teixeira, eduardo salek. segurança nuclear

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EDUARDO SALEK TEIXEIRA SEGURANÇA NUCLEAR: prevenção contra atos terroristas Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador:Adv.Marcelo Tadeu Domingues de Oliveira. Rio de Janeiro 2014

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Page 1: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

EDUARDO SALEK TEIXEIRA

SEGURANÇA NUCLEAR:

prevenção contra atos terroristas

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador:Adv.Marcelo Tadeu Domingues de

Oliveira.

Rio de Janeiro

2014

Page 2: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

C2014 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Teixeira, Eduardo Salek.

Segurança nuclear: prevenção contra atos terroristas / Advogado Eduardo Salek Teixeira.- Rio de Janeiro: ESG, 2014.

78 f.: il. Orientador: Advogado Marcelo Tadeu Domingues de Oliveira. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentadaao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014.

1. Terrorismo nuclear. 2. Segurança nuclear. 3. Acidentes

nucleares. I.Título.

Page 3: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

A todos da família que durante o meu

período de formação contribuíram com

ensinamentos e incentivos.

A minha gratidão, em especial à minha

esposa Aline Santos B. Salek Teixeira, pelo

incentivo e compreensão, como resposta aos

momentos de minhas ausências e omissões, em

dedicação às atividades da ESG, a meus pais

que sempre me incentivaram em tudo e estão

sempre ao meu lado e aos meus filhos Thiago e

Giullia, pela paciência por minha ausência parcial

das atividades paternas .

Page 4: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

AGRADECIMENTOS

Aos meus maiores professores da vida, meus pais, por terem sido

responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.

Aos estagiários da melhor Turma do CAEPE pelo convívio harmonioso e

contagiante de todas as horas.

Ao meu orientador, amigo e Mestre, Marcelo Tadeu Domingues de Oliveira,

pelo carinho, amizade, ensinamentos e orientações que me fizeram refletir, cada vez

mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a responsabilidade implícita de

ter que melhorar e disseminar o conhecimento.

Ao Oficial de Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear,

Josélio S. Monteiro Filho, pelas horas perdidas no empenho e dedicação em ajudar

este trabalho a ganhar forma e autenticidade, e que sem esta contribuição nada

disto seria possível.

Ao Engenheiro Simon Rosental, pela contribuição técnica, oportuna e de

imensa sabedoria na revisão deste trabalho.

Ao Capitão do Exército Brasileiro Edson Andrade, meus agradecimentos

pela ajuda com o envio de vasto material.

Aos amigos das Indústrias Nucleares do Brasil S/A., em especial ao Físico

Cesar Gustavo Silveira da Costa pela ajuda na obtenção de material de pesquisa, ao

Diretor de Produção do Combustível Nuclear Renato Vieira da Costa pelo apoio à

indicação de meu nome para participar do processo seletivo do CAEPE 2014 e ao

Presidente Aquilino Senra Martinez por ter chancelado minha indicação, e permitido

ampliar minha visão acerca do Brasil.

Page 5: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

“Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade, porque não desejam que suas ilusões sejam destruídas.”

Friedrich Nietzsche

Page 6: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

RESUMO

Esta monografia aborda um assunto de alta relevância não só para o nosso país em

função da necessidade de se evitar os riscos de um tráfico ilegal de materiais

nucleares e radioativos, como para comunidade internacional, cada vez mais atenta

e obstinada pela adoção de medidas rigorosas com intuito de impedir o uso incorreto

dos citados materiais. Comentará sobre a atual política de Estado de prevenção de

acidentes nucleares e sua legislação sobre a responsabilidade civil por danos

nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades

nucleares. Analisará os riscos de segurança que protejam o meio ambiente, a saúde

e a integridade física da população. Os casos que ocorreram no Brasil e em outros

países podem salientar que, dificilmente podemos mensurar os possíveis estragos

oriundos de um acidente nuclear. O aprendizado deixado pelo acidente provocado

pela exposição ao césio 137, em Goiânia, teve consequências psicossociais e

econômicas sem precedentes. No Brasil foi criada uma estrutura responsável pelas

questões de segurança das atividades nucleares, através da implantação do

“Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro” – SIPRON, abrangendo,

entre outros, a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, a Eletronuclear, a

Defesa Civil, o Ministério da Defesa e a Agência Brasileira de Inteligência. Após

compulsarmos os dados que serão apresentados, nossa preocupação recairá sobre

a estratégia de defesa no que tange ao tráfico ilícito de material nuclear e/ou

radioativo. Relativamente ao aspecto temporal, vale dizer que foi realizada uma

pesquisa minuciosa, e, quanto ao espaço, falou-se sobre alguns caso de desvio de

fontes radioativas e suas consequências. A metodologia adotada comportou uma

pesquisa bibliográfica e documental, a partir de levantamento de casos, leis e

normas que regulam o tema em debate. O referencial teórico da pesquisa foi o Lei nº

6.453, de 17 de outubro de 1977.

Palavras chave: Terrorismo nuclear. Segurança nuclear. Acidentes nucleares.

Page 7: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

ABSTRACT

This work confronts an issue of great importance, not only for our country in avoiding

the risk of illicit trafficking of nuclear and radioactive materials, but also for the

international community, who is increasingly adopting stringent measures to prevent

the misuse of these materials. In describing the current State policy concerning the

prevention of nuclear accidents, this study reviews the legislation on civil liability for

nuclear damages and, moreover, the criminal liability for nuclear materials-related

activity. In addition, it examines the security risks in protecting the environment and

the population’s health and physical integrity. Previous cases in Brazil and other

countries point out that society is challenged in identifying the possible damages that

can arise from a nuclear accident. Citing lessons learned during the accident in

Goiânia, the study details the serious psycho-social and economic consequences

caused by the exposure of cesium-137. In response, Brazil created a nuclear

activities structure responsible for security matters, the Protection System to Brazilian

Nuclear Program (SIPRON). This agency includes members from the National

Nuclear Energy Commission (CNEN), Eletronuclear, the Civil Defense, the Defense

Ministry and the Brazilian Intelligence Agency. Finally, the study discusses the

defensive and security strategy regarding situations of illicit trafficking in nuclear

and/or radioactive materials, and continues with a review of cases of misuse of

radioactive sources and their resulting consequences. Due to limitations of the study,

this research uses sources that were readily available. The methodology involved a

comprehensive review of literature and documents, of which were based on a survey

of cases, laws and regulations governing the subject under discussion, including

theoretical research conducted on Brazilian Law No. 6,453, October 17, 1977.

Keywords:Nuclear terrorism. Nuclear safety.Nuclear accidents.

