente o termo retrao refere-se mxima retrao que ocorreu na primeira secagem

    [50].

    3.2.4.1. Mecanismo da Tenso Capilar

    Soroka [50] explica que o fenmeno da tenso capilar, na secagem do beto, implica a formao

    de um menisco nos capilares do cimento endurecido, provocando tenses de trao na gua

    capilar que, por sua vez, devem ser equilibradas por tenses de compresso no slido

    circundante. A formao deste menisco, sujeito a tenses de compresso, provoca uma

    dimin