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Terapias Cognitivas Bernard Rangé Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Maria Amélia Penido Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução As terapias cognitivas tiveram seu início em 1958 quando Albert Ellis, previamente um psicanalista que havia sido influenciado por Alfred Adler e trabalhado com Karen Horney, publicou um artigo na revista Journal of General Psychology intitulado Rational Psychotherapy (Ellis, 1958). Nesse artigo, ele defendia a importância das crenças irracionais na produção de estados emocionais pertubados. Em outros trabalhos continuou enfatizando a mesma posição, mas foi na publicação de seu clássico Reason and Emotion in Psychotherapy (Ellis, 1962) que apresentou as 11 crenças irracionais que lhe deram fama e estimularam o aparecimento de novas abordagens cognitivas. Para se falar das terapias cognitivas é necessário se reportar às contribuições das abordagens comportamentais em psicologia, uma vez que há uma grande identificação entre os métodos e valores das duas abordagens. Primeiramente há uma identidade entre os aspectos metodológicos com uma orientação objetiva, empírica e experimental comum a ambas. Há também uma preocupação comum em testar intervenções e procedimentos, muito freqüentemente antes até de suas aplicações clínicas. A preocupação com a efetividade e com a manutenção dos resultados tem sido uma marca destas abordagens psicoterápicas. É observável também o uso de técnicas comportamentais e cognitivas de forma complementar. A ênfase originada no behaviorismo com a objetividade e na eleição do método experimental como o principal instrumento de investigação em psicologia, implicou em um fortalecimento do controle de variáveis e conduziu inexoravelmente à formulação de

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Terapias Cognitivas

Bernard Rangé Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

e

Maria Amélia Penido Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Introdução

As terapias cognitivas tiveram seu início em 1958 quando Albert Ellis, previamente um

psicanalista que havia sido influenciado por Alfred Adler e trabalhado com Karen

Horney, publicou um artigo na revista Journal of General Psychology intitulado

Rational Psychotherapy (Ellis, 1958). Nesse artigo, ele defendia a importância das

crenças irracionais na produção de estados emocionais pertubados. Em outros trabalhos

continuou enfatizando a mesma posição, mas foi na publicação de seu clássico Reason

and Emotion in Psychotherapy (Ellis, 1962) que apresentou as 11 crenças irracionais

que lhe deram fama e estimularam o aparecimento de novas abordagens cognitivas.

Para se falar das terapias cognitivas é necessário se reportar às contribuições das

abordagens comportamentais em psicologia, uma vez que há uma grande identificação

entre os métodos e valores das duas abordagens. Primeiramente há uma identidade entre

os aspectos metodológicos com uma orientação objetiva, empírica e experimental

comum a ambas. Há também uma preocupação comum em testar intervenções e

procedimentos, muito freqüentemente antes até de suas aplicações clínicas. A

preocupação com a efetividade e com a manutenção dos resultados tem sido uma marca

destas abordagens psicoterápicas. É observável também o uso de técnicas

comportamentais e cognitivas de forma complementar.

A ênfase originada no behaviorismo com a objetividade e na eleição do método

experimental como o principal instrumento de investigação em psicologia, implicou em

um fortalecimento do controle de variáveis e conduziu inexoravelmente à formulação de

hipóteses testáveis e verificáveis. Por este motivo, a maior parte do trabalho realizado

pelo neobehaviorismo derivava de estudos de laboratório, quase sempre com animais,

dadas as inúmeras vantagens oferecidas por eles quanto ao controle experimental de

variáveis mais complexas, como linguagem, cultura, socialização etc.

A ênfase no processo de aprendizagem resultou no desenvolvimento de uma enorme

quantidade de pesquisas nessa área que vieram sustentar a formulação de várias teorias

da aprendizagem. Apesar das diferenças quanto aos fatores fundamentais no processo de

aprendizagem (contigüidade X efeito, aprendizagem de respostas X aprendizagem de

cognições etc.), as diversas teorias de aprendizagem que caracterizaram a fase

neobehaviorista, produziram um conjunto de princípios que, tomados em conjunto e

minoradas as diferenças, vieram a ser conhecidos como “a” Teoria da Aprendizagem.

Abrigaram-se historicamente sob este título genérico a teoria do reforço de Hull, (1943,

1947, 1952) a teoria da contiguidade de Guthrie, (1935) a teoria cognitiva de Tolman,

(1935) a análise experimental do comportamento de Skinner (1938) e as retificações ou

complementações à teoria de Hull feitas por vários cientistas como Spence (1960),

Miller e Dollard (1941, 1950) e Mowrer (1939, 1950, 1960).

Mais recentemente, desenvolveu-se um ramo desta orientação teórica, que, ao realizar

pesquisas com seres humanos e valorizar aspectos das interações sociais, não pôde

deixar de dar conta de variáveis tipicamente humanas como a influência social. Foi

formulada uma Teoria da Aprendizagem Social, que não rejeita mas apenas amplia, com

novos conceitos, os horizontes da outra (Bandura e Walters, 1963; Bandura, 1969, 1982,

1977). Ela manteve a ênfase no rigor experimental como subsídio para a construção

teórica e a complementou com a conceituação de construtos mediacionais,

principalmente cognitivos.

Uma das principais diferenças entre as terapias cognitivo-comportamentais e as

comportamentais foi a incorporação, pelas primeiras, do modelo mediacional. A

incorporação desse modelo ocorreu em diferentes tipos de terapias cognitivo-

comportamentais e em diferentes épocas, mas a maior parte dessa influência ocorreu a

partir do final da década de 60 e do começo da década de 70 (Kazdin, 1978). Podemos

considerar alguns fatores que influenciaram e permitiram o desenvolvimento da teoria

cognitivo-comportamental:

1) Apesar do behaviorismo ter sido uma força dominante em psicologia, no final da

década de 60 existia um descontentamento, principalmente com a idéia de que

um modelo não-mediacional fosse suficiente para explicar todos os

comportamentos humanos. O behaviorismo começou a receber criticas,

principalmente em relação ao seu marcado tecnicismo e por suas deficiências em

lidar com os comportamentos humanos complexos.

2) O desenvolvimento da Teoria da Aprendizagem Social de Bandura (1969;

1977), seu conceito de aprendizagem vicária, que desafiava a explicação

comportamental tradicional, além do conceito de auto-eficácia que incluía a

cognição nos processos de aprendizagem, deu força ao modelo mediacional.

