terra boa e água conquistadas: garantia de alimentação saudável para comunidade salvador

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Salvador, esse é o nome do lugar onde vive a família de Raimundo Pinheiro Sampaio e Francisca Neide Soares Pinheiro. Agricultores do município de Castelo do Piauí, o casal conta que Antônio Pinheiro e Dona Elvira, primeiros moradores da localidade e pais de Seu Raimundo, batizaram o local com esse nome. Antes a comunidade era conhecida como Serra dos Picos, mas como lá era um lugar bom de plantar, com terra boa para trabalhar e criar cabras, fazer roça, plantar milho e feijão, a vida foi melhorando, então Seu Antônio trocou o nome para homenagear a terra, que para ele, salvou suas vidas. A comunidade Salvador tinha terras boas para o plantio, no período de chuvas tudo nascia, mas nos meses de verão a família sofria com a falta de água. Para conseguir esse bem precioso, eles tinham que buscar longe, em um açude na comunidade Laginha. Mesmo assim, Seu Antônio e Dona Elvira criaram seus filhos na comunidade. Hoje, Salvador conta com a água de um poço e de dois açudes que, mesmo às vezes secando no verão, dar para suprir grande parte das suas necessidades. Com a chegada do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil), a comunidade foi beneficiada com a cisterna de 16 mil litros de água, que é utilizada para o consumo das famílias, como beber e cozinhar. O casal afirma que transformação mesmo veio com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), com a chegada da cisterna de 52 mil litros que é usada para a produção de alimentos. Antes, Dona Francisca afirma que a água que tinha mal dava para plantar uns canteirinho de cebola e coentro no quintal. Hoje no terreno da família há uma variedade grande de verduras e frutas. Dona Francisca conta que antes só plantava os canteirinhos enquanto tinha água, até para comer uma fruta tinha que comprar, mas agora no quintal já tem mamão, goiaba, banana, umbu, acerola, cenoura, beterraba tempero para usar a vontade, “até melancia eu plantei no verão, só em não ter que comprar essas coisas já está bom demais, o dinheiro que eu fosse comprar um Piauí Ano 5 | nº 99 | Julho | 2011 Castelo do Piauí- PI Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Terra boa e água conquistada Garantia de alimentação saudável para Comunidade Salvador 1 Frutas produzidas no quintal de casa, economia e saúde para a família. Quintal produtivo da família de Seu Raimundo e Dona Francisca.

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Salvador, esse é o nome do lugar onde vive a família de Raimundo Pinheiro Sampaio e Francisca Neide Soares Pinheiro. Agricultores do município de Castelo do Piauí, o casal conta que Antônio Pinheiro e Dona Elvira, primeiros moradores da localidade e pais de Seu Raimundo, batizaram o local com esse nome. Antes a comunidade era conhecida como Serra dos Picos, mas como lá era um lugar bom de plantar, com terra boa para trabalhar e criar cabras, fazer roça, plantar milho e feijão, a vida foi melhorando, então Seu Antônio trocou o nome para homenagear a terra, que para ele, salvou suas vidas.

A comunidade Salvador tinha terras boas para o plantio, no período de chuvas tudo nascia, mas nos meses de verão a família sofria com a falta de água. Para conseguir esse bem precioso, eles tinham que buscar longe, em um açude na comunidade Laginha. Mesmo assim, Seu Antônio e Dona Elvira criaram seus filhos na comunidade. Hoje, Salvador conta com a água de um poço e de dois açudes que, mesmo às vezes secando no verão, dar para suprir grande parte das suas necessidades. Com a chegada do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil), a comunidade foi beneficiada com

a cisterna de 16 mil litros de água, que é utilizada para o consumo das famílias, como beber e cozinhar. O casal afirma que transformação mesmo veio com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), com a chegada da cisterna de 52 mil litros que é usada para a produção de alimentos.

