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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA-UNOESC ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA TENISA KAPPES RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA E INCIDÊNCIA DE MICRONÚCLEOS EM PEIXES NO RIO DO PEIXE – JOAÇABA - SC Joaçaba, (SC) 2010

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA-UNOESC ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA

TENISA KAPPES

RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA E INCIDÊNCIA DE

MICRONÚCLEOS EM PEIXES NO RIO DO PEIXE – JOAÇABA - SC

Joaçaba, (SC)

2010

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TENISA KAPPES

RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA E INCIDÊNCIA DE

MICRONÚCLEOS EM PEIXES DO RIO NO PEIXE – JOAÇABA - SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Biológicas – Ênfase em Biotecnologia, Área das Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas – Ênfase em Biotecnologia.

Orientador: Prof. Eduarda de Magalhães Dias Frinhani.

Co-Orientador: Prof. Maria Ignez Marchioro Zaions

Joaçaba, SC

2010

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K17r

Kappes, Tenisa. Relação entre índice de qualidade de água e incidência de

micronúcleos em peixes no Rio do Peixe – Joaçaba - SC / Tenisa Kappes. – 2010.

45 f. ; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)—Universidade do Oeste de Santa Catarina, 2010.

Bibliografia: f. 38-45.

1. Água – Qualidade. 2. Peixes – Rio do Peixe. I. Título.

CDD 570

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Márcia Dorini Dal Zotto CRB 14/742

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TENISA KAPPES

RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA E INCIDÊNCIA DE

MICRONÚCLEOS EM PEIXES DO RIO NO PEIXE – JOAÇABA - SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Biológicas – Ênfase em Biotecnologia, Área das Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas – Ênfase em Biotecnologia.

Aprovada em 10 de junho de 2010

BANCA EXAMINADORA

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RESUMO

A degradação dos recursos hídricos, geralmente causadas por ações antrópicas, além de alterar as características físico-químicas das águas, também afeta a comunidade biótica aquática, atingindo direta ou indiretamente a saúde humana. O biomonitoramento, utilizando peixes como bioindicadores, é um método útil para identificar esses danos causados ao ecossistema aquático, constituindo uma ferramenta auxiliar as análises físico-químicas e microbiológicas dos corpos d’água. O teste de micronúcleo em células sanguíneas de peixes constitui um dos métodos mais úteis para avaliar os efeitos de agentes poluentes existentes no ambiente sobre a biota aquática, capazes de provocar danos ao DNA. Esta pesquisa teve como principal objetivo relacionar o Índice de Qualidade de Água (IQA) e o Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática (IQAPVA) com a incidência de micronúcleos utilizando Rhamdia quelen como organismo-teste, no Rio do Peixe. Para tanto, foram selecionados dois pontos nesse rio, a montante e a jusante dos municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste. As amostras de água para análise dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos dos locais amostrados foram coletadas nos dias 03, 06 e 10 de maio, e levadas ao laboratório de Saneamento e Águas da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc, Campus de Joaçaba, para análise. Quanto às análises de micronúcleos, ficaram expostos às águas dos locais amostrados, cinco peixes da espécie Rhamdia quelen, em gaiolas a montante (ponto 01) e cinco a jusante (ponto 02) dos municípios em questão. Após o período de sete dias, foi realizada a coleta sanguínea por punção branquial, para preparação de três lâminas de esfregaço com sangue ainda fresco, sendo fixadas por etanol absoluto durante 1 hora e posteriormente coradas com Giemsa 10% durante 10 minutos. Para fins de comparação, foi mantido em laboratório um grupo controle constituído de cinco indivíduos, mantidos em aquário com água desclorada, oxigenada artificialmente. Foram analisadas 2.000 células sanguíneas por lâmina, totalizando 30.000 por ponto de coleta. Os resultados obtidos com a análise da qualidade de água (IQA) para os pontos amostrados mostraram-se de qualidade boa e aceitável, para a montante e a jusante, respectivamente. Já, com o IQAPVA, se obteve uma qualidade ruim das águas. Quanto ao teste de micronúcleo, os resultados demonstraram aumento na frequência de micronúcleos nos dois pontos amostrados em relação ao grupo controle. De acordo com o teste estatístico Kruskal-Wallis, os peixes expostos a montante diferiram significativamente (α = 0,05) dos expostos a jusante. Da mesma forma, encontrou-se diferença significativa entre os dois pontos amostrados e o grupo controle, mantido em laboratório.

Palavras chave: IQA. Micronúcleo. Rhamdia quelen. Rio do Peixe

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Esquema 01 Consequências de danos ao DNA ........................................... 15

Esquema 02 Formação de micronúcleos na divisão celular......................... 17

Fotografia 01 Espécie Rhamdia quelen ......................................................... 19

Figura 01 Bacias Hidrográficas do Estado de Santa Catarina ................ 20

Fotografia 02 Localização dos pontos de coleta de amostras de água e

peixes no Rio do Peixe. ..........................................................

22

Fotografia 03 A. A montante. B. A jusante ................................................... 23

Fotografia 04 Gaiola utilizada no experimento ............................................. 25

Fotografia 05 Preparo das lâminas para análise de micronúcleos.................. 26

Fotografia 06 A. Células sanguíneas de Rhamdia quelen sadias. B.

Eritrócito de jundiá Rhamdia quelen ......................................

35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Parâmetros e pesos relativos do IQA ....................................................... 12

Tabela 02 Classificação da qualidade das águas ...................................................... 12

Tabela 03 Curva de normalização para amônia total e oxigênio dissolvido, com os

respectivos fatores de normalização e estados de qualidade....................

13

Tabela 04 Parâmetros físico-químicos e microbiológicos e metodologias

utilizadas ..................................................................................................

24

Tabela 05 Valores dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos das águas

coletadas nos dois pontos de amostragem do Rio do Peixe, nos dias nos

dias 03, 06 e 10 de maio de 2010..............................................................

28

Gráfico 01 Valores de IQA e IQAPVA para água do Rio do Peixe coletados a

montante e jusante dos municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste ...........

29

Tabela 06 Resultados de de IQA e IQAPVA para a montante e a jusante dos

municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste no Rio do Peixe......................

29

Tabela 07 Quantidade de micronúcleos, média e desvio padrão registrados na

análise de 6.000 células sanguíneas por peixes, nas amostras dos

diferentes locais de coleta.........................................................................

35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C Grau Celsius

CF Coliformes Termotolerantes

Cm Centímetros

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

ETA Estação de Tratamento de Água

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

FD Fator de nomalização

FATMA Fundação do Meio Ambiente

g.L-1 Grama por litro

IQA Índice de Qualidade de Água

IQAPVA Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática

Km Quilômetro

Min Mínimo

mg.L-1 Miligramas por litro

µS/cm MicroSiemens por centímetro

NA Nitrogênio Amoniacal

NMP Número Mais Provável

NT Nitrogênio Total

NSF National Sanitation Foundation

OD Oxigênio Dissolvido

ODn Concentração Normalizada do Oxigênio Dissolvido

P1 Ponto 1

P2 Ponto 2

pH Potencial Hidrogeniônico

PT Fosfato Total

SIMAE Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto

ST Sólidos Totais

UNOESC Universidade do Oeste de Santa Catarina

% Percentual

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 9

2 OBJETIVOS .................................................................................................. 10

2.1 GERAL............................................................................................................ 10

2.2 ESPECÍFICOS .............................................................................................. 10

3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 11

3.1 POLUIÇÃO HÍDRICA .................................................................................. 11

3.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA (IQA) .............................................. 11

3.3 GENOTOXICIDADE E MUTAGÊNESE ..................................................... 14

3.4 MICRONÚCLEOS ......................................................................................... 16

3.5 PEIXES COMO BIOINDICADORES ........................................................... 18

3.6 ESPÉCIE Rhamdia quelen ............................................................................. 19

3.7 CARACTERÍSTICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO

PEIXE..............................................................................................................