3) Ao mesmo tempo em que crescia o descontentamento com o modelo S-R,

continuava a rejeição ao modelo psicodinâmico de personalidade e terapia,

incluindo estudos que rejeitavam a ênfase psicodinâmica no inconsciente.

4) Além disso, o desenvolvimento de uma Psicologia Cognitiva, com um número

crescente de pesquisas que incluíam o modelo mediacional, estavam sendo

publicados. Talvez, uma dessas principais contribuições tenha sido o

desenvolvimento do modelo de processamento cognitivo da informação que

recebeu grande suporte dos laboratórios cognitivos. Um número grande de

estudos foram desenvolvidos nas décadas de 60 e 70 investigando o modelo

mediacional aplicado aos processos clinicos.

5) Outro fator foi o surgimento de terapeutas e estudiosos que claramente se

identificaram como cognitivos: Ellis (1962); Cautela (1967, 1969); Beck (1967,

1976); Beck e cols. 1979, 1985, 1990, 2000); Mahoney (1974, 1970) e

Meichenbaum (1974).

6) A fundação, em 1977, da revista Cognitive Therapy and Research, com o

objetivo de criar um espaço para desenvolvimento e debate, além de estimular

pesquisas na área cognitiva.

7) A publicação de estudos concluindo que a terapia cognitivo-comportamental se

mostrava tão ou mais efetiva que a terapia estritamente comportamental

(Ledgewidge, 1978)

É difícil definir todo o espectro que hoje temos englobado sob o título de terapias

cognitivo-comportamentais. Todas dividem os mesmos princípios fundamentais:

1) o comportamento é influenciado por um processamento cognitivo;

2) esse processamento cognitivo pode ser monitorado e alterado;

3) a mudança de comportamento pode ser influenciada por mudança cognitiva.

Terapia Racional-Emotiva-Comportamental

A Terapia Racional-Emotiva-Comportamental (TREC) é ao mesmo tempo uma teoria

da personalidade e um método de psicoterapia desenvolvido, como visto acima por

Albert Ellis (1958, 1962). Em sua prática, ele sentia-se descontente com os resultados

que encontrava na sua prática psicanalítica e começou a considerar a psicanálise como

um método pouco eficiente por apresentar uma obsessão exagerada por assuntos

historicamente irrelevantes e por desvalorizar métodos comportamentais de mudança.

Voltou-se para a filosofia e para a ciência, tendo sofrido influência de filósofos como

Epicteto, cuja afirmação “Perturbam aos homens não as coisas, senão a opinião, que

delas têm” é um exemplo da primeira concepção cognitiva da História.

Sofreu influências também do existencialismo de Martin Heidegger e de Paul Tillich e

concordava com eles, considerando que os seres humanos estão no centro de seu

universo, mas não do universo e que têm o poder de escolha (mas não de escolhas

ilimitadas) com relação a seu domínio pessoal (Rangé, 2001). A grande influência sobre

o pensamento de Ellis veio de Alfred Adler (1927), que defendia que o comportamento

das pessoas floresce das suas idéias. Além disso, Adler destacou o papel importante dos

sentimentos de inferioridade na perturbação emocional, o interesse social na

determinação da saúde psicológica, a importância dada a metas, propósitos e

significados, a ênfase de um ensino ativo-diretivo, o uso de uma forma cognitiva-

persuasiva de terapia e o uso de demonstrações ao vivo de sessões de terapia.

A TREC deve ser definida como uma posição terapêutica de ênfase humanista-

existencial embasada em um empirismo rigoroso. É uma forma ativa e diretiva de

terapia que considera que as crenças ou conceitos filosóficos constituem a base dos

problemas, e o terapeuta procura agir diretamente nessas crenças consideradas

irracionais. É baseada em um modelo educacional e um aspecto fundamental é a

aceitação incondicional do cliente pelo terapeuta, a capacidade empática e o interesse

genuíno com o objetivo de construir uma sólida relação terapêutica

Pressupõe que a causa dos problemas humanos estão nas idéias irracionais que levam o

ser humano a um estado de desadaptação de seu meio ambiente. A base do

funcionamento cognitivo humano é compreendida pela TREC por sua representação do

ABC em que,

A são os eventos ativadores- caracterizados por algum evento externo real

que pode ser validado por um grupo de observadores

B são as crenças (beliefs) – a avaliação pessoal daquilo que aconteceu

C são as conseqüências emocionais e comportamentais

Em um primeiro momento, a preocupação é em estabelecer uma aliança terapêutica

sólida para em seguida identificar o sistema de crenças do cliente dentro do modelo

ABC, explicando a relação entre B e C, para em seguida usar o D (de Debater), para

desafiar esse sistema de crenças através de questionamento. Mudar crenças irracionais é

assim o verdadeiro trabalho terapêutico.

Ellis afirma que o aspecto central das perturbações emocionais e comportamentais

humanas é a tendência a fazer avaliações absolutistas dos acontecimentos percebidos

em suas vidas. Essas avaliações têm aspectos dogmáticos do tipo “tenho que”,

“deveria”, “devo” etc. Existe um termo em inglês que ele usa para definir essas

avaliações : “musturbation”, intraduzível, uma mistura de masturbação com “tenho

que” que se refere a pessoas que ficam ruminando seus erros. A partir disso, Ellis

(1962) listou 11 crenças irracionais que representam o aspecto central de seu

tratamento:

1. A idéia que existe uma extrema necessidade para qualquer ser

humano adulto ser amado ou aprovado por virtualmente qualquer

outra pessoa significativa em sua comunidade.

2. A idéia que se deva ser inteiramente competente, adequado e

realizador em todos os aspectos possíveis para se considerar como

tendo valor.

3. A idéia que é terrível e catastrófico quando as coisas não são do

jeito que a gente gostaria muito que fossem.

4. A idéia que certas pessoas são más, perversas e velhacas e que

elas deveriam ser severamente responsabilizadas e punidas por

sua maldade.

5. A idéia que a infelicidade humana é externamente causada e que

as pessoas têm pouca ou nenhuma habilidade para controlar seus

infortúnios e distúrbios.

6. A idéia que, se alguma coisa é ou pode ser perigosa ou

assustadora, se deveria ficar terrivelmente preocupado e ficar

ruminando sobre sua possível ocorrência.

7. A idéia que é mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades

ou responsabilidades da vida.

8. A idéia de que se deva ser dependente de outros e que se necessite

de alguém mais forte em quem se apoiar.

