direiito processual civil

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2 ANO prof. Rosana Aula de 06.02.2006 CONFLITOS E INSATISFAES Os conflitos surgem pelo fato de os bens serem limitados e os interesses sobre eles serem ilimitados, em face das mltiplas necessidades do homem. Bem tudo aquilo que satisfaz as necessidades do homem.As insatisfaes das pessoas que geram os conflitos e so devidas oposio de outrem posse de um bem ou mesmo a imposies do direito a essa posse. Os conflitos podem ser resolvidos por iniciativa de uma ou das duas partes envolvidas e at mesmo pela intermediao de uma terceira pessoa. Como modos para se resolver os conflitos temos: a autotutela (ou autodefesa), a autocomposio, a arbitragem, a jurisdio. 1. Autotutela o modo de se resolver um conflito fazendo uso da fora. caracterstica do modo primitivo de resolver os conflitos que surgiam, ante a inexistncia de um Estado forte o bastante para garantir a justia. O homem primitivo resolvia suas questes sobre os bens lanando mo da fora bruta. Caractersticas da autotutela: a) ausncia de juiz distinto das partes e b) imposio da deciso por uma das partes. Hoje, ainda, o Direito admite, excepcionalmente, a resoluo de certos conflitos por meio da fora, isto , em alguns casos, ainda admite o uso da fora, da autotutela. Entretanto regula os detalhes em tais situaes a fim de no ocorrerem excessos, isto , que a fora no seja exagerada.(Ex: a legtima defesa). A autotutela depende de atividade de uma das partes. 2. Autocomposio a forma de resoluo de um conflito diretamente pelas duas partes envolvidas, o que pressupe o acordo, o dilogo, a negociao. A autocomposio como que j aparecera nos sistemas primitivos de resoluo de conflitos perdura at hoje. Por ela uma das partes, ou ambas, abrem mo do seu direito ou de parte dele. A autocomposio implica na vontade das partes. So as seguintes as trs formas de autocomposio: a) Transao Implica em que cada uma delas cede parte de seus interesses sobre determinado bem, ocorrendo, assim, perda para as duas partes, ou seja, a perda bilateral. As concesses so recprocas. b) Submisso Uma das duas partes abre mo de seu interesse no bem. Diferentemente do que ocorre na transao s uma das partes perde, em benefcio da outra. A perda , portanto, unilateral. c) Desistncia ou renncia Bastante parecida com a submisso, ocorrendo apenas quando a parte que cede ou renuncia j estava na posse do bem em litgio. Haver, como no modo anterior, perda unilateral. No se chegando soluo de um conflito e para que no se voltar a recorrer autotutela, surgem duas novas maneiras de resolv-lo, pressupondo a participao de uma

2 terceira pessoa (o rbitro) na questo: arbitragem e jurisdio, que supe a participao de um terceiro. 3. Arbitragem Decidindo por essa medida, o arbitramento ser feito por uma terceira pessoa - o rbitro. De incio, a arbitragem teve carter facultativo, ou seja, dependia da vontade e da aceitao das partes, o que acabava gerando problemas. Na antiguidade a escolha recaa nos sacerdotes ou nos ancios e as decises pautavam-se pelos padres aceitos pela coletividade, pelos costumes. Era uma espcie de juiz antes do legislador. Ento, com a interferncia do Estado, que passou a se impor e a se encarregar de indicar o rbitro, a arbitragem passou a ser obrigatria. Desse instrumento para resoluo de conflitos a arbitragem passou-se para a uma nova forma de arbitragem, a jurisdio. Desaparece a fase da justia privada com sua substituio pela justia pblica. Passa-se assim, na evoluo do processo de resoluo dos conflitos, a uma nova fase na qual os juzes agem em substituio s partes: a jurisdio (justia pblica). 4. Jurisdio Fase em que o prprio Estado passou a ser o rbitro, representado pelo Juiz. (Estado-juiz). Jurisdio o instrumento por meio do qual os rgos jurisdicionais atuam para pacificar as pessoas conflitantes, eliminando os conflitos e fazendo cumprir o preceito jurdico pertinente a cada caso que lhes apresentado em busca de soluo, Antes dessa fase do Estado-juiz, ocorreram as fases: a autotutela, a arbitragem facultativa, dentro da autocomposio e a arbitragem obrigatria, onde j surgia o processo. Esta ltima fase evoluiu para a jurisdio. Evidentemente, a evoluo dos instrumentos mencionados, dentro de sua configurao histria, apresenta avanos e retrocessos. Dentro dessa evoluo, importa considerar que antes de se chamar oficialmente o Estado para resolver a lide (conflito no resolvido por outros instrumentos), o Estado, dentro de sua funo pacificadora, oferece a tutela jurdica, isto , coloca disposio da sociedade todo o conjunto de normas existentes, em especial o Cdigo Civil, para servir de embasamento soluo extraprocessual dos conflitos. uma forma indireta de o Estado intervir na resoluo de conflitos. Se ainda assim persistir o conflito, chega-se fase da lide (para o jurista Pontes de Miranda: o conflito de interesses qualificados para uma pretenso resistida). a disputa, at ento insanvel, dos interesses conflitantes. Aula de 09.02.2006 Ocorre, por fim, o recurso para que o Estado, de forma direta, resolva a questo. Surge nessa altura a Jurisdio ou a tutela jurisdicional. Portanto, a tutela jurdica surge ainda durante o conflito e a jurisdio ou tutela jurisdicional surge durante a lide. Equivale a dizer, tambm, que o Estado oferece elementos na soluo do conflito em dois momentos: indiretamente, no primeiro, atravs da tutela jurdica, quando a soluo deve surgir a partir das partes envolvidas ou de um rbitro que elas elejam e, no segundo momento, diretamente, atravs da tutela jurisdicional (jurisdio), quando o Estado apresenta a soluo para a lide, independente da concordncia das partes. Ento, resumindo, na autotutela e na autocomposio a soluo do conflito surge das prprias partes, pela fora, na primeira, e pela negociao na outra. J nas outras duas formas arbitragem e jurisdio a soluo vem de uma terceira parte, exterior quelas

3 que conflitam, sendo facultativa na arbitragem e obrigatria na jurisdio, com o Estado arbitrando diretamente nesta ltima (Estado-juiz). 14.02.2006. PRINCPIOS GERAIS DO PROCESSO Princpios so proposies de carter geral que devem ser observadas pelos sistemas processuais. Cada sistema processual tem uma srie de princpios que lhe so especficos alm dos princpios gerais (que se aplicam a todos os sistemas processuais). Os princpios gerais So a base de cada sistema. No conjunto de normas do sistema no pode haver norma especfica que viole qualquer um dos princpios gerais. Os Princpios gerais do Processo so as regras necessrias criao, interpretao e aplicao da lei. Eles tm conotaes de ordem ticas, sociais e polticas. Existem dois grupos de princpios: os Deontolgicos e os Epistemolgicos. Entretanto, alguns dos princpios gerais se colocam entre a epistemologia e a deontologia, entre a norma e o valor tico. O primeiro grupo Deontolgicos - rene princpio voltados moral, tica, ao dever ser. Na busca de processo ideal buscado pelo legislador, quatro regras, chamadas de princpios informativos, foram estabelecidas: . 1. Princpio lgico estabelece que na elaborao da lei deve-se procurar o caminho mais seguro e mais rpido para resolver-se uma questo; procura-se o caminho mais rpido e mais seguro para o exerccio da tutela, para evitar o erro. 2. Princpio jurdico Esse princpio do processo a declarao concreta da lei, pretendendo-se igualdade no processo e justia na deciso. 3. Princpio poltico a mxima garantia social dos direitos com o mnimo de esforo individual da liberdade. o respeito aos direitos do cidado e , tambm, a imposio das obrigaes que ele deve cumprir. 4. Princpio econmico O processo no pode custar mais que o mais pobre dos brasileiros, que tem acesso ao processo, possa pagar. O processo deve ser acessvel a todos, em termos de custo e durao. Os Princpios Epistemolgicos: So os que permitem conhecer o processo Se referem ao Direito como ordem normativa.. Princpios epistemolgicos: 1. Princpio da Disponibilidade/Indisponibilidade Disponibilidade o direito est disponvel ao cidado, que o utilizar ou no, conforme sua vontade. Portanto existe a possibilidade de se pedir, ou no, a tutela de um direito disponvel. quase absoluto no processo civil, exceto quando se trata da prevalncia do interesse pblico sobre o privado. Indisponibilidade Conforme a natureza do direito essa liberdade de opo desaparece. Inclusive em relao pessoa envolvida (menor, por exemplo). A reclamao do direito torna-se obrigatria. comum a parte envolvida no processo ser o Ministrio Pblico. A Indisponibilidade caracterstica do processo penal, pois o Estado no tem apenas o direito de punir, mas tem o

4 dever de o fazer. A Disponibilidade est mais no campo do Direito Civil e a Indisponibilidade no campo do Direito Penal. Princpio da iniciativa da parte um complemento do princpio anterior. Se a pessoa pode ou no pedir a tutela do direito ou se ela obrigada a faz-lo, cabe a ela a iniciativa do processo. Em certos casos o Ministrio Pblico a parte e inicia o processo. A propsito dois brocardos do Direito: no h juiz sem autor e O juiz no agir por sua iniciativa. O juiz no conhecer da tutela sem pedido da parte, ou seja, ele no toma a iniciativa de fornecer a tutela do Estado. Princpio do Impulso Oficial Iniciada a relao processual, compete ao juiz cuidar do desenvolvimento do processo at o seu final, com o fim da sua funo jurisdicional. A partir da iniciativa da parte, comeando o processo, o Estado, pelo Juiz, cuidar de impulsion-lo at o final. A ele compete, pois, dar andamento ao processo iniciado pela parte (Art. 262, CPC). Princpio do Dispositivo/Inquisitivo Princpio Dispositivo: Compete s partes informar os fatos e prov-los, por meio de provas de sua preferncia. O juiz depende das provas e das alegaes das partes para julgar. No Direito Penal, o processo indisponvel, cabendo ao Ministrio Pblico a iniciativa, que, entretanto, poder ser assistida pela parte, quando do interesse desta. O Princpio Inquisitivo chamado de Principio da investigao das provas, que possibilita ao juiz a investigao de provas. Assim, o juiz pode passar de sua posio de mero espectador das alegaes e da provas apresentadas (verdade formal) para buscar ou determinar a busca de provas. Princpio da imparcialidade do juiz Pela imparcialidade, que deve caracterizar a ao do juiz, ele no pode dar incio ao processo nem pode produzir provas. Pode, entretanto e em certos casos, pedir ao Ministrio Pblico a complementao de provas. Por estar entre as partes, mas acima delas que o juiz pode julgar. Para possibilitar essa imparcialidade, as constituies trazem muitas garantias ao juiz no exerccio de suas funes e probem os tribunais de exceo, que se contrapem ao juiz natural constitudo constitucionalmente.