20

3.7.1 ASPECTOS TOPOGRÁFICOS...................................................................... 20

3.7.2 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS............................................................ 21

4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 22

4.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ......................................................... 22

4.2 COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA ...................................................... 23

4.3 EXPOSIÇÃO DOS PEIXES A CONDIÇÃO-TESTE ................................... 24

4.4 COLETA DO SANGUE ................................................................................ 25

4.5 TESTE DO MICRONÚCLEO ....................................................................... 26

4.6 TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................................... 27

4.7 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................... 27

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 28

5.1 IQA e IQAPVA.................................................................................................. 28

5.1.1 NITROGÊNIO AMONIACAL ...................................................................... 30

5.1.2 NITROGÊNIO TOTAL ................................................................................. 30

5.1.3 FÓSFORO ...................................................................................................... 31

5.1.4 OXIGÊNIO DISSOLVIDO ............................................................................ 31

5.1.5 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO ............................................... 32

5.1.6 COLIFORMES TERMOTOLERANTES ...................................................... 32

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5.1.7 pH.................................................................................................................... 33

5.1.8 SÓLIDOS TOTAIS ........................................................................................ 33

5.1.9 TURBIDEZ .................................................................................................... 34

5.2 ANÁLISE DE MICRONÚCLEOS ................................................................ 34

6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 38

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1 INTRODUÇÃO

O uso inconsequente dos recursos hídricos produz não somente a crescente e

deliberada contaminação das águas como também a perda ou alteração da comunidade

biótica, afetando direta ou indiretamente a saúde humana. Essa poluição produzida pelo

homem, na busca desenfreada por urbanização e conforto próprio, muitas vezes não leva em

conta a preservação da fauna e da flora. Assim, os rios urbanos que ora são utilizados para

escoamento de dejetos domésticos e industriais, ora são fontes de alimentação e lazer, ficam à

mercê das ações antrópicas e consequentemente há alteração da sua biodiversidade.

A contaminação de um rio pode abrigar vários poluentes: matéria orgânica, metais

pesados, surfactantes, pesticidas e fertilizantes, além de outros compostos tóxicos. Dessa

forma, a determinação dos parâmetros físico-químicos e biológicos das águas dos rios é um

suporte para a avaliação dos impactos provenientes das atividades antrópicas. Porém esses

parâmetros não são suficientes por si só, havendo a necessidade de análises toxicológicas para

perceber o impacto da poluição sobre a comunidade biótica. Para tanto, a utilização do teste

de micronúcleos como análise toxicológica para estabelecer os efeitos de compostos poluentes

existentes no ambiente sobre a biota aquática, facilita o monitoramento dos danos genéticos

além de ser tecnicamente simples, prático e de baixo custo, possibilitando resultados rápidos e

precisos para avaliar o grau de exposição/contaminação de peixes a poluentes (RODRIGUES

e outros, 2005).

É possível ainda a utilização de peixes como bioindicadores de poluição aquática pelo

fato de que estes respondem a alterações ambientais decorrentes de poluentes de modo similar

ao homem e também pelo fato da facilidade de coleta e manipulação em laboratório (AL-

SABTI e METCALFE, 1995).

As cidades de Joaçaba e Herval D’Oeste têm como principal manancial de água o Rio

do Peixe, que abastece aproximadamente uma população de aproximadamente 45 mil

habitantes, motivo pelo qual é de fundamental importância os estudos relativos à qualidade de

água e à presença de agentes mutagênicos nesse ecossistema, considerando que o rio, em

questão, vem sendo alterado devido ao lançamento diário de dejetos domésticos e industriais

em seu leito.

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Analisar a relação entre índice de qualidade de água (IQA) e incidência de

micronúcleos em peixes no Rio do Peixe – Joaçaba - SC.

2.2 ESPECÍFICOS

Determinar o Índice de Qualidade de Água (IQA) do Rio do Peixe, a jusante e

montante das cidades de Joaçaba e Herval D’Oeste;

Determinar o Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática (IQAPVA)

nos pontos analisados;

Determinar a incidência de micronúcleos em células sanguíneas de peixes da espécie

Rhamdia quelen expostos no Rio do Peixe;

Comparar a incidência de micronúcleos em células sanguíneas de Rhamdia quelen nos

pontos analisados, com células sanguíneas de peixes da mesma espécie de um grupo controle

mantido em laboratório.

Verificar se há relação entre os resultados obtidos no teste do micronúcleo e IQA.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 POLUIÇÃO HÍDRICA

Nas últimas décadas, os usos múltiplos da água pelo homem, alteraram a qualidade

dos ecossistemas aquáticos em diferentes níveis, acarretando uma degeneração ambiental

significativa e, por conseguinte, uma redução considerável na acessibilidade de água de

qualidade, ocasionando diversos problemas ao seu aproveitamento.

A partir do século XIX, com a industrialização como método de produção e estrutura

de trabalho, um padrão particular de civilização se fez obrigatório e como consequência

houve a disponibilidade de diversos produtos químicos tóxicos e a produção de resíduos em

grande escala, prejudicando todo o meio ambiente (ZAGATTO e BERTOLETI, 2006).

Assim, os grandes impactos nos ecossistemas aquáticos são decorrentes da crescente

urbanização, industrialização e diversificação dos usos múltiplos da água. De acordo com

Capoleti e Bohrer-Morel (2005) a enorme diversidade e pluralidade de resíduos que são

depositados nos rios, lagos e represas é, em grande parte, sem tratamento, o que causa dano à

saúde humana e a biodiversidade. Por esses motivos, a proteção, conservação e recuperação

dos recursos hídricos são indispensáveis.

Para avaliar os impactos oriundos da ocupação e atividades antropológicas sobre os

ecossistemas de rios se faz necessário a abordagem de parâmetros físico-químicos, biológicos

e toxicológicos (FUZINATTO, 2009). Genericamente, as características físicas são analisadas

considerando os sólidos (suspensos, coloidais e dissolvidos na água), gases e temperatura.

Nas químicas, levam-se em conta os aspectos de substâncias orgânicas e inorgânicas. Nas

biológicas, considera-se a vida animal, vegetal e organismos unicelulares (VON SPERLING,

1996) e na abordagem toxicológica leva-se em conta o possível efeito das substâncias tóxicas

sob os organismos aquáticos.

3.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA (IQA)

Para avaliar e monitorar os efeitos das atividades humanas em um corpo hídrico foi

desenvolvido o índice de qualidade de água (IQA), que tem como princípio os fatores físicos,

químicos e biológicos (CARVALHO;SCHLITTLER; TORNISIELO, 2000).

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Este índice foi desenvolvido pela National Sanitation Foundation (NSF) dos Estados

Unidos, por especialistas da área ambiental e adaptado pela Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (CETESB) que emprega o parâmetro Nitrogênio Total ao invés de

Nitrato, utilizado no cálculo original, para se adequar aos rios do Estado de São Paulo já que

estes estão comprometidos por esgotos domésticos.

Neste índice foram selecionados nove parâmetros considerados relevantes para avaliar

a qualidade das águas e, estipulado, para cada um deles, um peso relativo de acordo com sua

importância (Tabela 01).

