teoria geral do direito processual civil ii · · 2010-09-08teoria geral do direito processual...
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Teoria Geral do Direito Processual Civil II
4º Semestre
Profª Maria Carolina Beraldo
COMPETÊNCIA
1. Conceito
Competência pode ser conceituada como o poder de exercer a jurisdição nos limites
estabelecidos pela lei ou, em conceituação generalizada, é o âmbito dentro do qual o
juiz pode exercer a jurisdição(Moacyr Amaral Santos in Primeiras Linhas)
a competência vem disciplinada tanto na Constituição Federal como também nas leis infraconstitucionais e, para o que interessa
aos fins da nossa matéria, sua disciplina vem prevista nos arts. 86 a 124 do Código
de Processo Civil
CompetênciaTÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇACAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ousimplesmente decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos limitesde sua competência, ressalvada às partes a faculdade deinstituírem juízo arbitral.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação éproposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato
ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quandosuprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência emrazão da matéria ou da hierarquia.
2. Competência Internacional
limites da jurisdição nacional, ou seja, da Justiça brasileira
2.1 Espécies: - concorrente (cumulativa)- exclusiva
2.3 Conseqüência do reconhecimento da incompetência internacional: extinção do processo
CAPÍTULO IIDA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado noBrasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada noBrasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ousucursal.
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão dequalquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que oautor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do territórionacional.
DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL(cont.)
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induzlitispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileiraconheça da mesma causa e das que Ihe são conexas.
3. Critérios legais determinativos da Competência interna
• Valor da causa
• Matéria
• Funcional
• Território
os antigos praxistas distribuíam a competência conforme três outros critérios:
• em razão da matéria (ratione materiae)
• em razão das pessoas (ratione personae)
• em razão do lugar (ratione loci)
Chiovenda, de seu turno, distribuiu a competência segundo três critérios:
• Objetivo (valor da causa e material)
• Territorial
• Funcional
* em razão da pessoa
3.1 Competência em razão do valor da causa
uma vez fixada a competência do foro em razão do território, podem as normas de organização
judiciária, segundo previsto no art. 91, utilizar-se do critério “valor da causa” para criação de juízos
privativos
Em São Paulo, a competência dos diversos juízos não leva em conta o valor da causa, mas sim a
matéria (varas de família, v.g.) e as pessoas (Varas de Fazenda Pública)
Atenção:
O valor da causa constitui um dos critérios para definir o procedimento a ser observado
no julgamento. O rito sumário, por exemplo, é observado nas causas cujo valor
não exceder a 60 salários mínimos (art. 275)!!
3.2 Competência em razão da matéria e em razão da pessoa
Tal como o valor da causa, a matéria e a qualidade das pessoas envolvidas no litígio não são utilizadas pelo Código para definir
a competência, mas a Constituição da República e as leis de organização judiciária
utilizam-se de ambos os critérios para estabelecimento de competência
CAPÍTULO IIIDA COMPETÊNCIA INTERNA
Seção IDa Competência em Razão do Valor e da Matéria
Art. 91. Regem a competência em razão do valor e da matéria asnormas de organização judiciária, ressalvados os casosexpressos neste Código.
Art. 92. Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito
processar e julgar:
I - o processo de insolvência;
II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa.
3.3 Competência Funcional
O critério funcional leva em conta a função de cada órgão jurisdicional para praticar atos do processo ou grau de jurisdição
• Atos do processo – CPC regula
• Grau de Jurisdição – competência hierárquica – CF e normas de organização
judiciária regulam
Seção IIDa Competência Funcional
Art. 93. Regem a competência dostribunais as normas da Constituição daRepública e de organização judiciária. Acompetência funcional dos juízes deprimeiro grau é disciplinada nesteCódigo.
3.4 Competência Territorial
A competência territorial (ou de foro) leva em conta a divisão do território nacional em
circunscrições judiciárias
• J. Estadual: comarcas
• J. Federal: seções e sub-seções judiciárias
Seção IIIDa Competência Territorial
Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada emdireito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, noforo do domicílio do réu.
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de
qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele serádemandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do
autor.
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, aação será proposta no foro do domicílio do autor. Se estetambém residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer
foro.
