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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE DIREITO TEORIA GERAL DO PROCESSO TURMAS A04 e A05 Profa. Ms. Carolina Chaves Soares Email: [email protected]

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CURSO DE DIREITO

TEORIA GERAL DO PROCESSO

TURMAS A04 e A05

Profa. Ms. Carolina Chaves Soares

Email: [email protected]

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PLANO DE ENSINO 2018-2

UNIDADE ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

COORDENAÇÃO DIREITO

DISCIPLINA TEORIA GERAL DO PROCESSO

CÓDIGO JUR 1140 CRÉDITOS 04

TURMA A04 e A05 (2ª e 5ª)

PROFESSORA CAROLINA CHAVES SOARES

[email protected]

I. EMENTA

Estudo da propedêutica processual. Institutos comuns ao Direito Processual. Direito

processual: evolução histórica, princípios gerais e fontes. Formas de solução de conflitos:

autodefesa, autocomposição e processo. Natureza jurídica, finalidade e objeto do

processo. Jurisdição e equivalentes jurisdicionais. Organização, funcionamento e

competência dos órgãos judiciais. Ação e exceção. Relação jurídico-processual. Outros

institutos processuais.

II. OBJETIVO GERAL

Compreender os institutos fundamentais do direito processual.

III. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o direito processual como método para a composição de conflitos.

Conhecer os fundamentos históricos, conceituais e hermenêuticos do direito processual

brasileiro.

Definir e caracterizar a trilogia processual formada pela ação, a jurisdição e o processo.

IV. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

UNIDADE II. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL

UNIDADE III. PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO

UNIDADE IV. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PROCESSUAL

UNIDADE V. JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES JURISDICIONAIS.

UNIDADE VI. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS

UNIDADE VII. DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS JUDICIAIS

UNIDADE VIII. DA AÇÃO E EXCEÇÃO

UNIDADE IX. NATUREZA JURÍDICA DO PROCESSO

UNIDADE X. RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL

UNIDADE XI. OUTROS INSTITUTOS PROCESSUAIS

V. ATIVIDADE EXTERNA DA DISCIPLINA (AED)

Descrição da AED: participação no evento “30 anos da Constituição Federal” ou no IV

Congresso de Ciência e Tecnologia da PUC Goiás.

Cronograma:

- O evento “30 anos da Constituição Federal” acontecerá no dia 05 de outubro de 2018, a

partir das 8h. A forma de inscrição ainda será divulgada pela instituição.

- O IV Congresso de Ciência e Tecnologia da PUC Goiás acontecerá entre 16 e 20 de

outubro de 2018. As inscrições são feitas no site da instituição.

Forma de Registro: A comprovação de participação em um dos eventos deve ser feita

até o dia 29 de novembro de 2018, mediante a apresentação do certificado.

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Critério de Avaliação:

Serão atribuídas oito frequências ao aluno que apresentar a cópia do certificado de

participação no evento.

Na impressão do certificado, deve-se ter o cuidado para que apareça o código de

validação.

ATENÇÃO: o aluno que não apresentar o certificado terá 8 faltas acrescentadas.

VI. MATERIAL DE APOIO

Roteiro de aulas da disciplina, elaborado pela professora.

Facebook: Direito em Cartaz.

VII. METODOLOGIA

As atividades serão desenvolvidas mediante os seguintes procedimentos de ensino: aula

expositiva e dialogada; perguntas/ problematizações; estudos escritos; atendimento a

alunos; estudo de caso e pesquisa bibliográfica com resposta a questionário.

VIII. AVALIAÇÃO

N1:

- A 1ª N1 será aplicada em 03/09/18.

- A 2ª N1 será aplicada em 04/10/18.

- A N1 vale 10 pontos e tem peso 4.

N2:

- A 1ª N2 será aplicada em 05/11/18.

- A 2ª N2 será aplicada em 10/12/18.

- A N2 vale 10 pontos e tem peso 6.

- 1 ponto da média de N2 refere-se à nota da avaliação interdisciplinar.

Regras comuns às avaliações:

- A média para aprovação é 6,0 (seis).

- As avaliações serão feitas por múltiplos instrumentos, podendo conter questões

objetivas, discursivas e estudos de caso.

- Tratando-se de prova sem consulta, será atribuída nota zero ao aluno que conversar,

consultar material ou portar qualquer aparelho eletrônico durante a avaliação.

- Eventual reclamação quanto à correção da prova deverá ser feita no dia da devolução

da atividade, que é sempre o 1º dia de aula após a sua realização.

- As datas acima previstas poderão ser alteradas em caso de imprevistos no calendário

acadêmico.

- O profissional do Direito precisa entender a sociedade na qual está inserido, devendo

estar informado sobre o que acontece em âmbito nacional e internacional. Assim, em

todas as avaliações haverá uma questão extra sobre atualidades/ conhecimentos

gerais.

- Essa professora somente aplica as avaliações descritas nesse plano de ensino (não há

trabalhos extras, prova de repescagem, etc.), devendo o aluno alcançar a média mínima

de 6,0 com essas atividades (a média não é 5,9 ou 5,95).

Prova substitutiva:

- Nos casos de deferimento de avaliação substitutiva, via processo administrativo, será

aplicada uma única avaliação para a N1, no dia 08/10/18, e outra para a N2, no dia

13/12/18. A prova conterá apenas questões discursivas e abordará todo o conteúdo dado

até o dia de sua realização.

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Informes sobre a avaliação interdisciplinar:

- A prova será aplicada pela PUC-GO, em 08 de novembro de 2018.

- A avaliação conterá 40 questões, sendo 10 de formação geral e 30 de formação

específica.

- A avaliação interdisciplinar vale 1 ponto na média da N2.

Estudos interdisciplinares:

- Uma das questões da 2ª N2 será extraída das provas anteriores do Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes (ENADE).

Frequência:

- O aluno é reprovado se não obtiver 75% de presença na disciplina.

- Como já explicitado no tópico próprio, deverão ser desenvolvidas 8 horas-aula a título

de AED. O aluno que não fizer a AED terá acrescidas 8 faltas.

- é dever do discente se inteirar do Regimento Geral da PUC Goiás. Abaixo, seguem

normas importantes quanto à frequência.

Art. 130. Em conformidade com a legislação vigente, o estudante deve obter para aprovação, a frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) das aulas e demais atividades escolares da disciplina. § 1º. Ao estudante ausente à aula ou atividade acadêmica será consignada falta, inexistindo o respectivo abono, por quaisquer motivos. § 2º. Nos casos previstos em Lei e na forma estabelecida nos art. 225 e 226 deste Regimento Geral, mediante prévia autorização da coordenação do curso, as faltas poderão ser compensadas mediante a realização de exercícios domiciliares. Art. 225. É concedido ao estudante regularmente matriculado o benefício do regime de exercícios domiciliares para compensar a ausência às aulas, nos termos do Decreto-Lei nº 1044, de 21/10/1969, em decorrência de doença adquirida ou incapacidade física relativa, de natureza isolada ou esporádica, que inviabilizou ou inviabilize a frequência às aulas ou às atividades, devidamente comprovada por atestado médico e com determinação expressa de repouso domiciliar ou internação em unidade hospitalar, desde que estejam preservadas as condições intelectuais e emocionais para o prosseguimento dos estudos. Art. 226. É concedido o benefício dos exercícios domiciliares, de acordo com a Lei nº 6.202, de 17/4/1975, à estudante regularmente matriculada, a partir do oitavo mês de gestação e durante o prazo de até 3 (três) meses, nas condições descritas neste Regimento Geral. Parágrafo único. Em casos excepcionais, devidamente comprovados mediante atestado médico, pode ser aumentado o período de concessão do benefício de exercícios domiciliares, antes e depois do parto, desde que não extrapole o fim do semestre letivo. Art. 227. No regime de exercícios domiciliares o estudante não é dispensado das avaliações que são realizadas nas datas definidas pelo docente, preferencialmente, com a turma regular. Parágrafo único. No caso de incapacidade, atestada por médico, de comparecer para realizar avaliação presencial no semestre vigente, o docente aplica outra modalidade de avaliação para ser realizada em domicílio. Art. 228. O pedido do estudante deve ser protocolado na Secretaria da Escola, contendo o atestado médico original, no prazo impreterível de 15 (quinze) dias letivos, contados da data inicial da determinação do repouso domiciliar ou internação em unidade de saúde. Parágrafo único. Os processos protocolados fora do prazo são indeferidos e arquivados. Art. 231. O benefício dos exercícios domiciliares não é concedido nos seguintes casos:

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I. afastamento das atividades acadêmicas em período menor ou igual a 10 (dez) dias corridos, ainda que determinado em atestado médico; II. para cursar componente curricular que seja indispensável a presença do estudante, tais como nas atividades práticas, laboratórios, campos de estágio e orientação de trabalho de conclusão de curso; III. descumprimento de quaisquer das exigências contidas nesta Subseção ou na legislação vigente. Art. 232. A concessão do benefício dos exercícios domiciliares para realização das atividades acadêmicas, incluindo as avaliações, cessa na data do encerramento do semestre letivo estabelecido no calendário acadêmico, ainda que o atestado médico determine repouso ou afastamento das atividades em prazo maior.

IX. BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense,

2016.

LIMA, Fernando Antônio Negreiros. Teoria geral do processo judicial. 2. ed. São Paulo:

Atlas, 2015.

RODRIGUES, Horácio Wanderley; LAMY, Eduardo. A teoria geral do processo. 4. ed. São

Paulo: Atlas, 2016.

X. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil. 19. ed. Salvador: Juspodivm,

2017. vol. 1.

THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 58. ed. Rio de Janeiro:

Forense, 2017, vol.1.

XI. OBSERVAÇÕES

1) Todas as informações relativas às aulas e às avaliações são dadas em sala de aula. É

responsabilidade do aluno se manter informado, principalmente se ele tiver faltado à

aula.

2) Em hipótese alguma essa professora aceita atividades fora do prazo.

3) Atividades plagiadas (da internet ou entre alunos) não serão valoradas.

4) O aluno deve obter sua nota no decorrer do semestre, realizando as avaliações acima

descritas. Não há outras atividades nem concessão de pontuação fora do estabelecido

nesse plano de ensino.

5) Os únicos critérios de aprovação são presença e nota. O aluno que é bolsista, que

depende de ajuda familiar para pagar o curso, que trabalha o dia todo, etc., deve ter

plena consciência de sua situação do início ao fim do semestre.

6) Conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o aluno pode faltar a

25% das aulas. Os acontecimentos da vida estão abrangidos nesses 25% de falta, ou

seja, não há abono em caso de aniversário, compromisso profissional, comparecimento a

eventos, consultas médicas e odontológicas, mal estar, etc.

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7) A chamada pode ser feita em qualquer momento da aula, sendo obrigação do aluno

estar presente do início ao fim. A professora não atribuirá presença ao aluno que não

estiver em sala no momento da chamada.

8) A professora não atribui falta ao aluno que responde à chamada. Assim, alegações do

tipo “mas eu não tive essas faltas” são inúteis, porque não haverá alteração do que foi

registrado.

9) É obrigatório levar o Vade mecum em todas as aulas.

10) O estudo do direito processual exige a compreensão de uma sequência: cada aula

que o aluno falta ou chega atrasado interfere negativamente em sua aprendizagem.

11) Se o aluno tem compromissos no período de aula, deve se matricular em outro

horário.

12) Os livros constantes da bibliografia são uma indicação, mas o bom livro é aquele que

o aluno gosta de ler. Entretanto, resumos, sinopses e apostilas são obras destinadas a

recordação, não constituindo em fonte de estudo para o aluno de graduação.

13) O processo de ensino aprendizagem exige um ambiente próprio: evite conversas

paralelas, elas atrapalham os colegas e a professora. Da mesma forma, os aparelhos

eletrônicos devem ser utilizados apenas para fins acadêmicos.

14) Não há como aprender Direito sem ler! O aluno deve estudar o conteúdo da

disciplina através de livro doutrinário.

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APONTAMENTOS DE AULA1

1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Direito, sociedade e conflito: - ubi societas, ibi jus, - direito: conjunto de normas jurídicas que regula as relações de um povo em determinado momento histórico, - necessidades ilimitadas x bens limitados: conflitos de interesses. Carnellutti: - pretensão: é “a exigência de subordinação do interesse de outrem ao interesse próprio”, - lide: “conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida ou insatisfeita”. Estado: - poder uno, com funções separadas, - a divisão do Estado em poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), independentes entre si, funciona como mecanismo contra o despotismo, pois desconcentra os poderes de uma só pessoa, - um mesmo poder exerce mais de uma função, ainda que algumas delas atípicas. A distinção de um poder em relação ao outro é feita através de sua função típica, - Poder Legislativo: atividade legislativa, ou seja, formação da ordem jurídica, - Poder Executivo: atividade de aplicar o direito em nome do bem comum, sem ser provocado para tanto, - Poder Judiciário: atividade de pacificar as lides, quando provocado para tanto. 2. FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS Primórdios da história humana: os litígios eram solucionados por seus titulares e, normalmente, o mais forte vencia o mais fraco. Posteriormente, o Estado assume para si, em caráter exclusivo, a responsabilidade de solucionar os conflitos e proíbe que os envolvidos o façam. Autotutela/ autodefesa: - é a solução do litígio por um dos litigantes, pela força (“justiça privada”), - em regra, é proibida (crime de exercício arbitrário das próprias razões – art. 345 CP), - exemplos em que é permitida: desforço incontinenti (reação do possuidor quando alguém vai esbulhar – art. 1210, § 1º, CC), direito de retenção, legítima defesa (art. 25 CP), estado de necessidade, direito de greve. Autocomposição: - solução dada pelos próprios litigantes, com ou sem a interferência de terceiros, - espécies: conciliação, mediação, renúncia ao direito e reconhecimento do pedido.

• O CPC diferencia a conciliação e a mediação em seu art. 165, § 2º e 3º.

• A conciliação e a mediação produzem um acordo/ uma transação entre as partes. Arbitragem: - a solução do conflito é dada por um terceiro escolhido pelas partes (árbitro), - é regida pela Lei n. 9.307/96, - as partes envolvidas no conflito devem ser capazes (art. 1º),

1 Atenção: o estudo do direito deve ser feito por meio de livros e essa apostila não os

substitui. Esses apontamentos servem apenas para que o aluno acompanhe as aulas.

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- o litígio deve referir-se a direito patrimonial disponível (art. 1º), - a arbitragem pode se fundamentar no Direito ou em equidade (art. 2º), - convenção de arbitragem (arts. 3º):

• cláusula compromissória: cláusula contratual (art. 4º),

• compromisso arbitral: não há acordo prévio, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção de firmar o compromisso (art. 6º e 9º),

- o árbitro precisa ser capaz e ter a confiança das partes (art. 13), - o árbitro profere uma sentença, que vale como um título executivo judicial (arts. 31 e 515, VII, NCPC), - não cabe recurso da sentença arbitral e ela não pode ser revista pelo Poder Judiciário (art. 18), - se houver vício na sentença arbitral, ela pode ser objeto de uma ação anulatória, perante o Poder Judiciário (arts. 32 e 33), - o árbitro tem poder de solucionar o conflito, mas não de executar suas decisões (art. 29). A execução da sentença arbitral se dá perante o Poder Judiciário (art. 516, III, NCPC).

EXEMPLO DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA: As partes elegem como foro para processamento e resolução de qualquer questão decorrente da interpretação, da execução ou da inexecução das obrigações estabelecidas no presente contrato, a instituição arbitral denominada Oitava Câmara de Conciliação e Arbitragem de Goiânia – 8ª CCA DE GOIÂNIA, a quem competirá decidir a questão instituindo a arbitragem conforme os procedimentos previstos em suas próprias regras - as quais as partes declaram conhecer, a Lei n.º 9.307/96 e a legislação brasileira. Como forma de concordância expressa, nos termos do § 2º do art. 4º da Lei n.º 9.307/96, as partes assinam a presente cláusula compromissória cheia.

