tema gestão do conhecimento - ava...

22
CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema Gestão do Conhecimento Projeto Pós-graduação Curso MBA em Engenharia da Produção Disciplina Desenvolvimento e Instrumento em Gestão de Pessoas Tema Gestão do Conhecimento Professor Pablo de Assis Introdução Uma das áreas de maior crescimento no mercado atual diz respeito ao trabalho com capital intelectual. A parte da organização que lida com esse tipo de administração é a Gestão do Conhecimento. Porém, devemos perceber que gerir conhecimentos é gerir principalmente as pessoas que constroem e adquirem esse conhecimento. Para nos aprofundar sobre isso, neste tema, veremos os seguintes tópicos: O que é gestão do conhecimento. A relação entre gestão do conhecimento e capital intelectual. O que é e como funciona a gestão do conhecimento organizacional. A importância da comunicação interna e externa. A memória organizacional. A espiral do conhecimento. Desafios da gestão do conhecimento. (Vídeo disponível no material on-line)

Upload: duongnguyet

Post on 09-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

1

Tema – Gestão do Conhecimento

Projeto Pós-graduação

Curso MBA em Engenharia da Produção

Disciplina Desenvolvimento e Instrumento em Gestão de

Pessoas

Tema Gestão do Conhecimento

Professor Pablo de Assis

Introdução

Uma das áreas de maior crescimento no mercado atual diz respeito ao

trabalho com capital intelectual. A parte da organização que lida com esse tipo

de administração é a Gestão do Conhecimento. Porém, devemos perceber que

gerir conhecimentos é gerir principalmente as pessoas que constroem e

adquirem esse conhecimento.

Para nos aprofundar sobre isso, neste tema, veremos os seguintes

tópicos:

O que é gestão do conhecimento.

A relação entre gestão do conhecimento e capital intelectual.

O que é e como funciona a gestão do conhecimento organizacional.

A importância da comunicação interna e externa.

A memória organizacional.

A espiral do conhecimento.

Desafios da gestão do conhecimento.

(Vídeo disponível no material on-line)

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

2

Problematização

Sua empresa, como tantas outras, está lidando com o problema de

acesso a redes sociais e sites impróprios no horário de trabalho pelos

colaboradores. Isso tem causado uma série de problemas que a equipe de TI

tem relatado, como lentidão nos servidores, entrada de vírus e programas

potencialmente perigosos, por isso, o pessoal da TI entende que todos esses

sites devem ser bloqueados. Além disso, há uma desconfiança por parte dos

gestores de que os colaboradores estão gastando muito tempo em sites sociais

em vez de trabalharem. Afinal, se eles têm tempo para assistir a vídeos do

Youtube ou compartilhar fotos no Facebook, eles podem produzir mais.

Apesar disso, você sabe que a visita a esses sites é uma forma de

distrair a cabeça durante algum momento no trabalho, de se manter informado

e de pesquisar o mercado. Por conta da proximidade com seus colegas e do

seu conhecimento sobre Gestão de Pessoas, a você foi dada a oportunidade

de sugerir políticas de uso da internet no período de trabalho. Quais seriam as

suas sugestões? Como você acha que uma empresa deve lidar com esses

problemas?

Você não precisa responder agora! Realize seus estudos sobre este

tema e escolha a melhor alternativa para a sua situação mais adiante.

Gestão do Conhecimento

Empresas investem em capital. Isso é uma noção básica dos negócios.

Porém, algo que está crescendo muito é a forma desse capital. A maioria das

empresas segue o modelo industrial, onde o capital e os recursos são

materiais. Por isso mesmo, muito do tratamento básico feito com as pessoas

em empresas tradicionais, que seguem o modelo industrial, acaba sendo tratá-

las como recursos humanos, semelhantes aos recursos materiais.

Porém, as grandes empresas do mundo – não necessariamente em

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

3

tamanho, mas principalmente em abrangência – não trabalham exclusivamente

com um capital material. Elas, de um tempo para cá, têm trabalhado

principalmente com o que chamamos de Capital Intelectual, ou geração de

riqueza a partir do conhecimento e informações. E o mais importante é que a

geração de conhecimento não se dá através de máquinas e processos

industriais, mas sim através de pessoas e processos humanos. Por isso, temos

a Gestão do Conhecimento como mais um campo de trabalho da gestão de

pessoas e a motivação como uma das principais ferramentas.