Tabela 01: Parâmetros e pesos relativos do IQA

Parâmetros 1. Oxigênio dissolvido 2. Coliformes fecais 3. pH 4. Demanda bioquímica de oxigênio 5. Fosfato total 6. Temperatura 7. Nitrogênio total 8. Turbidez 9. Sólidos totais

Pesos relativos 0,17 0,15 0,12 0,10 0,10 0,10 0,10 0,08 0,08

Fonte: CETESB (2009a).

Utilizando o produtório ponderado dos parâmetros e pesos apresentados na Tabela 01

pode-se determinar a qualidade das águas brutas que, indicadas pelo IQA em uma escala de 0

a 100, são classificadas para abastecimento público de acordo com a Tabela 02 (ROCHA;

ROSA; CARDOSO, 2004; CETESB, 2009a). No caso de não se dispor do valor de algum

desses nove parâmetros, o cálculo do IQA fica inviabilizado.

Tabela 02: Classificação da qualidade das águas

Intervalo 80 < IQA ≤ 100 52 < IQA ≤ 79 37 < IQA ≤ 51 20 < IQA ≤ 36 0 < IQA ≤ 19

Qualidade Ótima Boa

Aceitável Ruim

Péssima Fonte: adaptado de CETESB (2009a).

De acordo com a CETESB (2009a) e Fuzinatto (2009) esses parâmetros, que fazem

parte do cálculo do IQA, reproduzem principalmente a contaminação dos corpos hídricos pelo

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lançamento de esgotos domésticos. Assim, o IQA limita-se a verificar a qualidade da água

para fins de potabilidade, não levando em conta a toxicidade do composto amônia proveniente

principalmente de dejetos domésticos e suinocultura e, portanto, não considerando a

manutenção da vida aquática, já que este composto é extremamente tóxico para peixes e

invertebrados bentônicos (SILVA e JARDIM, 2006).

Sendo assim, Silva e Jardim (2006) propuseram o Índice de Qualidade das Águas para

a Proteção da Vida Aquática, IQAPVA, que relaciona a quantidade de oxigênio dissolvido e

amônia total utilizando o operador mínimo (variável mais “degradada”) tendo por objetivo

avaliar a qualidade das águas para fins de proteção da fauna e flora (Tabela 03).

Tabela 03: Curva de normalização para amônia total e oxigênio dissolvido, com os

respectivos fatores de normalização e estados de qualidade Ótima Boa Regular Ruim Péssima

Fator de normalização

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

Nitrogênio amoniacal

(mg NH3.L

-1)

<0,01 <0,05 <0,10 <0,20 <0,30 <0,40 <0,50 <0,75 <1,00 ≤1,25 >1,25

Oxigênio Dissolvido

(mg.L-1

)

≥ 7,5 >7,0 >6,5 >6,0 >5,0 >4,0 >3,5 >3,0 >2,0 ≥ 1,0 <1,0

Fonte: Adaptado de Silva (2004)

As análises físico-químicas e biológicas, através do IQA são elementos importantes

para identificar e determinar a concentração de poluentes, mas não são suficientes para avaliar

o impacto da poluição sobre a comunidade biótica (FUZINATTO, 2009), pois respondem à

poluição ocasionada pelo despejo de dejetos domésticos e cargas orgânicas de origem

industrial. As atividades agrícolas e industriais originam outros poluentes (metais pesados,

pesticidas e compostos orgânicos) que afetam negativamente a qualidade da água, mas que

não são incluídos no cálculo do IQA (CETESB, 2009a). Assim, apesar de o IQA sintetizar

nove variáveis em um único número, perde na interpretação quanto se refere a avaliação de

outras variáveis (ELMIRO e outros, 2005) como os compostos orgânicos com potencial

mutagênico, potencial de formação de trihalometanos e presença de parasitas patogênicos.

Assim se faz necessário a utilização de análises mais específicas para a verificação da

presença de substâncias tóxicas, como os testes de mutagenicidade, potencial de formação de

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trihalometanos, cobre, zinco, cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio, níquel, surfactantes,

dentre outros (CETESB, 2009a).

A idéia tradicional de contaminação das águas e de sua análise implica na presença,

determinação e concentração de substâncias potencialmente nocivas. É baseada na

identificação de poluentes por meio de análises físicas, químicas e biológicas, desprezando o

efeito destes poluentes nos ecossistemas aquáticos envolvidos. Contrapondo a essa idéia,

estudos biológicos que visam verificar os efeitos destes poluentes nos ecossistemas, são

efetuados através da análise do efeito combinado dos inúmeros processos potencialmente

prejudiciais sobre um único indivíduo (bioindicador) ou sobre a estrutura das populações

(BOLLMANN e EDWIGES, 2008).

3.3 GENOTOXICIDADE E MUTAGÊNESE

O DNA, apesar de ser uma molécula extremamente estável, pode ter a sequência de

pares de base alterada após um único ciclo de replicação com incorporação incorreta de um

nucleotídeo não reparado ou sofrer mecanismo semelhante, induzido por agentes físico-

químicos (KOHATSU; SHIMABUKURO; GATTÁS, 2007).

Compostos que podem danificar o DNA são denominados genotóxicos e muitos deles

estão presentes no meio ambiente naturalmente ou como consequência das atividades

humanas (KUMMROW, 2007). O DNA possui a capacidade de reparar esses danos causados

pelos agentes mutagênicos. Quando esta reparação falha, surge a mutação, que é prejudicial às

células, já que altera os processos vitais, como duplicação do DNA e transcrição gênica

(SOUZA, 2006), apresentando muitas vezes consequências maléficas como malformações,

câncer, envelhecimento e morte celular (SILVA, 2008) (Esquema 01).

14

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Esquema 01: Consequências de danos ao DNA. Fonte: Kummrow (2007).

Mutação é uma mudança definitiva do material genético, que pode ocorrer tanto em

células somáticas quanto em células germinativas. Geralmente muitas dessas alterações são

prejudiciais, embora outras coincidam com uma vida normal e saudável, sendo responsáveis

pelo surgimento de caracteres novos e hereditários, projetando a formação de raças e espécies

novas (IPCS, 1986; GRIFFITHS e outros, 1998). As mutações somáticas não podem ser

transmitidas aos descendentes, entretanto as mutações germinativas podem ser transmitidas a

parte da prole ou a toda ela (GRIFFITHS e outros, 1998; RABELLO-GAY, 1985).

As mutações podem ser de dois tipos:

- Gênicas: quando alteram a estrutura do DNA. Ocorrem como resultado de

substituição, inserção ou deleção de pares de bases, o que afetará a leitura durante a replicação

ou durante a transcrição (BROWN, 1999; BURNS e BOTTINO, 1991). Quando ocorrem em

células somáticas podem provocar a formação de tumores (BURNS e BOTTINO, 1991).

- Cromossômicas: são alterações na estrutura ou no número dos cromossomos da

espécie. Provocam anomalias de funcionamento da célula, problemas no desenvolvimento que

levam a abortos, mal formações no organismo ou até a sua inviabilidade (PIERCE, 2004).