Processo: - instrumento de que se serve o Estado para, no exercício da função jurisdicional, resolver os conflitos de interesses, - o conflito é solucionado pelo juiz, - o objeto imediato do processo é a aplicação da lei ao caso concreto; o objeto mediato é reestabelecer a paz entre os particulares e, com isso, manter a da sociedade. Os meios de solução dos conflitos classificam-se como: - parciais: solução pelos próprios litigantes (autodefesa e autocomposição), - imparciais: solução mediante decisão de um terceiro, alheio ao litígio (arbitragem e processo). 3. DIREITO PROCESSUAL Direito material e processual: - direito material: conjunto de normas que buscam o regramento da vida em sociedade, regulando as diversas relações jurídicas (entre pessoas e pessoas e bens), - direito processual: conjunto de normas que regem o exercício da jurisdição. Fonte do direito processual: - fonte: de onde provém a norma jurídica, - fonte material: União (art. 22, I, CF), - fonte formal:

• imediata: lei,

• mediatas: costumes, doutrina e jurisprudência. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou por unanimidade a utilização do aplicativo WhatsApp como ferramenta para intimações em todo o Judiciário. A decisão foi tomada durante o julgamento virtual do Procedimento de Controle Administrativo (PCA) 0003251-94.2016.2.00.0000, ao contestar a decisão da

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Corregedoria do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), que proibira a utilização do aplicativo no âmbito do Juizado Civil e Criminal da Comarca de Piracanjuba/GO. O uso da ferramenta de comunicação de atos processuais pelo WhatsApp foi iniciado em 2015 e rendeu ao magistrado requerente do PCA, Gabriel Consigliero Lessa, juiz da comarca de Piracanjuba, destaque no Prêmio Innovare, daquele ano. O uso do aplicativo de mensagens como forma de agilizar e desburocratizar procedimentos judiciais se baseou na Portaria n. 01/2015, elaborada pelo Juizado Especial Cível e Criminal de Piracanjuba em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil daquela cidade. Não obrigatório O texto da portaria dispõe sobre o uso facultativo do aplicativo, somente às partes que voluntariamente aderirem aos seus termos. A norma também prevê a utilização da ferramenta apenas para a realização de intimações. Além de facultativa, a portaria exige a confirmação do recebimento da mensagem no mesmo dia do envio; caso contrário, a intimação da parte deve ocorrer pela via convencional. Para o magistrado, autor da prática de uso do WhatsApp para expedição de mandados de intimação, o recurso tecnológico se caracterizou como um aliado do Poder Judiciário, evitando a morosidade no processo judicial. “Com a aplicação da Portaria observou-se, de imediato, redução dos custos e do período de trâmite processual”, disse Gabriel Consigliero Lessa. Em seu relatório, a conselheira Daldice Santana, relatora do processo, apontou que a prática reforça o microssistema dos Juizados Especiais, orientados pelos critérios da oralidade, simplicidade e informalidade. “O projeto inovador apresentado pelo magistrado requerente encontra-se absolutamente alinhado com os princípios que regem a atuação no âmbito dos juizados especiais, de modo que, sob qualquer ótica que se perquira, ele não apresenta vícios”, afirmou a conselheira Daldice, em seu voto. Para proibir a utilização do WhatsApp, a Corregedoria-geral de Justiça de Goiás justificou a falta de regulamentação legal para permitir que um aplicativo controlado por empresa estrangeira (Facebook) seja utilizado como meio de atos judiciais; redução da força de trabalho do tribunal e ausência de sanções processuais nos casos em que a intimação não for atendida. Segundo a conselheira relatora, diferentemente do alegado pelo Tribunal, a portaria preocupou-se em detalhar toda a dinâmica para o uso do aplicativo, estabelecendo regras e também penalidades para o caso de descumprimento “e não extrapolou os limites regulamentares, pois apenas previu o uso de uma ferramenta de comunicação de atos processuais, entre tantas outras possíveis”. (Notícias do CNJ, 27/06/2017)

Natureza jurídica do direito processual: - direito público (há predomínio do interesse público e de normas cogentes).

• No direito privado, há predomínio da autonomia da vontade e de normas dispositivas.

Eficácia da lei processual no tempo: - a lei que se aplica em questões processuais é a que vigora no momento da prática do ato processual, - art. 14 CPC e 2º CPP, - processos findos: não se aplica a lei processual nova, - processos a serem iniciados: aplica-se a lei processual que está em vigor, - processos em andamento por ocasião da vigência da lei nova: a lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos atos processuais a praticar (sistema do isolamento dos atos processuais). Eficácia da lei processual no espaço: - princípio da territorialidade (lex fori): o exercício da jurisdição em território nacional rege-se pelas normas processuais brasileiras, ressalvados tratados internacionais, - art. 16 CPC e 1º CPP.

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4) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL a) devido processo legal (due process of law) - art. 5º, LIV, CF, - direito ao processo justo, ao processo em conformidade com o Direito.

O SÚDITO ESTRANGEIRO, MESMO AQUELE SEM DOMICÍLIO NO BRASIL, TEM DIREITO A TODAS AS PRERROGATIVAS BÁSICAS QUE LHE ASSEGUREM A PRESERVAÇÃO DO "STATUS LIBERTATIS" E A OBSERVÂNCIA, PELO PODER PÚBLICO, DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO "DUE PROCESS". - O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido processo legal. - A condição jurídica de não-nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. Precedentes. - Impõe-se, ao Judiciário, o dever de assegurar, mesmo ao réu estrangeiro sem domicílio no Brasil, os direitos básicos que resultam do postulado do devido processo legal, notadamente as prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado processante. A ESSENCIALIDADE DO POSTULADO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, QUE SE QUALIFICA COMO REQUISITO LEGITIMADOR DA PRÓPRIA "PERSECUTIO CRIMINIS". - O exame da cláusula referente ao "due process of law" permite nela identificar alguns elementos essenciais à sua configuração como expressiva garantia de ordem constitucional, destacando-se, dentre eles, por sua inquestionável importância, as seguintes prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b) direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com base em leis "ex post facto"; (f) direito à igualdade entre as partes; (g) direito de não ser processado com fundamento em provas revestidas de ilicitude; (h) direito ao benefício da gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito ao silêncio (privilégio contra a auto-incriminação); (l) direito à prova; e (m) direito de presença e de "participação ativa" nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, quando existentes. - O direito do réu à observância, pelo Estado, da garantia pertinente ao "due process of law", além de traduzir expressão concreta do direito de defesa, também encontra suporte legitimador em convenções internacionais que proclamam a essencialidade dessa franquia processual, que compõe o próprio estatuto constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de princípios e de normas que amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal, mesmo que se trate de réu estrangeiro, sem domicílio em território brasileiro, aqui processado por suposta prática de delitos a ele atribuídos. (HC 94016, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 16/09/2008, DJe-038 DIVULG 26-02-2009 PUBLIC 27-02-2009 EMENT VOL-02350-02 PP-00266 RTJ VOL-00209-02 PP-00702)

b) contraditório e ampla defesa - art. 5º, LV, CF, - contraditório = participação + poder de influência, - direito à prova: sem produção de prova não há como influenciar no convencimento do juiz, - contraditório diferido ou postergado: decisões provisórias.

Direito processual civil. Embargos à execução. Ausência de contraditório reconhecida. Anulação do processo após a juntada do documento não contraditado. Afastamento da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC.

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- Se à parte não é conferida oportunidade de se pronunciar a respeito de documento relevante para o julgamento da demanda, é nulo o processo, por desrespeito ao indeclinável contraditório. - Não se pode impedir o acesso às vias recursais legalmente previstas, notadamente quando a parte tem a obrigação de esgotá-las para ter facultado o ingresso de sua pretensão junto à Corte Superior, sob pena de ter cerceado o seu direito de defesa. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido, apenas para afastar a multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC. (REsp 785.360/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/10/2008, DJe 28/10/2008) PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO MORAL E MATERIAL. CONTA-POUPANÇA. TRANSFERÊNCIA INDEVIDA. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. AUSÊNCIA DA NECESSÁRIA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. ANULAÇÃO DE OFICIO DA SENTENÇA PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Evidenciada a necessidade da produção de provas requeridas pela autora, a tempo oportuno, constitui cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide, com infração aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal. 2. A violação a tais princípios constitui matéria de ordem pública e pode ser conhecida de ofício pelo órgão julgador. 3. Recurso especial não-provido. (REsp 714.467/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 09/09/2010)

c) inafastabilidade da jurisdição e acesso à justiça - art. 5º, XXXV, e LXXIV, CF, - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos, - assistência jurídica integral e gratuita: fornecimento pelo Estado de orientação e defesa jurídica, de forma integral e gratuita, a ser prestada pela Defensoria Pública, em todos os graus, aos necessitados (art. 134 da CF), - gratuidade da justiça: isenção das despesas que forem necessárias para que a pessoa necessitada possa defender seus interesses em um processo judicial.

Inafastabilidade da jurisdição e arbitragem: “Não creio que a equiparação das sentenças arbitrais brasileiras às sentenças judiciais possa se opor a garantia constitucional da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário. O que a Constituição não permite à lei é vedar o acesso ao Judiciário da lide que uma das partes lhe quisesse submeter, forçando-a a trilhar a via alternativa da arbitragem... O compromisso arbitral, contudo, funda-se no consentimento dos interessados e só pode ter por objeto a solução de conflitos sobre direitos disponíveis, ou seja, de direitos a respeito dos quais podem as partes transigir. Ora, acentuou o saudoso J. Frederico Marques “assim como o Estado, por estar em foco direito disponível, deixa que os interessados solucionem, através da transação, suas desinteligências recíprocas, nada há de estranhável que, também, autorize esses mesmos interessados a submeterem a resolução de conflitos a outras pessoas, em lugar de o levarem, através da propositura da ação, a juízes e tribunais”. (SE 5206 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 12/12/2001, DJ 30-04-2004 PP-00029 EMENT VOL-02149-06 PP-00958)

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d) juiz natural - art. 5º, LIII, CF, - juiz investido de jurisdição e com competência para análise do caso, - impede a criação de tribunais de exceção – art. 5º, XXXVII, CF, - imparcialidade do juiz.

EMENTA Habeas corpus. Princípio do juiz natural. Relator substituído por Juiz Convocado sem observância de nova distribuição. Precedentes da Corte. 1. O princípio do juiz natural não apenas veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, como também impõe que as causas sejam processadas e julgadas pelo órgão jurisdicional previamente determinado a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa de competência, excluída qualquer alternativa à discricionariedade. 2. A convocação de Juízes de 1º grau de jurisdição para substituir Desembargadores não malfere o princípio constitucional do juiz natural, autorizado no âmbito da Justiça Federal pela Lei nº 9.788/99. 3. O fato de o processo ter sido relatado por um Juiz Convocado para auxiliar o Tribunal no julgamento dos feitos e não pelo Desembargador Federal a quem originariamente distribuído tampouco afronta o princípio do juiz natural. 4. Nos órgãos colegiados, a distribuição dos feitos entre relatores constitui, em favor do jurisdicionado, imperativo de impessoalidade que, na hipótese vertente, foi alcançada com o primeiro sorteio. Demais disso, não se vislumbra, no ato de designação do Juiz Convocado, nenhum traço de discricionariedade capaz de comprometer a imparcialidade da decisão que veio a ser exarada pelo órgão colegiado competente. 5. Habeas corpus denegado. (HC 86889, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em 20/11/2007, DJe-026 DIVULG 14-02-2008 PUBLIC 15-02-2008 DJ 15-02-2008 EMENT VOL-02307-03 PP-00525 RTJ VOL-00209-03 PP-01135)

e) duplo grau de jurisdição - princípio implícito, - possibilidade de a decisão ser revista por órgão jurisdicional, normalmente de hierarquia superior àquele que proferiu a decisão, - não há previsão de que para todas as decisões é possível a interposição de recurso. f) igualdade processual - art. 5º, caput, CF, - garantia de tratamento igualitário, - paridade de armas, - ex.: tramitação prioritária, prazos maiores para o MP e a defensoria pública, benefício da assistência, etc.

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. RITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. PRERROGATIVA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DOS OCUPANTES DE CARGO DE PROCURADOR FEDERAL (ART. 17 DA LEI Nº 10.910/2004). INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA PARIDADE DE ARMAS. CONTRADITÓRIO (ART. 5º, LV, DA CRFB). ACESSO À JUSTIÇA (ART. 5º, XXXV, DA CRFB). SIMPLICIDADE DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (ART. 98, I, DA CRFB). ART. 9º DA LEI Nº 10.259/01. AGRAVO CONHECIDO E RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. A isonomia é um elemento ínsito ao princípio constitucional do contraditório (art. 5º, LV, da CRFB), do qual se extrai a necessidade de assegurar que as partes gozem das mesmas oportunidades e faculdades processuais, atuando sempre com paridade de armas, a fim de garantir que o resultado final jurisdicional espelhe a justiça do processo em que prolatado. Doutrina (FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. 4. ed. – São Paulo: RT, 2005. p. 66; DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. São Paulo: RT, 1986. p. 92; CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. O princípio da igualdade processual. Revista da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 19; MOREIRA, José Carlos Barbosa. A garantia do contraditório na atividade de instrução. RePro 35/231). 2. As exceções ao princípio da paridade de armas

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apenas têm lugar quando houver fundamento razoável baseado na necessidade de remediar um desequilíbrio entre as partes, e devem ser interpretadas de modo restritivo, conforme a parêmia exceptiones sunt strictissimae interpretationis. 3. O rito dos Juizados Especiais é talhado para ampliar o acesso à justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB) mediante redução das formalidades e aceleração da marcha processual, não sendo outra a exegese do art. 98, I, da Carta Magna, que determina sejam adotados nos aludidos Juizados “os procedimentos oral e sumariíssimo”, devendo, portanto, ser apreciadas cum grano salis as interpretações que pugnem pela aplicação “subsidiária” de normas alheias ao microssistema dos Juizados Especiais que importem delongas ou incremento de solenidades. 4. O espírito da Lei nº 10.259/01, que rege o procedimento dos Juizados Especiais Federais, é inequivocamente o de afastar a incidência de normas que alberguem prerrogativas processuais para a Fazenda Pública, máxime em razão do que dispõe o seu art. 9º, verbis: “Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos”. 5. Não se aplica aos Juizados Especiais Federais a prerrogativa de intimação pessoal dos ocupantes de cargo de Procurador Federal, prevista no art. 17 da Lei n.º 10.910/2004, na medida em que neste rito especial, ante a simplicidade das causas nele julgadas, particular e Fazenda Pública apresentam semelhante, se não idêntica, dificuldade para o adequado exercício do direito de informação dos atos do processo, de modo que não se revela razoável a incidência de norma que restringe a paridade de armas, além de comprometer a informalidade e a celeridade do procedimento. 6. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário. (ARE 648629, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 24/04/2013, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-069 DIVULG 07-04-2014 PUBLIC 08-04-2014)

g) publicidade - art. 93, IX, e 5º, LX, CF, - protege as partes de julgamentos secretos ou arbitrários, - permite o controle público das decisões, - é possível restringir a publicidade processual, para preservação da intimidade ou por interesse público, - restrição à publicidade externa (para terceiros) e não interna (partes e advogados). h) motivação - art. 93, IX, CF, - importância do art. 489, § 1º, CPC.