Os modelos gerenciais mudaram com o tempo, assim como os modelos

de trabalho. Durante muitos séculos, a humanidade sobreviveu por meio do

trabalho agropecuário. Inclusive, foi a revolução agrícola que permitiu a

evolução humana e o desenvolvimento da sociedade como a conhecemos

milhares de anos atrás. E esse modelo vingou até o século XVIII, quando

tivemos a Primeira Revolução Industrial.

A partir dessa primeira revolução industrial tivemos uma grande

revolução social. O campo, principal fonte de renda e vida da população, foi

diminuindo de importância enquanto as cidades foram crescendo pelo fato do

aumento das indústrias. Aos poucos, percebeu-se a relevância das pessoas e

muitos direitos sociais foram obtidos, além de novas liberdades individuais.

O ápice desse processo se deu na década de 1970, com o movimento

contracultura e as diversas revoluções sociais. O mais interessante é que

nessa época temos também o início da Terceira Revolução Industrial ou

Revolução da Informação. Desse momento em diante, começamos a

perceber grandes mudanças no ambiente corporativo e organizacional.

Para usar o século XX como exemplo, durante a Segunda Revolução

Industrial e a explosão do modelo fordista, temos os modelos tradicionais de

administração, baseada na administração científica, burocrática e na

administração de recursos humanos. A partir da década de 70, vemos crescer

novos modelos administrativos, como o toyotismo, o empreendedorismo e o

holismo, entre outros.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

4

Esses modelos vingaram até o final do século XX, porém, agora no

século XXI, com o crescimento de novas formas de produção, de trabalho e de

relações sociais, surgiram também novos modelos administrativos. Esses

modelos emergentes se baseiam nas novas tecnologias da informação, na

internet e no uso de dispositivos virtuais de comunicação. A Revolução da

Informação também é uma revolução da comunicação e com isso temos o

surgirmos de empresas virtuais, modelos científicos baseados na biologia, na

física quântica, na teoria do caos e na complexidade, além do crescimento da

Gestão do Conhecimento.

Nossa grande questão agora é: como será nosso modelo de trabalho e

de gestão em pleno século XXI? Será que ainda nos prenderemos aos

modelos tradicionais ou aos não tão novos modelos administrativos do século

passado? Conhecer a revolução da informação e a Gestão do Conhecimento é

essencial para o gestor que quer se manter competitivo no século XX.

Conhecimento Organizacional e Capital Intelectual

Por mais que o foco da gestão do conhecimento seja as pessoas e isso

implique em dar um passo além do modelo industrial, a lógica da Gestão do

Conhecimento pode ser aplicada a qualquer organização, seja ela industrial,

agrícola ou de serviços. O importante é perceber que além da produção

material, toda organização produz, potencialmente, conhecimento, seja de seus

processos, de seu mercado ou de seus clientes.

Ao mesmo tempo, toda organização acaba lidando com o capital

intelectual não só interno como também externo. Grande parte dos processos

de mercado depende de conhecimento e inteligência. É necessário saber onde,

quando e quanto investir, saber como atingir seus clientes, conhecer as

implicações do mercado, das bolsas de valores e do comércio internacional.

Enfim, existe uma infinidade de conhecimentos que uma organização precisa

lidar para se ter sucesso.

Percebeu-se de um tempo para cá que as principais mudanças e

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

5

inovações são devidas a importantes descobertas científicas e no investimento

na produção e aquisição de conhecimento. Sem o devido conhecimento, os

modelos organizacionais estariam estacionando. Por isso, para haver

mudanças e inovações é necessário o conhecimento, assim, uma boa gestão

do conhecimento e do capital intelectual é necessária.

Uma das primeiras questões a se perceber é que a Gestão do

Conhecimento é uma área emergente que implica no conhecimento de

diversas áreas como o marketing, a administração, a tecnologia, a economia, a

história, a sociologia e a psicologia, entre outras. O conhecimento não é único,

tampouco são seus processos e sua gestão. Mas, afinal, de que conhecimento

estamos tratando?

Alguém pode argumentar que uma organização, desde a mais simples,

sempre lida e gerencia conhecimento. Porém, o que a maioria acaba fazendo é

lidar com dados, que são simples registros dos fatos e processos: algo entra,

outro algo sai, uma reunião é marcada e escreve-se uma ata. Tudo isso é

gerenciamento de dados e, realmente, existem inúmeros sistemas de

gerenciamento de dados disponíveis há muito tempo.

