teoria de filas - ime.unicamp.brnancy/cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que...

36
Teoria de Filas Trabalho da Disciplina MI625 - Processos Estoc ´ asticos Beatriz Castro Dias Cuyabano - RA: 031391 Karen Maria Jung - RA: 089311 Prof a : Nancy Lopes Garcia 26/Novembro/2009 Departamento de Estat´ ıstica - IMECC/UNICAMP

Upload: phungkiet

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Teoria de Filas

Trabalho da Disciplina MI625 - Processos Estocasticos

Beatriz Castro Dias Cuyabano - RA: 031391

Karen Maria Jung - RA: 089311

Profa: Nancy Lopes Garcia

26/Novembro/2009

Departamento de Estatıstica - IMECC/UNICAMP

Page 2: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Sumario

1 Introducao 2

2 Elementos do Processo de Filas 3

3 Filas Markovianas 4

3.1 M/M/1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

3.1.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

3.1.2 Valor Esperado do Numero de Clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3.1.3 Distribuicao no Instante de Saıda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3.1.4 Teorema de Burke . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3.1.5 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3.1.6 M [X]/M/1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3.1.7 M/M [X]/1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1.8 Inferencia para filas M/M/1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2 M/M/c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.2.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.2.2 Valor Esperado do Numero de Clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.2.3 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.3 M/M/∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.3.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.4 M/M/c/K . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.4.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/c/K . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.4.2 Valor Esperado do Numero de Clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4 Consideracoes Finais 34

5 Referencias 35

1

Page 3: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

1 Introducao

A teoria de filas e um amplo campo de estudos. Mas, o que nos leva a estudar tal teoria? O

que nos interessa estudar sobre filas? Elas estao presentes em nosso cotidiano, no supermercado,

no banco, no transito, em qualquer situacao em que precisamos esperar por um servico ou oportu-

nidade. O problema da congestao de linhas telefonicas foi um dos primeiros motivos a se estudar

filas e foi uma das principais aplicacoes da teoria de filas ate meados de 1950. A partir daı, a

literatura comecou a expandir e diversas areas comecaram a utilizar os resultados dessa teoria.

Alguns exemplos que adotam essa teoria sao: controle de trafego aereo, transporte e sistemas

de estocagem, sistemas de comunicacao (telefonia) e sistemas de processamento de informacoes.

Um sistema de filas pode ser interpretado da seguinte forma: clientes chegam para serem aten-

didos mas, quando nao ha um atendimento imediato, e necessario formar uma fila de espera. Os

clientes referidos acima podem ser pessoas que esperam um atendimento, mensagens que esperam

ser transmitidas pelos canais de comunicacao, carros que esperam num semaforo. E, depois quando

chegam, esperam e sao atendidos pelos servidores a partir de alguma disciplina, ou seja, sera pri-

meiro atendido aquele que chega primeiro, disciplina conhecida como first in first out - FIFO, ou,

sera atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como first in last out - FILO. A primeira

disciplina e geralmente utilizada em nosso dia-a-dia, ja a segunda tem como um exemplo a busca

em discos rıgidos.

Para descrever uma fila e utilizada a notacao A/B/c, em que A representa a distribuicao com

que os clientes chegam no sistema, B representa a distribuicao do tempo de servico e c representa

o numero de servidores. A disciplina utilizada geralmente e FIFO.

O principal motivo de se estudar filas e a melhoria do sistema, o que caracteriza uma melhor

utilizacao dos servicos disponıveis, menor tempo de espera e maior rapidez no atendimento.

Neste trabalho serao apresentadas as filas mais conhecidas, tais como, M/M/1, M/M/c e

M/M/∞. Tambem serao citadas algumas filas que apresentam outros comportamentos de che-

gada e/ou saıda, tais como, M [X]/M/1 e M/M [X]/1, que possuem caracterısticas particulares na

distribuicao da chegada ou saıda dos clientes. Tambem serao apresentados alguns exemplos, ao

longo do detalhamento dos modelos, para tornar mais claro o estudo e aplicacao de tais filas.

2

Page 4: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

2 Elementos do Processo de Filas

No estudo de um processo de filas, as tres principais perguntas que pretende-se responder sao:

1. Quando o processo de filas e Markoviano?

2. Quando esse processo tem distribuicao limite?

3. Quando o processo explode?

Para responder a essas perguntas, serao introduzidos alguns elementos e suposicoes que auxi-

liarao nas definicoes, estudo e compreensao dos processos de filas.

• N (t) = numero de clientes na fila no instante t

• Ti = tempo de chegada do i-esimo cliente a fila

• Xn = Tn − Tn−1 e o tempo entre as chegadas dos clientes

• X1, X2, X3, ... sao independentes e identicamente distribuıdas FX

• S1, S2, S3, ... tempos de servico, sao independentes e identicamente distribuıdas FS

• O tempo entre as chegadas e o tempo de servico sao independentes (Xi⊥Sj ,∀i, j = 1, 2, 3, ...)

Alem disso, sera considerado tambem que as filas a serem estudadas nesse trabalho se compor-

tam de acordo com a disciplina FIFO, por ser a mais comum dentre os processos observados. Ou

seja, sera sempre considerado que a ordem de chegada a fila sera a mesma ordem de atendimento.

Outra consideracao importante, e que sera trabalhado sempre o caso homogeneo, ou seja, as

transicoes de estados dependem apenas do comprimento dos intervalos observados e assim define-se,

Pxy (t) = P (N (s+ t) = y|N (s) = x) = P (N (t) = y|N (0) = x) (1)

Outro elemento importante sao as equacoes para frente (forward equations) e para tras (backwards

equations). Considerando λx como sendo a taxa de chegada de pessoas quando a fila estiver com

x clientes e µx a taxa de saıda de pessoas quando a fila estives com x clientes, define-se

forward equation: P ′xy (t) = − (λy + µy)Pxy (t) + λy−1Px,y−1 (t) + µy+1Px,y+1 (t) (2)

backwards equation: P ′xy (t) = − (λx + µx)Pxy (t) + λxPx+1,y (t) + µxPx−1,y (t) (3)

3

Page 5: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

3 Filas Markovianas

3.1 M/M/1

Uma fila M/M/1 e o modelo mais simples dentre os existentes em teoria de filas, no entanto e

um dos modelos mais estudados, e sera portanto o mais amplamente abordado neste trabalho. Esse

tipo de fila configura um processo de nascimento e morte, no qual as chegadas em um intervalo

de tempo (0, T ] seguem um processo de Poisson com taxa λ, e os tempos de servico, seguem uma

distribuicao exponencial de parametro µ, ou seja

P (N (t) = k) = e−λt(λt)

k

k!I{0,1,2,...} (k) (4)

E as distribuicoes do tempo entre as chegadas e do tempo de servico, respectivamente

f (x) = λe−λxI(0,∞) (x) (5)

f (s) = µe−µsI(0,∞) (s) (6)

O processo de uma fila pode ser considerado tambem em dois estados que serao abordados

em analises das filas, mais a frente: estado ocupado, quando o servidor estiver continuamente em

atendimento, e o estado vazio, quando nao houver clientes na fila.

3.1.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/1

Seja pn (t) = P (N (t) = n), a forward equation e dada pordpn(t)dt = −(λ+ µ)pn(t) + µpn+1(t) + λpn−1(t), n ≥ 1;

dp0(t)dt = −λp0(t) + µp1(t), .

(7)

O sistema encontra-se em condicao de equilıbrio quando observamos que em qualquer estado,

o fluxo de clientes que sai dele e o mesmo que entra nele. Para verificarmos o fluxo de clientes que

saem do estado n, observamos que o sistema vai para n + 1 se ha uma chegada e a n − 1 se ha

uma saıda. Entao, o fluxo total que entra no estado n vem de n+ 1 (quando ha uma atendimento

e o cliente sai) ou a partir de n− 1 (quando ocorre uma chegada). Quando n = 0, o fluxo que sai

corresponde ha uma chegada, enquanto o fluxo que entra, vem do estado 1 quando ha uma saıda.