EMENTA: Habeas Corpus. 1. "Operação Navalha". Inquérito no 544/BA, do Superior Tribunal de Justiça. 2. Alegações de falta de fundamentação do decreto de prisão preventiva e de ofensa ao direito constitucional do paciente permanecer em silêncio (CF, art. 5º, inciso LXIII e CPP, art. 186). 3. Decreto prisional fundamentado em supostas conveniência da instrução criminal e garantia da ordem pública e econômica. 4. Segundo a jurisprudência do STF, não basta a mera explicitação textual dos requisitos previstos pelo art. 312 do CPP, mas é indispensável a indicação de elementos concretos que demonstrem a necessidade da segregação preventiva. Precedentes. 5. A prisão preventiva é medida excepcional que demanda a explicitação de fundamentos consistentes e individualizados com relação a cada um dos cidadãos investigados (CF, arts. 93, IX e 5º, XLVI). 6. A existência de indícios de autoria e materialidade, por si só, não justifica a decretação de prisão preventiva. 7. A boa aplicação dos direitos fundamentais de caráter processual, principalmente a proteção judicial efetiva, permite distinguir o Estado de Direito do Estado Policial. 8. Na medida em que o silêncio corresponde a garantia fundamental intrínseca do direito constitucional de defesa, a mera recusa de manifestação por parte do paciente não pode ser interpretada em seu desfavor para fins de decretação de prisão preventiva. 9. Não se justifica a prisão para a mera finalidade de obtenção de depoimento. 10. Ausência de correlação entre os elementos apontados pela prisão preventiva no que concerne ao risco de continuidade da prática de delitos em razão da iminência de liberação de recursos do

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Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 11. Motivação insuficiente. 12. Ordem deferida para revogar a prisão preventiva decretada em face do paciente. (HC 91514, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 11/03/2008, DJe-088 DIVULG 15-05-2008 PUBLIC 16-05-2008 EMENT VOL-02319-04 PP-00741)

i) proibição de provas ilícitas - art. 5º, LVI, CF.

INTERCEPTAÇÃO telefônica ESCUTA telefônica GRAVAÇÃO telefônica

Ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas pessoas, sem que nenhum dos interlocutores saiba.

Ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas pessoas, sendo que um dos interlocutores sabe que está sendo realizada a escuta.

Ocorre quando o diálogo telefônico travado entre duas pessoas é gravado por um dos próprios interlocutores, sem o consentimento ou a ciência do outro. Também é chamada de gravação clandestina (obs: a palavra “clandestina” está empregada não na acepção de “ilícito”, mas sim no sentido de “feito às ocultas”).

Ex: polícia, com autorização judicial, grampeia os telefones dos membros de uma quadrilha e grava os diálogos mantidos entre eles.

Ex: polícia grava a conversa telefônica que o pai mantém com o sequestrador de seu filho.

Ex: mulher grava a conversa telefônica no qual o ex-marido ameaça matá-la.

Para que a interceptação seja válida é indispensável a autorização judicial (entendimento pacífico).

Para que seja realizada é indispensável a autorização judicial (posição majoritária).

A gravação telefônica é válida mesmo que tenha sido realizada SEM autorização judicial. A única exceção em que haveria ilicitude se dá no caso em que a conversa era amparada por sigilo (ex: advogados e clientes, padres e fiéis).

E M E N T A: FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA - APREENSÃO DE LIVROS CONTÁBEIS E DOCUMENTOS FISCAIS REALIZADA, EM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE, POR AGENTES FAZENDÁRIOS E POLICIAIS FEDERAIS, SEM MANDADO JUDICIAL - INADMISSIBILIDADE - ESPAÇO PRIVADO, NÃO ABERTO AO PÚBLICO, SUJEITO À PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR (CF, ART. 5º, XI) - SUBSUNÇÃO AO CONCEITO NORMATIVO DE "CASA" - NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA - DEVER DE OBSERVÂNCIA, POR PARTE DE SEUS ÓRGÃOS E AGENTES, DOS LIMITES JURÍDICOS IMPOSTOS PELA CONSTITUIÇÃO E PELAS LEIS DA REPÚBLICA - IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, DE PROVA OBTIDA COM TRANSGRESSÃO À GARANTIA DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - PROVA ILÍCITA - INIDONEIDADE JURÍDICA - "HABEAS CORPUS" DEFERIDO. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA - FISCALIZAÇÃO - PODERES - NECESSÁRIO RESPEITO AOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS DOS CONTRIBUINTES E DE TERCEIROS. - Não são absolutos os poderes de que se acham investidos os órgãos e agentes da administração tributária, pois o Estado, em tema de tributação, inclusive em matéria de fiscalização tributária, está sujeito à observância de um complexo de direitos e prerrogativas que assistem, constitucionalmente, aos contribuintes e aos cidadãos em geral. Na realidade, os poderes do Estado encontram, nos direitos e garantias individuais, limites intransponíveis, cujo desrespeito pode caracterizar ilícito constitucional. - A administração tributária, por isso mesmo, embora podendo muito, não pode tudo. É que, ao Estado, é somente lícito atuar, "respeitados os direitos individuais e nos termos da lei" (CF, art. 145, § 1º), consideradas, sobretudo, e para esse específico

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efeito, as limitações jurídicas decorrentes do próprio sistema instituído pela Lei Fundamental, cuja eficácia - que prepondera sobre todos os órgãos e agentes fazendários - restringe-lhes o alcance do poder de que se acham investidos, especialmente quando exercido em face do contribuinte e dos cidadãos da República, que são titulares de garantias impregnadas de estatura constitucional e que, por tal razão, não podem ser transgredidas por aqueles que exercem a autoridade em nome do Estado. A GARANTIA DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR COMO LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DO ESTADO EM TEMA DE FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA - CONCEITO DE "CASA" PARA EFEITO DE PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL - AMPLITUDE DESSA NOÇÃO CONCEITUAL, QUE TAMBÉM COMPREENDE OS ESPAÇOS PRIVADOS NÃO ABERTOS AO PÚBLICO, ONDE ALGUÉM EXERCE ATIVIDADE PROFISSIONAL: NECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE MANDADO JUDICIAL (CF, ART. 5º, XI). - Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da República, o conceito normativo de "casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (CP, art. 150, § 4º, III), compreende, observada essa específica limitação espacial (área interna não acessível ao público), os escritórios profissionais, inclusive os de contabilidade, "embora sem conexão com a casa de moradia propriamente dita" (NELSON HUNGRIA). Doutrina. Precedentes. - Sem que ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público, ainda que vinculado à administração tributária do Estado, poderá, contra a vontade de quem de direito ("invito domino"), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em espaço privado não aberto ao público, onde alguém exerce sua atividade profissional, sob pena de a prova resultante da diligência de busca e apreensão assim executada reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude material. Doutrina. Precedentes específicos, em tema de fiscalização tributária, a propósito de escritórios de contabilidade (STF). - O atributo da auto-executoriedade dos atos administrativos, que traduz expressão concretizadora do "privilège du preálable", não prevalece sobre a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda que se cuide de atividade exercida pelo Poder Público em sede de fiscalização tributária. Doutrina. Precedentes. ILICITUDE DA PROVA - INADMISSIBILIDADE DE SUA PRODUÇÃO EM JUÍZO (OU PERANTE QUALQUER INSTÂNCIA DE PODER) - INIDONEIDADE JURÍDICA DA PROVA RESULTANTE DE TRANSGRESSÃO ESTATAL AO REGIME CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. - A ação persecutória do Estado, qualquer que seja a instância de poder perante a qual se instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia constitucional do "due process of law", que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de suas mais expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de direito positivo. A "Exclusionary Rule" consagrada pela jurisprudência da Suprema Corte dos Estados Unidos da América como limitação ao poder do Estado de produzir prova em sede processual penal. - A Constituição da República, em norma revestida de conteúdo vedatório (CF, art. 5º, LVI), desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade fundada em bases democráticas (CF, art. 1º), qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso mesmo, quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material (ou, até mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em conseqüência, no ordenamento normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula autoritária do "male captum, bene retentum". Doutrina. Precedentes. - A circunstância de a administração estatal achar-se investida de poderes excepcionais que lhe permitem exercer a fiscalização em sede tributária não a exonera do dever de observar, para efeito do legítimo desempenho de tais prerrogativas, os limites impostos pela Constituição e pelas leis da República, sob pena de os órgãos governamentais incidirem em frontal desrespeito às garantias constitucionalmente asseguradas aos cidadãos em geral e aos contribuintes em particular. - Os procedimentos dos agentes da administração tributária que contrariem os postulados consagrados pela Constituição da República revelam-se inaceitáveis e não podem ser corroborados pelo Supremo Tribunal Federal, sob pena de inadmissível subversão dos postulados constitucionais que definem, de

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modo estrito, os limites - inultrapassáveis - que restringem os poderes do Estado em suas relações com os contribuintes e com terceiros. A QUESTÃO DA DOUTRINA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF THE POISONOUS TREE"): A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. - Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação. Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subseqüente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela mácula da ilicitude originária. - A exclusão da prova originariamente ilícita - ou daquela afetada pelo vício da ilicitude por derivação - representa um dos meios mais expressivos destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede processual penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos "frutos da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior transgressão praticada, originariamente, pelos agentes estatais, que desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos probatórios a que os órgãos estatais somente tiveram acesso em razão da prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes públicos, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. - Se, no entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova - que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal -, tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária. - A QUESTÃO DA FONTE AUTÔNOMA DE PROVA ("AN INDEPENDENT SOURCE") E A SUA DESVINCULAÇÃO CAUSAL DA PROVA ILICITAMENTE OBTIDA - DOUTRINA - PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RHC 90.376/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.) - JURISPRUDÊNCIA COMPARADA (A EXPERIÊNCIA DA SUPREMA CORTE AMERICANA): CASOS "SILVERTHORNE LUMBER CO. V. UNITED STATES (1920); SEGURA V. UNITED STATES (1984); NIX V. WILLIAMS (1984); MURRAY V. UNITED STATES (1988)", v.g.. (HC 93050, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 10/06/2008, DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008 EMENT VOL-02326-04 PP-00700) E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - FILMAGEM REALIZADA, PELA VÍTIMA, EM SUA PRÓPRIA VAGA DE GARAGEM, SITUADA NO EDIFÍCIO EM QUE RESIDE - GRAVAÇÃO DE IMAGENS FEITA COM O OBJETIVO DE IDENTIFICAR O AUTOR DE DANOS PRATICADOS CONTRA O PATRIMÔNIO DA VÍTIMA - LEGITIMIDADE JURÍDICA DESSE COMPORTAMENTO DO OFENDIDO - DESNECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL - ALEGADA ILICITUDE DA PROVA PENAL - INOCORRÊNCIA - VALIDADE DOS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PRODUZIDOS, EM SEU PRÓPRIO ESPAÇO PRIVADO, PELA VÍTIMA DE ATOS DELITUOSOS - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL DA ILICITUDE DA PROVA - ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA DENÚNCIA - EXISTÊNCIA, NO CASO, DE DADOS PROBATÓRIOS MÍNIMOS, FUNDADOS EM BASE EMPÍRICA IDÔNEA - PEÇA ACUSATÓRIA QUE SATISFAZ, PLENAMENTE, AS EXIGÊNCIAS LEGAIS - PEDIDO INDEFERIDO.

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(HC 84203, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 19/10/2004, DJe-181 DIVULG 24-09-2009 PUBLIC 25-09-2009 EMENT VOL-02375-02 PP-00871 RTJ VOL-00211-01 PP-00303 RMP n. 43, 2012, p. 197-209) PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA OBTIDA DE CONVERSA TRAVADA POR FUNÇÃO VIVA-VOZ DO APARELHO CELULAR DO SUSPEITO. DÚVIDAS QUANTO AO CONSENTIMENTO. INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. ILICITUDE CONSTATADA. AUTOINCRIMINAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DESCOBERTA INEVITÁVEL. INOCORRÊNCIA. PLEITO ABSOLUTÓRIO MANTIDO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O Tribunal de origem considerou que, embora nada de ilícito houvesse sido encontrado em poder do acusado, a prova da traficância foi obtida em flagrante violação ao direito constitucional à não autoincriminação, uma vez que aquele foi compelido a reproduzir, contra si, conversa travada com terceira pessoa pelo sistema viva-voz do celular, que conduziu os policiais à sua residência e culminou com a arrecadação de todo material estupefaciente em questão. 2. Não se cogita estar diante de descoberta inevitável, porquanto este fenômeno ocorre quando a prova derivada seria descoberta de qualquer forma, com ou sem a prova ilícita, o que não se coaduna com o caso aqui tratado em que a prova do crime dependeu da informação obtida pela autoridade policial quando da conversa telefônica travada entre o suspeito e terceira pessoa. 3. O relato dos autos demonstra que a abordagem feita pelos milicianos foi obtida de forma involuntária e coercitiva, por má conduta policial, gerando uma verdadeira autoincriminação. Não se pode perder de vista que qualquer tipo de prova contra o réu que dependa dele mesmo só vale se o ato for feito de forma voluntária e consciente. 4. Está-se diante de situação onde a prova está contaminada, diante do disposto na essência da teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), consagrada no art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal, que proclama a nódoa de provas, supostamente consideradas lícitas e admissíveis, mas obtidas a partir de outras declaradas nulas pela forma ilícita de sua colheita. 5. Recurso especial desprovido. (REsp 1630097/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 28/04/2017)

j) razoável duração do processo - art. 5º, LXXVIII, CF, - todo processo demora: contraditório, prova e recurso exigem um tempo mínimo, - o processo deve durar o tempo necessário, não pode ser demora excessiva.

E M E N T A: PROCESSO PENAL - PRISÃO CAUTELAR - EXCESSO DE PRAZO - INADMISSIBILIDADE - OFENSA AO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (CF, ART. 1º, III) - TRANSGRESSÃO À GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, LIV) - "HABEAS CORPUS" CONHECIDO EM PARTE E, NESSA PARTE, DEFERIDO. O EXCESSO DE PRAZO, MESMO TRATANDO-SE DE DELITO HEDIONDO (OU A ESTE EQUIPARADO), NÃO PODE SER TOLERADO, IMPONDO-SE, AO PODER JUDICIÁRIO, EM OBSÉQUIO AOS PRINCÍPIOS CONSAGRADOS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, O IMEDIATO RELAXAMENTO DA PRISÃO CAUTELAR DO INDICIADO OU DO RÉU. - Nada pode justificar a permanência de uma pessoa na prisão, sem culpa formada, quando configurado excesso irrazoável no tempo de sua segregação cautelar (RTJ 137/287 - RTJ 157/633 - RTJ 180/262-264 - RTJ 187/933-934), considerada a excepcionalidade de que se reveste, em nosso sistema jurídico, a prisão meramente processual do indiciado ou do réu, mesmo que se trate de crime hediondo ou de delito a este equiparado. - O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário - não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório causalmente atribuível ao réu - traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do

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cidadão, frustra um direito básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio, sem dilações indevidas (CF, art. 5º, LXXVIII) e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional, inclusive a de não sofrer o arbítrio da coerção estatal representado pela privação cautelar da liberdade por tempo irrazoável ou superior àquele estabelecido em lei. - A duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar de alguém ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa - considerada a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) - significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. Constituição Federal (Art. 5º, incisos LIV e LXXVIII). EC 45/2004. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, ns. 5 e 6). Doutrina. Jurisprudência. - O indiciado ou o réu, quando configurado excesso irrazoável na duração de sua prisão cautelar, não podem permanecer expostos a tal situação de evidente abusividade, ainda que se cuide de pessoas acusadas da suposta prática de crime hediondo (Súmula 697/STF), sob pena de o instrumento processual da tutela cautelar penal transmudar-se, mediante subversão dos fins que o legitimam, em inaceitável (e inconstitucional) meio de antecipação executória da própria sanção penal. Precedentes. (HC 85237, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2005, DJ 29-04-2005 PP-00008 EMENT VOL-02189-03 PP-00425 LEXSTF v. 27, n. 319, 2005, p. 486-508 RTJ VOL-00195-01 PP-00212) Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-LA. MANUTENÇÃO DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO. EXCESSO DE PRAZO. COMPLEXIDADE DO FEITO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INOCORRÊNCIA. CONEXÃO E DESMEMBRAMENTO. ANÁLISE DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A inexistência de argumentação apta a infirmar o julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão recorrida. 2. O reconhecimento da inobservância da duração razoável do processo não se traduz mediante análise aritmética dos prazos, mas deve ser compreendida à luz da complexidade da marcha processual. Hipótese de ação penal originária em que dezenas de delitos são imputados a 44 (quarenta e quatro) acusados, a revelar especial intrincamento que justifica minimamente o elastecimento, mormente se considerado o encerramento da instrução processual e as informações prestadas pelo Tribunal local que dão conta da contribuição da defesa para a produção desse resultado. 3. A teor da Súmula 704/STF, “atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados” não viola o devido processo legal. Em tais casos, a unicidade de processamento e julgamento decorre das particularidades do caso concreto, notadamente da especial correlação entre as supostas infrações penais, razão pela qual esse juízo não é sindicável pela estreita e célere via do habes corpus, avessa ao reexame do acervo fático-probatório. 4. Agravo regimental desprovido. (HC 130441 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 31/05/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-134 DIVULG 27-06-2016 PUBLIC 28-06-2016)

l) inércia da jurisdição (ou demanda) e impulso oficial - o Poder Judiciário age mediante provocação, ou seja, o processo começa por iniciativa da parte; - todavia, após a parte provocar a jurisdição, o processo se desenvolverá por impulso do juiz.