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6. Princpio da Igualdade ou Isonomia Existem dois tipos de isonomias: a formal e a material. Este princpio refere-se isonomia material, que consiste em tratar desigualmente os desiguais para conseguir-se compensar as diversas formas de desigualdades. A igualdade prevista na lei pressupe a igualdade perante o juiz. As partes e seus procuradores devem merecer tratamento igualitrio para que suas razes valham em juzo. (Art. 5 da CF). 7. Princpio do contraditrio ou da Bilateralidade da audincia No processo, o juiz deve sempre ouvir as duas partes. Perante o juiz, as partes no so antagnicas, mas colaboradores necessrios realizao da justia. O direito do contraditrio assegurado pela CF e pressupe que todos os atos praticados pelo juiz ou por uma das partes sejam conhecidos pela outra parte. Os instrumentos para dar cincia da prtica de tais atos so dados pela citao, intimao e da notificao. 8. Princpio da lealdade processual No processo, as partes devem agir com lealdade e respeito.(Art. 14, 15 e 18 CPC). O processo, alm de buscar a

5 soluo do conflito entre as partes, presta-se, tambm, pacificao geral da sociedade e atuao do direito. Tem ele, pois, insero no campo sciopoltico, o que exige que todos os envolvidos se pautem com os deveres da moralidade e da probidade. Aula de 16.02.2006. 9. Princpio da Publicidade Os atos processuais so pblicos para que haja transparncia nos procedimentos at para que eles possam ser fiscalizados. Existem excees que prevem privacidade. (Art. 155, CPC). A presena do pblico nas audincias e a possibilidade de exame dos autos por qualquer pessoa so instrumentos de fiscalizao dos atos do juiz e dos promotores e dos advogados que participam do processo. A publicidade dos atos processuais est da direo de garantir a independncia, a imparcialidade, a responsabilidade e a autoridade dos julgadores. 10. Princpio da Oralidade As provas devem ser produzidas em audincias, portanto oralmente. (Art.336) 11. Princpio da Imediao O Juiz quem colhe pessoalmente as provas de forma direta e imediata. As perguntas so dirigidas pelas partes a ele, que as transmite testemunha, colhendo de imediato elementos para formao de seus critrios de julgamento. 12. Princpio da Identidade do Juiz O juiz que preside a audincia deve julgar a lide. Explica-se pela identidade do Juiz com as circunstncias da lide. (Art.132). Se, por alguma circunstncia, o processo deve receber julgamento de outro juiz, este pode at determinar a repetio de certos atos do processo para formar convico adequada sobre o assunto. O juiz que presidiu a audincia j colhera elementos para essa convico. 13. Princpio de Persuaso Racional do Juiz A emotividade no deve influir na deciso. O juiz deve ser convencido racionalmente pelas provas (Art.131). O convencimento do juiz, entretanto, deve ser motivado e o juiz no pode desprezar as normas legais existentes, pois seria um juiz arbitrrio. Esse princpio prende-se diretamente ao Princpio da Oralidade, no qual o juiz busca nas alegaes das partes elementos para seu convencimento racional. 14. Princpio da Economia Processual Sempre que possvel, fases do processo devem ser eliminadas para economia processual (Art.330 II). Esse princpio pretende obter o mximo resultado na atuao do direito com o mnimo possvel de atividades processuais. Deve haver uma proporcionalidade entre os bens (ainda que no materiais) em disputa e o dispndio para desenvolver o processo. indispensvel atentar-se para a relao custo-benefcio. 15. Princpio da Pluralidade do Grau de Jurisdio Refere-se possibilidade de recursos instncias superiores, (jurisdio superior) pretendendo reviso de decises de jurisdio inferior. Embora existam argumentos contrrios possibilidade de recursos, o grande argumento do princpio de natureza poltica: nenhum ato do Estado pode ficar imune aos necessrios controles. 16. Principio de Ordem Consecutiva Legal O processo tem uma ordem natural de andamento (Art. 262 e ss). A dinmica do processo deve seguir passos prestabelecidos a fim de que todos os princpios envolvidos sejam adequadamente atendidos.

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21.02.2006. Jurisdio Os trs instrumentos fundamentais da TGP so: Jurisdio, Ao e Processo. Jurisdio Como funo e monoplio do Estado, a jurisdio , ao mesmo tempo, poder, funo, atividade. Como poder, a capacidade de o Estado impor. a sua capacidade de decidir imperativamente e de impor as suas decises. O Estado imperativo. Como funo, a jurisdio um encargo pblico dado a um rgo estatal para promover a paz social mediante o direito justo e pelo processo. Como atividade, o complexo de todos os atos do juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo tudo que a lei lhe determina. Assim, o processo estruturado mostra esses trs aspectos da jurisdio. Jurisdio significa dizer o Direito. Esses trs aspectos da jurisdio poder, funo e atividade s transparecem legitimamente por meio do processo adequadamente estruturado. A jurisdio exercida atravs do Poder Judicirio, poder este que, juntamente com os Poderes Executivo e Legislativo, compe a soberania do Estado. Caractersticas da jurisdio: 1. Especificidade O poder da jurisdio especfico, preponderante, porm no exclusivo Poder Judicirio. Ex: Impeachment, ato que no vem do Judicirio. Alm disso, o Poder Judicirio pode exercer, excepcionalmente, outras funes como legislar (casos de criao de comarcas) e administrar o seu prprio patrimnio. 2. Atuao com relao lide A jurisdio s atua quando houver a lide. A jurisdio existe em decorrncia da lide. 3. Inrcia Para resolver a lide, nenhum juiz toma a iniciativa. A tutela da jurisdio tem que ser pedida. O Estado s age depois de acionado pela parte. Se ele tomasse a iniciativa acabaria descobrindo conflitos e perturbando a paz social, prejudicando a imparcialidade com que deve julgar. Ele s inicia a lide nos casos que seus interesses so ameaados. Existem raras e especficas excees em que o juiz pode tomar a iniciativa. Ex: o hbeas corpus pode ser concedido de oficio e a execuo penal pode ser instaurada ex oficio. 4. Escopo Jurdico de Atuao do Direito O Juiz deve aplicar a lei, a norma jurdica (direito material) na resoluo da lide, buscando cumprir a funo do Estado de promover a paz social. 5. Contraditrio Cada parte tem o direito de se manifestar sobre tudo que surgir no processo, sobretudo sobre o que a outra parte disser. por meio do contraditrio que o Juiz chega verdade. 6. *Substutividade O Juiz se coloca no lugar das partes, recria o fato, dando a ele um s sentido, tendo a partir da condies de decidir com a adequada aplicao do direito material, da norma. 7. Atuao processual A jurisdio estatal s pode ser exercida sob a gide dos princpios gerais do processo. dentro deles que o Juiz aplica o Direito. 8. Definitividade ou Coisa julgada (decidida em definitivo) A coisa julgada no pode ser modificada. Essa definitividade s existe no Poder Judicirio. A CF

7 estabelece que a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada. Princpios inerentes jurisdio: A jurisdio pautada por alguns princpios fundamentais que, com ou sem expresso na prpria lei, so universalmente reconhecidos: 1. Princpio da Investidura o ritual pelo qual o Estado transfere ao Juiz o poder jurisdicional. O juiz incorpora a jurisdio por meio da investidura. Como a jurisdio um monoplio do Estado, ele a exerce atravs de seus agentes, os juzes, que para tanto so investidos no cargo. 2. Aderncia territorial Uma vez que a jurisdio a soberania, o Juiz pode exercer a jurisdio em todo territrio brasileiro, pois neste vigora a soberania nacional do pas. Como os juzes so distribudos em comarcas ou sees judicirias, cada juiz s exerce a sua autoridade nos limites do territrio sujeito, por lei, sua jurisdio. 3. Indeclinabilidade / Inafastabilidade O Estado (por meio do Juiz) no pode se recusar a decidir a lide. No pode declinar de sua obrigao de julgar. Ainda que no haja lei destinada determinada lide, ele tem que decidi-la, se for o caso, por analogia ou por outro meio qualquer. 4. Inevitabilidade A deciso do Estado no pode ser descumprida. A deciso imposta s partes s quais s cabe acat-la, independente da sua vontade. O cumprimento da deciso do Estado inevitvel. 5. Indelegabilidade A jurisdio de que um Juiz investido indelegvel, uma vez que s o Estado pode fazer essa investidura. Esse princpio emana da prpria CF quando probe a qualquer um dos Poderes delegar atribuies. No pode, portanto a lei, nem mesmo qualquer deliberao de um dos membros do Poder Judicirio alterar a distribuio feita pela CF. A juiz, exercendo a sua jurisdio, no o faz em seu prprio nome, mas o faz em nome do Estado. E o Estado o investiu segundo critrios de escolha prprios. 6. Juiz natural Sabe-se, de antemo, que juiz decidir a lide. Cada juiz j tem sua competncia definida em lei. Todos os juizes que podem decidir uma causa so previamente definidos. Esse juiz j definido o juiz natural para aquela causa. (Entenda-se por juiz no a pessoa fsica do juiz de direito, mas o rgo jurisdicional). A CF probe os chamados tribunais de exceo para julgar crimes de natureza no prevista constitucionalmente ou para julgar determinadas pessoas. No se entenda como tais as justias especiais, como a Militar, a Eleitoral e a Trabalhista, que esto prevista na CF ante a ocorrncia de determinados fatos. Espcies de Jurisdio: A classificao da jurisdio em espcies no significa a sua diviso. A jurisdio, como a prpria soberania, una e indivisvel. Existem alguns critrios para essa classificao. Quanto matria, ao objeto: a) Penal. b) Civil. Donde a Jurisdio Penal e Jurisdio Civil. A jurisdio civil abrange toda a jurisdio no penal.

8 Quando gradao: O inconformismo pela deciso de um juiz onde teve incio a lide permite a apreciao da mesma por um juiz em um grau superior, donde se falar em duplo grau de jurisdio. Da, a) Jurisdio inferior (conhece a lide pela primeira vez, desde o seu incio). Abrange, na Justia Estadual, dos juzes de direitos das diversas comarcas, inclusive das da Capital. b) Jurisdio superior (Entra na lide na segunda vez; reviso de deciso inferior). O rgo mximo na estrutura judiciria brasileira o STF. Quanto aos rgos: A CF instituiu vrios organismos judicirios cada um com sua competncia definida. Da, falar-se em: a) Comum A comum exercida pela Justia Estadual e Justia Federal. b) Especial A especial exercida pela Justia Militar, pela Justia Eleitoral, pela Justia do Trabalho e pela Justia Militar Estadual. 23.02.2006 Garantias do Poder Judicirio. O Poder Judicirio, para funcionar como guardio dos direitos individuais com liberdade e imparcialidade, conta com garantias constitucionais. Essas garantias so de duas espcies: 1. Garantias Institucionais So garantias do Poder Judicirio, como um todo. Garantem a autonomia administrativa e financeira do Poder. A autonomia administrativa d ao Poder a capacidade de organizar-se. J a autonomia financeira garante a independncia do Poder em relao aos outros Poderes. Essa autonomia vem da prpria separao e da convivncia harmnica dos poderes. Por isso o Poder Judicirio tem a sua cota de participao na renda do pas, atravs da elaborao de proposta oramentria e na gesto das dotaes pelos prprios tribunais. Os tribunais podem eleger seus rgos diretivos, organizar suas secretarias, prover os cargos de juiz de carreira, propor a criao de varas judicirias, conceder licenas, frias e afastamentos a todos os seus membros. Todavia, se o Poder Judicirio tem absoluta independncia no desempenho de suas funes, no que se refere organizao do Poder Judicirio depende dos outros Poderes, pois persiste a sistemtica de nomeao dos magistrados pelo Poder Executivo com aprovao do Poder Legislativo. 2. Garantias aos membros do Judicirio So as garantias dadas aos funcionrios do Poder Judicirio, em especial aos juzes, e complementam as garantias do Poder Judicirio como um todo. Compreende: a) Independncia poltica (CF, Art 95) inclui a vitaliciedade (Art. 95-I) os magistrados s podem perder o cargo por sentena judicial transitada em julgado, a inamovibilidade (Art. 95-II) O juiz no ser, sem seu consentimento, removido de um lugar para outro e a irredutibilidade de vencimentos (Art. 95-III) que, entretanto, no isenta o juiz da tributao competente em seus vencimentos. So garantias especficas dos juzes togados.

