teoria de desenvolvimento moral

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Bruno de Alegria Vasques Gurué Giselda Telma Bunaia Teorias e Desenvolvimento Moral (Licenciatura em Psicologia Educacional) Universidade Pedagógica Lichinga 2016

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Bruno de Alegria Vasques Gurué

Giselda Telma Bunaia

Teorias e Desenvolvimento Moral

(Licenciatura em Psicologia Educacional)

Universidade Pedagógica

Lichinga

2016

Bruno de Alegria Vasques Gurué

Giselda Telma Bunaia

Teorias e Desenvolvimento Moral

(Licenciatura em Psicologia Educacional)

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira

de psicologia do desenvolvimento da

criança e do adolescente no departamento

de Ciências de Educação e Psicologia,

leccionado pelo dr: Calisto Adelino

Silvestre.

Universidade Pedagógica

Lichinga

2016

Índice Página

1. Introdução ....................................................................................................................4

2. Desenvolvimento moral: Teoria de Kohlberg ..................................................................5

2.1. Cada estádio de desenvolvimento moral: .................................................................5

2.2. Metodologia de Kohlberg:......................................................................................5

3. Nível Pré-convencional ou Pré-moral .............................................................................6

4. Nível Convencional.......................................................................................................6

5. Nível Pós-convencional .................................................................................................6

6. Moral Pré-convencional.................................................................................................7

6.1. Estádio 1: moralidade heterónima (moral do castigo) ...............................................7

6.2. Estádio 2: Individualismo, propósito e troca instrumental (a moral do interesse) ........7

7. Moral Convencional ......................................................................................................8

7.1. Estádio 3: Expectativas e relações interpessoais mútuas e conformidade interpessoal

(a moral do coração do “bom rapaz”). ................................................................................8

7.2. Estádio 4: Sistema Social e Consciência (a moral da lei) ..........................................8

8. Moral Pós-convencional ................................................................................................8

8.1. Estádio 5: Contrato Social (a moral do relativismo da lei) .........................................8

8.2. Estádio 6: Princípios Éticos Universais (a moral da razão universal) .........................9

9. Níveis e Estádios do Desenvolvimento Moral ............................................................... 10

9.1. Factores de desenvolvimento: ............................................................................... 11

9.2. Estratégia para a promoção do desenvolvimento moral:.......................................... 11

10. Conclusão ............................................................................................................... 12

11. Bibliografia ............................................................................................................. 13

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1. Introdução

Lawrence Kohlberg dedica-se a estudar o desenvolvimento moral do ser humano,

retomando e aperfeiçoando o modelo piagetiano. Considera que o desenvolvimento

moral se desenrola em seis estágios independentemente da cultura, grupo social ou país.

Cada estágio apresenta características próprias, estando relacionado com a idade e

representando um sistema de organização mais compreensivo e qualitativamente

diferente do estágio anterior.

O presente trabalho insere-se no âmbito do desenvolvimento moral da criança e do

adolescente relativamente a cadeira de Psicologia do Desenvolvimento da Criança e do

Adolescente, que tem como tema teorias e desenvolvimento moral.

Objectivo geral: Estudar as definições das teorias e desenvolvimento moral.

Objectivos específicos:

Mostrar as definições na perspectiva de Kohlberg e Piaget;

Indicar o desenvolvimento moral na concepção Kohlberg;

Metodologia: Para a concretização do presente trabalho da cadeira de Psicologia de

desenvolvimento da criança e do adolescente recorremos aos métodos qualitativo e

bibliográfico onde o ultimo culminou com a consulta de várias obras de diversos

autores.

Estrutura do trabalho: O presente trabalho goza estrutura de um trabalho científico e

na sua mancha gráfica fazem parte os seguintes elementos: capa, folha de rosto,

introdução, desenvolvimento do trabalho, conclusão e Bibliografia.

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2. Desenvolvimento moral: Teoria de Kohlberg

Para Kohlberg (1984) A essência da moralidade reside mais no

sentido de justiça do que, propriamente no respeito pelas normas

sociais.