9. A idéia de que a história passada de alguém é um determinante

definitivo do seu comportamento presente e que, se algo uma vez

afetou fortemente a sua vida, isso continuará tendo

indefinidamente um efeito similar.

10. A idéia que se deva ficar muito perturbado com os problemas e

preocupações de outras pessoas.

11. A idéia de que há invariavelmente uma solução certa, precisa e

perfeita para os problemas humanos e que é catastrófico se esta

solução perfeita não for encontrada.

A TREC sustenta que a mudança mais elegante e duradoura envolve a restruturação

filosófica das crenças irracionais. Essa mudança pode ser específica ou geral. A

específica significa que os indivíduos mudam as suas exigências absolutistas irracionais

(“devos”, “tenho-quês”, “deverias”) por preferências racionais. A mudança filosófica

geral envolve que as pessoas desenvolvam uma atitude não-absolutista quanto aos

acontecimentos da vida em geral. Para produzir uma mudança filosófica, específica ou

geral, as pessoa deveriam fazer o seguinte:

1. Primeiro, dar-se conta de que elas criam suas próprias

perturbações psicológicas e que, mesmo que o ambiente possa ter

alguma contribuição, isso é de consideração secundária.

2. Reconhecer plenamente que têm a capacidade para mudar essas

perturbações.

3. Compreender e aceitar que as perturbações emocionais e

comportamentais derivam grandemente de crenças irracionais,

absolutistas e dogmáticas.

4. Detectar suas crenças irracionais e discriminá-las de suas

contrapartes racionais.

5. Combater essas crenças irracionais usando os métodos lógico-

empíricos da ciência.

6. Trabalhar para a internalização dessas novas crenças racionais

empregando métodos cognitivos, emocionais e comportamentais

de mudança.

7. Continuar com esse processo de desafiar as crenças irracionais

usando métodos multimodais de mudança pelo resto da vida.

As contribuições de Albert Ellis têm sido tão importantes que ele foi agraciado pela

American Psychological Association com o prêmio de Outstanding Life Achievement.

Aqueles que se interessarem mais por sua obra podem obter mais informações no site

http://www.rebt.org .

Terapia Cognitiva

Aaron T. Beck, era também um psicanalista e estava inclinado a tentar validar

empiricamente o modelo psicanalítico da melancolia – a de uma raiva retrofletida.

Começou a atender pacientes com depressão e, à medida que os atendia, começou a

constatar certas características do processamento cognitivo desses pacientes, marcado

por um forte pessimismo em relação a si mesmos, ao mundo do qual faziam parte e ao

futuro. Solicitados por ele a apresentar desempenhos em tarefas específicas, estes não se

diferenciavam dos indivíduos sem depressão. Na verdade, suas observações o levaram a

identificar, no conteúdo dos pensamentos e sonhos de seus pacientes, uma tendência

para interpretar os acontecimentos de forma negativa. Seus estudos resultaram em um

livro publicado com o título Depression: Causes and Treatment (1967). Este livro já

antecipava aquilo que veio a ficar mais claro quando da publicação do seu clássico livro

Terapia Cognitiva da Depressão (1979; 1981; 1997).

A terapia cognitiva guarda semelhanças com a TREC de Albert Ellis, principalmente

quanto à idéia de que crenças irracionais são a fonte de reações emocionais e

comportamentais perturbadas. Guarda semelhanças também com as pesquisas de

comportamentalistas contemporâneos como Bandura que, já em 1969, destacava a

importância mudanças simbólicas, como aquelas produzidas pelo conceito de

modelação (Bandura, 1969).

A terapia cognitiva é uma abordagem fundamentalmente fenomenológica na qual

cliente e terapeuta buscam identificar na experiência pessoal de cada momento em cada

indivíduo as interpretações que ele faz dos acontecimentos que lhe afetam. Uma das

principais contribuições é a idéia de que o comportamento é determinado pela forma

como o indivíduo vê a si mesmo e ao mundo. O foco da terapia é no aqui-e-agora, isto é

no presente. O passado e o futuro são vistos como sendo constantemente filtrados

através do momento presente. A teoria do processamento da informação também está na

base da terapia cognitiva, na medida em que sustenta a existência de um processamento

cognitivo como mediador entre o estímulo e a resposta.

O modelo cognitivo propõe que os transtornos psicológicos decorrem de um modo

distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos, que influenciam o afeto e o

comportamento. Não se pode dizer, com base nessa afirmação, que os pensamentos

causam os problemas emocionais, mas sim que eles modulam e mantêm as emoções

disfuncionais, independentes de suas origens (Falcone, 2001). A maneira como um

indivíduo interpreta situações específicas, e não as situações em si, influencia seus

sentimentos, motivações e ações. O foco do modelo cognitivo está na interação dos

pensamentos, sentimentos e comportamentos.

As interpretações que um indivíduo faz do mundo estruturam-se progressivamente

durante seu desenvolvimento formando crenças, regras ou esquemas. Estes ajudam a

orientar, organizar, selecionar suas novas interpretações, bem como ajudam a

estabelecer critérios de avaliação de eficácia ou adequação de sua ação no mundo.

Assim, esquemas são espécies de "fórmulas" que uma pessoa tem a seu dispor para lidar

com situações regulares de maneira a evitar todo o complexo processamento que existe

quando uma situação é nova. Orientam e ajudam a uma pessoa a selecionar os detalhes

relevantes do ambiente e a evocar dados arquivados na memória também relevantes

para sua interpretação. Os esquemas podem se organizar em compostos mais complexos

chamados constelações cognitivas, que se manifestam através de prontidões cognitivas

(sets), entendidas como estados de ativação cognitiva que preparam um indivíduo para

um certo tipo de atividade cognitiva específica como a detecção de um perigo, uma

apreciação estética etc.

Entre os esquemas de um indivíduo, um deles tende a se estruturar como mais nulear ou

central, condensador das experiências recorrentes e/ou marcante de sua relação com as

pessoas significativas de sua formação. Uma crença nuclear funciona como uma matriz

das interpretações momentâneas das relações de um indivíduo com o mundo. Quando

ativada tende a tornar a ação do indivíduo mais incapacitada. Por este motivo, cada

pessoa tende a desenvolver suposições condicionais ou secundárias que a capacitem a

funcionar melhor. Estas tendem a ser mais hipotéticas ou condicionais e se apresentam

como suposições “se..., então...”, sendo uma mais positiva e a outra mais negativa.