9 b) Garantia de imparcialidade (Art. 95, Pargrafo nico). Esse pargrafo lista os impedimentos impostos ao juiz para garantir a sua imparcialidade nos julgamentos. Protegem os juzes de si mesmos. c) Garantia de independncia Jurdica A nica subordinao do juiz lei e sua conscincia. 07.03.2006 Distino entre as espcies de jurisdio a) Jurisdio Contenciosa Ocorre quando h conflito de interesses, quando h lide. b) Jurisdio Voluntria Ocorre quando no h conflito de interesses. Pressupe consenso. Os interesses so, portanto,convergentes, concordantes. Obs. A jurisdio contenciosa a verdadeira jurisdio. Quanto jurisdio voluntria h uma corrente de doutrinadores que considera a terminologia inadequada, pois como no caso no ocorre conflito de interesses, mas a concordncia deles e, em tal caso, o Estado no decide. Por outro lado, tambm no h voluntariedade e embora as duas partes em questo no possam prescindir do Estado, mas necessita dele apenas para chancelar a deciso. Quando o Estado participa, decidindo, est cumprindo sua finalidade de promover a paz social e de preservar direitos civis das partes. Assim, na jurisdio voluntria ocorre, por parte do Estado, to-somente uma administrao pblica do direito privado e no uma deciso. Administrao voluntria atividade administrativa. O juiz s administra a situao para verificar o cumprimento da lei. Diferenas entre os dois tipos de jurisdio JURISDIO VOLUNTRIA JURISDIO CONTENCIOSA Quanto ao Interesses comuns No h Conflito de interesses Pressupe Objeto lide, mas acordo. a existncia da lide Quanto ao Interessados - do mesmo lado Partes dois lados opostos sujeito Quanto ao No existe contraditrio h Existe contraditrio so duas contraditrio acordo entre as partes verses diferentes. Quanto No h necessidade de o Estado O Estado impe sua deciso coao se impor aos interessados. Princpio da inevitabilidade. Quanto Pacificao social (Tutela Pacificao social (tutela finalidade jurdica) jurisdicional). Quanto ao Preventivo evitar a lide Repressivo reprimir, eliminar a carter lide. Quanto Integratividade As partes se Substituidade O juiz assume o posio do Juiz integram lugar das partes, as substitui. Quanto No definitiva Existe a A deciso no pode ser mudada deciso possibilidade de reverso no h reverso. Competncia

10 A competncia se refere distribuio de juzes pelo territrio nacional. o critrio de distribuio pelos rgos do Judicirio das atribuies relativas ao desempenho da jurisdio. a quantidade de jurisdio cujo exerccio atribudo a cada rgo ou grupo de rgos do Poder Judicirio. Portanto, cada juiz recebe uma parte de toda jurisdio, mas por questes de ordem prtica h limitaes para o exerccio dessa jurisdio. Os critrios para essa distribuio da jurisdio so as leis de organizao judiciria. Esses critrios (trs) permitem criar as regras das competncias (cinco). Critrios da competncia: A) Critrio Objetivo resolver a lide. (Ex. causas civis e causas no civis). Este critrio se subdivide em trs competncias: 1. Competncia quanto natureza da causa (1. Competncia ratione materiae) Ex: Justia do Trabalho; Tribunal do Jri, que leva em conta os crimes dolosos contra a vida. (Art. 74, CPP: crime doloso contra a vida). 2. Quanto qualidade das pessoas (das pessoas envolvidas na lide) (2 Competncia ratione personae). (Ex. CF, Art. 102, I-b). 3. Quanto ao valor da causa (3. Competncia ratione valori)- Competncia em razo do valor da causa.(CPC 275-I; Lei 9099. Art. 3, I). B) Critrio Territorial (4 Competncia ratione loci, Competncia quanto ao foro) Divide-se o espao fsico entre os juzes, levando em conta o territrio todo. CPC, Art. 94 e Art. 100, I e II, C)Critrio Funcional (5 Competncia Funcional) Pode ser de dois tipos: a) Vertical recorrer em instncia de rgo superior. b) Horizontal dois rgos do mesmo nvel, da mesma instncia. Ex: Juzes togados e Tribunal de Jri. levada em conta a atribuio especfica de cada rgo dentro de um nico processo. (CPP Art. 70 e 72). As cinco competncias mencionadas e abaixo listadas, por seu lado, dividem-se em dois grupos (Art. 113, CPC). a) Competncias relativas visam proteger os interesses privados. prorrogvel. A competncia natural s ser respeitada se solicitada pela parte. b) Competncias absolutas visam proteger o interesse pblico. Ela no prorrogvel. Ou se o juiz ou nunca se o ser. Classificao da cinco competncias nos dois grupos mencionados: COMPETNCIAS 1 Competncia quanto matria. 2 Competncia quanto pessoa. 3 Competncia quanto ao valor 4 Competncia quanto ao foro. 5 Competncia quanto funo GRUPO Absoluta Absoluta Relativa Relativa Absoluta Exemplos CPP Art. 74 CPC Art. 113 CPC Art. 100, I

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14.03.2006 PRORROGAO DA COMPETENCIA Significa o alargamento da competncia de um juiz. Trata-se, logicamente, do alargamento das competncias relativas, uma vez que as competncias absolutas so improrrogveis. Existem trs hipteses para a prorrogao das competncias dos juzes: 1.) Hiptese da prorrogao voluntria da competncia; 2.) Hiptese do Desaforamento da competncia. 3.) Hiptese da prorrogao Legal da competncia. 1.) VOLUNTRIA Depende da vontade da parte. S pode ocorrer no Direito Civil. Pode ser expressa ou tcita. A forma expressa da prorrogao voluntria da competncia est ligada aos contratos. Consiste na possibilidade de as partes elegeram o foro sob o qual sero resolvidas as pendncias oriundas do contrato. expressa justamente porque a eleio do foro consta de uma das clusulas dos contratos. No contrato aparece, ento, o foro de eleio das partes. O Juiz no pode alterar esse foro. Entre os contratos existe um modelo especial os contratos de adeso em que o foro estabelecido por uma das partes e aceito, por adeso, pela outra. Nesse caso, em particular, o juiz pode, de ofcio, cancelar o foro estabelecido por apenas uma das partes. Ficando ento estabelecido como foro aquele que seja indicado legalmente. Se o juiz, entretanto, no anular a clusula desse tipo de contrato a sua competncia fica prorrogada. O foro de eleio , portanto, uma das formas de prorrogao da competncia, por possibilitar a competncia de um juiz, ainda que incompetente por outras razes. O assunto vem tratado nos artigos 111 e 112 do CPC. A forma tcita aparece quando um juiz incompetente no recebe da parte exceo de incompetncia relativa. falta dessa exceo, o juiz incompetente torna-se competente. , portanto, uma forma de prorrogao da competncia relativa forma tcita - e corresponde ao silencio da parte. 2.) DESAFORAMENTO Ocorre apenas no Direito Penal, especificamente com o Tribunal do Jri. O desaforamento pode ser solicitado pelo Ministrio Pblico ou pelo ru e para que ocorra so necessrios, como justificativa: A necessidade de manuteno da ordem pblica, Assegurar a imparcialidade dos jurados. Garantir a segurana do ru. O desaforamento est previsto no Art. 424, do CPP. 3.) HIPTESE LEGAL A prorrogao da competncia ocorre por determinao da prpria lei. Ocorre em razo da conexo ou da continncia das aes.

12 Duas ou mais aes so ditas conexas (conexo) quando tm em comum o objeto OU a causa de pedir (CPC, Art. 103) e duas ou mais aes apresentam continncia quando apresentarem identidade quanto s partes e causa de pedir e o objeto de uma, sendo mais amplo, abrange os das outras (CPC, Art. 104). Coloquialmente costuma-se dizer que duas aes conexas so duas aes parecidas e duas tm continncia quando so quase iguais. OUTROS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS a) Perpetuao b) Preveno Perpetuao A competncia determinada na propositura da ao, sendo irrelevantes mudanas de estado de fato ou de direito ocorridos posteriormente e a partir da fica perpetuada, isto , no pode ser alterada. Todavia existem dois casos de exceo em que a competncia estabelecida inicialmente precisa ser modificada: Alterao da competncia relativamente matria da ao; Mudana da hierarquia (extino da vara, por exemplo). Preveno a escolha de um entre dois ou mais juzes igualmente competentes. Existem duas situaes. 1.) Duas aes sujeitas a juizes que tm a mesma competncia territorial: Torna-se competente o juiz que despachou em primeiro lugar, independentemente da data da interposio da ao. 2.) Duas aes, nas quais os juzes no tm a mesma competncia territorial, torna-se competente (prevento) aquele que obteve citao vlida em primeiro lugar. 21.03.2006. TEORIAS DO DIREITO DE AO Pelo instituto da jurisdio o Estado tem a obrigao de resolver a lide e em contrapartida o cidado tem o direito de exigir do Estado essa resoluo. A jurisdio surge ante a proibio da autotutela e a ineficcia da composio e da arbitragem, quando o Estado chama para si a obrigao de resolver a lide. Esse direito do cidado representa o seu Direito de Ao. Direito de Ao , portanto, o direito de exigir do Estado o cumprimento de sua obrigao de resolver a lide. O Direito de Ao um direito pblico (envolve o Estado), subjetivo (pertence ao sujeito), autnomo e abstrato. Algumas teorias existem explicando a evoluo histrica do conceito de Direito de Ao, a comear pela logo abandonada que se baseava na existncia do contrato social. A seguir surgiu a teoria imanentista (ou civilista) para a qual a ao seria uma qualidade imanente, prpria, do direito. Seria uma reao a um direito violado. Durante a vigncia dessa teoria existiam trs conseqncias inevitveis no h ao sem direito; no h direito sem ao e a ao segue a natureza do direito. Assim, quando, por exemplo, o indivduo A sofre oposio ao seu suposto direito por parte do indivduo B, ele direciona sua ao contra o B. No havendo sucesso, muda a direo de sua ao, dirigindo-a ao Estado. Est, nessa altura, exercendo o direito de ao para solicitar ao Estado a tutela de seu direito. Se a deciso do Estado for-lhe favorvel, confirma-se o seu direito de ao. Assim, o direito de ao pressupe a existncia de um

