terra de oz

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    Nota do autor

    Aps a publicao de O Maravilhoso Mgico de Oz; Eu comecei a receber cartas de crianas,contando de seu prazer ao ler a histria e me pedindo para escrever mais alguma coisa sobre oEspantalho e o Homem de lata. De incio eu considerei estas cartinhas, em sua franqueza e

    honestidade, apenas como bonitos elogios; mas as cartas continuaram a chegar durantesucessivos meses, e at anos.

    Finalmente eu prometi a uma menininha, que fez uma longa jornada para me ver e apresentar seupedido - uma Dorothy - que quando milhares de garotinhas tivessem me escrito milhares decartinhas perguntando pelo Espantalho e pelo Homem de Lata eu iria escrever o livro.

    Ou uma destas pequenas Dorothy era uma fada disfarada que agitou sua varinha mgica, ou osucesso da produo teatral de O Maravilhoso Mgico de Oz fez novos amigos para a histria,pois as milhares de cartas chegaram a seu destino desde ento e muitas outras as seguiram.

    E agora, apesar de me declarar culpado pelo atraso, eu mantive minha promessa neste livro.

    L. FRANK BAUM.

    Chicago, Junho, 1904

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    Tip constri um Cabea-de-Abbora.

    No pas de Gillikins, que fica no norte da Terra de Oz, morava um jovem chamado Tip. Havia maisno nome dele do que isso, porque a velha Mombi frequentemente declarava que o nome completodele era Tippertarius, mas ningum falaria uma palavra to longa quando Tip tambm serviria.

    O garoto no lembrava nada dos pais, por que ele tinha sido trazido muito novo para ser criadopor uma velha conhecida como Mombi, cuja reputao, sinto muito por dizer isso, no era dasmelhores. Porque o povo de Gillikins tinha razes para suspeitar que ela praticava bruxaria, eportanto hesitavam em se associar com ela.

    Mombi no era exatamente uma Feiticeira, por que a Feiticeira Bondosa que dominava aquelaparte da Terra de Oz havia proibido qualquer outra Feiticeira de existir nos domnios dela. Ento atutora de Tip, por mais que aspirasse ao trabalho magico, percebeu que seria ilegal ser umafeiticeira, sendo um tipo simples de Bruxa.

    Tip tinha que carregar madeira, para que a velha mulher pudesse ferver o caldeiro. Ele tambmtrabalhava nos campos de milho, capinando e descascando; e ele alimentava os porcos eordenhava a vaca de quatro chifres, que era o maior orgulho de Mombi.

    Mas voc no deve supor que ele trabalhava o tempo todo, pois ele sentia que isso seria ruimpara ele. Quando mandado para a floresta, Tip geralmente subia nas rvores a procura de ovos

    de pssaro, ou se divertia caando o bando de coelhos brancos ou pescando no riacho com umanzol torto. Ento ele pegava apressadamente o monte de comida e levava pra casa. E quandoera pra ele estar trabalhando nos campos de milho, e as espigas altas escondiam-no da viso deMombi, Tip geralmente cavava os buracos das toupeiras, ou se estivesse afim, ele deitava decostas nas fileiras de milho e tirava um cochilo. Ento, tomando cuidado para no fadigar suasforas, ele crescia forte e robusto como um garoto tem que ser. A magia curiosa de Mombigeralmente amedrontava seus vizinhos e eles a tratavam de forma tmida, ainda assim respeitosa,por causa de seus estranhos poderes. Mas Tip francamente a odiava e no fazia questo deesconder seus sentimentos. Na verdade, s vezes ele mostrava menos respeito pela velha do quedeveria mostrar, considerando que ela era sua tutora.

    Havia abboras nos campos de milho de Mombi, espalhando um vermelho dourado por entre asespigas verdes; e essas foram plantadas e cuidadosamente tratadas para que a vaca de quatrochifres pudesse come-las no inverno. Mas, um dia, depois que o milho tinha todo sido colhido etirado das espigas, ele teve a ideia de fazer um boneco com cabea de abbora para dar umsusto na velhota.

    Ento ele escolheu uma abbora boa e grande - uma com uma cor vermelha alaranjada lustrosa-e comeou esculpi-la. Com a ponta de sua faca ele fez dois olhos redondos, um nariz triangular euma boca com a forma de uma lua nova.

    O rosto, quando terminado, no podia ser considerado exatamente bonito; mas tinha um sorrisoto grande e vasto, e era to contente de expresso, que at Tip riu enquanto olhava admirado oseu trabalho. O menino no tinha amigos com quem brincasse e no sabia que muitas vezes os

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    meninos esculpiam bonecos com cabea de abbora, e no espao interno colocavam uma velapara iluminar. Mas ele teve uma ideia que prometia ser super efetiva. Ele decidiu manufaturar aforma de um homem, que usaria essa cabea de abbora, e coloca-lo num lugar onde velhaMombi iria dar de cara com ele.

    E ento, disse Tip para si mesmo com uma risada, ela vai guinchar mais alto que a leitoamarrom guincha quando eu puxo o rabo dela e se arrepiar mais do que eu fiz no ano passadoquando tive malria. Ele tinha tempo de sobra pra conseguir essa tarefa, por que Mombi tinha idoa vila- comprar mantimentos, ela disse- e essa era uma jornada de dois dias pelo menos.

    Ento ele levou o seu machado para a floresta, selecionou algumas mudas retas e robustas, queele cortou e podou todos os galhos e folhas. Desses ele faria os braos e pernas e ps dohomem. Para o corpo, ele tirou uma folha de casca grossa do redor de uma grande rvore, e commuito trabalho criou um cilindro aproximadamente do tamanho certo, prendendo as bordas juntocom estacas de madeira. Ento, assobiando alegremente enquanto trabalhava, elecuidadosamente articulou os membros e prendeu-lhes ao corpo com pinos modelados no formato

    com a faca.

    Durante os momentos em que ele passou fazendo isto, comeou a escurecer, e Tip lembrou queele deveria ordenhar a vaca e alimentar os porcos. Ento ele pegou o homem de madeira e levou-o de volta para casa com ele. Durante a noite, com a luz do fogo na cozinha, Tip cuidadosamentearredondou todas as bordas das articulaes e alisou os lugares speros de uma maneira limpa ediligente. Ento, ele colocou a figura em p contra a parede e a admirou. Parecia extremamentealto, mesmo para um homem adulto, mas isso era um ponto positivo aos olhos de um menino, eTip no se ops a todo tamanho de sua criao.

    Na manh seguinte, quando ele olhou para o seu trabalho novamente, Tip viu que haviaesquecido de dar ao boneco um pescoo, por meio do qual ele iria poder prender o a cabea deabbora no corpo. Ento ele foi novamente para a floresta, o que no era muito longe, e picou deuma rvore vrios pedaos de madeira para completar seu trabalho. Quando voltou ele amarrouuma pea transversal extremidade superior do corpo, fazendo um buraco no centro para mantero pescoo na posio vertical. O pedao de madeira que formavam este pescoo tambm foiaguado na extremidade superior, e quando tudo estava pronto Tip colocou a cabea de abbora,fixando-a bem no pescoo, e descobriu que se encaixava corretamente.

    A cabea podia ser girada de um lado para o outro, como ele quisesse, e os pinos dos braos epernas lhe permitiam colocar o boneco em qualquer posio que desejasse.

    "Agora, isso", declarou Tip, orgulhosamente, " realmente um homem muito bom, e isso devecausar vrios gritos da velha Mombi! Mas seria muito mais realista se ele fosse devidamentevestido."

    Encontrar a roupa certa parecia uma tarefa fcil, mas Tip corajosamente saqueou o grande ba noqual Mombi mantia todas as suas lembranas e pertences, e na parte inferior, ele descobriu umascalas roxas, uma camisa vermelha e um colete cor-de-rosa, que era salpicado com manchasbrancas. Estes, ele levou para o seu homem e conseguiu, embora as peas no se combinassemmuito bem ao vestir a criatura de uma forma alegre. Algumas meias de malha pertencentes aMombi e um par muito gasto de seus prprios sapatos concluram o vesturio do homem, e Tip

    estava to encantado que ele danou para cima e para baixo e riu alto na alegria juvenil.

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    Eu devo lhe dar um nome, ele gritou. Um homem to bom como esse merece ter um nome. Eucreio, disse ele depois de alguns momentos pensativos, que eu vou chama-lo de Jack Cabea-de-Abbora.

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    O Maravilhoso P da Vida

    Depois de considerar a importncia disto com cuidado, Tip decidiu que o melhor lugar paracolocar Jack seria na curva da estrada, a pouca distncia da casa.

    Ento ele comeou a carrega-lo para l, mas achou o homem pesado e um pouco difcil demanusear. Depois de arrastar a criatura uma pequena distncia, Tip o colocou de p e dobrou aarticulao de uma das pernas, depois da outra perna, e empurrando por trs, o meninocontrolava Jack para faz-lo andar para a curva da estrada.

    Isto no ocorreu sem alguns tombos, e Tip realmente trabalhou mais do que ele j havia

    trabalhado nos campos ou na floresta; mas o amor da travessura o guiava, e lhe agradava colocarem prtica a esperteza de sua criao.

    Jack est bem e funcionando bem! ele disse a si mesmo, enquanto arquejava devido ao esforoexcessivo. Mas ento ele descobriu que o brao esquerdo do homem havia cado no caminho,ento teve que voltar para busca-lo e esculpiu pinos novos e mais fortes para a articulao doombro, ele consertou to bem que o brao ficou mais firme do que antes.

    Tip tambm percebeu que a cabea de abbora de Jack havia girado e o rosto estava para trs;mas isto foi facilmente remediado. Quando finalmente o homem estava colocado olhando ocaminho onde a velha Mombi estava para aparecer, ele parecia natural o suficiente para passar

    por uma razovel imitao de um fazendeiro Gilikin, - e no natural o suficiente para assustarqualquer um que viesse a ele desavisado.

    Como ainda estivesse cedo para esperar a velha mulher voltar para casa, Tip desceu ao valeaps a casa da fazenda e comeou a juntar nozes das rvores que cresciam ali.

    Entretanto, a velha Mombi retornou mais cedo que o esperado. Ela tinha se encontrado com umfeiticeiro corcunda que morava em uma caverna solitria nas montanhas, e tinha tratado deimportantes segredos de mgica com ele. Tendo nisto adquirido trs novas receitas, quatro ps euma seleo de ervas de poderes maravilhosos, ela tinha mancado para casa o mais rpido queela pde, no desejo de testar suas novas feitiarias.

    To determinada estava Mombi nos tesouros que ela tinha adquirido, que quando ela dobrou acurva da estrada e teve um vislumbre do homem, ela meramente acenou com a cabea e disse:

    Boa tarde, senhor

    Mas, um momento depois, notando que a pessoa no se moveu ou respondeu, ela deu uma boaolhada em sua cara e percebeu sua cabea de abbora elaboradamente esculpida pelo canivetede Tip.

    Hah! proferiu Mombi, dando um tipo de berro; aquele garoto miservel est aprontandotravessuras outra vez! Muito bem! Muito bem! Vou torna-lo azul e preto por tentar me assustarcom estas roupas!

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    Com muita raiva, ela levantou sua bengala para meter na sorridente cabea de abbora doboneco; mas um pensamento repentino a fez parar com a bengala erguida no ar.

    Por que no? Aqui est uma boa oportunidade para testar meu novo p! disse ela avidamente.

    Ento eu poderei dizer se aquele feiticeiro corcunda fez negociaes de razoveis, ou se eleestava me fazendo de idiota tanto quanto eu malignamente o fiz.

    Ento ela baixou sua cesta e comeou a procurar nela por um dos preciosos ps que havia obtido.

    Enquanto Mombi estava ocupada nisto, Tip estava voltando, com seus bolsos cheios de nozes, edescobriu a velha mulher em p na frente do homem e aparentemente nem um pouco assustadapor ele.