Assim, para uma pessoa que acredita ser incapaz, ela poderia desenvolver hipóteses

como: “se estudar com mais afinco, posso tirar notas melhores”, que poderiam ajudá-

la a aumentar sua motivação e seus esforços; ou outra como “se fracassei é porque de

fato sou incapaz”, que a conduziriam a estados depressivos.

Estas suposições condicionais medeiam as relações que disparam pensamentos

automáticos que, pelas características de seus conteúdos, geram sentimentos de medo,

tristeza, raiva etc. Todos estes fatores determinam a espécie e amplitude das reações

emocionais e comportamentais.

Em condições normais, um estado de prontidão cognitiva varia de acordo com

mudanças na estimulação. Se houver uma persistência através de diversas situações, o

estado está evidenciando uma tendenciosidade que denuncia a ativação de um modo.

Um modo ativado significa que o indivíduo fica funcionando apenas naquela função,

em looping. Há, por exemplo, modos negativistas, narcisistas, vulneráveis, eróticos etc.

A ativação de um modo estimula a ativação de esquemas correspondentes e de

determinados estados cognitivos; estes, por sua vez, irão disparar pensamentos

automáticos, que são verbalizações (ou imagens) encobertas específicas, discretas,

telegráficas, reflexas, autônomas e idiossincráticas, sentidas como plausíveis e

razoáveis. Os pensamentos automáticos vão gerar as emoções correspondentes e através

deles pode-se descobrir as crenças e suposições que os geram. Isto tornará possível

descobrir os tipos de distorções cognitivas que sustentam as patologias com que nos

defrontamos, de maneira a poderem ser tratadas, como na tabela abaixo:

Tabela 1 Distorções Cognitivas.

1. Pensamento tudo-ou-nada: é a tendência de interpretar todas as experiências em

termos de categorias opostas e polarizadas (preto/branco, tudo/nada, sempre/nunca,

perfeição/fracasso, absoluta segurança/perigo total).

2. Filtro mental: é a tendência a focalizar apenas um detalhe retirado de um contexto,

ignorando outros aspectos também importantes, e conceber a totalidade da experiência

com base no fragmento.

3. Pular para conclusões: é a tendência a chegar a uma conclusão (ou regra) na

ausência de provas suficientes, ou por meio de um raciocínio lógico falho.

4. Hipergeneralização: é a tendência a ver um evento negativo único como parte de um

padrão interminável de perigos ou sofrimentos.

5. Desqualificação do Positivo: é a tendência a rejeitar experiências ou fatos positivos

por insistir que “não contam” por algum motivo.

6. Advinhação: é a tendência a antecipar que “as coisas vão dar errado” de qualquer

maneira, sem base para essa afirmação.

7. Raciocínio Emocional: é a tendência a tomar as próprias emoções como provas de

uma “verdade”.

8. Rotulação: é a tendência a descrever erros por características estáveis do

comportamento ou por rótulos pessoais.

9. Tirania dos "Deveria": é a tendência a dirigir a própria vida em termos de “deverias”

e “não deverias”, por avaliações de “certo” ou “errado”.

10. Personalização: é a tendência a se ver como causador de fatos ruins, sem o ser, de

fato.

11. Leitura Mental: é a tendência a antecipar negativamente, sem provas, o que as

pessoas vão pensar sobre você.

12. Catastrofização: é a tendência a exagerar a probabilidade e a magnitude dos efeitos

de uma situação antecipada.

Cada patologia tende a funcionar com tipos específicos de distorções cognitivas (Rangé,

2001).

A TC defende a idéia, comprovada em estudos empíricos, que tratamentos baseados em

conceitualizações são mais efetivos do que aqueles sem feitos sem esse esforço. Para se

fazer uma conceitualização de um caso, Judith Beck propôs um diagrama de

conceituação cognitiva (1997). Nesse diagrama, são identificadas três situações típicas

relacionadas com as dificuldades de um cliente. As situações são descritas brevemente,

sendo inseridos, um de cada vez em cada quadro da seqüência correspondente, os

pensamentos automáticos, os sentimentos e os comportamentos ou ações que a pessoa

apresentou. O terapeuta deve fazer então identificação dos significados que cada um dos

pensamentos tem para o cliente. Esse é um passo importante porque os pensamentos e

seus significados se relacionam com a crença nuclear dele.

Ao longo das sessões de atendimento, informações sobre as experiêncas relevantes da

infância serão obtidas. Isto poderá envolver, por exemplo, os comportamentos que pai e

mãe e/ou outras pessoas influentes do convívio do cliente quando criança tiveram com

ele, tais como irmãos, avós, empregadas etc. Com base nas três seqüências de

situações, pensamentos, significados, sentimentos e comportamentos mais as

informações relevantes da infância pode-se começar a fazer uma conceitualização

inicial do caso.

A crença nuclear pode ser descrita diretamente pelo cliente, inferida juntamante com o

terapeuta por uma análise das interpretações dele em situações recorrentes, ou pelo uso

da seta descendente (ver Tabela 3 adiante).

A seguir serão examinadas então as crenças condicionais e as estratégias

comportamentais usadas pelo cliente para enfrentar ou afastar-se das situações que são

fontes de suas dificuldades.

A TC requer uma entrevista compreensiva para um adequado entendimento do

funcionamento do paciente. Uma avaliação inicial, deve se começar com uma tentativa

de especificar a queixa que o paciente está trazendo, com detalhes, incluindo quais tipos

de situações o cliente experimenta os sentimentos e pensamentos lhe fizeram buscar

ajuda. Quando, onde, a freqüência, ou na presença ou na ausência de quem os

problemas ocorrem; em quais contextos ocorrem e que fatores modulam sua ocorrência;

quais são os processos que ajudam a sua manutenção? Que evitações ativas (se expor a

situações que possam lhe produzir ataques de pânico, p.ex.) e passivas (evitar tocar

maçanetas, p.ex.) o paciente apresenta? Quais são os fatores predisponentes e quais os

precipitantes? Qual o curso temporal, as oscilações, os períodos bons e os maus,

associados a o quê? Que tentativas de enfrentamento foram experimentadas? Como é a

situação atual de vida, incluindo a sua família, seu estudo ou trabalho, sua vida social,

seu lazer, seus interesses e atividades?