Page 8: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Trifólio ................................................................................................ 18

FIGURA2 Detector Pessoal de Radiação ........................................................... 19

FIGURA 3 Equipamento para identificação de radioisótopos .............................. 19

FIGURA 4 Detector Pessoal de Radiação ........................................................... 19

FIGURA 5 Detector por cintilação - Cintilômetro ................................................. 20

FIGURA 6 Detector Geiger-Muller ....................................................................... 20

FIGURA 7 Mochila para detecções em áreas ..................................................... 20

FIGURA 8 Teletector (para detecções em áreas) ............................................... 20

FIGURA 9 Detector portátil Mini RAD-D .............................................................. 21

FIGURA 10 Detectores portáteis ICS-4000 ........................................................... 21

FIGURA11 Portal Detector em rodovia................................................................. 21

FIGURA12 Portal detector móvel ......................................................................... 21

FIGURA 13 Filme dosímetro ................................................................................. 22

FIGURA14 Dosímetro de extremidade-anel ......................................................... 22

FIGURA 15 Dosímetros pessoal ........................................................................... 22

FIGURA 16 Bomba Atômica .................................................................................. 35

FIGURA 17 Cogumelo Atômico ............................................................................. 36

FIGURA 18 Área Afetada pela Bomba Atômica .................................................... 36

FIGURA 19 Submarinos Nucleares Abandonados ................................................ 37

FIGURA 20 Farol Marítimo Russo ......................................................................... 38

FIGURA 21 Fonte Termo Elétrica .......................................................................... 38

FIGURA 22 Trabalhador Rural Atingido na Georgia .............................................. 38

FIGURA 23 Caminhão Condutor de Fonte ............................................................ 39

FIGURA 24 Fonte para Irradiação de Grãos ......................................................... 39

FIGURA 25 Rascunho com Projeto de Bomba Suja ............................................. 45

FIGURA 26 Protótipo de Bomba Suja ................................................................... 48

Page 9: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIEA Agência Internacional de Energia Atômica

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear

CRFB Constituição da República Federativa Brasileira

DU Depleted Uranium – Urânio empobrecido

ENV Evento Não Usual

EUA Estado Unidos da América

FARC Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

INB Indústrias Nucleares do Brasil

IRS Ionizing Radiation Source

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MD Ministério da Defesa

MN Material Nuclear

MR Material Radioativo

RDD Radiological Dispersion Device

SIPRON Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro

Page 10: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10

2 ENERGIA NUCLEAR ................................................................................. 14

2.1 RADIAÇÃO ................................................................................................. 14

2.2 TIPOS DE RADIAÇÃO ............................................................................... 15

2.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO ........................................................................... 16

2.3.1 Classificação da exposição à radiação .................................................. 16

2.4 FONTES DE RADIAÇÃO ........................................................................... 17

2.4.1 Periculosidade e Categorização .............................................................. 17

2.4.2 Simbologia Internacional ......................................................................... 18

2.5 DETECÇÃO DE RADIAÇÃO ...................................................................... 18

2.5.1 Equipamentos para detecção de radiação ............................................. 19

2.6 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE SEGURANÇA RADIOLÓGICA....................... 23

2.6.1 Conceitos .................................................................................................. 23

3 TERRORISMO ........................................................................................... 25

3.1 ACIDENTE EM GOIÂNIA COM CÉSIO 137 ............................................... 29

3.2 TRÁFICO ILÍCITO DE MATERIAL NUCLEAR E/OU RADIOATIVO ........... 32

3.2.1 Prevenção, Detecção e Resposta a Atos Malévolos ............................. 34

3.2.2 Aspectos Relevantes Sobre a Bomba Suja ............................................ 47

4 LEGISLAÇÕES SOBRE O TEMA ............................................................. 53

5 CONCLUSÃO. ........................................................................................... 56

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 58

ANEXO A – EXEMPLOS DE FONTES ...................................................... 60

Page 11: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

10

1 INTRODUÇÃO

Após o acidente com o césio 137, pouco mudou no Brasil quando o correto

seria tratar a área nuclear com maior responsabilidade jurídica. A cada dia que

passa a questão se torna mais polêmica. Há quem diga que o desenvolvimento

tecnológico da energia nuclear deve acabar, mas a verdade é que ela é essencial

como fonte de energia alternativa ou mesmo como matriz por se tratar,

principalmente, de fonte de energia limpa. Vale ressaltar que o baixo fator de

capacidade com o atual estágio tecnológico, só permite a utilização das fontes

alternativas como energia complementar, e não como base. O Brasil como dono de

uma das 7 (sete) maiores reservas de urânio do mundo, com 25% a 30% do território

nacional prospectados (o urânio aparece muito associado a outros minerais),

apresenta um delicado quadro na área nuclear, com deficiente segurança de

materiais radioativos, em especial os destinados ao uso hospitalar, agrícola e

industrial. Faltam de leis específicas abordando o tema e há permissividade dos

governantes ao inserir pessoas estranhas à área, em cargos de confiança, sem perfil

e sem fiscalização da gestão, em nada acrescentando ao desenvolvimento do País.

No entanto, cabe indagar: Porque o Brasil trata a questão sem dar o devido grau de

importância? Este assunto vem sendo debatido pela Agência Internacional de

Energia Atômica com membros dos respectivos órgãos de vários países,

principalmente depois do fatídico dia 11 de setembro com o atentado terrorista às

torres gêmeas em New York. A segurança dos materiais nucleares e/ou radioativos

e a proteção das instalações são motivos de preocupação para a comunidade

internacional e empecilhos para continuidade do Programa Nuclear Brasileiro e de

outros países. A aquisição, posse, processamento e transferência ilícita de material

nuclear e/ou radioativo aumentam os riscos potenciais de realização de atos mal

intencionados ou ações criminais, com consequente impacto negativo sobre a

sociedade civil. É notório que o tráfico ilícito de material nuclear e/ou radioativo

poderá ser prevenido por meio de:

a) um efetivo controle nacional sobre o material nuclear;

b) um rígido sistema de segurança das instalações (que a CNEN faz de

forma exemplar);

c) pontos de controle fronteiriços efetivo através das forças armadas e da

polícia federal; e

Page 12: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

11

d) legislação específica com tipificação de crimes e penalidades próprias.

No âmbito do Mercosul foi criado, no quadro do Plano Geral de Cooperação

e Coordenação Recíproca, umgrupo de trabalho especializado sobre tráfico ilícito de

material nuclear e/ou radioativo (GTETIMNR). O grupo estuda a elaboração de

propostas de ações operacionais e de coordenação para a prevenção da ocorrência

de delitos nesta área. Concomitantemente, baseado na legislação brasileira, seria

imprescindível uma atenção maior com assuntos relacionados ao tema, seja relativo

à segurança, ou pertinente à saúde física e psíquica do trabalhador em áreas com

atividade nuclear relevante.

