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Página 1 Boletim 505/14 – Ano VI – 14/04/2014 Temporários são 42% do total de funcionários Por Diogo Martins | Do Rio Casado e pai de dois filhos, Gonçalo Alves da Conceição, 50 anos, foi aprovado em um concurso de nível médio do IBGE para trabalhar temporariamente até 2016, com salário de R$ 850,00, na unidade estadual do Amazonas. O início da jornada foi em agosto, quando ele e outros colegas aprovados no mesmo concurso receberam treinamento. O período de qualificação desses profissionais durou apenas 12 dias. Depois disso, o IBGE os levou a campo para entrevistar cidadãos. Gonçalo e a equipe em que trabalha são considerados pelo IBGE capacitados para coletar dados para estudos como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), Contínua, Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), Contagem de Domicílios, entre outros. Em fevereiro, o IBGE tinha 10.357 funcionários, dos quais 42,5% eram temporários, segundo a assessoria do instituto. "O treinamento foi muito fraco, sem didática. Muito do que aprendemos ali não usamos nas entrevistas de campo", diz Gonçalo, que está se formando em ciências biológicas e se prepara para ingressar no curso de Artes Visuais, da Universidade Federal do Amazonas. Ele diz que gosta de trabalhar no IBGE, mas só continua no instituto por necessidade. "Quem não quer melhorar seu salário? Continuo sempre em busca de novas oportunidades de emprego", afirma. Do total de 10,3 mil pessoas trabalhando na instituição em fevereiro passado, 4,4 mil eram temporários. "O temporário tem um contrato de 40 horas, ganha, em média, 1,3 salário mínimo, bem menos que um efetivo, mas faz o mesmo serviço e tem menos benefícios", observa Ana Carla Magni, diretora do sindicato dos funcionários do IBGE. Se para os temporários, o IBGE é uma passagem, a falta de perspectiva profissional na instituição foi o que levou a então técnica do departamento de comércio e serviços do IBGE Vânia Rezende a se aposentar em janeiro, após 35 anos na instituição. Depois, ela foi convidada a retornar ao instituto como consultora, mas recusou a proposta. O setor em que trabalhava executa pesquisas como as de comércio (PMC) e de serviços (PMS). "O IBGE está em um estado total de precarização. Havia dias em que não tínhamos papel higiênico, copo de plástico, ou café para beber", diz ela, que reclama da falta de um plano de carreiras no IBGE e da ausência de diálogo com a direção do órgão. Vânia diz que o IBGE precisa de trabalhadores temporários, mas o que está em curso é a substituição gradativa de funcionários efetivos. "Isso compromete os dados das pesquisas. O perfil dos trabalhadores temporários é do jovem universitário, que está ali para usar o IBGE como trampolim para um outro emprego", afirma. Segundo ela, os trabalhadores temporários sempre existiram no IBGE, mas a contratação desse tipo de funcionário foi intensificada a partir do fim da década de 1990.

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Boletim 505/14 – Ano VI – 14/04/2014

Temporários são 42% do total de funcionários Por Diogo Martins | Do Rio Casado e pai de dois filhos, Gonçalo Alves da Conceição, 50 anos, foi aprovado em um concurso de nível médio do IBGE para trabalhar temporariamente até 2016, com salário de R$ 850,00, na unidade estadual do Amazonas. O início da jornada foi em agosto, quando ele e outros colegas aprovados no mesmo concurso receberam treinamento. O período de qualificação desses profissionais durou apenas 12 dias. Depois disso, o IBGE os levou a campo para entrevistar cidadãos. Gonçalo e a equipe em que trabalha são considerados pelo IBGE capacitados para coletar dados para estudos como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), Contínua, Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), Contagem de Domicílios, entre outros. Em fevereiro, o IBGE tinha 10.357 funcionários, dos quais 42,5% eram temporários, segundo a assessoria do instituto. "O treinamento foi muito fraco, sem didática. Muito do que aprendemos ali não usamos nas entrevistas de campo", diz Gonçalo, que está se formando em ciências biológicas e se prepara para ingressar no curso de Artes Visuais, da Universidade Federal do Amazonas. Ele diz que gosta de trabalhar no IBGE, mas só continua no instituto por necessidade. "Quem não quer melhorar seu salário? Continuo sempre em busca de novas oportunidades de emprego", afirma. Do total de 10,3 mil pessoas trabalhando na instituição em fevereiro passado, 4,4 mil eram temporários. "O temporário tem um contrato de 40 horas, ganha, em média, 1,3 salário mínimo, bem menos que um efetivo, mas faz o mesmo serviço e tem menos benefícios", observa Ana Carla Magni, diretora do sindicato dos funcionários do IBGE. Se para os temporários, o IBGE é uma passagem, a falta de perspectiva profissional na instituição foi o que levou a então técnica do departamento de comércio e serviços do IBGE Vânia Rezende a se aposentar em janeiro, após 35 anos na instituição. Depois, ela foi convidada a retornar ao instituto como consultora, mas recusou a proposta. O setor em que trabalhava executa pesquisas como as de comércio (PMC) e de serviços (PMS). "O IBGE está em um estado total de precarização. Havia dias em que não tínhamos papel higiênico, copo de plástico, ou café para beber", diz ela, que reclama da falta de um plano de carreiras no IBGE e da ausência de diálogo com a direção do órgão. Vânia diz que o IBGE precisa de trabalhadores temporários, mas o que está em curso é a substituição gradativa de funcionários efetivos. "Isso compromete os dados das pesquisas. O perfil dos trabalhadores temporários é do jovem universitário, que está ali para usar o IBGE como trampolim para um outro emprego", afirma. Segundo ela, os trabalhadores temporários sempre existiram no IBGE, mas a contratação desse tipo de funcionário foi intensificada a partir do fim da década de 1990.

