terra dos sem terra - inicial — ufrgs · ecológicas de floresta do bioma mata atlântica, ao...

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TERRA DOS SEM TERRA Histórias de Vida Judite Guerra e Teresinha Guerra

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terra dos sem terra

H i s t ó r i a s d e V i d a

Judite Guerra e Teresinha Guerra

terra dos sem terra integra a tese de doutorado Saberes Culturais

e Ambientais: reinventando a vida na tessitura da educação ambiental

para assentamentos rurais no bioma Pampa, sul do Brasil (1), resultado

de uma pesquisa realizada em treze assentamentos rurais no município

de Santana do Livramento no estado do Rio Grande do Sul, compondo

uma comunidade de 419 famílias de agricultores. Esses agricultores nar-

raram a história de suas vidas, contando sobre as dificuldades para per-

manecer vivendo da terra. Eles têm em comum a expulsão da terra, são

“os sem terra”, e se inseriram na luta para conquistar um espaço social

“com terra” no bioma Pampa. Suas narrativas são carregadas de emo-

ção, de orgulho, paixão e sentimento de vitória. Revelam uma memória

que ultrapassa o limite da memória pessoal, uma memória familiar e do

grupo social. Em suas histórias de vida, aparecem os modos de ser e se

perceber no ambiente da região da floresta. As vivências e experiências

se confrontaram com a região do campo, um ambiente diferente da

floresta. Os agricultores reconstroem a vida no novo lugar, no Pampa

gaúcho, descobrindo as diferenças, e buscando as semelhanças com a

antiga região, transformando seu jeito de ver e perceber o novo lugar

onde vivem.

ApresentAção

(1) Guerra,Judite.SaberesCulturaiseAmbientais:reinventandoavidanatessituradaeducaçãoam-bientalparaassentamentosruraisnobiomaPampa,suldoBrasil.TesedeDoutorado,ProgramadePós-Gra-duaçãoemEcologia/UFRGS,2012,236p.

Essa área

se insere no bioma Pampa

e apresenta uma paisagem

campestre com vegetação

herbácea, arbustos e

pequenas

árvores.

Os assentamentos rurais estão

localizados no município

de Santana do Livramento

no sudoeste

do Rio Grande

do Sul. rio GrAnde do sul

BiomAs do rs

O sOnhO da terra

s assentamentos rurais estão localizados

no município de Santana do Livramento, no su-

doeste do Rio Grande do Sul. Essa área se insere

no bioma Pampa e apresenta uma paisagem

campestre com vegetação herbácea, arbustos

e pequenas árvores. O desenvolvimento eco-

nômico nessa região resulta da produção de

pecuária sobre o campo nativo e do cultivo de

grãos, como arroz e soja. As famílias migrantes

assentadas são provenientes do Planalto Médio

e Alto Uruguai, território com características

ecológicas de floresta do bioma Mata Atlântica,

ao norte do estado do Rio Grande do Sul. São

famílias excluídas do território indígena Cain-

gangue das Reservas de Nonoai e Serrinha, de

áreas de barragem e famílias de arrendatários.

Os agricultores instalaram-se em lotes de,

aproximadamente, 24ha e construíram casas

de madeira, que estão sendo substituídas por

alvenaria. Ao redor das casas, a ornamentação

é elaborada com flores e com diversidade de

árvores frutíferas, como laranjeiras, pesseguei-

ros, parreira, acácias e eucaliptos, para servir

de barreira ao vento e como reserva de lenha.

A horta fica próxima à casa e apresenta uma

variedade de verduras e legumes, como alfa-

ce, couve, moranga, aipim, entre outros, para

o consumo familiar.

locAlizAção dos AssentAmentos

Pesquisa de campo

durou três anos...

... de convívio com

as famílias assentadas.

H i s t ó r i a s d e V i d a

terra dOs sem terra

No cotidiano, os agricultores seguem

uma rotina de trabalho exercendo ativida-

des agropastoris. No final da tarde, a bebida

preferida é o chimarrão e, à noite, assistem

às notícias e novelas na televisão. O tempo li-

vre está associado aos finais de semana e fe-

riados, nos quais realizam atividades como:

visitar os vizinhos, jogar futebol e bocha, as-

sistir a programas na televisão, ler, passear

e pescar. As famílias correspondem a 60%

de ascendência europeia: italiana, alemã,

portuguesa, e os demais, 40%, são descen-

dentes da miscigenação entre portugueses,

indígenas e negros.