As aberrações cromossômicas podem ser numéricas ou estruturais. As mutações

cromossômicas estruturais provocam alterações na estrutura dos cromossomos, ocasionando a

perda de genes, a leitura duplicada ou erros na leitura de um ou mais genes. Podem ocorrer

por deleção, duplicação, translocação ou inversão de partes de cromossomos. Já as mutações

cromossômicas numéricas provocam alterações no número normal de cromossomos da

espécie. Produzem anomalias graves podendo levar o organismo à morte. Dividem-se em

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euploidias, quando há a mudança de um genoma inteiro e aneuploidias quando acrescentam

ou perdem um ou mais cromossomos (PIERCE, 2004; IPCS, 1986).

Apesar da extrema eficiência dos mecanismos de reparo celular, a sensibilidade da

estrutura cromossômica permite a atuação de agentes clastogênicos e aneugênicos durante a

mitose e a meiose que são responsáveis pela origem das aberrações cromossômicas estruturais

e numéricas. Essas aberrações são de especial interesse quando envolvem as células

germinativas, pois geram síndromes e/ou anomalias congênitas na futura prole. Quando essas

aberrações ocorrem em células somáticas, podem levar à formação de um tecido neoplásico

(RAMIREZ, 2000). Entre os testes empregados para detectar mutações cromossômicas, está o

teste de micronúcleo, que fornece informações sobre os danos causados ao DNA por agentes

físicos e químicos (KOLLING, e outros, 2006).

3.4 MICRONÚCLEOS

O estudo de dano de DNA no nível de cromossomo é uma parte essencial da

toxicologia genética porque mutação cromossômica é um acontecimento importante na

carcinogênese. O teste de micronúcleo surgiu como um dos métodos preferenciais para avaliar

o dano cromossômico, motivado pela possibilidade de medir com confiabilidade tanto a perda

de cromossomos quanto a danificação cromossômica (FENECH, 2000).

No processo de formação de novas células/divisão celular, principalmente na anáfase,

fragmentos ou cromossomos inteiros podem retardar-se, não sendo transportados pelas fibras

do fuso para os pólos opostos, não compondo assim, a nova célula (VICARI, 2009). Este

material pode formar alguns núcleos secundários, os micronúcleos (TAVARES, 2008).

Assim, micronúcleos são pequenas quantidades de DNA originados no citoplasma da

célula por fragmentos de cromossomos, cromátides ou cromossomos inteiros que não são

incorporados ao núcleo principal da célula filha, durante a mitose, por ocasião da divisão

celular. Fragmentos acêntricos não migram e permanecem atrasados na anáfase, enquanto que

os elementos cromossômicos com centrômero são orientados em direção aos pólos do fuso.

Os fragmentos de DNA deixados para trás são anexados dentro de núcleos secundários, que

por serem muito menores que o núcleo principal da célula, são chamados de micronúcleos

(CORRÊA, 2008; FENECH, 2000; DIETZ e outros, 2000) (Esquema 02).

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Esquema 02. Formação de micronúcleos na divisão celular. Fonte: Machado (2007)

Segundo Arias (2007) e Zagatto e Bertoleti (2006), os micronúcleos podem ser

originados por falha mitótica, tanto de fragmentos acêntricos de cromossomos, gerados por

ruptura (clastogenicidade), quanto de cromossomos completos (aneuploidia), como

consequência, geralmente, de enfermidades genéticas.

Fenech (2000) afirma que os micronúcleos são morfologicamente idênticos, mas

menores que o núcleo principal, possuindo o diâmetro entre 1/16 e 1/3 do diâmetro médio dos

principais núcleos que correspondem a 1/125 e 1/9 da área de um dos principais núcleos;

formato redondo ou oval; não são refrativos, podendo assim ser facilmente distinguidos de

artificial; não estão ligados ou conectados com os principais núcleos; podem encostar, mas

não se sobrepor nos principais núcleos e o limite micronuclear deve ser diferenciado do limite

nuclear; têm mesma intensidade de cor dos principais núcleos, mas ocasionalmente a

coloração pode ser mais intensa (FENECH, 2000; CHEQUER, 2008). No caso específico dos

peixes, devido ao tamanho normalmente reduzido dos cromossomos, esta proporção de

tamanho passa para a faixa de 1/10 a 1/30 do tamanho do núcleo (AL-SABTI e METCALFE,

1995).

De acordo com Heddle (1983), Evans (1997) e Miranda (2006) o teste de micronúcleo

tem como vantagens o fato de os micronúcleos serem observados em células interfásicas;

serem facilmente reconhecidos; com frequência espontânea baixa, detectando a ação de

agentes clastogênicos, ou seja, eventos de dano diretamente no cromossomo e seus

componentes, notadamente no DNA, e aneugênicos, quando do defeito no fuso celular e

outros componentes envolvidos na formação do fuso (ALBERTINI, e outros, 2000). Em

contrapartida, os micronúcleos somente aparecem quando a célula se divide, sendo

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dependente da divisão celular; não detecta a não disjunção mitótica, quando não há perdas de

cromossomos na anáfase; não são detectadas aberrações que provocam rearranjos

cromossômicos sem a ocorrência de fragmentos acêntricos, tais como translocações ou

inversões (VICARI, 2009). Porém, em virtude da facilidade, a análise de micronúcleos vem

sendo amplamente utilizada em biomonitoramento de recursos hídricos, já que avalia a

exposição de organismos aquáticos a substâncias genotóxicas, uma vez que compostos

tóxicos propõem alterações no DNA que são transmitidas às gerações posteriores.

3.5 PEIXES COMO BIOINDICADORES

Para avaliar mudanças ambientais, normalmente associadas a fontes antrópicas, o

biomonitoramento utilizando bioindicadores pode ter reflexo positivo para obtenção de

respostas biológicas (CAPOLETI e BOHRER-MOREL, 2005).

Bioindicadores podem ser entendidos como qualquer reação a um contaminante

ambiental ao nível individual, que venha a ocasionar uma alteração da condição normal que

não pode ser detectado no organismo intacto. De acordo com Lima de Sá e Ribeiro (2005),

bioindicadores são medidas de fluidos corporais, células, tecidos ou medidas realizadas sobre

o organismo completo, que indicam, em termos bioquímicos, celulares, fisiológicos,

comportamentais ou energéticos, a presença de substâncias contaminantes ou a magnitude da

resposta do organismo alvo.

Capoleti e Bohrer-Morel (2005) e Zagatto e Bertoleti (2006) afirmam que diversos

organismos como mexilhões, animais bentônicos, ouriços, esponjas, anfíbios e peixes, podem

ser empregados como reveladores de problemas causados ao meio ambiente, e são conhecidos

como bioindicadores.

Existem três tipos de bioindicadores: moleculares, celulares e ao nível do animal

completo, cujas características mais importantes são a possibilidade da identificação das

interações que ocorrem entre os contaminantes e os organismos vivos e a possibilidade da

mensuração de efeitos sub-letais. Como indicativo de genotoxicidade ao nível celular, pode-se

realizar o teste do micronúcleo (ARIAS, 2007) utilizando como organismo-sentinela peixes,

como recomenda Al-Sabti e outros (1994). O autor afirma que os peixes são ótimos

bioindicadores para o estudo de potencial mutagênico e carcinogênico de contaminantes

presentes na água, pois têm a capacidade de metabolizar, concentrar e armazenar poluentes,

além de estarem no topo da cadeia alimentar e expostos aos efeitos de poluentes. Assim

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sendo, como reforça Scalon (2009), para efeitos desse estudo, os peixes atentam ao perigo de

novas substâncias químicas ou alertam a possibilidade de poluição ambiental.