No que diz respeito ao seu desenvolvimento, tentar obter uma breve descrição dos pais:

quais os comportamentos freqüentes, os modos de interação característicos com ele, o

relacionamento com irmãos, a história escolar ou ocupacional; a história social,

amizades, namoros e identidade sexual. Atentar para experiências traumáticas, de abuso

sexual ou físico e eventuais abalos nas relações familiares. Perguntar também sobre uso

de substâncias e sobre a história médica e de problemas psicológicos anteriores. Como

está a saúde atual, as medicações em uso, problemas médicos, psicológicos e de drogas

na família. Não deixar de avaliar o funcionamento psicológico (aparência, atitude,

comportamento, maneirismos, humor, fala e pensamento, funcionamento perceptual,

intelectual, cognitivo e orientação.

Quanto ao rapport, avaliar a abertura, o tamanho da auto-revelação, a motivação, a

compreensão e o insight, e os sentimentos despertados no terapeuta.

É importante o terapeuta descrever e priorizar para si e para o paciente quais são suas

metas, o que poderá permitir uma formulação preliminar. Essa formulação deve ser

apresentada e o plano de tratamento discutido. O contrato em que serão especificadas

as regras do trabalho poderá então ser feito para a a terapia possa se iniciar na sessão

seguinte.

O processo da terapia cognitiva vai envolver ações diferentes dependendo do momento

da terapia. Numa sessão inicial da terapia propriamente dita, por exemplo, antes mesmo

do início, solicita-se uma avaliação do humor através das escalas Beck de depressão e

ansiedade (Beck e cols., ????; Beck e cols., ????) para que com base nesse

conhecimento isso possa auxiliar a ação do terapeuta. A partir da entrada do cliente na

sala, depois de acomodados, terapeuta e cliente estabelecem uma agenda para a sessão

relacionadas com as metas da terapia e as justificativas para isso. Depois é feita uma

revisão do problema e obtida uma atualização.

A partir daí poderá feita então uma educação do paciente sobre o modelo cognitivo e o

processo da terapia, juntamente com uma informação do paciente sobre seu transtorno.

É importante definir suas expectativas e corrigí-las, se for o caso.

Serão então estabelecidas as tarefas para casa com base naquilo que foi aprendido na

sessão. É ocasião de desenvolver um resumo da sessão e de obter um feedback do

cliente sobre ela.

Terapeutas cognitivos buscam sempre fazer uma conceitualização dos seus casos. Ela

pode ser obtida respondendo a perguntas como:

• Quais são os problemas/queixas atuais do paciente?

• Como estes problemas se desenvolveram e se mantêm?

• Que pensamentos e crenças disfuncionais estão associados a eles?

• Que reações emocionais e comportamentais estão associadas a seus

pensamentos?

• Que aprendizagens e experiências antigas podem ter contribuido para seus

problemas atuais?

• Quais são suas crenças subjacentes? (incluindo atitudes, regras e

suposições)

• Como o paciente vê a si mesmo, seu mundo, seu futuro?

• Que mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais, positivos e

negativos, o paciente desenvolveu para enfrentar suas crenças?

• Que estressores afetaram seus problemas ou interferiram em sua

capacidade para resolvê-los?

• Qual o diagnóstico do paciente?

Modelos e conceitulização de casos

Modelos são tentativas de representar uma realidade que, ao revelarem relações entre

elementos, permitem operações na realidade. Assim pode-se conhecer (conceber novos

elementos, hipóteses) e pode-se agir (orientar-se, deslocar-se, alterar relações). Modelos

são úteis pois organizam ações. Conceitualizações de casos também são também

modelos e são úteis para avaliar como o paciente está funcionando para se saber como

se vai agir com ele e aonde ele quer chegar. Vamos precisar dos ingredientes (situações,

sentimentos, pensamentos, comportamentos, conseqüências, quantidades), estabelecer

relações funcionais que vão permitir previsões sobre o comportamento dele. Uma

conceitualização de casos é uma teoria sobre o paciente que relaciona todas suas

queixas entre si, de forma lógica, orgânica e significativa, que explique por quê o

indivíduo desenvolveu estas dificuldades e o quê as mantém; que permita fazer

previsões sobre seu comportamento, dadas certas condições e que possibilite o

desenvolvimento de um plano de trabalho que permita um fortalecimento da aliança

terapêutica por um fortalecimento da adesão ao tratamento, facilitando um

reenquadramento que o paciente faz sobre o que está lhe acontecendo, aumentando a

sua esperança de mudança que se estabelece a partir desta nova compreensão.

Para que isto seja possível deve-se começar tentando fazer uma lista de problemas. Ela

deve ser ordenada segundo prioridades, com critérios variáveis para estabelecer esta

hierarquia. O primeiro foco de atenção deve ser o de diminuir a probabilidade de

comportamentos que ameacem a integridade física do cliente; ou outro foco pode ser

dirigido para um problema mais simples, como exercitar uma determinada habilidade

específica útil em termos mais imediatos. Outro foco pode ser o problema central, isto é,

um problema cuja solução poderá causar um efeito carambola na solução de outros

problemas (Lemgruber, 1995).

As premissas da atuação clínica dentro da terapia cognitivo-comportamental incluem os

princípios que o trabalho clínico é um empreendimento científico que assume o

princípio do determinismo. Deve-se poder especificar operacionalmente as suposições

sobre o paciente, estas suposições devem poder explicar cada sintoma do problema que

o paciente apresenta, sua etiologia apontar a direção de um tratamento específico. As

suposições devem propiciar predições testáveis relativas ao comportamento futuro do

paciente. Os testes devem permitir avaliar a validade das idéias do clínico. O clínico

deve testar no mínimo com perguntas a teoria explanatória que ele adotou para o

paciente. As suposições baseadas em dados empíricos fornecem uma contribuição muito

mais útil e o trabalho deve ser visto como um estudo clínico piloto, já que as hipóteses

serão ou não confirmadas pela lógica da entrevista e não por experimentos controlados.

Os passos para um plano de tratamento devem contar com o estabelecimento de uma

conceitualização do problema, o desenvolvimento de uma relação colaboradora com o

cliente, o estímulo da motivação do cliente para o tratamento, estabelecer metas, educar

o paciente sobre o modelo cognitivo-comportamental, fazer intervenções cognitivo-

comportamentais e fazer esforços para prevenir recaídas.

A formulação ideal de um caso deve ser útil, simples, teoricamente coerente, deve

explicar o comportamento passado, deve dar sentido ao comportamento atual, deve ser

capaz de predizer o comportamento futuro.