O projeto proposto busca analisar o caso em tela sob o ponto de vista

jurídico, de forma a delinear políticas estratégicas a partir do exame da literatura e

artigos disponíveis e recentes.

O que o Brasil pode fazer para minimizar os riscos de furto de materiais

nucleares e/ou radioativos e, de forma estratégica, evitar possíveis acidentes ou

atentados terroristas?

Identificar todas as fontes radioativas existentes em território nacional, ou

seja, com urânio associado a outros minerais e aumentar o quadro do órgão

controlador de forma a possibilitar um controle mais assíduo, com a implementação

de leis específicas certamente traria retorno.

Faz-se necessário orientar a população sobre o que é a energia nuclear,

através de campanhas organizadas por ONG’s, escolas, mídia e pelo próprio

governo, além da realização de visitas às instalações, de forma a desmistificar o

assunto e facilitar a adesão da população.

Até que ponto o Brasil possui interesse de implementar um programa de

governo na área nuclear visando sua correta estruturação, levando em conta a

descontinuidade administrativa?

As questões propostas são fundamentais em função de alguns argumentos.

O primeiro diz respeito à experiência do autor na área nuclear. Além disso, participar

do CAEPE em 2014 possibilita ampliar o conhecimento e exercer a cidadania,

traduzindo-se na forma de um trabalho. O segundo argumento é a visão prospectiva,

sob ponto de vista de defesa. O terceiro refere-se à fatos ocorridos no Brasil e em

outros países, decorrentes do furto de material radioativo, em alguns casos com

intenção da prática de atos criminosos. No entanto, a Comissão Nacional de Energia

Page 13: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

12

Nuclear, Autarquia Federal, criada em 27 de agosto de 1962, pela Lei N.º 4.118,

através de seus funcionários de carreira, exercem um efetivo e importante papel com

busca incansável pela normatização e fiscalização das fontes radioativas e

instalações nucleares, sempre atentos a minimizar e prevenir eventuais não

conformidades. Neste aspecto, novos estudos permitiriam aprofundamento e

detalhamento que o assunto merece.

A interpretação que serve para esclarecer a questão principal (e secundária),

alude ao campo da legislação brasileira, bem como de sua política de Estado em

considerar o crime de desvio de material nuclear e/ou radioativo como crime

“comum”. Como o Brasil é um país pacífico, em tese, não haveria risco de tráfico de

materiais nucleares com fins escusos. A urgência de uma política pública específica

para a área, com legislação atualizada e rigorosa,é ponto de destaque. Neste debate

inclui-se o Estado como ator global e estratégico. A fim de dar conta e reconstruir

esse debate, poderiam ser revistos conceitos como energia nuclear, enriquecimento

de urânio, fissão nuclear, radiação, fontes de radiação, detecção de radiação,

princípios básicos de segurança radiológica, consequências potenciais do terrorismo

nuclear/radioativo e bomba suja, por exemplo. Existe um risco real de terroristas

adquirirem e utilizarem este tipo de material. Devemos lembrar que os criminosos

não respeitam as fronteiras, podendo negociar e adentrar o território nacional com

muita facilidade, o que representa um grande risco mundial, e particularmente para a

nação.

Com algumas adequações pontuais, o Brasil passaria a integrar um grupo

de países que realmente valoriza a segurança nuclear, aumentando sua visibilidade

e prestígio internacional.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo sobre as

questões delimitadas já apresentadas, à luz das experiências com acontecimentos

internacionais, das falhas de segurança e riscos iminentes. A Agência Internacional

de Energia Atômica tem divulgado bastante o tema, e requerido bastante ação dos

países, no tocante aos cuidados de extravio de materiais nucleares e/ou radioativos.

O tráfico dos citados materiais traz risco não só para o povo brasileiro como para

outros países e os grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as

Olimpíadas, nos faz pensar que a preparação para prevenção de acidentes tem que

contemplar a possibilidade de uso de material nuclear, como bem fez a África do Sul

em sua preparação para a Copa do Mundo de 2010.

Page 14: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

13

O projeto encontra-se estruturado em várias seções, sendo a introduçãoa

etapa que descreve o problema e suas consequências, as principais finalidades da

pesquisa, sua justificativa e as opções teórico-metodológicas empregadas. O

desenvolvimento explica todas as questões pertinentes ao caso em tela, abordando

os tópicos essenciais ao fiel cumprimento.

A conclusão reúne os principais argumentos e recomendações discorridos

no trabalho, enfatizando a necessidade do Brasil efetivar políticas públicas visando

sua implementação e objetivando sempre o bem comum, e as estratégias

respectivas.

Page 15: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

14

2 ENERGIA NUCLEAR

Preliminarmente, podemos dizer que a energia nuclear provém da fissão

nuclear do urânio, do tório, plutônio ou da fusão nuclear do hidrogênio.

O uso racional da radioatividade está cada vez mais desenvolvido em todo o

mundo. O urânio encontrado na natureza apresenta uma mistura de três isótopos. O

U235 não vira plutônio. Somente o U238 que vira, pois é um isótopo fértil por

absorção de um nêutron no núcleo.

2.1 RADIAÇÃO

A radioatividade foi descoberta pelo físico francês Henri Becquerel ao

verificar que sais de urânio emitiam radiação parecida com a dos raios-x. Tudo na

natureza é formado por átomos, que são formados por três partículas como elétrons,

prótons e nêutrons. Em alguns átomos essas partículas são emitidas dando origem

às radiações. Este tema será abordado de forma mais explicada nos conceitos

teóricos. Vale salientar que essa radiação faz parte de nossas vidas e, existem duas

classes: ionizante e não-ionizante. As radiações são de duas origens: radiação

natural e radiação artificial.

A característica importante das radiações ionizantes é a liberação de

grandes quantidades de energia capazes de provocar alterações importantes na

estrutura de um átomo. Por exemplo, na área médica a utilização ionizante seguindo

as boas práticas, traz benefícios no tratamento de doenças graves como o câncer.

Entretanto, se a exposição à radiação for feita de forma indevida ou sem controle,

pode causar efeitos nocivos à saúde. Como exemplo pode-se citar: altas energias e

efeitos em nível atômico, podendo ser potencialmente nociva ou benéfica ao homem

(natural seria a cósmica e artificial a radiação gama de equipamentos médicos e raio

X).