Porém, quando o dado é comunicado, estamos tratando de informação e

isso implica em um processo mais elaborado, que envolve em um emissor, um

receptor, um canal de comunicação, um código a ser utilizado (como um idioma

ou uma linguagem de computador) e finalmente a mensagem, que seria o dado

em si. Como é possível perceber, esse dado precisa ser compreendido e essa

mensagem interpretada. Uma informação revela muito mais conteúdos –

principalmente conteúdos humanos e emocionais – do que um dado.

É desse fluxo de informações que tiramos o conhecimento, ou seja, dos

livros, conversas, reuniões e de todo lugar onde temos dados sendo

comunicados em forma de informação. Mas nem todo conhecimento é útil, pois

muitos deles derivam de conversas informais, documentos não essenciais

como revistas de variedades ou redes sociais. O conhecimento que estamos

falando é do conhecimento útil e válido para a organização.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

6

É sobre esse tipo de conhecimento que precisamos prestar atenção e

gerenciar, já que é nesse momento que o capital intelectual é tratado. Como

definição breve, o capital intelectual é toda informação que possui valor para

uma instituição. Esse curso, por exemplo, é um grande investimento em capital

intelectual, pois esse conhecimento, além de possuir um valor, irá agregar mais

valor ao seu trabalho.

Esse tipo de capital está o tempo todo sendo produzido pelas empresas,

seja na criação de uma campanha de marketing, na elaboração de um manual

de procedimentos internos ou até na comunicação de uma reunião de equipe.

Basta lembrar que todo conhecimento útil e que tenha valor em uma

organização pode ser classificado como capital intelectual.

Além disso, o capital intelectual deve ser tratado da mesma forma que o

capital material. Por exemplo, se estamos dispostos a pagar por uma peça de

computador, um bem material que possui valor material, também devemos

estar dispostos a pagar por um serviço de informática, um bem intangível,

porém com grande valor intelectual. Esse talvez seja um dos grandes desafios

da Gestão do Conhecimento: a monetização ou valorização monetária do

capital intelectual. Afinal, quanto vale um serviço ou uma informação? Quanto

devo pagar por um trabalho especializado? Ou quanto deve ser o aumento de

salário do meu colaborador que terminou sua especialização?

(Vídeo disponível no material on-line)

São muitos os desafios e caminhos para a gestão da informação. Neste

curso, iremos aprender o essencial da gestão do conhecimento organizacional.

Caso você tenha interesse em aprofundar seu conhecimento, pode começar

pesquisando essas fontes complementares e delas partir para outras pesquisas

mais detalhadas:

http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/gco_site/m_capitulo01.htm

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

7

http://neigrando.wordpress.com/2010/03/22/introducao-a-gestao-do-

conhecimento-nas-organizacoes/

http://www.scielo.br/pdf/prod/v18n3/a12v18n3.pdf

Gestão do Conhecimento Organizacional

A gestão do conhecimento organizacional pode parecer um processo

bastante abstrato, afinal, estamos falando de conhecimento, que é um bem

abstrato e intangível. Apesar disso, os processos de gestão do conhecimento

podem ser bastante sólidos e materiais, principalmente se utilizarmos a gestão

dos processos materiais de uma empresa como modelo.

Podemos partir do pressuposto de que a matéria-prima do conhecimento

são todos os recursos que agregam informação, como livros, publicações,

manuais e documentos. Além disso, em uma organização temos outras formas

de conhecimento, como a experiência dos colaboradores mais antigos, as

titulações adquiridas e cursos realizados. Finalmente, todo sistema

informacional também pode ser visto como fonte de conhecimento, como a

intranet e a própria internet.

Essa informação é tratada em uma infraestrutura tecnológica que facilita

a comunicação da informação. Usamos computadores e outros dispositivos

eletrônicos (fotocopiadoras, celulares smartphones, etc.), além de toda a

estrutura de logística e comunicação que a organização disponibiliza. Afinal,

esses processos também dependem do conhecimento humano, pois ajudam a

construir tal conhecimento.