3.6 ESPÉCIE Rhamdia quelen

Rhamdia quelen, conhecido como jundiá (Fotografia 01), é um peixe que pertence à

Classe Actinopteryggi, Ordem Siluriformes e família Pimelodidae (ZANIBONI FILHO e

outros, 2004) e tem distribuição na América do Sul e Central (FERRARO, 2009 e

BALDISSEROTTO e RADÜNZ NETO, 2005). Esta espécie tem sido muito utilizada em

estudos toxicológicos em corpos d’água, a citar os trabalhos realizados por Brandalise (2009)

e Oliveira; Zaions e Frinhani (2008).

Fotografia 01: Rhamdia quelen Fonte: Mello e Ambrosano (2007). A espécie caracteriza-se por ser um peixe de couro, cuja coloração varia de marrom-

avermelhado claro a cinza, com o ventre mais claro. Apresenta o corpo alto e delgado na

metade anterior e, mais deprimido, posteriormente em direção à cauda. Cabeça

moderadamente estreita com achatamento dorso-ventral, boca terminal de tamanho e

amplitude moderados. Possui barbilhões com forma cilíndrica, afilados em direção à

extremidade dorsal, com comprimento variando proporcionalmente ao tamanho do espécime.

As nadadeiras são cobertas por pele fina e a nadadeira dorsal e peitoral possuem um espinho

forte e serrilhado (GUEDES, 1980; BALDISSEROTTO e RADÜNZ NETO, 2004).

As fêmeas atingem tamanho máximo de 66,5cm e os machos de 52,0cm e suportam

variações de pH na faixa de 6,0 – 7,5 e temperatura na faixa de 18ºC a 30ºC. Possui hábitos

noturnos, e habitam locais profundos de rios, locais de águas calmas, preferindo ficar junto ao

fundo de areia e lama. (BALDISSEROTTO e RADÜNZ NETO, 2004). Sua alimentação é

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baseada em invertebrados aquáticos e terrestres, restos vegetais e detritos orgânicos sendo

considerados onívoros (BALDISSETOTTO e RADÜNZ NETO, 2005).

3.7. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE 3.7.1 ASPECTOS TOPOGRÁFICOS

O Estado de Santa Catarina possui 10 regiões hidrográficas (Figura 01), sendo que

cada uma é um conjunto de bacias hidrográficas que possuem características semelhantes. Há

em todas as regiões uma carência de saneamento básico, sendo esta a principal responsável

pela poluição das águas do Estado. Além disso, há outras fontes poluentes decorrentes das

atividades econômicas de cada região (SIMIONI, 2008 apud BALESTRIN, 2008).

Figura 01: Bacias Hidrográficas do Estado de Santa Catarina Fonte: Adaptado de Polese (2004). Entre os paralelos 26º 36’ e 27º 29’ latitude Sul e os meridianos de 50º 48’ e 51º 53’

W, localiza-se a Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe (AZZOLINI, 2002), e abrange uma área

de 5.123 km². Tem sua nascente no município de Calmon, a uma altitude de cerca de 1.250

metros e sua foz é o Rio Uruguai. Percorre aproximadamente 290 km, abrangendo total ou

parcialmente 22 municípios (LINDNER, 2007).

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3.7.2 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

É relevante conhecer as principais atividades humanas efetuadas na área de

abrangência da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, a fim de que se possa estabelecer as

possíveis substâncias poluentes que são introduzidas em suas águas. A Bacia em questão está

localizada em uma região caracterizada por atividades agroindustriais, sendo que o uso de

suas águas é uma necessidade não somente para abastecimento humano como também

industrial e animal. Assim, o emprego inadequado de suas águas expõe ao risco uma série de

aplicações e alterações (Balestrin, 2008; Frinhani, Azzolini e Nienov, 2009; Azzolini, 2002).

Os municípios de Joaçaba, Herval D’Oeste e Luzerna têm o abastecimento público

efetuado pelo SIMAE (Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto), que capta água para

tratamento do Rio do Peixe, principal rio da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. O SIMAE

possui uma Estação de Tratamento de Água (ETA) do tipo convencional que abastece uma

população de aproximadamente 45 mil habitantes (SIMAE, 2009). A microrregião também

conta com duas estações de tratamento de esgoto (ETE), localizadas no município de Luzerna

e Herval D’Oeste, visando atender uma população de 6.460 e 64.000 habitantes

respectivamente. No entanto, apenas uma média de 30% do efluente gerado nessa

microrregião chega às ETEs para ser tratado. A grande maioria dos efluentes é lançada

diretamente no rio ou emprega o sistema de fossa séptica (SIMAE, 2009).

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no Rio do Peixe (Fotografia 02), a montante e a jusante

(Fotografia 03) dos municípios de Herval D’Oeste e Joaçaba, Estado de Santa Catarina.

Fotografia 02: Localização dos pontos de coleta de amostras de água e peixes no Rio do Peixe. As setas indicam os locais amostrados.

Fonte: Google Maps, 2010.

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A B

Fotografia 03: A. A montante. B. A jusante

4.2 COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA

As coletas foram realizadas nos dias 03, 06 e 10 de maio de 2010. Para determinar o

IQA e o IQAPVA, foram selecionados dois pontos de amostragens no Rio do Peixe. O ponto 01

(P1) - a montante de Joaçaba e Herval D’Oeste, localizado próxima à captação de água do

Sistema Intermunicipal de Água e Esgoto (SIMAE) e o ponto 02 (P2) - a jusante de Joaçaba e

Herval D’Oeste, localizado próximo à SC-303, km 01, na Usina Hidrelétrica Mário Fett.

As amostras de água para análise dos parâmetros físico-químicos foram coletadas em

frasco de vidro borossilicato de 2 litros. As amostras de água para análise microbiológica

foram coletadas em frascos de polietileno de 100 ml com lacre, previamente esterilizados e

contendo pastilha de tiosulfato de sódio para descloração. Nos pontos de amostragem foram

obtidos valores de temperatura com a utilização de um termômetro de mercúrio INCOTERM.

Para a determinação dos demais parâmetros, as amostras foram acondicionadas em caixa

térmica e encaminhadas ao Laboratório de Saneamento e Águas da Universidade do Oeste de

Santa Catarina - Unoesc, Campus Joaçaba, para a realização das análises de acordo com a

Tabela 04.

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Tabela 04: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos e metodologias utilizadas Parâmetros analisados Metodologia

Oxigênio dissolvido Método oximétrico

pH Método potenciométrico

Demanda bioquímica de oxigênio Método respirométrico simplicado – OXITOP

Fosfato total Método colorimétrico Merck – Azul de molibdênio

Temperatura

Medição in loco utilizando termômetro de mercúrio

Nitrogênio total

Método colorimétrico Merck – Reação com 2,6-dimetilfenol

Turbidez Método nefelométrico – turbidímetro

Sólidos totais Método gravimétrico

Amônia Método colorimétrico visual - Reativo de Nessler

Coliformes termotolerantes

Número mais provável em 100 mL (NMP/100mL). Crescimento em caldo Fluorocult LMX

O cálculo do IQA foi realizado como indica CETESB (2009a), e o cálculo do IQAPVA

segundo orientações de Silva e Jardim (2006).

4.3 EXPOSIÇÃO DOS PEIXES A CONDIÇÃO-TESTE

Os organismos escolhidos como bioindicadores foram peixes juvenis (± 6,0 cm), da

espécie Rhamdia quelen, popularmente conhecidos como jundiá. Essa espécie foi escolhida

por apresentar ampla distribuição geográfica e por já terem sido efetuados estudos similares

com essa mesma espécie, como os realizados por Brandalise (2009). Os exemplares juvenis

foram obtidos na Piscicultura Brancher, Joaçaba, Santa Catarina.