    Primeiro ele ficou um tanto desapontado; mas no momento seguinte ficou curioso para saber oque Mombi estava para fazer. Ento ele se escondeu por trs de um arbusto, de onde ele podiaver sem ser visto, e ficou observando.

    Depois de alguma procura, a mulher tirou de sua bolsa uma velha caixa de pimenta, sobre a qualhavia uma etiqueta escrita pelo feiticeiro a lpis:

    P da Vida

    Ah aqui est! ela murmurou cheia de alegria. E agora vamos ver se isto potente. O feiticeiromesquinho no me deu muito disso, mas acho que o suficiente para duas ou trs doses.

    Tip estava muito surpreso ao ouvir tudo isto. Ento ele viu a velha Mombi levantar seu brao eespalhar o p da caixa sobre a cabea de abbora de seu homem Jack. Ela fez isso do mesmo

    modo que colocaria pimenta em uma batata cozida, e o p espalhou-se pela cabea de Jack edesceu pela camisa vermelha, o colete rosa e as calas roxas com as quais Tip o havia vestido euma poro tambm caiu nos sapatos usados e remendados.

    Ento, colocando a caixa de pimenta de volta no cesto, Mombi ergueu sua mo esquerda, com odedo mindinho apontado para cima, e disse: "Weaugh!"

    Ento ela levantou sua mo direita, com o polegar apontado para cima, e disse: "Teaugh!"

    E ento ela levantou ambas as mos, com todos os dedos abertos, e disse: "Peaugh!"

    Jack Cabea de Abbora deu um passo para trs, com isso, e disse em um tom de reprovao:

    No grite assim! Voc acha que eu sou surdo?

    A velha Mombi danava em volta dele, agitando-se com deleite.

    Ele est vivo! ela gritou: Est vivo! Est vivo!

    Ento ela jogou a bengala para cima e pegou de volta quando caiu; e ela abraou a si mesmacom os dois braos, e tentava fazer uns passos de dana; e repetia o tempo todo, entusiasmada:

    Est vivo! Est vivo! Est vivo!

    Agora como voc bem pode supor, Tip observava tudo isto maravilhado.

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    A princpio ele estava to amedrontado e horrorizado, que ele queria correr dali, mas suas pernastremiam e se agitavam tanto que ele no pde. Em seguida, lhe pareceu uma coisa muitoengraada Jack ganhar vida, especialmente porque a expresso na cara de abbora era tocmica e hilria que provocava riso no mesmo instante. Ento, recuperando-se do medo anterior,Tip comeou a gargalhar; e o barulho chegou aos ouvidos da velha Mombi e a fizeram mancar

    rapidamente para o arbusto, onde ela agarrou Tip pelo colarinho e o trouxe para onde ela tinhadeixado sua cesta e o homem de cabea de abbora.

    Moleque impertinente e maldoso! ela exclamou furiosa: Vou ensin-lo a no espiar meussegredos e rir de mim!

    Eu no estava rindo de voc protestou Tip. Eu estava rindo do velho Cabea de abbora! Olhepara ele, no uma figura e tanto?

    Eu espero que voc no esteja se referindo minha aparncia disse Jack; e era to engraadode ouvir sua voz sria, enquanto a cara continuava mostrando o sorriso alegre, que Tip comeou

    novamente a gargalhar.

    A prpria Mombi estava com um interesse curioso no homem que sua mgica tinha trazido vida;e depois de olhar bem para ele, ela perguntou:

    O que voc sabe?

    Bem, isto difcil de dizer, respondeu Jack Pois embora eu sinta que eu sei um bocado, euainda no sei o quanto h no mundo para se saber. Vou me dar um pouco de tempo paradescobrir se sou muito sbio ou muito tolo.

    Com certeza disse Mombi, pensativa.

    Mas o que vamos fazer com ele, agora que est vivo? perguntou Tip.

    Eu preciso pensar sobre isso, respondeu Mombi. Mas precisamos ir para casa logo, pois estescurecendo. Ajude o Cabea de Abbora a andar.

    No se preocupe comigo disse Jack Eu posso andar to bem quanto voc. Tenho pernas e ps,e eles so articulados

    Eles so? perguntou a mulher, voltando-se para Tip

    claro que so; eu mesmo fiz assim respondeu o garoto com orgulho.Ento se puseram a caminho de casa, mas quando eles chegara a certa distncia da fazenda, avelha Mombi conduziu o homem-abbora para o estbulo das vacas e o colocou numa cocheiravazia, fechando a porta com segurana pelo lado de fora.

    Tenho que acertar as contas com voc, primeiro ela disse, balanando sua cabea para Tip.

    Ao ouvir isto, o garoto ficou preocupado; pois ele sabia que Mombi tinha um corao mau evingativo, e que no hesitaria em lhe fazer alguma coisa de ruim.

    Eles entraram na casa. Era uma casa arredondada, com estrutura de cpula, como eram todas as

    casas de fazenda prximas na Terra de Oz.

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    Mombi mandou o menino acender uma vela, enquanto ela colocou sua cesta num armrio ependurou o casaco num cabide. Tip obedeceu rapidamente, pois estava com medo dela.

    Depois que a vela estava acesa, Mombi mandou que ele fizesse fogo na lareira, enquanto eleestava ocupado nisto, a velha mulher estava jantando.

    Quando o fogo comeou a crepitar, o menino veio a ela e pediu um pouco de po e queijo; masMombi lhe negou.

    Estou com fome! disse Tip, num tom de lamento.

    Voc no vai ter fome to cedo respondeu Mombi, com um olhar cruel.

    O garoto no gostou desta fala, pois soava como uma maldade; mas ele se lembrou que tinhanozes em seu bolso, ento ele quebrou algumas delas e comeu, enquanto a mulher se levantavae sacudia as migalhas de po e colocava uma pequena chaleira preta sobre o fogo.

    Ento ela mediu partes iguais de leite e vinagre e colocou na chaleira. Em seguida ela separouvrios pacotes de ervas e ps, e comeou a colocar pores de cada um deles na chaleira.

    De vez em quando ela olhava algum desenho perto da vela, e lia em um papel amarelado,receitas da gororoba que ela estava cozinhando.

    Quando Tip olhou para ela, a inquietao aumentou.

    Para que isso? ele perguntou.

    Para voc respondeu Mombi prontamente.

    Tip contorceu-se em seu banquinho e deu uma boa olhada para a chaleira, enquanto elacomeava a borbulhar. Ele olhou para a sria e enrugada bruxa e desejou estar em qualquerlugar, menos naquela cozinha escura e enfumaada, onde at mesmo as sombras feitas pela luzda vela na parede eram o suficiente para aterroriz-lo. Depois de uma hora, na qual o silencio eraapenas quebrado pelo borbulhar da chaleira e o chiado das chamas.

    Finalmente Tip falou outra vez.

    Eu tenho que beber essa coisa? ele perguntou, acenando para a panela.

    Sim disse Mombi.

    O que isto vai me fazer? Tip perguntou

    Se estiver corretamente misturado respondeu Mombi ir transform-lo numa esttua demrmore

    Tip gemeu e limpou o suor da testa com a manga.

    Eu no quero ser uma esttua de mrmore! ele protestou.

    No me importa que voc no queira ser disse a velha, olhando para ele severamente.

    Que utilidade eu vou ter ento perguntou Tip. Voc no ter ningum para trabalhar para voc.

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    Farei o cabea de abbora trabalhar para mim disse Mombi.

    Tip gemeu outra vez.

    Por que no me transforma num bode, ou uma galinha? perguntou ele, preocupado. Voc nopode fazer nada com uma esttua de mrmore.

    Oh, sim, eu posso respondeu Mombi eu planejo plantar um jardim de flores na prximaprimavera, e irei coloca-lo no meio, para decorar. Estou surpresa de no ter feito isso antes; voctem me aborrecido por anos.

    Com essa terrvel declarao Tip sentia as gotas de suor brotando por todo o corpo, mas elepermanecia sentado e tremendo e olhava preocupado para a chaleira.

    Acho que no ir funcionar ele murmurou, numa voz que parecia fraca e sem coragem.

    Oh, eu penso que ir respondeu Mombi, alegremente. Eu raramente erro.

    Novamente houve um perodo de silncio, um silncio to longo e melanclico, que quandoMombi finalmente retirou a chaleira do fogo, j estava prximo da meia noite.

    Voc no pode beber enquanto no estiver completamente frio anunciou a velha bruxa, poissegundo a lei ela tinha acabado de praticar feitiaria.

    Podemos ir dormir agora, e durante o dia eu vou lhe chamar e transform-lo de uma vez emesttua de mrmore.

    Com isto ela seguiu para seu quarto levando a fumegante chaleira consigo, e Tip ouviu-a fechar etrancar a porta.

    O garoto no conseguiu ir para a cama como ela tinha mandado, mas permaneceu sentadoolhando para as brasas que morriam na lareira.

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    A viagem dos fugitivos

    Tip pensava:

    " difcil ser uma esttua de mrmore", pensou revoltado "e eu no vou me tornar uma. Ela disseque, por anos, eu tenho sido um incmodo; e que vai se livrar de mim. Bem, h um jeito mais fcildo que se tornar uma esttua. Nenhum garoto jamais poderia se divertir ficando pra sempre nomeio de um jardim. Eu vou fugir, o que eu vou fazer - e vou antes de ela me fazer beber aquelacoisa horrvel da chaleira".

    Ele esperou at que os roncos da bruxa velha anunciassem que ela tinha dormido e, ento, ele

    surgiu sorrateiro e foi at o armrio achar algo pra comer."No adianta iniciar uma jornada sem comida". Ele decidiu procurar nas prateleiras estreitas.

    Ele achou alguns pedaos de po, mas teve que olhar na cesta de Mombi para achar o queijo queela trouxera do vilarejo. Enquanto revirava os itens na cesta, ele achou uma caixinha que continhao "p da vida".

    "Eu devo levar isso comigo" - pensou - "ou Mombi usar isso pra fazer mais travessuras". Ento,ele colocou a caixa no bolso, junto com o po e o queijo.

    Ento ele, cautelosamente, deixou a casa trancando a porta ao sair. Do lado de fora, a lua e as

    estrelas brilhavam, e a noite parecia calma e convidativa aps a pequena e malcheirosa cozinha.

    "Estou feliz em fugir" sussurrou Tip; "porque eu nunca gostei daquela velha. Eu me pergunto comoeu vim morar com ela."

    Ele caminhava vagarosamente pela estrada quando um pensamento o fez parar.

    "Eu no quero deixar o Jack cabea de abbora merc da velha Mombi", ele sussurrou. "E Jackme pertence. Foi eu quem o fez, mesmo que a bruxa velha tenha dado vida ele."

    Ele retomou seus passos em direo ao estbulo e abriu a porta do celeiro, onde o homem

    cabea de abbora foi deixado.Jack estava no meio do estbulo e, sob a luz da lua, Tip podia ver que ele estava sorrindoalegremente como sempre.

    "Vamos!" disse o menino acenando.

    "Pra onde?", perguntou Jack.

    "Voc saber assim que sairmos" respondeu Tip, sorrindo simpaticamente.

    "Tudo o que temos que fazer agora sair".

    "Muito bem", respondeu Jack, andando desajeitadamente para fora do estbulo sob a luz da lua.

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    Tip caminhou em direo estrada e o homem o seguiu. Jack andava mancando e, de vez emquando, a articulao de uma de suas pernas virava para trs, ao invs de pra frente, quase ofazendo cair. Mas o cabea-de-abbora percebeu rpido e comeou a andar devagar, assimcorria menos risco de acidentes.