13 direito anterior. Se a deciso do Estado for-lhe desfavorvel, o seu direito de ao desaparece. A teoria imanentista vincula, portanto, o direito de ao existncia de um direito substancial anterior, cuja inexistncia elimina a possibilidade do direito da ao. Na seqncia, os estudiosos do assunto demonstraram irrefutavelmente o carter autnomo do direito de ao, distinguindo-o do direito subjetivo material, reconhecendo duas corrente: A teoria do direito autnomo e concreto tutela jurdica. A teoria do direito autnomo e abstrato de agir. Essas duas correntes podem ser consideradas correntes de uma teoria mais abrangente ao como direito autnomo. Numa comparao entre a teoria imanestista e a teoria da ao como direito autnomo surgem: Na teoria Imanentista Direito de Ao = Direito Substantivo Material. Na teoria da ao como direito autnomo Direito de Ao Direito Subjetivo Material. Teoria da ao como direito autnomo e concreto dirige-se contra o Estado, pois configura o direito do cidado tutela jurisdicional do Estado, no eliminando, todavia, o direito de ao contra o adversrio. No pressupe necessariamente a existncia do direito subjetivo material violado (ou ameaado) o caso das aes meramente declaratrias. Como a tutela jurisdicional s poder ser feita atravs da proteo concreta, o direito de ao s existir quando a sentena for favorvel ao cidado. Se a sentena lhe fosse desfavorvel, deixaria de existir um direito concreto, com o que no existiria, tambm, o direito de ao. Esta teoria s seria satisfeita, ento, quando a sentena favorvel ao pleiteado, inexistindo em caso contrrio. Com isso caminhou-se para a teoria da ao como direito autnomo e abstrato. Esta teoria considera que o direito de ao independe da existncia do direito material invocado. A ao existir mesmo que haja sentena contrria pretenso do autor ou at quando uma sentena injusta a acolhe sem que exista direito subjetivo material. Ainda nesses casos, fica caracterizado o direito de ao mesmo que o autor alegue um direito abstrato para solicitao da tutela jurisdicional. Assim, havendo deciso, favorvel ou desfavorvel ao autor, entende-se que a soluo da lide pelo Estado, sujeito passivo da ao, suficiente para caracterizar a existncia do direito de ao. Esta ltima teoria - a ao como direito autnomo e abstrato a que aceita hoje no Direito. Resumindo: Ocorrendo sentena favorvel ao autor, todas as teorias consideram a existncia do direito de ao. Ocorrendo sentena desfavorvel ao autor, s esta ltima teoria considera a existncia da ao, pois as outras a negam. Esta ltima preenche, pois, todas as hipteses que possam ocorrer. CONDIES PARA O EXERCCIO DA AO Para o exerccio da ao existem trs condies indispensveis e, como tal, devem existir simultaneamente. So as condies necessrias para que possa existir o provimento

14 jurisdicional. A existncia delas est ligada economia processual: assim, quando se percebe, ainda que em tese, que a tutela jurisdicional no poder ser concedida, a ao deve ser imediatamente negada. As trs condies so as seguintes: Possibilidade Jurdica. Legitimidade das partes. Interesse de agir 1) Possibilidade jurdica. A ao deve buscar algo que o Estado possa conceder, algo que apresenta a possibilidade jurdica de ser concedido. Se a ao pretende a tutela de algo que seja juridicamente impossvel, a ao deve ser negada imediatamente. Ex: Pedido de divrcio em pas cuja legislao no tenha esse instituto; a cobrana judicial de dvida de jogo, que no tem amparo na lei. 2) Interesse de agir. O interesse de agir vem amparado em duas condies: na adequao e na necessidade da tutela jurisdicional. Por necessidade entende-se a impossibilidade de a satisfao do alegado sem a interveno do Estado. Existe a necessidade da intercesso do Estado, porque a parte contrria se nega a satisfazer o direito alegado e porque o recurso autotutela legalmente proibido. Por adequao entende-se a compatibilidade entre o provimento jurisdicional solicitado e a possibilidade de resolver-se a situao em questo. Isto , o provimento deve ser apto para corrigir a queixa feita pelo autor, apto a conceder a tutela pleiteada, sob pena de no haver razo de ser da ao. Ex: em caso de adultrio solicitar a anulao do casamento e no o divrcio; solicitar divrcio em pais onde ele no existe; adotar o mandado se segurana para cobrana de dvidas.

23.03.2006 3) Legitimao ad causam. Quem pode pedir a tutela do Estado na resoluo da lide? S quem dela faa parte. Uma pessoa estranha ao conflito no pode pedir a tutela do Estado para resolver a lide na qual no tenha interesse, isto , para resolver interesses de outrem. O CPC, em seu artigo 6 estabelece: ningum pode pleitear, em nome prprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei. Pode-se identificar na ao duas situaes: a legitimidade ativa, ou seja, o aquele que se diz titular do direito objetivo material e, em contrapartida, aquele que se diz ter violado o direito alegado, donde a legitimidade passiva. Legitimidade ativa aquele que alega ter seu direito violado, o autor da ao, aquele que pede a tutela jurisdicional. Legitimidade Passiva aquele que se diz ter violado o direito do titular da ao, (o ru). Alm das figuras acima, a legitimao da ao pode ocorrer de forma ordinria ou extraordinria. Legitimao ordinria a forma comum de legitimar a ao: quem pede a tutela jurisdicional o prprio titular do direito dito ofendido. Entretanto a parte

15 final do mencionado art. 6 abre possibilidade de excees para que outras pessoas, que no o pretenso beneficirio do direito ofendido alegado, sejam titulares de ao, quando diz salvo quando autorizado por lei. Configura-se nessas excees, a legitimao extraordinria. Legitimao extraordinria quando o autor da ao no o titular do que est sendo pedido. chamada, tambm de legitimao anmala ou de substituio processual. Ex: caso do Ministrio Pblico ser o autor de uma ao penal, cujo beneficirio a sociedade, ou da ao popular, em que o cidado defende interesse da administrao pblica. Carncia da ao A legitimao da ao est condicionada ocorrncia simultnea das trs condies mencionadas: possibilidade jurdica, interesse de agir e legitimidade de causa. A ausncia de uma dessas trs condies provoca a carncia da ao, isso , faz com que desaparea o direito de ao. Evidentemente, o carecedor do direito de ao sempre o seu autor. Ao se constatar a carncia da ao, ocorre liminarmente o seu indeferimento, ou, se a carncia for identificada no correr do processo, pode ocorrer a extino do processo. 28.03.2006 ELEMENTOS DA AO. A comparao entre duas ou mais aes feita a partir dos trs elementos da ao: as partes, a causa de pedir e o pedido. Como o Estado s presta tutela jurisdicional uma vez, torna-se necessrio atentar para a igualdade das aes a fim de evitar-se a repetio de uma ao. Por isso mesmo, indispensvel conhecer bem os seus elementos, pois por meio deles que se pode evitar essa repetio. Esse estudo fica bastante simplificado quando se parte do seguinte esquema:

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E (Tutela Jurisdicional)

A

(titular da Pretenso)

B

(titular da Resistncia)

1 Elemento: as partes. todo aquele que est no processo. So o autor e o ru. Trata-se da nomenclatura usada no mundo jurdico, na linguagem formal. Na linguagem coloquial, no mundo dos fatos, usa-se: titular da pretenso e titular da resistncia. Autor aquele que faz o pedido da tutela jurisdicional ao Estado. Ru aquele contra quem se faz o pedido da tutela. Agregam-se a essas denominaes das partes os critrios de legitimidade. Da falar-se em legitimidade ativa o titular da pretenso e em legitimidade passiva o titular da resistncia. Assim, Autor legtimo o prprio titular da pretenso e ru legtimo o que supostamente violou o pretenso direito do autor. Resumindo, tem-se na linguagem formal autor e ru e considerando-se a legitimidade, temos a parte ativa autor e parte passiva ru. Exemplo: A, menor, no est recebendo alimentos do pai B. A me C entra com ao contra B, pedindo tutela do Estado para determinar que B pague penso a A. C parte da ao? Resp. Sim a autora da ao. B parte da ao? Resp. Sim parte legtima, como ru. C no , todavia, parte legtima, porque no titular da pretenso. simplesmente parte da ao. Obs O conceito de parte no interfere no conceito de parte legtima. Assim, legtima ou ilegtima a parte no perde sua condio de parte no processo.

17 2 Elemento: Causa de pedir (causa petendi). Fato que representa o direito material de onde o autor deduz seu direito de pedir. o porqu da formulao do pedido. a narrao dos detalhes da lide. Pode ser considerada em dois momentos: Primeiro, o fato constitutivo do direito material. o momento do nascimento do direito que pretensamente o titular diz ter. a histria da situao. Segundo, o momento da suposta violao do pretenso direito. a narrao do ato de violao praticado pelo ru. O primeiro momento (nascimento do direito) a causa de pedir ftica ou remota O segundo momento (violao do pretenso direito) a causa de pedir prxima ou jurdica. da causa de pedir que o juiz tira a existncia (ou no) do direito do autor. No penal, a causa de pedir o libelo acusatrio. 3 Elemento: o Pedido. o que o autor quer do Estado. O pedido pode ser imediato e mediato. Pedido imediato o feito diretamente ao Estado. o pedido da tutela que s pode ser concedida pelo Estado. Pedido mediato o pedido do bem da vida, feito ao ru, atravs do Estado. No ser atendido pelo Estado, mas pelo ru do processo, a quem o pedido feito de forma indireta. Concluindo, para saber se, em um conjunto de duas ou mais aes, alguma delas uma representa repetio de outra, se h alguma identidade entre elas, ou se so todas distintas, vale-se da Teoria dos Trs Eadem. Essa teoria considera dois tipos de identidades: Identidade absoluta. No h diferenciao entre as aes que apresentam identidade absoluta: os trs elementos delas so iguais. Ocorrendo o fato de duas aes idnticas, a segunda deve ser extinta. Ainda assim, podem ocorrer duas situaes: a) Coisa Julgada - a primeira ao j foi julgada, isto , j ocorrera a extino da lide, pelo que no h porqu as que lhe so idnticas prosseguirem. Devem ser extintas. b) Litispendncia a primeira ao ainda est pendente de soluo. No se admitiro outras aes semelhantes, que devero ser extintas. Identidade relativa ou parcial aes que apresentam um ou at dois elementos iguais. Duas ou mais aes no sendo idnticas podem ser similares, quando tm um ou dois de seus elementos que apresentem identidade. Essa identidade pode dar-se por conexo ou por continncia. Duas ou mais aes se dizem conexas quando tiverem comum o objeto (pedido) OU a causa de pedir. Diz-se que elas apresentam conexo (CPC, art. 103). J a continncia ocorre quando elas apresentarem identidade quanto s partes E causa de pedir E, alm disso, o objeto (pedido) de uma, por ser mais amplo, abrange o objeto da(s) outra(s). (CPC, art 104).