As radiações não ionizantes são de natureza eletromagnética e diferenciam-

se das ionizantes por não terem energia suficiente para alterar a estrutura dos

átomos, mas apenas excitá-los, fazendo com que a energia interna aumente. Pode-

se destacar como exemplo: baixas energias e efeito em nível molecular (natural

seria a luz ultravioleta e luz sensível e a radiação não ionizante artificial o

infravermelho, micro-ondas e radio).

Page 16: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

15

2.2 TIPOS DE RADIAÇÃO

Podem ser eletromagnéticas, que são pacotes de energia e não possuem

massa nem carga elétrica. As formas mais comuns são os Raio X e os Raios Gama.

Esses dois tipos de raios, na verdade, são iguais do ponto de vista de suas

propriedades físicas. A designação X ou Gama reflete simplesmente a forma pela

qual são originados.

Raios X são transmitidos na forma de ondas, resultantes de transformações

na eletrosfera, quando elétrons dos átomos mudam de órbita. Têm alto poder de

penetração nos materiais que interagem. O equipamento de raios X não possui

qualquer fonte radioativa no seu interior, sendo que sua radiação é induzida por

eletricidade. Uma vez desconectado da energia, está extinta a possibilidade de

existência de radiação, mesmo que o equipamento seja violado.

Raios Gama são transmitidos na forma de ondas, resultantes de

transformações nos núcleos dos átomos. Têm alto poder de penetração nos

materiais com os quais interagem e são emitidos constantemente pelas fontes

radioativas. Por exemplo, são usados na medicina para tratamento de câncer.

As radiações com massa são originadas durante a transformação do núcleo

do átomo. Estas radiações são partículas alfa, beta e nêutrons. Possuem grande

capacidade de causar dano à matéria e seres vivos.

As partículas alfa são constituídas por dois nêutrons e dois prótrons, têm

carga positiva +2 e alto poder de ionização (qualidade de arrancar elétrons das

moléculas da matéria que interagem).Devido ao seu alto peso e tamanho, possuem

pouca penetração na matéria, não conseguem penetrar mais de 0,1mm na pele; no

entanto sua ingestão ou inalação pode ser muito nociva. São facilmente absorvidas

por poucos centímetros de ar, de 2 a 8 cm.

Partículas Beta são elétrons emitidos pelo núcleo na busca da estabilidade

nuclear, quando um nêutron se transforma em próton e elétron. Seu poder de

penetração é maior que a das partículas alfa, dependendo da energia de emissão.

Geralmente seus efeitos são superficiais, mas quando se manipula fontes beta é

necessário utilizar proteção ocular.

Nêutrons são partículas sem carga, mas com alto peso relativo, se

comparado ao do elétron e grande poder de penetração em diversos meios. Em

função da velocidade de suas energias, podem ser classificados como nêutrons

Page 17: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

16

rápidos, intermediários e térmicos, cada um interagindo de uma forma diferente com

a matéria.

2.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO

Os efeitos da radiação dependem da dose, que é a quantidade de energia

cedida à matéria ou organismo pelas radiações por unidade de massa. A dose

absorvida é a quantidade de energia depositada na matéria por unidade de massa

(Unidade antiga: RAD e Unidade atual: GRAY (GY)). A dose equivalente é a dose

absorvida no corpo humano, considerando efeito biológico (Unidade antiga: REM e

unidade atual: SIEVERT (SV)).

A radiação existe na atmosfera e há radiações cósmicas com origem no

espaço exterior. O nível do mar apresenta um nível de 0,03 microsieverts/hora, o

Himalaya que está a 6,7 km no nível do mar 1microsieverts/hora, um avião voando a

10km de altitude apresenta nível de 5 microsieverts/hora e um avião que voa a 15km

de altitude 10 microsieverts/hora. As doses naturais vinda dos raios cósmicos (0.3

mSv), da alimentação (0.4 mSv – Nos alimentos podem ser encontrados Chumbo

210 e Potássio 40), do ar que respiramos (2mSv de radônio) e terrestre (0.3 mSv)

nos dá uma contribuição média de 3 mSv por ano. As doses eventuais vinda dos

procedimentos médicos (0.5 mSv – No equipamento de radioterapia temos o Cobalto

60), 5000km viajados (0.05 mSv por viagem) e das usinas (0.05 mSv), gera uma

contribuição média de 0,6 mSv por ano.

2.3.1 Classificação da exposição à radiação

A exposição médica ocorre quando há um tratamento ou diagnóstico. Não

existe limite de dose, pois a determinação é médica, porém recomenda-se o uso de

níveis de referência segundo as boas práticas. A exposição ocupacional ocorre no

ambiente de trabalho, podendo ser em instalação radioativa ou nuclear, ou ainda em

instalação com minerais radioativos associados. As exposições do público são todas

as outras.

As atividades que envolvem a exposição podem ser definidas como: prática,

que é qualquer atividade humana que possa resultar em exposição à radiação e

intervenção, que é qualquer atividade humana que possa reduzir a exposição total.

Page 18: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

17

2.4 FONTES DE RADIAÇÃO

Fonte de radiação é um aparelho ou material que é capaz de emitir radiação

ionizante.

Fonte selada é a fonte radioativa encerrada hermeticamente numa cápsula

de forma que não possa haver dispersão do material radioativo em condições

normais e severas de uso.

Fonte não selada é a fonte radioativa não encerrada hermeticamente numa

cápsula permitindo dispersão do material radioativo.

Fontes sob controle do órgão regulador são fontes cuja importação,

exportação, uso, transporte e armazenamento são realizadas de acordo com normas

e procedimentos regulatórios para garantir a sua segurança radiológica e física.

Fontes órfãs são fontes que se encontram fora do controle do órgão

regulador. Nesta situação ficam mais fáceis para serem utilizadas de forma incorreta

ou em atos malévolos.

2.4.1 Periculosidade e Categorização

Mister se faz diferenciar acidente de incidente, sendo o primeiro um desastre

com consequências graves, e o segundo um episódio sem consequências trágicas.

A periculosidade de uma fonte é baseada no potencial que elas têm de

causar dano à saúde.

A categoria 1 é uma fonte extremamente perigosa. O material radioativo

que pode causar lesões permanentes em exposições com duração de alguns

segundos. Pode levar ao óbito em exposições pelo período de minutos a uma hora.

A categoria 2 é uma fonte muito perigosa. O material radiativo pode causar

lesões permanentes em exposições com duração de alguns minutos. Pode levar ao

óbito em exposições pelo período de horas, até dias.

A categoria 3 é uma fonte perigosa. O material radioativo pode causar

lesões permanentes em exposições com duração de algumas horas. Embora pouco

provável, pode levar ao óbito em exposições pelo período de dias até semanas.