    Tip o conduziu pela estrada sem parar. Eles no podiam andar rpido, mas andavamconstantemente e, quando a lua se escondeu e o sol surgiu nas montanhas, eles tinham ido longeo bastante, e o menino no tinha razes para temer que a velha bruxa fosse atrs deles.

    Alm disso, primeiro eles foram por um caminho e, depois, por outro, assim seria muito difcilsegui-los porque era difcil adivinhar por qual caminho eles tinham fugido ou onde procura-los.

    Feliz por ter escapado - ao menos por enquanto - de ser transformado em uma esttua demrmore, o menino e seu companheiro fizeram uma pausa e se sentaram em uma pedra beirada estrada.

    "Vamos tomar caf da manh", ele disse.Jack cabea de abbora assistia Tip curiosamente, mas se recusava a participar da refeio."Parece que eu no fui feito da mesma forma que voc", disse.

    "Eu sei que no", respondeu Tip, "porque eu fiz voc".

    "Oh, voc fez?", perguntou Jack.

    "Certamente. Eu montei voc. E esculpi seus olhos e seu nariz, suas orelhas e sua boca", disseTip orgulhoso, "E vesti voc".

    Jack olhou seu corpo criticamente."Me parece que voc fez um timo trabalho", comentou.

    "Mais ou menos", respondeu Tip, modestamente, comeando a observar certos defeitos naconstruo de seu companheiro. "Se eu soubesse que iriamos viajar juntos, teria feito um trabalhomelhor".

    "Ento", disse o cabea-de-abbora em tom de surpresa, "voc deve ser o meu criador, meupai!".

    "Ou seu inventor", respondeu rindo. "Sim, filho. Acredito que sim!".

    "Ento e te devo obedincia", continuou, "e voc me deve cuidado".

    "Exatamente", disse Tip, levantando. "ento, vamos andando".

    "Aonde vamos?" perguntou Jack logo que retomaram a caminhada.

    "Eu no tenho certeza", disse o menino, "mas acredito que estejamos indo para o Sul e, maiscedo ou mais tarde, chegaremos na Cidade das Esmeraldas".

    "Que lugar esse?", questionou o cabea-de-abbora.

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    "Bem, o centro de Oz e a maior cidade da regio. Eu nunca estive l, mas ouvi muitas histrias.Ela foi construda por um mgico poderoso chamado Oz, e tudo na cidade verde - assim comotudo aqui em Gillikins prpura."

    "Tudo aqui prpura?" perguntou Jack.

    "Claro, no est vendo?" respondeu o menino.

    - "Pensei que eu fosse daltnico", disse o cabea-de-abbora depois de pensar nisto.

    "Bem, a grama prpura, as rvores so prpura, as casas e as cercas so prpura", explicouTip. "At a lama das estradas prpura. Mas na Cidade das Esmeraldas tudo verde. E na terrados Munchkins, no oriente, tudo azul; E na cidade dos Quadlings, ao sul, tudo vermelho; e naterra dos Winkies, Oeste, onde o Homem de Lata governa, tudo amarelo."

    "Oh! disse Jack. Depois de uma pausa, ele perguntou: Voc disse que um homem de latagoverna os Winkies?

    - "Sim, ele ajudou Dorothy a destruir a bruxa m do leste, e os Winkies ficaram to agradecidosque o convidaram para ser seu governante - assim como as pessoas na Cidade das Esmeraldasconvidaram o Espantalho para ser seu governante.

    "Nossa!", disse Jack, "estou confuso com toda essa histria. Quem o Espantalho?"

    "Outro amigo de Dorothy", respondeu Tip.

    "E quem Dorothy?"

    " uma garota que veio do Kansas, um lugar no gigantesco mundo externo. Ela chegou a Oz emum ciclone e, enquanto esteve aqui, o Espantalho e o Homem de Lata a acompanharam em suasviagens.

    "E onde ela est agora?", perguntou o cabea-de-abbora.

    "Glinda, a bruxa boa, que governa os Quadlings, mandou-a de volta para casa", disse o menino.

    "Oh. E o que aconteceu com o Espantalho?"

    - "Eu te disse. Ele governa a Cidade das Esmeraldas", respondeu Tip.

    "Eu pensei que voc tinha dito que ela era governada por um mgico", disse Jack parecendomais confuso.

    - "Bem, eu disse. Agora, preste ateno. Eu vou explicar." disse Tip, falando bem devagar eobservando o sorriso do cabea-de-abbora encostar em seus olhos. "Dorothy foi Cidade dasEsmeraldas, pedir ao mgico que a mandasse de volta para casa. Mas o mgico no podiamand-la de volta, pois no era to mgico como deveria. E ento, eles ficaram com raiva domgico, e ameaaram denunci-lo; ento o mgico fez um grande balo e fugiu nele e, desdeento, nunca mais foi visto."

    " uma histria muito interessante", disse Jack, bem satisfeito "e eu entendi perfeitamente a

    explicao".

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    "Fico feliz que tenha entendido", respondeu Tip. "Depois que o mgico se foi, o povo da Cidadedas Esmeraldas fizeram do Espantalho, seu rei; e eu ouvi que ele se tornou um governante muitopopular"

    "E ns vamos ver esse estranho rei?" perguntou Jack, interessado.

    "Acho que devemos", respondeu o menino, "a menos que voc tenha algo mais interessante parafazer".

    "Ah, no pai", disse o Cabea-de-abbora. "Estou disposto a ir onde voc for."

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    Tip faz um experimento mgico

    O garoto, pequeno e de aparncia delicada, pareceu se sentir atrapalhado por ser chamado de"pai", pelo alto e estranho cabea-de-abbora. Mas, para evitar uma longa e tediosa discussosobre o tipo de relacionamento, ele mudou de assunto rapidamente: Voc est cansado?

    "Claro que no!", respondeu o outro. "Mas", continuou aps uma pausa, " certo de que minhasjuntas de madeira vo desgastar se continuar andando."

    Tip refletiu, enquanto caminhavam. Ele comeou a se arrepender por no ter feito os membros demadeira mais resistentes e com maior cuidado. E ainda, como ele nunca poderia imaginar que o

    homem que ele tinha feito, apenas para assustar a velha Mombi, seria trazido vida por meio deum p mgico contido em uma caixinha velha de pimenta?

    Assim, ele deixou de reprovar a si mesmo, e comeou a pensar em como ele ainda poderiacorrigir as deficincias das articulaes de Jack.

    Assim, enquanto ocupados, eles chegaram ao p de uma rvore, e o menino sentou-se paradescansar em um velho cavalete que algum lenhador deixou por l.

    "Por que no se senta?" perguntou ao cabea-de-abbora.

    "No vai esticar minhas articulaes?", perguntou o outro.

    "Claro que no. Vai descans-las." respondeu o menino.

    Ento, Jack tentou sentar, mas assim que ele dobrou suas juntas mais do que o de costume, elasestalaram. Ele caiu no cho, fazendo um som com como se tivesse quebrado. Tip temeu que eleestivesse completamente arruinado.

    Ele correu at Jack, o levantou, endireitou seus braos e pernas e verificou sua cabea para saberse tinha quebrado. Mas Jack parecia estar em perfeito estado, apesar de tudo, e Tip disse a ele:

    "Acho que melhor voc ficar assim. Parece mais seguro."

    "Muito bem, querido pai. Como quiser.", respondeu Jack, sorridente, que tinha ficado confusocom a queda.

    Tip sentou novamente. Em seguida, o cabea-de-abbora perguntou:

    "O que isso em que voc t sentado?.

    "Ah, isso um cavalo", respondeu o menino, descuidadamente.

    "E o que um cavalo?", perguntou Jack.

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    "Um cavalo? Bem, existem dois tipos de cavalo", respondeu Tip, meio confuso para explicar. "Umtipo de cavalo tem vida, e tem quatro patas e uma cabea e um rabo. E as pessoas montamneles".

    "Entendi", disse Jack, alegre. "Esse o tipo de cavalo no qual voc est sentado agora".

    "No, no ", respondeu Tip prontamente.

    "Por que no? Ele tem quatro patas, uma cabea e um rabo." Tip olhou o cavaletecuidadosamente, e percebeu que o cabea-de-abbora estava certo. O corpo tinha sido feio deum tronco de rvore e um ramo projetava-se em uma das extremidades e se parecia muito comum rabo. Na outra ponta, havia dois ns que se pareciam muito com olhos, e havia uma rachaduraque poderia facilmente ser confundida com a boca de um cavalo. Quanto s quatro patas, elaseram quatro troncos de rvore ligeiramente presos ao corpo, sendo bem afastados para que ocavalo estivesse firme, quando uma tora fosse apoiada nele para ser serrada.

    "Isso se parece mais com um cavalo do que eu imaginei", disse Tip, tentando explicar. "Mas umcavalo de verdade est vivo, e cavalga, empina e come feno, enquanto esse apenas um cavalofeito de madeira, e usado pra serrar toras."

    "Se ele estivesse vivo, ele no andaria, empinaria e comeria feno?", questionou o cabea-de-abbora.

    "Talvez ele at cavalgasse, mas no comeria feno", respondeu o menino, rindo da ideia. "Mas claro que ele nunca poderia estar vivo, porque feito de madeira."

    "Tanto quanto eu", respondeu o homem. Tip o olhou com espanto.

    "Claro, voc tambm !", exclamou. "E o p mgico que o trouxe a vida est aqui no meu bolso."

    Ele pegou a caixinha de pimenta e a olhou curiosamente.

    "Eu queria", disse pensativo, "que fosse possvel dar vida ao cavalo."

    - "Se fosse possvel", respondeu Jack, no parecendo surpreso, "Eu poderia montar nele, e noiria desgastar minhas juntas ao andar".

    "Eu vou tentar!", disse o garoto, ficando de p. "Eu gostaria de lembrar as palavras que a velhaMombi disse, e da forma que ela levantou as mos."

    Ele pensou por um momento. Uma vez que tinha assistido cuidadosamente cada movimento davelha bruxa e ouvido suas palavras, ele acreditava que poderia repetir exatamente o que ela tinhafeito.

    Ento ele comeou a jogar um pouco do p mgico da vida sobre o corpo do cavalo. Depois,levantou sua mo esquerda, com o dedo apontando para cima e disse:

    "Weaugh!"

    "O que isso significa papai?", perguntou Jack, curioso.

    "Eu no sei", respondeu Tip. Depois ele levantou a mo direita, com o polegar apontado paracima e disse:

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    "Teaugh!"

    "O que isso, pai?", questionou Jack.

    "Significa que voc deve ficar quieto!", respondeu o menino, irritado por ter sido interrompido emum momento to importante.

    "Como eu aprendo rpido!", comentou o cabea-de-abbora, com o seu eterno sorriso.

    Agora Tip tinha levantado as duas mos acima de sua cabea, com todos os dedos apontadospara cima, e gritou bem alto:

    "Peaugh!"

    Imediatamente, o cavalo se moveu, esticou suas patas, relinchou com sua boca cortada, esacudiu seu corpo, tirando um pouco de p de seu corpo. O restante do p parece ter sidoabsorvido pelo corpo do cavalo.

    "Bom!", disse Jack, enquanto o menino olhava atnito. "Voc um feiticeiro muito inteligente,papai!"

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    O Despertar do Cavalete

    O Cavalete, percebendo que estava vivo, parecia estar mais atnito do que Tip. Ele mexia seusolhos de n de um lado para outro, dando uma primeira olhada maravilhado no mundo, no qualagora ele tinha uma existncia. Ento ele tentou olhar para si mesmo; no entanto ele no tinha umpescoo pra girar; ento, na tentativa de ver seu corpo, f icou dando voltas e voltas, sem conseguircontemplar a si mesmo. Suas pernas eram duras e no se dobravam, pois no tinha articulaesdos joelhos; de repente ele deu uma batida em Jack Cabea-de-Abbora e derrubou opersonagem sobre o musgo da beira da estrada.