Um dos elementos culturais que cons-

tituem as famílias assentadas e que funda-

mentam a vida cotidiana é a religião. Para a

continuidade de suas manifestações religio-

sas, no novo território, os migrantes constro-

em capelas e igrejas. As experiências vividas

nas colônias, lugar de origem, vinculadas à

igreja são reproduzidas na organização da

comunidade, na vivência da sociabilidade e

do lazer. A maioria das famílias, 75,5% é ca-

tólica; 20,8% correspondem a evangélicos e

3,7% não se identificam com nenhuma reli-

gião. Com frequência, acontecem festas reli-

giosas, comemorativas do assentamento, do

movimento MST e esportivas. Evidenciam as-

pectos culturais semelhantes no que tange à

ascendência, à religiosidade e ao envolvimen-

to com as atividades produtivas. Percebem

a paisagem da região de duas formas: uma

está relacionada à percepção do ambiente

que passa pelos sentidos, como a tranquili-

dade, o bem-estar e a beleza natural. A outra

está associada às relações sociais, materiais e

ambientais, de forma negativa, pela distân-

cia dos centros urbanos, pelos problemas e

conflitos sociais, pelo clima com secas no pe-

ríodo de verão, vento forte e frio no inverno,

pelo latifúndio e pela monocultura.

histórias de vida

s narrativas das trajetórias de vida estão marcadas pela ma-

neira como interpretam e percebem os acontecimentos do passado,

as perspectivas futuras, o jeito de cada um se perceber no mundo.

A reconstrução das histórias de vida das famílias foi organizada a

partir das experiências, vivências e emoções por eles narradas, que

marcaram a construção das identidades dos agricultores. Apresen-

tamos, a seguir, um conjunto de Histórias de Vida das Famílias e a

espacialização das Rotas Familiares, destacando que, nesse proces-

so, cada um foi se constituindo através de diferentes experiências

culturais, sociais e ambientais, as quais foram modificando e trans-

formando as relações de pertencimento e de identidade.

“trabalhava por dia nas granjas,

arrancava feijão, capinava soja,

nós ganhava por dia. Buscavam a gente lá, a gente ia, trabalhava e de tarde vinha

pra casa de novo, pro barraco.

colhia pinhão nos matos para vender, colhia,

fazia cuia de nós de pinhos, coisas

assim.”

elisete da costa dos santos,

2008

F a m í l i a d a c o s t a d o s s a n t o s

HistóriA de VidA

lisete

da Costa dos

Santos nasceu

em 1975, em

Redentor, no

município

de Tenente

Portela,

permanecendo

nesse lugar até

os onze anos.

Eliseteeasfilhas

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de elisete

os 23 anos, foi acampar com o objetivo de conse-

guir terras para ela e seu filho, mas sem intenção de se

casar novamente. No acampamento Palmeirão, conhe-

ceu Alcindo (1972), que nasceu em Passo Real, que se

localiza no município de Cruz Alta. A família, em 1979,

havia sido transferida para Boa Vista do Incra, por es-

tar na área da barragem. O casal realizava o trabalho

de coordenação, um pensando que o outro era casado.

Quando Alcindo observou o cadastro dela, descobriu

que não era casada, e, a partir de então, começaram a

ficar juntos. Para Elisete, foi muito difícil abrir mão de

seu lote para morar com Alcindo. Ela chorou ao assinar

a desistência de sua terra, porque sua intenção era ficar

no assentamento Pinheiro Machado, pois sabia que as

terras de lá eram diferentes das terras na Campanha.

Também tinha medo de sua relação com Alcindo não

dar certo e temia pelo futuro, depois de tanta luta. Teria

que recomeçar ou, então, voltar a trabalhar para outros,

o que a angustiava. Foram momentos de insegurança.

Em 1995, vieram para o assentamento Santo Ângelo, e

tiveram três filhos: Robert (1998), Taís (2003) e Hemilly

(2011).

seus pais tinham dois hectares

de terra na área indígena e

plantavam milho e arroz.

eles ficaram lá até 1985 e, após,

foram acampar na Fazenda Annoni.

depois de dois anos, o pai de

elisete conseguiu terras em

tupanciretã.

elisete trabalhou como empregada

doméstica para ajudar na renda familiar e, nessa época, já tinha o filho Alessandro

(1993).

9

“Achavam porque nós com vinte e cinco hectare de terra não ia produzi muita coisa e eles

(nativos) acreditaram que nós não viemo pra cá, mas não lidemo com a cultura que eles lidavam.

nós não era fazendero, então, gado de campo já não existia pra nós, plantá arroz também não existiu, porque nós não era lavoreiro de arroz.”

João pereira da silva, 2008

F a m í l i a p e r e i r a d a s i l v a

HistóriA de VidA

oão Pereira

da Silva nasceu em

Getúlio Vargas, em

1964, e, quando

estava com sete

anos, a família

mudou-se para

Três Palmeiras.