A categoria 4 é uma fonte improvavelmente perigosa. É muito pouco

provável que alguém possa sofrer uma lesão permanente manipulando este material

Page 19: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

18

radioativo. É possível a ocorrência de algum efeito temporário para exposições com

a duração de algumas semanas.

A categoria 5 é uma fonte muito improvavelmente perigosa. Nenhuma lesão

permanente é esperada devido à manipulação desse material radioativo.

2.4.2 Simbologia Internacional

As fontes e os equipamentos radioativos, e as embalagens para seu

transporte variam em tamanho, forma, peso e aparência, dependendo da aplicação

para qual serão utilizados. O método primário para seu reconhecimento é por meio

de um selo de identificação denominado TRIFÓLIO, símbolo da radiação ionizante.

O selo Vermelho com amarelo é padronizado internacionalmente e os outros são

variações de simbologia:

Figura 1: Trifólio. Fonte: O autor (2014).

Todas as fontes seladas devem ser marcadas com o trifólio e as palavras

radioatividade ou radioativo. A identificação visual é importante no contexto de

detecção de fontes. As fontes e as suas embalagens para transporte têm

características muito particulares, que permitem identificação visual. A seguir pode-

se ver exemplos que servem como base para ajudar nesta identificação de fontes

radioativas.

2.5 DETECÇÃO DE RADIAÇÃO

Na hipótese de uso ou transporte não autorizado de material nuclear e/ou

radioativo, principalmente com intenção malévola, provavelmente sua identificação

visual não será possível.

Os sentidos humanos não percebem a radiação. Para isso é imprescindível o

uso de equipamentos específicos, denominados detectores. Existem diferentes tipos

de detectores apropriados para os diferentes tipos de radiação e condições de uso.

Page 20: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

19

2.5.1 Equipamentos para detecção de radiação

Na hipótese de uso ou transporte não autorizado de material nuclear e/ou

radioativo, principalmente com intenção malévola, provavelmente sua identificação

visual não será possível.

Existem diferentes tipos de detectores apropriados para os diferentes tipos

de radiação e condições de uso, senão vejamos:

Figura 2: Detector Pessoal de Radiação. Fonte: O autor (2014).

FIGURA 3: Equipamento para identificação de radioisótopos. Fonte: O autor (2014).

Figura 4: Detector Pessoal de Radiação. Fonte: O autor (2014).

Page 21: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

20

Figura 5: Detector por cintilação – Cintilômetro. Fonte: O autor (2014).

Figura 6: Detector Geiger-Muller. Fonte: O autor (2014).

Figura 7: Mochila para detecções em áreas. Fonte: O autor (2014).

Figura 8: Teletector (para detecções em áreas). Fonte: O autor (2014).

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21

Figura 9: Detector portátil Mini RAD-D. Fonte: O autor (2014).

Figura 10: Detectores portáteis ICS-4000. Fonte: O autor (2014).

Figura 11: Portal Detector em rodovia. Fonte: O autor (2014).

Figura 12: Portal detector móvel. Fonte: O autor (2014).

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Os equipamentos a seguir são usados para medição de dose de radiação

(falta foto das canetas dosimétricas que são muito importantes):

Figura 13: Filme dosímetro Fonte: O autor (2014).

Figura 14: Dosímetro de extremidade-anel. Fonte: O autor (2014).

Figura 15: Dosímetros pessoal. Fonte: O autor (2014).

Page 24: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

23

2.6 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE SEGURANÇA RADIOLÓGICA

Após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos da América,

vários tipos de terrorismo passaram a ser considerados. Levando em consideração o

número de fontes radioativas em circulação, a bomba suja, cuja explicação veremos

a seguir na página 47, torna-se uma realidade. Com isso, a divulgação de princípios

básicos de segurança radiológica torna-se de extrema importância.

2.6.1 Conceitos

Quanto maior for o tempo de exposição à radiação, maiores serão as

chances de efeitos prejudiciais à saúde. Quanto maior a distância entre a pessoa e a

fonte de radiação menor será a exposição à radiação e vice-versa.

A espessura e o material de blindagem necessário dependem do tipo de

radiação, da fonte emissora e da taxa de dose que se deseja obter externamente à

blindagem para garantir um máximo de segurança radiológica. Para raio alfa pode

ser usado papel, para raio beta usa-se a blindagem de alumínio, para raio x e gama

a blindagem aplicada é a de chumbo e para nêutrons, concreto.

É importante diferenciar exposição de contaminação. A exposição pode

ocorrer com ou sem contato com o material radioativo. No caso de não ocorrer

contato, mas apenas irradiação, o indivíduo não se torna radioativo. No entanto,

dependendo da dose recebida, essa exposição pode gerar algum efeito nocivo à

saúde. A contaminação interna ocorre quando há contato com o material radioativo

em forma de pó, líquido ou gás, com inalação, incorporação transcutânea ou

ingestão. A contaminação externa ocorre quando existe contato com o material

radioativo em forma de pó, líquido ou gás, sem inalação ou ingestão.

As substâncias são formadas por moléculas. Estas são formadas por

átomos, que são constituídos por um núcleo e uma eletrosfera. O núcleo é formado

por prótons (partículas de carga positiva) e nêutrons (partículas sem carga). Na

eletrosfera giram os elétrons em órbitas concêntricas e a quantidade de elétrons é

igual ao número de prótons contidos no núcleo. As cargas positivas dos prótons são

neutralizadas pelas cargas negativas dos elétrons e a relação entre as cargas

resulta na estrutura eletricamente estável do átomo.

Page 25: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

24

Na natureza existem elementos instáveis. Seus átomos sofrem

transformações nucleares espontâneas e esta instabilidade nuclear está diretamente

relacionada com a razão entre o número de prótons e o número de nêutrons de cada

elemento radioativo.

A tendência dos núcleos atômicos é atingir a estabilidade. Se um átomo

estiver numa configuração instável, com muita energia ou com muitos nêutrons,

haverá emissão de radiação, procurando atingir um estado estável.

Os elementos que sofrem essas transformações são denominados

radioativos e o processo de transformação é chamado decaimento radioativo. Essas

alterações se caracterizam pela emissão de três tipos principais de radiação: alfa,

beta e gama. A partícula alfa é constituída por 2 prótons e 2 nêutrons, é emitida por

elementos pesados, é partícula de alta energia e possui pequeno poder de

penetração na matéria (podem ser blindadas por uma folha de papel, conforme foi

dito acima). A partícula beta pode ser de dois tipos: negativa (resultado da

desintegração de um nêutron) e positiva (resultado da desintegração de um próton).