    Tip ficou assustado com o acidente, e tambm pela insistncia do Cavalete em ficar girando em

    crculos, ento ele chamou:

    ooa! ooa l!

    O Cavalete no deu nenhuma ateno a este comando, e de repente bateu com uma das pernasna perna de Tip, que sentiu dor e correu para longe, de onde gritou outra vez:

    Eu disse, ooaa! ooaa!

    Jack agora estava sentado, e olhava para o Cavalete com interesse.

    No creio que o animal possa ouvir voc ele disse.

    Eu gritei alto, no? respondeu Tip, zangado.

    Sim, mas este cavalo no tem orelhas disse o Cabea-de-Abbora sorridente.

    Realmente voc est certo! exclamou Tip, percebendo este fato pela primeira vez. Ento, comofao pra par-lo?

    Mas, por um instante o Cavalete parou sozinho, pois concluiu que era impossvel ver o prpriocorpo. Ele olhou para Tip novamente e veio para perto dele, para olhar para o menino maisatentamente.

    Era realmente engraado ver a criatura andando, pois ele movia as duas pernas de cada lado deuma s vez. Como um cavalo de brinquedo faz, balanando-se como um bero.

    Tip deu tapinhas carinhosas na cabea dele e disse: Bom garoto! Bom garoto! e o Cavaleteempinou-se e foi examinar o Cabea-de-Abbora com seus olhos arregalados.

    Tenho que arranjar arreios para ele disse Tip; e dando uma procurada nos bolsos, encontrou umfio de corda forte. Desenrolando, ele se aproximou do Cavalete e amarrou a corda em volta deseu pescoo, e prendeu a outra ponta em uma grande rvore. O Cavalete, sem entender osignificado disto, andou para trs e partiu a corda facilmente; mas no fez nenhuma tentativa defugir.

    Ele mais forte do que pensei disse o menino, e mais obstinado tambm,

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    Porque voc no faz umas orelhas para ele? perguntou Jack. Ento poder dizer a ele o quefazer.

    Que ideia esplndida! disse Tip. Como voc conseguiu pensar numa coisa dessas?

    Bem, eu no pensei sobre isso, respondeu o Cabea-de-Abbora no precisei, pois esta era acoisa mais simples a se fazer.

    Ento Tip puxou sua faca e esculpiu orelhas a partir do galho de um pequena rvore.

    No devo faze-las muito grandes ele disse enquanto esculpia, ou nosso cavalo vai se tornar umburro.

    Como assim? perguntou Jack, estando ao lado da estrada.

    Bem, um cavalo tem orelhas maiores que as de um homem; e um burro tem orelhas maiores queas de um cavalo explicou Tip.

    Ento, se minhas orelhas fossem maiores, eu poderia ser um cavalo? perguntou Jack.

    Meu amigo disse Tip muito srio, voc jamais ser outra coisa alm de um Cabea-de-Abbora,no importa quo grandes sejam suas orelhas.

    Oh disse Jack assentindo com a cabea acho que entendi.

    Se voc entendesse seria bom, respondeu o menino mas no h mal em achar que entendeu.Eu acho que essas orelhas esto prontas agora. Voc segura o cavalo enquanto eu as coloconele?

    Claro, se voc me ajudar a ficar de p disse Jack.

    Ento Tip o colocou de p, e o Cabea-de-Abbora veio at o cavalo e segurou a cabea deleenquanto o menino fazia dois buracos nela com a lmina da faca e inseria as orelhas.

    Elas o fazem ficar muito bonito disse Jack admirado.

    Mas estas palavras, ditas perto do Cavalete, foram o primeiro som que ele ouviu, de modo que elese assustou e pulou, derrubando Tip para um lado e Jack do outro. Em seguida ele continuoucorrendo em frente, como se estivesse com medo do barulho dos seus prprios passos.

    ooa! gritou Tip, levantando-se; ooa! Seu idiota,ooaa! O Cavalete provavelmente no teriaprestado ateno a isto, mas neste momento ele enfiou a perna num buraco de toupeira e ficou nocho cado de pernas para cima, mexendo freneticamente as patas no ar.

    Tip correu at ele.

    Voc um timo tipo de cavalo, tenho que admitir! ele exclamou ironicamente. Porque voc noparou quando eu gritei oa?

    Ento oa significa parar? Perguntou o Cavalete, numa voz surpresa, enquanto virava os olhospara ver o garoto.

    claro respondeu Tip.

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    E um buraco no cho significa parar tambm, no ? continuou o cavalo.

    Com certeza; a menos que voc queira parar nele disse Tip.

    Que lugar estranho falava a criatura, como se estivesse maravilhado. O que eu estou fazendoaqui?

    Bem, eu trouxe voc vida respondeu o menino mas voc no ir se machucar nunca se meouvir e fizer o que eu lhe digo.

    Ento eu irei fazer tudo o que voc me disser respondeu o Cavalete humildemente. Mas o queaconteceu comigo um momento atrs? Eu no estou mais vendo as coisas direito, de algummodo.

    Voc est de cabea para baixo explicou Tip. Mas deixe essas pernas paradas por um minutoe eu vou colocar voc do lado certo outra vez.

    Quantos lados eu tenho? perguntou a criatura admiradamente.

    Muitos disse Tip mas mantenha essas pernas paradas.

    O Cavalete ento ficou quieto, e deixou as pernas imveis; ento Tip, depois de muito esforo,conseguiu vir-lo para o lado certo.

    Oh, eu vejo tudo corretamente agora disse o animal alegremente, com um sorriso.

    Uma das orelhas est quebrada Tip falou aps um cuidadoso exame. Tenho que fazer umanova.

    Ento ele levou o Cavalete de volta para onde Jack estava tentando, sem sucesso, se colocar dep, e depois de ajudar o Cabea-de-Abbora a levantar-se, Tip esculpiu uma nova orelha erapidamente a colocou na cabea do cavalo.

    Agora ele disse, dirigindo-se ao cavalo preste ateno no que eu vou lhe dizer. oa! significaque voc deve parar; Em frente! significa que voc deve andar para a frente; Trotar! significaque voc deve ir o mais rpido que puder. Entendeu?

    Acho que entendi respondeu o cavalo.

    Muito bom. Ns estamos indo em uma jornada para a Cidade das Esmeraldas, para ver sua

    Majestade, o Espantalho; e Jack Cabea-de-Abbora vai montado em suas costas, para nodesgastar as articulaes.

    Tudo bem disse o Cavalete. Tudo que lhe satisfaz me satisfaz.

    Ento Tip ajudou Jack a montar sobre o cavalo.

    Segure firme ele avisou ou voc poder cair e quebrar sua cabea de abbora.

    Isto seria horrvel! disse Jack estremecendo. Mas em qu vou me segurar?

    Bem, segure nas orelhas dele respondeu Tip, depois de um momento de hesitao.

    No faa isso! reclamou o Cavalete; pois seno eu no vou poder ouvir.

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    Parecia ter sentido, ento Tip tentou pensar em mais alguma coisa.

    Vou consertar isso! ele disse por fim. Ele foi a floresta e cortou um pequeno toco de madeira deuma rvore jovem e robusta. Num dos lados ele esculpiu uma ponta, e ento ele fez um buraconas costas do Cavalete, bem atrs da cabea. Em seguida ele pegou uma pedra da estrada e

    martelou forte o toco com ela, prendendo-o firme nas costas do animal.Pare! Pare! exclamou o cavalo; voc est me rangendo terrivelmente.

    Di? perguntou o menino.

    No di exatamente respondeu o animal; mas me faz ficar bastante nervoso por estarrangendo.

    Bem, j est terminado disse Tip, encorajando. Agora Jack, segure-se forte neste toco e entono poder cair e se quebrar.

    Jack segurou firme, e Tip disse ao cavalo:

    Em frente.

    A criatura obediente comeou a andar para a frente, balanando-se de um lado para o outroenquanto levantava os ps do cho.

    Tip caminhava ao lado do Cavalete, bastante contente com este acrscimo ao grupo. Elecomeou a assobiar.

    O que este som significa? perguntou o cavalo.

    No d nenhuma ateno a isto disse Tip. Estou apenas assobiando, e isto quer dizer apenasque estou muito satisfeito.

    Eu poderia assobiar, se eu conseguisse juntar meus lbios disse Jack. Temo, querido pai, queem alguns aspectos eu esteja em falta.

    Depois de percorrerem uma longa distancia, o estreito caminho por onde estavam seguindo setornou em uma larga estrada, pavimentada com tijolos amarelos. Ao lado da estrada Tip percebeuum poste de sinalizao que dizia:

    CIDADE DAS ESMERALDAS A 14 KILOMETROS

    Mas estava escurecendo, ento eles decidiram acampar por esta noite ao lado da estrada, econtinuar a jornada no amanhecer do dia seguinte. Ele levou o Cavalete at um monte de gramaalta no meio de algumas rvores e ajudou o Cabea-de-Abbora a desmontar.

    Eu acho que devo deixa-lo deitado sobre o cho durante a noite disse o menino. Voc vai estarseguro deste modo.

    E eu? perguntou o Cavalete.

    Voc no se machuca por ficar de p respondeu Tip; e como voc no ode dormir, pode vigiar

    para que ningum se aproxime para nos incomodar.

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    Ento o menino se deitou sobre a grama prximo ao Cabea-de-Abbora e como estava muitocansado pela jornada, dormiu rapidamente.

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    Jack Cabea-de-Abbora cavalga para a Cidade das

    Esmeraldas

    Na madrugada Tip foi acordado pelo Cabea-de-Abbora. Ele afastou o sono dos olhos tomandobanho num pequeno riacho, e ento comeu um pouco de po e queijo. Estando assim preparadopara um novo dia, o garoto disse:

    Devemos comear imediatamente, nove quilmetros uma distncia e tanto, mas devemoschegar pelo meio dia, se no acontecer nenhum acidente. Ento o Cabea-de-Abbora foinovamente empoleirado na garupa do Cavalo-Serrado e a viagem foi retomada.

    Tip notou que a colorao roxa da grama e das rvores, tinha agora se tornado um roxo-lavandaentediante; e depois de algum tempo este lavanda passou a assumir uma colorao esverdeada,e o verde se tornava mais intenso e radiante medida que eles se aproximavam da grandecidade, onde o Espantalho governava.

    O pequeno grupo tinha percorrido umas pequenas duas milhas, quando chegaram a um ponto emque um rio de forte correnteza cruzava a estrada de tijolos amarelos . Tip ficou confuso sobrecomo atravessar, mas depois de um tempo ele descobriu um homem em um tipo de balsa, sevindo da margem oposta do rio.

    Quando o homem estava prximo, Tip perguntou:

    Voc vai nos levar para o outro lado?

    Sim, se voc tiver dinheiro respondeu o barqueiro, que tinha uma cara desagradvel.

    Mas eu no tenho dinheiro disse Tip.

    Nenhum mesmo? perguntou o homem.

    Nenhum mesmo respondeu o garoto.

    Ento no irei gastar meus remos levando voc disse o barqueiro decididamente.

    Que homem agradvel! comentou o Cabea-de-Abbora, sorridente.

    O barqueiro olhou para ele, mas no respondeu. Tip estava tentando pensar, pois era uma grandedecepo ter sua jornada encerrada assim to de repente.

    Eu preciso chegar Cidade das Esmeraldas ele disse ao barqueiro; mas como eu possoatravessar o rio se voc no me levar?

    O homem riu, e no era uma risada agradvel.

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    Aquele cavalo de madeira ir flutuar ele disse; e voc pode atravessar montado. Quanto aoCabea-de-Abbora tratante que lhe acompanha, deixe-o afundar ou nadar, isso no vai importarmuito nesse caso

    No se preocupe comigo, disse Jack, rindo com prazer por causa do desagradvel barqueiro,

    tenho certeza de que irei flutuar lindamente.Tip achou que a experincia valia a pena, e o Cavalete, que no sabia o significado de perigo,

    no fez objees.