18 Os artigos 105 e 106 do CPC orientam sobre o tratamento em casos de continncia e conexo. Exemplos (causas de identidade relativa): 1 Caso: O da esposa que abandou o lar e mudou-se de So Joo para Mogi Mirim. Ela entra com ao contra seu marido pedindo a separao sob alegao de espancamento. O marido entra tambm em Mogi Mirim com ao contra a mulher pedindo a separao por abandono de lar. Vejamos os elementos das duas aes: Elas tm partes diferentes (h uma inverso das partes); tm tambm causas de pedir diferentes espancamento e abandono do lar -; mas o objeto (pedido) de ambas o mesmo - a separao do casal. Pelo art 103 so duas aes conexas. Como as duas sentenas apresentam o risco de receberem sentenas contraditrias entre si, elas devem ser anexadas. Pelo critrio da preveno (CPC, art 106), a competncia do juiz que primeiro tomou conhecimento da ao, despachando, desde que os dois tenham a mesma competncia territorial. 2 Caso: Devedor x Credor; Dvida de R$ 6.000,00 em trs pagamentos mensais de R$ 2.000,00 cada um. Ocorrncia: nos vencimentos os pagamentos no foram efetuados. O credor props aes contra o devedor a cada inadimplncia: de R$ 2.000,00 cada uma das duas primeiras e de R$ 6.000,00 a ltima. Nas trs aes, as partes so as mesmas: credor e devedor, como autor e ru, respectivamente. Nelas tambm as causas de agir so a mesma: descumprimento de contrato. O Objeto (pedido) das duas primeiras so os mesmos: pagamento de R$ 2.000,00. J o objeto da 3 ao diferente: R$ 6.000,00. Pode-se ver que as duas primeiras aes eram conexas: mesmo objeto e mesma causa de agir. A terceira tinha as mesmas partes e a mesma causa de agir das duas primeiras, mas objeto diferente, mas mais amplo e contendo os dois primeiros. Essa terceira ao e as duas primeiras apresentam o fenmeno da continncia (CPC, art 104). As aes devem ser anexadas. As duas primeiras aes, antes da entrada da 3 ao, so duas aes conexas. Devem ser anexadas por economia de processo. Existe at o risco de consider-las a mesma ao (identidade absoluta), mais o objeto de cada uma, embora de mesmo valor (R$ 2.000,00), so valores distintos. Obs: Ocorrendo a continncia, a inverso da ordem de entrada das aes, elas sero ditas aes repetidas, configurando o caso de litispendncia. 3 Caso: A e B so condminos de um patrimnio maior que inclui uma fazenda. A entra com ao contra B, pedindo a extino do condomnio sobre a fazenda. A, tendo brigado com B, entra com nova ao, pedindo a extino de todo o patrimnio. Caso de Continncia: o objeto da segunda ao todo o patrimnio, inclui o objeto da primeira a fazenda. Mesmas partes e as causas de agir so as mesmas. 4 Caso: A prope ao contra B, dizendo ser proprietrio de determinado bem. B prope ao contra A alegando ser proprietrio do mesmo bem, por usucapio. As duas aes so conexas, porque tm o mesmo objeto, o mesmo pedido mediato que a extino do condomnio sobre o mesmo bem.

19 05.04.2006 Trabalho em grupo 1. Quais so as causas de modificao da competncia? (39 concurso Ministrio Pblico -MG). R. Existem trs hipteses para modificao da competncia: Prorrogao voluntria da competncia (tcita ou expressa); prorrogao legal da competncia (conexo ou continncia); Desaforamento da competncia. 2. O que ao, jurisdio e competncia? (39 concurso Ministrio Pblico -MG). R. Ao a realizao do direito de pedir. Jurisdio a obrigao do Estado de fornecer tutela para resoluo da lide. Competncia a quantidade de jurisdio que compete a cada rgo ou conjunto de rgos do judicirio. 3. O artigo 219 do CPC diz que a citao vlida torna prevento o juzo.... Deixa claro, portanto, que se determina a preveno no momento da citao. Ocorre que o artigo 106 do mesmo CPC estabelece que se considera prevento o juzo que despachou em primeiro lugar. Como possvel e at freqente que a citao seja feita, em primeiro lugar, no juzo que despachou por ltimo, ou, ento, seja feita em ltimo lugar no juzo que despachou primeiro, indaga-se: afinal de contas, determina-se a preveno no momento da citao ou do despacho inicial? (33 concurso Mag RJ) R. Depende da competncia territorial. Se a competncia territorial dos dois juzos for a mesma, ser prevento aquele que despachou primeiro (art. 106). Se as competncias territoriais foram diferentes, ser prevento aquele que obteve primeiro a citao vlida (219) 4. Joo e Maria casaram-se e fixaram residncia em So Joo, onde tiveram dois filhos: Pedro, com 9 anos e Slvio, com 11 anos. Aps 12 anos de casamento, Maria, cansada das constantes surras recebidas do marino, ela e nos filhos, abandona o lar conjugal e refugia-se na casa de parentes em Mogi Mirim. Caso Joo pretenda mover ao de separao litigiosa contra Maria dever faz-lo em Mogi Mirim, onde esta se encontra. Todavia, suponha que ele tenha movido a ao em So Joo da Boa Vista: a) Sendo a competncia para a ao de separao relativa, poder o juiz conhecer de oficio dela? Por qu? b) Se Maria, sem saber da ao movida por Joo, tambm tivesse movido sua prpria ao de separao contra ele, qual o fenmeno existente entre as duas aes? Qual conseqncia traria tal fenmeno para as aes? R. a) No. S o silencio de Maria prorrogaria a competncia. b) As aes so conexas (mesmo pedido). H risco de sentenas contraditrias. Portanto elas devem ser anexadas. 5. Caso Maria, sem condies de sustentar os filhos e por no possuir fonte de renda suficiente para a subsistncia prpria e da prole, teriam os filhos direito a receber auxilio paterno. Suponha que Maria mova ao de alimentos, assumindo ela, portanto, a posio ali de autora, para solicitar ao Esto - Juiz a condenao de Joo a

20 pagar alimentos aos filhos absolutamente incapazes. Em tal ao, estaro atendidas as condies da ao? Por qu? R. No, no atende condio legitimidade ad causam ativa. Maria no parte legtima. 11.04.2006. CLASSIFICAO DAS AES Quanto matria, as aes podem ser classificadas em: civis, penais e trabalhistas. AES CIVIS so as referidas ao Cdigo Civil. Podem ser subdivididas em: A - Nova classificao 1. AES DE CONHECIMENTO Quando se quer apenas que o Juiz tome conhecimento da lide, atuando nela por meio de pedidos de providncias, despachando, estudando-a. Este tipo de ao civil pode desdobrar-se em: Aes meramente declaratrias: Pede-se ao juiz uma mera declarao da existncia ou no de uma relao jurdica. O juiz declara o que identifica no plano real, decidindo a lide. O juiz no entra na realidade, apenas a constata e declara a sua concluso. Ao ex tunc. Isto , os efeitos retroagem data da do incio da relao jurdica, uma vez que ela j pr-existia. O juiz apenas a constatou. Aes constitutivas: Por meio dessas aes, o que se pretende do juiz? a) Constituir, criar algo. Ex. Ao de adoo. Cria-se uma nova realidade; b) desconstituir Ex: ao de divrcio que desfaz uma realidade; c) modificar Ex: desfazer um condomnio, alterando ou modificando a realidade. Em resumo, com uma ao constitutiva pretende-se a constituio, a criao, ou a desfazimento ou a modificao de uma realidade. uma ao ex nunc, isto , a nova realidade s passar a existir aps a deciso do juiz. Aes condenatrias: pretendem que o juiz condene algum a dar, a fazer ou a no fazer algo. As aes condenatrias se aproximam muito das declaratrias, passando, s vezes, por elas, dando-lhes uma maior extenso. S as aes condenatrias exigem atuao do ru, pois que nas outras duas s atua o juiz. Exemplos: 1) A Prefeitura pede ao juiz que condene algum a no desenvolver determinada construo por irregularidades (no fazer). 2) Pedir ao juiz que condene algum a pagar determinada dvida (dar). 3) determinar o juiz a algum que execute determinado servio contratado (fazer). Tem a faculdade importante de criar um ttulo executivo judicial, isto , alm de declarar que o ru deve, obriga-o a pagar, confirmando assim, a ao do ru. 2. AES DE EXECUO nestas aes o autor pede ao juiz que ele mande o ru cumprir aquilo que o ttulo declarar. Alm dos ttulos executivos judiciais existem os ttulos executivos extrajudiciais (notas promissrias, letras de cmbio, cheques etc) que podem ser objeto de aes executivas. Entretanto, as aes executivas sobre estes papis exigem que todas as condies da ao sejam satisfeitas, o que no ocorre com os ttulos executivos judiciais em que elas j esto supridas. Geralmente,

21 as aes de conhecimento condenatrias no ensejam as aes de conhecimento executivas. Alteraes recentes instituram as aes condenatrias lato sensu que no se encerram com a edio da sentena condenatria, mas prosseguem at o cumprimento da sentena. 3. AES CAUTELARES As aes de conhecimento cautelares tm natureza diferente das outras duas aes civis. Elas se destinam a salvaguardar, a proteger o direito. A ao cautelar exige dois elementos: a. Existncia de risco para o direito periculum in mora, isto , o risco que a demora pode causar ao direito. Ex: Perigo de que filhos sejam levados proximamente com o pai para o exterior e ante a disputa da me pela guarda dos filhos. b. Fumus boni juris fumaa de bom direito. Elas tm que sinalizar bem a existncia do direito do autor. Ex: ttulo executivo com vencimento prximo e diante de indcios de que o devedor est dissolvendo seu patrimnio. Obs: As aes cautelares devem trazer as condies valida a ao principal. B - Classificao tradicional (velha) 1. Quanto Natureza do Direito Reclamado a. Ao real procura a tutela de um direito real (Ex. propriedade). Direito real aquele que geralmente une a pessoa a um bem. (mais ligados ao CC). b. Ao pessoal ao que liga duas pessoas por meio de uma obrigao que exista entre elas e que consiste em um dar, fazer (ou no fazer algo). Exemplos: o Ao de despejo ao pessoal, ligando duas pessoas. o Restituio de um carro tomado em locao: ao pessoais (dar...) o Ao de petio de herana: ao real o Ao pedindo indenizao: pessoal. 2. Quanto ao Objeto a. Ao mobiliria: ligada a bens mveis. b. Ao imobiliria: ligada a bens imveis. Exemplos: o Ao de despejo Ao imobiliria. o Ao pedindo indenizao: Ao mobiliria. AES TRABALHISTAS - Classificao: 1. Individuais Estas aes tm a mesma classificao das aes civis: Aes de Conhecimento Aes de Execuo

22 Aes Cautelares. Caracterizam-se por considerar seus titulares individualmente. Alm de tratar de interesses particulares, estes tm carter individual. 2. Coletivas. Podem ser: Constitutivas quando se pede ao juiz para interpretar uma situao, criando ele, juiz, nova norma. Exemplo o juiz, ao interpretar o dissdio coletivo, cria nova norma sobre sua interpretao. Por isso, o juiz trabalhista tem capacidade para criar leis, assumindo, pode-se dizer, funo legislativa. Declaratrias. Caracterizam-se por serem propostas por entidades representativas de classes profissionais, econmicas, abrangendo, assim, todos os elementos de uma mesma classe. Cuidam de interesses gerais.