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Crise no IBGE expõe histórico de redução de recurso s e pessoal Por Denise Neumann, Flavia Lima e Diogo Martins | D e São Paulo e do Rio O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vive, desde a quinta-feira passada, uma das maiores crises de sua história. Embora tenha sido detonado pelo pedido de exoneração de duas diretoras e pela carta em que 18 coordenadores e gerentes de pesquisa do instituto tornaram pública sua discordância com as mudanças no cronograma e na metodologia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, o conflito entre a presidência e o corpo técnico tem crescido ao longo dos últimos meses e dá forma a um problema antigo do IBGE. Nos últimos anos, o órgão tem enfrentado forte contingenciamento de verbas federais (só em 2014 chegou a 14%), redução do quadro efetivo, aumento das contratações temporárias e dificuldade em reter talentos (pelos salários inferiores aos de demais órgãos públicos). O número de funcionários efetivos na ativa do IBGE diminuiu 19% desde 2006, chegando a 6.131 em 2013. A perda foi de mais de 1,4 mil funcionários e aconteceu apesar do ingresso de 1,2 mil empregados por concurso no mesmo período. Essa contração ajuda a explicar, junto com o contingenciamento de despesas do governo federal e o desenvolvimento de novos indicadores, as dificuldades da instituição em cumprir prazos de pesquisas de campo, como a Contagem da População, a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e também a decisão de suspender a divulgação e rever a metodologia da Pnad Contínua.

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A crise detonada na semana passada também envolve falta de pessoal. Ela foi um dos argumentos da direção do IBGE para justificar a impossibilidade de ajustar as mudanças exigidas na Pnad Contínua (em função de um ajuste de cronograma) com o envolvimento da equipe na divulgação da mesma. A decisão foi tomada pela direção, sem consulta ao corpo técnico, e motivou a entrega do cargo de duas diretoras (Marcia Quintslr, de Pesquisas, e Denise Britz do Nascimento Silva, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas-Ence) e a carta dos coordenadores e gerentes, em que pedem que a direção reveja a posição tomada, ouvindo a área técnica, "sem o quê, o corpo gerencial entende ser insustentável a permanência no exercício dos seus cargos." A carta é assinada por 18 funcionários em cargo e chefia. Na sexta-feira, a reunião sobre o tema terminou sem acordo. Para economistas que acompanham o trabalho do IBGE há anos, os problemas crescentes da instituição com aposentadorias e redução de verbas federais não têm comprometido a qualidade do seu trabalho quanto à correção das informações. Os problemas apontados são a falta de agilidade na atualização dos indicadores e o excesso de funcionários (70% do total) perto da aposentadoria. A redução do total de concursados - os que trabalham na formulação das pesquisas, no desenvolvimento de suas respectivas metodologias e na agregação dos dados - está diretamente relacionada ao aumento do número de aposentados. Desde 2006, foram mais 1.091 funcionários nessa situação. No ano passado, pela primeira vez, o número de aposentados do IBGE superou o de efetivos na ativa - 6.142 aposentados e 6.131 efetivos, segundo o Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento. E de dezembro do ano passado até fevereiro, mais 227 "ibegeanos" se aposentaram. Além das aposentadorias, o contingenciamento de verbas federais tem afetado o IBGE. Em 2009, os gastos do IBGE representaram 48% das despesas totais de R$ 2,99 bilhões do Ministério do Planejamento, percentual que caiu para 41% em 2013. Outra dificuldade do IBGE está na retenção de talentos, em parte porque o salário na instituição é muito inferior ao de outros órgãos públicos. O salário inicial de curso superior (sem titulação) é de R$ 7,2 mil no IBGE, e de R$ 10,8 mil no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diferença de 32%. Uma das opções do IBGE para suprir a falta de efetivos têm sido a contratação de temporários. Somado esse contingente, o total de funcionários da instituição sobe 6,2% entre 2006 e 2013, para 10.144 servidores, segundo informou em nota o Ministério do Planejamento em resposta aos questionamentos da reportagem. O quadro dá a dimensão dos principais desafios pelos quais passa o órgão que historicamente lida com restrições orçamentárias e baixos salários, mas que enfrenta um recrudescimento desse cenário. "Na minha época, o problema era uma instabilidade muito grande quanto à previsibilidade da