§ 4o Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serãodemandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
Da Competência Territorial (cont.)
Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro
do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de
terras e nunciação de obra nova.
Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o
competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento
de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio
for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. É, porém, competente o foro:
I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicíliocerto;
II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha
domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes.
Da Competência Territorial (cont.)
Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu últimodomicílio, que é também o competente para a arrecadação, oinventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro dodomicílio de seu representante.
Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente:
I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente;
II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente.
Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autosremetidos ao juiz competente da Capital do Estado ou Território, tantoque neles intervenha uma das entidades mencionadas neste artigo.
Excetuam-se:
I - o processo de insolvência;
II - os casos previstos em lei.
Da Competência Territorial (cont.)
Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e aconversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedemalimentos;
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados oudestruídos;
IV - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade,que carece de personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir ocumprimento;
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ouacidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do localdo fato.
Incompetência absoluta
Torna ilegítima a atuação do órgão jurisdicional no processo, padecendo de
nulidade insanável os atos decisórios dele emanados
• em razão da matéria• em razão da pessoa
• em razão do critério funcional
Incompetência absoluta (cont.)
Características:
- norma cogente (de ordem pública)
- Insanável – nulidade de todos os atos decisórios; possibilidade de ajuização da ação rescisória
- Cognoscível de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e
grau de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da
contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe
couber falar nos autos, a parte responderáintegralmente pelas custas.
§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos
ao juiz competente.
Incompetência relativa
Acarreta a nulidade dos atos decisórios, devendo ser arguida e declarada na
oportunidade e forma previstas em lei
• em razão do território (exceção: art. 95, 2a. Parte, CPC)
• em razão do valor da causa
Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a
incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a
suspeição (art. 135).
Perpetuatio Jurisdicionis
Princípio segundo o qual o que determina a competência são os elementos de fato e de
direito existentes no momento da propositura da ação. Uma vez fixada a
competência, a alteração desses elementos não tem qualquer influência sobre a
competência (art. 87)
Ao fixar os critérios determinativos da competência territorial, o CPC o faz
abstratamente, ou seja, prevê critérios para o juizamento, em tese, de uma demanda
(ex.: local do domicílio do réu ou da situação do imóvel)
Modificação ou prorrogação da competência relativa
• Conexão
• Continência
• Eleição de foro
Influência sobre a fixação da competência em concreto
• Conexão: mesmo objeto ou causa de pedir (103, CPC)
• Continência: identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (art. 104, CPC)
Conexão ou continência são fenômenos que provocam a reunião dos feitos (para evitar
julgamentos inconciliáveis). Uma vez verificada a necessidade de se reunir, deve-se saber onde: o critério para a identificação do juízo perante o qual tramitarão ambos os
feitos é a PREVENÇÃO.
Prevenção: significa a definição prévia de competência de determinado órgão
jurisdicional em razão de circunstâncias relativas à demanda ou recurso anteriormente a ele distribuído.
• Ações conexas correndo em separado perante juízes que têm a mesma competência territorial: considera-se prevento aquele que DESPACHOU em primeiro lugar (art. 106)
• Ações conexas correndo em separado perante juízes que têm diferente competência territorial (comarcas distintas): prevenção decorrerá da CITAÇÃO (art. 219)
Arguição da incompetência
• Incompetência relativa: por meio de exceção (art. 112)
• Incompetência absoluta: pode ser declarada de ofício ou pelas partes em qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 113)
Conflito de competência
Art. 115. Há conflito de competência:I - quando dois ou mais juízes se
declaram competentes;II - quando dois ou mais juízes se
consideram incompetentes;III - quando entre dois ou mais juízes
surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.
Quem pode suscitar o conflito de competência?
Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz.
Parágrafo único. O Ministério Público seráouvido em todos os conflitos decompetência; mas terá qualidade de
parte naqueles que suscitar.
Art. 117. Não pode suscitar conflito aparte que, no processo, ofereceuexceção de incompetência.
Parágrafo único. O conflito decompetência não obsta, porém, a que aparte, que o não suscitou, ofereçaexceção declinatória do foro.
Até quando pode ser suscitado o conflito de competência?