Os raios gama são ondas eletromagnéticas (fótons) de mesma natureza que a luz

visível, porém muito mais energéticas e originadas no núcleo do átomo.

Page 26: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

25

3 TERRORISMO

O terrorismo internacional ganhou destaque depois dos últimos

acontecimentos significativos como: o ataque ao World Trade Center em 1993, o

ataque à Embaixada de Israel em Buenos Aires/Argentina em 1992, o ataque ao

Edifício Federal Alfred Murrah, em Oklahoma City/Estados Unidos da América em

1995, o ataque simultâneo às embaixadas dos EUA em Nairóbi/Quênia e Dar es

Salaam/Tanzânia em 1998, ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, 12 de

outubro de 2001 na Indonésia, 11 de março de 2004 na Espanha, 7 de julho de 2005

no Reino Unido, e, recentemente, em 22 de julho de 2011, em Oslo na Noruega.

O Brasil possui dimensões continentais, extensas e com fronteiras

vulneráveis, demandando um grande esforço no que tange à sua segurança. Sua

vulnerabilidade aumenta quando consideramos que há grandes áreas desabitadas,

contando com a presença de organizações criminosas, traficantes e quem sabe de

grupos terroristas.

Sabendo que o Brasil tem sediado grandes eventos e ainda tem outros por

vir, torna-se ainda mais preocupante a fragilidade apresentada na segurança e

defesa nacional em casos extremos não esperados. Acresce-se ainda o fato de não

haver tipificação penal específica para essa modalidade criminosa.

Buzanelli (2010) elencou dez situações que poderiam envolver o Brasil na

questão do terrorismo:

atentado no exterior atingindo circunstancialmente nacionais ou interesses brasileiros, como no caso do diplomata Sérgio Vieira de Mello, morto em Bagdá; atentado no exterior contra nacionais, representações oficiais ou empresas brasileiras, em função do maior protagonismo do país na cena internacional; atentado no Brasil contra alvos tradicionais do terrorismo; atentado no Brasil por ocasião de mega eventos; atentado no Brasil contra autoridades estrangeiras em visita; atentado no Brasil contra autoridades nacionais, no caso da busca pelo autor de notoriedade súbita; atentado ou sabotagem contra infraestrutura crítica e recursos essenciais, incluso o terrorismo cibernético; atentado contra instalações e meios de transporte, abastecimento ou lazer; utilização do território nacional como área de homizio, trânsito, recrutamento e captação de recursos; e reflexos das medidas antiterroristas adotadas pelos países centrais. (BUZANELLI, 2010, p. 44).

De acordo com o manual escolar Vocabulário da ECEME, terrorismo

significa:

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26

Uma forma de ação que consiste na realização de atos ou ameaças de atos de violência, destinados a criar um estado de medo, com o intuito de coagir um governo, uma autoridade, um indivíduo, um grupo ou mesmo toda a população a adotar um determinado comportamento. (ECEME, 2002, p.236)

A causa do terrorismo tem várias raízes, como: insatisfação do povo com a

política, em virtude de divergências religiosas ou étnicas, disputa de poder,

resistência à ocupação estrangeira em áreas conflagradas, uso desproporcional de

força por parte do Estado contra grupos rebeldes, divergências ideológicas e outros.

Além dos já mencionados, não podemos deixar de considerar a ocorrência de

terrorismo, baseado em descontentamento popular, em virtude dos inúmeros crimes

de corrupção, aliado às cobranças de tributos absurdos e achacamento da classe

média levando-os à pobreza. O desleixo do Estado com crimes praticados contra a

sociedade de bem, deixando de punir com seriedade da forma como deveria fazer,

causa, não apenas um descontentamento, mas uma sensação de impunidade,

levando o povo a se rebelar contra o sistema vigente. Por isso, devemos levar em

consideração que, dentre os objetivos dos terroristas, podemos encontrar a

derrubada de governos, a eliminação ou intimidação de adversários políticos, a

instauração de um clima de instabilidade ou comoção social e política favorável aos

interesses de grupos extremistas, a purificação da sociedade através de eventos

apocalípticos, a reinvindicação de supostos direitos e o surgimento do clima de

insegurança, de forma a permitir a eclosão de desenvolvimento de processo

revolucionário.

Segundo Luiz Eduardo Garcia de Mesquita, em seu trabalho de conclusão

de curso, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) surgiu em 1964,

em virtude da exclusão social, a baixa presença do Estado e a violência política

existente à época, assim como o Sendero Luminoso, na República do Peru em 1960.

“...o Brasil não considera as FARC e o Sendero Luminoso como grupos terroristas, pois acompanha as resoluções da ONU que estabelecem apenas a Al-Qaeda e o Taliban.”

De acordo com Woloszyn (2010),os objetivos dos atos e ações terroristas:

São de criar um clima de insegurança e temor generalizado para demonstrar inconformismo contra um sistema político, econômico, social, étnico ou religioso e facilitar o desenvolvimento de um processo de mudanças pretendidas. (WOLOSZYN, 2010, p.56, grifo nosso).

Page 28: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

27

Segundo Woloszyn (2010), os especialistas europeus entendem que os atos

terroristas possuem 4 características básicas. A primeira é a sua natureza

indiscriminada, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada um alvo potencial e,

ao atingi-los aleatoriamente, o efeito psicológico será muito maior pelo temor de

outras pessoas serem igualmente atingidas. A segunda é a imprevisibilidade e a

arbitrariedade, ou seja, as ações violentas ocorrem sem aviso nenhum, ocasionando

terror e sensação de vulnerabilidade. A terceira é em função da gravidade de seus

atos e consequências, que são pânico, violência e destruição e um grande número

de mortos e feridos de forma cruel. A quarta é o seu caráter amoral, pois há

desprezo pelos valores morais da sociedade tais como a religião, sociais, éticos e

humanitários. (WOLOSZYN, 2010, p. 60)

Existem indícios da presença de partidários do Hesbollah no Brasil envolvido

em ações ilícitas, como o contrabando e narcotráfico, particularmente na região

conhecida como tríplice fronteira do Brasil com o Paraguai e o Uruguai. Pode-se

constatar estatisticamente um aumento no número de imigrantes de origem árabe-

palestina em diversos estados brasileiros. Segundo a Polícia Federal em São Paulo

vivem cerca de 1,5 milhão de imigrantes, seguido do Paraná, especificamente em

Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, com 15 mil pessoas, Rio Grande do Sul com sete

mil, e Pará com uma colônia de cerca de 300 pessoas.