JoãoeaesposaMaria

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de João

oão conheceu Maria, sua esposa, na cidade, quando

ela cuidava dos filhos da sua irmã. No entanto, começaram

a namorar depois que foi trabalhar como diarista na casa

do seu irmão. Ela é natural de Cascavel, Paraná, e veio com

sua família para Erechim quando tinha apenas dois anos de

idade. João e Maria já estavam morando juntos, quando re-

solveram trabalhar nas terras do irmão dele, depois de seis

anos (1986) na cidade. Nesse período, João foi indicado para

a direção estadual do Movimento Sem Terra por conhecidos

assentados de Trindade do Sul, a fim de que lá realizasse um

trabalho de base. Essa tarefa consistia em mobilizar pesso-

as para entrar no movimento. Ao visitar outros assentamen-

tos na região de Ronda Alta, foi incentivado a acampar para

conquistar sua terra. Como a produção nas terras do irmão

não condizia com o esperado e enfrentavam as dificuldades

de cultivo, resolveram retornar para a cidade. Em vista de

as pessoas que participavam do movimento insistirem para

ele atuar mais ativamente no acampamento, resolveu que

valia a pena tentar. Quando João foi acampar, seu filho mais

velho, Giovanni, tinha um mês de idade (1994). Maria se jun-

tou ao acampamento depois de oito meses e, com João, teve

mais três filhos: Giane (1995), Giovanna (2000) e Gianquiel

(2003). Depois de passar pelos acampamentos de Cruz Alta

e Júlio de Castilhos, no período de um ano e oito meses, foi

sorteado para o assentamento Coqueiro.

ele vem de uma família de 12

irmãos (6 meninas e 6 meninos).

Aos 22 anos, foi para a cidade de

erechim trabalhar em uma fábrica de

móveis.

João se denomina brasileiro, filho

de português com negro.

estudou até a quarta série, pois

tinha que andar a cavalo para ir à escola a uma

distância de 30 km, o que dificultou a continuidade dos

estudos.

A família eraassociada à

comunidadecatólica em Vila

progresso.nessa comunidade, sempre havia festa,

baile e jogo de bola.

11

“A coisa mais estranha pra mim aqui, porque tu olhava em volta não enxergava nada, era só capinzão, é só capim. Agora

hoje, se tu chega aqui, tá cheio de árvores, agora é totalmente diferente.”

Atílio sgarbi, 2008

F a m í l i a s g a r b i

HistóriA de VidA

tílio

Sgarbi é filho

de agricultores

descendentes

de italianos,

nasceu no

interior de Marau

em 1951, uma

cidade agrícola

pertencente ao

município de

Passo Fundo/RS.

AtíliocomaesposaBernadete,ofilhoeanora

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de Atílio

13

Foi para o município de

entre rios para ajudar o cunhado

e lá conheceu Bernadete

(nasceu em 1958) em uma festa-baile da igreja

católica.

eles se casaram em 1978 e

tiveram 3 filhos (leandro, Adrielle

e Adriano).

Adquiriram sete hectares de terra

na localidade de linha Barca,

próximo à barragem do rio

passo Fundo.

uando chovia muito, as comportas da barragem eram

abertas, alagando a propriedade a ponto de invadir a casa,

o que causou a necessidade de removê-la para outro lugar.

Cansados de perder a produção pelo alagamento, com os fi-

lhos crescendo e a propriedade pequena, Atílio decidiu que

era preciso buscar mais terras e a forma encontrada foi acam-

par. O primeiro acampamento foi no Trevo de Panambi, por

dois dias. Depois, foi para o município de Cruz Alta, acampan-

do quarenta dias. Ao visitar a família, pensava em não voltar

mais para o acampamento, mas, como tinha a promessa de

conseguir terras, prosseguiu. Passaram-se oito meses, e nada

de terra. Por esse motivo, para chamar a atenção das autori-

dades, o grupo de acampados invadiu a Fazenda Boqueirão

e, com isso, as atenções se voltaram para eles, principalmente

os meios de comunicação (televisão, jornal e rádio). Em segui-

da, os acampados conseguiram terras para o assentamento

no município de Júlio de Castilhos. Atílio, juntamente com ou-

tras famílias, foi para o acampamento Alvorada, em Júlio de

Castilhos, permanecendo ali por mais um ano. Foi sorteado

para o assentamento Bom Será no município de Santana do

Livramento. Aceitou, a fim de encerrar este período de acam-

pado. O seu sonho não foi realizado plenamente porque não

conseguiu terras próximas a sua região.

“eles nos chamam de colono. pra mim não tem problema

nenhum, eu não me sinto inferiorizado por causa disso,

eu acho que não é feio ser colono, mas eles falam de uma maneira pejorativa.

Qualquer coisa, como um cavalo mal atrelado, é

colono. daí é uma questão do crédito, eu não sofro muito, pois graças a deus, eu tenho boas referências de onde eu

vim. mas quando fala que mora em assentamento,

já muda a fisionomia das pessoas. Até por parte de autoridades, se aborda a

gente pra pedir documento. daí se é assentado eles

procuram averiguar com mais detalhes.”

Alcindo souza, 2008

F a m í l i a s o u z a

HistóriA de VidA

lcindo

Souza nasceu

em 1968, em

Miraguaí, no

município

de Tenente

Portela.