Até o trânsito em julgado da respectiva decisão (Súmula 59, STJ)
Procedimento
Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do
tribunal:
I - pelo juiz, por ofício;
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos
com os documentos necessários à prova do conflito.
Art. 119. Após a distribuição, o relator mandará ouvir os
juízes em conflito, ou apenas o suscitado, se um
deles for suscitante; dentro do prazo assinado pelorelator, caberá ao juiz ou juízes prestar as
informações.
Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a
requerimento de qualquer das partes,
determinar, quando o conflito for positivo,
seja sobrestado o processo, mas, neste caso,bem como no de conflito negativo, designaráum dos juízes para resolver, em caráter
provisório, as medidas urgentes.
Julgamento
A competência para julgamento do conflito de competência varia de acordo com o status
do órgão jurisdicional que o suscita:
• Conflito entre STJ e quaisquer tribunais, ou entre Tribunais Superiores �STF (102, I, o, CF)
• Conflito de competência entre quaisquer Tribunais, bem como entre Tribunais e juízes a ele
não vinculados � STJ
• Conflito de competência entre juízes de um mesmo Tribunal � Tribunal de Justiça do Estado
• Conflito de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal � Tribunal Regional
Federal
Jurisprudência temática
• Súmulas do STF: 508, 517, 556, 624
• Súmulas do STJ: 1, 3, 11, 33, 34, 41, 42, 55, 59, 82, 150, 177, 224, 235, 254
4. Metodologia para determinação da competência:
1. Qual a justiça competente, nacional ou estrangeira?
2. Justiça comum ou especializada? (Análise da CF)
3. Justiça comum federal ou estadual? (Análise da CF – art. 109)
4. Competência funcional: órgão superior ou inferior?
5. Qual o foro competente?
6. Qual o juízo competente?
EXERCÍCIO
Uma atriz americana, atualmente residindo em Belo Horizonte, pretendendo se separar judicialmente
de seu marido, procura o advogado em seu escritório, a fim de que ele proponha a ação
competente. Informa-o de que o marido é italiano, diretor de cinema; casaram-se na Bélgica, quando
ambos trabalhavam no filme “Nada ficou no lugar”, sendo que há dois anos ele reside no Rio de Janeiro, onde permanecerá por muito tempo,
em razão de ter firmado contrato com uma empresa brasileira de televisão.
Afora outros aspectos de direito, o advogado terá de explicar à cliente onde a ação será proposta: no Brasil, nos Estados Unidos, na Itália ou na Bélgica? Se no Brasil, em qual foro (comarca) e em qual juízo (vara)?
Metodologia para determinação da competência
1. Qual a justiça competente: nacional ou estrangeira?
A despeito da nacionalidade dos cônjuges e de o casamento ter sido contraído no estrangeiro, a justiça brasileira é
competente porque o réu está domiciliado no Brasil (art. 88, I). Note-se que essa competência é concorrente (se a ação for proposta na Bélgica e ocorrer a coisa julgada, a
parte poderá pedir a homologação do julgado para produzir efeitos no território nacional (art. 483)
Metodologia para determinação da competência
2. Definida a competência da justiça brasileira, resta saber: a ação deve ser proposta na justiça comum ou especializada?
A resposta está na CF, uma vez que nela se encontra fixada a competência da justiça especializada (a competência da justiça comum é residual). Não estando a ação de separação judicial elencada entre aquelas da competência da justiçca especializada, conclui-se que a competência é da justiça comum!
Metodologia para determinação da competência
3. Definida a competência da justiça comum, cabe indagar: a demanda deve ser proposta na justiça comum federal ou na justiça comum estadual?
Verificando-se que a ação de separação judicial não se inclui entre aquelas da competência dos juízes federais (cf. art. 109, CF), será da competência da justiça comum estadual!
Metodologia para determinação da competência
4. Cabe agora verificar se o conhecimento da causa cabe a órgão superior ou inferior.
A competência dos tribunais (hierárquica) é espécie do gênero competência funcional.
Verificando-se a CF e a CE, chega-se à conclusão de que o conhecimento da ação
de divórcio cabe a orgão inferior.
Metodologia para determinação da competência
5. Definido que a ação pode ser proposta no Brasil, em órgão inferior da justiça comum estadual, pergunta-se: em qual comarca (foro) deve ser proposta?