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5) JURISDIÇÃO 5.1) Conceito Breve noção da trilogia estrutural: - ação: direito ao exercício da atividade jurisdicional, - jurisdição: função do Estado de solucionar os conflitos que lhe são apresentados, - processo: instrumento através do qual a jurisdição opera. Jus dicere: dizer o direito. Função estatal, exercida pelo Poder Judiciário, que tem como finalidade resolver os conflitos a ela apresentados.

• Fredie Didier Jr.: função atribuída a um terceiro imparcial de realizar o Direito. 5.2) Princípios fundamentais a) Investidura: - a jurisdição só pode ser exercida por quem o Estado investiu de poder para tanto, - o cargo inicial para ingresso na carreira da magistratura é o de juiz substituto → aprovação em concurso público de provas e títulos, exigindo-se do bacharel em direito no mínimo 3 anos de atividade jurídica (art. 93, I, CF). b) Territorialidade ou aderência ao território: - o juiz deve exercer a função jurisdicional dentro de certo território definido pela lei (competência). c) Indelegabilidade: - as atribuições jurisdicionais só podem ser exercidas pelos órgãos judiciais, não podendo ser delegadas a outrem, - atos de mero expediente, sem caráter decisório: art. 93, XIV, CF. d) Inevitabilidade: - a jurisdição é manifestação de um poder estatal e impõe-se imperativamente, - as partes hão de submeter-se ao decidido pelo órgão jurisdicional (partes em situação de sujeição). e) Indeclinabilidade: - monopólio estatal da jurisdição: os órgãos judiciais têm a obrigação de prestar a tutela jurisdicional quando invocada, não lhe sendo mera faculdade, - proibição de non liquet: o juiz não pode deixar de julgar alegando omissão na lei. f) Inafastabilidade: - art. 5º, inc. XXXV, da CF, - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. g) Juiz natural: - art. 5º, LIII, CF, - juiz investido de jurisdição, com competência para análise do caso e imparcial, - impede a criação de tribunais de exceção – art. 5º, XXXVII, CF.

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5.3) Características a) Unidade - a jurisdição é uma só: manifestação de poder estatal, - solução de conflitos de qualquer natureza, - a divisão de trabalho entre os julgadores (competência) apenas facilita a atuação da jurisdição. b) Substitutividade: - monopólio da atividade jurisdicional, - o Estado substitui a vontade das partes, para solucionar o conflito ou efetivar um direito. c) Definitividade ou imutabilidade: - segurança jurídica: as decisões judiciais tendem a se tornar imutáveis (coisa julgada), - ação rescisória e revisão criminal. d) Inércia: - a atividade jurisdicional deve ser provocada pela parte. 5.4) Jurisdição contenciosa e voluntária Por meio da jurisdição contenciosa, solucionam-se conflitos entre as partes. Jurisdição voluntária: - o Judiciário realiza atividade de integração da vontade dos interessados, buscando a produção de um efeito jurídico jurisdição, - ex.: retificação de registro civil, interdição, divórcio consensual com filho incapaz. 6) ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS 6.1) Órgãos do Poder Judiciário brasileiro – art. 92 CF

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

(STF)

Ministros

TRIBUNAL SUPERIOR

ELEITORAL (TSE)

Ministros

TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS

Desembargadores

JUÍZES ELEITORAIS

SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

(STM)

Ministros

TRIBUNAIS MILITARES

Desembargadores

JUÍZES MILITARES

TRIBUNAL SUPERIOR DO

TRABALHO (TST)

Ministros

TRIBUNAIS REGIONAIS DO

TRABALHO

Desembargadores

JUÍZES DO TRABALHO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ)

Ministros

TRIBUNAIS DE JUSTIÇA (TJ)

Desembargadores

JUÍZES ESTADUAIS

TRIBUNAIS REGIONAIS

FEDERAIS (TRF)

Desembargadores

JUÍZES FEDERAIS

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a) Supremo Tribunal Federal (STF): - é o guardião da Constituição Federal, - composto por 11 ministros, escolhidos entre cidadãos que preenchem os requisitos do art. 101 CF, - tem sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional (art. 92, § 1º e 2º, CF), - competência: originária (art. 102, I, CF) e recursal (art. 102, incs. II e III, CF). b) Superior Tribunal de Justiça (STJ): - uniformiza a interpretação da legislação federal, - composto por 33 ministros, escolhidos entre cidadãos que preenchem os requisitos do art. 104 CF, - tem sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional (art. 92, § 1º e 2º, CF), - competência: originária (art. 105, I, CF) e recursal (art. 105, incs. II e III, CF). c) Justiça eleitoral - integra a justiça especializada, - disciplinada nos arts. 118 a 121 CF, - exerce função administrativa, jurisdicional, normativa e consultiva, - registra e cassa o registro de partidos políticos, diretórios de partidos e candidatos; cria novas zonas eleitorais; julga os crimes eleitorais; expede títulos eleitorais, etc. d) Justiça militar - integra a justiça especializada, - disciplinada nos arts. 122 a 124 CF, - tem competência para julgar os crimes militares. e) Justiça do trabalho - integra a justiça especializada, - disciplinada nos arts. 111 a 116 CF, - julga controvérsias decorrentes da relação de trabalho, ações que envolvem o exercício do direito de greve, ações sobre representação sindical, etc. f) Justiça federal: - integra a justiça comum, - disciplinada nos arts. 106 a 110 CF, - julga os conflitos que envolvem, como autoras ou rés, a União Federal, suas autarquias, fundações e empresas públicas federais, além de questões de interesse da Federação (exemplo: disputa sobre direitos indígenas, crimes cometidos a bordo de aeronave ou navio e crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro), - organização: tribunais regionais federais x seção judiciária x subseção judiciária x varas federais.

• TRF 1ª Região: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.

• TRF 2ª Região: Espírito Santo e Rio de Janeiro.

• TRF 3ª Região: Mato Grosso do Sul e São Paulo.

• TRF 4ª Região: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

• TRF 5ª Região: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

g) Justiça estadual: - integra a justiça comum, - disciplinada nos arts. 125 e 126 CF e nas Constituições Estaduais,

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- a competência dos TJ´s e dos juízes estaduais é residual, - organização: tribunal de justiça x comarcas x varas (cíveis, criminais, de família e sucessões, da fazenda pública, etc) x juizados. h) Conselho Nacional de Justiça (CNJ): - disciplinado no art. 103-B CF, - é um órgão administrativo do Poder Judiciário, - exerce controle interno da magistratura, nos âmbitos administrativo, financeiro e disciplinar, - é composto por 15 membros, com mandato de 2 anos, admitida 1 recondução, - atos praticados pelo CNJ: expede atos normativos e recomendações; define o planejamento estratégico e a avaliação institucional do Poder Judiciário; recebe reclamações contra membros ou órgãos do Judiciário; julga processos disciplinares, etc. CUIDADO: Tribunais de Contas (da União, do Estado ou dos Municípios), Tribunal de Justiça Desportiva e Tribunal Marítimo são órgãos administrativos. 7) COMPETÊNCIA a) Noções introdutórias Jurisdição una → diversos órgãos jurisdicionais. Competência: - é o critério pelo qual se estabelece qual o órgão jurisdicional idôneo para julgar uma causa, - todo juiz competente possui jurisdição, mas nem todo juiz que possui jurisdição possui competência. b) Critérios determinantes da competência b.1) Em razão da pessoa: - determinada pela qualidade da parte, - ex.: causas contra a União tramitam na Justiça Federal. b.2) Em razão da matéria (material): - determinada pela relação jurídica material, ou seja, pela matéria objeto do conflito, - ex.: ação de divórcio é julgada na vara de família; ação penal é julgada na vara criminal. b.3) Em razão da função (funcional ou hierárquica): - determinada segundo a função desempenhada pelo órgão jurisdicional, - ex.: competência do Tribunal de Justiça para julgar apelação de sentença proferida pelo juiz estadual. b.4) Em razão do valor da causa: - determinada pelo valor que se atribui à causa no momento da propositura da ação, - ex.: juizados especiais. b.5) Em razão do lugar (territorial): - determinada pelo local onde a demanda deve ser ajuizada, - ex.: a ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos pode ser proposta no foro do domicílio do autor ou do local do fato.

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c) Qualidade da competência

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA

1. Determinada pelo interesse público 1. Determinada para atender interesse particular

2. Inderrogável pela vontade das partes 2. Derrogável pela vontade das partes

3. A incompetência absoluta pode ser conhecida de ofício

3. A incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício

4. A incompetência absoluta pode ser alegada por qualquer forma e em qualquer tempo e grau de jurisdição

4. A incompetência relativa só pode ser alegada pelo réu na 1ª oportunidade que lhe couber falar nos autos, sob pena da prorrogação de competência

5. Em regra, as competências em razão da matéria, da pessoa e da função são absolutas

5. Em regra, as competências em razão do lugar e do valor da causa são relativas

O reconhecimento da incompetência acarreta a remessa dos autos ao juízo competente. Os atos já praticados pelo juízo incompetente serão mantidos, até que o juízo competente os reanalise.

d) Perpetuatio jurisdicionis: regra da perpetuação da competência Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta (registro ou distribuição da petição inicial), sendo irrelevantes as modificações de fato ou de direito ocorridas posteriormente. Há duas exceções à regra da perpetuação da competência: - se o órgão judiciário for suprimido, - se houver alteração de competência absoluta. e) Modificações da competência Ocorre quando se amplia a esfera da competência de um órgão judiciário para conhecer de certas causas que, ordinariamente, não estariam enquadradas em sua esfera de atribuição.

• Somente a competência relativa pode ser modificada. A modificação pode ser: a) voluntária:

• as partes estabelecem foro de eleição em contrato,

• ou o réu não alega a incompetência relativa no prazo legal, b) legal ou necessária:

• a lei prevê a reunião de ações que tramitam em juízos diferentes, para julgamento em conjunto, evitando, com isso, decisões contraditórias. Decorre de conexão ou continência.

Conexão: - duas ou mais ações são conexas quando a causa de pedir ou o pedido delas é comum, - as ações somente são reunidas se ainda não tiver sido proferida sentença, - é possível reunir-se ações sem conexão, para se evitar decisões conflitantes. Continência: - há continência entre duas ou mais ações quando há identidade quanto às partes e a causa de pedir, mas o pedido de uma abrange o das demais, - se a ação continente (mais ampla) foi proposta anteriormente: a ação contida (menos ampla) é extinta sem resolução do mérito,

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- se a ação contida foi proposta primeiramente, as ações devem ser reunidas. Prevenção: é o critério pelo qual fixa-se a competências de juízes igualmente competentes para decidir as causas conexas ou continentes. f) Conflito de competência Há conflito de competência quando mais de um órgão judicial se considera competente ou incompetente para julgar a mesma causa. Será: - positivo: quando 2 ou mais juízes se declaram competentes para a mesma causa, - negativo: quando 2 ou mais juízes de declaram incompetentes para a mesma causa.

O conflito é julgado pelo tribunal hierarquicamente superior aos juízes/ tribunais onde se deu o conflito. Exemplos: - juiz estadual de Goiânia x juiz estadual de Anápolis: TJGO, - juiz federal de Brasília x juiz federal de Goiânia: TRF 1ª Região, - juiz federal de Goiânia x juiz federal de São Paulo: STJ, - juiz estadual de Goiânia x juiz federal de Goiânia: STJ, - TRF x TJ: STJ, - TJGO e STJ: STF. 8) AÇÃO a) Noções introdutórias A jurisdição é inerte: o cidadão precisa provocar sua atuação diante de um caso concreto. Ação é o direito de exigir o exercício da atividade jurisdicional.

É preciso esclarecer, ainda, a acepção utilizada para alguns termos doutrinários, que costumam ser utilizados com variada significação. Direito de ação é o direito fundamental (situação jurídica, portanto) composto por um conjunto de situações jurídicas, que garantem ao seu titular o poder de acessar os tribunais e exigir deles uma tutela jurisdicional adequada, tempestiva e efetiva. É direito fundamental que resulta da incidência de diversas normas constitucionais, como os princípios da inafastabilidade da jurisdição e do devido processo legal. Ação é um ato jurídico. Trata-se do exercício do direito de ação. Também é conhecida como demanda. Trata-se de ato jurídico importantíssimo, pois, além de ser o fato gerador do processo, define o objeto litigioso, fixando os limites da atividade jurisdicional. Pode-se afirmar que o processo irá adequar-se às peculiaridades daquilo que foi demandado. O estudo do direito de ação não se confunde com o estudo da ação, embora com ele, obviamente, se relacione. O simples fato de um ser um direito (situação jurídica) e o outro ser um ato jurídico já impede qualquer confusão. Não se pode confundir o direito de ação com o direito que se afirma ter quando se exercita o direito de ação. O direito afirmado compõem a res in iudicium deducta e pode ser designado como o direito material deduzido em juízo ou a ação material processualizada. Direito de ação e direito afirmado são autônomos: o direito de ação não pressupõe a titularidade do direito afirmado. Além disso, o direito de ação não se vincula a qualquer direito material afirmado: o direito de ação permite a afirmação de qualquer direito material em juízo. Por isso, diz-se que o direito de ação é abstrato, pois independe do conteúdo do que se afirma quando se provoca a jurisdição. Finalmente, procedimento é o um conjunto de atos organizados tendentes a produção de um ato final. Além de uma organização de atos, o procedimento define também as diversas posições jurídicas de que os diversos sujeitos do procedimento serão titulares. O procedimento é a espinha dorsal do formalismo processual, de acordo com a conhecida metáfora de Carlos Alberto Alvaro de Oliveira.

25

A ação é o primeiro ato do procedimento; a ação instaura o procedimento. O direito de ação confere ao seu titular o direito a um procedimento adequado, para bem tutelar o direito afirmado na demanda. As noções se relacionam, mas não se confundem. (DIDIER Jr., Fredie. O direito de ação como complexo de situações jurídicas. Disponível em <http://www.frediedidier.com.br/artigos/o-direito-de-acao-como-complexo-de-situacoes-juridicas%C2%B9/>. Acesso em 02 fev. 2017).

b) Elementos da ação Uma ação se identifica ou se difere de outra pela existência e configuração de três elementos: partes, causa de pedir e pedido. Partes: - são as pessoas envolvidas no litígio (autor e requerido, exeqüente e executado, etc.). Causa de pedir: - são os fundamentos de fato e de direito que justificam o pedido formulado, - fundamentos de fato: fatos que caracterizam a ameaça ou a violação do direito, - fundamentos jurídicos:

• são as consequências jurídicas que são extraídas dos fatos,

• fundamento jurídico não é fundamento legal: o juiz conhece o direito (“dê-me os fatos que lhe darei o direito”).