A moralidade tem mais a ver com considerações de igualdade, de equidade, de contratos

sociais e de reciprocidade nas relações humanas e menos com o cumprimento ou

violação de normas sociais ou regras.

A justiça é o princípio moral básico.

2.1.Cada estádio de desenvolvimento moral:

É qualitativamente diferente do precedente;

Representa um novo e mais compreensivo sistema de organização mental;

Ocorre numa sequência invariante;

Está relacionado com a idade de forma global e, mais especificamente, com o

desenvolvimento cognitivo.

2.2.Metodologia de Kohlberg:

Método clínico através da apresentação de dilemas (tal como Piaget);

Um dilema é um problema complexo em que não há resposta correcta única. O

essencial é as razões apontadas como justificativos da resposta.

A análise dos argumentos permite situar o sujeito num estádio de

desenvolvimento moral.

Kohlberg identificou três níveis de desenvolvimento moral no interior de cada um

distinguiu dois estádios.

I – Nível pré-convencional ou pré-moral (infância)

II – Nível convencional (adolescência)

III – Nível pós-convencional

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3. Nível Pré-convencional ou Pré-moral

Típica da maioria das crianças até aos 9 anos, alguns adolescentes e adultos.

A criança sabe que existem normas sociais, coisas que se podem ou não fazer,

mas estas normas permanecem externas.

As normas são obedecidas por duas razões: evitar o castigo e satisfazer desejos e

interesses concretos e individualistas, imediatos, pela recompensa que pode

advir.

Não deve roubar porque senão vai para a cadeia.

Deve roubar porque senão a mulher zanga-se com ele.

4. Nível Convencional

Típica da maioria dos adolescentes e adultos.

As normas e expectativas sociais foram interiorizadas. O justo e o injusto não se

confundem com o que leva à recompensa ou ao castigo, mas definem-se com as

normas estabelecidas na sociedade.

A moralidade implica cumprir os deveres e respeitar a lei e a ordem

estabelecidas. As necessidades individuais subordinam-se às normas sociais.

Não deve roubar porque é proibido, é contra a lei.

5. Nível Pós-convencional

Apenas uma minoria de adultos e, em geral, só depois dos 20-25 anos.

O valor moral depende menos da conformidade às normas morais e sociais

vigentes e mais da sua orientação em função de princípios éticos universais,

como o direito à vida, à liberdade, à justiça.

As normas sociais devem ter subjacentes princípios éticos universais e, por

vezes, pode haver contradição, impondo-se a necessidade de hierarquizar os

princípios e as normas (moral versus legal).

Tendo roubado o medicamento o Senhor António tem a atenuante que estava a defender

uma vida humana.

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Os três níveis de moralidade podem ser concretizados no seguinte exemplo:

Porque não se deve roubar?

Alguém pode ver e chamar a polícia. Pré-convencional

É uma questão de lei. Há leis que protegem as pessoas e as propriedades. Convencional

É uma violação dos direitos humanos, neste caso, do direito de propriedade. Pós-

convencional.

6. Moral Pré-convencional

6.1.Estádio 1: moralidade heterónima (moral do castigo)

Orientação dominante: obediência e punição;

Trata-se de obedecer à autoridade e evitar o castigo;

A moralidade é confundida com o castigo: é incorrecta toda a acção que leva à

punição e toda a acção punida é incorrecta. Está tudo bem se não for apanhado!

A acção é vista como tanto mais incorrecta quanto maior for o dano causado;

O dever baseia-se nas necessidades externas e objectivas;

As normas sociais são entendidas à letra e de modo absoluto. O castigo deve ser

a reacção automática à violação da norma.

6.2.Estádio 2: Individualismo, propósito e troca instrumental (a moral do

interesse)

As acções são justas e correctas quando são um instrumento que permite

satisfazer desejos, interesses e necessidades do próprio e, por ventura de um

outro, entendido de um ponto de vista individualista e concreto;

A justiça e a moralidade são questões de pura troca, orientadas por preocupações

hedonistas (satisfação de desejos e necessidades concretas e individuais) e

pragmáticas.