Isso ilustra a equacao (7).

No estado de equilıbrio, pn independe do tempo, ja que nao ha variacao entre os estados, entao

p′n(t) e p′0(t) sao iguais a zero. Assim, resolvendo (7) encontraremos a distribuicao estacionaria do

4

Page 6: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

sistema.

Dessa forma, podemos reescrever (7) como 0 = −(λ+ µ)pn + µpn+1 + λpn−1, n ≥ 1;

0 = −λp0 + µp1,(8)

ou pn+1 = − (λ+µ)µ pn − λ

µpn−1, n ≥ 1;

p1 = λµp0

(9)

Provaremos por inducao a equacao dada em (9). Para n = 1 temos

p2 =λ+ µ

µp1 −

λ

µp0

=λ+ µ

µ

µp0

)− λ

µp0

µp0

(λ+ µ

µ− 1

)=

λ

µp0

(λ+ µ− µ

µ

)=λ

µp0

µ

).

=

µ

)2

p0 (10)

Para n = 2

p3 =λ+ µ

µp2 −

λ

µp1

=λ+ µ

µ

[(λ

µ

)2

p0

]− λ

µ

µp0

)

=λ+ µ

µ

[(λ

µ

)2

p0

]−(λ

µ

)2

p0

=

µ

)2

p0

[λ+ µ

µ− 1

]=

µ

)2

p0

[λ+ µ− µ

µ

]=

µ

)2

p0

µ

].

=

µ

)3

p0 (11)

E razoavel considerarmos que

pn =

µ

)np0. (12)

5

Page 7: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Verificamos que ela vale para 1, 2 e 3. Entao, consideremos que a expressao vale para n− 1 e

n e mostremos que vale para n+ 1. Utilizando a equacao (9) e a equacao (12) temos que

pn+1 =λ+ µ

µ

[(λ

µ

)np0

]− λ

µ

[(λ

µ

)n−1p0

]

=λ+ µ

µ

[(λ

µ

)np0

]−(λ

µ

)np0

=

µ

)np0

[λ+ µ

µ− 1

]=

µ

)np0

[λ+ µ− µ

µ

]=

µ

)np0

µ

]=

µ

)n+1

p0 (13)

Portanto, a equacao (12) vale para todo n ≥ 1. Agora, precisamos encontrar uma expressao

para p0. Notemos primeiro que pn e uma distribuicao estacionaria, entao

∞∑n=1

pn = 1.

Portanto∞∑n=1

pn = 1⇒∞∑n=1

µ

)np0.

Antes de continuarmos, vamos definir

ρ =λ

µ.

Este termo e conhecido como sendo a intensidade de trafego, pois essa expressao pode ser interpre-

tada como sendo o produto do numero esperado de chegadas (λ) pelo tempo medio de servico (1/µ).

Continuando o calculo de p0 temos que

∞∑n=0

µ

)np0 = 1⇒

∞∑n=0

ρnp0 = 1⇒ p0 = 1/

∞∑n=0

ρn

Agora,∑∞n=0 ρ

n e uma serie geometrica que converge se e so se |ρ| < 1. Como λ e µ sao

estritamente positivos entao 0 < ρ < 1. Nessas condicoes, a taxa media de chegada sera menor

que a taxa media de saıda, portanto, de tempos em tempos a fila se esvaziara e o processo sera

recorrente positivo.

Dessa maneira,∞∑n=0

ρn =1

1− ρρ < 1,

6

Page 8: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

e entao

p0 = 1− ρ.

Assim, a solucao para pn sera

pn = ρn(1− ρ), n ≥ 0 e 0 < ρ < 1. (14)

3.1.2 Valor Esperado do Numero de Clientes

A distribuicao estacionaria obtida em (14) e interpretada como sendo a fracao do tempo em

que o sistema permanece em cada estado, ou seja, indica a proporcao do tempo total em que o

sistema tem n usuarios presentes. A partir dessa distribuicao, podemos calcular o numero medio de

usuarios na fila e no sistema. Consideremos N como sendo o numero total de usuarios no sistema

(estacionario) e L a sua media. Portanto

L = E(N) =

∞∑n=0

npn =

∞∑n=0

nρn(1− ρ) = (1− ρ)

∞∑n=0

nρn = (1− ρ)ρ

∞∑n=1

nρn−1.

Observamos que a derivada de ρn em relacao a ρ e dada por nρn−1. Assim, satisfeitas as

condicoes para inverter somatorio e derivada, obtemos que

L = (1− ρ)ρ

∞∑n=1

nρn−1 = (1− ρ)ρ

∞∑n=0

d

dρρn

= (1− ρ)ρd

∞∑n=0

= (1− ρ)ρd

(1

1− ρ

)= (1− ρ)ρ

1

(1− ρ)2

(1− ρ)=

λ/µ

(1− λ/µ)=

λ

(µ− λ). (15)

Agora, seja Nq o numero de usuarios na fila e Lq seu valor esperado, entao

Lq = E(Nq) = 0p0 +

∞∑n=1

(n− 1)pn =

∞∑n=1

npn −∞∑n=1

pn

= L− (1− p0) =ρ2

(1− ρ)=

(λ/µ)2

(1− λ/µ)=λ2

µ2

1

(1− λ/µ)

µ

λ

(µ− λ)(16)

Podemos observar que o valor esperado de usuarios na fila depende da intensidade de trafego

do sistema.

O que tambem pode ser considerado e a medida de desempenho do sistema, ou seja, podemos

relacionar o numero medio de usuarios (L ou Lq) com o tempo medio de espera na fila, considerado

7

Page 9: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

como W ou Wq, respectivamente. Essas relacoes, que foram apresentadas por Little em 1961, sao

dadas pelas seguintes expressoes:

L = λW

Lq = λWq.

Intuitivamente, podemos explicar a relacao L = λW da seguinte forma: um usuario que chega

no sistema espera em media W para sair. Suponha, que ao sair do sistema, ele olhe para tras

e observa quantos usuarios ficaram no sistema. Ele deve avistar em media L usuarios presentes,

aqueles que chegaram durante seu tempo de servico e de espera na fila. Os L usuarios levaram em

media 1/λ para chegar e, portanto, temos

L(1/λ) = W ⇒ L = λW

3.1.3 Distribuicao no Instante de Saıda

Mostraremos agora, que as saıdas de uma fila M/M/1 configuram tambem um processo de

Poisson. Considerando T0, T1, T2, ... os instantes em que o i-esimo atendimento e finalizado (isto

e, o instante que o i-esimo cliente atendido deixa o sistema). Seja Ni = N(T+i

)o total de clientes

na fila no instante imediato que segue Ti, ou seja, logo apos a i-esima saıda do sistema.

Seja Ti−Ti−1 o intervalo entre duas saıdas, ele dependera somente de Ni−1. Quando Ni−1 > 0,

Ti − Ti−1 tera distribuicao exponencial com parametro µ, e quando Ni−1 = 0, Ti − Ti−1 sera o

tempo para uma chegada na fila apos a (i − 1)-esima saıda mais o tempo de servico, e sera dis-

tribuıdo pela convolucao de duas exponenciais independentes, com parametros λ e µ.

Ni dependera do numero de clientes que chegaram na fila apos a ultima saıda, e sendo a chegada

de clientes um processo de Poisson com taxa λ, Ni depende apenas de λ e de Ti − Ti−1.

Assim, a transicao Qxy (t) = P (Ni = y, Ti − Ti−1 ≤ t|Xi−1 = x), ∀ x, y = 0, 1, 2, ... representa

cada elemento da matriz Q (t), que sera o nucleo do processo {(Nn, Tn) , n ≥ 0}.

Vamos considerar agora Q (s) a transformada de Laplace de Q (t) (logo, Qxy (t) sera a trans-

formada de Qxy (t)), A (s) = λ/ (λ+ s) a transformada da exponencial de parametro λ e H (s) =

(λ+ µ) / (λ+ µ+ s) a transformada da exponencial de parametro (λ+ µ). E importante relem-

brar que a transformada da convolucao de variaveis aleatorias independentes e o produto de suas

transformadas.