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liberação dos recursos. O orçamento aprovava, mas quando se chegava no momento de executar o trabalho, não se sabia se o recurso seria liberado ou não, o que gerava situações complicadas. Me lembro da contagem populacional de 1995 ou 1996, uma operação enorme, mas três meses antes não se sabia se poderia fazer ou não porque o dinheiro não estava liberado", conta Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE entre 1994 e 1999. Para ele, a percepção é que a situação orçamentária do IBGE melhorou nos anos mais recentes - o Censo de 2010, diz, não encontrou limitação de recursos. O que não impede o instituto de escapar de possíveis atrasos em outras pesquisas. "O governo, em situação de aperto, tem que cortar, e o IBGE, como é uma repartição subordinada ao ministério, pode não ser poupado. Se tivesse uma estrutura mais independente poderia ter um planejamento financeiro plurianual, com uma previsão mais estável de recursos". Pesquisadores do instituto, ouvidos pelo Valor , dizem que existe uma questão gerencial potencializando a menor disponibilidade de recursos e o crescente número de aposentadorias. "O ambiente de insatisfação é grande. O IBGE já passou, ao longo dos anos, por vários problemas internos, já ocorreram outras divergências entre corpo técnico e direção. O fato da carta [dos coordenadores e gerentes] ter se tornado pública é um sinal da gravidade da situação e da insatisfação atual", relata um funcionário ativo da instituição. Um exemplo do atual comportamento da direção, segundo funcionários, foi o fato do quadro técnico da Pnad Contínua só ter sido informado das mudanças no cronograma e de metodologia pela coletiva de imprensa dada pela presidente. "Isso nunca existiu", ponderou outro pesquisador.

Destaques Uniforme com propaganda A 2ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) entendeu que o trabalhador obrigado pelo empregador a utilizar uniforme com propaganda, sem que concorde ou receba pagamento, tem direito a danos morais, mesmo que a prática não afete sua reputação ou seu nome. Os ministros analisaram recurso de uma operadora de caixa e condenaram o Supermercado Zona Sul a pagar indenização de R$ 8 mil. Para o ministro José Roberto Freire Pimenta, relator do caso, "o procedimento adotado pelo empregador, de utilizar-se compulsoriamente do empregado como verdadeiro 'garoto-propaganda', sem seu consentimento, gera para esse trabalhador o direito à respectiva contrapartida financeira de caráter indenizatório". O ministro ressaltou que este é o entendimento firmado tanto nas turmas do TST quanto na Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), órgão uniformizador da jurisprudência. Na ação trabalhista, a operadora disse ter sido usada como "veículo de propaganda" para produtos das marcas Danone, Perdigão, Nestlé, Kibon, Elma Chips, Plus Vita, Easy off bang, Coca-Cola, Páscoa Zona Sul e Colgate.

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Aposentados absorvem 43% da folha de pagamento

Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE, pondera que o quadro de pessoal da instituição ficou muito jovem

Por Flavia Lima e Denise Neumann | De São Paulo Uma eventual solução do conflito entre a presidência e o corpo técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está longe de resolver todos os impasses do instituto. Uma olhada mais de perto em alguns números indica um problema ainda mais agudo em um dos bens mais preciosos do órgão: o seu quadro de servidores. Dados do Portal da Transparência do governo federal, indicam que, em 2013, somente as despesas com pessoal consumiram nada menos do que 94% do orçamento da sede do IBGE no Rio de Janeiro. Além desse percentual ter se mantido constante ao longo dos anos, os aposentados têm abocanhado uma parcela cada vez maior desse bolo. Entre 2009 e 2013, a fatia dos aposentados na despesa de pessoal passou de 37% para 43%, enquanto os efetivos perderam espaço, passando de 47,5% para 43,7% no mesmo período. O imbróglio não é novo. Parece apenas mais urgente diante de novas demandas. "Tivemos muitos problemas com o quadro de aposentados quando fui presidente", conta Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE entre 1999 e 2003 e hoje na prefeitura do Rio. "Talvez fosse até mais grave, pois existiram mais concursos depois". Levantamento da Associação dos Funcionários do IBGE mostra que cerca de 70% dos atuais servidores em atividade (por volta de 4 mil pessoas) possuem mais de 26 anos de trabalho, o que os coloca muito perto da aposentadoria. A razão é que a maior parte da equipe do instituto foi admitida no início da década de 1980 e do fim daquela década em diante o instituto passou por um longo período lidando com

