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GRUPO GESER - GESTÃO EM SEGUROS E RISCOS DA ESALQ/USP Terceira edição – outubro 2013

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GRUPO GESER - GESTÃO EM SEGUROS E RISCOS DA ESALQ/USP

Terceira edição – outubro 2013

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Prof. Dr. Vitor Ozaki Dept. de Economia, Administração e

Sociologia (ESALQ/USP). Coordenador do Grupo GESER

Na terceira edição do Boletim do Seguro Rural (BSR), o Grupo GESER –

Gestão em Seguros e Riscos abordará em sua Matéria de Capa os principais

aspectos do resseguro no mercado rural brasileiro, seu papel no mercado

segurador rural, quem são os principais players desse mercado e como eles

atuam.

A seção de Estudo de Caso, tratará um pouco mais sobre o seguro agrícola

por meio de uma abordagem técnica e exemplos práticos. Será apresentado

nesta terceira edição, um estudo de caso considerando o seguro de

produtividade, para a cultura da soja, no município de Ponta Grossa-PR.

Na seção de Entrevista, esta edição traz o Subscritor de Agro da

resseguradora Munich Re, Eng. Agrônomo Konrad Mello, abordando temas

referentes à sua experiência no mercado ressegurador rural no Brasil, às

especificidades deste mercado e suas expectativas para o futuro do setor.

Como em outras edições, o BSR traz um compilado das principais Notícias

do Setor do seguro rural brasileiro.

Gostaria de ressaltar a realização, nos dias 28 e 29 de outubro de 2013, do

“2º Seminário Internacional de Seguro Rural”, organizado pelo Grupo

GESER em parceria com a resseguradora Munich Re. O evento terá como

objetivo discutir estratégias do setor público e privado para o

desenvolvimento do seguro rural, definindo as prioridades dos agentes

produtivos.

BOA LEITURA !

EDITOR CHEFE:

Prof. Dr. Vitor Ozaki

EDITORES ASSOCIADOS:

Adriano Lênin Cirilo de Carvalho

Carlos Andrés Oñate Paredes

Eduardo Passarelli

Gislaine Vieira Duarte

Henrique Cyrineu Tresca

COLABORADORES:

Daniel Lima Miquelluti

Lethicia Magno M. de Almeida

Luiz Guilherme Fagotti

Monique Monah Moreira

Vanessa Siqueira Ribeiro

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O resseguro é um contrato em que o ressegurador assume o compromisso de indenizar o cedente (companhia seguradora) pelos danos que possam acontecer em decorrência de suas apólices de seguro. Em outras palavras, resseguro é o seguro dos riscos de uma seguradora que não conseguiria absorver, isoladamente, um sinistro de vastas proporções. Em contrapartida, a seguradora deve realizar o pagamento de um prêmio de resseguro, além do comprometimento no envio de informações necessárias para análise, fixação do preço e gestão dos riscos cobertos pelo contrato. Nesse caso, a seguradora assume o papel do segurado (produtor rural), e a seguradora seria o ressegurador.

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A transferência dos riscos da seguradora para resseguradora é uma política de gerenciamento de riscos das empresas em que garante o pagamento de sinistros. As empresas resseguradoras possuem um caráter heterogêneo em suas carteiras, pois a diluição dos riscos é fundamental na viabilidade das operações de seguro.

Devido às suas características, o seguro agrícola está sujeito a eventos de natureza catastrófica, que podem trazer grandes perdas financeiras às seguradoras. Diante dessa realidade, o apoio do resseguro torna-se indispensável, tanto em termos de capacidade financeira quanto nas atividades de suporte técnico, por exemplo: auxiliar no desenvolvimento de condições de cobertura, identificando as culturas viáveis para fins de seguro e na elaboração de estudos atuariais para fixação do preço a ser pago pelo produtor rural, levando-se em conta a sua opção de nível de produtividade a ser garantido.