8

Page 10: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Como P (chegada) = λ(λ+µ) e P (saıda) = µ

(λ+µ) , chegamos as seguintes equacoes

Q0y (s) = A (s)

(λ+ µ)

]yHy (s)

µ

λ+ µH (s)

(λ+ s)

(λ+ µ)

]y [(λ+ µ)

(λ+ µ+ s)

]yµ

(λ+ µ)

(λ+ µ)

(λ+ µ+ s)

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]yµ

(λ+ µ+ s), y ≥ 0 (17)

Qxy (s) =

(λ+ µ)

]y−x+1

Hy−x+1 (s)µ

(λ+ µ)H (s)

=

(λ+ µ)

]y−x+1 [(λ+ µ)

(λ+ µ+ s)

]y−x+1µ

(λ+ µ)

(λ+ µ)

(λ+ µ+ s)

=

(λ+ µ+ s)

]y−x+1µ

λ+ µ+ s, x > 0, y ≥ x− 1 (18)

Em que Q0y (t) representa probabilidade de, estando a fila sem clientes, ocorrer uma chegada

que ocupara o servidor, e durante o servico ocorrerem mais y chegadas antes que o primeiro cliente

que chegou acabe de ser atendido, e Qxy (t) representa a probabilidade de haver x clientes na fila,

e ocorrerem y − x + 1 chegadas antes do fim de um atendimento. Como estamos analisando os

instantes de saıda do sistema, as demais transicoes serao nulas, pois a saıda da fila e um a um

(pois ha apenas um ponto de servico), e portanto o processo nao permite, por exemplo, a saıda de

dois clientes num mesmo perıodo de servico. Assim, a matriz de Transformada e dada por

Q (s) =

λµ(λ+s)(λ+µ+s)

λ2µ(λ+s)(λ+µ+s)2

λ3µ(λ+s)(λ+µ+s)3

λ4µ(λ+s)(λ+µ+s)4

· · ·µ

(λ+µ+s)λµ

(λ+µ+s)2λ2µ

(λ+µ+s)3λ3µ

(λ+µ+s)4· · ·

0 µ(λ+µ+s)

λµ(λ+µ+s)2

λ2µ(λ+µ+s)3

· · ·

0 0 µ(λ+µ+s)

λµ(λ+µ+s)2

· · ·...

......

.... . .

3.1.4 Teorema de Burke

Mostraremos que o processo {(Nn, Tn) , n ≥ 0} equivale a um processo de renovacao exponen-

cial com parametro λ. Para isso, enunciaremos a seguinte proposicao:

Proposicao: Um processo de renovacao Y com nucleo G (t) e equivalente a outro processo de

renovacao X com nucleo F (t) se uma das condicoes seguintes e satisfeita:

(i) ΠdG (t) = F (t) Πd

(ii) G (t) e = eF (t)

9

Page 11: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Em que Π = [p0 p1 p2 . . .]′

e a distribuicao estacionaria do processo X

Portanto, para provarmos a equivalencia que desejamos, basta provar que ΠdQ (t) = A (t) Πd,

ou, utilizando a transformada de Laplace, ΠdQ (s) = A (s) Πd = λ(λ+s)Π

d.

[ΠdQ (t)

]n

= pd0λn+1µ

(λ+ s) (λ+ µ+ s)n+1 +

n+1∑k=1

pdkλn−k+1µ

(λ+ µ+ s)n−k+2

= (1− ρ)λn+1µ

(λ+ s) (λ+ µ+ s)n+1 ×

µn

µn+

n+1∑k=1

(1− ρ) ρkλn−k+1µ

(λ+ µ+ s)n−k+2

× µn−k+1

µn−k+1

= (1− ρ)λµn+1

(λ+ s) (λ+ µ+ s)n+1 ρ

n +

n+1∑k=1

(1− ρ) ρkµn−k+2

(λ+ µ+ s)n−k+2

ρn−k+1

= (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]n+1

+

(1− ρ) ρn+1

(λ+ µ+ s)

]n+2

×n+1∑k=1

[(λ+ µ+ s)

µ

]k(19)

Como∑nr=1 a

r = a(an−1)a−1 , ∀ a real, entao temos que

n+1∑k=1

[(λ+ µ+ s)

µ

]k=

[(λ+µ+s)

µ

]([(λ+µ+s)

µ

]n+1

− 1

)[(λ+µ+s)

µ

]− 1

=

[(λ+µ+s)

µ

]([(λ+µ+s)

µ

]n+1

− 1

)[(λ+µ+s−µ)

µ

]=

(λ+ µ+ s)

µ

([(λ+ µ+ s)

µ

]n+1

− 1

(λ+ s)(20)

10

Page 12: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

E substituındo o resultado de (20) em (19) temos que

[ΠdQ (t)

]n

= (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]n+1

+

(1− ρ) ρn+1

(λ+ µ+ s)

]n+2(λ+ µ+ s)

µ

([(λ+ µ+ s)

µ

]n+1

− 1

(λ+ s)

= (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]n+1

+

(1− ρ) ρn[

µ

(λ+ µ+ s)

]n+1([

(λ+ µ+ s)

µ

]n+1

− 1

(λ+ s)ρ

= (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]n+1

+

(1− ρ) ρn

(1−

(λ+ µ+ s)

]n+1)

µ

(λ+ s)

λ

µ

= (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]n+1

+ (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)−

(1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ µ+ s)

]n+1

= (1− ρ) ρnλ

(λ+ s)

(λ+ s)pdn

= A (s) pdn (21)

Portanto, ΠdQ (s) = A (s) Πd e assim, o processo {(Nn, Tn) , n ≥ 0} e equivalente a um processo

de renovacao exponencial com parametro λ, e configura entao um processo de Poisson.

Sabendo que as chegadas e saıdas de uma fila M/M/1 sao processos de Poisson, concluımos

entao que esse modelo de fila e de fato um modelo Markoviano, uma vez que o processo de Poisson

e Markoviano.

3.1.5 Exemplo

Seja um aeroporto com uma unica pista de pouso/decolagem. Os avioes chegam a uma taxa de

15/hora , e levam em media 3 minutos para aterrisar. Assumindo que as chegadas sao um processo

de Poisson, e o tempo de aterrisagem e distribuıdo por uma exponencial:

λ = 15/hora

µ =60

3/hora = 20/hora

11

Page 13: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

intensidade de trafego: ρ =λ

µ=

3

4= 0.75

numero medio de avioes aguardando para pousar: Lq =ρ2

(1− ρ)=

(0.75)2

0.25= 2.25

tempo medio de espera para o pouso: Wq =λ

µ (µ− λ)=

15

20 (20− 15)=

3

20= 9 minutos

3.1.6 M [X]/M/1

Ate este momento, todas as filas apresentadas consistiam em chegadas em que cada cliente

chegava “sozinho”, ou seja, um usuario por vez entrava no sistema. Porem, agora, vamos apresen-

tar a fila em que mais de um cliente entra, por vez, no sistema. Ou seja, a chegada e dada em grupos.

Consideremos entao, que clientes chegam em grupos de tamanho X, onde X e uma variavel

aleatoria que assume valores maiores que zero. Da mesma forma que nas demais filas, cada grupo

chega de acordo com um processo de Poisson com razao λ e seu tempo de servico tem distribuicao

exponencial de razao µ.

Seja dk = P(X = k), k = 1, 2, . . . a distribuicao do tamanho do grupo que chega ao sistema.

O tamanho do grupo independe de qualquer caracterıstica do sistema. Seja Q(t) o numero de

clientes no sistema ate o tempo t. Entao, Q(t) aumenta de acordo com o tamanho do grupo que

chega ate o tempo t, assim Q(t) tambem sera um processo de nascimento e morte, na qual o au-

mento do numero de clientes ocorre num espaco de estados de acordo com pelo menos uma chegada.