A competência, no caso, é territorial, portanto, regulada pelo Código de Processo Civil. Assim, deve-se verificar se para a ação a ser proposta o Código prevê ou não foro especial, não se esquecendo de que o foro geral (domicílio do réu) é residual. Para a ação de separação judicial o Código prevê como foro (especial) o da residência da mulher (art. 100,
I). Assim, o foro competente é o da comarca de Belo Horizonte.
Metodologia para determinação da competência
6. Ocorre que em Belo Horizonte, tal como em São Paulo e de um modo geral nas comarcas de maior porte, as varas são especializadas em razão da matéria, das pessoas ou do valor da causa. Em face disso, pergunta-se: qual o juízo competente?A competência de foro é regulada pelo CPC e a competência de juízo pelas normas de organização
judiciária. No caso específico, segundo a Lei de Organização Judiciária do Estado de MG (no
Estado de São Paulo trata-se do Decreto-lei Nº 158, de
28 de outubro de 1969), a competência é de uma das varas de família.
FONTES:• Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de
Direito Processual Civil
• Cassio Scarpinella Bueno, Curso Sistematizado de Direito Processual Civil
• Elpídio Donizetti, Curso Didático de Direito Processual Civil
• Moacyr Amaral Santos, Primeiras Linhas
• Código de Processo Civil
Processo =
Relação instaurada entre as partes e o Estado-juiz, criando direitos e impondo ônus e obrigações processuais aos seus sujeitos
componentes
+
PROCEDIMENTO (meio extrínseco pelo qual ele se instaura, se desenvolve e
termina)
Quem são os denominados sujeitos do processo?
autor réu
Estado-juiz
Advogados
Auxiliares da justiça
Ministério Público
Terceiros
pólo ativo pólo passivopólo passivopólo ativo pólo passivopólo ativo
• Estado-juiz (sujeito imparcial)
• Partes - em sentido material- em sentido processual
• Terceiros - interessados- desinteressados
• Auxiliares da Justiça
Sujeitos principais
Sujeitos secundários
• Sujeito imparcial do processo
• Se coloca supra et inter partes
• Vedação ao non liquet (denegação de justiça, violação ao art. 5º, XXXV, CF e art. 126, CPC):
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.
No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à
analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.
Poderes
a) Administrativos (ou de polícia) – exs: arts. 445 e 446
a) Jurisdicionais: - poderes-meios
- poderes instrutórios
- poderes-fim
Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:
I - manter a ordem e o decoro na audiência;
II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem inconvenientemente;
III - requisitar, quando necessário, a força policial.
Art. 446. Compete ao juiz em especial:
I - dirigir os trabalhos da audiência;
II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;
III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa com elevação e urbanidade.
Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os assistentes técnicos e as testemunhas, os advogados não podem intervir ou apartear, sem licença do juiz.
DEVERESArt. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
(isonomia – art. 5º, CF)
II - velar pela rápida solução do litígio;
(razoável duração do processo – art. 5º, LXXVIII, CF)
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;
(punição à litigância de má-fé)
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.
Dever de imparcialidade:
IMPEDIMENTOS: de cunho objetivo, peremptórios – art. 134, CPC
SUSPEIÇÃO: reconhecimento demanda prova – art. 135, CPC
IMPEDIMENTOS
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do
juiz.
ATENÇÃO
- 2º grau: quando o parentesco do juiz for com o advogado da parte
- 3º grau: quando o parentesco do juiz for com a própria parte
SUSPEIÇÃO DE PARCIALIDADEArt. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Responsabilidade civil do juiz
Art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Ação de responsabilidade civil
Contra o magistrado ou contra o Estado -responsabilidade civil objetiva – art. 37, CF:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa.
Garantias constitucionais – art. 95, CF
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio
93, VIII - o ato de remoção, disponibilidade eaposentadoria do magistrado, por interessepúblico, fundar-se-á em decisão por voto damaioria absoluta do respectivo tribunal ou doConselho Nacional de Justiça, asseguradaampla defesa;
Art. 139, CPC:
CAPÍTULO VDOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o
depositário, o administrador e o intérprete.