AES PENAIS Em relao ao titular da ao, quele que pode propor a ao so classificadas em: 1. Ao Penal Pblica Condicionada Esto sujeitas a dois tipos de condies: a. representao do ofendido Exemplo: moa vtima de estupro representa junto ao MP para que este entre com a ao. A condio est na necessidade do pedido da vtima. b. requisio do Ministro da Justia. Incondicionada No existem condies. 2. Ao Penal Privada Ao penal privada exclusivamente privada proposta pelo ofendido ou por seu representante legal. Ao penal privada Personalssima - No pode ser proposta por um seu representante legal. Se a vtima for menor, deve aguardar a maioridade. S o ofendido, nica e exclusivamente, pode pedir. Ao penal privada subsidiria da pblica Quando o MP est demorando a propor a ao, ela pode ser pedida por familiares da vtima e o MP passa a atuar como assistente no processo. 25.04.2006 PROCESSO atravs do processo que se aplica a lei, na busca de levar justia aos casos concretos. , portanto, o instrumento pelo qual a jurisdio opera, isto , processo o instrumento para positivao do poder. As vrias teorias que existiram, ou existem, sobre a natureza jurdica do processo revelam viso publicista ou positivista dos formuladores. Existem trs teorias mais aceitas

23 sobre a natureza do processo, com prevalncia nessa aceitao da segunda delas, na ordem a seguir apresentada. 1 teoria: O processo como contrato. uma teoria com forte significado histrico, na medida que, colocando em confronto cidado e Estado, parte do pressuposto de que o cidado se compromete a aceitar a deciso do Estado, enquanto que este se compromete a fornecer ao cidado a tutela, tudo de modo voluntrio, o que no correto. O princpio da inevitabelidade se contrape a esse pensamento. Por um lado, a deciso do Estado independe da vontade do cidado e, por outro lado, o Estado obrigado a fornecer-lhe a tutela jurisdicional na resoluo da lide. 2 teoria: O processo como relao jurdica. Essa teoria surge da relao ftica entre duas (ou mais) pessoas no mundo social. Essas relaes, sempre bilaterais, geram entre as partes relacionadas mltiplas e mtuas obrigaes e direitos, que se inadimplidos suscitam a lide, para cuja soluo necessria se faz a tutela jurisdicional do Estado. Exercendo a parte ofendida o seu direito de ao, a relao passa para o campo jurdico, tutelada, portanto, pelo Direito Processual A relao passa, assim, de uma relao de direito material para ser uma relao jurdica, passando a ser tutelada por normas do direito processual 3 teoria: O processo como situao jurdica. A rigor esta terceira teoria o processo como situao jurdica concorda com a anterior, apenas aprofundando-a. Entende o processo como uma situao jurdica criada pela relao jurdica. , portanto, o conjunto das conseqncias causadas pela relao jurdica. Assim, uma relao jurdica gera inmeras situaes jurdicas que abrangem todos os envolvidos atravs do processo. Essa teoria entende, portanto, o processo como as vrias situaes jurdicas que, por seu lado, so as conseqncias das relaes jurdicas. Obs: A segunda teoria o processo como relao jurdica a que conta atualmente com o maior nmero de adeptos. Caractersticas das relaes jurdicas processuais. 1. Complexidade Uma s relao jurdica pode gerar inmeras situaes jurdicas, dependendo do nmero de direitos e obrigaes que ela suscita. Por isso, falar-se na complexidade das relaes jurdicas. A partir dessa caracterstica surgem as demais. 2. Progressividade Como entender a progressividade da relao jurdica? Falou-se que uma relao jurdica gera outras tantas e cada uma destas pode gerar outras tantas, havendo, portanto, um efeito cascata dentro do processo. Isso a progressividade da relao jurdica. 3. Unidade Embora no processo estejam envolvidas vrias relaes jurdicas, todas elas buscam o mesmo fim: a soluo da lide pela tutela jurisdicional. Entre todas elas h uma unidade no objetivo. 4. Carter trplice Como no processo so envolvidos trs sujeitos - o Estado representado pelo juiz, o autor e o ru - advm a estrutura trplice da relao jurdica. 5. Natureza pblica Como o Estado participa da relao jurdica atravs do processo e parte soberana na relao jurdica estabelecida, h, pois, entre os trs sujeitos envolvidos uma relao de natureza pblica.

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Objetos do processo So dois os objetos do processo: 1. Objeto material: O objeto material do processo a pretenso do autor que presume a sujeio do ru. Essa pretenso vem caracterizada na parte do processo que traz os pedidos do autor. Importante considerar que tais pedidos funcionam para o juiz como parmetros e limites. O juiz pode atend-los integral ou parcialmente, mas no pode extrapol-los. 2. Objeto formal: O objeto formal do processo o prprio processo. Para que possa produzir os seus efeitos, o processo deve estar montado corretamente, perfeitamente, pois o primeiro momento em que o juiz o considera e avalia exatamente a correo de sua constituio. Obs: Os objetos do processo so, portanto, a pretenso do autor (objeto material) e o prprio processo (objeto formal). Distino entre relao jurdica processual e relao jurdica material. A relao material envolve o conflito entre duas partes A e B, numa relao linear. H uma comunicao direta entre A e B. J a relao jurdica processual tem uma estrutura trplice. Como a soluo do conflito diretamente entre A e B no ocorreu, surge para resolver o conflito (que j se transformou na lide) o Estado, representado pelo juiz. H, pois, um trplice relacionamento. O incio dessa relao foi, entretanto, linear entre A e o Estado. S quando o Estado chama B para o processo de soluo da lide, a relao adquire sua estrutura trplice. Ento a distino em questo se d sob dois aspectos: 1 quanto aos sujeitos envolvidos: Na relao jurdica processual trs sujeitos (relao triangular) e na relao jurdica material dois sujeitos (relao linear). 2 quanto ao objeto: Na relao processual a tutela jurisdicional e na relao jurdica material, o bem da vida. 27.04.2006 Sujeitos Processuais. So trs os sujeitos principais do processo: o juiz, o autor e o ru. Juiz Ele est entre as partes, mas acima delas, uma vez que ele no faz parte da lide. Por isso a sua imparcialidade. Poderes do juiz: Poder de polcia, pois ele, no exerccio da ao jurisdicional, deve impor ordem no ambiente. , portanto, um poder vinculado ao exerccio do poder jurisdicional. Poder jurisdicional, de aspecto mais administrativo est, assim, vinculado ao desenvolvimento da ao. O poder jurisdicional pode ser de trs tipos: a) Poderes ordinrios ou instrumentais cuida da regularidade no desenvolvimento do processo, da regularidade formal do processo. Ex: ver a regularidade da petio inicial, citao do ru por edital e da possvel necessidade de designao de um curador para ele;

25 b) Poder instrutrio ou probatrio o estgio do processo em que o juiz pede provas, podendo definir o tipo de prova adequado a cada caso. Ele pode mandar produzir provas em carter suplementar e at recusar determinados tipos de prova. Afinal, o juiz o destinatrio da prova; c) poderes finais ou decisrios O juiz tem obrigao de julgar, no podendo se negar a faz-lo ou se omitir nessa funo. Pode determinar que certos atos sejam cumpridos pelo ru. a fase da sentena. (poder decisrio ou executrio). Deveres do juiz: Prestar a tutela jurisdicional. Respeitar os prazos para despachos e sentenas. No deve recusar, omitir ou retardar providncias sem justo motivo. Atuar com imparcialidade. Pressupostos processuais: pressuposto processual um requisito para que exista e tenha validade um processo. So trs os tipos de pressupostos: 1. Referentes ao juiz: 2. Referentes s partes. 3. Pressupostos negativos. Investidura = capacidade objetiva geral Ele deve estar devidamente investido no cargo. Competncia = capacidade objetiva especfica pressuposto processual de validade. Imparcialidade = capacidade subjetiva. O juiz no faz parte da lide, estando acima das partes, embora entre elas. 4. Referentes s partes Antes de tratar dos pressupostos processuais propriamente ditos, necessrio se faz considerar alguns detalhes envolvendo as partes. Nomenclatura: Conforme o tipo de ao ou a espcie de procedimento, as partes recebem denominao especial diferente da denominao comum autor e ru, que tambm podem ser denominados, genericamente, de requerente e requerido, respectivamente. Ex: Na ao de execuo exeqente e executado. Na ao de reivindicao reivindicante e reivindicado. Na execuo (Suspeio, entendimento e competncia) excipiente e exceto. Na reconveno (ao em do ru contra o autor) reconvinte e reconvindo. Princpios que regem as partes: 1) Princpio da dualidade das partes. 2) Princpio da igualdade das partes. (quanto ao tratamento igualitrio). 3) Princpio do contraditrio. (direito de cada parte se pronunciar sobre as alegaes da parte adversa, estabelecer, assim, autntico dilogo com o juiz). Pluralidade das partes: todo processo deve ter pelo menos um autor e um ru. A pluralidade das partes ocorre quando houver mais de um autor e ou mais de um ru, portanto mais de trs partes envolvidas como ru ou autor.

26 Nestes casos diz-se haver litisconsrcio. H litisconsrcio quando houver cumulao subjetiva na demanda.O litisconsrcio justificado por: a) Economia processual; b) Eliminar o risco de sentenas contraditrias; c) Permitir que quem esteja fora do processo possa ser atingido pelos efeitos da sentena. Classificao do litisconsrcio 1. Quanto posio ocupada pelo sujeito: litisconsrcio ativo (mais de um autor), litisconsrcio passivo (mais de um ru) e litisconsrcio misto (mais de um autor e mais de um ru). 2. Quanto ao momento de sua constituio: litisconsrcio inicial, que j nasce junto com o processo e litisconsrcio posterior, ulterior ou incidental, que constitudo durante o andamento do processo. 3. Quanto imprescindibilidade, ou no, do litisconsrcio: litisconsrcio facultativo, que depende da vontade das partes e litisconsrcio necessrio, quando ele imposto pela lei, como, por exemplo, na ao reivindicatria sobre imvel que exige a participao dos dois cnjuges. 4. Quanto sentena dever ou no atingir a todos igualmente: Litisconsrcio simples deciso diferente para cada litisconsorte. Litisconsrcio unitrio deciso igual para todos. Ex: quando o MP pede a anulao de um casamento, a deciso ser igual para os dois cnjuges. Interveno de terceiro (aula de 04.05.2006) Pode aparecer no processo pessoas diferentes das partes, do juiz (e dos auxiliares da justia), denominados, ento, terceiros no processo. Existem seis tipos de terceiros que podem aparecer no processo, de acordo com sua posio e sua forma de interagir no processo:

1) Embargo de terceiros o terceiro entra no processo para defender, de alguma forma, o seu possvel comprometimento no processo. Ex: quando houver o envolvimento de um bem que no pertence ao ru, mas a ele, o terceiro. 2) Assistncia O terceiro entra no processo com interesse em ajudar uma das partes, a partir de possvel envolvimento seu no resultado do processo. Ex: caso de locao e sublocao, quando o sublocatrio entra no processo. Obs: 1. O assistente no parte na relao processual, distinguindo-se nisso do litisconsorte. 2. Sua posio apenas de terceiro coadjuvante, pretendendo que uma das partes seja vitoriosa. 3. No defende direitos prprios, mas direitos de outrem, embora tenha interesse prprio a defender indiretamente.

27 Pressupostos da assistncia: 1. Existe uma relao jurdica entre as partes (assistente e assistida). 2. Existe a possibilidade da sentena vir a influir, a interferir nessa relao. Tipos de assistncia: Simples: interesse do assistente apenas em auxiliar a parte na obteno de resultado favorvel. Litisconsorcional: a assistncia se transforma em litisconsrcio. Ex: O herdeiro, que vem ao processo, quando o esplio est na ao, como autor ou como ru. Cabimento e oportunidade da assistncia: a assistncia tem lugar 1. Em qualquer tipo de procedimento. 2. Em todo grau de jurisdio. Procedimento Peticionar, no curso dos autos, para ser admitido como assistente. Sobre o pedido sero ouvidas as duas partes (autor e ru). Qualquer uma das partes poder oferecer impugnao no prazo de 5 dias. Se houver impugnao, ela deve fazer referncia falta de interesse jurdico do assistente. No havendo impugnao, o juiz admite ou no a assistncia, podendo impugn-la. Observaes: 1. O assistente recebe o processo no estado em que se encontra. 2. A assistncia um procedimento incidental que no prejudica nem suspende o andamento do processo. Poderes e nus processuais do assistente O assistente auxiliar do assistido Exercer os mesmos poderes do assistido, sujeitando-se aos mesmos nus processuais. Poder: produzir provas, requerer diligncias e percias e participar das audincias. Se o assistido for vencido, o assistente ser condenado em custas, na proporo de sua atividade no processo. Poder assistir parte revel no processo, quando ser considerado gestor de negcios. Observar-se-o, para o assistente, os prazos e as intimaes legais. Obs. O assistente no pode dispor do direito do assistido. Ex: Reconhecer pedido; desistir de ao. Conforme estabelece o CPC, art 55, transitada em julgado sentena na causa em que o assistente interveio, ele no poder, em processo posterior, discutir a justia da deciso, salvo se: 1. Pelo estado em que recebera o processo ou se por declaraes ou atos do assistido fora impedido de produzir provas relevantes para o resultado. 2. Desconhecia a existncia de declaraes ou provas de que, o assistido, por dolo ou culpa, no se valeu. Obs. O CPC lista como casos de interveno de terceiros no processo apenas quatro casos mencionados. A doutrina, todavia, acrescenta, todavia, como interveno de terceiros, mais dois: a assistncia e os embargos de terceiros.