Considerando que o sistema esta em equilıbrio, a equacao para frente sera 0 = −(λ+ µ)pn + µpn+1 + λ∑k dkpn−k, n ≥ 1;

0 = −λp0 + µp1.(22)

O termo∑k dkpn−k vem do fato de que um total de n pessoas no sistema, ate o tempo t+ ∆t,

aparece de n − k presentes ate o tempo t, ja que um grupo de tamanho k chega no intervalo

subsequente ∆t.

Para resolver (22), utilizamos a funcao geradora de probabilidade. Definimos,

P (z) =

∞∑n=0

znpn

δ(z) =

∞∑k=1

zkdk,

para |z| ≤ 1.

12

Page 14: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Multiplicando a primeira equacao dada em (22) por∑∞n=1 z

n temos

λp0 = µp1

(λ+ µ)

∞∑n=1

znpn = µ

∞∑n=1

znpn+1 + λ

∞∑n=1

zn∑k

dkpn−k

Rearranjando os termos e fazendo algumas simplificacoes, obtemos

(λ+ µ)P (z)− µp0 = λ

∞∑k=1

dkzk∞∑n=k

zn−kpn−k + µ

∞∑n=0

znpn + 1

= λδ(z)P (z) +µ

z

∞∑m=1

zmpm

= λδ(z)P (z) +µ

z[P (z)− p0],

o que resulta em

P (z) =µp0(1− z)

µ(1− z)− λz[1− δ(z)]. (23)

Para determinar p0 consideramos que∑n pn = 1 e observamos que limz→1 P (z) = 1. Assim,

considerando o limite da equacao (23) e usando a Regra de l’Hopital, obtemos

limz→1

P (z) =limz→1 µp0(1− z)

limz→1[µ(1− z)− λz[1− δ(z)]]

1 =µp0

µ+ λ(1− δ′(1))

p0 = 1− λδ′(1)

µ. (24)

Notemos que

δ′(1) = limz→1

∞∑k=1

kdkzk−1

= E(X) = d.

Sendo a media do tamanho do grupo igual a d, podemos observar tambem que λdµ = ρ e a

intensidade de trafego. O que nos leva a concluir que

p0 = 1− ρ (25)

e

P (z) =µ(1− z)(1− ρ)

µ(1− z)− λz(1− δ(z)), |z| ≤ 1. (26)

Utilizando a equacao (26) podemos calcular o valor medio de Q quando t → ∞. Note que

E(Q) = limz→1 P′(z). Agora, usando novamente a Regra de l’Hopital e aplicando o limite em

P ′(z), temos

E(Q) = limz→1

P ′(z) =2ρ+ λ

µδ′′(1)

2(1− ρ). (27)

13

Page 15: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Observemos que δ′′(z) = E(x2)− E(X). Como d e a media do tamanho do grupo, resultamos

em

L = E(Q) =ρ+ λ

µE(X2)

2(1− ρ). (28)

Um exemplo de fila M [X]/M/1 e formada em restaurantes, onde os clientes chegam em grupos

de tamanho aleatorio, e sao atendidos um a um, como por exemplo em uma fila de Fast Food.

3.1.7 M/M [X]/1

A fila M/M [X]/1 configura uma fila em que as entradas sao um a um, mas as saıdas sao em

grupos. Duas situacoes podem ocorrer: O servidor aguarda um grupo de tamanho K se formar

para iniciar o atendimento, ou quando o primeiro cliente chega, o servidor inicia o atendimento

e os demais clientes que chegam se juntam a esse cliente durante o atendimento, e tambem sao

atendidos em grupos de no maximo K. Por questoes algebricas, sera considerado que o servidor

aguarda um grupo de K clientes se formar para entao comecar o atendimento. A taxas de chegada

e servico sao λ e µ respectivamente.

A forward equation e dada pordp0(t)dt = −λp0(t) + µpK(t)

dpn(t)dt = −λpn + λpn−1 + µpn+K , n = 1, 2, ...,K − 1;

dpn(t)dt = − (λ+ µ) pn + λpn−1 + µpn+K , n ≥ K;

(29)

Considerando o estado de equilıbrio, reescrevemos (29) como0 = −λp0 + µpK

0 = −λpn + λpn−1 + µpn+K , n = 1, 2, ...,K − 1;

0 = − (λ+ µ) pn + λpn−1 + µpn+K , n ≥ K;

(30)

e reescrevendo as equacoes de (30)

λp0 = µpK (31)

λpn = λpn−1 + µpn+K , n = 1, 2, ...,K − 1 (32)

(λ+ µ) pn = λpn−1 + µpn+K , n ≥ K (33)

A solucao dessas equacoes utiliza-se da funcao geradora de probabilidade, P (z) =∑∞n=0 pnz

n.

14

Page 16: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Utilizando a equacao (32)

λpn = λpn−1 + µpn+K

λpnzn = λpn−1z

n + µpn+Kzn

K−1∑n=1

λpnzn =

K−1∑n=1

λpn−1zn +

K−1∑n=1

µpn+Kzn

λ

K−1∑n=1

pnzn = λ

K−1∑n=1

pn−1zn + µ

K−1∑n=1

pn+Kzn (34)

e a equacao (33)

(λ+ µ) pn = λpn−1 + µpn+K

(λ+ µ) pnzn = λpn−1z

n + µpn+Kzn

∞∑n=K

(λ+ µ) pnzn =

∞∑n=K

λpn−1zn +

∞∑n=K

µpn+Kzn

(λ+ µ)

∞∑n=K

pnzn = λ

∞∑n=K

pn−1zn + µ

∞∑n=K

pn+Kzn (35)

Somamos entao as equacoes (31), (34) e (35)

λp0 + λ

K−1∑n=1

pnzn + (λ+ µ)

∞∑n=K

pnzn =

µpK + λ

K−1∑n=1

pn−1zn + µ

K−1∑n=1

pn+Kzn

∞∑n=K

pn−1zn + µ

∞∑n=K

pn+Kzn (36)

Rearranjando os termos, temos que

(λ+ µ)P (z)− µK−1∑n=0

pnzn =

( µ

zK+ λz

)P (z)− µ

zK

K−1∑n=0

pnzn

(λ+ µ− µ

zK− λz

)P (z) = µ

K−1∑n=0

pnzn − µ

zK

K−1∑n=0

pnzn

(λzK + µzK − µ− λzK+1

)P (z) = µzK

K−1∑n=0

pnzn − µ

K−1∑n=0

pnzn

[−λzK+1 + (λ+ µ) zK − µ

]P (z) = −µ

(1− zK

)K−1∑n=0

pnzn

[(λ

µ

)zK+1 −

µ+ 1

)zK − 1

]P (z) =

(1− zK

)K−1∑n=0

pnzn

P (z) =

(1− zK

)∑K−1n=0 pnz

n[(λµ

)zK+1 −

(λµ + 1

)zK − 1

] (37)

Agora, para a determinacao efetiva de P (z), e necessario definir z e∑K−1n=0 pnz

n. Para que

P (z) configure de fato uma funcao geradora de probabilidade, ela deve convergir no cırculo unitario.

15

Page 17: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Considerando o denominador de (37) como uma funcao, ela tera K+1 zeros, e o numerador devera

zerar tambem nesses pontos. E possıvel verificar que z = 1 e zero da funcao determinada pelo

denominador, e tambem que z = 1 fara com que o numerador seja nulo. Fazendo uso do teorema

de Rouche para variaveis complexas, e omitindo detalhes, uma vez que fogem do objetivo deste

trabalho, e possıvel ver que ha K − 1 zeros da funcao determinada pelo denominador dentro do

cırculo unitario, e sendo z = 1 tambem zero dessa funcao, havera uma unica raiz z0 > 1.