Alcindonaformaçãodeeducaçãoambientalem2010

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de Alcindo

15

na década de 70, seus pais

deixaram a propriedade em

miraguaí e migraram para o paraná, pois havia incentivo do

governo com doação de terras.

Quando tinha 16 anos (1980), sua família, com novo incentivo

governamental do estado do pará, com

a doação de 100 hectares, migrou

novamente.

em Belém do pará, trabalharam com

serraria na retirada das florestas, com

pecuária e comércio.

lcindo casou-se com uma maranhense e, com esta,

teve a filha Aline (1990). Em 1992, com a perda de um tio

com quem trabalhava no Pará, eles resolveram retornar ao

Rio Grande do Sul. Em Miraguaí, se instalaram nas terras

que haviam deixado. A família tem comércio em socieda-

de; mesmo assim, Alcindo tinha terras e as cultivava. O pai

seguiu a carreira política e os filhos ficaram administrando

uma casa de comércio com variedade de materiais (açúcar,

roupas etc.). Alcindo ficou somente seis meses no acam-

pamento e, em 2006, ocupou o lote, juntamente com seu

irmão, no assentamento Pampeiro. Esse lote era ocupado

por Luiz e Enilse, que não quiseram mais permanecer no

assentamento, em vista das dificuldades de acesso. A espo-

sa só viria para o assentamento no ano seguinte, quando

finalizaria a faculdade de Ciências Biológicas. Atualmente

(2008), trabalha como professora em Miraguaí. Eles têm

mais dois filhos: Mateus (1996) e Andrei Guilherme (2004).

Tanto Aline quanto Mateus vão permanecer morando com

os avós em Miraguaí, para continuarem os estudos, pois, no

assentamento, não há condições para isso. Ele é Adventista

do Sétimo Dia e participa das festividades da comunidade,

mas sem ferir os princípios da sua religiosidade, como não

beber nada alcoólico e nem se envolver em brigas. Nas ho-

ras vagas, aproveita para ler os livros religiosos e a Bíblia.

Estava lendo Uma Lição da América Latina.

ldo Roque Antunes de Oliveira participava do Sin-

dicato dos Trabalhadores Rurais e do Partido dos Traba-

lhadores desde 1986. Com a idade de 20 anos, tinha o

sonho de conquistar a sua terra. Em 1989, foi acampar

em Palmeira e, depois, foi para Cruz Alta e Bagé. Ficou

acampado um ano e nove meses. Em 1991, foi sorteado

para o assentamento Cerro dos Munhoz. Nessa mesma

época, foi designado pelo movimento para realizar cur-

so no município de Dom Pedrito. Em 1995, tornou-se

responsável por um minimercado na cidade, um espa-

ço para revender os produtos dos assentados.

“chegamos em livramento e tudo era contra. o prefeito da época, em 91, até apoiou uma

carreata contra os assentados, porque o nosso assentamento foi o primeiro assentamento a

chegar no livramento.”

ildo r.A.oliveira, 2008

F a m í l i a A n t u n e s d e o l i v e i r a

HistóriA de VidA

do Roque

Antunes de Oliveira é

natural de Palmeira

das Missões. Ildo

conheceu sua esposa

Alci quando ela

estava hospedada em

sua casa durante uma

semana, após uma

chuva intensa que

não permitira acesso

ao assentamento de

seus pais.

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de ildo

17

em 2001, ildo e Alci foram

morar juntos no assentamento

santa rita.

em 2003, ele entregou o seu

lote no cerro dos munhoz.

o casal participava

ativamente das representações

regionais e estaduais pelo

movimento (mst) no assentamento.

em julho de 2008, se

retiraram das representações

no assentamento para se dedicar

mais ao cultivo e à organização do

lote.

Ildo,esposaAlciefilhos

“tem o meu tio que já é assentado aqui há mais tempo, né, ele já tinha ido acampar. Aí eu conversando com ele um dia, pensei, pra quem tá quebrado sem um pila no bolso, melhor é ir

pra o acampamento, aí eu conversei com o pai, aí nós decidimos ir.”

Éder dambros, 2008

F a m í l i a d a m b r o s

HistóriA de VidA

família

de Éder

Dambros é

natural do

município de

Mata, que

pertence à

região de

Santa Maria.

Paiefilhoparceirosnocuidadocomaterra

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de Éder

19

resolveram migrar para santana do

livramento a fim de trabalhar

com plantação de arroz em terras

arrendadas.

A mãe de Éder estava grávida

dele quando se mudaram.

ele nasceu em santana do

livramento, em 1985.