Segundo Mesquita (2012) o Hesbollah (ou Hisbollah), ou Partido de Deus,

não é considerado grupo terrorista pelo Brasil. É um grupo Libanês Xiita, pró-

iraniano, criado em 1982 pela coalisão de vários grupos denominado Jihad Islâmica,

como resposta à invasão israelense e que tem por maior objetivo eliminar toda

influência não islâmica em seu país.

Woloszyn destaca que o Hesbollah:

atua principalmente ao sul de Beirute e no Vale do Bekaa. Luta contra a ocupação israelense na faixa de segurança e objetiva criar um Estado islâmico no país. A partir se sua criação passou a praticar diversos atentados terroristas contra cidadãos americanos, ingleses e franceses. [...] Foi o precursor na utilização de “homens-bomba” ou atentados suicidas. (WOLOSZYN, 2010, p.49, grifo nosso).

De acordo, com Alfredo Filho (2009) as principais ações terroristas deste

grupo foram: sequestros de ocidentais no Líbano, incluindo vários norte-americanos,

na década de 1980; atentados suicidas contra a força multinacional de interposição

Page 29: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

28

no Líbano, em 23 de Outubro de 1983, matando 248 americanos e 58 franceses;em

14 de junho de 1985, o vôo 847 da TWA foi sequestrado enquanto fazia a rota de

Atenas, Grécia, a Roma, Itália. O mergulhador da Marinha americana Robert

Stethem foi brutalmente torturado e assassinado durante o sequestro e seu corpo foi

jogado na pista do Aeroporto Internacional de Beirute;ataques contra alvos judaicos

na Argentina, o bombardeio contra a Embaixada de Israel, em 1992, matando 29

pessoas; os bombardeios contra o centro da comunidade judaica, em 1994,

matando 86 pessoas; e, o sequestro de militares israelenses e o lançamento de

foguetes contra localidades e posições militares na faixa de fronteira norte, que

desencadearam uma campanha militar israelense contra o Líbano em 2006.

(SANTOS FILHO, 2009, p. 79).

O Hamas também não foi considerado grupo terrorista para o Estado

Brasileiro. Esse grupo paramilitar surgiu em 1987, sendo também um partido sunita

palestino que mantém a maioria dos assentos no conselho legislativo da Autoridade

Nacional Palestina, disputando com o Fatah o comando da ANP. Ele ganhou

visibilidade após a realização de ataques suicidas contra forças armadas israelenses

e civis. Seu objetivo principal é a luta sem trégua contra Israel, visando a libertação

da Palestina e, consequentemente a extinção do Estado judeu. O braço armado do

Hamas, conhecido como as Brigadas de Izzad-Dinal-Qassam, encontra-se

classificado como organização terrorista por diversos países em função de seus

indiscriminados ataques suicidas.

De acordo com Haikel (2010), há indícios:

[...] que membros da comunidade muçulmana, em Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, promovam suporte financeiro ao Hamas, o que chamou a atenção das autoridades norte-americanas, responsáveis pelo rastreamento das fontes de recursos dos grupos terroristas que atuam mundo afora. (HAIKEL, 2010, p. 43, grifo nosso).

Embora o Brasil, acompanhando as resoluções da ONU, não considere as

FARC como grupo terrorista, suas ações merecem cerrado acompanhamento em

função da extensa faixa de fronteira com a Colômbia, em região de selva amazônica

e de fraca densidade demográfica. Faz-se necessário a criação de mais alguns

Pelotões Especiais de Fronteira.

O atual governo brasileiro age de forma tolerante frente à diversidade

religiosa, racial e cultural, não se intrometendo em assuntos de outros países e

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29

exercitando uma política pacífica, mas levando em consideração que os países alvos

adotam medidas extremamente rigorosas pertinentes à sua segurança, a alternativa

de realizar ataques em outros locais cuja segurança seja mais fraca torna-se

palpável, e nada melhor do que num evento como as Olimpíadas onde vários países

estarão presentes.

3.1 ACIDENTE EM GOIÂNIA COM CÉSIO 137

Após o acidente em Chernobyl ocorrido em 1986, a sociedade brasileira

ficou aterrorizada com as consequências de um possível acidente nuclear. Mas o

governo, à época, vinha investindo na área nuclear e já vislumbrava a construção de

um submarino com motor a propulsão nuclear. O povo brasileiro ainda guardava

recordações do susto oriundo de um desabamento de um laboratório em Angra, em

1985, onde havia seis cápsulas de Césio 137 e que felizmente a consequência não

foi grave. Como sempre em nosso país as coisas precisam acontecer para que

algumas medidas sejam tomadas.Dois anos depois ocorreu o maior desastre

radiológico da nossa história, pegando todos desprevenidos e trazendo graves

consequências psicossociais. O acidente deixou exposta a fragilidade com que o

país aborda tema tão importante, trazendo ainda uma sensação coletiva de

insegurança.

O aparelho de radiografia que causou o desastre foi comprado por um órgão

do Governo de Goiás e funcionava no Instituto Goiano de Radiologia. O

equipamento funcionou até 1980 e em 1984 o órgão do governo iniciou a demolição

do prédio onde estava o aparelho, que continuou no mesmo local junto aos

escombros.

Dois catadores adentraram o local e furtaram a fonte de Césio-137 para

vender a peça para o ferro-velho e ocasionar, em 1987, o acidente gravíssimo que

conhecemos.

Conforme consta no livro Césio-137 Consequências Psicossociais do

Acidente de Goiânia:

[...] foram identificadas 249 pessoas com diversos graus de contaminação, dentre as quais cerca de 120 foram descontaminadas no próprio local de monitoração (Estádio Olímpico de Goiânia) e imediatamente liberadas. As 129 pessoas restantes foram distribuídas em três diferentes locais para serem tratadas de acordo com os seus níveis de comprometimento. As 22

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30

pessoas mais seriamente comprometidas, radiolesadas e internamente contaminadas, com quadro clínico agravado, forma internadas no Hospital Geral de Goiânia. Dentre estas, algumas foram enviadas ao Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, incluindo-se as quatro vítimas fatais do acidente.

Formar a equipe de saúde para atuar na emergência do acidente radiológico foi a primeira grande dificuldade atrelada ao evento. Poucos profissionais estavam disponíveis para o enfrentamento do “perigo” que espreitava a cidade. A carência de informações adequadas dava asas à imaginação e fomentava o medo do desconhecido.

A radiação, particularmente, é considerada um evento que não se apaga rapidamente após sua ocorrência. Uma equipe de trabalho de Chernobyl observou que as preocupações das vítimas do acidente pareciam aumentar com o tempo. Em ThreeMileIsland, embora muitos dos perigos aparentes associados ao acidente da usina nuclear já houvessem desaparecido, muitos residentes próximo às áreas contaminadas acreditavam ter sido expostos à radiação e encontravam-se apreensivos quanto aos futuros efeitos da exposição.