Ao dividirmos[(

λµ

)zK+1 −

(λµ + 1

)zK − 1

]por (z − 1) (z − z0), chegamos em um polinomio

com K− 1 raızes dentro do cırculo unitario, e como∑K−1n=0 pnz

n tambem tem raızes apenas dentro

do cırculo unitario, considerando C como uma constante, a igualdade a seguir e verdadeira:

K−1∑n=0

pnzn = C

[(λµ

)zK+1 −

(λµ + 1

)zK − 1

](z − 1) (z − z0)

(38)

Portanto, de (37) e (38), concluımos que

P (z) =C(1− zK

)(z − 1) (z − z0)

=C

z0 − z

K−1∑n=0

zn (39)

Determinando z = 1, e considerando que P (1) = 1, concluımos que C = z0−1K , e assim

P (z) =(z0 − 1)

K (z0 − z)

K−1∑n=0

zn (40)

E a partir de uma expansao em series de potencia

P (z) =(z0 − 1)

Kz0

(K−1∑s=0

zs

)[ ∞∑r=0

(z

z0

)r](41)

E entao

pn =

(z0−1)Kz0

∑nr=0

(1z0

)r, n < K;

(z0−1)Kzn−K+1

0

∑K−1r=0

(1z0

)r, n ≥ K;

(42)

Agora, lembrando que z0 > 1, entao 0 < 1z0< 1, entao

C∑n=0

(1

z0

)n=

[1−

(1z0

)n+1]

[1−

(1z0

)]Finalmente

pn =

(zn+1

0 −1)Kzn+1

0

, n < K;

(zK0 −1)Kzn+1

0

, n ≥ K;(43)

Um exemplo de filas do tipo M/M [X]/1 pode ser encontrado em parques de diversao, se con-

siderarmos que as entradas sao um a um. Uma atracao, como por exemplo uma montanha-russa,

so e iniciada quando ha pessoas o suficiente para completar o carrinho.

16

Page 18: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

3.1.8 Inferencia para filas M/M/1

Seja o modelo M/M/1 no estado de equilıbrio, conforme descrito anteriormente, em que λ e a

taxa de chegada e µ a taxa de atendimento. Seja tambem ρ = λ/µ. A fila e observada no intervalo

de tempo [0, T ), contendo n0 clientes no instante zero.

As seguintes suposicoes e elementos sao necessarios:

• P (X (t+ s) = x+ 1|X (t) = x) = λλ+µ

• P (X (t+ s) = x− 1|X (t) = x) = µλ+µ

• Tb = tempo total em que a fila permanece no estado ocupado

• Tb ∼ exp (λ+ µ)

• T − Tb = tempo total em que a fila permanece vazia

• Se a fila esta vazia, o intervalo de tempo ate a proxima chegada tem distribuicao exp(λ)

• Assumindo o estado de equilıbrio, N0 ∼ Ge (ρ)

• ne e o total de chegadas quando a fila esta vazia

• nb e o total de chegadas quando a fila esta ocupada

• n = ne + nb e o total de chegadas no intervalo [0, T )

• m e o total de saıdas no intervalo [0, T )

• O perıodo entre a ultima mudanca de estado ate o tempo T tem comprimento x`

• A medida de probabilidade de x` e proporcional a e−(λ+µ)x`

• xi sao os intervalos de tempo no estado i, ∀ i = 0, 1, 2, ..., nb +m

• xj sao os intervalos de tempo que a fila permanece vazia, ∀ j = 0, 1, 2, ..., ne

Assim, a verrosimilhanca e construıda a partir dos elementos e suposicoes feitas, e sera

f (λ, µ) ∝(

1− λ

µ

)(λ

µ

)n0

nb +m

nb

( λ

λ+ µ

)nb(

µ

λ+ µ

)me−(λ+µ)x`

×nb+m∏i=1

(λ+ µ) e−(λ+µ)xi ×ne∏j=1

λe−λxj (44)

Rearranjando os termos, a verossimilhanca e simplificada e reescrita como

f (λ, µ) ∝(µ− λµ

)(λ

µ

)n0

λnµme−λT e−µTb (45)

E a log-verrosimilhanca sera

` (λ, µ) = log f (λ, µ)

= log (µ− λ)− logµ+ n0 (log λ− logµ) + n log λ+m logµ− λT − µTb (46)

17

Page 19: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Dessa forma, para obter os estimadores de maxima verossimilhanca λ e µ, basta solucionar o

sistema resultante de

∂λ` (λ, µ) = 0 (47)

∂µ` (λ, µ) = 0 (48)

Assim, resolvendo as derivadas,

∂λ` (λ, µ) =

−1

(µ− λ)+n0λ

+n

λ− T

= −λ+ (µ− λ) (n+ n0)− λ (µ− λ)T

= −λ+ (µ− λ) (n+ n0 − λT ) (49)

∂µ` (λ, µ) =

1

(µ− λ)− 1

µ− n0

µ+m

µ− Tb

= µ+ (µ− λ) (m− n0 − 1)− µ (µ− λ)Tb

= µ+mµ− n0µ− µ−mλ+ n0λ+ λ+ (λ− µ)µTb

= λ+ (m− n0)µ− (m− n0)λ+ (λ− µ)µTb

= λ− (λ− µ) (m− n0) + (λ− µ)µTb

= λ− (λ− µ) (m− n0 − µTb) (50)

Igualando (47) a (49) e (48) a (50), obtem-se as equacoes

λ =(µ− λ

)(n+ n0 − λT

)(51)

λ =(λ− µ

)(m− n0 − µTb) (52)

Como o sistema formado e nao linear, nao e possıvel obter os estimadores de maxima verossi-

milhanca λ e µ atraves de metodos diretos. Porem, como ρ = λ/µ, entao λ = µρ, e as equacoes

sao reescritas como

µρ = (µ− µρ) (n+ n0 − µρT )

µρ = µ (1− ρ) (n+ n0 − µρT )

ρ = (1− ρ) (n+ n0 − µρT ) (53)

µρ = (µρ− µ) (m− n0 − µTb)

µρ = µ (ρ− 1) (m− n0 − µTb)

ρ = (1− ρ) (−m+ n0 + µTb) (54)

18

Page 20: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

E igualando (53) a (54), e possıvel encontrar uma expressao para os estimadores µ e λ = µρ

em funcao de ρ.

n+ n0 − µρT = −m+ n0 + µTb

n− µρT = −m+ µTb

n+m = µ (ρT + Tb)

Portanto

µ =(n+m)

(ρT + Tb)(55)

λ =(n+m)

(ρT + Tb)ρ (56)

Dessa forma, basta encontrar o estimador de maxima verossimilhanca ρ, e por invariancia dos

estimadores de maxima verossimilhanca substituı-lo nas equacoes (55) e (56).

Isolando µ na equacao (53)ρ

(1− ρ)= n+ n0 − µρT

µρT = n+ n0 −ρ

(1− ρ)

µρT =(1− ρ) (n+ n0)− ρ

(1− ρ)

µ =(1− ρ) (n+ n0)− ρ

(1− ρ) ρT(57)

E na equacao (54)ρ

(1− ρ)= −m+ n0 + µTb

µTb = m− n0 +ρ

(1− ρ)

µTb =(1− ρ) (m− n0) + ρ

(1− ρ)

µ =(1− ρ) (m− n0) + ρ

(1− ρ)Tb(58)

19

Page 21: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Agora, igualando a equacao (57) a (58)

(1− ρ) (n+ n0)− ρρT

=(1− ρ) (m− n0) + ρ

Tb

(1− ρ) (n+ n0)Tb − ρTb = (1− ρ) (m− n0) ρT + ρ2T

(n+ n0)Tb − (n+ n0)Tbρ− Tbρ = (m− n0)T ρ− (m− n0)T ρ2 + T ρ2

(n+ n0)Tb − (n+ n0 + 1)Tbρ = (m− n0)T ρ− (m− n0 − 1)T ρ2

(m− n0 − 1)T ρ2 − [(m− n0)T + (n+ n0 + 1)Tb] ρ+ (n+ n0)Tb = 0

Portanto, o estimador de maxima verossimilhanca ρ sera a raiz da funcao

f (ρ) = (m− n0 − 1)T ρ2 − [(m− n0)T + (n+ n0 + 1)Tb] ρ+ (n+ n0)Tb (59)

Sendo esta uma funcao quadratica, possuira 2 raızes. No entanto, relembrando que no estado

de equilıbrio, temos que N0 ∼ Ge (ρ), as raızes da funcao so serao admissıveis quando pertencerem

ao intervalo [0, 1]. Em geral, essa solucao sera unica, mas no caso de haver 2 raızes que satisfacam

o estado de equilıbrio, toma-se por estimador aquela que maximizar a funcao de verossimilhanca.