No Brasil, a criação da Compa-nhia Nacional de Seguro Agríco-la, em 1954 e, posteriormente, o Decreto-Lei nº 73, de 21 de no-vembro de 1966, representaram as primeiras iniciativas para es-truturação do mecanismo de se-guro rural. Essa norma criou o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), administrado pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), ou seja, esse decreto deu ao IRB poderes regulatórios so-bre o setor de resseguros, com o objetivo de fomentar o mercado de seguro rural por meio da mi-tigação dos prejuízos das segu-radoras em caso de sinistros abrangentes, como grandes se-cas e geadas.

Por praticamente quarenta anos, o IRB constitui-se como um mono-pólio no mercado de resseguros, até que no ano 2007, a Lei Com-plementar 126 e a Resolução 168 da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), promoveram a abertura do mercado de ressegu-ros, inclusive admitindo empresas resseguradoras estrangeiras. Além disso, a LC 126/2007 e a Resolução 168 da SUSEP também estabelece-ram regras que nortearam a atua-ção dos resseguradores estrangei-ros no Brasil. Desta forma, as mencionadas medidas tiveram o objetivo de incrementar a capaci-dade das seguradoras para con-cessão de seguros em âmbito na-cional.

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A partir da LC 126/2007 e a Resolução 168 da SUSEP, as empresas de resseguro estrangeiras puderam atuar no país como resseguradores admitidos e eventuais. Os resseguradores admitidos são aqueles sediados no exterior com escritório de representação no Brasil. Já os eventuais são as empresas resseguradoras estrangeiras sediadas no exterior sem escritório de representação no país, mas com cadastro na Susep.

Atualmente, nos mercados de seguro e resseguro existem várias empresas que estão trabalhando no ramo rural. Em relação ao mercado de seguros, o volume das operações do mercado brasileiro, medido pela variável “prêmio direto”1 , concentra-se em poucas seguradoras, sendo que quatro empresas representam 81% do total do mercado de seguro rural no período janeiro – dezembro 20122 , cujas participações distribuem-se da seguinte forma: i) Companhia de Seguros Aliança do Brasil com 55% do prêmio direto total no período; ii) MAPFRE Seguros Gerais S.A. com 11%; iii) Nobre Seguradora do Brasil S.A. com 8%; e, iv) Allianz Seguros S.A. com 7%.

Já no caso do mercado ressegurador, evidencia-se que no mesmo período (janeiro-dezembro 2012), existem seis empresas, que segundo a SUSEP, trabalham com seguro rural. A tabela a seguir descreve a importância de cada uma das empresas no mercado brasileiro, considerando como variável de comparação o “Prêmio de Resseguro”:

1O conceito de prêmio direto, definido pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), reflete a arrecadação da empresa seguradora, sendo definido da seguinte forma: Prêmio direto = Prêmio Emitido - Cancelamento - Restituição – Desconto.

2Para efeitos de cálculo, foram inclusos todos os tipos de seguro agrícola, pecuário, aquícola, florestas, vinculados com produtor rural, penhor rural, animais e de vida do produtor rural.

Empresa Premio de

Resseguro (R$)