O grupo controle foi constituído de cinco indivíduos, mantidos em laboratório com

água desclorada, oxigenada artificialmente, trocada a cada dois dias, na qual foram

controladas as condições de pH (7,0 ± 2) e temperatura (20 ± 2 ºC). Os animais foram

alimentados uma vez ao dia com ração específica para peixes.

Os indivíduos foram expostos, durante sete dias, a condição-teste no período de 03 a

10 de maio 2010, em uma gaiola de PVC para água de ½ polegada, com laterais de tela de

nylon e cotton de densidade 60*70, no formato retangular, de dimensões de 80 cm de altura,

80 cm de largura x 120 cm de comprimento (Fotografia 04).

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No local P1 foi instalada a gaiola contendo cinco jundiás. O mesmo procedimento foi

efetuado no ponto P2.

Fotografia 04: Gaiola utilizada no experimento

Após este período, os exemplares foram recolhidos e transportados em caixas

plásticas, contendo água coletada no local até o Laboratório de Biologia Celular da Unoesc -

Campus Joaçaba, para retirada das amostras de sangue.

4.4 COLETA DO SANGUE

O procedimento de coleta de sangue e preparação das lâminas seguiu a descrição de

Fenech (2007). Realizou-se a coleta de 0,5ml de sangue dos peixes por punção venosa

branquial, fazendo uso de seringas descartáveis do tipo insulina (1ml) contendo heparina

(anticoagulante). Para cada animal foram preparadas três lâminas de esfregaço de sangue

fresco, sendo que a primeira gota da seringa foi eliminada a fim de evitar contaminação do

material (Fotografia 05). O restante do material foi acondicionado em microtúbulos e

refrigerado, para eventual preparação de novas lâminas.

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Fotografia 05: Preparo das lâminas para análise de micronúcleos

4.5 TESTE DE MICRONÚCLEO

Para o teste de micronúcleo foram utilizadas as especificações prescritas por Heddle

(1973), com algumas modificações. Após 24 horas de secagem a temperatura ambiente, as

lâminas foram fixadas com etanol absoluto por 1 hora. Posteriormente, foram coradas com

Giemsa 10% diluído em tampão fosfato pH 6,8 durante 10 minutos para visualização em

microscópio óptico com lente de imersão (1.000x).

Foram analisados 2.000 eritrócitos por lâminas, totalizando 6.000 por indivíduo,

buscando identificar a presença e frequência de micronúcleos. Foram considerados como

micronúcleos os corpúsculos de massa de cromatina que em relação ao núcleo apresentaram

aproximadamente 1/3 do seu tamanho, estando nitidamente separados, com bordas

distinguíveis, mesma cor e refringência, com membranas citoplasmáticas e nucleares intactas,

não sendo analisadas aquelas que estavam sobrepostas ou danificadas (AL-SABTI;

METCALFE, 1995). As análises foram realizadas no Laboratório de Biologia Celular, da

Unoesc – Campus Joaçaba.

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4.6. TRATAMENTO DOS DADOS

Para a análise estatística foi utilizado o software PASW statistics, versão 18.0, no qual

utilizou-se o teste Kruskal-Wallis, que compara três ou mais grupos amostrais independentes.

O nível de significância utilizado foi de 5% (α = 0,05).

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

Este trabalho foi realizado após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc Campus Joaçaba (protocolo nº 176/2009),

bem como sob autorização da Fundação do Meio Ambiente (FATMA) sobre atividades

potencialmente causadoras de degradação ambiental (protocolo nº 908695/2009).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 IQA E IQAPVA

Para comparação entre os valores de IQA e IQAPVA das águas do Rio do Peixe com a

incidência de micronúcleos em peixes expostos ao mesmo manancial, determinou-se os

parâmetros físico-químicos e microbiológicos apresentados na Tabela 05.

Tabela 05– Valores dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos das águas coletadas nos dois pontos de amostragem do Rio do Peixe, nos dias 03, 06 e 10 de maio de 2010.

Unidade Ponto 01 Ponto 02

Parâmetro 03/05 06/05 10/05 Média 03/05 06/05 10/05 Média

Temperatura ºC 19 20 21 20 21,5 22 21 21,5

Oxigênio Dissolvido

mg.L-1 9,25 9,28 9,31 9,28 8,75 8,94 8,55 8,745

Oxigênio Dissolvido

% 103 101,35 99,7 101,35 97,6 99,5 95,7 97,6

pH 7,66 7,72 7,78 7,72 7,83 7,83 7,83 7,83

Turbidez UNT 18,5 53,87 89,25 53,87 15,52 36,64 57,75 36,64

Sólidos Totais mg.L-1 81 98,5 116 98,5 84 96 72 84

Coliformes Totais

NMP/100mL 22000 14950 7900 14950 28500 11000 46000 28500

Coliformes Termotolerantes

NMP/100mL 22000 14950 7900 14950 20000 7000 33000 20000

Nitrogênio Total

mgN.L-1 1,9 1,8 1,7 1,8 1,8 1,8 1,8 1,8

Nitrogênio Amoniacal

mgNH3.L-1 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75

Fósforo Total mgPO4-P.L-1 0,4 0,23 0,06 0,23 0,30 0,15 0,445 0,29

Demanda Bioquímica de

Oxigênio

mgO2.L-1 1,5 1,5 1,5 1,5 3,75 6 1,5 3,75

Os valores de IQA-CETESB e IQAPVA (Silva e Jardim, 2006), para a montante (ponto

01) e jusante (ponto 02) são apresentados no Gráfico 1.

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0

10

20

30

40

50

60

Montante Jusante

IQAIQAPVA

Gráfico 1 – Valores de IQA e IQAPVA para água do Rio do Peixe coletados a montante

e jusante dos municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste.

O ponto localizado a montante de Joaçaba e Herval D’Oeste apresentou um valor de

IQA de 52,37, sendo de acordo com a tabela de classificação da qualidade das águas

(CETESB, 2009a), como de boa qualidade (Tabela 02). Já o valor de IQA encontrado para a

jusante foi de 50,65. Este valor, de acordo com a classificação já mencionada é considerado

como de qualidade aceitável (Tabela 06).

Tabela 06: Resultados para IQA e IQAPVA para a montante e a jusante dos

municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste no Rio do Peixe.

Ponto Montante Jusante

Nitrogênio amoniacal (mgNH3.L

-1) 0,75 0,75

FD – nitrogênio amoniacal 30 30

OD (mg.L-1) 9,28 8,76

FD – OD 100 100

Operador mínimo 30 30

IQAPVA Ruim Ruim

IQA 52,37

Boa

50,65

Aceitável

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O IQAPVA apresentou mesma classificação para os dois pontos amostrados (qualidade

ruim), porém, de acordo com este índice, a qualidade das águas foi inferior a indicada pelo

IQA. O IQAPVA considera somente os parâmetros oxigênio dissolvido e nitrogênio amoniacal

e classifica o corpo receptor em função da variável mais degradada, neste caso o nitrogênio

amoniacal.

5.1.1 NITROGÊNIO AMONIACAL

Os valores médios de nitrogênio amoniacal foram de 0,75 mg.L-1 para a montante e a

jusante. Esse valor está de acordo com o padrão de rio de classe 2 estabelecido pelo

CONAMA 357 (2005), sendo valorado 2,0 mg.L-1 para pH entre 7,5 e 8,0.