Todo processo de gestão precisa ser acompanhado e existem vários

indicadores dos processos de conhecimento para isso, como pesquisas de

mercado, benchmarking, avaliações dos clientes, entre outros processos

externos. Além deles, podemos construir processos internos, como reuniões,

brainstormings e avaliações de desempenho. Todos esses processos acabam

servindo como indicadores do sucesso da gestão do conhecimento.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

8

Eles servem também para balizar os métodos de gestão. Por exemplo,

podemos criar formas de padronização dos processos como uso e normas

como as da ABNT, implantação de boas práticas, uso de códigos e regimentos,

além da elaboração de relatórios. Esses processos também podem ser

compilados e organizados em um sistema de informação corporativo, com

auxílio de uma boa base de dados e uma equipe de tecnologia da informação.

Esses métodos também envolvem estruturar e organizar os modelos de

gestão, como os paradigmas empresariais de visão, missão, valores, objetivos,

metas e estratégias. Esses modelos envolvem os paradigmas educacionais e

modelos de avaliação interna e externa, como cursos, acompanhamentos,

monitoriais, tutorias, entre outros. Por fim, ao falarmos de métodos, falamos

também da forma de compartilhamento e socialização da informação, seja por

meios de comunicações impressas, audiovisuais, reuniões, cursos ou outros

meios.

Finalmente, esses métodos, estruturas e avaliações precisam se voltar

também para a gestão do conhecimento do ambiente organizacional. Estamos

aqui falando de processos de cultura e clima organizacional, além da criação

de sistemas de sustentabilidade e responsabilidade social. Isso envolve

práticas de criação de hábitos, como reciclagem, por exemplo, ou então de

carona solidária. Isso tudo é relevante para criar a cultura do conhecimento na

organização.

Gerenciar o conhecimento em uma organização é como gerenciar os

processos produtivos. Porém, há aqui duas grandes diferenças:

Primeiro, o conhecimento é um processo intrinsicamente humano e,

por isso, deve ser uma preocupação da gestão de pessoas. Não

devemos tratar os processos de gestão do conhecimento como

processos mecânicos e formais. O conhecimento é fluido e orgânico,

sempre mutável.

Segundo, o conhecimento é um capital abstrato e, por isso, de difícil

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

9

quantificação. Mas isso não quer dizer que ele não mereça um valor

monetário. Um trabalho especializado deve receber sua remuneração

apropriada, tanto quanto um trabalho específico que gere lucro. Por

exemplo, o trabalho de um psicólogo em uma organização não trará

lucro iminente como faz o departamento de vendas, mas seu trabalho

especializado poderá evitar perdas, diminuição de rotatividade,

melhoria de motivação e uma série de outros fatores que agregarão

valor ao trabalho como um todo da organização, assim, deve ser

valorizado e recompensado como tal.

(Vídeo disponível no material on-line)

Comunicação Interna e Externa

Talvez um dos processos mais delicados de uma organização seja o

processos de comunicação. Afinal, se queremos transmitir alguma ideia,

objetivo ou planejamento, precisamos nos comunicar, mas essa comunicação

precisa ser feita com clareza. Nada mais chato do que esperar algo de seus

colaboradores e não conseguir simplesmente porque não soubemos comunicar

corretamente nossas ideias.

Podemos pensar em dois processos básicos de comunicação, a interna

e a externa. A comunicação interna acontece entre a organização e seus

colaboradores, enquanto a externa ocorre com os clientes, fornecedores e

público em geral. Boa parte dessa comunicação é feita pelo setor de marketing,

tanto interna quanto externamente. Além disso, boa parte da comunicação –

principalmente interna – depende de uma boa gestão de pessoas e do

conhecimento.

Uma comunicação eficaz é, também, um conhecimento importante que

deve ser cultivado. Depende de práticas que devem ser reforçadas todos os

dias. Para isso, precisamos nos preocupar com cinco pontos que fazem parte

da comunicação:

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

10

Emissor - é a pessoa que transmite a mensagem. Ela precisa ter

confiança e credibilidade. Não adianta pedir para alguém de outro

departamento transmitir uma informação, pois esse emissor pode não

ter a credibilidade de quem deveria de fato fazer isso.

Receptor - é quem recebe a mensagem. Pode ser seus colegas, sua

equipe, a chefia. Dependendo de quem recebe, a mensagem deve

ser direcionada. Uma coisa é conversar com colegas e outra,

completamente diferente, é conversar com a presidência.