Após terminar o segundo ano do 2º grau, foi fazer um curso

de mecânica no senAi.

permaneceu até os dezessete anos junto a sua

família

om a perda do tio que ajudava na plantação, e sem

um emprego na cidade, Éder foi ajudar seu pai na lavoura

de arroz. Estavam enfrentando problemas com a rentabi-

lidade da produção de arroz, em função dos períodos de

seca e de chuva intensa. Não reverteram a situação e per-

deram os bens. Éder e seu pai, Eloi, nessa ocasião, decidi-

ram acampar, já que estavam sem terra e sem dinheiro. O

primeiro acampamento em que estiveram foi o assenta-

mento Torrão. Depois deste, foram para o acampamento

no município de São Gabriel, período de grandes confli-

tos com os fazendeiros, que não aceitavam os sem terra.

No acampamento, Éder participava de estudos de forma-

ção política e fazia parte da equipe de Educação. A maior

aprendizagem, nesse local e nesse tempo, foi expor suas

ideias e defendê-las em grande grupo. Deixou de ser in-

trovertido e aprendeu a trabalhar com o público. Após um

ano de acampamento, foi designado para o assentamento

São Leopoldo, também chamado de Jupira. Este assenta-

mento já existia desde 1997, porém Éder está assentado ali

desde 2008.

família de Olavo é descendente de índio, português e negro.

Foi presidente da Associação de Pais por quatro anos e sua esposa

Vera assumiu a presidência por mais quatro anos. Ela também foi

educadora leiga de alfabetização de Educação de Jovens e Adultos.

Com o passar do tempo, e os filhos crescendo, precisavam de mais

terra para aumentar a produção. A forma encontrada foi se juntar

ao movimento dos acampados. Assim, foram para a Fazenda Annoni

e, depois de um certo tempo, conseguiram terras em Bagé. Porém,

ali não permaneceram porque havia pouca água na propriedade.

Abandonaram o lote e foram trabalhar nas terras de um irmão de

Olavo, onde permaneceram por cinco anos. Motivados a conseguir

terra, foram acampar novamente. Passaram pelos acampamentos

de Frederico, Palmeira e Júlio de Castilhos; neste último, foram sor-

teados para o assentamento Recanto.

“pra gente que mora longe, qualquer coisa é esses remédios ai, procura aqui e a primeira coisa que precisa vai pra horta. A tansagem

também é muito bom, qualquer coisa que se tem e não se acha bom, toma tansagem.”

olavo da silva, 2008

F a m í l i a d a s i l v a

HistóriA de VidA

lavo da

Silva nasceu

em 1941

em Vicente

Dutra,

município de

Iraí.

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de olAVo

21

ele sempre trabalhou na

terra de seu pai.

sua esposa, Vera, é natural de candelária

e, certa ocasião, mudou-se para Vicente dutra.

eles participavam das festas na

comunidade e foi assim que se

conheceram.

casaram-se e foram morar nas terras do pai de

olavo

olavo e sua esposa eram

participativos na comunidade,

mais precisamente,

na associação da igreja católica e

no colégio.

Olavo,esposaVeraeneta

F a m í l i a d i a s

HistóriA de VidA

airo Dias é filho

de agricultores e

descendente de italiano

com bugre (mistura de

índio com português),

nascido em 1979. É

natural de Capão de

Cipó, que pertence ao

município de Santiago.

Jairo,esposaFátimaefilha

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de JAiro

“então, se botava fogo no campo e isso e aquilo. então hoje, já o pessoal não tá mais fazendo isso, né? e até a terra mesmo, queira ou não queira, o

povo liquida com a terra, né? então, nós mesmo.”

Jairo dias, 2008

23

família de Jairo cultivava um pequeno pedaço de ter-

ra e trabalhava para granjas próximas à Fazenda Annoni.

A família foi sorteada com terras em um assentamento em

Santiago. Após seis anos, Jairo e sua namorada, Fátima da

Rocha, foram acampar para conseguir suas próprias terras.

Fátima, nascida em 1978, é de uma família que passou pelo

processo migratório de acampamento. Os dois se dirigiram

para o acampamento em Joia, juntando-se a mil e quinhen-

tas famílias. Depois, foram para Viamão, onde permanece-

ram oito meses acampados. Nesse período, realizaram tra-

balho temporário em Vacaria. Após nove meses de acam-

pamento, foram sorteados para o assentamento Capivara,

no ano de 1999. Naquele mesmo ano, nasceu a primeira

filha, Vanessa e, em 2006, a segunda, Natasha. Ele ainda so-

nha em poder retornar, um dia, para terras mais próximas

da sua região, ao contrário de sua esposa Fátima, que está

adaptada às diferenças regionais, e não tem intenção de mi-

grar novamente. Ele entende que sua região anterior se de-

senvolveu muito e que poderia conseguir um emprego na

cidade, para ganhar mais, visto que conhecidos estão muito

bem financeiramente, realizando uma atividade urbana.

seus pais migraram

para palmeira das missões e,

como a família era grande

(11 irmãos), sem terra para

produzir, decidiu acampar na

Fazenda Annoni.

no começo, só foram à fazenda

seu pai e ele.

depois de cinco meses, a mãe

e os irmãos vieram se

juntar a eles no acampamento da Fazenda Annoni,

onde a família permaneceu por

sete anos.