Resumindo, os principais instrumentos da terapia cognitiva são identificar e testar

pensamentos automáticos e distorções, responder racionalmente aos pensamentos

automáticos, identificar e modificar crenças subjacentes, criar hierarquias para tarefas

difíceis, dividir problemas grandes em componentes manejáveis, gerar respostas

alternativas para os problemas, identificar vantagens e desvantagens dos problemas,

monitorar atividades e compromissos, relaxar, distrair-se, dar-se crédito com uso de

afirmações positivas e usar os Registros de Pensamentos Disfuncionais.

Ela tem sido aplicada com sucesso e como primeira indicação para transtornos do

humor (depressão maior, transtorno bipolar); em transtornos da ansiedade (transtorno de

pânico, agorafobia, fobia social, transtorno da ansiedade generalizada, transtorno de

estresse pós-traumático); transtornos alimentares; abuso e dependência de álcool e

drogas; disfunções sexuais, para os sintomas negativos da esquizofrenia e como

complemento terapêutico para os sintomas ativos da esquizofrenia; para alguns

transtornos da personalidade (evitativo e borderline) e para terapia de casais e seus

problemas de comunicação.

Aqueles que se interessarem mais por sua obra podem obter mais informações no site

www.beckinstitute.org

Outros tipos de terapias cognitivas

Novas Terapias Cognitivas

A revolução cognitiva em psicoterapia resultou em uma prática atualmente consolidada

e respeitada, sendo uma das formas de terapia mais populares atualmente (Smith, 1982).

Assim como as terapias cognitivas apareceram em um momento histórico de

questionamentos e mudança, podemos observar um fenômeno semelhante ocorrendo

atualmente. O modelo cognitivo tem passado por significativas transformações, com o

surgimento de novas perspectivas. Podemos destacar alguns fatores influenciando essa

mudança:

1) A tendência crescente a um movimento de integração em

psicoterapia baseado no questionamento da idéia de superioridade

entre uma abordagem ou outra. Esse movimento propõe a integração

de abordagens terapêuticas para o estudo e desenvolvimento dos

processos de mudança em psicoterapia. A psicoterapia integrativa

entende cada abordagem como a peça de um quebra-cabeça. Cada

peça representa diferentes aspectos do funcionamento humano e do

processo terapêutico, descrevendo diferentes fenômenos e propondo

diferentes teorias. Por exemplo, a teoria psicodinâmica tradicional

foca no fenômeno do inconsciente e contribui para o entendimento do

funcionamento psicológico sob essa perspectiva, a teoria cognitiva

foca no processamento da informação e contribui para o entendimento

do funcionamento psicológico sob essa perspectiva. A integração em

psicoterapia busca montar esse quebra cabeça, criando a possibilidade

de um entendimento mais amplo, examinando o mesmo fenômeno por

diferentes perspectivas, contribuindo para uma prática mais integrada

e efetiva (Opazo e Hernandez-Alvarez, 2004).

2) Um crescente interesse no papel das emoções em psicoterapia,

desenvolvido principalmente pelo avanço recente dos estudos

neuropsicológicos da emoção. Os exames de neuroimagem permitem

ver diferentes áreas do cérebro ativadas por diferentes emoções, a

emoção passa a ser uma realidade que pode ser acessada e estudada

empiricamente (Greenberg e Paivio, 2003).

3) A suposição de que os problemas psicológicos resultam de

distorções da realidade, e que a correção dessas distorções é que

promovem a mudança terapêutica, tem sido questionada. Esse modelo

vem sendo questionado principalmente pela crescente evidência de

que o modelo computacional baseado na lógica e racionalidade é

apenas um componente do processamento da informação, considerado

um sistema complexo (Safran e Segal, 1990; Safran, 2002; Mahoney,

2003).

Alguns terapeutas cognitivos têm abraçado a idéia de uma psicoterapia integrativa,

propondo novas formas de intervenção que buscam ampliar a terapia cognitiva,

integrando essa abordagem á outras formas de terapia, como resultado dessas

modificações podemos destacar o desenvolvimento da Terapia do Esquema (Young,

2003), do Construtivismo (Mahoney, 2003) e da Terapia Interpesoal (Safran e Segal,

1990).

Construtivismo

Assim como a revolução cognitiva na década de 1960 alterou as bases das psicoterapias

comportamentais, a chegada dos paradigmas construtivistas causou outra grande

mudança na história das abordagens cognitivas clássicas.

A posição das abordagens cognitivas construtivistas entende que a mente em

funcionamento não somente reflete o mundo exterior, mas o transpõe, atribuindo

significados que, muitas vezes, não são originários do estímulo em si. Dessa forma, a

realidade interna será vista como fundamentalmente derivada de cada indivíduo e do

ponto de vista emocional, ou seja, o mundo é construído também pelas emoções e não

somente através das premissas racionais (Abreu, 1999).

O conhecimento, então, diferente das referências objetivistas, será compreendido como

fruto de uma organização pessoal, arquitetada e organizada por cada pessoa. Assim,

primeiramente sentimos algo, para depois podermos pensar a respeito de seu conteúdo

(Greenberg e Safran, 1987). De maneira geral, a concepção cognitiva construtivista

considera as estruturas emocionais um dos mais fundamentais alicerces para que a

edificação do conhecimento humano possa acontecer. A emoção, em maior ou menor

grau, sempre contribuirá para a formação dos significados no nosso sistema psicológico

humano. Nesse sentido, seria virtualmente impossível considerar as estruturas

cognitivas de significado sem que se agregue, de uma maneira ou de outra, o

funcionamento emocional. Assim, de maneira bem genérica, diríamos que uma das

metas dos modelos construtivistas é a de auxiliar os indivíduos na construção de um

significado, utilizando as emoções como ponto de partida, desenvolvendo e encorajando

uma postura de maior abertura, para que essas emoções possam ser simbolizadas e,

então, finalizadas em seu significado total. A patologia, então, estaria relacionada com a

incapacidade das pessoas para integrar, aceitar ou tratar seus sentimentos e emoções

como necessidades básicas que deveriam ser ouvidas e respeitadas. Disfuncional,

portanto, não são as emoções, mas o não se sentir autorizado a ter tais conteúdos.