    Ento, o menino o levou para dentro da gua e subiu em suas costas. Jack tambm entrou at osjoelhos e segurou-se na cauda do cavalo para que pudesse manter a cabea de abbora acimada gua.

    Agora, disse Tip, instruindo o Cavalete, se voc agitar suas pernas, provavelmente vai nadar; ese voc nadar, vai provavelmente alcanar o outro lado.

    O Cavalete com isto comeou a mexer suas pernas, que atuaram como remos e moveulentamente os aventureiros ao lado oposto do rio. A viagem foi to bem sucedida que agora elesestavam subindo, molhados e pingando, a margem gramada.

    As pernas da cala de Tip e seus sapatos estavam completamente encharcados; mas o Cavaletetinha flutuado to perfeitamente que dos joelhos para cima o garoto estava inteiramente seco.Quanto ao Cabea-de-abbora, cada parte de sua linda roupa pingava gua.

    O sol logo vai nos secar, disse Tip e de qualquer maneira estamos salvos do outro lado,independente do barqueiro, e podemos prosseguir nossa jornada.

    Eu no me importo de nadar, seja como for comentou o cavalo.

    "Eu tambm no," acrescentou Jack.

    Eles logo reencontraram a estrada de tijolos amarelos, que mostrou ser uma continuao damesma que eles deixaram do outro lado, ento Tip montou o Cabea-de-abbora mais uma vezna garupa do Cavalete.

    Se voc cavalgar rpido ele disse o vento ir ajudar a secar suas roupas. Eu vou segurar norabo do cavalo e correr atrs. Fazendo assim todos ns iremos ficar secos e pouqussimo tempo.

    "Ento o cavalo deve apressar o passo," disse Jack."Vou fazer meu melhor" respondeu o Cavalete, alegremente.

    Tip agarrou a ponta de galho que servia como cauda do Cavalete e gritou alto: Vamos nessa!

    O cavalo comeou num bom passo, e Tip seguiu atrs. Ento ele decidiu que eles poderiam irmais rpido, ento gritou: Trotar!

    Agora o Cavalete se lembrou que esta palavra era o comando para ir o mais rpido que pudesse;ele comeou a bambear pela estrada num tremendo passo, e Tip teve muito trabalho correndomais rpido do que ele j tinha em toda sua vida para acompanhar o passo.

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    Logo ele estava sem ar, e por mais que ele quisesse gritar um Whoa! para o cavalo, eledescobriu que no conseguia tirar nada da garganta. Ento a ponta da cauda que ele estavasegurando, sendo nada mais do que um galho morto, quebrou-se de repente, e no minutoseguinte o garoto estava rolando na poeira da estrada, enquanto o cavalo e seu cavaleiro dacabea de abbora frustrada e rapidamente desapareceram na distancia.

    Nesse tempo, Tip levantou-se e limpou a poeira da garganta para poder dizer oaa!, mas nohavia mais necessidade de dizer isto, pois o cavalo j tinha sumido de vista a tempo.

    Ento, ele fez a nica coisa sensata que podia fazer. Ele sentou-se e deu uma boa descansada,depois comeou a caminhar ao longo da estrada.

    Em algum momento eu certamente vou alcana-los ele refletiu; pois essa estrada acaba nosportes da Cidade das Esmeraldas, e eles no podem ir mais longe do que isso.

    Enquanto isso, Jack estava segurando forte no toco e o Cavalete estava rasgando pela estrada

    como um cavalo de corrida. Nenhum deles percebeu que Tip tinha ficado para trs, pois oCabea-de-abbora no olhou em volta e o Cavalete no podia fazer isso.

    Enquanto cavalgava, Jack percebeu que a grama e as arvores tinham adquirido uma cor verde-esmeralda brilhante, ento ele sups que estavam se aproximando da Cidade das Esmeraldas,mesmo que as cpulas e torres altas ainda no estivessem vista.

    Por fim, um muro alto de pedra verde, cravejado grosseiramente com esmeraldas, surgiu diantedeles; e com medo que o Cavalete no fosse sbio o suficiente para parar e ento esmaga-loscom fora contra o muro, Jack aventurou-se a berrar ooaa! o mais alto que ele pde.

    Repentinamente o cavalo obedeceu, e se no estivesse bem agarrado a seu toco, a cabea deJack teria voado longe, e ele teria seu belo rosto arruinado.

    Isto foi um passeio rpido, querido pai! ele exclamou; e ento, sem ouvir resposta, ele se virou edescobriu pela primeira vez que Tip no estava l.

    Esta aparente desero intrigou o Cabea-de-abbora, e o deixou confuso. E enquanto ele seperguntava o que teria acontecido com o garoto, e o que deveria fazer nestas circunstnciasdifceis, uma porta foi aberta no muro verde e um homem saiu.

    Este homem era baixinho e arredondado, com uma cara gorda notavelmente bem humorada. Eleestava todo vestido de verde e usava um vistoso chapu verde pontudo e culos verdes.

    Inclinando-se diante do Cabea-de-abbora ele disse:

    Eu sou o guardio dos Portes da Cidade das Esmeraldas. Posso perguntar quem so vocs, equais so seus negcios?

    Meu nome Jack Cabea-de-abbora disse o outro, sorrindo; mas quanto a meus negcios, euno tenho a mnima ideia no mundo do que seja isto

    O Guardio dos Portes olhou-o surpreso, e sacudiu a cabea como se estivesse insatisfeito coma resposta.

    O que voc , um homem ou uma abbora? ele perguntou educadamente.

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    Sou os dois, se quer saber respondeu Jack.

    E este cavalo de madeira ele est vivo? questionou o Guardio.

    O cavalo deu uma olhada maliciosa para Jack e piscou um olho. Ento ele empinou-se e desceucom uma das patas sobre o p do guardio.

    Aaai! gemeu o homem; Me desculpe, eu perguntei isso, mas a resposta mais queconvincente. O senhor tem alguma incumbncia na Cidade das Esmeraldas?

    Parece-me que eu tenho, respondeu o Cabea-de-abbora seriamente; mas eu no consigopensar o que . Meu pai sabe tudo sobre isso, mas ele no est aqui."

    Este um caso estranho, muito estranho! declarou o Guardio. Mas voc parece serinofensivo. Pessoas no sorriem to deliciosamente quando pretendem fazer travessuras.

    Quanto a isso, disse Jack, Eu no posso ajustar meu sorriso, pois ele foi esculpido na minha

    cara com um canivete.

    Bem, venho comigo em minha sala, concluiu o Guardio, e eu verei o que posso fazer porvoc.

    Ento Jack conduziu o Cavalete atravs da porta para uma pequena sala construda no muro. OGuardio puxou a cordinha de um sino e um soldado muito alto apresentou-se vestido em umuniforme verde entrou por uma porta do lado oposto. Este soldado portava uma longa armaverde sobre o ombro e tinha amveis bigodes verdes que desciam at seus joelhos. O Guardiose dirigiu a ele dizendo:

    Aqui est um estranho cavalheiro que no sabe porque veio para a Cidade das Esmeraldas, ou oque ele quer. Diga-me, o que devemos fazer com ele?

    O Soldado de bigode verde olhou para Jack com muita ateno e curiosidade. Finalmente elebalanou a cabea positivamente, de modo que pequenas ondas agitaram seu bigode, ento eledisse:

    Devemos leva-lo para Sua Majestade, o Espantalho.

    Mas o que Sua Majestade o Espantalho far com ele? perguntou o Guardio dos Portes.

    Isso so negcios de Sua Majestade, respondeu o soldado. Eu j tenho problemas suficientespor minha conta. Todos os problemas de fora devem ser encaminhados para Sua Majestade.Ento coloque os culos neste camarada e eu irei leva-lo ao palcio real.

    Ento o Guardio abriu uma grande caixa de culos e tentou encaixar um par nos grandes olhosde Jack.

    Eu no tenho um par no estoque que v realmente cobrir esses olhos disse o homenzinho comum suspiro; e sua cabea to grande que vou precisar amarrar os culos nela.

    Mas porque eu preciso usar culos? perguntou Jack.

    Esta a moda aqui, disse o soldado, e eles vo impedir voc de ser cegado pelo brilho intensoe resplandecente da Cidade das Esmeraldas.

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    Oh! exclamou Jack. Amarre-o do melhor modo possvel. Eu no quero ficar cego.

    Nem eu! interrompeu o Cavalete; ento um par de culos verdes foi rapidamente fixado sobreos ns salientes que lhe serviam de olhos.

    Ento o soldado de bigode verde levou-os pelo porto interno e eles saram na rua principal damagnfica Cidade das Esmeraldas.

    Grandes pedras verdes cintilantes ornamentava a frente de lindas casas e as torres e obeliscoseram todos cobertos com esmeraldas. At mesmo o pavimento de mrmore verde brilhava compedras preciosas, e isto era mesmo um grande e maravilhoso espetculo para quem via pelaprimeira vez.

    Entretanto o Cabea-de-abbora e o Cavalete no sabiam nada sobre luxo e riqueza, dandopouca ateno para a maravilhosa viso que eles viam atravs dos culos.

    Eles calmamente seguiam atrs do soldado verde, e mal percebiam a multido de pessoas verdes

    que olhavam para eles surpresas. Quando um cachorro verde saiu correndo e latiu para eles, oCavalete o chutou com sua perna de pau o que o fez correr uivando para uma das casas; masno houve nada mais srio que isso para interromper seu caminho para o palcio real.

    O Cabea-de-abbora queria subir os degraus de mrmore verde montado e ir diretamente presena do Espantalho; mas o soldado no permitiria isso. Jack desmontou com grandedificuldade e um servo levou o Cavalete para a retaguarda, enquanto o soldado de bigode verdeescoltou o Cabea-de-abbora ao palcio, pela porta principal.

    O estrangeiro foi deixado em uma sala de espera luxuosamente enfeitada, enquanto o soldadosaiu para anuncia-lo. Acontece que naquele momento Sua Majestade estava com tempo livre egrandemente aborrecido por no ter nada de interessante para fazer, assim, ordenou que seuvisitante fosse levado sala do trono naquele exato momento.

    Jack no sentiu medo ou constrangimento em conhecer o governante de to magnfica cidade,pois ele era totalmente ignorante sobre todos os costumes comuns. Mas quando foi introduzido sala do trono e viu Sua Majestade o Espantalho pela primeira vez, sentado em seu tronoreluzente, ele parou maravilhado.

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    Sua majestade, o Espantalho

    Suponho que qualquer leitor deste livro saiba o que um espantalho, mas Jack cabea-de-abbora nunca tinha visto algo do tipo, e ficou mais surpreso ao encontrar o notvel Rei de Cidadedas Esmeraldas do que qualquer experincia em sua curta vida.

    Sua majestade, o espantalho, estava vestindo um terno azul desbotado, e sua cabea erasomente um saco cheio de palha, em que os olhos, orelhas, nariz e boca foram rudementepintados para representar um rosto. As roupas tambm eram preenchidas com palha, de formato desigual ou descuidada que os braos e pernas de Sua Majestade pareciam mais acidentadosdo que o necessrio. Sobre suas mos havia luvas com longos dedos, que eram forradas comalgodo. Tufos de palha saiam do casado do monarca e, tambm, de seu colarinho e botas. Sobresua cabea, ele usava uma pesada coroa de ouro grosso com joias cintilantes, e o peso da coroa

    causava rugas em sua testa, dando ao rosto pintado, uma expresso pensativa. De fato, s acoroa o indicava como majestade. No restante, o Rei Espantalho era um simples espantalho:frgil, estranho e insubstancial.