“daí nós, graças a deus, nós fomo bem, não morreu ninguém na ocupação, ninguém se

feriu, voltemo pro acampamento, fizemo outra ocupação de novo, daí nós ganhemo a terra, daí

nós ganhemo essa aqui.”

Júlio rocha, 2008

F a m í l i a r o c h a

HistóriA de VidA

úlio Rocha

nasceu em 1958,

no município de

Rodeio Bonito. Sua

família migrou para

a localidade da Linha

Polita no município

de Constantina,

comunidade próxima

à área indígena da

Serrinha, onde ocorreu

conflito indígena na

década de 40.

Ensaioparaapresentaçãonacomunidade

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de Júlio

25

úlio, a princípio, queria namorar a irmã de Nair, mas

ela não demonstrara interesse. Ficou sabendo que Nair não ti-

nha namorado e, ao encontrá-la em uma festa da comunida-

de, começaram a namorar. Nair precisava voltar a trabalhar

fora, e ele, para não deixá-la partir, propôs casamento. Júlio

se emociona ao relatar que Nair aceitou seu pedido e diz que

agradece a Deus por estar vivendo até hoje com sua esposa.

Apesar de todas as dificuldades que viveram juntos, passan-

do, muitas vezes, fome, tudo valeu a pena, já que ela é sua

companheira. A filha, Rosicler, nasceu em 1978. Eles cultiva-

vam em terras indígenas e tiveram que sair desse local. Traba-

lhavam como agregados, quando seus cunhados os conven-

ceram de que seria melhor acampar. Assim, em 1995, Júlio foi

sozinho para o acampamento situado no trevo de Panambi.

Sua esposa e a filha, depois de cinco meses, juntaram-se a ele.

Já em Cruz Alta, ao lado de duas mil e quatrocentas famílias,

dirigiram-se para Boqueirão (Ponte Queimada), onde ocorreu

um grande conflito com os policiais. Estes bateram e atiraram

nas pessoas, inclusive Nair foi atingida por um estilhaço de

bala na mão, causando leve ferimento. Após o conflito, os

acampados retornaram para Cruz Alta. Como a tentativa de

invasão em Boqueirão foi violenta, muitas famílias ficaram

assustadas e desistiram de acampar. O acampamento foi para

Júlio de Castilhos, com um total de mil e seiscentas famílias.

Foram sorteados para o assentamento Nova Santa Rita, deno-

minado também de São Joaquim.

ele é descendente de brasileiro

(português com negro e índio).

sua mãe teve quatorze filhos,

dos quais somente sete

sobreviveram, entre eles, dois

meninos e cinco meninas.

Julio conheceu sua esposa no enterro do pai

dela.

nair Frederichi (1954) é natural

de erechim.

A família de nair mudou-se para

linha polita; ela trabalhava

como empregada doméstica em

santa maria.

“pior foi quando nós cheguemo,

não tinha nada, nós pra saí pra cidade

não tinha ônibus não tinha nada,

difícil, foi difícil eu até queria volta

de um mês pro outro, é, foi

difícil quando nós cheguemo

aqui.”

leni silva matias,

2008

F a m í l i a s i l v a m a t i a s

HistóriA de VidA

eni Silva

Matias nasceu

em Boa

Esperança, no

município de

Vicente Dutra.

Ela vivia com

seus pais e

cinco irmãos.

Leniefilha

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de leni

27

os 20 anos, Leni casou-se e foi morar no mesmo ter-

reno da mãe de João. Trabalharam um tempo nas terras

que sua mãe administra para um vizinho morador da cida-

de. Depois de dois anos, Leni e o esposo foram trabalhar

nas terras do pai dela. Com o nascimento das filhas, resol-

veram mudar-se para a cidade de Novo Hamburgo, a fim

de que João trabalhasse em uma fábrica de couro. Depois

de três anos nessa cidade, chegada a época de as meninas

frequentarem a escola, e dada a iminente doença causada

pela química do couro a acometer João, retornaram para

as terras do pai de Leni. Foram acampar para conseguir

terras e passaram pelos acampamentos de Frederico, Pal-

meira, Júlio de Castilhos e Santo Antônio. O fato de mudar

de acampamento possibilitou que ela perdesse o medo de

viajar sozinha. Antes, não viajava sozinha nem por 6 km,

distância a que fica a cidade vizinha onde morava. Agora,

diz que poderia viajar o mundo todo, pois não tem mais

medo do desconhecido. Para ela, o acampamento foi uma

verdadeira escola. Sorteado o lote, em 1998, a família mu-

dou-se para o assentamento Posto Novo. O esposo ainda

não se acostumou com as diferenças da região e seu sonho

é, um dia, retornar à região de origem. Leni se adaptou e

gosta da vida no assentamento.