Concluindo, é possível observar que a principal diferença entre as duas concepções

epistemológicas das terapias cognitivas (objetivista e construtivista) está no enfoque

dado à participação dos esquemas emocionais e, por isso, à sua contribuição na história

de vida e na formação do indivíduo com seus problemas particulares (sintomas e/ou

queixas). É possível que psicoterapeutas cognitivos mais objetivistas tenham se

identificado com algumas das idéias construtivistas, da mesma forma que certos clínicos

construtivistas possam ter reconhecido a utilidade de uma postura mais objetiva e

pragmática adotada pelos cognitivistas (Abreu e Roso, 1999).

Terapia do Esquema

A terapia do esquema é uma abordagem integrativa em psicoterapia que surge de

estudos de casos resistentes, que respondem pouco à terapia cognitiva tradicional.

Combina elementos da abordagem cognitiva à elementos da gestalt-terapia, da teoria

psicodinâmica, do construtivismo e da teoria do apego, propondo um modelo conceitual

integrativo que resulta em uma prática inovadora e especialmente rica para tratar

pacientes considerados difíceis, como pacientes com transtorno de personalidade

(Young, Klosko e Weishaar, 2003).

A palavra esquema é muito usada em psicologia. De forma geral, um esquema é um

modelo, uma forma de representar a realidade e entendê-la. Para a psicologia cognitiva

um esquema é a representação cognitiva de um conjunto de informações que permitem

ao individuo entender e organizar o mundo. Na teoria desenvolvida por Beck (1967) os

esquemas são entendidos como "fórmulas" que uma pessoa tem a seu dispor para lidar

com situações regulares de maneira a evitar todo o complexo processamento que existe

quando uma situação é nova. Funcionam como uma matriz de interpretação.

Young (1990) propõe que alguns desses esquemas constituem o problema central de

pessoas com transtornos de personalidade e outros problemas psicológicos.

Aprofundando essa idéia ele desenvolve o conceito de esquemas iniciais

desadaptativos, que são padrões persistentes de funcionamento cognitivo-emocional,

desenvolvidos durante a vida, especialmente em experiências perturbadoras na infância,

que se perpetuam de forma não adaptativa, em um ciclo vicioso. Esses esquemas

constituem o núcleo de autoconceito da pessoa e de sua percepção do mundo e

fundamentam sua estruturação cognitiva.

Partindo do pressuposto que qualquer mudança é muito perturbadora para a organização

cognitiva, o indivíduo tem que perpetuar o esquema tão automaticamente quanto

possível de modo a evitar as perturbações. A manutenção do esquema acontece através

de processos cognitivos e comportamentais que o reforçam, e incluem distorções

cognitivas e padrões de comportamentos autoderrotistas (Young, 2003).

Os esquemas iniciais mal adaptativos parecem se desenvolver como resultado de

experiências nocivas cotidianas e não necessariamente de um único evento traumático.

O temperamento inato da criança e as experiências de interação disfuncionais com a

família e ambiente influenciam fortemente o desenvolvimento desses esquemas. Na

teoria do esquema entende-se que todo ser humano tem algumas necessidades

emocionais básicas na infância. Essas necessidades são consideradas universais e todos

os indivíduos têm, porém em intensidades diferentes. Um individuo psicologicamente

saudável consegue suprir adaptativamente essas necessidades desenvolvendo esquemas

funcionais positivos. O objetivo da terapia do esquema é ajudar aos pacientes a

adaptativamente suprir suas necessidades emocionais básicas. Todas as intervenções

tem esse objetivo final (Young, Klosko e Weishaar, 2003).

A terapia do esquema descreve 18 esquemas iniciais mal adaptativos e cada esquema

pode ter muitas variações. Em cada paciente podem ser observados mais de um

esquema nuclear. Esses esquemas são agrupados em cinco amplos domínios conforme

descritos abaixo por Young (2003):

Desconexão e rejeição: esquemas nesse domínio estão relacionados a sentimentos de

conexão, a sentir-se afetivamente conectado a um outro em uma relação estável,

duradoura e segura; e de aceitação, sentir-se amado, aceito e merecedor de amor e

respeito. Esses sentimentos se desenvolvem em ambientes seguros que propiciam

experiências sociais positivas. Os esquemas relacionados à desconexão e rejeição

podem se desenvolver quando essas necessidades não são supridas. Os esquemas são:

abandono / instabilidade; desconfiança / abuso; privação emocional; defectividade /

vergonha e isolamento social / alienação.

Autonomia e desempenho prejudicados: esquemas nesse domínio estão relacionados a

sentimentos de independência e competência, como sentir-se capaz de enfrentar a vida

de modo independente do apoio contínuo de outros. Para desenvolver esses sentimentos

a criança precisa de estímulo e encorajamento. Um ambiente que não estimule a

autonomia pode propiciar o desenvolvimento dos esquemas de dependência /

incompetência, vulnerabilidade ao dano e à doença, emaranhamento / self

subdesenvolvido e fracasso.

Limites prejudicados: esquemas nesse domínio estão relacionados a sentimentos de

auto-controle e respeito. Um ambiente permissivo prejudica o desenvolvimento desses

sentimentos propiciando o desenvolvimento dos esquemas de merecimento /

grandiosidade e auto-controle / autodisciplina insuficientes.

Orientação para o outro: esquemas nesse domínio estão relacionados a sentimentos de

liberdade emocional, como poder expressar suas necessidades e emoções sem culpa ou

medo. Um ambiente repressor pode fazer a criança desenvolver uma orientação pouco

saudável para o outro, necessitando sempre de amor e aprovação, abrindo mão das

próprias necessidades para agradar o outro, para evitar retaliações ou manter as suas

conexões. Uma criança nessa situação pode suprimir sentimentos considerados

negativos, como a raiva. Os esquemas que podem se desenvolver nessas condições são:

subjugação, auto-sacrifício e busca de aprovação / reconhecimento.

Supervigilância e inibição: esquemas nesse domínio estão relacionados a sentimentos de

espontaneidade e prazer. Crianças que não podem expressar sentimentos e escolhas com

liberdade em função de estarem submetidas a regras rígidas, severas, punitivas e

perfeccionistas podem desenvolver esquemas desadaptativos nesse domínio, ficando

hipervigilantes ou inibidas, e prejudicando seu desenvolvimento sadio por não

conseguirem relaxar. Os esquemas desse domínio são: negatividade / pessimismo,

inibição emocional, padrões inflexíveis / crítica exagerada e caráter punitivo.