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baixa reposição de pessoal ou simplesmente sem contratações. Entre 2006 e 2013, 1260 pessoas ingressaram por concurso na instituição, número insuficiente para impedir que o quadro de efetivos continuasse encolhendo. Nesse ponto, parece não haver discordância entre corpo de funcionários e a direção. Em 2012, a mesma preocupação foi apresentada de forma contundente pela presidente do instituto, Wasmália Bivar, em carta à ministra do Planejamento, Miriam Belchior. No documento, a presidente informava que a cada ano o instituto perde cerca de 300 servidores somente por aposentadorias. Destacava ainda que 30% dos servidores do instituto já tinham tempo de casa suficiente para parar de trabalhar (cerca de 2 mil trabalhadores à época), sendo 579 deles ocupantes de posições estratégicas no órgão. As reivindicações parecem surtir algum efeito. Há concurso em andamento para contratação de 492 vagas permanentes e outras 7,8 mil temporárias. Economistas que acompanham e usam o trabalho do IBGE, olham para a situação, mas ainda temem que a demora em recompor o quadro técnico da instituição comprometa, no futuro, a memória da instituição, dos cálculos e do trabalho. "O IBGE precisa fazer ainda mais concursos e também aumentar os salários senão ele não retém mão de obra qualificada", diz Claudio Considera, que foi chefe do Departamento das Contas Nacionais no IBGE de 1986 a 1992. "Demora para formar um técnico no IBGE, há contas e tratamento de informação que requerem prática, tempo. Eu cheguei no IBGE já com doutorado, mas demorei um ano para aprender a tratar as estatísticas corretamente", diz ele, que atuou na instituição cedido pelo Ipea. "O instituto ficou com pessoal mais jovem, menos qualificado, e dependendo muito da velha guarda que foi se aposentado e sendo recontratada na forma de consultorias ou de contratos temporários, e ainda hoje é um grupo que forma a inteligência do instituto", diz outro ex-presidente do instituto, Simon Schwartzman. Um ex-pesquisador do IBGE - um dos tantos que fez toda sua carreira na instituição -, observa que ela teve, no início dos anos 90, cerca de 14 mil funcionários. Desde meados daquela década, no entanto, houve um forte investimento tecnológico, e muitas pesquisas cujas coletas eram feitas diretamente pelos técnicos passaram a ser informatizadas.

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Essa expressiva modernização é vista como crucial ao permitir manter e ampliar as pesquisas - inclusive com o desenvolvimento de novos indicadores econômicos, como a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) - mesmo com redução do quadro de pessoal. "Mas os ganhos obtidos com esse salto de tecnologia de informação estão maturados, e já não é mais possível ganhar tanto em inovação e tecnologia", pondera. Por isso, essa fonte defende que é o momento da instituição, de novo, olhar com atenção para seu principal insumo, que é o capital humano. Ao longo dos último anos, o IBGE optou por ampliar a contratação de temporários, especialmente para as pesquisas de campo, que demandam entrevistas domiciliares, como a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a nova Pnad. Em fevereiro, eles eram 4,4 mil. A questão, no entanto, suscita debate. "Cada vez menos se precisa de funcionários permanentes porque dá para ser eficiente com a contratação de serviços. Mas isso requer um núcleo muito sólido", diz Besserman. Schwartzman, é ainda mais enfático, ao dizer que o modelo do IBGE, que chama de "grande repartição formada em sua maioria por funcionários de nível médio espalhados por todo o Brasil" é obsoleto. "Eu pensaria num instituto moderno com muito menos gente contratada de forma permanente", diz. Schwartzman diz, porém, que todas a tentativas que fez de trabalhar em parceria com institutos estaduais de pesquisa, como Fundação Seade, em São Paulo, ou a Fundação João Pinheiro, em Minas, sempre encontraram resistência do pessoal administrativo do IBGE. "Achavam que isso era um esvaziamento do instituto". No meio do embate, contudo, há consenso que a excelência e autonomia do IBGE não estão em jogo. "O IBGE funciona de modo inteiramente autônomo como órgão de Estado, seus funcionários são muito ciosos dessa autonomia e muito preparados para defendê-la", diz Besserman. Ele conta que houve estranhamento quando, então diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), pediu que fosse cedido ao IBGE. "Um diretor do BNDES ganha muito mais. Mas eu conhecia a qualidade da equipe do IBGE, o que me dava muito conforto para essa aventura", diz. "Valeu a pena. Aprendi muito". (Fonte: Valor Econômico dia 14-04-2014).

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