A escola era longe, e seu pai, constantemente, impedia os filhos de estudar e, por

isso, conseguiu finalizar a

segunda série somente aos 12

anos.

ela é descendente de

alemães e de bugre (índio com

português).

leni conheceu o marido porque

ele foi trabalhar junto com seu

pai e seus irmãos em mato Grosso.

depois de dois anos de trabalho naquele estado,

retornaram, quando leni e

João começaram a namorar.

“A gente se criou nos campos,

comendo fruta, a gente

não comia muita coisa comprada,

vamos dizer né. A gente

ganhava uma chinela

havaianas, era a maior felicidade,

porque a gente não chegava a ter um tênis, a

ter um sapato.”

marilene cupsinki,

2008

F a m í l i a c u p s i n k i

HistóriA de VidA

arilene

Cupsinki é neta

de russos por

parte materna.

Seu avô fugiu

da Rússia por

causa da guerra,

se instalando

no município

de Frederico

Westphalen, no

Rio Grande do

Sul.

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de mArilene

29

eu pai comprou nove hectares de terra em Iraí, região

que, atualmente, se localiza no município de Ametista do Sul,

permanecendo ali por dez anos. Quando finalizou a quarta

série, com dez anos de idade, não tinha mais onde estudar

e, por isso, foi morar com os tios na cidade de Palmitinho,

para continuar os estudos. Seu pai sempre estivera envolvi-

do com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e com partido

de esquerda. Por viver em uma situação precária em nove

hectares de terra, o pai de Marilene foi acampar. Passava as

férias escolares no acampamento junto com a família. Ali, ela

participava das brincadeiras com as crianças, ajudava a lavar

a roupa e buscava água. Participou da ocupação da Fazenda

Santa Fé, juntamente com cinco mil pessoas. Seu pai traba-

lhava como monitor de alfabetização no acampamento em

Bagé e, na formatura dos monitores, Paulo Freire esteve pre-

sente. A família foi sorteada para o Cerro dos Munhoz. Marile-

ne retornou para o assentamento quando finalizou o Ensino

Fundamental. Conheceu Itacir Martinele (nascido em 1968),

que já era do assentamento e, em 1995, nasceu o filho Jefer-

son Martinele. É formada em Pedagogia e trabalha na Coope-

rativa de Prestação de Serviços Técnicos Ltda (COPTEC).

seu pai, descendente de italianos,

conheceu sua mãe, casaram-

se e, no final da década de 60, a

família mudou-se para o paraná.

o pai de marilene trabalhava como

educador leigo, na década de 70,

com o método de paulo Freire na educação de

Jovens e Adultos.

ela nasceu em 1976, no paraná,

e viveu nesse estado até os cinco anos de

idade.

A família voltou para o rio

Grande do sul, onde foram

morar com os avós, porque

não tinham onde ficar.

30

ra um grupo de origem alemã e, tradicionalmente,

realizavam a festividade do Kerb. Na família de Telmo,

tinham o costume de festejar os finais de semana um

dia em cada casa de parentes. Sua esposa, Rosane (nas-

cida em 1974), é da mesma comunidade e tem origem

indígena e portuguesa. Ele acampou sozinho; a esposa

não queria que ele saísse de casa porque o filho Mau-

ricio era recém-nascido (1995). Os acampamentos por

onde passou foram Palmeirão, Santo Antônio e Júlio de

Castilhos. Após um ano e nove meses, foi sorteado para

o assentamento Frutinhas. Chegou ao assentamento em

1997 e ali tiveram mais dois filhos: João Luís (2001) e

Fabricio (2003).

F a m í l i a s e f f r i n

HistóriA de VidA

ele foi criado em uma família com 12 irmãos.

Ao lembrar daquele tempo, assinala que o trabalho na

terra era muito pesado.

relata que saía cedo de casa para ir ao colégio a pé e

só retornava às 13h30min, cansado da caminhada e com

muita fome.

À tarde, levava merenda e água para seu pai, na roça,

onde o ajudava na limpeza da terra.

relembra as festas que ocorriam na comunidade e sente saudade, já que,

onde moram atualmente, são raros os momentos de

confraternização comunitária.

“tinha uns matinhos aí, tem árvore que eu nem sei o nome. da minha região, eu sei uma por uma.

corticeira, pezinho de guabiruba, canela, pinus não sei se é da boa. eu não sei muito os nomes,

nessa região. A árvore que tu me mostrar eu conheço, porque lá é tudo árvore de lei.”

telmo seffrin, 2008

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de telmo

30 31

elmo Seffrin nasceu em 1970,

em Caibaté, também chamada Colônia

Brasileira, pertencente a Palmeira das

Missões, próxima a São Miguel.

Telmo,esposaRosaneefilhos

“É desumano levar a

família pro acampamento,

é desumano, principalmente

os filhos, é muito

desumano, é cruel, é o

pai ser muito cruel levar as

criança pro acampamento,

tá loco, se passa trabalho.”

claudair mota, 2008

F a m í l i a m o t a

HistóriA de VidA

laudair

Mota nasceu

em 1960 no

estado do

Paraná, na

cidade de

Jacarezinho.