Pedido: - a parte vai a juízo para requerer uma providência (ou um provimento) do Poder Judiciário, - o provimento solicitado visa tutelar um bem da vida. Repetição de demandas idênticas: - há litispendência quando duas ações idênticas tramitam ao mesmo tempo; - há coisa julgada quando se propõe uma nova ação, idêntica a outra que já foi julgada. c) Classificação Ação de conhecimento: o juiz analisa as alegações das partes para dizer quem tem o direito. Nessas ações, pode-se fazer pedido:

• condenatório: quando a parte visa o reconhecimento de uma obrigação de pagar, fazer, não fazer ou entregar coisa,

• declaratório: a parte busca a declaração de existência, inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica,

• constitutivo: quando se pede a criação, modificação ou extinção de uma relação jurídica.

Ação de execução: - o direito está reconhecida num título executivo (documento que representa uma obrigação), que pode ser judicial ou extrajudicial, - o juiz adotará as medidas necessárias para a efetivação/ satisfação do direito representado no título executivo. d) Legitimidade e interesse

CPC 1973, art. 267, VI CPC 2015, art. 485, VI

Extingue-se o processo, sem resolução de mérito, quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

O juiz não resolverá o mérito quando verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual

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Legitimidade de partes: - é o atributo jurídico conferido a alguém para discutir determinada situação jurídica litigiosa, - haverá legitimidade se houver vínculo entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica discutida, - legitimidade ordinária: a parte pede, em nome próprio, direito próprio (é a regra), - legitimidade extraordinária: a lei autoriza que alguém esteja em juízo em nome próprio defendendo interesse de outrem. Interesse processual: - a prestação jurisdicional solicitada no caso concreto deve ser necessária e adequada, - necessidade: impossibilidade de satisfação do direito alegado sem a intervenção estatal, - adequação ou utilidade: relação entre a situação lamentada pelo autor ao vir a juízo e o provimento jurisdicional concretamente solicitado. 9) PROCESSO O processo completa a trilogia processual, pois, provocada a jurisdição pela ação, o juiz solucionará o conflito mediante o processo. a) Natureza jurídica e conceito Natureza jurídica: - o processo surge como instrumento de que dispõe o Estado-juiz para realizar o direito subjetivo material violado no caso concreto, - como a jurisdição é inerte, cumpre ao pretenso detentor do direito provocá-la, mediante a ação, - a ação se manifesta através de uma relação jurídica, de natureza processual, que se denomina processo. A relação jurídica processual é triangular: ao mesmo tempo em que há vínculo entre as partes e o juiz, há também pontos de contato direto entre as partes. Conceito: processo é a relação jurídica processual que une autor, juiz e réu, e que se exterioriza e se desenvolve por uma sequência ordenada de atos.

b) Processo, procedimento e autos Procedimento é o aspecto formal do processo, a coordenação de atos que se sucedem, conforme determinação legal. Autos: são a materialidade dos documentos em que se corporificam os atos do procedimento. c) Sujeitos do processo São sujeitos do processo: - autor: ocupa o polo ativo, ou seja, acionou a jurisdição pelo exercício da ação, - réu: ocupa o polo passivo e vai responder a demanda, - juiz: responsável pela solução do conflito.

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d) Pressupostos processuais Para que o processo exista e seja válido, alguns requisitos devem ser preenchidos. Pressupostos processuais de existência: - subjetivos:

• órgão investido de jurisdição,

• capacidade de ser parte (quem tem personalidade civil, tem capacidade de ser parte),

- objetivo:

• existência de demanda (ato de provocação da atividade jurisdicional, que se materializada através da petição inicial/ denúncia/ queixa-crime).

Pressupostos processuais de validade: - subjetivos:

• competência do juízo e imparcialidade do juiz (o juiz não pode ser impedido ou suspeito),

• capacidade processual ou capacidade de estar em juízo (apenas aqueles que são habilitados à prática de todos os atos da vida civil têm essa capacidade. Os incapazes precisam estar representados ou assistidos),

• capacidade postulatória (em regra, para postular em juízo, a parte deve estar representada por um advogado),

- objetivos:

• respeito ao formalismo processual (ex.: petição inicial apta, citação válida, escolha correta do procedimento, etc.),

• inexistência de: ✓ litispendência (repetição de uma ação que está em curso), ✓ coisa julgada (repetição de uma ação que já foi decidida, em que houve

trânsito em julgado), ✓ perempção (perda da faculdade de demandar contra o réu, pelo mesmo

objeto, quando o autor já deu causa, em outras três oportunidades, à extinção do processo por abandono da causa),

✓ convenção de arbitragem (acordo entre as partes no sentido de que o conflito será decidido por arbitragem).

10) FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA a) Ministério Público É uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 CF). É considerada uma instituição sui generis, pois não está subordinada aos Poderes Judiciário, Executivo ou Legislativo. O MP pode atuar como: - parte: em regra, como autor de demandas (ex.: ação penal, ação civil pública, ação de improbidade administrativa, etc.), - fiscal da ordem jurídica (custus legis): quando o processo envolve interesse publico ou social, interesse de incapaz e litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. O Ministério Público se divide em: - MP da União:

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• MP Federal (Procuradores da República),

• MP do Trabalho (Procuradores do Trabalho),

• MP Militar (Procurador Militar)

• MP do Distrito Federal e Territórios (seus membros em 1º grau são chamados de Promotores de Justiça e, nos tribunais, de Procuradores de Justiça),

- MP dos Estados

• membros em 1º grau: Promotores de Justiça,

• membros nos tribunais: Procuradores de Justiça. b) Advocacia O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei (art. 133 CF). O advogado pode atuar nas esferas privada e pública. Os advogados públicos defendem os interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (administração direta e indireta). Advocacia Geral da União: - a carreira de divide em:

• Advogado da União,

• Procurador Federal,

• Procurador da Fazenda Nacional. Procuradoria Geral do Estado: - os advogados dos Estados e do Distrito Federal são denominados de Procuradores do Estado. Procuradoria do Município: - os advogados dos municípios são denominados de Procuradores do Município. c) Defensoria Pública É uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados (art. 134 CF). Há Defensoria Pública: - da União, - dos Estados. 11) AUXILIARES DA JUSTIÇA Consideram-se auxiliares da justiça as pessoas que auxiliam o juiz na realização dos atos processuais. Escrivão: - é responsável por documentar e executar atos processuais, bem como fazer o registro das audiências e emitir certidões, - incumbe a ele a formação dos autos do processo, bem como sua guarda e responsabilidade em cartório, - é auxiliado pelos escreventes.

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Oficial de justiça: - é responsável por realizar atos de comunicação processual (ex.: citação e intimação) e de constrição judicial (ex.: penhora e busca e apreensão). Perito: - assiste o juiz quando a prova de um fato depende de conhecimento técnico ou científico, - é profissional de confiança do juiz, devendo, preferencialmente, ter nível universitário, estar inscrito no órgão de classe e ser especialista na matéria sobre que deverá opinar.

Processo Nº: 5290964.29.2016.8.09.00511. Dados ProcessoJuízo...............................: Goiânia - 7º Juizado Especial Cível

Prioridade.......................: Normal

Tipo Ação.......................: Procedimento do Juizado Especial Cível

Segredo de Justiça.........: NÃO

Fase Processual.............: Conhecimento

Data recebimento...........: 07/11/2016 23:26:43

Valor da Causa...............: R$ 3.434,84

Classificador...................: PROCESSO BAIXADO E ARQUIVADO

2. Partes Processos:Promovente(s)

THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA

Promovida(s)

SPE RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA

Carolina
Carimbo
Carolina
Carimbo
Carolina
Carimbo

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

FACULDADE DE DIREITO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO ... JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA, brasileiro, solteiro,

desenvolvedor de software, portador do RG n° 6.8175.572 SPTC/GO e inscrito

no CPF sob o n° 009.885.441-05, residente e domiciliado nessa Capital, na Rua

SM1, quadra 04, bloco 05, Residencial São Marcos, CEP 74.487-005, por sua

advogada que a este subscreve, com endereço profissional no Núcleo de Prática

Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, situado na

Praça Universitária, s/n, Setor Universitário, Goiânia-GO, vem respeitosamente

perante Vossa Excelência ajuizar AÇÃO DECLARATÓRIA C/C

REPETIÇÃO DE INDÉBITO em face de SPE RESIDENCIAL VIVA

AMAZÔNIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o

n° 13.510.614/0001-65, domiciliada nessa Capital, na Avenida T-5, nº 40, sala

2, Setor Bueno, CEP 74.230-042, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

Em março de 2016, o autor adquiriu da requerida o apartamento 405

da Torre Jatobá, situado na Av. Padre Orlando de Morais, qd. 148, lts. 01-03/23-

25, no Parque Amazônia, pelo valor total de R$ 173.915,70, parcelado conforme

a cláusula V da promessa de compra e venda de unidade imobiliária.

Para surpresa do requerente, no mês seguinte (abril/2016), sem que

houvesse a entrega das chaves, ele passou a ser cobrado quanto ao pagamento de

taxas condominiais e de água.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 1 : Peticão EnviadaArquivo 1 : inicialthander.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 07/11/2016 23:26:43Assinado por CAROLINA CHAVES SOARESValidação pelo código: 10473560528263103, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

Carolina
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Carimbo

Conforme “termo de recebimento”, a entrega das chaves do

apartamento, que permitiu a posse do bem, só ocorreu em 18 de agosto de 2016.

Todavia, o autor foi obrigado a quitar as taxas condominiais vencidas entre abril

e agosto de 2016, no valor total de R$ 1.717,42, conforme boleto incluso, com

vencimento em 29/08/16.

Conclui-se que a requerida cobrou do requerente taxas condominiais

sem que lhe fosse concedida a posse do imóvel. Ressalta-se, conforme se infere

do boleto de cobrança, que o pagamento foi realizado para a construtora e não

para o condomínio edilício.

Em relação às taxas de água, também exigidas antes da entrega das

chaves, o autor não realizou o pagamento, embora esteja sendo cobrado.

DO DIREITO

PRELIMINAR - NULIDADE DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA

A promessa de compra e venda firmada entre as partes sem dúvida

alguma é considerada como contrato de adesão, nos termos do art. 54 do Código

de Defesa do Consumidor (CDC).

A cláusula 19.1 do contrato caracteriza-se como cláusula

compromissória, por meio da qual as partes supostamente comprometem-se a

submeter os eventuais litígios contratuais via conciliação ou arbitragem na 2ª

Corte de Conciliação e Arbitragem de Goiânia. Todavia, § 2º do artigo 4º da Lei

9.307/96, assim estabelece:

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes

em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que

possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

(...)

§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia

se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar,

expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento

anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa

cláusula.

Conforme se infere da promessa de compra e venda, apesar de a

cláusula compromissória ter sido negritada, não há assinatura ou visto especial

para ela: o visto constante da página 15 é o mesmo constante de todas as outras

páginas do contrato e a assinatura contida na página 16 é a do contrato como um

todo.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 1 : Peticão EnviadaArquivo 1 : inicialthander.pdf U

suário

: Caro

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 07/11/2016 23:26:43Assinado por CAROLINA CHAVES SOARESValidação pelo código: 10473560528263103, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

Carolina
Carimbo

Destarte, em face do descumprimento do artigo 4º, §2º da Lei

9.307/96, a cláusula compromissória é nula, não havendo que se falar em

convenção de arbitragem.

DA COBRANÇA ABUSIVA

A cláusula 2.4 do contrato prevê que “correrão por conta do

adquirente todas as despesas e os encargos fiscais relativos à unidade

comprometida, devidos a partir da data de concessão do habite-se ou da entrega

das chaves ou da condição de habitabilidade”. Assim, antes de ter havido a

entrega das chaves do imóvel, em 18 de agosto de 2016, a requerida cobrou do

autor as taxas condominiais vencidas entre abril e agosto.

A cláusula 2.4 do contrato estabelece uma obrigação abusiva, pois

coloca o autor em desvantagem exagerada, já que não há sentido cobrar-se taxa

condominial e de água de quem não tem a posse do imóvel. Nos termos do art.

51 do CDC, a cláusula que estabelece obrigação abusiva é nula de pleno direito:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas

contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que

coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam

incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

(...)

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

(...)

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,

considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das

partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

A cobrança abusiva das taxas de água e condomínio configura

obrigação sem direito, já que o imóvel estava sem condições de habitabilidade,

sendo inviável fática e juridicamente. A respeito do tema, é entendimento

consolidado do Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.

LEGITIMIDADE PASSIVA. AÇÃO DE COBRANÇA DE COTAS

CONDOMINIAIS. POSSE EFETIVA. EMBARGOS DE

DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS.

1. A efetiva posse do imóvel, com a entrega das chaves, define o

momento a partir do qual surge para o condômino a obrigação de

efetuar o pagamento das despesas condominiais.

2. No caso vertente, é incontroverso que o embargante está sofrendo

cobrança de duas cotas condominiais referentes a período anterior à entrega

das chaves.

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3. Embargos de divergência providos.

(EREsp 489.647/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA

SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 15/12/2009)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONDOMÍNIO. COBRANÇA DE

TAXAS CONDOMINIAIS. LEGITIMIDADE PASSIVA.

Somente quando já tenha recebido as chaves e passado a ter assim a

disponibilidade da posse, do uso e do gozo da coisa, é que se reconhece

legitimidade passiva ao promitente comprador de unidade autônoma

quanto às obrigações respeitantes aos encargos condominiais, ainda que

não tenha havido o registro do contrato de promessa de compra e venda.

Sem que tenha ocorrido essa demonstração, não há como se reconhecer a

ilegitimidade da pessoa em nome de quem a unidade autônoma esteja

registrada no livro imobiliário. Precedentes.

Recurso especial conhecido pelo dissídio, mas improvido.

(REsp 660.229/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA

TURMA, julgado em 21/10/2004, DJ 14/03/2005, p. 378)

Conclui-se ser nula, por abusividade, a cobrança das taxas de água e

condominiais.

DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO

O autor tem o direito a ser restituído do quantum pago a título de taxa

condominial (R$ 1.717,42), bem como a ver reconhecida a inexistência de

obrigação de pagar a taxa de água.

A restituição de indébito está prevista no art. 876 do Código Civil, que

estabelece que “todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado

a restituir”. Ainda, o art. 42, parágrafo único, do CDC determina que:

Art. 42. (...)

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem

direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou

em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo

hipótese de engano justificável.

Assim, o autor tem direito não apenas à devolução do valor pago

indevidamente, mas ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção

monetária e juros legais, pois sem dúvida alguma a requerida sabia ser abusiva a

cláusula 2.4 do contrato.

FACE AO EXPOSTO, requer se digne Vossa Excelência:

a) Conceder os benefícios da gratuidade da justiça ao requerente, com

fulcro no art. 99, §3º do CPC/2015, uma vez que ele não possui condições de

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arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo para

sua mantença e de sua família;

b) Declarar a nulidade da cláusula 2.4 da promessa de compra e venda

do apartamento 405 da Torre Jatobá, situado na Av. Padre Orlando de Morais,

qd. 148, lts. 01-03/23-25, no Parque Amazônia, para reconhecer a inexistência

de obrigação do requerente em pagar as taxas condominiais e de água anteriores

à entrega das chaves;

c) Condenar a requerida a pagar ao autor a quantia de R$ 3.434,84

(três mil, quatrocentos e trinta e quatro reais e oitenta e quatro centavos),

referente à devolução do quantum pago a título da taxas condominiais, acrescida

de correção monetária e juros de mora desde seu efetivo desembolso, ocorrido

em 29/08/2016.

Requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em

Direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 3.434,84 (três mil, quatrocentos e trinta e

quatro reais e oitenta e quatro centavos).

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 07 de novembro de 2016.

CAROLINA CHAVES SOARES

OAB-GO nº 17.789

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 1 : Peticão EnviadaArquivo 1 : inicialthander.pdf U

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Processo Distribuído

1. A movimentação: ( Processo Distribuído - Goiânia - 7º

Juizado Especial Cível (Normal) ) do dia 07/11/2016 23:26:44

não possui "Arquivos".