Deve-se retribuir o favor ou presente de alguém apenas pelo facto de esse

alguém me ter dado um presente ou feito um favor.

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7. Moral Convencional

7.1.Estádio 3: Expectativas e relações interpessoais mútuas e conformidade

interpessoal (a moral do coração do “bom rapaz”).

O sujeito deste estádio está preocupado com as normas e convenções sociais;

Esta preocupação é mais do ponto de vista de uma terceira pessoa (“bom

marido”, “bom amigo”, “bom cidadão”) que do ponto de vista social, legal e

institucional;

O sujeito está preocupado em manter a confiança interpessoal e a aprovação

social;

As justificações para uma boa ou má acção têm origens afectivas e relacionais.

Devia denunciar o irmão ao pai, porque teria remorsos em relação ao meu pai se

não lhe dissesse, porque o meu pai não poderia ter mais confiança em mim.

7.2.Estádio 4: Sistema Social e Consciência (a moral da lei)

Orientação dominante: Predomínio da lei, das normas e dos códigos socialmente

aceites, (“se toda a gente fizesse isso…”);

Os comportamentos são tidos como bons se se conformam a um conjunto rígido

de regras e o sujeito cumpre o seu dever, se respeita a autoridade e mantém a

ordem social;

É assumido o ponto de vista não de um sujeito individual mas de um “nós,

membros de uma sociedade”;

As regras e princípios morais foram interiorizados.

Não estacionava o carro em cima da passadeira de peões porque é proibido.

8. Moral Pós-convencional

8.1.Estádio 5: Contrato Social (a moral do relativismo da lei)

Orientação dominante: O maior bem para o maior número;

As leis são obedecidas porque representam uma estrutura necessária de acordo

social;

Mas a relatividade das normas é reconhecida;

As normas podem entrar em conflito com a moral;

As leis são relativas a uma sociedade. Existem valores e direitos de cariz

universal independentes da sociedade;

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Nos julgamentos morais, são tomados em consideração os diferentes pontos de

vista em confronto;

Presente uma perspectiva de transformação da sociedade.

Se António fosse julgado o juiz deveria ter em conta o ponto de vista moral, mas

preservar o ponto de vista legal e aplicar-lhe uma pena ligeira.

8.2.Estádio 6: Princípios Éticos Universais (a moral da razão universal)

Este último estádio constitui o ideal supremo do desenvolvimento moral e não

uma realidade empírica;

A conduta é controlada por um ideal interiorizado que solicita a acção e que é

independente das reacções do outro;

Este ideal interiorizado representa a crença do sujeito no valor da vida e está

marcado pelo respeito para com o indivíduo;

Trata-se de princípios universais de justiça, reciprocidade, de igualdade, do

respeito pela dignidade dos seres humanos considerados como pessoas

individuais.

Trata cada pessoa como um fim e não como um meio!

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9. Níveis e Estádios do Desenvolvimento Moral

As pesquisas de Piaget lhe permitiram concluir que existem diferenças quanto ao

respeito às regras em crianças de idades diferentes, distinguindo-se as fases de anomia,

heteronomia e autonomia moral.

Na fase de heteronomia moral a criança percebe as regras como absolutas, imutáveis,

intangíveis. As regras têm um carácter místico podendo ser consideradas como de

origem divina. Nessa fase a criança julga a acção como boa ou não com base nas

consequências dos atas, sem uma análise mais ampla e sem considerar as intenções do

autor da acção.

Considera que se um indivíduo foi puni do por uma determinada acção, esta acção é

errada. A criança tende a considerar que sempre que alguém é punido esse. Alguém

deve ter feito algo de errado, assumindo uma conexão absoluta entre a punição e o erro.

Para uma criança de seis anos, se um menino deixar seu doce cair em um lago ele é

culpado por ser bobo e não deve ganhar outro doce.

A criança de seis anos dirá provavelmente que um menino que quebrou cinco copos

enquanto ajudava a mãe é mais culpado do que aquele que quebrou um copo enquanto

roubava geleia.