E possıvel tambem verificar que sempre havera uma raiz pertencente ao intervalo [0, 1], pois

f (0) = (n+ n0)Tb > 0 e f (1) = − (T + Tb) < 0.

Portanto, seja ρ1 ∈ [0, 1] raiz de f , λ1 = (n+m)(ρ1T+Tb)

ρ1 e µ1 = (n+m)(ρ1T+Tb)

sao os estimadores de

maxima verossimilhanca para λ e µ taxas de chegada e atendimento, respectivamente.

EXEMPLO: Considere uma bilheteria de cinema, com um unico atendente. A fila dessa bi-

lheteria e observada durante um perıodo T = 30minutos. Durante esse tempo, foi observado:

• 2 de clientes no instante zero (n0 = 2)

• 75 novos clientes chegaram durante os 30 minutos (n = 75)

• 70 clientes foram atendidos durante os 30 minutos (m = 70)

• O caixa ficou ocupado por um tempo total de 25 minutos durante os 30 minutos (Tb = 25)

Assim, retomando a funcao em (59), ao substituir os valores observados, chega-se em

f (ρ) = 30 (70− 2− 1) ρ2 − [(70− 2) 30 + (75 + 2 + 1) 25] ρ+ (75 + 2) 25

= 2010ρ2 − 3990ρ+ 1925 (60)

As raızes dessa funcao serao ρ1 = 0.827 e ρ2 = 1.158, e como ρ2 > 1, ρ1 sera a unica solucao

admissıvel. Finalmente, usando as equacoes (55) e (56), obtem-se λ = 2.407 e µ = 2.911.

20

Page 22: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

3.2 M/M/c

A fila M/M/c e uma extensao da fila M/M/1, apresentando a mesma distribuicao de chegada,

a mesma disciplina e a mesma distribuicao do tempo de servico. Mas, o que difere ambas e

a quantidade de servidores, agora considerado um sistema com c servidores. Novamente, esta

fila pode ser considerada com um processo de nascimento e morte, com as respectivas razoes de

chegadas e saıdas dadas por

λn = λ n ≥ 0

µn =

nµ, 0 ≤ n < c;

cµ, n ≥ c.

3.2.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/c

Para obtermos a distribuicao estacionaria, primeiro consideramos que neste caso, nossa inten-

sidade de trafego e dada por

ρ = λcµ , n ≥ c.

Dessa forma, a equacao (12) sera

pn =

(λµ

)np0, 0 ≤ n < c;(

λcµ

)np0, n ≥ c.

(61)

Para resolvermos (61) iniciamos com o fato do estado encontrar-se em equilıbrio, assim, a

forward equation sera 0 = −(λn + µn)pn + µn+1pn+1 + λn−1pn−1, n < c;

0 = −λp0 + µp1.(62)

Segue que, (λn + µn)pn = µn+1pn+1 + λn−1pn−1, n < c;

λp0 = µp1,(63)

Agora, considerando somente a primeira equacao temos

(λn + µn)pn = µn+1pn+1 + λnpn−1 ⇒ λnpn + µnpn = λn−1pn−1 + µn+1pn+1

⇒ µn+1pn+1 − λnpn = µnpn − λn−1pn−1 ⇒ µn+1pn+1 − λnpn = 0.

A ultima passagem e valida devido ao processo ser homogeneo. Portanto,

µn+1pn+1 = λnpn ⇒ pn+1 =λnµn+1

pn,

21

Page 23: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

que podemos definir como

px =λ0 · · ·λx−1µ1 · · ·µx

p0 = ρxp0, x ≥ 1. (64)

Utilizando (64), vamos resolver (61).

Para o caso 0 ≤ n < c:

pn =

(λ0 · · ·λn−1µ1 · · ·µn

)p0

=

(λn

1µ2µ · · ·nµ

)p0

=1

n!

µ

)np0 (65)

Para o caso n ≥ c:

pn =

(λ0 · · ·λn−1µ1 · · ·µn

)p0

=

(λ0 · · ·λc · · ·λnµ1 · · ·µc · · ·µn

)p0

=

(λn

1µ2µ · · · cµ · · ·nµ

)p0

=

(λn

µnc!cn−c

)p0

=1

c!cn−c

µ

)np0.

Agora, precisamos encontrar p0. Para tanto, sabemos que∑∞n=0 pn = 1, entao

∞∑n=0

pn = 1⇔

∞∑n=0

[1

n!

µ

)np0 +

1

c!cn−c

µ

)np0

]= 1⇔

c−1∑n=0

1

n!

µ

)np0 +

∞∑n=c

1

c!cn−c

µ

)np0 = 1⇔

[c−1∑n=0

1

n!

µ

)n+

∞∑n=c

1

c!cn−c

µ

)n]−1= p0 ⇔[

c−1∑n=0

1

n!

µ

)n+

1

c!cc∞∑n=c

)n]−1= p0 ⇔[

c−1∑n=0

1

n!

µ

)n+

1

c!cc(

(λ/cµ)c

1− λ/cµ

)]−1= p0 ⇔[

c−1∑n=0

1

n!

µ

)n+

1

c!

µ

)c(1− λ

)−1]−1= p0. (66)

22

Page 24: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Temos entao que a distribuicao estacionaria sera

pn =

1n!

(λµ

)np0, 0 ≤ n < c;

1c!cn−c

(λµ

)np0, n ≥ c.

(67)

Nesta fila tambem temos que λ < cµ, neste caso o processo tambem sera recorrente positivo

com uma unica distribuicao dada em (61).

3.2.2 Valor Esperado do Numero de Clientes

Com a distribuicao encontrada, podemos calcular algumas medidas desse processo, tais como

o valor esperado do numero de pessoas na fila (Lq), e o valor esperado do numero de pessoas no

sistema (L). Dessa forma, temos que

Lq =

∞∑n=c

(n− c)pn =

∞∑n=c

(n− c) 1

c!cn−c

µ

)np0

=1

c!

µ

)cp0

∞∑n=c

(n− c)(λ

)n−c=

1

c!

µ

)cp0

∞∑k=1

kρk

=1

c!

µ

)cp0ρ

∞∑k=1

kρk−1 =1

c!

µ

)cp0ρ

∞∑k=1

d

dρρk

=1

c!

µ

)cp0ρ

d

∞∑k=1

ρk =1

c!

µ

)cp0ρ

d

1− ρ

)

=1

c!

µ

)cp0ρ

(1

1− ρ

)2

.

(68)

Admitindo que vale a troca de ordem entre somatorio e derivada, temos que

Lq =1

c!

µ

)cp0λ

(cµ

cµ− λ

)2

=1

c!

µ

)cp0λ

(cµ− λ)2

=1

(c− 1)!

µ

)cp0

λµ

(cµ− λ)2. (69)

Utilizando a relacao de Little, obtemos que

Wq =Lqλ

=1

(c− 1)!

µ

)cp0

µ

(cµ− λ)2. (70)

Para calcular L e W , podemos considerar uma outra relacao apresentada por Little: o tempo

medio do espera no sistema e igual ao tempo medio de espera na fila mais o tempo medio total no

sistema.

23

Page 25: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Partindo dessa relacao, temos que

W = Wq +1

µ=

1

µ+Lqλ

=1

(c− 1)!

µ

)cp0

µ

(cµ− λ)2, (71)

e entao

L = λW =λ

µ+

1

(c− 1)!