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 2 : Processo Distribuído

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 16/01/2017 09:47:01Assinado por GEOVANNA ALVES BUENOValidação pelo código: 10403566521764871, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 6 : Citação EfetivadaArquivo 1 : 117.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 16/01/2017 09:47:01Assinado por GEOVANNA ALVES BUENOValidação pelo código: 10403566521764871, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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FERREIRA & PINELI ADVOGADOS

Rogério Arédio Ferreira Denise Pineli Chaveiro

Rua 10 nº 238 – Edifício Jotabrado, sala 205, Setor Oeste – Goiânia /GO

Email : [email protected]

Exmo. Sr. Juiz de Direito do 7º Juizado Especial Cível

de Goiânia-GO.

Protocolo nº 5290964.29.2016.8.09.0051

SPE – RESIDENCIAL VIVA AMAZÔNIA

LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no C.N.P.J. sob nº

13.510.614/0001-65, com sede em Goiânia-Goiás, na Av. T-5, nº 40,

Setor Bueno, por seus por seus advogados subscritores, com

escritório profissional e endereço eletrônico anotados no rodapé

desta página, onde recebe as comunicações de estilo, vêm à presença

de V. Exa. apresentar:

CONTESTAÇÃO

Nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA C/C

REPETIÇÃO DE INDEBITO proposta por THANDER ARRAIS

DE OLIVEIRA, já devidamente qualificados na inicial, fazendo-o

com fulcro nos substratos fáticos e jurídicos aduzidos a seguir.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 27/01/2017 12:19:33Assinado por MARIA BARBOSA RAMOS:99550075168Validação pelo código: 10413568525748945, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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Rogério Arédio Ferreira Denise Pineli Chaveiro

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Rua 10 nº 238 sala 205 Setor Oeste – Goiânia /GO

Email : [email protected] ou [email protected]

DOS FATOS

Em apertada síntese, afirma o autor, na peça inaugural, que, firmou

com a ré uma Promessa de Compra e Venda de um imóvel

localizado na Av. Padre Orlando de Morais Qd. 148 Lt. 01/03-23/25,

apartamento 405 Torre Jatobá, Parque Amazônia, Goiânia-GO.

O autor assinou a promessa de compra e venda no dia 09/03/2016

no valor de R$ 173.915,70 (cento e setenta e três mil novecentos e

quinze reais e setenta centavos), sendo: 01 parcela de R$ 898,98

(oitocentos e noventa e oito reais e noventa e oito centavos), como

sinal de negócio, 01 parcela no valor de R$ 12.000,00 (doze mil

reais), 01 parcela no valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais), 36

mensais de R$ 851,38 (Oitocentos e cinquenta e um reais e trinta e

oito centavos), e uma parcela no valor de R$ 119.367,04 (cento e

dezenove mil trezentos e sessenta e sete reais e quatro centavos),

parcela representada por financiamento bancário com vencimento

em 15/03/2016.

O autor contesta a cobrança de valores referentes a taxa de

condomínio vencidos nos meses de abril, maio, junho, julho e

agosto, meses anteriores a data da entrega das chaves.

Contudo, a verdade nos fatos nos mostra outro rumo.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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Desde o dia 09/03/2016 o apartamento estava à disposição do autor,

contudo, conforme se nota o contrato de financiamento bancário

(escritura do imóvel), se deu apenas um mês depois, ou seja,

25/04/2016, ou seja, se houve atraso na entrega, isso se deu por

culpa exclusiva do autor e não da ré.

Todas as obrigações firmadas pela ré foram devidamente

cumpridas, inclusive a ré programou a entrega do imóvel em um

sábado porque o autor não conseguia agendar horário durante a

semana, caso excepcional, assim, não há qualquer inadimplemento

por parte da ré.

O que de fato ocorreu é que o autor mesmo depois da assinatura da

promessa de compra e venda e após assinatura do contrato junto ao

agente financeiro não conseguiu cumprir com suas obrigações

contratuais assumidas e agora tenta alterar a verdade dos fatos para

buscar a legitimação de um direito que sabe não possuir.

Por todos os fatos supra narrados fica evidente que nenhum direito

possui o autor. Está claro que movimentou o aparato judicial,

alterando a verdade dos fatos afirmando um direito que não possui,

conforme se verá adiante.

PRELIMINARMENTE

DA INCOMPETÊCIA ABSOLUTA DO JUÍZO

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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EXISTÊNCIA DE CLÁUSULA QUE INSTITUI ARBITRAGEM

As partes optaram, conforme se nota pela leitura da cláusula 19 do

contrato, juntado pelo Autor, pela solução dos seus conflitos pela

via da arbitragem, afastando, desta forma a jurisdição.

Neste sentido, o ilustre doutrinador Daniel Amorim Assumpção

Neves, em sua obra “Manual de Direito Processual Civil”, pág.125,

esclarece que:

O instituto da arbitragem é tratado pela Lei 9.307/1996, que considera a convenção de arbitragem como um gênero do qual a cláusula compromissória e o compromisso arbitral são as duas espécies. Em ambos os casos, as partes terão preferido uma solução arbitral à intervenção do Poder Judiciário, podendo qualquer uma delas arguir em sua defesa tal convenção, de forma a impedir a continuação do processo, forçando a parte que buscou a proteção jurisdicional à solução arbitral. (Grifos nossos)

A Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96) possibilita a utilização de

cláusulas compromissórias até mesmo nos contratos de adesão,

desde que o consumidor tome a iniciativa de instituir a arbitragem,

ou manifeste sua concordância em documento anexo, conforme se

nota no artigo 4º .

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira. § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.

O contrato firmado entre as partes, anexado a esta contestação,

apresenta em sua cláusula 19.1:

Por tal razão, existindo cláusula compromissória já firmada, sendo o

direito em debate patrimonial e disponível, impõe-se a extinção do

feito por incompetência absoluta do juízo, conforme já decidiu a

Turma Recursal dos Juizados Especiais de Goiás, in verbis.

RECURSO CÍVEL. RESERVA DE USO - CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. COMPETÊNCIA DAS CORTES

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DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM. EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. 1. Tendo as partes pactuado, no contrato celebrado entre elas, que as questões oriundas do mesmo seriam resolvidas pela via arbitral junto às Cortes de conciliação e arbitragem, nos moldes da Lei nº 9.307/96, conforme demonstra o documento de fls. 17 dos autos, claro está que renunciaram a justiça estatal, devendo, pois, o feito ser extinto sem julgamento do mérito, nos moldes do artigo 267, VII do CPC. 2. O STF considerou constitucional o juízo arbitral, prestigiando, a manifestação de vontade das partes pelo compromisso arbitral pactuado, sem que haja infração à garantia constitucional da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário (Art. 5º, XXXV DA CF/88). 3. Recurso conhecido e provido, para cassar a sentença e julgar extinto o processo, com fulcro no artigo 267, VII do Código de Processo Civil. (TJGO, RECURSO CIVEL 2008942337420000, Rel. Dra. Sandra Regina Teixeira Campos, Turma Julgadora Recursal Cível dos Juizados Especiais, julgado em 07/06/2010, DJe 602 de 21/06/2010). AÇÃO RESCISÓRIA. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE. REVELIA NO PROCESSO DE ORIGEM. NULIDADE DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA (ARTIGO 51, VII, CDC). ILEGITIMIDADE ATIVA DA EX-ESPOSA QUE NÃO FOI PARTE NA AÇÃO DE ORIGEM (ARTIGOS 487 E 267, VI, CPC). AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR EM RELAÇÃO À DISCUSSÃO QUE TRANSCENDE A DECISÃO RESCINDENDA (ARTIGO 267, VI, CPC). NÃO COMPROVADA ALEGAÇÃO DE QUE A SENTENÇA SE FUNDOU EM PROVA FALSA. PEDIDOS RESCISÓRIO E RESCINDENTE PROCEDENTES. RESCISÃO FUNDADA NO ARTIGO 485, V, CPC. INTERPRETAÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTOS DA PETIÇÃO INICIAL. PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS RESCISÓRIO E RESCINDENTE.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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(...) II - A convenção arbitral estabelecida por meio de cláusula compromissória, em contratos de adesão, tem sua eficácia condicionada aos requisitos enunciados no artigo 4º, § 2º, Lei federal nº 9.307/1996. Considerando a relação de consumo sindicada, o contrato de adesão apresentado ao consumidor e a ausência de destaque necessário à cláusula compromissória, fácil inferir que, na espécie, foi determinada a utilização compulsória da arbitragem, sendo, portanto, nula a convenção (artigo 51, VII, Código de Defesa do Consumidor). Inexistente, por isso, qualquer irregularidade no processamento e julgamento da ação pelo juízo da 8ª Vara Cível da comarca de Goiânia. III – (...) (TJGO, ACAO RESCISORIA 473497-68.2014.8.09.0000, Rel. DR(A). FERNANDO DE CASTRO MESQUITA, 1A SECAO CIVEL, julgado em 16/12/2015, DJe 1946 de 12/01/2016)

Isso porque, ao optarem as partes, por afastar a solução do conflito

da via jurisdicional, preferindo a solução arbitral, e versando a

questão sobre direito patrimonial disponível não há qualquer

violação ao princípio do acesso à justiça.

Ao contrário, proibir as pessoas de buscarem meios, fora do

Judiciário, para realizar justiça, afronta a dignidade e a liberdade

humana, conforme já se manifestou a ministra Ellen Gracie, in verbis:

“Como se vê, o cidadão pode invocar o judiciário, para a solução de conflitos, mas não está proibido de valer-se de outros mecanismos de composição de litígios. Já o Estado, este sim, não pode afastar do controle jurisdicional as divergências que a ele queiram submeter os cidadãos”. (STF. SE 5.206 – AgRE; Rel. Min. Sepúlveda Pertence; Tribunal Pleno. Julgado em 12.12.2001; DJ 30.4.2004)

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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O novo Código de Processo Civil em vigor consolida a posição da

jurisprudência, e traz de forma expressa a situação que hoje já é uma

realidade, conforme abaixo:

Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

Por todas as razões expostas, a extinção do feito sem julgamento de

mérito, com fundamento no artigo 485, VII, do vigente digesto

processual é questão que se impõe ao caso em tela.

Apenas em respeito ao princípio da eventualidade, aduz ainda

como matéria de defesa o que segue.

DO MÉRITO

No tocante ao direito alegado, conforme já relatado, o autor

transmuda a verdade dos fatos para tentar demonstrar um direito

que não têm.

É certo que o diploma de defesa das relações de consumo prevê

institutos que são hábeis à disciplinar o comércio, contudo, não

pode ser alegado para furtar-se o consumidor de cumprir com as

suas obrigações, sob pena de instalar o caos nas relações jurídicas.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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O que de fato ocorreu é que, o autor assinou a promessa de compra

e venda no dia 09/03/2016, e escritura (financiamento bancário) no

dia 25/04/2016, o imóvel já se encontrava registrado no nome do

autor, como poderia a ré pagar por taxas relativas a um imóvel que

não mais a pertencia!!!

A promessa de compra e venda é bem clara no item 02.4; de forma

clara e objetiva pontua este embate;

No caso em tela se trata de uma relação obrigacional decorrente do

contrato firmado, onde foi consignado que a obrigação de

pagamento das taxas de condomínio à partir do momento em que o

imóvel estava à disposição do autor.

Isso posto, fica demostrado que a ré não cometeu nenhum ato ilícito

em sua relação com o autor, o que demonstra é que o pedido em tela

deve ser julgada totalmente improcedente. Pois, desde a assinatura

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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da promessa de compra e venda o imóvel encontrava-se disponível

para a posse do autor.

Vale salientar que a ré em nenhum momento se eximiu de cumprir o

que fora devidamente pactuado, de tal maneira que no momento em

que foi assinado a promessa de compra não havia nenhuma taxa em

atraso, todas estavam devidamente quitadas, respeitando a

obrigação pactuada, o que foi firmado também pelo autor, de forma

livre e de espontânea vontade.

Contudo, além disso existe ainda a obrigação propter rem, assim, o

direito de que se origina é transmitido, direito real, não podendo

recusar-se a assumir a obrigação do pagamento das taxas de

condomínio, pois a transmissão foi automática.

Essa situação não se assemelha as decisões do STJ que determinam

que a obrigação de pagar começa na posse do imóvel. Aqui a desídia

é do autor e não da construtora, o apartamento estava pronto desde

março, o autor poderia tê-lo ocupado, desde então. A sua inércia

não pode servir de azo para penalizar a ré.

Desta maneira, a ré vem ratificar tudo quanto já fora explanado em

sua defesa, requerendo por fim, o julgamento improcedente desta

demanda.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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DOS PEDIDOS

Diante do supra exposto, requer:

- O reconhecimento da cláusula compromissória firmada, onde as

partes elegeram a 2ª CCA para solução dos conflitos, com as regras

atinentes aquele órgão, extinguindo-se o feito sem julgamento do

mérito, nos termos da art. 485, VII do CPC/15;

- O reconhecimento da cláusula contratual que menciona de forma

clara a responsabilidade do autor em assumir desde a assinatura da

promessa de compra e venda, todas as despesas e encargos relativos

a taxa de condomínio.

- Declara, sob as penas da lei, que todas as cópias juntadas são

reproduções autênticas dos originais.

- Protesta provar o alegado por todas as formas permitidas pelo

direito para o deslinde da lide.

Nestes Termos, Pede e Espera Deferimento, Goiânia, 25 de janeiro de 2.017.

Rogério Arédio Ferreira OAB/GO n° 1.814

Denise Pineli Chaveiro OAB/GO nº 18.123

Maria Barbosa Ramos

OAB/GO n° 47.311

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 7 : Contestação ApresentadaArquivo 1 : 01-Contesta%C3%A7%C3%A3o-ThanderArrais-Condominio.pdf U

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Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 8 : Audiência Realizada Sem SentençaArquivo 1 : 5290964-TERMO.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/01/2017 13:09:06Assinado por VICTORIA NUNES DE ALMEIDAValidação pelo código: 10443568525169007, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

FACULDADE DE DIREITO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 7° JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

Processo nº 5290964.29.2016

THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA, já qualificado nos autos da

AÇÃO DECLARATÓRIA que move em face de SPE RESIDENCIAL VIVA

AMAZÔNIA LTDA., também anteriormente qualificada, vem à digna presença

de Vossa Excelência, através de sua procuradora, apresentar IMPUGNAÇÃO

À CONTESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito aludidas a seguir.

Os argumentos trazidos pela requerida na contestação não merecem

prosperar, uma vez que em visível confronto com o ordenamento jurídico

brasileiro.

1) DA COMPETÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO – INVALIDADE DA

CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA

Alega a requerida a incompetência desse juízo, em razão da existência

de cláusula de compromisso arbitral, transcrevendo, às fls. 5 da contestação, a

cláusula 19.1 do contrato firmado entre as partes. Todavia, quanto à preliminar

de nulidade da cláusula compromissória, alegada pelo autor na inicial, ela se

manteve silente.

Conforme já exposto na petição inicial, incide no presente caso o

artigo 4°, § 2º, da Lei 9307/96, que assim determina:

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as

partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os

litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

(...)

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 9 : Impugnação ApresentadaArquivo 1 : impugna%C3%A7%C3%A3ocontesta%C3%A7%C3%A3o.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 09/02/2017 20:18:51Assinado por CAROLINA CHAVES SOARESValidação pelo código: 10443567520546464, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá

eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou

concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por

escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou

visto especialmente para essa cláusula.

Sem dúvida alguma, o contrato firmado entre as partes é de adesão e

não seguiu as especificações previstas em lei.

O contrato em questão possui 17 páginas e a cláusula compromissória

(19.1) está localizada na página 16, logo, não se trata de anexo. Além disso, as

assinaturas contidas na página 16 referem-se ao contrato como um todo, tanto

que referida página tem a assinatura do comprador e da vendedora.