Canal - é o meio por onde passa a mensagem. Pode ser via telefone,

escrito em um papel, colado na parede, no informativo da

organização, por e-mail, pessoalmente, através de uma conversa.

Novamente, cada tipo de mensagem implica em um canal apropriado.

Algumas mensagens precisam ser documentadas, registradas, então,

comunicações verbais não bastam. Embora, muitas pessoas se

comunicam melhor verbalmente.

Código - é a forma como a mensagem é transmitida. Pode ser usado

um código escrito, falado, uma imagem para indicar a porta do

banheiro ou um aviso sonoro que indique perigo ou o horário do

almoço. Um fato importante sobre o código é que ele precisa ser

conhecido tanto pelo emissor quanto pelo receptor.

Mensagem - é o conteúdo da informação, a essência da

comunicação. Todo processo comunicacional implica em enviar uma

mensagem de um emissor a um receptor através de um canal e um

código. Em uma organização, a mensagem é o processo que se

relaciona à gestão do conhecimento.

A mesma estrutura para a comunicação interna serve também para a

comunicação externa, mudando apenas o receptor, que pode ser o cliente ou

fornecedor e o canal, que geralmente é de comunicação em massa, para

atingir de forma eficaz muitas pessoas ao mesmo tempo.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

11

(Vídeo disponível no material on-line)

Memória Organizacional

Muitas teorias do conhecimento dizem que não existe conhecimento

sem memória. Como exemplo, temos o conhecimento humano. Se você diz

que conhece uma pessoa, você está inferindo que se lembra dessa pessoa. Se

você diz que conhece um processo, está implicando que se lembra de como

realizar o processo. Conhecimento e memória são intrinsicamente

relacionados.

Essa memória organizacional existe de várias formas. Os livros de

registro, as atas de reunião e os documentos oficiais são formas tradicionais de

guardar memória. Existem também os arquivos de relatórios, correspondências

e outros impressos, além de memória digital dos documentos e e-mails.

Outra forma mais efêmera de memória organizacional são as tradições.

Elas podem impactar tanto nas práticas e rotinas cotidianas, como nos clientes

e fornecedores mais ativos. Muitas vezes, não se sabe o motivo de algo

acontecer na organização, somente que algo é feito há muito tempo dessa

forma e parece estar funcionando. Essa falta de registros e confiança nas

tradições pode ser eventualmente prejudicial, principalmente quando se busca

processos objetivos e claros.

Além disso, existem as experiências acumuladas dos colaboradores.

Todos os treinamentos, as palestras e as reuniões são guardadas nas

memórias individuais e experiências das pessoas. Assim, quando chegar

alguém novo, essa experiência acumulada pode ser passada adiante. Porém,

essa forma de memória também tem uma fraqueza: ela depende

exclusivamente das pessoas. Se algo acontece com elas, seja por uma falta ou

demissão, esse conhecimento é perdido.

Por isso, é importante existir alguma forma de registro material da

memória organizacional, seja ela em arquivo físico ou digital. Esses arquivos

precisam ser atualizados e mantidos, pois mesmo um documento em papel

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

12

corre o risco de se perder com o tempo ou com imprevisibilidades como

enchentes ou incêndios. As memórias digitais também possuem um tempo de

vida útil que precisa ser observado. Por isso, é recomendado ter alguma forma

de backup, ou cópia reserva de segurança.

(Vídeo disponível no material on-line)

Conteúdo Complementar

A memória digital é uma excelente ferramenta para manter o registro e

arquivos de uma organização, porém, ela apresenta limitações. Leia o artigo a

seguir sobre uma nova tecnologia que permite armazenar informações por até

um bilhão de anos e entenda as limitações dos sistemas de armazenamento de

dados.

http://www.tecmundo.com.br/nanotecnologia/2638-memorias-

eternas.htm

Espiral do Conhecimento

Existem diferentes formas de se trabalhar o conhecimento. Vários

autores diferenciam entre conhecimento tácito e explícito. O conhecimento

tácito é aquele intuitivo, sem registro claro e mensurável unicamente através da

ação. Incluem as tradições e experiências. Já o conhecimento explícito é

aquele que depende de uma organização formal, um registro objetivo e de

linguagem específica, como a matemática, por exemplo. É na articulação do

conhecimento explícito e tácito que temos as articulações do conhecimento.