Processo terapêutico. O processo terapêutico é baseado na identificação e modificação

dos esquemas iniciais mal-adaptativos. A primeira etapa da terapia consiste em uma

ampla investigação da vida e dos problemas da pessoa para a construção de uma

conceitualização do caso à luz da teoria do esquema. Nessa fase inicial o paciente é

instruído sobre a teoria do esquema e aprende a identificar seus próprios esquemas, os

fatores ativadores e mantenedores deles.

A segunda etapa consiste no processo de modificação dos esquemas e os tipos de

intervenção mais importantes são intervenções cognitivas, experenciais, interpessoais e

comportamentais. As intervenções cognitivas têm como objetivo ajudar o paciente a

identificar a ativação de um esquema e combatê-lo através de racionalização sempre que

ocorrerem fora da sessão. As técnicas experênciais e interpessoais são usadas para ativar

os esquemas em terapia e modificá-los com a emoção ativada e incluem o processo

transferencial, usando a relação terapêutica como instrumento de mudança e técnicas

emocionais de imaginação dirigida e dramatização para propiciar uma catarse

emocional. Pacientes crônicos usualmente têm sentimentos de raiva e fúria baseadas nas

experiências iniciais da vida ou sentimentos dolorosos ignorados que podem ser

ativados através de exercícios de imaginação e dramatização. A expressão desses

sentimentos permite uma ventilação dos sentimentos associados aos esquemas e

situações de vida atual, permitindo uma mudança emocional. As intervenções

comportamentais acontecem na etapa final com o objetivo de modificar os

comportamentos provocados pelo esquema.

As principais características da terapia do esquema são:

a. É uma abordagem diretiva que pode ser aplicada a curto, médio

ou longo prazo, dependendo do paciente.

b. O passado, a história do paciente, seu desenvolvimento desde a

infância e adolescência até a vida adulta é considerado um aspecto

fundamental para a compreensão da origem dos problemas

psicológicos.

c. O conceito central é o de esquemas iniciais mal adaptativos.

d. O processo terapêutico busca a modificação desses esquemas.

e. Usa técnicas emocionais para a modificação dos esquemas mal

adaptativos.

f. Foca a relação terapêutica como um agente modificador em

psicoterapia.

Conclusões

A terapia cognitivo-comportamental tem obtido cada vez mais reconhecimento sobre

sua efetividade. Vários estudos a tem comprovado: Roth & Fonagy (1996/2005),

Chambless & Hollon (1998) e DeRubeis & Crits-Christoph (1998) somente para citar

alguns poucos. Em 2004 foi publicado um estudo feito pelo Instituto Nacional da Saúde

e da Pesquisa Médica da França em que se fez uma avaliação das psicoterapias. Cerca

de 1.000 artigos e documentos constituiram a base documental desta perícia. O campo

da perícia foi aplicado a três grandes abordagens psicoterápicas: a abordagem

psicodinâmica (psicanalítica), a abordagem cognitivo-comportamental e a terapia

sistêmica familiar e de casais. A TCC se mostrou mais eficaz do que as outras nos

quadros seguintes quadros: transtornos ansiosos como transtorno da ansiedade

generalizada, transtorno de pânico, agorafobia, transtorno de ansiedade social,

transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, fobias

específicas; transtornos do humor como transtorno depressivo maior (brando /

moderado), em pacientes hospitalizados, com idosos, transtorno bipolar com uso de

medicamentos; esquizofrênicos crônicos e agudos em tratamento conjunto com uso de

neurolépticos; transtornos de personalidade borderline e evitativa; transtornos de

dependência de álcool, transtornos alimentares, incluindo bulimia e anorexia nervosas e

transtorno de compulsão alimentar periódica (INSERM, 2004). Além disso mostrou-se

eficaz também com quadros ansiosos e depressivos em crianças e adolescentes.

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Tabela 2. Diagrama de Conceituação Cognitiva.

Dados relevantes da infância

Pai negro e superprotetor, mãe francesa, branca, e crítica.

Uma vez, na escola, admirando uma garotinha, um dos meninos disse: “Nós nunca vamos namorar essa menina pois eu sou baixo, ele é

gordo e você é preto”.

Crenças Nucleares sobre Si

Sou inferior.

Crenças Nucleares sobre o Mundo

Os outros são maus.

Crenças Condicionais

+ Se me esforçar posso ter sucesso na vida, como namorar garotas bonitas, ter sucesso profissional etc.

- Se mesmo me esforçando eu não conseguir, isso significa que eu sou inferior mesmo.

Estratégias Comportamentais Estudar, sair com amigos para beber demais; evitar situações sociais onde apresenta sintomas como tremor, taquicardia etc.

Situação 1 Na casa de um amigo quando chegou

outro com uma mulher linda.

Situação 2 Chegando num restaurante cheio, para

comer com uma garota e a mãe dela.

Situação 3 Entrando no meu carro (uma Pajero

importada)

Pensamentos Automáticos

Se eu tentar conquistá-la ela vai me rejeitar; ela vai dizer quem esse negão

pensa que é?

Pensamentos Automáticos

A mãe deve estar pensando, “como a minha filha aceita sair com um crioulo”?

Pensamentos Automáticos

Esse cara está roubando aquele carro.

Significado

Sou indesejável, inferior.

Significado

Inferior, sem valor.

Significado

Inferior, sou visto como um perigo para os outros.

Emoção

Medo intenso, reação fóbica.

Emoção

Medo, tristeza.

Emoção

Medo, tremor.

Comportamento

Foi para o banheiro e depois embora

dali.

Comportamento

Foi vomitar no banheiro e, antes de

voltar para a mesa, tomou duas doses de whisky.

Comportamento

Entra no carro e se afasta rapidamente.

Tabela 3. Exemplo de seta descendente.

(Declaração do paciente) (Inferências do terapeuta)

“Não sou interessante para as mulheres porque sou preto”.

(Pensamento automático negativo)

Se isso fosse verdadeiro, então o que?

(Leitura mental)

“Elas devem pensar que eu sou inadequado.”

Se isso fosse verdadeiro, então o que?

“Significaria que não sou bom o suficiente para atrair gatas.”

(Meu valor é determinado pela minha aparência)

Se isso fosse verdadeiro, então o que?

“Significaria que, sendo preto, eu não tenho valor.”

(Qualquer passo em falso, está tudo arruinado)

Se isso fosse verdadeiro, então o que?

“Nunca vou poder ser aceito e valorizado pelos outros.”