Participação

percentual

Percentual

acumulado

IRB Brasil Resseguros S.A. 173.463.698 87,5% 87,5%

Austral Resseguradora S.A. 18.527.178 9,3% 96,9%

MAPFRE Re Do Brasil

Companhia de Resseguros 3.153.779 1,6% 98,5%

XL Resseguros Brasil S.A. 1.721.388 0,9% 99,3%

MUNICH RE do Brasil

Resseguradora S.A. 775.851 0,4% 99,7%

ACE Resseguradora S.A. 333.333 0,2% 99,9%

Markel Resseguradora do Brasil 105.904 0,1% 99,96%

Swiss Re Brasil Resseguros S.A. 77.837 0,0% 100,00%

Total 198.158.968 100%

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Segundo as informações da tabela, fica evidente que após seis anos da abertura, o IRB ainda concentra a maior quantidade de operações no setor rural, mostrando claramente uma forte presencia de uma estrutura monopolística nesse mercado. No entanto, com a crescente demanda desse segmento de seguro, a necessidade de mais seguradoras e resseguradoras tornam-se evidentes. Desta forma, o maior interesse e aumento da participação tanto das resseguradoras quanto das seguradoras é muito importante para a massificação do seguro rural e a consequente redução das taxas, desenvolvimento de novos produtos que possam atender demandas específicas, de acordo com a natureza dos riscos de cada região, aumento da competitividade do agronegócio e maior capacidade de investimento em tecnologia na medida.

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ESTUDOS DE CASO

SEGURO AGRÍCOLA DE PRODUTIVIDADE EM PONTA GROSSA/PR

NESTA SEÇÃO DO BOLETIM SERÁ APRESENTADO UM ESTUDO DE CASO CONSIDERANDO O SEGURO DE PRODUTIVIDADE, PARA A CULTURA DA SOJA, NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA/PR. De forma similar ao estudo de caso do seguro de custeio, a escolha da soja como exemplo para esse trabalho foi realizada em função da grande importância dessa cultura no agronegócio brasileiro, e, especificamente, no mercado de seguro agrícola. De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), referentes aos resultados do Programa do Seguro Rural (PSR), a soja é a cultura agrícola com maior número de apólices de seguros, com destaque para o estado do Paraná. O objetivo do seguro agrícola por produtividade é de garantir a indenização pelos prejuízos causados às culturas temporárias e permanentes, implantadas e tecnicamente conduzidas, resultante diretamente da ocorrência de diversos sinistros, especificados nas cláusulas gerais e específicas das diferentes empresas seguradoras. Este tipo de seguro destina-se a conceder cobertura às produtividades agrícolas, de acordo com o nível de cobertura determinado pelo segurado, quando houver diferença entre a produtividade segurada e a colhida, sendo isto consequência de eventos cobertos previstos nas cláusulas.

Desta forma, nesse estudo de caso serão calculadas as seguintes variáveis, as quais são fundamentais no funcionamento deste tipo de seguro: i) limite máximo de indemnização; ii) valor do prêmio; e, iii) indenização.

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ESTUDOS DE CASO

SEGURO AGRÍCOLA DE PRODUTIVIDADE EM PONTA GROSSA/PR

Por outro lado, os dados de taxas brutas de prêmio, produtividade segurada, preço da soja por saca e por quilograma segundo cinco diferentes tipos de cobertura são apresentados na seguinte tabela:

Nível de cobertura

Taxa bruta de prêmio

Produtividade Segurada (kg/ha)

Preço da saca de soja (R$)

Preço do kg de soja (R$)*

50% 4,33% 1.650 65,45 1,09 55% 4,62% 1.815 59,5 0,99 60% 4,91% 1.980 54,54 0,91 65% 5,95% 2.145 50,34 0,84 70% 7,66% 2.310 46,75 0,78

* Foi considerado que uma saca de soja equivale a 60 kg. * Os dados são ilustrativos.

Definidas as variáveis, vamos aos cálculos.

Cálculo do limite máximo de indenização O limite máximo de indenização (LMI) obedece à seguinte fórmula: LMI = Produtividade esperada x nível de cobertura x área segurada x preço do kg de soja. Usando essa fórmula e aplicando-a nos dados do estudo de caso, obtemos:

Para o cálculo desses variáveis usamos os seguintes dados gerais: área segurada de 200 hectares (ha), produtividade esperada de 3.300 kg/ha e produtividade colhida de 2.100 ha. É importante mencionar que no estudo de caso foram inclusas dois tipos de subvenção: uma subvenção federal de 50%, e uma subvenção adicional de 10%, por se tratar de uma microrregião “prioritária” pelo MAPA.