Segundo Nonaka & Takeuchi (1997, p. 79), para se tornar uma “empresa

que gera conhecimento” a organização deve completar uma “espiral do

conhecimento”, um processo que envolve a articulação dos conhecimentos

tácitos e explícitos. Assim, o conhecimento é articulado e internalizado por

todas as pessoas, tornando-se base do conhecimento da organização como

um todo. Dizemos que esse processo é uma espiral, pois cada um dos quatro

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

13

passos é repetido várias vezes, mas cada vez em patamares mais elevados,

com a finalidade de ampliar o conhecimento em outras áreas da organização.

Os quatro processos são:

Socialização - o compartilhamento do conhecimento tácito, por

meio da observação, imitação ou prática (tácito para tácito). Implica

em processos de treinamento inicial ou até conversas informais.

Externalização - a transformação do conhecimento tácito em

explícito e sua comunicação ao grupo (tácito para explícito). Isso

faz parte das reuniões ou relatórios construídos em cima das

práticas cotidianas.

Combinação - a padronização do conhecimento, organizando em

um manual ou guia de trabalho e incorporá-lo a um produto ou

prática interna (explícito para explícito). É uma forma de

transformar o conhecimento explícito em uma memória explícita,

útil para todos.

Internalização - quando novos conhecimentos explícitos são

compartilhados na organização e outras pessoas começam a

internalizá-los e utilizam para aumentar, estender e readequar seu

próprio conhecimento tácito (explícito para tácito). É o uso cotidiano

do novo conhecimento.

Esses processos da espiral também tendem a transformar

conhecimentos que antes eram competitivos em conhecimentos colaborativos.

Quando socializo, compartilho vários conhecimentos internos com as outras

pessoas que também podem ter os seus conhecimentos, os quais competem

com os meus, partindo para a externalização através dos processos formais de

conhecimento, transformando o que há de interno em externo. Dessa forma,

nossos conhecimentos tornam-se explícitos a todos e podem, então, ser

trabalhados pelo grupo. A combinação é um trabalho puramente externo,

juntando o que foi externalizado e transformando em algo mais útil

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

14

coletivamente. Finalmente, a internalização retorna ao conhecimento

transformado, combinado com o conhecimento dos demais para um processo

colaborativo. Assim, aquilo que era competitivo passa a ser colaborativo

através de processos de gestão do conhecimento.

(Vídeo disponível no material on-line)

Conteúdo Complementar

A espiral do conhecimento pode ser visível nas redes sociais e mídias

sociais. Você sabe o que é uma mídia social? Este breve vídeo legendado

explica de forma bem didática e divertida como funcionam as mídias sociais.

Vale lembrar que o vídeo original tem alguns anos e algumas das informações

estão datadas, porém, o essencial permanece o mesmo. Aproveite, enquanto

assiste ao vídeo, para tentar perceber como a espiral do conhecimento se

aplica às mídias sociais!

https://www.youtube.com/watch?v=tzn3WuGIprI

Desafios da Gestão do Conhecimento

A gestão do conhecimento pode ser compreendida como os processos

que a organização deve tomar para criar, valorizar, sistematizar e aplicar o

capital intelectual à sua disposição. Com isso, a organização deve tentar

vencer vários desafios, como influenciar o comportamento do colaborador,

considerado o maior deles; fazer com que as lideranças da organização

comprem as novas ideias; e, por fim, determinar como classificar e valorizar o

conhecimento.

Além disso, parte do processo de gestão do conhecimento está em

organizar internamente os potenciais e talentos da organização e das equipes.

Não basta delegar funções sem saber como valorizar os talentos dos

colaboradores. Trabalhar com motivação é essencial para o sucesso da

produção e compartilhamento do conhecimento. Isso sem esquecer o aspecto

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

15

ambiental e político da organização, das forças sociais e jurídicas.

Finalmente, um último desafio é preservar o capital intelectual para que

ele possa ter valor estratégico no mercado. Isso não quer dizer que a

organização deve manter em sigilo o seu conhecimento, porém, deve saber

como comunicá-lo sem comprometer seu capital. O segredo é saber diferenciar

o que deve ser explicitado, para quem e como isso deve acontecer e também o

que deve ser reservado, de quem e como isso será utilizado.