Antes, Dona Francisca afirma que a água que tinha mal dava para plantar uns canteirinho de cebola e coentro no quintal. Hoje no terreno da família há uma variedade grande de verduras e frutas. Dona Francisca conta que antes só plantava os canteirinhos enquanto tinha água, até para comer uma fruta tinha que comprar, mas agora no quintal já tem mamão, goiaba, banana, umbu, acerola, cenoura, beterraba tempero para usar a vontade, “até melancia eu plantei no verão, só em não ter que comprar essas coisas já está bom demais, o dinheiro que eu fosse comprar um

Piauí

Ano 5 | nº 99 | Julho | 2011Castelo do Piauí- PI

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Terra boa e água conquistadaGarantia de alimentação saudável para Comunidade Salvador

1Frutas produzidas no quintal de casa, economia e saúde para a família.

Quintal produtivo da família de Seu Raimundo e Dona Francisca.

quilo de verdura eu já uso para outra coisa”, afirma Seu Raimundo.O quintal ainda tem uma variedade de verduras e legumes, além da plantação de mandioca,

milho e feijão. E tudo é produzido sem agrotóxico, garante a família. Seu Raimundo conta que no primeiro ano de produção do quintal, uma lagarta comeu toda cebola e coentro, mas ele aprendeu algumas receitas de defensivos naturais e colocou nos canteiros, ele garante que a lagarta não voltou mais “no verão é melhor de produzir, no começo do inverno é que os insetos atacam mesmo e defensivo é só para combater não matar, a gente tem que prevenir, quando nascer a plantinha pode dar uma borrifada de uma mistura feita com Nin, tá maiorzinho dar outra borrifada, porque é para prevenir, evitar que os bichos encoste”, explica

O casal conta que não pensam em vender o que produzem porque ainda é pouco, se pudessem produzirião em grande escala para repassar para programas do governo como o Programa de Aquisição de Alimento (PAA). O casal mora apenas com um dos filhos, os outros dois foram para a sede do município, em Castelo do Piauí, para estudar e trabalhar. Por isso o que produzem no quintal serve para o consumo da pequena família, o que sobra os filhos levam ou é distribuído para os amigos. A produção é maior no inverno, quando tem mais água, no verão, mesmo usando as técnicas para economizar água, ensinadas nos cursos de capacitação do P1+2, se plantar demais a água não dar “com um tempo a gente aprende na prática como economizar a água, mas o que eu queria mesmo era outra 'bichinha' dessas, aí vocês iam ver produção”, brinca o agricultor.

O que mais tem no quintal da família é a mandioca, quase um hectare da terra é destinado à produção. Grande parte do lucro da família vem da farinhada que acontece todo mês de julho, data estratégica porque aproveita as férias e mobiliza todo mundo para o trabalho. Seu Raimundo conta que é uma festa o período, que muita gente vem somente para participar. Assim uma equipe fica lavado, outra raspando, isso geralmente à noite e o povo acha muito bom, “aí além das pessoas que vêm trabalhar, tem aquele outro pessoal que gosto da folia, aí é uma farra danada”, explica o agricultor. Com a venda da farinha e da goma produzida na farinhada, Seu Raimundo paga os trabalhadores e ainda

garante um dinheirinho no orçamento da família.

Seu Raimundo br inca que poupança de pobre são suas criações e é por isso que a família cria ovelha, bode, porco, galinha, peru, capote e quando precisa de dinheiro vende. A família também foi beneficiada com o Programa de Patrimônio Genético através da Asa Brasil que quer incentivar a preservação as espécies nativas da região. Pelo programa eles receberam pau d'arco branco, amarelo e o roxo, o jucá, caneleiro, açoita cavalo e ingarana, “ eu nem pensava nisso como importante, mas me prontifiquei na hora para plantar, se muitos dessas plantas aí eu só conheço por nome imagine meus netos, por isso é bom plantar para os bichim conhecer também” diz seu Raimundo.

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Apoio:

www.asabrasil.org.br

Seu Raimundo colhe a mandioca para fazer a farianda.