    Mas se a aparncia estranha de Sua Majestade parecia chocante a Jack, a forma do cabea-de-abbora no parecia menos estranha ao espantalho. As calas roxas, o colete rosa e a camisavermelha pendiam sobre as articulaes de madeira que Tip tinha feito, e o rosto esculpido naabbora sorria sempre, como se considerasse a vida a coisa mais alegre que se pudesseimaginar.

    A princpio, Sua Majestade pensou que seu entranho visitante estava rindo dele, e estava dispostoa ressentir-se de tal liberdade; mas no era toa que o Espantalho tinha atingido a reputao domais sbio personagem do Mundo de Oz. Ele examinou seu visitante mais cuidadosamente, elogo descobriu que o rosto de Jack tinha sido esculpido com um sorriso e que ele no poderiaolhar srio mesmo que quisesse.

    O Rei foi o primeiro a falar. Depois de olhar Jack por alguns minutos, disse, em tom de admirao:

    De que lugar da terra voc veio, e como pode estar vivo?

    Perdo, Vossa Majestade, respondeu o cabea-de-abbora, mas eu no entendi.

    O que voc no entendeu?, perguntou o Espantalho.

    Ora, eu no entendo o seu idioma. Veja, eu venho do pas de Gillikins, por isso sou estrangeiro.

    Ah, claro!, exclamou o Espantalho. Eu falo a lngua dos Munchkins, que tambm a lngua daCidade das Esmeraldas. Mas suponho que voc fale a lngua dos cabea-de abbora.

    Exatamente por isso, Vossa Majestade, respondeu o outro, inclinando-se. Por isso, serimpossvel que possamos nos entender.

    Isto, certamente, uma infelicidade, disse o Espantalho, pensativo. Precisamos de uminterprete.

    O que um intrprete?, perguntou Jack.

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    Algum que entenda bem as duas lnguas, Quando eu disser algo, o intrprete pode traduzir avoc, e quando voc disser algo, o intrprete me dir o que voc quer dizer. Pois um intrpretepode entender as duas lnguas to bem quanto falar.

    Isso certamente sbio, disse Jack, muito contente por encontrar um caminho to simples para

    resolver o problema.Ento, o Espantalho ordenou ao soldado do bigode verde que procurasse, entre a populao,algum que entendesse a lngua de Gillikins to bem quanto a lngua de Cidade das Esmeraldas,e que trouxesse essa pessoa a ele.

    Quando o soldado saiu, o Espantalho disse:

    No quer pegar uma cadeira enquanto espera?.

    Vossa Majestade esquece que eu no posso entend-lo, respondeu o cabea-de-abbora. Sedesejas que eu me sente, precisa fazer um gesto para que eu entenda. O Espantalho desceu de

    seu trono e puxou uma poltrona at o cabea-de abbora. Depois, ele empurrou Jack torepentinamente, que o dobrou como um canivete, de forma que era difcil sair daquela posio.

    Voc entendeu esse sinal?, perguntou Sua Majestade, educadamente.

    Perfeitamente, declarou Jack, usando os braos para virar a cabea para frente, pois a abboratinha virado sobre seu apoio.

    Voc parece ter sido feito s pressas, disse o Espantalho, observando o esforo de Jack para seajeitar.

    No mais do que Vossa Majestade, respondeu francamente.H uma diferena entre ns, disse o Espantalho, visto que eu me dobro, mas no quebro e vocquebra, mas no se dobra.

    Neste momento, o soldado retornou trazendo uma jovem. Ela parecia doce e modesta, com umrosto bonito e lindos olhos e cabelos verdes. Uma elegante saia de seda verde alcanava osjoelhos, mostrando meias de seda bordadas com ervilhas e chinelos de cetim verde, decoradocom folhas de alface, ao invs de arcos ou fivelas. Sobre a cintura, havia trevos bordados e elavestia um casaco enfeitado com esmeraldas cintilantes de tamanho uniforme.

    Ora, a pequena Jellia Jamb!, exclamou o Espantalho, enquanto a donzela se inclinava a ele.Voc entende o idioma dos Gillikins, querida?

    Sim, Vossa Majestade, respondeu, pois eu nasci no pas do norte.

    Ento, voc ser nossa intrprete, disse o Espantalho, e dir ao cabea-de-abbora tudo o queeu disser e a mim, o que ele disser. Est de acordo?, perguntou ao seu convidado.

    Certamente, foi a resposta.

    Pergunte a ele, disse o Espantalho, dirigindo-se a Jellia, o que o traz Cidade das Esmeraldas.

    Mas, ao invs disso a garota, que tinha ficado assustada com Jack, disse a ele:

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    Voc certamente uma criatura estranha. Quem o fez?.

    Um menino chamado Tip, respondeu Jack.

    O que ele disse?, perguntou o Espantalho. Meus ouvidos me enganam. O que ele disse?

    Ele disse que Vossa Majestade parece ter perdido o crebro, respondeu a garota,recatadamente.

    O espantalho se inquietou em seu trono, apoiando a cabea em sua mo esquerda.

    Que interessante entender duas lnguas, disse ele, suspirando perplexo. Pergunte a ele,querida, se ele tem alguma objeo a ser trancafiado na priso, por insultar o lder de Cidade dasEsmeraldas.

    Eu no o insultei!, protestou Jack, indignado.

    Silncio, advertiu o Espantalho, aguarde at que Jellia traduza meu discurso. Para qu temosum intrprete, se voc age desta forma imprudente?.

    Tudo bem, vou esperar, respondeu o cabea-de-abbora, em um tom mal-humorado contudo,seu rosto sorria como sempre. Traduza o discurso, mocinha.

    Sua Majestade pergunta se est com fome, disse Jellia.

    Oh, de modo algum!, respondeu Jack, educadamente, pois impossvel que eu coma.

    Para mim tambm, disse o Espantalho. O que ele disse Jellia, querida?

    Ele perguntou se voc sabe que um dos seus olhos foi pintado maior do que o outro, disse amenina, maliciosamente.

    No acredite nela, Vossa Majestade, chorou Jack.

    Oh, eu no acredito, respondeu o Espantalho, calmamente. Ento, lanando um olharpenetrante na garota, perguntou:

    Voc tem certeza que entende bem ambos os idiomas dos Gillikins e dos Munchkins?.

    Certeza, Vossa Majestade, disse Jellia, tentando no rir na frente da realeza.

    Ento, porque tenho a impresso que entendo tudo o que ele diz?, perguntou o Espantalho.

    Porque elas so a mesma lngua!, declarou a garota, rindo alegremente. Vossa Majestade nosabia que no mundo de Oz, apenas uma lngua falada?.

    realmente assim?, gritou o espantalho, aliviado ao ouvir isso, ento eu poderia ter sido meuprprio intrprete.

    A culpa toda minha, Vossa Majestade, disse Jack, parecendo um pouco tonto, Pensei quepudssemos falar idiomas diferentes, uma vez que viemos de terras diferentes.

    Isto deve ser um aviso para que voc nunca pense, respondeu o Espantalho, severamente. amenos que seja sbio, melhor permanecer um boneco e isso, voc certamente .

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    Eu sou! Certamente eu sou!, concordou o cabea-de-abbora.

    Me parece, continuou o Espantalho, que seu criador abriu mo de boas tortas para criar umhomem indiferente.

    Eu afirmo Vossa Majestade, que no pedi para ser criado, respondeu Jack.

    Nem eu, disse o Rei, gentilmente. Ento, como somos diferentes das pessoas ordinrias,vamos ser amigos.

    Com todo o meu corao, exclamou Jack.

    Ento, voc tem um corao?, perguntou o Espantalho, surpreso.

    No, apenas imaginrio devo dizer uma figura de linguagem, disse o outro.

    Bem, sua figura mais importante parece ser uma figura de madeira, por isso, peo-lhe que

    contenha sua imaginao que, por no ter crebro, voc no pode possuir, sugeriu o Espantalho,em advertncia.

    Certamente!, disse Jack, sem ao menos compreender direito.

    E, ento, Sua Majestade dispensou Jellia Jambs e o soldado de bigode verde. Assim que os doissaram, ele pegou o novo amigo pelo brao e o levou at o jardim para jogar um jogo delanamento de argolas.

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    O Exrcito da Revolta da General Jinjur

    Tip estava ansioso para reencontrar Jack e o Cavalete que andou mais da metade da distnciaat a Cidade das Esmeraldas sem parar para descansar. Ento, descobriu que estava faminto eque as bolachas e o queijo que reservara para a jornada j tinham sido comidos.

    Enquanto pensava no que fazer nesta emergncia, ele avistou uma garota sentada beira daestrada. Ela vestia uma roupa que quase o cegou de to brilhante: seu colam de seda era feito deesmeraldas verdes, e seu vestido tinha quatro cores diferentes azul na frente, amarelo do ladoesquerdo, vermelho na parte de trs e roxo do lado direito. Prendendo o vestido, na parte dafrente, havia quatro botes o primeiro era azul, o segundo amarelo, o terceiro vermelho e oltimo era roxo.

    O esplendor do vestido era fantstico; isso justificava o fato de Tip olhar tanto para ele antes queseus olhos fossem atrados pelo lindo rosto sobre eles. Sim, era um belo rosto, pensou. Porm,tinha uma expresso de descontentamento com um ar de desconfiana ou rudeza.

    Enquanto o menino olhava atnito, a garota o fitava calmamente. Uma cesta de comidas estavaao lado dela, e ela segurava um delicioso sanduche em uma mo e um ovo cozido em outra,comendo com um apetite evidente, o que ganhou a simpatia de Tip.

    Ele estava quase pedindo um pouco de comida, quando a garota se levantou e tirou as migalhasde sua roupa.

    Aqui!, disse ela. hora de ir. Carregue esta cesta para mim e sirva-se se tiver com fome.Tip carregou a cesta com vontade e comeou a comer, seguindo a garota por um tempo, sem sepreocupar em fazer perguntas. Ela andava na frente, a passos rpidos, e havia nela um ar dedeciso e importncia que o levou a suspeitar que ela fosse algum importante.

    Finalmente, quanto saciou sua fome, ele correu at ela e tentou manter seu ritmo de caminhada algo bem difcil, pois ela era mais alta que ele e estava com pressa.

    Muito obrigado pelos sanduches, disse Tip, enquanto corria. Posso perguntar o seu nome?.

    Eu sou a General Jinjur, ela respondeu rapidamente.

    Oh!, disse o menino surpreso. Que tipo de general?.

    Eu comando o Exrcito da Revolta nesta guerra, respondeu a general com uma agressividadedesnecessria.

    Oh!, exclamou novamente. Eu no sabia que havia uma guerra.

    Voc no deveria saber disso, ela respondeu, porque mantemos isso em segredo, econsiderando que nosso exrcito composto apenas por garotas continuou, surpreendenteque nossa revolta ainda no foi descoberta.

    Concordo, respondeu Tip. Mas onde est seu exrcito?

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    A uma milha daqui, disse General Jinjur. Reunimos foras de todos os cantos de Oz, ao meucomando. Este ser o dia em que conquistaremos Sua Majestade O Espantalho e tomaremos oseu trono. O Exrcito da Revolta aguarda apenas minha chegada para marchar para a Cidade dasEsmeraldas.

    Bem, suspirou Tip, respirando profundamente. Isto algo surpreendente! Posso perguntar oporqu voc quer conquistar Sua Majestade O Espantalho?

    Porque a Cidade das Esmeraldas tem sido governada por homens tempo demais. Por isso!,disse a garota.

    Alm disso, a Cidade enfeitada com pedras maravilhosas, que podem ser usadas em anis,braceletes e colares, e h dinheiro suficiente no reino para comprar, para cada garota de nossoexrcito, uma dzia de vestidos. Ento, queremos conquistar a Cidade e usar o governo para nosvestir.

    Jinjur disse essas palavras com muita vontade e deciso, o que provou que ela estava falandosrio.

    Mas guerra algo terrvel, disse Tip, pensativo.