Von Sperling (1996) afirma que a amônia é introduzida ao meio ambiente através de

dejetos domésticos, industriais, agrícolas (fertilizantes) e excrementos de animais, sendo esta

um fator limitante à vida aquática, já que muitos organismos não resistem a concentrações

superiores a 5 mg.L-1 (SILVA, 2004). Nesses termos, os valores encontrados nesta pesquisa

estão abaixo dessa concentração, não sendo considerados fator limitante à vida aquática.

5.1.2 NITROGÊNIO TOTAL

A resolução CONAMA 357 (2005) não estabelece padrão para o parâmetro nitrogênio

total. Da mesma forma que o nitrogênio amoniacal, este parâmetro não apresentou diferença

entre os dois pontos amostrados.

Nitrogênio total é a soma das diferentes formas de nitrogênio presentes no meio, a

citar: nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito e nitrogênio orgânico.

O nitrogênio é originado principalmente do escoamento das áreas agrícolas que se

utilizam de fertilizantes artificiais, da disposição de lixos e também pela contaminação por

dejetos domésticos e de animais (AZZOLINI, 2002). De acordo com CETESB (2009b), os

esgotos sanitários representam a principal fonte de nitrogênio lançado nos corpos d’água,

elemento esse essencial para processos biológicos, já que é exigido em abundante quantidade

pelas células. Também as descargas de efluentes industriais contribuem para elevar o nível

desse elemento nas águas. A CETESB (2009b) também afirma que no Brasil as etapas no

tratamento de esgotos não são suficientes para a remoção de nutrientes, sendo que esse fator

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acaba despejando no corpo receptor, um efluente final rico em nitrogênio, que quando lançado

nos corpos d’água, juntamente com o fósforo, acaba provocando o enriquecimento das águas,

tornando-as mais férteis, o que viabiliza o crescimento de algas, processo esse, chamado de

eutrofização.

5.1.3 FÓSFORO

A concentração de fósforo no ponto localizado a jusante dos municípios de Joaçaba e

Herval D’Oeste, foi ligeiramente superior a encontrada no ponto a montante. Os dois locais

apresentaram concentrações de fósforo superior ao estipulado pela resolução CONAMA

357/2005 para rio de Classe 2.

A presença de fósforo no corpo receptor é, assim como o nitrogênio, devido a

pesticidas, inseticidas, fertilizantes agrícolas e descargas de esgotos sanitários, que provocam

alterações na concentração de fósforo presentes naturalmente no corpo d’água (RONCHI,

BAECKER, MARTIN, [2000]).

A presença de fósforo e nitrogênio e também de outras fontes de matéria orgânica no

meio, é responsável pela redução do oxigênio dissolvido e aumento da demanda bioquímica

de oxigênio (VON SPERLING, 1996). No entanto, os valores observados para o parâmetro

oxigênio dissolvido nos pontos analisados estiveram ótimos como será visto a seguir.

5.1.4 OXIGÊNIO DISSOLVIDO

O parâmetro oxigênio dissolvido apresenta o maior peso no cálculo do IQA (0,17), e é

também considerado no cálculo do IQAPVA, sendo que o primeiro índice considera a

porcentagem de saturação e o segundo a concentração em mg.L-1.

A resolução CONAMA 357 (2005) estabelece concentração mínima de 5 mg.L-1 para

rios classe 2. O Rio do Peixe apresentou boa oxigenação nos dois pontos amostrados,

entretanto, a quantidade de oxigênio dissolvido foi superior no ponto 01 (9,28 mg.L-1) em

relação ao ponto 02 (8,74 mg.L-1). O Rio do Peixe é um rio de muitas quedas e rápido fluxo, o

que pode contribuir para bom valor de oxigênio dissolvido observado em ambos os pontos.

Segundo Peixoto (2008), a quantidade de oxigênio na água é proveniente da

fotossíntese de plantas aquáticas e pela difusão da atmosfera. Ainda de acordo com o autor, a

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concentração de oxigênio dissolvido depende da turbulência da água, causada pela velocidade

desta. Afirma também que após uma represa, os níveis de oxigênio dissolvido tendem a

aumentar, já que ocorre a aeração dos corpos d’água pelo contato água-ar devido a ocorrência

de correntes provocadas pela liberação da água da represa.

Apesar de o ponto 02 estar localizado a jusante da represa da Usina Hidrelétrica Mario

Fett, os valores, neste ponto, foram inferiores aos encontrados no ponto 01. Isto pode ser

devido ao lançamento de esgotos domésticos, já que durante a estabilização dessa matéria

orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo

ocasionar uma redução nos níveis de oxigênio dissolvido (VON SPERLING, 1996).

5.1.5 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO

A resolução CONAMA 357/2005 estabelece valor máximo de 5 mg.L-1 para DBO em

rios Classe 2. O ponto 02 apresentou DBO 2,5 vezes maior que o ponto 01. No entanto, o dois

pontos amostrados apresentaram DBO inferior ao estipulado na legislação.

O aumento de DBO e fósforo e a pequena redução de oxigênio dissolvido observados

no ponto 02 (jusante) pode ser devido ao lançamento de esgotos domésticos e industriais

lançados no corpo receptor entre os pontos localizados a montante e a jusante dos municípios.

Devido ao descarte desta carga orgânica, também se observou aumento da concentração de

coliformes totais e termotolerantes.

5.1.6 COLIFORMES TERMOTOLERANTES

O parâmetro coliformes termotolerantes apresenta o segundo maior peso no cálculo do

IQA (0,15), sendo que a jusante apresentou aumento deste parâmetro em relação à montante,

o que pode ter ocasionado essa diferença de classificação das águas.

A alta concentração de coliformes totais e termotolerantes no ponto 02, a jusante,

possivelmente é devido ao lançamento de dejetos decorrentes das indústrias, restaurantes e

residências instaladas no eixo montante-jusante e também à proximidade dos cemitérios de

Joaçaba e Herval D’Oeste, localizados às margens do Rio do Peixe, já que estes são uma fonte

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potencial de contaminação por coliformes devido ao escoamento, pois a água da chuva,

infiltrando-se no solo, funciona como um meio de transporte de substâncias e

microorganismos para os corpos d’água (ALMEIDA e outros, 2006; MIGLIORINI e outros,

2006). Associado aos fatores acima, pode-se considerar o deságue do seu afluente, o Rio do

Tigre, que segundo Carvalho e Frinhani (2009), quando do monitoramento da qualidade das

águas do Rio do Tigre – Joaçaba, SC, observaram que os resultados indicavam valores

decrescentes de IQA no trajeto nascente-foz, e que os níveis de qualidade considerados mais

degradados das águas desse rio se encontravam na zona urbana, concluindo que o Rio do

Tigre funciona como receptor de efluentes domésticos sem tratamento, o que contribui para a

elevada concentração de coliformes que é lançado no Rio do Peixe. Em contrapartida,

Azzolini (2002) afirma que o Rio do Tigre acresce apenas 1,11% da carga poluidora do Rio

do Peixe.

Segundo a Resolução do CONAMA 357 de 2005, não deve ser excedido o limite de

1.000 coliformes termotolerantes por 100 mL. Sendo assim, as águas do Rio do Peixe, no

trajeto observado nesta pesquisa, estão acima do padrão estabelecido para rio de classe 2.

Outros parâmetros considerados no cálculo do IQA, entretanto com menor peso, são

pH, turbidez e sólidos totais.