Piaget percebeu que a criança pequena tem dificuldades para levar em conta as

circunstâncias atenuantes enquanto um adolescente já faz julgamentos com base na

equidade, sendo capaz de pensar em termos de possibilidades e de um número maior de

alternativas.

Na fase da autonomia moral (entre 8'e 12 anos) o propósito e consequências das regras

são considerados pela criança e a obrigação baseada na reciprocidade. A criança se

caracteriza pela moral da igualdade ou de reciprocidade; percebe as regras como

estabelecidas e mantidas pelo consenso social.

Piaget constatou que por volta de 10 anos a criança passa a perceber a regra como o

resultado de livre decisão, podendo ser modificada, e como digna de respeito, desde que

mutuamente consentido.

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Desenvolvimento moral - perspectiva piagetiana

No estádio de moral heterónimo: No estádio de moral autónoma:

A criança submete-se a regras que considera

como sagradas e intangíveis.

A criança baseia a moralidade na

cooperação e reciprocidade das relações

definindo as regras de modo autónomo.

A moralidade de um acto é determinada

pelas suas consequências materiais, a

motivação, a intenção e as circunstâncias

não são tidas em conta.

Trata-se de moralidade de cooperação ou

moralidade da reciprocidade.

Trata-se de realismo moral, na medida em

que os julgamentos são feitos numa base

objectiva e quantificável.

As regras morais a que se reporta são

aquelas que compreende e que interiorizou,

considerando que elas são modificáveis em

função das necessidades humanas e do

contexto da situação.

Um comportamento é considerado “bom”

se está conforme às regras estabelecidas e

não acarreta punição.

A moralidade de um acto é avaliada em

função dos motivos, das intenções e das

circunstâncias e não das consequências

materiais.

As sanções reconhecidas pela criança são

aquelas que implicam a reciprocidade,

implicando a reparação da falta e a tomada

em consideração das consequências do seu

acto, colocando-se na perspectiva do outro.

9.1.Factores de desenvolvimento:

Desenvolvimento cognitivo;

Relação com os outros: adultos e amigos.

9.2.Estratégia para a promoção do desenvolvimento moral:

Discussão e análise em grupo de dilemas morais;

Acção-reflexão;

Intervenção a nível dos contextos de vida, nomeadamente a escola.

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10. Conclusão

Concluindo, o desenvolvimento moral pode ser considerado de três formas: (1) maior

ou menor identificação da criança e do jovem com os valores e padrões morais da

sociedade em geral (perspectiva psicanalítica); (2) maior ou menor interiorização de

regras e normas morais aprovadas socialmente (perspectiva da aprendizagem social); e

(3) construção de princípios morais e de justiça que estão muito além das normas

morais e sociais vigentes (perspectiva cognitivo-desenvolvimentista).

Foi muito importante investigar o As teorias e desenvolvimento moral, que ajudara a

identificar os elementos enquadrados dentro do mesmo. De salientar ainda que o estudo

em destaque ajudou a compreender e entender a sua essência.

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11. Bibliografia

BZUNECK, J. Aloyseo. Desenvolvimento Moral: Avaliação dos Estágios

Kolhbergianos em Crianças e Adolescentes de Londrina, Tese de Mestrado não

publicada, USP, São Paulo, 1975.

_________. Desenvolvimento Moral: de Piaget a Kohlberg. Trabalho apresentado no

V Encontro Nacional de Professores do PROEPRE, Faculdade de Educação,

UNICAMP, Lindóia, São Paulo, 1988.

FINI, Lucila D.T. Análise do Desenvolvimento Moral em Campinas: UNICAMP-FE,

Dissertação de Mestrado, 1979.

_________. Julgamento Moral de Adolescentes Delinquentes e não delinquentes em

relação com ausência paterna, São Paulo: USP-Instituto de Psicologia, Tese de

Doutoramento, 1979.

ESPÍNDOLA, M. Z. B.; LYRA, V. B. O desenvolvimento moral em Lawrence Kohlberg.

Lawrence Kohlberg. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011.