Quando

ainda era

bebê, foi

entregue

para o

colégio

interno

agrícola na

cidade de

Castro/PR. Motaefamília

rotA miGrAtóriA FAmiliAr de motA

33

conheceu somente um dos avôs, que o

visitou poucas vezes e contou que seu

bisavô pertencera ao partido comunista

e foi exilado no paraguai.

seu avô parou de visitá-lo, então

presumiu que havia falecido, pois era

velhinho.

o seu avô foi o único parente que conheceu e nunca

soube ao certo o motivo de ter parado num colégio interno.

Aos sete anos, foi adotado por uma

família de curitiba e aos nove anos

fugiu de casa e foi trabalhar de boia-fria na colheita de

cana-de-açúcar e na plantação de abacaxi.

morava numa barraca de lona coberta com folhas de palmeira.

om treze anos, foi para o circo e lá era responsável

pelos animais. Aprendeu a fazer número com elefantes no

picadeiro. O circo veio para Santana do Livramento e estava

na época de se alistar. Entrou para o exército e permane-

ceu no Sétimo Regimento de Cavalaria Mecanizado por seis

anos. Casou-se, teve uma filha e um filho. Trabalhou quatro

anos na multinacional Swift Arm, que produzia conserva de

carne. Quando a empresa fechou, ficou desempregado. Pas-

sou a fazer changa (consertos), trabalhou numa veterinária

e também com sonorização em festas e eventos religiosos.

Encontrou o deputado federal Adão Pretto na cidade de

Santana, e ele explicou o que era o Movimento Sem Terra,

o porquê da luta da terra. Ficou convencido de que deve-

ria acampar por um tempo. Foi para o acampamento na

cidade de Encruzilhada do Sul, trabalhava na área da saú-

de e depois foi para comunicação na rádio comunitária do

acampamento. Saíram de Encruzilhada do Sul e foram para

Pantano Grande no acampamento Bom Jesus. Entre os dois

assentamentos ficou acampado por um ano e oito meses.

O INCRA foi até o acampamento procurando famílias que

fossem da região da Campanha para o assentamento Apo-

lo e Recanto porque tinha dezessete lotes vagos. O INCRA

definiu que Mota receberia lote no assentamento Apolo,

onde havia assentados fazia seis anos. Como a esposa não

quis morar no assentamento, eles se separaram. Atualmen-

te está morando com Rosane Pereira.

s histórias de vida dos agricultores

mostraram que as lembranças que foram

sendo narradas tiveram relação estreita

com a memória individual e do grupo so-

cial, relacionando as vivências à organiza-

ção da comunidade, do seu fazer agrícola e

da relação com a natureza. Os agricultores

buscaram, de alguma forma, se constituir

na nova região, a partir das marcas que

trouxeram da região de origem, nas rela-

ções sociais afetivas e culturais, na forma

de gestão do lote e na organização da co-

munidade.

Quando os agricultores chegaram ao

assentamento, traziam consigo os saberes

e conhecimentos sobre as atividades agrí-

colas, que foram construídos anteriormen-

te na relação com a agricultura da região

da floresta e, com o passar dos anos, obser-

vam que a realidade era diferente, princi-

palmente o calendário agrícola, o solo e o

tipo de cultivo apropriado para essa região.

terracOnquistada

Acreditavam que sabiam lidar com a terra

e que os conhecimentos tradicionais seriam

válidos para toda e qualquer região. Aos

poucos, descobrem que precisavam intera-

gir com os agricultores da Campanha, a fim

de aprender com eles as especificidades da

região.

As histórias de vida dos agricultores

são importantes fontes para compreender a

construção do pertencimento e das identi-

dades na região do Pampa gaúcho. É rele-

vante para a realização de trabalhos junto a

comunidades de assentamentos e na orga-

nização de Educação Ambiental, atividades

com revisita ao passado, a fim de entender

as construções feitas pelos agricultores, seus

saberes, conhecimentos e a cultura, como

instrumento de reflexão acerca do presente,

que pode contribuir de maneira significativa

na elaboração de proposições e ações para

a sustentabilidade e preservação dos assen-

tamentos rurais.

DesignGráfico/EditoraçãoporClôBarcellos/Libretos

FotosdeJuditeGuerra,TeresinhaGuerraeMarceloCuria.

FichacatalográficaelaboradaporRosaliaPomarCamargoCRB856/10

G934tTerradosSemTerra:históriasdevida/JuditeGuerraeTeresinha Guerra.--PortoAlegre:UFRGS-IB-CentrodeEcologia,2012. 36p.:il.

ISBN978-85-63843-05-0

1.MeioAmbiente2.BiomaPampa3.AssentamentosRurais I.Título CDU502

©JuditeGuerraeTeresinhaGuerra,2012