µ

)cp0

λµ

(cµ− λ)2. (72)

3.2.3 Exemplo

Reconsiderando o exemplo utilizado para filas M/M/1, seja um aeroporto, agora com 2 pistas

de pouso/decolagem. Novamente, os avioes chegam a uma taxa de 15/hora , e levam em media

3 minutos para aterrisar. Assumindo que as chegadas sao um processo de Poisson, e o tempo de

aterrisagem e distribuıdo por uma exponencial:

λ = 15/hora

µ =60

3/hora = 20/hora

numero de servidores: c = 2

intensidade de trafego em cada pista: ρ =λ

cµ=

3

8= 0.375

p0 =

[1∑

n=0

(λ/µ)n

n!+

(λ/µ)c

c! (1− ρ)

]−1=

[1 +

3

4+

(3/4)2

2

(1− 3

8

)−1]−1= 0.4545

numero medio de avioes aguardando para pousar: Lq =ρ (λ/µ)

cp0

c! (1− ρ)2 =

(3/8) (3/4)2

0.4545

2 (5/8)2 = 0.1227

tempo medio de espera para o pouso: Wq =(λ/µ)

cp0

c!cµ (1− ρ)2 =

(3/4)2

0.4545

2× 2× 20(1− 3

8

)2 = 0.49 minuto

24

Page 26: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

3.3 M/M/∞

Uma fila M/M/∞ configura um processo de nascimento e morte em que as chegadas seguem

uma distribuicao de Poisson com taxa λ e as saıdas uma distribuicao de Poisson com taxa nµ. Ou

seja, a taxa de saıda varia de acordo com o numero de clientes na fila. Esse tipo de processo e

tido como um processo de nascimento e morte em que a morte e linear. Isso ocorre porque a fila

M/M/∞ tem infinitos servidores, e assim, todos os clientes que chegam a fila sao atendidos.

3.3.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/∞

De forma analoga a deducao feita na fila M/M/1, chegaremos a distribuicao estacionaria da

fila M/M/∞. Seja pn (t) = P (N (t) = n), a forward equation e dada pordpn(t)dt = −(λ+ nµ)pn(t) + (n+ 1)µpn+1(t) + λpn−1(t), n ≥ 1;

dp0(t)dt = −λp0(t) + µp1(t)

(73)

Considerando o estado de equilıbrio, reescrevemos (73) como 0 = −(λ+ nµ)pn(t) (n+ 1)µpn+1(t) + λpn−1(t), n ≥ 1;

0 = −λp0(t)µp1(t)(74)

ou pn+1 = (λ+nµ)(n+1)µ pn −

λ(n+1)µpn−1, n ≥ 1;

p1 = λµp0

(75)

Assim pela equacao (75), para n = 1

p2 =(λ+ µ)

2µp1 −

λ

2µp0

=(λ+ µ)

λ

µp0 −

λ

2µp0

[(λ+ µ)

µ− 1

]p0

=1

2

µ

)(λ+ µ− µ

µ

)p0 =

1

2

µ

)(λ

µ

)p0

=1

2

µ

)2

p0 (76)

25

Page 27: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Para n = 2

p3 =(λ+ 2µ)

3µp2 −

λ

3µp1

=(λ+ 2µ)

1

2

µ

)2

p0 −λ

λ

µp0

=1

3

µ

)2 [(λ+ 2µ)

2µ− 1

]p0

=1

3

µ

)2((λ+ 2µ− 2µ)

)p0 =

1

3

µ

)2(λ

)p0

=1

3!

µ

)3

p0 (77)

E e razoavel considerar que

pn =1

n!

µ

)np0 (78)

Assim, assumindo que (78) vale para n− 1 e para n

pn+1 =(λ+ nµ)

(n+ 1)µpn −

λ

(n+ 1)µpn−1

=(λ+ nµ)

(n+ 1)µ

1

n!

µ

)np0 −

λ

(n+ 1)µ

1

(n− 1)!

µ

)n−1p0

=(λ+ nµ)

µ

1

(n+ 1)!

µ

)np0 −

µ

1

(n+ 1)!

µ

)n−1p0

=1

(n+ 1)!

µ

)n−1 [(λ+ nµ)

µ

λ

µ− nλ

µ

]p0

=1

(n+ 1)!

µ

)n−1(λ2 + nλµ− nλµ

µ2

)p0 =

1

(n+ 1)!

µ

)n−1(λ2

µ2

)p0

=1

(n+ 1)!

µ

)n+1

p0 (79)

E portanto, esta provado por inducao que a equacao (78) vale para todo n ≥ 1.

Agora, sabendo que∑∞n=0 pn = 1, entao

∞∑n=0

pn = 1

∞∑n=0

1

n!

µ

)np0 = 1

p0

∞∑n=0

1

n!

µ

)n= 1

∞∑n=0

1

n!

µ

)n=

1

p0

eλ/µ =1

p0(80)

26

Page 28: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Portanto p0 = e−λ/µ, e assim,

pn =e−λ/µ

n!

µ

)n, n ≥ 0 (81)

Para o modelo M/M/∞, nao ha sentido em se estudar o valor esperado do comprimento da

fila, ou do tempo de espera, uma vez que havendo infinitos servidores, os clientes serao atendidos

de imediato a chegada, e portanto, nao ha um numero de clientes que aguarda para ser atendido,

e nem tempo de espera.

27

Page 29: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

3.4 M/M/c/K

As filas M/M/c/K sao filas com um limite de tamanho, e ocorrem com mais frequencia que

as filas que podem atingir tamanho infinito. Seja c o numero de servidores, e K a capacidade

maxima do sistema, e logico pensarmos que K ≥ c, pois havendo c servidores, o sistema devera

comportar pelo menos esse numero de pessoas. Assim, a fila de espera tera tamanho maximo K−c.

Dessa forma, as taxas desse modelo sao definidas como

λn =

λ, n = 0, 1, ..., c, ...,K − 1

0, n ≥ K

µn =

nµ, n = 0, 1, ..., c

cµ, n = c+ 1, ...,K

0, n > K

3.4.1 Distribuicao Estacionaria da Fila M/M/c/K

De forma analoga aos modelos anteriores, seja pn (t) = P (N (t) = n), a forward equation e

dada por

dp0(t)dt = −λp0 + µp1

dpn(t)dt = − (λ+ nµ) pn + λpn−1 + (n+ 1)µpn+1, n = 1, ..., c− 1

dpn(t)dt = − (λ+ cµ) pn + λpn−1 + cµpn+1, n = c, ...,K − 1

dpK(t)dt = −cµpK + λpK−1

(82)

Considerando o estado de equilıbrio, reescrevemos (82) como

0 = −λp0 + µp1

0 = − (λ+ nµ) pn + λpn−1 + (n+ 1)µpn+1, n = 1, ..., c− 1

0 = − (λ+ cµ) pn + λpn−1 + cµpn+1, n = c, ...,K − 1

0 = −cµpK + λpK−1

(83)

ou

p1 = λµp0

pn+1 = (λ+nµ)(n+1)µ pn −

λ(n+1)µpn−1, n = 1, ..., c− 1

pn+1 = (λ+cµ)cµ pn − λ

cµpn−1, n = c, ...,K − 1

pK = λcµpK−1

(84)

28

Page 30: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Assim, pela equacao (84), para n = 1

p2 =(λ+ µ)

2µp1 −

λ

2µp0

=(λ+ µ)

λ

µp0 −

λ

2µp0

[(λ+ µ)

µ− 1

]p0

=1

2

µ

)(λ+ µ− µ

µ

)p0 =

1

2

µ

)(λ

µ

)p0

=1

2

µ

)2

p0 (85)

Para n = 2

p3 =(λ+ 2µ)

3µp2 −

λ

3µp1

=(λ+ 2µ)

1

2

µ

)2

p0 −λ

λ

µp0

=1

3

µ

)2 [(λ+ 2µ)

2µ− 1

]p0

=1

3

µ

)2((λ+ 2µ− 2µ)

)p0 =

1

3

µ

)2(λ

)p0

=1

3!

µ

)3

p0 (86)

E e razoavel considerar que

pn =1

n!

µ

)np0, n = 1, ..., c− 1 (87)

E assumindo que (87) vale para n e n− 1

pn+1 =(λ+ nµ)

(n+ 1)µpn −

λ

(n+ 1)µpn−1

=(λ+ nµ)

(n+ 1)µ

1

n!