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3) Oposio O terceiro entra no processo procurando obter a propriedade de um bem que est se constituindo no bem pretendido pelas duas partes da ao. Ex: Um imvel em que A e B dizem possuir e que um terceiro, o C, diz ser seu. Obs: Essas trs formas de participao de um terceiro no processo so facultativas, podendo, portanto, o terceiro vir ao processo ou no. A sua participao pedida, no geral, por ele prprio. (Do trabalho do Tuim) Conceito o instituto por meio do qual um terceiro que no pertence lide sobre a disputa de determinado bem pode ingressar no respectivo processo para defender seus direitos sobre o mesmo. Terminologia Ao ingressar na ao, o terceiro o oponente e as partes so os opostos. Caractersticas A oposio cria uma situao em que aparecem duas lides a ao principal e a oposio, que devem ser decididas por uma sentena una no aspecto formal, embora estruturalmente signifique duas decises. Outra caracterstica do instituto a facultatividade do terceiro quanto a entrar na lide. Pode ele aguardar o desfecho da ao e, depois, sabendo a quem coube o bem, voltar-se contra ele. Pela sua natureza, um instituto que depende de uma iniciativa do terceiro. Exigncias A pretenso do oponente deve ser total ou parcialmente incompatvel com a pretenso das partes da ao. necessrio, tambm, que o juiz competente da ao o seja tambm para julgar a oposio. Como o instituto da oposio significa o exerccio do direito de ao, em relao ao oponente necessrio que ele preencha as condies e os pressupostos processuais. A litispendncia precisa estar instaurada para que o terceiro possa ingressar como oponente. A oposio s ocorrer se for oferecida antes da audincia de instruo e julgamento, quando ser anexada aos autos principais, ocorrendo a partir de ento unidade procedimental e decisria. Todavia, o artigo 60 do CPC possibilita a oferta da oposio aps a aludida audincia, quando poder ocorrer suspenso temporria do processo ou ento a oposio ser julgada independentemente, situao em que no considerada, propriamente, instituto da oposio. 4) Nomeao autoria a forma pela qual o ru, dizendo-se parte ilegtima, indica ao autor a parte legtima. Ex: Caso do feitor que pe fogo em determinada coisa por ordem do seu patro, provocando prejuzo a outrem. Acionado por este, indica a ele estar cumprindo ordens do dono, seu patro.

29 Do trabalho do Tuim: Artigos 62 a 69 do CPC Conceito o instituto pelo qual trazido lide quem deveria ter sido introduzido originariamente. A nomeao lide de iniciativa exclusiva do ru da ao. O terceiro nomeado autoria assume a posio de ru, deixando de ser estranho lide. Terminologia Instituda a nomeao autoria, aquele que faz a indicao autoria o nomeante e o novo ru, o indicado, o nomeado. Este instituto tem, portanto, a finalidade de corrigir a legitimidade do plo passivo da ao. Caractersticas A vontade do autor da ao relevante, devendo ele concordar com a nomeao feita pelo ru. No caso de recusa dele, o processo continua correndo contra o nomeante. Esse instituto tem, tambm, carter de economia processual, quando visa aproveitar o mesmo processo. O nomeado pode reconhecer ou no a qualificao que lhe atribuda pelo nomeante. Reconhecendo-a, abre-se para ele novo prazo para defesa. O seu silncio representa aceitao da nomeao. Ela obrigatria nos casos em que demandado em nome prprio por coisa de propriedade de outrem dever nomear autoria o nome de verdadeiro proprietrio ou possuidor (art. 62) ou quando o ru de uma ao de indenizao por ter agido como preposto de outrem, dever denunciar este autoria. Prazo O prazo para nomeao autoria o mesmo prazo de defesa do ru. 5) Chamamento lide a forma pela qual uma das partes trs lide um terceiro para que ele seja responsabilizado pela sentena. Ex: O caso do fiador que vem lide por solicitao de uma das partes para responder pelo compromisso de seu afianado, ou o caso de um credor com trs devedores solidrios, que aciona um deles e este (ou o prprio autor) chama os outros devedores para eles serem tambm responsabilizados.

6) Denunciao da lide O terceiro chamado lide para garantir o ru, caso ele seja condenado. Ex: Em acidente de trnsito a participao da garantidora em caso de condenao de seu segurado. Ou, em caso de transaes imobilirias, quando o terceiro responde pela evico do imvel.

Agora, os pressupostos processuais referentes s partes:

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Capacidade de ser parte Em tese, aquele que pode ter direito (ou obrigao). So as pessoas naturais, as pessoas jurdicas e as pessoas formais, quando se tratar de processo, como a massa falida, o esplio, a herana jacente ou vacante. Capacidade de estar em juzo ou capacidade processual ou, ainda, legitimatio ad processum aquele que pode exercer o direito (ou obrigao). O que tem, portanto, capacidade de exercer o direito. Os totalmente incapazes esto, portanto, excludos. Capacidade postulatria jus postulandi a capacidade tcnica jurdica que permite participar dos atos formais do processo e que comprovada pela carteira da OAB. uma capacidade que s pode ser exercida por advogado. Para tanto, o advogado dever estar devidamente autorizado pela parte por meio de procurao. A procurao comprova, pois, o acordo celebrado entre a parte e o advogado para que este a represente no processo. S o advogado pode falar diretamente com o juiz, atravs dos autos. Ru revel aquele que no tem advogado para represent-lo. Se o autor no estiver representado nos autos, o juiz extingue o processo. Na falta de representao do ru, ele considerado revel. O terceiro que no estiver representado no ser admitido no processo. Embora estejamos tratando dos pressupostos relativos s partes, a capacidade protelatria s vlida para o autor.

Do trabalho do Tuim: Art. 70 a art 76 do CPC Conceito Esse instituto consiste em trazer lide um terceiro que possa garantir o ru no caso de sua condenao. , tambm, um instituto ligado ao princpio da economia processual, uma vez que pretende evitar uma possvel nova ao ao de regresso. Terminologia Com a instaurao do instituto da denunciao da lide em determinado processo aparecem as figuras do denunciante e do denunciado. Caractersticas Como exerccio do direito de ao, deve preencher todos os requisitos processuais dela. Deve haver nexo de prejudicialidade entre a ao originria e a que se cria com a denunciao. Assegura ao ru o direito de evico, servindo para trazer ao processo o proprietrio ou o possuidor indireto, quando o acionado possuidor ou o proprietrio direto do bem. Diferentemente da nomeao autoria, na denunciao da lide o denunciante e o denunciado permanecem no processo como litisconsortes em relao ao autor. A iniciativa da denunciao da lide pode partir tanto do autor como do ru da ao (CPC, art 70, I, II, III).

31 Ela obrigatria quando est em questo a legitimidade de propriedade sob alegao de que o alienante no era seu legtimo proprietrio ou quando sobre a coisa alienada recasse nus (o terceiro responsvel deve ser denunciado lide); quando aquele que estiver obrigado em funo de contrato ou de determinao legal como responsvel por indenizar em ao regressiva o perdedor da demanda.

5. Pressupostos processuais negativos. Os pressupostos anteriores so chamados de pressupostos positivos, isto , eles devem estar no processo. J os pressupostos negativos no podem estar no processo. So eles: Litispendncia repetio de ao que esteja sob julgamento (litispendncia) no ser acolhida. O processo ser arquivado; Coisa julgada Ao que se refira a coisa j julgada no poder ser acolhida. O processo ser arquivado. Perempo Numa 4. Vez que uma mesma ao for apresentada, considerando que nas trs vezes anteriores ela tenha sido retirada a pedido do autor e com a aquiescncia do ru, o juiz no conhecer da ao. (CPC, art. 268, pargrafo nico). Ento, perempo a morte do direito de ao pelo mau uso dele. Haver, assim, trs situaes em que o processo ser extinto: por decadncia (perda de um direito material por decurso de prazo), prescrio (perda do direito de ao por decurso de um prazo legal) e perempo ( a perda do direito de praticar um ato processual em virtude do mau uso desse direito). Assim, a perempo um instituto puramente processual, no que se diferencia da decadncia e da prescrio. 11.05.2006. O Ministrio Pblico O Ministrio Pblico definido na CF como uma instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, que cuida da defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses da sociedade e dos individuais indisponveis (art. 127 da CF). Assim, o Ministrio Pblico: cuida de fiscalizar a constitucionalidade das leis, sendo ele quem pode exercer a funo de autor nas aes de inconstitucionalidade e na ao civil pblica; atua na defesa de algumas instituies: registros pblicos, fundaes, famlia; atua na defesa de certos bens e valores fundamentais: meio-ambiente, valores artsticos, estticos, paisagsticos; atua na defesa de algumas pessoas: ausentes, incapazes, consumidores, trabalhadores acidentados no trabalho. O Ministrio Pblico exerce dois tipos de funes:

32 Como parte do processo. Como autor, no exerccio da defesas que se lhe incumbem. Como fiscal da lei, zelando pela sua constitucionalidade. (Guardio da lei = custus legis).

Garantias e vedaes so as mesmas previstas para a magistratura, tanto as institucionais, quanto as dos membros do MP). Auxiliares da Justia O processo judicial envolve alguns sujeitos: Sujeitos principais do processo: Juiz e as partes (Juiz, autor e ru) sem as quais no existir processo. Sujeitos especiais do processo: Ministrio Pblico e Advogado. Alm dessas partes que integram o processo, existem tambm os auxiliares da justia, que so os elementos indispensveis viabilizao do processo. So, portanto, todas as pessoas (ou instituies) que, de alguma forma, participam da tramitao do processo, sob a autoridade do juiz, colaborando para a viabilidade da prestao jurisdicional. No so considerados auxiliares da justia: as partes, as testemunhas, os jurados, os curadores, tutores e sndicos que representam a parte, os rgos do foro extra-judicial Classificao dos rgos auxiliares da justia rgos auxiliares permanentes: so os que integram os quadros judicirios como servidores pblicos (oficial de justia, escrivo e os demais elementos dos cartrios judiciais, o distribuidor, o contador, o partidor...) rgos auxiliares eventuais: so pessoas (ou rgos) que eventualmente so chamados a colaborar em algum processo (peritos judiciais, intrpretes, rgos da imprensa, imprensa oficial, EBCT, Polcia Militar, etc.) 1. Prova Semestral 23.05.2006 1. Csar celebrou com Tcio contrato de mtuo, sujeito condio resolutiva expressamente prevista no respectivo instrumento. Implementada essa condio, Csar deseja retomar o bem emprestado. Esclarea qual o instrumento jurdico a ser utilizado, explicando sua resposta. Resposta: Deve impetrar uma ao de conhecimento condenatria contra Tcio. Nessas aes se pede que o juiz condene algum a fazer algo, no fazer algo, ou dar algo, que o caso. 2. Ulpiano props demanda em relao empresa Luxor Ltda, pleiteando o reconhecimento da inexigibilidade de duplicata, sob o argumento de que o dbito j havia sido pago. Esclarea qual o instrumento jurdico a ser utilizado, explicando sua resposta. Resposta: Ao civil de conhecimento meramente declaratria para, a partir da declarao do juiz de que o dbito j foi pago, pedir o cancelamento da duplicata.