    Esta guerra ser prazerosa, respondeu a garota, com energia.

    Muitas de vocs vo morrer!, continuou o garoto com uma voz de admirao.

    Oh, no, disse Jinjur. Que homem se oporia a uma garota, ou ousaria a machuca-la? E no hnenhum rosto feio em meu exrcito.

    Tip riu.Talvez esteja certa, disse ele. Mas o guardio do porto leal, e o exrcito do Rei no deixar acidade ser conquistada sem resistncia.

    O Exrcito velho e fraco respondeu a General Jinjur, com deboche. Seu esforo foi todousado para reunir poucos soldados, e suas esposas so to irritadas que j cortaram mais dametade deles pela raiz. Quando o Incrvel Mgico comandou o exrcito de bigodes verdes eraum exrcito Real muito bom, pois todos temiam o Magico. Mas ningum teme o Espantalho, entoseu Exrcito Real no conta muito numa guerra.

    Aps esta conversa eles seguiram algum tempo em silncio e logo chegaram a uma enormeclareira na floresta, onde quatrocentas mulheres jovens estavam reunidas. Elas riam econversavam to felizes, como se tivessem se reunido para um piquenique ao invs de um aguerra.

    Elas estavam divididas em quatro companhias, e Tip notou que todas vestiam um uniforme similarao da General Jinjur. A nica diferena era que as garotas que vieram do pas dos Munchkinstinham a cor azul na frente de seus vestidos; as que vieram do Pas dos Quadlings tinham a corvermelha na frente; as que vieram dos lados dos Winkies tinham a cor amarela na frente e asgarotas de Gillikins tinham a cor roxa na frente. A cintura de todas era verde, representando acidade que queriam conquistar, e o primeiro boto de cada vestido indicava pela cor de onde elas

    tinham vindo. Os uniformes eram alegres e atraentes e eficientes quando todos estavam juntos.

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    Tip pensava que este exrcito estranho no carregava armas ou algo do tipo, mas estava errado.Cada garota tinha, entre os laos de seus cabelos, duas longas e brilhantes agulhas de tric.

    A General Jinjur imediatamente subiu em um toco de rvore e se dirigiu ao seu exrcito.

    Amigas, cidads e garotas, disse. estamos iniciando nossa grande revolta contra os homens deOz! Marchemos para conquistar a Cidade das Esmeraldas para destronar o Espantalho paraadquirir milhares de pedras maravilhosas para roubar o tesouro real e reinar sobre nossosopressores!

    Urra! disseram aquelas que estavam ouvindo, mas Tip pensou que a maior parte do Exrcitoestava muito entretida conversando para prestar ateno nas palavras da General.

    A ordem para marchar tinha sido dada, e as garotas formaram quatro batalhes ou companhias, ecaminhavam rapidamente para a Cidade das Esmeraldas.

    O Garoto seguia atrs delas, carregando muitas cestas, embrulhos e pacotes que vrios membros

    do exrcito tinham deixado seu cuidado. No muito tempo depois, elas chegaram aos grandesmuros verdes da Cidade e pararam na frente dele.

    O Guardio do porto saiu de seu posto e as olhou curiosamente, como se um circo tivessechegado cidade. Ele carregava um molho de chaves penduradas em seu pescoo por umacorrente de ouro. Suas mos estavam descuidadamente colocadas nos bolsos e ele parecia noter ideia que a cidade estava sendo atacada por rebeldes. Ele se dirigiu delicadamente s garotas,dizendo:

    Bom dia, queridas! O que posso fazer por vocs?

    Renda-se agora!, respondeu a General Jinjur, ficando frente a ele e o encarando toterrivelmente quanto sua jovem face a permitia.

    Render-me!, repetiu o homem, espantado. Mas isso impossvel. contra a Lei! Nunca ouvialgo assim na minha vida!

    Voc deve se render!, exclamou a General. Estamos revoltadas!

    Vocs no parecem!, disse o Guardio, olhando uma a uma, admirado.

    Mas estamos! gritou Jinjur, batendo o p no cho, impaciente. E queremos conquistar a Cidade

    das Esmeraldas.Que graa!, respondeu o Guardio dos Portes. Que idia mais sem noo! Voltem para suasmes, mocinhas, e ordenhem as vacas e faam o jantar. No sabem que perigoso conquistaruma cidade?

    No temos medo!, respondeu a General. Ela parecia determinada e isso preocupou o Guardio.

    Ento, ele soou o sinal para avisar os soldados de barba verde, em seguida, se arrependeu de t-lo feito. Imediatamente, ele foi cercado por um grupo de garotas, que apontavam suas agulhasafiadas prximas s bochechas gordas e aos olhos cerrados.

    O pobre homem gritou por misericrdia e no ofereceu resistncia quando Jinjur retirou o molhode chaves de seu pescoo.

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    Seguida por seu exrcito, a General marchava rumo ao porto, onde se deparou com o ExrcitoReal de Oz que era o outro nome do Soldado de Bigodes Verdes.

    Pare!, o gritou, apontando sua longa arma para o rosto da lder.

    Algumas das garotas gritaram e recuaram, mas General Jinjur ficou bravamente onde estava erespondeu:

    E agora? Voc atiraria em uma pobre e indefesa garota?

    No, respondeu o soldado, porque minha arma no est carregada.

    No est carregada?

    No, por medo de acidentes. E eu esqueci onde escondi a plvora e as balas. Mas se esperar umpouquinho, posso tentar procura-las.

    No se preocupe, disse Jinjur alegre. Ento, ela se voltou ao seu Exrcito e gritou:Garotas, as armas no esto carregadas!

    Urra, gritaram as rebeldes, contentes pela notcia. Elas correram em direo ao soldado debigodes verdes em grande volume, e curioso como as pontas das agulhas no se encontravam.

    Mas o Exrcito Real de Oz estava to amedrontado para confrontar o inimigo, que elesimplesmente recuou, correndo o mais rpido que podia para dentro do palcio real, enquanto aGeneral Jinjur e seu exrcito adentravam a cidade desprotegida.

    Assim, a Cidade das Esmeraldas havia sido conquistada sem derramar uma nica gota de

    sangue. O Exrcito da Revolta se tornou um Exrcito de conquistadoras.

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    O Espantalho Planeja uma Escapada

    Tip escapou das meninas e seguiu rapidamente aps o Soldado de Bigodes Verdes. O exrcitoinvasor entrou na cidade de forma mais lenta, pois eles pararam para arrancar esmeraldas dasparedes e pavimentos de pedra, com as pontas das suas agulhas de tric. Ento o Soldado e omenino chegaram ao palcio antes que se espalhasse a notcia de que a cidade fora conquistada.

    O Espantalho e Jack Cabea de Abbora ainda estavam brincando de argolas no ptio, quandoforam interrompidos pela entrada abrupta do Oficial do Exrcito de Oz, que veio quase voando,sem chapu ou arma, com as roupas tristemente desalinhadas e sua longa barba flutuando ummetro atrs dele enquanto corria.

    Detalhe para mim, disse o Espantalho calmamente O que h de errado, homem? ele dissedirigindo-se ao soldado.

    Oh! Sua Majestade Sua Majestade! A Cidade foi tomada! Tossia o Oficial do Exrcito, queestava quase sem respirao.

    Isto muito repentino, disse o Espantalho. Mas por favor, v e feche todas as portas e janelasdo palcio, enquanto eu mostro a este Cabea de Abbora como se joga uma argola.

    O Oficial apressou-se para fazer isto, enquanto Tip que tinha acabado de chegar, permaneceu noptio olhando para o Espantalho com olhos arregalados.

    Sua Majestade continuou arremessando as argolas to divertidamente, como se nada ameaasseseu trono, mas o Cabea-de-Abbora, tendo avistado Tip, caminhou em direo ao garoto, torpido quanto permitiam suas pernas de madeira.

    Boa tarde, nobre pai! ele falou com alegria. Estou feliz de ver que voc est aqui. O terrvelCavalete correu adiante comigo.

    Eu suspeitei disso, disse Tip. Voc se machucou? Quebrou alguma coisa?

    No, eu cheguei saudvel, respondeu jack, e sua Majestade tem sido realmente muito gentil

    comigo.

    Neste momento o Soldado de Bigodes Verdes retornou, e o Espantalho perguntou:

    Por falar nisso, quem me conquistou?

    Um regimento de meninas, vindas dos quatro cantos da Terra de Oz, respondeu o Soldado,ainda branco de medo.

    Mas onde estava meu Exrcito Permanente nessa hora? perguntou sua Majestade, olhandogravemente para o Soldado.

    Seu Exrcito Permanente estava correndo, respondeu o indivduo honestamente; Pois nenhumhomem queria encarar as terrveis armas dos invasores.

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    Bem, disse o Espantalho, depois de um momento de reflexo, Eu no lamento muito a perda domeu trono, pois um trabalho cansativo governar a Cidade das Esmeraldas. E esta coroa topesada que faz minha cabea doer. Mas eu espero que os Conquistadores no tenham a intenode me fazer mal, apenas por ter acontecido de eu ser o Rei.

    Eu ouvi o que elas disseram lembrou-se Tip, com alguma hesitao, elas disseram quepretendem fazer um carpete com a sua parte de fora e encher os sofs com a sua parte dedentro.

    Ento eu estou realmente em perigo, declarou sua Majestade positivamente, e seria esperto deminha parte planejar uma maneira de escapar.

    Para onde voc poderia ir? Perguntou Jack Cabea-de-Abbora.

    Para o meu amigo Homem de Lata, que governa sobre os Winkies, e chama a si mesmo deImperador foi a resposta. Eu tenho certeza que ele ir me proteger.

    Tip estava olhando pela janela.

    O palcio est cercado pelos inimigos, ele disse. muito tarde para escapar. Elas iro logodesmont-lo em pedaos.

    O Espantalho gargalhou.

    Numa emergncia, ele anunciou, sempre h algo de bom para parar e refletir. Por favor, medeem licena enquanto eu paro e reflito.

    Mas ns tambm estamos em perigo, disse o Cabea-de-Abbora, ansiosamente. Se alguma

    dessas meninas souber cozinhar, meu fim no estar distante!Sem sentido exclamou o Espantalho. Elas estariam muito ocupadas para cozinhar, mesmo seelas soubessem como!

    Mas eu poderia ser feito prisioneiro por muito tempo, protestou Jack, Eu posso apodrecer.

    Ah! Ento voc no poderia passar por isto, falou o Espantalho. O problema mais srio do queeu suspeitava.

    Voc disse o Cabea-de-Abbora humildemente, apto para viver por muitos anos. Minha vida necessariamente curta. Ento eu devo ter vantagem nos poucos dias que ainda me restam.

    Certo ento, no se preocupe! respondeu o Espantalho pensativamente; Se vocs ficaremquietos por um tempo suficiente, para que eu pense, eu tentarei achar uma maneira paraescaparmos.

    Ento os outros esperaram num silncio paciente enquanto o Espantalho andou para um canto ecolocou a cara na parede por uns cinco minutos. Ao fim desse tempo ele estava com a melhorexpresso que j tivera em sua cara pintada.

    Onde est o Cavalete que voc cavalgou at aqui? ele perguntou ao Cabea-de-Abbora.

    Bem, eu disse que ele era jia, ento seu homem o trancou no tesouro real, disse Jack.

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    Isso me agrada muito, disse o Espantalho. O animal est sendo bem alimentado?

    Oh, sim; Eu dei a ele uma tigela cheia de p de serra.

    Excelente! falou o Espantalho. Tragam o cavalo at aqui mais uma vez.

    O Soldado se apressou, e logo eles ouviram o barulho das pernas de madeira do cavalo andandosobre o pavimento enquanto era trazido para o ptio.

    Sua Majestade olhava para o cavalo de modo avaliativo. Ele no parece muito gracioso! elecomentou pensativo. Mas ser que ele pode correr?