É possível refletir sobre isso observando as experiências das empresas

de informática. As grandes empresas produtoras de computadores e softwares

como a Microsoft e a Apple têm como tradição manter em sigilo seu capital

intelectual, criando produtos conhecidos como proprietários, ou seja, com a

propriedade intelectual reservada para manipulação e distribuição somente por

quem eles autorizarem. Assim, somente eles poderão lucrar com esse

conhecimento. Por isso, essas empresas estão criaram um modelo de lucro

sobre o conhecimento vendendo licenças de uso.

Suas concorrentes de modelo são empresas de software livre, ou seja,

de programas abertos para qualquer pessoa e disponíveis gratuitamente ao

consumidor. O Linux é o principal sistema operacional construído assim, o qual

concorre diretamente com o Windows e o Mac OSX. Porém, o modelo de

gestão do Linux implica em venda de serviços especializados sobre o seus

produtos distribuídos gratuitamente. Assim, qualquer pessoa poderá

inicialmente usar o Linux, mas caso queira uma personalização ou atualização

especializada, ele contrata os serviços da companhia.

São dois modelos de gestão de conhecimento e capital intelectual

diferentes. O de Software Proprietário reserva o conhecimento para exploração

unicamente pela organização. Já o de Software Livre disponibiliza o

conhecimento gratuitamente a todos e explora os serviços derivados desses

produtos. O tipo de modelo a ser utilizado deve ser planejado estrategicamente

com os gestores de conhecimento da organização.

(Vídeo disponível no material on-line)

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

16

Conteúdo Complementar

Caso você tenha interesse em aprofundar sobre essa questão do

Software Livre e do Software Proprietário, seguem aqui umas boas

recomendações. A primeira é um vídeo do Governo do Estado de São Paulo

em um curso de introdução à informática sobre a diferença entre esses dois

modelos de softwares. A segunda é uma apresentação de slides online com

várias informações a respeito da relação dos softwares livres e proprietários e

os direitos autorais, com indicações de leis e trabalhos a respeito. Vale muito a

pena conferir!

https://www.youtube.com/watch?v=D1xe5-LlPvU

http://pt.slideshare.net/wisllayvitrio/software-livre-x-software-

proprietrio-propriedade-intelectual

Retomando a problematização

Vamos voltar agora à problematização? Você já decidiu o que deve fazer

em relação à situação apresentada no início deste tema?

a. A sugestão da TI deve ser seguida e os sites devem ser bloqueados. O

que importa é a produtividade e as redes corporativas devem servir para

o trabalho, não para a diversão.

b. Além de ser incentivado, o acesso às redes sociais precisa ser orientado

pela educação corporativa, informando aos colaboradores as limitações

e consequências de abusos, justamente para evitar a divulgação

desnecessária de informações ou o comportamento indesejado em

meios virtuais.

c. As redes sociais são fonte de informação tanto quanto qualquer outra.

Por isso, seu uso deve ser irrestrito e ilimitado.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

17

Feedback

a. Muito do conteúdo das redes sociais, de fato não é útil

corporativamente, porém a influência e a abrangência das redes digitais

são inegáveis. Manter os funcionários longe do acesso desses

ambientes é restringir sua abrangência a determinadas formas de

comunicação e de oportunidades, inclusive de divulgar informações

sobre a organização. O conhecimento não pode ser exclusivo e a

internet é uma grande fonte de conhecimento. A colaboração existente

nas redes pode – em certa medida – ser útil, por isso, restrições gerais

do conhecimento são sempre temerosas.

b. A melhor forma de lidar com o conhecimento é com mais conhecimento.

Educação corporativa é uma forma saudável de lidar com as redes

sociais. Ao invés de coibir ou proibir seu uso, é recomendável que os

colaboradores aprendam a utilizar as redes, seus limites e

consequências de abuso. Parte da gestão do conhecimento está em

como compartilhar o conhecimento e isso pode ser feito através de

treinamentos corporativos. Ao invés de transformar a internet em nossa

inimiga, através da educação, ela poderá ser a nossa aliada.

c. A liberação irrestrita das redes sociais pode ser um caminho

irresponsável de uso da internet. De um ponto de vista organizacional,

permitir o acesso irrestrito é também permitir a comunicação e liberação

de informações delicadas e potencialmente sigilosas. Ao mesmo tempo,

a grande reclamação da TI é o abuso do uso da internet que provoca

limitações na infraestrutura da rede. Se proibir o uso da internet não

parece ser o melhor caminho, também liberar o seu uso não é tão

interessante assim.