33 3. Caio props ao em face de Ticio. Em sua petio inicial, o requerente alega que, no dia 20 de dezembro de 2005, vencer a nota promissria emitida pelo requerido, sendo certo que o devedor est alienando todo o seu patrimnio de modo a frustrar o pagamento. Esclarea qual o instrumento jurdico utilizado por Caio, explicando sua resposta. Resposta: Caio deve entrar com ao cautelar para resguardar o seu direito. A situao contm as duas condies exigidas para isso: periculum in mora e fumus boni jris. 4. Proposta em varas diversas uma ao de despejo por falta de pagamento e outra de retomada para uso prprio, devem ambas ser julgadas num s juzo, por motivo de litispendncia. Esta afirmativa est correta? Explique sua resposta. Resposta: No, no o caso de litispendncia. o caso de conexo de aes, pois as duas tm o mesmo pedido: desocupao do prdio. 5. Tcito, residente em Aracaju, ingressa com ao de cobrana por falta de pagamento contra Glauco, tambm residente em Aracaju, que distribuda para a 1. Vara Cvel. Este, por sua vez, impetrou, contra Tcito, ao de consignao em pagamento referente ao mesmo ttulo perante a 3. Vara Cvel da Comarca de Aracaju. Tendo sido citado primeiramente Glauco, pergunta-se: em que juzo dever ser resolvido o litgio? Justifique sua resposta. Resposta: So duas aes conexas: a mesma causa de pedir (ttulo). Elas devem ser anexadas. A competncia, nesse caso, do juiz que despachar primeiro, por terem os dois juizes a mesma competncia territorial (critrio de preveno). Portanto, para saber o juiz competente (juiz prevento) deve-se ver qual foi o que despachou primeiro, o que no informado no caso. 30.05.2006. DEFESAS DO RU O ru tambm tem direito tutela. Nisso consiste o seu direito de defesa, ou seja, o direito de ser ouvido pelo juiz antes da deciso do juiz. Como na ao o autor pede a alterao dos fatos, o ru pede exatamente o contrrio, isto , que os fatos no sejam alterados. A defesa do ru uma das respostas dele. Outras respostas so os ataques (aes). Nestas o ru tambm pede alterao no mundo dos fatos. Elas so de dois tipos: Aes declaratrias incidentais (s podem ser aes meramente declaratrias) Ex: ao de alimentos em que o suposto pai pede ao juiz para declarar no ser ele o pai. Aes de reconveno (ao pela qual o ru demanda o autor no mesmo processo em que demandado para oporlhe direito que altere o limite ou elimine a pretenso do autor CPC, art. 315). Obs: Nas aes em que se defende, o ru no ataca, opondo apenas resistncia pretenso do autor. Classificao das defesas do ru: esta classificao feita sob algumas ticas.

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1) Quanto relao jurdica conta a qual resiste o ru: A defesa pode ser de natureza processual (contra o processo exceo processual) ou de natureza material (contra o direito material, contra o mrito exceo substancial). Quanto ao processo (defesa de natureza processual = exceo processual): estas podem, tambm, ser de duas espcies: Defesas contra o processo diretas. Ex: conexo, coisa julgado, litispendncia. Defesas contra o processo indiretas. Estas s se apresentam em duas defesas. Nas outras situaes, as defesas so todas diretas. As duas defesas indiretas se referem : 1. Parcialidade / imparcialidade do juiz.(suspeio, por exemplo). Princpio da imparcialidade do juiz. 2. Competncia do juiz. No caso da competncia do juiz, o ru alega a sua incompetncia. Como a competncia pode ser absoluta ou relativa, a competncia absoluta (impossibilidade de atuao) direta e a competncia relativa indireta, pois se trata de competncia que pode ser prorrogvel. Neste caso o ru defende que a competncia no seja prorrogada. O silencio do ru corresponde prorrogao tcita. Quanto relao jurdica material (defesa de natureza substancial = exceo processual): Podem, tambm, ser de duas espcies: Defesas contra o mrito, diretas o ru ataca a causa de pedir prxima ou remota. O ru tenta destruir a causa de pedir para que o juiz no possa decidir. Defesas contra o mrito, indiretas o ru concorda com a causa de pedir, mas ope fatos novos que sejam impeditivos, modificativos ou extintivos em relao ao fato em que se fundou a ao. (CPC, art. 326). So chamadas Aes Substanciais. Princpio do contraditrio. 2) Quanto natureza das questes deduzidas na defesa: Aes Preliminares (de natureza processual) Correspondem defesa preliminar ou de natureza preliminar. As defesas preliminares dizem respeito ao processo. So todas as alegaes do ru contra o processo. Alega-se que o juiz no pode julgar por razes de ordem processual. (Situaes que surgem no incio do processo) Contestao (de natureza material). So as alegaes do ru contra o mrito, contra os pedidos do autor. So as alegaes do ru que atacam o pedido do autor. Alegase que o juiz no pode julgar assim (ou assado). (Situaes que surgem quando o processo j considerado em ordem, em andamento). Mrito: valor que o juiz atribui ao pedido do autor. 3) Quanto aos efeitos desejados com a defesa: Defesas dilatrias. Procrastina, retarda o processo sob alegao de incompetncia ou parcialidade do juiz. No visam extinguir o processo, mas prolong-lo. Defesas peremptrias. Visam acabar com o processo, extingui-lo. Ex: coisa julgada, litispendncia, perempo, decadncia, prescrio.. 4) Quanto ao conhecimento da defesa pelo juiz:

35 Objees Referem-se questo que o juiz poderia decidir de oficio e por falha no o fez. O ru alega a falha do juiz. Excees - So questes que mesmo que o juiz conhecesse a incompetncia no pode decidir de oficio. Depende da exceo do ru (competncia relativa).

36 SEGUNDO SEMESTRE 08.08.22006 Obs.: O professor Tuim est substituindo a professora Rosana Foi feita reviso envolvendo litisconsrcio e participao de terceiros no processo. Classificaes do litisconsrcio: A) Quanto ao momento de sua constituio: inicial surge com o processo incidental surge no curso do processo, nas seguintes condies: 1. Surge no curso do processo por fato ulterior. Ex: ao de despejo que passa a herdeiros. 2. Decorre de ordem do juiz, na fase de saneamento do processo. 3. Surge pela denunciao lide. B) Quanto sua imprescindibilidade: necessrio No pode ser dispensado (CPC, art. 47). facultativo constitudo por vontade das partes do processo (CPC, 46) C) Participao de terceiros no processo Refere-se a presena, no processo, de terceiros que no so parte. Assistncia - a participao de um terceiros, com a finalidade de assistir uma das partes quanto ao seu interesse no resultado. Obs: O assistente no parte na relao processual, distinguindo-se nisso do litisconsorte. Sua posio apenas de terceiro coadjuvante, pretendendo que uma das partes seja vitoriosa. No defende direitos prprios, mas direitos de outrem, embora tenha interesse prprio a defender indiretamente.

Pressupostos da assistncia: Existe uma relao jurdica entre as partes (assistente e assistida). Existe a possibilidade da sentena vir a influir, a interferir nessa relao.

Tipos de assistncia: Simples: interesse do assistente apenas em auxiliar a parte na obteno de resultado favorvel. Litisconsorcional: a assistncia se transforma em litisconsrcio. Ex: O herdeiro que ingressa no processo, quando o esplio est na ao, como autor ou como ru.

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Cabimento e oportunidade da assistncia: a assistncia tem lugar 1. Em qualquer tipo de procedimento. 2. Em todo grau de jurisdio. Procedimento Peticionar, no curso dos autos, para ser admitido como assistente. Sobre o pedido sero ouvidas as duas partes (autor e ru). Qualquer uma das partes poder oferecer impugnao no prazo de 5 dias. Se houver impugnao, ela deve fazer referncia falta de interesse jurdico do assistente. No havendo impugnao, pode ao juiz admiti-la ou no. Podendo assim impugn-la. Observaes: 1. O assistente recebe o processo no estado em que se encontra. 2. A assistncia um procedimento incidental que no prejudica nem suspende o andamento do processo. 15.08.2006. Poderes e nus processuais do assistente O assistente auxiliar do assistido Exercer os mesmos poderes do assistido, sujeitando-se aos mesmos nus processuais. Poder: produzir provas, requerer diligncias e percias e participar das audincias. Se o assistido for vencido, o assistente ser condenado em custas, na proporo de sua atividade no processo. Poder assistir parte revel no processo, quando ser considerado gestor de negcios. Observar-se-o, para o assistente, os prazos e as intimaes legais. Obs. O assistente no pode dispor do direito do assistido. Ex: Reconhecer pedido; desistir de ao. Conforme estabelece o CPC, art 55, transitada em julgado sentena na causa em que o assistente interveio, ele no poder, em processo posterior, discutir a justia da deciso, saldo se: Pelo estado em que recebera o processo ou se por declaraes ou atos do assistido fora impedido de produzir provas relevantes para o resultado. Desconhecia a existncia de declaraes ou provas de que, o assistido, por dolo ou culpa, no se valeu. Interveno de terceiros O CPC relaciona como formas de interveno de terceiros no processo, os seguintes casos: Oposio (art. 56). Nomeao autoria (art 62). Denunciao da lide (art 70).

38 Chamamento ao processo (art 77).

Obs. O CPC lista como casos de interveno de terceiros no processo os quatro casos mencionados. A doutrina, todavia, considera tambm, como interveno de terceiros, a assistncia e os embargos de terceiros. Aulas de 17, 22 e 24.08.2006 TRABALHO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO INTERVENO DE TERCEIROS NO PROCESSO Introduo: Terceiro a pessoa que, no fazendo parte integrante dos participantes originrios do processo, passa a dele participar. Conforme a natureza dessa participao ele pode passar a fazer parte do processo. o caso da nomeao autoria e do chamamento ao processo. So quatro as modalidades de participao de terceiro no processo previstas no Cdigo de Processo Civil (CPC): Oposio Nomeao autoria Denunciao da lide Chamamento ao processo Vejamos cada um desses institutos. 2. OPOSIO Conceito o instituto por meio do qual um terceiro que no pertence lide sobre a disputa de determinado bem pode ingressar no respectivo processo para defender seus direitos sobre o mesmo. Terminologia Ao ingressar na ao, o terceiro o oponente e as partes so os opostos. Caractersticas A oposio cria uma situao em que aparecem duas lides a ao principal e a oposio, que devem ser decididas por uma sentena una no aspecto formal, embora estruturalmente signifique duas decises. Outra caracterstica do instituto a facultatividade do terceiro q