Nível de cobertura

Produtividade esperada (kg/ha)

Área segurada (ha)

Preço do kg de soja (R$)*

LMI (R$)

50% 3.300 200 1,09 359.975 55% 3.300 200 0,99 359.975 60% 3.300 200 0,91 359.964 65% 3.300 200 0,84 359.931 70% 3.300 200 0,78 359.975

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ESTUDOS DE CASO

SEGURO AGRÍCOLA DE PRODUTIVIDADE EM PONTA GROSSA/PR

Prêmio pago pelos produtores = (LMI x taxa bruta de prêmio) x (1 – subvenção federal – subvenção adicional)

Os resultados mostram-se na tabela a seguir:

Lembre-se que o prêmio do seguro é na verdade o preço que o agricultor deverá pagar à seguradora. Como o risco é alto, o prêmio, muitas vezes, também é alto. Mas não tão elevado a ponto de inviabilizar a atividade. Por esse motivo o Governo Federal iniciou em 2005 o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). A cada três anos, o Governo libera os percentuais de subvenção (subsídio) por tipo de cultura.

Até agora, foram vistas a formas de cálculo do limite máximo de garantia e do prêmio do seguro. Falta ainda o cálculo da indenização, conceito vinculado estreitamente com a ocorrência de um sinistro.

Nível de cobertura

LMI (R$) Taxa bruta de

prêmio Prêmio

(R$) (1–subv.federal–subv.adicional)

Prêmio pago pelos produtores (R$)

50% 359.975 4,33% 15.587 40% 6.235 55% 359.975 4,62% 16.631 40% 6.652 60% 359.964 4,91% 17.674 40% 7.070 65% 359.931 5,95% 21.416 40% 8.566 70% 359.975 7,66% 27.574 40% 11.030

Lembra-se que o conceito de “limite máximo de indemnização” é o valor máximo que o produtor receberá de indenização caso apresente perda total.

Cálculo do valor de prêmio A partir do “limite máximo de indenização”, obteremos o valor total do prêmio e prêmio pago pelos produtores: Prêmio Total = LMI x taxa bruta de prêmio

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ESTUDOS DE CASO

SEGURO AGRÍCOLA DE PRODUTIVIDADE EM PONTA GROSSA/PR

Nota-se que nos níveis de cobertura de 50, 55 e 60% apresentam-se valores negativos, indicando que o segurado não receberia a indenização. Por outro lado, ele seria indenizado se tivesse escolhido os níveis de 65% e 70%. Nesses casos, os valores indenizados seriam de R$ 7.551 (e prêmio pago de R$ 8.566), e R$ 32.725 (com prêmio pago de R$ 11.033). Caso haja alguma dúvida estaremos à disposição para auxiliá-lo da melhor forma possível.

Nível de Cobertura

Produtividade Segurada(kg/ha)

Produtividade Colhida (kg/ha)

Preço do kg de soja (R$)*

Área Segurada (ha)

Indemnização (R$)

50% 1.650 2.100 1,09 200 (98.175) 55% 1.815 2.100 0,99 200 (56.525) 60% 1.980 2.100 0,91 200 (21.816) 65% 2.145 2.100 0,84 200 7.551 70% 2.310 2.100 0,78 200 32.725

Cálculo do valor de indenização No estudo de caso, vamos supor que na fase em que a soja mais precisava de água, parou de chover. Nesse caso, o agricultor liga para a seguradora (aviso de sinistro) e ela, em seguida, envia o perito para verificar situação da lavoura. Lembrando que, em caso de perda parcial, o valor da perda é apurado no momento que antecede a colheita, pois a soja poderá ter se recuperado nesse período. Assim, no nosso exemplo, o perito retorna à fazenda – perto da colheita – e verifica que, em função da estiagem, a produtividade foi de 2.100 kg/ha. Será que haverá indenização? Para responder a essa pergunta, devemos realizar o seguinte cálculo: INDENIZAÇÃO = (Produtividade segurada - produtividade colhida) x preço do kg de soja

x área segurada Os resultados da indenização, segundo o nível de cobertura, estão resumidos na tabela a seguir:

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Quais são as principais diferenças dos resseguros tradicionais para o resseguro rural?