Síntese

Neste tema, estudamos sobre o conhecimento e o capital intelectual,

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

18

compreendemos como se dá o processo de gestão do conhecimento e o que é

memória organizacional. Finalmente, vimos quais são os desafios da gestão do

conhecimento.

(Vídeo disponível no material on-line)

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

19

Referências

DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

DRUCKER, Peter. Desafios Gerenciais para o Século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999.

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

SANTOS, A.; PACHECO, F.; PEREIRA, H.; BASTOS Jr., P. Gestão do Conhecimento como Modelo Empresarial. Disponível em: <http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/gco_site/m_capitulo01.htm>. Acesso em: 31 jan. 2014.

SANTOS, I.; AMATO NETO, J. Gestão do conhecimento em indústria de alta tecnologia. Produção. São Paulo, v. 18, n. 3, Dec. 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132008000300012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 jan. 2014.

SANTOS, M. A Gestão do Conhecimento como prática coorporativa geradora de vantagem competitiva sustentada. FACOM. São Paulo: FAAP, 2005.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

20

Atividades

Sobre a gestão do capital intelectual em uma organização, é correto 1.

dizer que:

a. O capital intelectual gera lucros, quando bem trabalhado, da mesma

forma que o capital material, por isso, merece a mesma atenção.

b. O capital intelectual só é relevante para organizações que trabalham

com serviços. Indústrias não se beneficiam do capital intelectual.

c. O capital intelectual é um bem intangível que precisa ser

materializado na forma de livros ou serviços para poder gerar lucros.

d. O capital intelectual em uma empresa deve ser conservado como

memória organizacional, porém, poucas são as iniciativas de

investimento em capital intelectual que realmente geram lucros.

A memória organizacional tem como objetivo: 2.

a. Lembrar-se de todos os erros que o colaborador por ventura faça

para poder demiti-lo sempre por justa causa quando for necessário.

b. Servir como registro dos padrões organizacionais que deram certo

para que sempre sejam repetidos sem questionamento.

c. Manter um registro organizado das ações da empresa, preservando

as tradições e possibilitando à organização aprender com seus erros

e acertos.

d. Ajudar futuras gerações na construção do museu da história da

organização, para mostrar quão grandiosos eram os líderes na sua

época.

Sobre a espiral do conhecimento, podemos dizer que: 3.

a. Ela descreve somente os processos de aquisição de conhecimento

individual e deve ser utilizado como referência ao se planejar

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

21

treinamentos e avaliações de conhecimento.

b. Ela descreve uma forma dinâmica da transformação do

conhecimento através do compartilhamento e socialização,

mostrando que é possível a organização crescer através disso.

c. Ela mostra como o conhecimento tácito se transforma em

conhecimento prático através de um caminho linear de ações diretas

sobre o conhecimento.

d. A espiral é um constructo teórico baseado nas escadas em espiral

que ilustra uma outra forma de crescer ao se revirar sobre um único

tema em um discurso.

Sobre a comunicação interna e externa em uma organização, é possível 4.

dizer que:

a. A comunicação interna acontece dentro das equipes e a externa

acontece no mercado como um todo.

b. Para uma boa comunicação é necessário um conhecimento interno

do assunto antes de poder externalizá-lo para seu público.

c. A comunicação começa com uma ideia que precisa ser elaborada

na relação com o meio antes de poder ser manifestada através de

memorandos ou outros meios impressos.

d. Para uma boa comunicação é necessário conhecer com quem se

fala, se é um público interno ou se é externo, pois isso modifica

completamente a mensagem, o canal e possivelmente o código.

Quais são alguns dos principais desafios da gestão do conhecimento em 5.

uma organização?

a. Saber influenciar os colaboradores, conseguir o aceite de novas

ideias e definir o valor do conhecimento.

b. Conseguir diminuir custos, melhorar a produção e ter maior

influência no mercado consumidor.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

22

c. Evitar e coibir a pirataria e garantir o maior tempo possível de

usufruto de direitos autorais e royalties.

d. Criar sistemas de inteligência que consigam descobrir o gosto dos

clientes e segredos dos concorrentes através do que eles publicam

nas redes sociais.