    Ele pode, com certeza, disse Tip, contemplando o Cavalete admiradamente.

    Ento, ele ir nos transportar em suas costas, e ele deve cruzar as fileiras das rebeldes e noslevar para o meu amigo Homem de Lata. Anunciou o Espantalho.

    Ele no pode carregar quatro! Objetou Tip.No, mas talvez ele possa carregar trs disse sua Majestade. Acho que podemos deixar oOficial do Exrcito para trs. Pois, pela facilidade com que fomos conquistados, no tenho muitaconfiana na fora dele.

    Ele pode correr, disse Tip, gargalhando.

    Eu esperava este golpe disse o Soldado com mau humor; Mas eu posso suportar isso. Euposso me disfarar, cortando meus adorveis bigodes verdes. E, alm disso, no ser maisperigoso encarar essas garotas imprudentes do que montar este feroz e indomvel cavalo demadeira!

    Talvez voc esteja certo observou sua Majestade. Mas, de minha parte, no sendo um soldado,eu gosto de perigo. Agora, meu garoto, voc deve montar primeiro. E por favor sente o mais pertopossvel do pescoo do cavalo.

    Tip subiu rapidamente para seu lugar, e o Soldado e o Espantalho conseguiram colocar o Cabea-de-Abbora sentado logo atrs dele. Restou to pouco espao para o Rei, que ele estaria prestesa cair assim que o cavalo comeasse a correr.

    Busque um varal disse o Rei ao seu Oficial, e amarre-nos todos juntos. Assim, se um cair, todoscaem juntos.

    E enquanto o Soldado foi buscar o varal, sua Majestade continuou, eu devo ser cuidadoso, poisminha prpria existncia est em perigo.

    Eu tenho que ser to cuidadoso quanto voc, disse Jack.

    No exatamente, replicou o Espantalho. Pois se alguma coisa me acontecer, este ser o fimpara mim. Mas se alguma coisa acontecer a voc, podero us-lo para plantar.

    O Soldado retornou com uma grande corda de varal e amarrou os trs firmemente juntos, tambmamarrando-os ao corpo do Cavalete; Ento parecia haver pouco perigo de que eles cassem.

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    Agora abram os portes, comandou o Espantalho, e ns iremos fazer um caminho para aliberdade ou para a morte,

    O ptio onde eles estavam era localizado no meio do grande palcio, que era cercado por todosos lados. Mas em um lugar uma passagem levava para um outro porto exterior, que o Soldado

    havia fechado por ordem do seu soberano. Era por ele que sua Majestade pretendia escapar, e oOficial do Exrcito agora conduziu o Cavalete pela passagem e destrancou o porto, que seescancarou com estrondo.

    Agora, disseTip ao cavalo voc deve salvar a todos ns. Corra o mais rpido que voc puderpara o porto da Cidade, e no deixe que nada pare voc.

    Tudo bem! respondeu o Cavalete, bravamente, e correu to repentinamente que Tip ficou sem are se segurou firmemente no pino que ele havia colocado no pescoo da criatura.

    Muitas das meninas, que estavam guardando o palcio do lado de fora, foram atropeladas pela

    corrida maluca do Cavalete. Outras correram gritando para fora do caminho, e apenas uma ouduas espetaram suas agulhas de tric nos prisioneiros que escapavam. Tip teve uma pequenapicada no brao esquerdo, que ardeu por cerca de uma hora; mas as agulhas no tiveram efeitono Espantalho ou em Jack Cabea-de-Abbora, que nem mesmo suspeitaram que estavam sendoatacados.

    Quanto ao Cavalete, ele fez um maravilhoso estrago num carrinho de frutas, derrubando algunshomens que olhavam perplexos, e finalmente derrubando a nova guardi do Porto umamenina gorda exigente, nomeada pela General Jinjur.

    Os impetuosos fugitivos no pararam de jeito nenhum. E estando fora das paredes da Cidade das

    Esmeraldas, o Cavalete correu pela estrada oeste, com passos rpidos e violentos, que tiravam arespirao do menino e encheram o Espantalho de admirao.

    Jack tinha cavalgado neste ritmo ruim antes, ento ele dedicou todos os seus esforos parasegurar, com as duas mos, sua cabea de abbora sobre sua base, encarando todos ossolavancos com a coragem de um filsofo.

    Mais devagar! Mais devagar! gritou o Espantalho. Minha palha est toda descendo para asminhas pernas.

    Mas Tip estava sem respirao para falar, ento o Cavalete continuou sua corrida selvagem, sem

    se importar e com velocidade inabalvel.Eles chegaram s margens de um rio largo, e sem fazer pausa, o cavalo de madeira deu um saltofinal e eles subiram no ar.

    Um segundo depois eles estavam rolando, se debatendo e balanando-se na gua, o cavalotentando rapidamente encontrar apoio para seus ps e para os cavaleiros, sendo primeiromergulhados sob a rpida correnteza e em seguida flutuando sobre a superfcie como rolhas.

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    A jornada para o Homem-de-Lata

    Tip estava bem encharcado e pingando gua por todos os cantos de seu corpo. Mas eleconseguiu se inclinar para frente e gritar no ouvido do Cavalete:

    "Fique quieto, seu idiota! Fique quieto!"

    O cavalo parou de lutar e boiava calmamente sobre a superfcie, o seu corpo de madeira era toflutuante quanto uma jangada.

    "O que a palavra "tolo" quer dizer?" perguntou o cavalo.

    " uma repreenso", respondeu Tip, um pouco envergonhado da expresso. "Eu s uso quandoestou com raiva."

    "Ento eu posso cham-lo um tolo, em troca", disse o cavalo. "Por que eu no criei o rio, nem ocoloquei em nosso caminho, portanto, recriminao algo adequado para quem fica zangadocomigo por cair na gua."

    "Isso evidente", respondeu Tip: "Eu reconheo o meu erro". Ento ele chamou o Cabea-de-Abbora: "Est tudo bem, Jack?"

    No houve resposta. Ento, o menino chamou o Rei "est tudo bem, Vossa Majestade?".

    O Espantalho gemeu.

    "Eu estou errado, de alguma forma", disse ele, em voz fraca. "Como essa gua molhada!"

    Tip estava preso to firmemente pelo cordo que ele no podia virar a cabea para olhar para osseus companheiros, ento ele disse para o Cavalo:

    "Reme com as pernas em direo margem."

    O cavalo obedeceu, e, apesar de seu progresso lento eles finalmente chegaram margem opostado rio em um lugar onde era baixo o suficiente para permitir que a criatura subisse em terra firme.

    Com alguma dificuldade, o garoto tirou sua faca do bolso e cortou as cordas que prendiam todosao cavalo de madeira. Ele ouviu o Espantalho cair no cho com um som mole, e ento elerapidamente desmontou e olhou para o amigo Jack.

    O corpo de madeira, com sua linda roupa, ainda estava em p sobre as costas do cavalo, mas acabea de abbora tinha ido embora, e s o pau afiado que servia de pescoo era visvel. Quantoao Espantalho, a palha em seu corpo tinha descido com os solavancos, embolando-se em suaspernas, e a parte inferior de seu corpo parecia inchada e redonda, enquanto sua parte superiorparecia um saco vazio. Sobre a sua cabea o Espantalho ainda usava a coroa pesada, que haviasido costurado para evitar que a perdesse. Mas a cabea estava to mida e mole que o peso do

    ouro e jias caram para frente e esmagou o rosto pintado em uma massa de rugas que o faziamparecer exatamente como um buldogue japons.

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    Tip teria rido, se ele no estivesse to preocupado com Jack. Mas o Espantalho, mesmodanificado, estava inteiro, enquanto a cabea de abbora, que era to necessria para aexistncia de Jack, estava faltando. Por isso, o garoto pegou uma vara comprida, que felizmenteestava mo, e voltou ansiosamente para o rio.

    De longe, ele avistou o tom dourado da abbora, que balanava suavemente para cima e parabaixo com o movimento das ondas. Naquele momento, ela estava fora do alcance de Tip, masdepois de um tempo, ela flutuava cada vez mais perto, at que o menino foi capaz de alcan-lacom a vara e empurr-la para a margem. Ento, ele trouxe-a para cima, limpou cuidadosamente agua da abbora com um leno, e correu com ela para Jack, colocando-a sobre o pescoo dohomem.

    "Minha nossa!" foram as primeiras palavras de Jack. "Que experincia terrvel! Gostaria de saberse a gua estraga abboras?"

    Tip achou que no era preciso responder, pois sabia que o Espantalho tambm estava precisando

    de sua ajuda. Ento, ele cuidadosamente removeu a palha do corpo e das pernas do Rei, e aespalhou para secar ao sol. A roupa molhada, ele pendurou sobre o corpo do Cavalo.

    "Se a gua estraga abboras", observou Jack, com um profundo suspiro, "ento meus dias estocontados".

    "Eu nunca vi gua estragar abboras", respondeu Tip, "a menos que a gua esteja fervendo. Se acabea no est rachando, meu amigo, voc deve estar em bom estado".

    "Oh, pelo menos minha cabea no est rachando", declarou Jack, aliviado.

    "Ento no se preocupe", respondeu o menino. "O Cuidado, uma vez, matou um gato."

    "Ento", disse Jack, srio: "Estou feliz por no ser um gato".

    O sol estava secando as roupas rapidamente, e Tip espalhou a palha de Sua Majestade para queos raios quentes pudessem absorver a umidade e torn-lo to seco como antes. Feito isso, elepreencheu o Espantalho em forma simtrica e alisou o rosto para que ele voltasse expressoalegre e encantadora, como o habitual.

    "Muito obrigado", disse o monarca, brilhantemente, ao andar e perceber que estava bembalanceado.

    "H vrias vantagens em ser um espantalho. Porque, se algum tem amigos mo para repararos danos, nada de muito grave pode acontecer com voc".

    "Eu me pergunto se sol quente pode rachar abboras", disse Jack, com um tom de ansiedade emsua voz.

    "Nem um pouco, nem um pouco!" respondeu o Espantalho, alegremente. "Tudo o que vocprecisa ter medo, meu rapaz, a velhice. Quando sua preciosa juventude deteriorar acabar anossa amizade. Mas voc no precisa olhar para frente. Vamos descobrir a verdade ns mesmos,e notific-lo. Mas venha! Vamos continuar a nossa jornada. estou ansioso para cumprimentar meuamigo, o Homem-de-Lata".

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    Ento eles remontaram no Cavalo: Tip segurando no pino, o Cabea-de-Abbora agarrado em Tipe o Espantalho, com ambos os braos ao redor do corpo de madeira de Jack.

    "V devagar, por enquanto, no h perigo de perseguio", disse Tip ao cavalo.

    "Tudo bem!" respondeu a criatura, com uma voz um tanto rouca.

    "Voc no est um pouco rouco?" perguntou o Cabea-de-Abbora educadamente.

    O Cavalo empinou com raiva e olhou para Tip.

    "Veja s", ele rosnou, "voc no pode me proteger de um insulto?"

    "Com certeza!" respondeu Tip suavemente. "Tenho certeza de Jack no quis ofender, e no voufazer a gente brigar, sabe? Todos ns devemos continuar bons amigos."

    "Eu no fao mais nada para esse Cabea-de-Abbora", declarou o Cavalo, violentamente. "Para

    mim, ele perde a cabea com muita facilidade".Parecia no haver resposta apropriada para esse discurso, assim, eles andaram em silncio.

    Depois de um tempo o Espantalho comentou:

    "Isso me faz lembrar os velhos tempos. Foi sobre esta colina gramada que uma vez salveiDorothy das picadas de abelhas da Bruxa M do Oeste".

    "Picadas de abelha ferem abboras?", perguntou Jack, olhando ao redor com medo.

    "Elas esto todas mortas, por isso n