Konrad Mello: Fora as características peculiares de cada uma das Linhas de Negócios, as principais diferenças seriam o calendário e contrato conforme ano-safra, a alta frequência e intensidade de perdas geradas por eventos climáticos catastróficos, diferentes exposições dentro do mesmo contrato. Conforme as regiões de atuação das seguradoras, em sua grande maioria os contratos são proporcionais quota-parte (ou seja, a seguradora e resseguradora têm as mesmas responsabilidades, seja com relação a prêmios, seja com relação a sinistros).

Como o resseguro rural é comercializado no Brasil? O uso de “brokers” é obrigatório?

Konrad Mello: Segundo a Lei Complementar Nº 126/2007, a intermediação de corretores em contratos de resseguro não é obrigatória, portanto todos os contratos são tratados diretamente entre seguradora e resseguradora. As áreas técnica e de resseguro / clientes discutem os termos e condições, com base no business plan e

resultados da carteira e estabelecem as bases que servirão para finalmente prosseguir para conclusão e assinatura do contrato seguinte. Qual foi o impacto da abertura dos resseguros sobre o mercado de seguro rural no Brasil?

Konrad Mello: De uma maneira geral, a abertura de mercado permitiu que resseguradoras internacionais aumentassem o interesse em investir no mercado brasileiro. Com isso, além de capital financeiro, grandes resseguradoras internacionais aportaram conhecimento técnico e contribuíram para a elaboração e evolução de produtos mais abrangentes oferecidos aos produtores. Quais foram as principais dificuldades das resseguradoras para trabalhar no mercado de seguro rural no Brasil?

Konrad Mello: Por se tratar de uma ferramenta de política agrícola, o seguro rural depende das Parcerias Público-Privadas (PPP), no qual o mercado privado trabalha em conjunto com setor público para avanço dos mecanismos de proteção e mitigação de riscos.

Konrad Mello

Subscritor de Agro – Resseguradora Munich Re

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Normalmente o mercado privado é responsável pela transferência de conhecimento, troca de experiências internacionais, análise e precificação de risco, e o setor público é responsável pelo cofinanciamento do pagamento de prêmios de seguro para o produtor, cofinanciamento para as grandes perdas ocasionadas por eventos climáticos extremamente adversos, regulamen-tação das leis aplicáveis a este ramo e garantias de continuidade dos programas. Desde a safra 2009/10, o sistema de PPP vem sofrendo transtornos consideráveis quanto à garantia de continuidade do programa conforme o planejado anteriormente elaborado, garantias e disponibilidade de recursos e, principalmente, atrasos nas movimentações financeiras para o mercado. Estes fatores vêm gerando dúvidas quanto à credibilidade do programa e incertezas quanto à continuidade do mesmo. Além disso, as bases de dados agrícolas do Brasil (ponto de partida fundamental para o seguro agrícola em específico) climáticas e de produtividades das principais culturas, não apresentam graus de confiabilidade adequados à necessidade para elaboração de produtos adequados à realidade dos produtores.

Existe capacidade técnica e experiência suficiente nas resseguradoras para assumir o desafio de trabalhar no setor rural no Brasil?

Konrad Mello: Sim. As grandes resseguradoras que atuam no ramo rural normalmente possuem em seu corpo técnico engenheiros agrônomos, engenheiros florestais, veterinários ou zootecnistas. Muitas contam com as experiências adquiridas em outros mercados, que podem ser adaptadas às realidades do Brasil, além de apoio de equipes em seus escritórios-matriz. Qual tem sido o processo de capacitação das resseguradoras para assumir os desafios de trabalhar no mercado rural de seguros?