5.1.7 pH

Os valores de pH obtidos nas amostras analisadas variaram entre 7,66 e 7,83, estando

próximos a neutralidade. Segundo Steckert (2007), o pH é um fator que restringe a

sobrevivência dos organismos aquáticos, pois a maioria resiste a valores de pH entre 6,0 e 9,0,

faixa esta também estabelecida na resolução 357 do CONAMA (2005).

5.1.8 SÓLIDOS TOTAIS

A quantidade de sólidos totais nos pontos de coleta diferiu entre si, sendo que

encontrou-se um valor de 98,5 mg.L-1 para a montante e 84 mg.L-1 para a jusante. Essa

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possível variação de um ponto para outro, pode ser pelo fato de que houve ocorrência de

chuva intensa anterior as coletas, o que desencadeou a erosão do solo das margens do rio,

fazendo com que ocorresse um aumento da concentração de sólidos totais no ponto 01, já que

tanto as margens quanto o leito do Rio do Peixe, no ponto 02, são compostas por rochas,

havendo dificuldade da erosão do solo.

5.1.9 TURBIDEZ

A erosão das margens dos rios em épocas de alta pluviosidade resulta no aumento da

concentração de sólidos totais, e consequente aumento dos valores de turbidez, já que a

presença de sólidos na água dificulta ou impede a passagem da luz.

Os valores de turbidez, nessa pesquisa, resultaram em um valor mais elevado para a

montante (53,87 UNT) do que para a jusante (37,64 UNT), em decorrência da concentração

de sólidos também terem sido elevados a montante.

A Resolução 357/05 do CONAMA, estabelece o valor máximo de turbidez de 100

UNT para os corpos d’água de classe 2, assim, os resultados obtidos estão em conformidade

com a legislação.

Além desses parâmetros instituídos pelo IQA e IQAPVA, os autores Carvalho, Ferreira

e Stapelfeldt (2004) apontam que a análise de outros é suma importância, pois o IQA

classifica as águas para fins de potabilidade, e o IQAPVA prioriza a proteção da vida aquática,

ignorando a presença de outros contaminantes que podem afetar tanto a qualidade da água

como a biodiversidade aquática.

5.2 ANÁLISE DE MICRONÚCLEOS

Visando determinar a citotoxicidade das águas do Rio do Peixe, a montante e a jusante

dos municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste, realizou-se a contagem de micronúcleos

(Fotografia 06) em 6.000 células por peixes da espécie Rhamdia quelen, além da realização de

análises físico-químicas e microbiológicas dos referidos pontos. Os resultados obtidos com a

análise de micronúcleos são apresentados na Tabela 07.

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A B Fotografia 06: A. Células sanguíneas de Rhamdia quelen normais. B. Células sanguíneas de Rhamdia

quelen com indicação da presença de micronúcleo.

Tabela 07: Quantidade de micronúcleos, média e desvio padrão registrados na análise de 6.000 células sanguíneas por peixe, nas amostras dos diferentes locais de coleta.

Área de coleta Espécime Número de micronúcleos

Média ± Desvio

Controle

Peixe 1

Peixe 2

Peixe 3

Peixe 4

Peixe 5

06

05

06

08

05

6 ± 1,22

Total 30

Montante (Ponto 01)

Peixe 1

Peixe 2

Peixe 3

Peixe 4

Peixe 5

08

10

07

07

06

7,6 ± 1,51

Total 38

Jusante

(Ponto 02)

Peixe 1

Peixe 2

Peixe 3

Peixe 4

Peixe 5

15

10

08

11

08

10,4 ± 2,88

Total 52

Dentre os resultados para avaliação genotóxica das águas do Rio do Peixe, os

exemplares expostos às águas localizadas a montante dos municípios de Joaçaba e Herval

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D’Oeste foram os que apresentaram a menor freqüência de micronúcleos (7,6 ± 1,51) em

relação a jusante (10,4 ± 2,88). Já, a frequência de micronúcleos para o grupo controle foi de

cerca de 1,26 e 1,73 vezes menor que a montante e a jusante respectivamente, com um desvio

padrão de 1,22.

De acordo com o teste Kruskal-Wallis, através das médias dos índices de danos,

considerando o nível de significância de 5%, encontrou-se diferença significativa no número

de micronúcleos de peixes da espécie Rhamdia quelen expostos às águas do Rio do Peixe, a

montante e a jusante dos municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste. Da mesma forma,

encontrou-se diferença significativa entre os dois pontos amostrados e o grupo controle,

mantido em laboratório.

Resultados similares foram obtidos por Brandalise (2009) em experiências realizadas

na mesma microrregião, utilizando também a espécie Rhamdia quelen como organismo-teste.

Em seus estudos, a autora sugere a existência de substâncias genotóxicas nas águas do Rio do

Peixe que podem estar interferindo no processo de divisão celular. Também, Augusto e Mello

(2008), quando do monitoramento do lago Hermógenes Freitas Leitão Filho, Campinas – SP

encontraram frequências de micronúcleos semelhantes aos resultados dessa pesquisa,

levantando a hipótese da presença de agentes citotóxicos nas águas do lago, propondo a

necessidade de constante biomonitoramento dessas águas.

Já, Vilches (2009), monitorando o Rio Cadeia/RS, através da análise genotóxica

utilizando como bioindicadores, peixes da espécie Bryconamericus iheringi, não observou

diferenças significativas no teste de micronúcleo tanto à montante e à jusante da área urbana.

Também, as análises físico-químicas e microbiológicas realizadas nas águas desse rio,

corroboraram com o resultado acima, mostrando uma qualidade boa para as águas dos pontos

analisados, reforçando o resultado do teste do micronúcleo.

Os resultados obtidos com o teste de micronúcleos, nesta pesquisa, sugerem a

existência de fatores físicos, químicos e/ou biológicos, que interferem no metabolismo dos

organismos expostos às águas do Rio do Peixe, a montante e a jusante dos municípios de

Joaçaba e Herval D’Oeste, causando-lhes alterações citogenéticas.

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6 CONCLUSÃO

De acordo com o IQA, as águas coletadas no ponto 01 (a montante) foram

classificadas como sendo de boa qualidade. Já, o ponto 02 (a jusante) com qualidade

aceitável. Ambos os pontos apresentaram valores idênticos para o IQAPVA, tendo classificação

ruim.

Obteve-se diferença significativa, de acordo com o teste de Kruskal-Wallis, na

contagem de micronúcleos de peixes da espécie Rhamdia quelen expostos as águas do Rio do

peixe, a montante e a jusante dos municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste. Da mesma forma,

houve diferença significativa entre os dois pontos amostrados e o grupo controle, indicando

alterações citogenéticas nos bioindicadores.

Apesar do Índice de Qualidade de Água (IQA) indicar águas de qualidade entre boa e

aceitável, observou-se alterações citogenéticas nos bioindicadores testados, sugerindo a

interferência de agentes, sejam eles, físicos, químicos ou biológicos, não considerados na

determinação deste índice.

Já em relação ao Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática

(IQAPVA), mesmo não se encontrando diferenças entre os dois pontos amostrados, as águas

foram classificadas como sendo de qualidade ruim, podendo ser a amônia um dos fatores de

alterações citogenéticas.

Para resultados mais conclusivos, sugere-se a realização de novos estudos, com maior

tempo de exposição e diferentes pontos de amostragem nessa localidade, visando

monitoramento e detecção de genotoxicidade, associado com as análises físico-químicos e

microbiológicas, o que auxiliará na melhoria da qualidade das águas e na preservação da biota

aquática do Rio do Peixe.

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