Ora, se a cláusula compromissória é uma das cláusulas do contrato (e

não um anexo), ela deveria conter uma assinatura ou visto especial, o que, sem

dúvida alguma, não ocorreu no presente caso (na página 16, consta a única

assinatura do autor, referente a todo o contrato). Logo, o compromisso arbitral é

nulo, por expressa determinação legal.

2) DO MÉRITO

Alega a requerida que as partes assinaram a promessa de compra e

venda em 09/03/16 e que o financiamento bancário foi firmado em 25/04/16,

estando o imóvel à disposição do autor desde a assinatura do primeiro contrato.

Ao contrário do que pretende fazer crer a requerida, não é nem o

compromisso de compra e venda nem o contrato de financiamento que

transmitem a posse direta do imóvel e permitem sua utilização. Exemplificando-

se, o arrematante em leilão judicial não toma posse do imóvel com a expedição

da carta de arrematação...

Na data da celebração da promessa de compra e venda, o imóvel ainda

estava sob os cuidados da requerida; a responsabilidade pelo pagamento das

despesas do imóvel só poderia ser assumida pela parte autora quando da entrega

de chaves, o que ocorreu em agosto de 2016.

A este respeito, há precedente do Superior Tribunal de Justiça,

firmado pelo rito dos recursos repetitivos:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO

DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CONDOMÍNIO.

DESPESAS COMUNS. AÇÃO DE COBRANÇA. COMPROMISSO

DE COMPRA E VENDA NÃO LEVADO A REGISTRO.

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LEGITIMIDADE PASSIVA. PROMITENTE VENDEDOR OU

PROMISSÁRIO COMPRADOR. PECULIARIDADES DO CASO

CONCRETO. IMISSÃO NA POSSE. CIÊNCIA INEQUÍVOCA.

1. Para efeitos do art. 543-C do CPC, firmam-se as seguintes teses:

a) O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações

condominiais não é o registro do compromisso de compra e venda,

mas a relação jurídica material com o imóvel, representada pela

imissão na posse pelo promissário comprador e pela ciência

inequívoca do condomínio acerca da transação.

b) Havendo compromisso de compra e venda não levado a registro, a

responsabilidade pelas despesas de condomínio pode recair tanto

sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissário comprador,

dependendo das circunstâncias de cada caso concreto.

c) Se ficar comprovado: (i) que o promissário comprador se imitira na

posse; e (ii) o condomínio teve ciência inequívoca da transação,

afasta-se a legitimidade passiva do promitente vendedor para

responder por despesas condominiais relativas a período em que a

posse foi exercida pelo promissário comprador.

2. No caso concreto, recurso especial não provido.

(REsp 1345331/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, SEGUNDA

TURMA, julgado em 08/04/2015, DJe 20/04/2015)

Ainda nesse diapasão, válido transcrever o seguinte julgado:

AGRAVO INTERNO/REGIMENTAL NO AGRAVO (ARTIGO 544

DO CPC/1973) – AÇÃO DE COBRANÇA DE TAXAS

CONDOMINIAIS - DECISÃO MONOCRÁTICA DO MINISTRO

PRESIDENTE DO STJ QUE NEGOU PROVIMENTO AO

RECLAMO. INSURGÊNCIA DA RÉ.

1. Nos termos da jurisprudência da Segunda Seção, firmada no âmbito

de recurso especial representativo da controvérsia, o que define a

responsabilidade pelo pagamento das obrigações condominiais

não é o registro do compromisso de compra e venda, mas a

relação jurídica material com o imóvel, representada pela imissão

na posse pelo promissário comprador e pela ciência inequívoca do

condomínio acerca da transação.

2. Na hipótese, consoante assente no acórdão estadual, o imóvel

continua registrado no nome da recorrente e não ficou consignado que

tenha havido a ciência inequívoca do condomínio acerca da transação,

razão pela qual a promitente vendedora ostenta legitimidade para

responder pelas despesas condominiais. Para se concluir em sentido

contrário ao que restou expressamente consignado no acórdão

recorrido, seria necessário o revolvimento do conjunto fático-

probatório dos autos, o que é inviável no âmbito desta instância

especial ante o óbice sumular n. 07/STJ.

3. Agravo interno/regimental desprovido.

(AREsp 702418/DF, Rel. Ministro Marco Buzzi, QUARTA TURMA,

julgado em 04/10/2016, DJe 11/10/2016)

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 9 : Impugnação ApresentadaArquivo 1 : impugna%C3%A7%C3%A3ocontesta%C3%A7%C3%A3o.pdf U

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Insiste a requerida que o imóvel estava pronto desde março e que o

autor poderia tê-lo ocupado desde então, não podendo ser imputada a ela uma

desídia que seria do autor. Logo, ela alega fato extintivo do direito do autor (a

posse só teria ocorrido em agosto por culpa dele), incidindo o artigo 373 do

Código de Processo Civil:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

extintivo do direito do autor.

Assim, incumbiria à requerida COMPROVAR que o imóvel poderia

ter sido ocupado pelo autor desde março e que ele não o fez por desídia.

Todavia, não há nos autos qualquer prova nesse sentido, pelo contrário, o termo

de recebimento é expresso no sentido de que o autor somente tomou posse do

imóvel em 18/08/2016.

A falsa alegação de que a não entrega do imóvel em data anterior

ocorre por culpa do comprador é tão frequente pelas construtoras que já é objeto

de decisões, conforme a abaixo transcrita:

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. CONTRATO DE

COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ILEGALIDADE NA

COBRANÇA DE TAXAS CONDOMINIAIS ANTES DA

ENTREGA DAS CHAVES. RESPONSABILIDADE DA

CONSTRUTORA/VENDENDORA. O PROMITENTE

COMPRADOR SOMENTE RESPONDE PELAS TAXAS DE

CONDOMÍNIO A PARTIR DA ENTREGA DAS CHAVES,

QUANDO PASSA A TER DISPONIBILIDADE DA POSSE, GOZO

E USO DO IMÓVEL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS

FUNDAMENTOS. 1. A jurisprudência pátria firmou-se no sentido

de que somente a partir da entrega das chaves, momento em que é

transferida ao promitente comprador a efetiva posse direta do

bem, e não a partir da data de emissão da Carta de Habite-se, é que

surge para o condômino a obrigação de efetuar o pagamento das

taxas condominiais e de IPTU. 2. Ademais, no caso, as rés não se

desincumbiram de seu ônus de comprovar que o imóvel se

encontrava à disposição do consumidor desde a expedição da

Carta de Habite-se e/ou que eventual impedimento na entrega do

imóvel decorreu de culpa exclusiva da autora (art. 333 , inciso II ,

do CPC ). 3. Nesse sentido, demonstra-se nula a cláusula

contratual que atribuiu à adquirente a obrigação de contribuir

para as despesas de condomínio e IPTU antes da entrega das

chaves. Escorreita, portanto, a sentença que condenou solidariamente

as três primeiras rés a quitarem os débitos relativos às taxas de

condomínio e demais encargos vinculados ao imóvel, propter rem,

gerados em data anterior à entrega das chaves, ocorrida em 7/4/2015.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 9 : Impugnação ApresentadaArquivo 1 : impugna%C3%A7%C3%A3ocontesta%C3%A7%C3%A3o.pdf U

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4. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus

próprios fundamentos. A Súmula de julgamento servirá de acórdão, na

forma do artigo 46 da Lei nº 9.099 /95. Condenadas as recorrentes

vencidas ao pagamento das custas processuais e dos honorários

advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) do valor da

condenação.

(TJDF, Apelação cível do juizado especial n. 20151110025219,

publicação em 01/03/16).

Quanto ao contrato firmado entre o autor e a CEF (arquivo 3 da

contestação), não tem o condão de comprovar as assertivas da requerida, em

nada influindo na presente demanda.

FACE AO EXPOSTO, requer a rejeição das alegações contidas na

contestação e a procedência integral do pedido inicial.

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 08 de fevereiro de 2017.

CAROLINA CHAVES SOARES

OAB-GO 17.789

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 9 : Impugnação ApresentadaArquivo 1 : impugna%C3%A7%C3%A3ocontesta%C3%A7%C3%A3o.pdf U

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ESTADO DE GOIÁS

PODER JUDICIÁRIO

FÓRUM CÍVEL DE GOIÂNIA

7º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

Avenida Olinda com Avenida PL-3, Qd. G, Lt. 04, 3º Andar, Parque Lozandes, Goiânia-GO - 4319492

 

  Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051 Reclamante: THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA Reclamado: SPE RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA.  

Vistos etc.

Dispensado o relatório, como faculta o artigo 38 daLei 9.099/95.

Impende considerar, em prelóquio, nestes autos, serdespicienda a dilação probatória, em razão dos princípios norteadores dos JuizadosEspeciais, precipuamente a celeridade e economia processuais, além da simplicidade,todos previstos no artigo 2º da Lei 9.099/95, por isso procedo ao cancelamento daaudiência outrora designada, para 12.09.2017, às 09:00 horas, para julgarantecipadamente a lide, repita-se, em razão somente da documentação já coligida aofeito.

Cabe ao Juiz, determinar as provas necessárias aojulgamento do mérito, bem como indeferir o que entender por meramente proletário oudiligência desnecessária, conforme preleciona o artigo 370, do Novo Código deProcesso Civil, aqui aplicado supletivamente, notadamente no artigo 33 da Lei9.099/95, em que o Juiz poderá limitar ou excluir as provas que considerar excessivas,impertinentes ou protelatórias.

Não fosse o bastante, com arrimo no artigo 6º da Lei9.099/95, o Juiz poderá adotar em cada caso a decisão que reputar mais justa eequânime aos fins sociais que a lei se destina, bem assim às exigências do bemcomum.

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 14 : Sentença Julgada Improcedente o PedidoArquivo 1 : online.html U

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Faz-se mister dirimir acerca da preliminar agitadapelo ilustre Procurador da reclamada, consistente na incompetência deste Juízo parajulgar a presente demanda, haja vista a cláusula compromissória.

Pois bem, pelas sucessivas tentativas de discutir taisfatos em sede judicial, a cláusula compromissória, em tese, retira-lhe a possibilidadede ver o feito decidido por Juiz Togado e não por Árbitro, que na maioria das vezes,jamais incorrerá em desproveito dos proprietários dos imóveis, construtoras e dasimobiliárias, até pela ausência de independência funcional, típica dos atributos erequisitos da Magistratura.

Nesta senda, entendo que o contrato que designou acláusula compromissória é tipicamente abusivo, sem possibilidade de discutibilidadeentre os demandantes, razão porque avoco a competência e tramitação deste feito,com fincas no artigo 51, do Código de Defesa do Consumidor, para dirimir acontrovérsia entre as partes.

Com efeito a cláusula compromissória, designa a 2ºCorte de Conciliação e Arbitragem de Goiânia, como preventa para as disposiçõesatinentes ao contrato. Decorre, porém, que a referida cláusula compromissória nãovincula o consumidor, já que é, sabidamente, abusiva.

Demais disso, uma demanda desta natureza e outras,jamais teriam possibilidade de surtir procedência nessas cortes de arbitragem, porqueseguem o princípio do pacta sunt servanda, pois se houver alguma estatística nosjulgamentos de tais casos, nenhuma demanda foi julgada favorável ao consumidor, oque fere, em tese, o princípio de isenção e de imparcialidade dos referidos órgãos.

Presentes as condições da ação e os pressupostosprocessuais, é de mister o adentramento ao meritum causae.

Trata-se de pedido de indenização, aquele queexprime uma compensação ou retribuição monetária feita por uma pessoa a outrem,para reembolsar de despesas feitas ou para ressarcir de perdas tidas, a título dereparação de prejuízos ou danos que se tenha causado a alguém.

Vem ela integrar o patrimônio de quem se viudesfalcado ou diminuído e, neste caso, o prejuízo deve vir demonstrado, com aindicação do fato que lhe deu causa, e da pessoa, de cuja ação ou omissão se gerou,ao fito de que se estabeleça a relação de causalidade entre o fato, a imputabilidadedele a alguém e o próprio dano.

A questão disposta com certa complexidade pelaspartes, é de fácil desate, estando acoimada no artigo 85 do código de 1916,hodiernamente artigo 112 do novo Código Civil Brasileiro que estabelece uma regra deinterpretação, realçando o elemento da intenção sobre a literalidade da linguagem.

Cabe ao intérprete investigar, pois, nas declaraçõesde vontade, qual foi a real vontade dos contraentes na elaboração da cláusulacontratual duvidosa ou obscura, principalmente aquelas que abstraem-se dascircunstâncias em que se firmou o contrato, do seu contexto como um todo, do fimeconômico a que ele visava.

Com efeito, o contrato é lei entre as partes derivada

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da máxima pacta sunt servanda, aplainada, contudo, com aplicabilidade do códigoconsumerista, na dicção do artigo 6º, inciso VIII, da Lei 8.072/90, com a facilitação dadefesa de seus direitos, inclusive com inversão do ônus da prova, a seu favor, noprocesso Civil, quando, a critério do Juiz, for verossímil a alegação ou quando for elehipossuficente, segundo as regras ordinárias de experiência (sic).

Na mesma esteira de raciocínio, avulta-se o artigo 51do CODECON, quando as cláusulas contratuais são considerações iníquas ouabusivas em desproveito do consumidor, como no caso ora em cotejo submetido aocrivo judicial.

Nesta senda, como o prédio é de construção nova, apartir da implementação do habite-se e da convenção condominial, lícita é a cobrançadas taxas condominiais, para as despesas do prédio e de seus moradores ouproprietários. Mas não é consentâneo que o novo adquirente, além das despesasoriundas para aquisição do bem imóvel, banque, igualmente, taxas condominiaisanteriores, seguramente, que são do antigo proprietário, neste caso, mesmo que sejao construtor do imóvel, porque não poderá pagar daquilo que, em tese, não utilizou.

Não é lícito, conquanto, proceder venda anelada debem imóvel, com taxas condominiais anteriores, acopladas no valor comercial do bem,contraria disposição expressa contida no artigo 51 do Código de Defesa doConsumidor.

De fato, como preconiza o artigo 374, inciso II, doNovo Código Processo Civil, os fatos afirmados por uma parte e confessados pelaparte adversa, não dependem de prova.

A propósito, sobre o tema, colaciono elucidativa liçãode José Frederico Marques (Manual de Direito Processual Civil, vol. II/202, ed.Saraiva, 3ª ed., 1977 nº 469), ?Segundo a qual a confissão ficta constituiria provalegal, inarredável e vinculativa do Juiz, envolvendo presunção juris et de jure daveracidade dos fatos alegados pela parte contrária e, pelo menos, conteria presunção juris tantum, somente cedendo ante melhor prova em contrário, ou quando sejamnotoriamente inverossímeis ou inexistentes os fatos confessados?.

O desfaz imento cont ra tua l poder ia te r seimplementado por defeitos do negócio jurídico, tais como: a incapacidade relativa doagente, o vício resultante do erro (como no caso ora submetido ao crivo judicial), odolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores; isto porque o negócionão é nulo de pleno direito, porque celebrado por pessoas capazes o objeto é lícito e omotivo determinante também, por isso a dívida para com a segunda reclamada éexigível.

Não pode a referida Construtora, conquanto, alegarque não é devedora da taxa condominial e tampouco irrogar que os lançamentos dissodecorrentes, naturalmente, seja do adquirente da unidade habitacional específica,porque contraria princípios comezinhos de boa-fé contratual; não fosse o bastante,pelo fato de eximir-se da dívida, deduziu defesa contra texto expresso de Lei, tidocomo fato incontroverso, para conseguir objetivo ilegal, com resistência injustificada aoandamento do processo, seja porque contestou o óbvio, bem assim porque não tevequalquer interesse na composição civil, a deixar os moradores, a quem vendeu oimóvel, em situação de menoscabo e descaso.

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A Consti tuição Federal de 1988, dissipou aresistência com relação à reparação do dano moral, em seu art. 5º, X, dispondo que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral pela sua violação.

No mesmo sentido, o art. 6º, VI, o Código de Defesado Consumidor, contempla e assegura a efetiva presunção e reparação de danospatrimoniais e morais, recaindo este último, frequentemente, no arbitrium boni viri dojuiz.