Konrad Mello: No ramo do seguro rural, normalmente as resseguradoras buscam profissionais para treinamento de sua equipe interna quanto: i) às características e riscos inerentes às atividades rurais; ii) subscrição e; iii) regulação e liquidação de sinistros.

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Quais são as perspectivas das empresas de resseguro no mercado de seguro rural no Brasil nos próximos 5 anos? Konrad Mello: Até a safra 2009/10, todo o mercado (seguro e resseguro) se planejou e investiu para atuar com crescimento da ordem de 25% ao ano (estudo realizado pelo MAPA na safra 2008/09, com projeções até a safra 2018/19). Com base em informações retiradas da SUSEP, entre a safra 2008/09 e 2012/13, este crescimento tem se mantido em 15% ao ano. Diante das muitas incertezas que têm ocorrido e das constantes mudanças em políticas públicas para este setor, fica bastante complicado de empresas elaborarem num planejamento de médio prazo com relação a investimentos. A Munich Re, especificamente tem interesse em atuar no mercado brasileiro, disposta a dividir conhecimento e contribuir com propostas de soluções que tenham como objetivo melhorar as condições de seguros e promover a sustentabilidade do mercado no longo prazo.

Konrad Mello

Engenheiro Agrônomo Subscritor de Agro Munich Re

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Notícias em Destaque

CNA defende aperfeiçoamento do seguro rural para garantir renda aos produtores. A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, defendeu o aperfeiçoamento do seguro agrícola como forma de garantir uma política efetiva de proteção à produção agropecuária brasileira. O tema foi debatido em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado no dia 5 de setembro. Para ela, o aperfeiçoamento do seguro agrícola depende da criação de um cadastro único do produtor rural que reunirá informações sobre todos os financiamentos concedidos aos produtores rurais, níveis tecnológicos utilizados, produtividade, produção, área plantada e culturas desenvolvidas. A adesão dos produtores rurais ao cadastro não será obrigatória, mas quem aderir terá a subvenção para contratação das apólices. A partir dos dados armazenados no cadastro único será possível avaliar melhor o risco de cada operação, barateando os custos. Com o cadastro único, será possível fazer o mapeamento do perfil de cada produtor rural que aderir ao modelo, melhorando a definição da política pública e reduzindo os custos para o produtor e para o Governo.

Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA

Banco do Brasil amplia seguro de faturamento para café e milho e o seguro de custeio para o feijão, batata inglesa, sorgo e cevada. O Banco do Brasil confirmou hoje que o BB Seguro Agrícola Faturamento passará a contemplar, além da soja, as culturas de café e milho. O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre decidiu ampliar a abrangência de culturas contempladas em mecanismos de mitigação de riscos para atrair maior adesão ao segmento. O BB Seguro Agrícola Faturamento inclui, além da garantia contra intempéries, a possibilidade de proteção contra prejuízos por conta de variações no preço do produto. Além disso, o banco informa que o BB Seguro Agrícola, seguro de custeio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, contemplará a partir da safra 2013/2014 as culturas de feijão, batata inglesa, sorgo e cevada. O Banco do Brasil lembra que os seguros contam com isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), subvenção do governo federal e/ou estadual.

Fonte: Canal Rural

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Ministério da Agricultura debate obriga-toriedade de seguro rural para áreas de risco climático. A obrigatoriedade do seguro rural para propriedades localizadas em áreas de risco climático foi discutida no dia 19 de setembro de 2013 na Câmara Temática de Financiamento e Seguro do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A resolução do Conselho Monetário Nacional começa a valer no dia 1º de julho de 2014, e tornará obrigatório o seguro rural para o crédito de custeio com financiamentos subsidiados pelo governo federal em áreas prioritárias segundo o MAPA, que fazem parte do zoneamento agrícola de riscos climáticos. Hoje, estas áreas englobam os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e oeste da Bahia. De acordo com a Federação Nacional das Seguradoras, apenas 10% das propriedades brasileiras estão cobertas contra prejuízos causados por fenômenos naturais.

Fonte: Canal Rural

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