“Parte é aquele que demanda em seu próprio nome a atuação de uma vontade da lei, e aquele em face de quem essa atuação é
demandada”(Chiovenda, Instituições, p. 278)
Terceiro interessado por exclusão, é aquele que não é parte mas, autorizado por lei,
intervém na relação processual (v.g. assistente)
Autor e réu são denominações usuais no processo de conhecimento em geral, mas há especificidades:
I) Processo de conhecimento:
Nomenclatura
a) Nas exceções:
b) Na reconvenção:
c) Nos recursos (em geral):
d) Na apelação:
e) No agravo:
excipiente e exceto
reconvinte e reconvindo
recorrente e recorrido
apelante e apelado
agravante e agravado
f) Nos embargos de terceiro:
g) Nas intervenções de terceiro:
II- Processo de execução:
III- Processo Cautelar:
IV- Procedimentos de jurisdição voluntária:
embargante e embargado
interveniente (denunciado, chamado, assistente...)
a) Credor e devedorb) Embargante e embargado
requerente e requerido
interessados
Pressupostos processuais relativos às partes• Capacidade de ser parte
(corresponde à capacidade de ter direitos e obrigações na ordem civil – capacidade
jurídica)
• Capacidade de estar em juízo
(corresponde à capacidade de exercício ou de fato)
• Capacidade postulatória
(os atos processuais são praticados por quem detém poder de postulação)
Legitimidade para a causa
Identificação daquele que pode pretender ser o titular do bem da vida deduzido em juízo, seja
como autor, seja como réu(Cassio Scarpinella in Partes e Terceiros..., p. 31)
Em regra, a titularidade da ação vincula-se à titularidade do pretendido direito subjetivo, envolvido na lide.
Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei.
LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA:
• Substituição processual
(defesa do direito alheio em nome próprio)
• Representação
(o representante defende em juízo direito alheio em nome alheio)
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
Conceito: “demandar a parte, em nome próprio, a tutela de um direito controvertido de outrem” (Humberto Theodoro Jr., p. 87)
Exemplos: art. 42, CPC; art. 68, CPP
Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a
título particular, por ato entre vivos, não altera a
legitimidade das partes.
§ 1o O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar
em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem
que o consinta a parte contrária.
§ 2o O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto,
intervir no processo, assistindo o alienante ou o
cedente.
§ 3o A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário.
Art. 68. Quando o titular do direito àreparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil
(art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
Não confundir:
Substituição processual com sucessão de parte: na substituição de parte ocorre uma alteração nos pólos subjetivos do processo
Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo
seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265.
Poderes do substituto processual
• amplos
• Não compreendem atos de disposição do próprio direito matrial do substituido, como confissão, transação, reconhecimento do pedido, etc
Capacidade processual
Consiste na aptidão de participar da relação processual, em nome próprio ou alheio
Tem capacidade processual quem dispõe de aptidão civil:
CAPÍTULO I
DA CAPACIDADE PROCESSUAL
Art. 7o Toda pessoa que se acha no exercício dos seus
direitos tem capacidade para estar em juízo.
Art. 8o Os incapazes serão representados ou
assistidos por seus pais, tutores ou
curadores, na forma da lei civil.
Art. 9o O juiz dará curador especial:
I - ao incapaz, se não tiver representante legal,
ou se os interesses deste colidirem com os
daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por
edital ou com hora certa.
Têm capacidade para figurar como parte na relação processual:
a) Pessoas naturaisb) Pessoas jurídicasc) Pessoas formais - massa falida
- espólio- sociedades sem
personalidade jurídica....
Representação das pessoas jurídicas públicas e privadas
Art. 12. Serão representados em juízo, ativa epassivamente:
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e osTerritórios, por seus procuradores;
II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;
III - a massa falida, pelo síndico;
IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
V - o espólio, pelo inventariante;
VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivosestatutos designarem, ou, não os designando, porseus diretores;
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela
pessoa a quem couber a administração dos seus
bens;
VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente,
representante ou administrador de sua filial, agência
ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88,parágrafo único);
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.
DEVERES DAS PARTESArt. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - proceder com lealdade e boa-fé;
III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento;
IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.
V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.
Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las.
Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra.
Responsabilidade das partes por dano processual
Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente.
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
Vl - provocar incidentes manifestamente infundados;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.