Não fosse o bastante, a súmula 37 do STJ apregoaque são perfeitamente cumuláveis as indenizações por danos morais e materiais,ainda que oriundas de um mesmo fato.

O dano moral, pois, se desloca entre a convergênciade dois fatores - o caráter punitivo e compensatório - para que o causador do dano seveja condenado pelo ato praticado e, em contrapartida, desestimulando a reincidênciada prática nefasta ou ilícita, repare à vítima ou a seus familiares, o mal sofrido. Assim,está na seara do prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima,sobrepondo ao critério subjetivo do homem médio, muitas vezes difícil de cotejar umvalor monetário que estabeleça uma justa recompensa.

Pois bem, os danos morais experimentados peloautor não tem como retornar ao status quo ante como o patrimonial, o que enseja acondenação, a título de desestímulo, a reincidência da prática nefasta ou ilícita, aosconsumidores que ficam à mercê das empresas, quando estas se utilizam do estritocumprimento do dever legal para cobrar indevidamente do consumidor.

Nesse sentido é o entendimento de Sérgio CavalieriFilho (in Programa de Responsabilidade Civil, 2ª ed., Malheiros, 2000, p. 79/80),verbis:

?...por se tratar de algo imaterial ou ideal a prova dodano moral não pode ser feita através dos mesmosmeios utilizados para a comprovação do danomaterial. Seria uma demasia, algo até impossível,exigir que a vitima comprove a dor, a tristeza ou ahumilhação através de depoimentos, documentos ouperícia; não teria ela como demonstrar o descrédito, orepúdio ou o desprestígio através dos meiosprobatórios tradicionais, o que acabaria por ensejar oretorno à fase da irreparabilidade do dano moral emrazão de fatores instrumentais?. Desse modo, o ressarcimento do dano moral, a par

do caráter punitivo imposto ao agente, tem de assumir sentido compensatório, nem tãogrande que se converta em fonte de enriquecimento ou pequena, que se torneinexpressiva, dependendo da situação econômica do ofensor e o padrão dascondições da pessoa ofendida.

A quantificação da verba implica, ainda, na avaliaçãodos motivos, das circunstâncias, das consequências, da situação de fato, do grau deculpa e da compensação à parte lesada e visa o desestímulo à repetição do ato pelo

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causador da lesão.

Ex positis, com espeque no art. 2º e 6º da Lei9099/95, outorgo parcial procedência à pretensão da parte reclamante e condeno areclamada a restituí-la pelo valor pago, com a dobra prevista no parágrafo único doartigo 42 do CODECON, no montante de R$ R$ 3.434,84 (três mil, quatrocentos etrinta e quatro reais e oitenta e quatro centavos), que será corrigidos monetariamentepelo INPC, com juros legais de 1% a.m., a partir da citação da reclamada, em vista dainoperância recalcitrante da reclamada em resolução de problemas ínfimos, bem assimpela finalidade pedagógica e profilática para evitar novas recidivas.

Após o trânsito em julgado, acresça-se a multa de10% pela ausência de pagamento da condenação imposta, caso não seja efetuadodentro do prazo de 15 (quinze) dias, na fase executória, como preconiza o artigo 523,§1º, do NCPC, aqui aplicado subsidiariamente, da qual será a reclamada intimada,nesta oportunidade, do referido preceito cominatório.

Sem custas e tampouco há sucumbência, comopreconiza o art. 54 da Lei respectiva, pelo menos no primeiro grau de jurisdição.

Intimem-se os demandantes, por seus ilustresprocuradores, através do Sistema Projudi.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

Goiânia, 2 de agosto de 2017.

 

Juiz Luís Antônio Alves Bezerra

           Magistrado Titular

 

 

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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

FACULDADE DE DIREITO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 7° JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

Processo nº 5290964.29.2016

THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA, já qualificado nos autos da

AÇÃO DECLARATÓRIA que move em face de SPE RESIDENCIAL VIVA

AMAZÔNIA LTDA., também anteriormente qualificada, vem à digna presença

de Vossa Excelência expor e requerer o que segue.

Publicada a sentença, não houve interposição de recurso.

Da parte dispositiva do referido ato decisório, constou que a parte

reclamada teria o prazo de 15 dias para efetuar o pagamento do débito, sob pena

de multa de 10%. Todavia, até o momento não foi efetuado qualquer pagamento.

O valor atualizado do débito é de R$ 4.202,66 (quatro mil, duzentos e

dois reais e sessenta e seis centavos), conforme planilha de débito ao final.

FACE AO EXPOSTO, requer se digne Vossa Excelência determinar

a realização de penhora online, no valor de R$ 4.202,66 (quatro mil, duzentos e

dois reais e sessenta e seis centavos).

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 10 de setembro de 2017.

CAROLINA CHAVES SOARES

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Resultado do Cálculo (em Real)

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051

Requerente: THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA

Requerido: SPE RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA

Correção Monetária (INPC)

Atualizado até: 10/09/2017

Juros Incidentes a partir da data: 14/12/2016

Percentual de Juros: 1% ao mês

Valores Devidos

Data do Valor Devido

Valor Devido

Fator CM Valor Corrigido

Juros %

Juros R$

Corrigido+Juros R$

29/08/2016 3.434,84 1,02046934 3.505,14 9,00% 315,46 3.820,60

Subtotal 3.820,60

Acessórios

R$

Multa Art. 523 §1º Lei 13.105/15) - Fase Cumprimento de Sentença - Percentual: 10,00% 382,06

Subtotal 4.202,66

Total Geral 4.202,66

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Poder Judiciário do Estado de Goiás - COMARCA DE GOIÂNIA

7º Juizado Especial Cível - Rua VMB1 esq. C/ VMS e VMR, S/nº, Jardim Liberdade

CERTIDÃO

5290964.29.2016.8.09.0051                      Certifico e dou fé que a sentença proferida no evento retro transitou em julgado. Nada mais.

Goiânia, 25 de setembro de 2017  

GABRIELLA MOURA DE OLIVEIRA Técnico Judiciário

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 18 : Transitado em JulgadoArquivo 1 : online.html U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 25/09/2017 16:37:18Assinado por GABRIELLA MOURA DE OLIVEIRAValidação pelo código: 10473560515606881, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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ESTADO DE GOIÁS

PODER JUDICIÁRIO

FÓRUM CÍVEL DE GOIÂNIA

7º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

Avenida Olinda com Avenida PL-3, Qd. G, Lt. 04, 3º Andar, Parque Lozandes, Goiânia-GO - 2004203

  Processo: 5461612.13.2014.8.09.0051 Exequente: THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA Executado(a): SPE RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA  

Transcorreu in albis o prazo para o pagamento dacondenação imposta, na fase executória, da qual já fora o reclamado intimado dasentença de evento 16.

Defiro, em parte, o pedido requestado no evento 17do feito, não como cumprimento de sentença, inexistente pela LJE, mas de execuçãodo julgado.

Determino à Secretaria que proceda penhora online nas contas da executada, no valor dos cálculos depurados pela parte autora, comarrimo no Enunciado 147 do FONAJE, intimando-a para oferta de embargos, comfulcro no artigo 52, IX, da lei 9.099/95, e Enunciados 117 e 121 do FONAJE.

Em caso negativo ou parcial do cumprimento dapenhora, ouça-se a parte autora, dentro em 10 (dez) dias.

Observo que, não encontrados bens passíveis depenhora, na conformidade do artigo 53, § 4º, da Lei 9.099/95, será o feito extinto earquivado.

Cumpra-se.

Goiânia, 28 de setembro de 2017.

 

Juiz Luís Antônio Alves Bezerra

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 21 : DecisãoArquivo 1 : _online.html U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 14/12/2017 13:57:34Assinado por LUIS ANTONIO ALVES BEZERRAValidação pelo código: 10423562558679572, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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         Magistrado Titular

 

 

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 21 : DecisãoArquivo 1 : _online.html U

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BacenJud 2.0 - Sistema de Atendimento ao PoderJudiciário

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segunda-feira,15/01/2018

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Recibo de Protocolamento de Ordens Judiciais de Transferências, Desbloqueios e/ou Reiteraçõespara Bloqueio de Valores

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Dados do bloqueio

Número do Protocolo: 20180000072170

Número do Processo: 5290964.29

Tribunal: TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE GOIAS

Vara/Juízo: 1845 - 7º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

Juiz Solicitante do Bloqueio: Luis Antonio Alves Bezerra

Tipo/Natureza da Ação: Ação Cível

CPF/CNPJ do Autor/Exeqüente da Ação:

Nome do Autor/Exeqüente da Ação: THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA

Relação de réus/executados

• Para exibir os detalhes de todos os réus/executados clique aqui. • Para ocultar os detalhes de todos os réus/executados clique aqui.

13.510.614/0001-65 - SPE - RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA[Total bloqueado (bloqueio original e reiterações):R$5.434,33] [Quantidade atual de não respostas: 0]

Respostas

CAIXA ECONOMICA FEDERAL / Todas as Agências / Todas as Contas

Data/HoraProtocolo

Tipo de Ordem JuizSolicitante

Valor(R$)

Resultado(R$)

SaldoBloqueado

Remanescente(R$)

Data/HoraCumprimento

11/01/201813:19

Bloq. Valor

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4.202,66

(01) Cumprida

integralmente.4.202,66

4.202,6612/01/2018

03:34

15/01/201811:07:48

Transf. ValorID:072018000000197137Instituição:CAIXAECONOMICA FEDERALAgência:2535Tipo créd. jud:Geral

LuisAntonioAlves

Bezerra

4.202,66 Não enviada - -

CCLA GOIANIA E REGIAO / Todas as Agências / Todas as ContasData/HoraProtocolo

Tipo de Ordem JuizSolicitante

Valor(R$)

Resultado(R$)

SaldoBloqueado

Remanescente(R$)

Data/HoraCumprimento

11/01/201813:19

Bloq. Valor

LuisAntonioAlves

Bezerra

4.202,66

(03) Cumprida

parcialmentepor

insuficiênciade saldo.709,90

709,9012/01/2018

18:17

15/01/201811:07:48

Desb. Valor

LuisAntonioAlves

Bezerra

709,90 Não enviada - -

BacenJud 2.0 https://www3.bcb.gov.br/bacenjud2/protocolarOrdemBV.do?method=p...

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Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 24 : Penhora RealizadaArquivo 1 : penhora.efetivada.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 15/01/2018 11:08:37Assinado por KELITA DA SILVA VIEIRA VIANAValidação pelo código: 10483564556362964, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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BCO BRASIL / Todas as Agências / Todas as Contas

Data/HoraProtocolo

Tipo de Ordem JuizSolicitante

Valor(R$)

Resultado(R$)

SaldoBloqueado

Remanescente(R$)

Data/HoraCumprimento

11/01/201813:19

Bloq. Valor

LuisAntonioAlves

Bezerra

4.202,66

(03) Cumprida

parcialmentepor

insuficiênciade saldo.521,77

521,7712/01/2018

05:13

15/01/201811:07:48

Desb. Valor

LuisAntonioAlves

Bezerra

521,77 Não enviada - -

Não Respostas

Não há não-resposta para este réu/executado

BacenJud 2.0 https://www3.bcb.gov.br/bacenjud2/protocolarOrdemBV.do?method=p...

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Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 24 : Penhora RealizadaArquivo 1 : penhora.efetivada.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 15/01/2018 11:08:37Assinado por KELITA DA SILVA VIEIRA VIANAValidação pelo código: 10483564556362964, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

FACULDADE DE DIREITO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 7° JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

Processo nº 5290964.29.2016

THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA, já qualificado nos autos da

AÇÃO DECLARATÓRIA que move em face de SPE RESIDENCIAL VIVA

AMAZÔNIA LTDA., também anteriormente qualificada, vem à digna presença

de Vossa Excelência requerer a expedição de alvará para levantamento da

quantia penhorada (movimento n. 24).

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 16 de janeiro de 2018.

CAROLINA CHAVES SOARES

OAB-GO 17.789

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 27 : Juntada de PetiçãoArquivo 1 : expediralvara.pdf U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 16/01/2018 12:16:50Assinado por CAROLINA CHAVES SOARES:81220286168Validação pelo código: 10463561556617811, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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ESTADO DE GOIÁS

PODER JUDICIÁRIO

FÓRUM CÍVEL DE GOIÂNIA

7º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

Avenida Olinda com Avenida PL-3, Qd. G, Lt. 04, 3º Andar, Parque Lozandes, Goiânia-GO -

 

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051 Reclamante: THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA Reclamada: SPE RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA  

Defiro o pedido requestado no evento 27 do feito.

O prazo para oferecimento de embargos transcorreu in albis, conforme evento 26 do feito.

Expeça-se Alvará para levantamento do numeráriobloqueado nas contas da executada, e transferido à Caixa Econômica Federal (evento24), em nome da parte autora ou de seu advogado, com seus acréscimos legais,para os fins de mister.

Intime-se o causídico, com o fito de retirar o Alvará.

Cumpridas as formalidades legais, na forma do art.924, II, do NCPC, aplicado supletivamente à LJE, arquive-se.

Goiânia, 7 de maio de 2018.

 

Juiz Luís Antônio Alves Bezerra

          Magistrado Titular  

 

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 29 : DecisãoArquivo 1 : _online.html U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 07/05/2018 18:18:42Assinado por LUIS ANTONIO ALVES BEZERRAValidação pelo código: 10403567588529850, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS

COMARCA DE GOIÂNIA - 7º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

Av. Olinda c/ Av. PL-3, Quadra 6, Lote 4, Sala 325 - 3º andar, Parque Lozandes - Goiânia/GO -CEP 74.884-120

                                              ALVARÁ DE LEVANTAMENTO DE DINHEIRO                                                             

Processo nº: 5290964.29.2016.8.09.0051

Classe: Procedimento do Juizado Especial Cível

Assunto: Pagamento Indevido - Lei nº 10.406/02 (Código Civil) - arts. 876 a 883;

Requerente: THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA, CPF: 009.885.441-05

Requerido(s): SPE RESIDENCIAL VIVA AMAZONIA LTDA,CNPJ/CPF: 13.510.614/0001-65

Juiz(a): Dr. Luís Antônio Alves Bezerra

O Doutor Luís Antônio Alves Bezerra, Juiz de Direito da Comarca de GOIÂNIA, Estado de Goiás. Por este Alvará,

estando devidamente assinado, AUTORIZA, a parte abaixo qualificada, que deverá se identificar, a proceder o levantamento da

importância inframencionada, que se encontra depositada no banco especificado, na conta mencionada vinculada a este juízo, a

saber: BENEFICIÁRIO(A(S):THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA,CPF:009.885.441-05

AUTORIZADO(A)(S): THANDER ARRAIS DE OLIVEIRA, CPF: 009.885.441-05 OU Carolina Chaves Soares, OAB/GO17789 DADOS DO BANCO:

VALOR A RETIRAR  (X)Total da conta

R$ 4.202,66 (Quatro mil, duzentos e dois reais e sessenta e seis centavos), com os devidos acréscimos legais.                                                               VALIDADE: 90 (noventa) dias, a partir da data de expedição. 

CUMPRA-SE NA FORMA DA LEI. Dado e passado nessa cidade de GOIÂNIA, Estado de Goiás, aos 15 de maio de 2018.

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Juiz Luís Antônio Alves Bezerra

Magistrado Titular

Banco: Caixa Econômica Federal Agência: 2535 Conta Judicial: 01604933-4         

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 31 : Alvará Expedido e à DisposiçãoArquivo 1 : online.html U

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Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 15/05/2018 17:00:51Assinado por LUIS ANTONIO ALVES BEZERRAValidação pelo código: 10423560588883485, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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Processo Arquivado

1. A movimentação: ( Processo Arquivado ) do dia

15/05/2018 17:17:49 não possui "Arquivos".

Processo: 5290964.29.2016.8.09.0051Movimentacao 33 : Processo Arquivado

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