µ

)np0 −

λ

(n+ 1)µ

1

(n− 1)!

µ

)n−1p0

=(λ+ nµ)

µ

1

(n+ 1)!

µ

)np0 −

µ

1

(n+ 1)!

µ

)n−1p0

=1

(n+ 1)!

µ

)n−1 [(λ+ nµ)

µ

λ

µ− nλ

µ

]p0

=1

(n+ 1)!

µ

)n−1(λ2 + nλµ− nλµ

µ2

)p0 =

1

(n+ 1)!

µ

)n−1(λ2

µ2

)p0

=1

(n+ 1)!

µ

)n+1

p0 (88)

E portanto, esta provado por inducao que a equacao (87) vale para todo n = 1, ..., c.

29

Page 31: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Agora, novamente pela equacao (84), para n = c

pc+1 =(λ+ cµ)

cµpc −

λ

cµpc−1

=(λ+ cµ)

1

c!

µ

)cp0 −

λ

1

(c− 1)!

µ

)c−1p0

=1

c!

µ

)c [(λ+ cµ)

cµ− 1

]p0

=1

c!

µ

)c(λ+ cµ− cµ

)p0

=1

c!

µ

)c(λ

)p0 (89)

Para n = c+ 1

pc+2 =(λ+ cµ)

cµpc+1 −

λ

cµpc

=(λ+ cµ)

1

c!

µ

)c(λ

)p0 −

λ

1

c!

µ

)cp0

=1

c!

µ

)c [(λ+ cµ)λ

c2µ2− λ

]p0

=1

c!

µ

)c(λ2 + λcµ− λcµ

c2µ2

)p0

=1

c!

µ

)c(λ

)2

p0 (90)

E e razoavel considerar que

pn =1

c!

µ

)c(λ

)n−cp0, n = c, ...,K (91)

E assumindo que (91) vale para n e n− 1

pn+1 =(λ+ cµ)

cµpn −

λ

cµpn−1

=(λ+ cµ)

1

c!

µ

)c(λ

)n−cp0 −

λ

1

(c− 1)!

µ

)c−1(λ

)n−c+1

p0

=1

c!

µ

)c(λ

)n−c [(λ+ cµ)

cµ− λ

]p0

=1

c!

µ

)c(λ

)n−c(92)

E portanto, esta provado por inducao que a equacao (91) vale para todo n = c, ...,K.

30

Page 32: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Agora, sabendo que∑Kn=0 pn = 1, entao

K∑n=0

pn = 1

c∑r=0

pr +

K∑s=c+1

ps = 1

c∑r=0

1

r!

µ

)rp0 +

K∑s=c+1

1

c!

µ

)c(λ

)s−cp0 = 1

c∑r=0

1

r!

µ

)r+

K∑s=c+1

1

c!

µ

)c(λ

)s−c=

1

p0(93)

Portanto,

p0 =

[c∑r=0

1

r!

µ

)r+

1

c!

µ

)c K∑s=c+1

)s−c]−1(94)

3.4.2 Valor Esperado do Numero de Clientes

Agora, a partir da distribuicao de probabilidade obtida, e possıvel calcular o numero esperado

de pessoas na fila (Lq) e o numero esperado de pessoas no sistema (L). Para isso, consideramos

que, havendo n pessoas no sistema, havera c pessoas sendo atendidas, e portanto, n − c pessoas

na fila. Como a fila de espera se forma apenas quando n > c (caso contrario, todas as pessoas no

sistema estarao sendo atendidas e o numero de pessoas na fila sera zero), a expressao para Lq e

dada por,

Lq =

K∑n=c

(n− c) pn

=

K∑n=c

(n− c) 1

c!

µ

)c(λ

)n−cp0

=1

c!

µ

)cp0

K∑n=c

(n− c)(λ

)n−c, z = n− c

=1

c!

µ

)cp0

K−c∑z=0

z

)z, r =

λ

=1

c!(cr)

cp0

K−c∑z=0

zrz =1

c!(cr)

crp0

K−c∑z=0

zrz−1

=1

c!(cr)

crp0

K−c∑z=0

∂rrz (95)

31

Page 33: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Admitindo que vale a troca de ordem entre somatorio e derivada, temos que

Lq =1

c!(cr)

crp0

∂r

K−c∑z=0

rz

=1

c!(cr)

crp0

∂r

[1− rK−c+1

1− r

]=

1

c!(cr)

crp0

[1− rK−c+1 − (1− r) (K − c+ 1) rK−c

](1− r)2

=(cr)

cr

c! (1− r)2[1− rK−c+1 − (1− r) (K − c+ 1) rK−c

]p0

=(cr)

cr

c! (1− r)2[1− rK−c+1 − (K − c+ 1) rK−c + r (K − c+ 1) rK−c

]p0

=(cr)

cr

c! (1− r)2[1− rK−c+1 − (K − c+ 1) rK−c + r (K − c) rK−c + rK−c+1

]p0

=(cr)

cr

c! (1− r)2(1− [(K − c+ 1)− r (K − c)] rK−c

)p0

=(cr)

cr

c! (1− r)2(1− [(1− r) (K − c) + 1] rK−c

)p0 (96)

Agora,

L =

K∑n=0

npn

=

c−1∑n=0

npn +

K∑n=c

npn

=

c−1∑n=0

npn +

K∑n=c

(n− c+ c) pn

=

c−1∑n=0

npn +

K∑n=c

(n− c) pn + c

K∑n=c

pn

=

c−1∑n=0

npn + c

(1−

c−1∑n=0

pn

)+

K∑n=c

(n− c) pn

= c+

c−1∑n=0

npn − cc−1∑n=0

pn + Lq

= c+ Lq +

c−1∑n=0

(n− c) pn

= c+ Lq +

c−1∑n=0

(n− c) 1

n!

µ

)np0

= c+ Lq + p0

c−1∑n=0

(n− c) 1

n!

µ

)n(97)

32

Page 34: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

Finalmente, pela relacao de Little, chegamos as expressoes de Wq e W , tempo medio de espera

na fila e no sistema, respectivamente.

Wq =Lq

λ (1− pK)(98)

W =L

λ (1− pK)(99)

Ou seja, Wq = W − 1µ .

33

Page 35: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

4 Consideracoes Finais

A partir deste trabalho, foi possıvel estudar alguns dos modelos de filas mais utilizados, que sao

os modelos Markovianos, e compreender seus comportamentos, a partir de analises da entrada e

saıda de clientes nas filas, intensidade de trafego e outras variaveis , como o tamanho esperado da

fila e o tempo media de Espera. Tambem pode-se observar que a analise de filas tem consideravel

importancia, uma vez que estao presentes em diversas situacoes do cotidiano.

Os modelos aqui abordados retratam apenas uma parcela de todos os modelos de filas existentes;

ha tambem modelos que envolvem entradas e/ou saıdas com distribuicoes diferentes do processo

de Poisson, ou ate mesmo determinısticas, no entanto as filas Markovianas foram o foco deste

trabalho, e portanto esses modelos nao foram abordados.

34

Page 36: Teoria de Filas - ime.unicamp.brnancy/Cursos/me501/filas_final.pdf · ser a atendido primeiro o que chega por ultimo, conhecida como rst in last out - FILO. A primeira disciplina

5 Referencias

GROSS, D., HARRIS. C.M. Fundamentals os Queueing Theory, Wiley series in Probability

and Mathematical Statistics, New York, 1974

MAGALHAES, Marcos N. Introducao a Rede de Filas, ABE, Sao Paulo, 1996

TAKACS, Lajos Introduction to the Theory of Queues, Oxford University Press, New York,

1962

SAATY, Thomas L. Elements of Queueing Theory With Applications, McGraw-Hill Book Com-

pany, New York, 1961

GNEDENKO, B.V., KOVALENKO, I.N. Introduction to Queueing Theory, Second Edition,

Birkhauser, Boston, 1989

BHAT, U. Narayan An Introduction to Queueing Theory, Modeling and Analysis in Applicati-

ons, Birkhauser, Boston, 2008

35