Após a venda da peça, ela foi aberta grosseiramente e várias pessoas

tiveram contato. Uma mulher já exposta à radiação compareceu à vigilância sanitária

e entregou a cápsula alegando que aquilo podia estar fazendo mal a ela. Note-se

que naquele momento aumentou seriamente o número de expostos à radiação.

Após este acidente, mudanças drásticas com legislações específicas,

fortalecimento de instituições de proteção ambiental, educação, assistência social,

fiscalização intensa e contínua, bem como um regramento diferenciado para todas

as empresas que lidam com a radioatividade não foram identificados.

No livro de Fernando Gabeira, Goiânia, Rua 57 – O Nuclear na terra do Sol,

mencionou que. “A bomba de Césio-137, produzida na Itália, pesava mais de 600kg

e não havia indícios de tração no lugar de onde foi retirada.” Na verdade não era

uma bomba, e sim uma fonte radioativa, que foi produzida pelo laboratório Nacional

de Oak Ridge, nos Estados Unidos da América, para ser inserida no equipamento

italiano de radioterapia modelo Cesapam F-3000.

Segundo Ricardo Santos,

“O material radioativo contido na cápsula totalizava 0,093 kg e a sua radioatividade era, à época do acidente de 50,9 terabecquerels (TBq) ou 1375 Ci.”

“Houve onze mortes e 600 pessoas foram contaminadas, mas muitos alegam ser impossível medir em números o tamanho de uma catástrofe nuclear.”

[...] a cápsula de césio foi aberta para o reaproveitamento do chumbo. O dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26g de cloreto de césio-137 (CsCI), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCI), mas que emite um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Devair ficou

Page 32: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

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encantado com o pó que emitia um brilho azul no escuro.” “Pelo fato de esse sal ser higróscópico, ou seja,absorver a umidade do ar, ele facilmenteadere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os alimentos e o organismo internamente.

Em 2004, em associação com a HBO films, a BBC (British Broadcasting

Corporation) lançou um filme chamado Guerra Suja (Dirty War), um suspense/drama

sobre um ataque terrorista no centro de Londres. Foi escrito por Lizzie Mickery e

Daniel Percival e foi ao ar na BBC One em 24 de setembro de 2004 e na HBO em 24

de janeiro de 2005 e, pela primeira vez no programa de televisão americano PBS no

dia 23 de fevereiro de 2005, onde ganhou o prêmio BAFTA de melhor diretor

estreante (Daniel Percival). O filme inicia com a entrada de material radiativo em

Londres, escondido em conteiners de óleo vegetal vindo de Habiller, Turquia, que é

210 quilômetros a oeste de Istambul, através de Sofia, Bulgária, partindo para

Deptford, até chegar a uma casa alugada em Willesden, onde o material radioativo e

outros componentes foram montados em uma bomba suja. Foi dito que apenas 20%

da carga era vistoriada por completo com dosímetros e tudo chegou em

carregamento de navio. Faziam parte do material partículas Alfa e Gama em pó.

Terroristas aprenderam como manipular o pó para poder concluir o serviço sem

morrer antes. Manipularam os materiais radioativos com poucos utensílios

específicos para a atividade. Quando a bomba explodiu no centro de Londres, ao

lado da entrada da estação de metrô de Liverpool, os planos de serviços de

emergência inadequados foram colocados a teste de imediato, causando resultados

perturbadores para uma população mal preparada para compreender e obedecer as

ordens de anti contaminação e quarentena. Estouraram em local com bastante

movimentação (mais ou menos um milhão de pessoas). Como a quantidade de

radioatividade era superior ao tolerado pelo ser humano, mesmo com trajes

específicos, o corpo de bombeiro não podia ir ao local. No filme, uma pequena

equipe com 4 pessoas do corpo de bombeiros que conseguiu o material adequado

foi ao local, mas foi solicitada a volta. Ficou claro que a quantidade de equipamentos

de proteção e pessoal era ínfimo para formar um cordão de isolamento para que a

população não passasse dos locais de isolamento e consequentemente não

contaminasse mais pessoas. A cidade não estava preparada para esta modalidade

de ataque eo vento contribuiu para que o pó fosse espalhado, aumentando a área

de contaminação.

Page 33: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

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É interessante ver que no momento em que o evento ocorre várias ordens

são emanadas pelas autoridades, que perdidas e sem conhecimento suficiente para

tomar as medidas corretas, acabam por complicar e procrastinar uma solução

plausível e correta para a situação.

Como podemos ver, é necessário estar preparado para casos que

simplesmente tem alguma, mesmo pequena, chance de acontecer. O treinamento de

funcionários e quaisquer trabalhadores devem atender a critérios rigorosos.

Os efeitos do acidente em Goiânia são bem conhecidos e difíceis de serem

contabilizados. Antes do acidente, Goiás era o Estado que mais crescia no Brasil,

porém, após o ocorrido, ele passou 14 anos sem crescer, embora o acidente tenha

sido pequeno.

3.2 TRÁFICO ILÍCITO DE MATERIAL NUCLEAR E/OU RADIOATIVO

As ações terroristas, a partir de pequenas células autossuficientes e

independentes, como vimos no filme Guerra Suja, com vínculos de difícil detecção,

nos mostra que nenhum país está livre desta terrível ameaça, com consequências

extremamente catastróficas.

Uma vulnerabilidade importante e que tem que ser considerada é a falta de

integração regular, constante e contínua entre os órgãos de segurança pública das

esferas municipais, estaduais e federais, atuando sem sincronismo e de forma

descentralizada, favorecendo o aparecimento de casos de corrupção, desperdício de

tempo e de recursos tecnológicos. Tudo isso favorece o tráfico ilícito de material

nuclear e/ou radioativo.

Conforme citado por Buzanelli (2010):

Um estudo de situação, mesmo sumário, indica que existem facilidades para atuação do terrorismo no Brasil: território amplo; rios de penetração; fronteiras permeáveis; dificuldades para o exercício de fiscalização e controle; ausência de antecedentes históricos; falta de compreensão do fenômeno terrorista; e dificuldade de percebê-lo como uma ameaça real (mesmo dentro do próprio Estado). (BUZANELLI, 2010, p. 49).

Segundo o Professor Anselmo Páschoa, no tópico Medidas Preventivas e de

Combate ao Terrorismo Implementadas nos Fóruns Internacionais e Possíveis

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33

Implicações para o Brasil, do Encontro de Estudos Terrorismo, Brasília, 2006,

Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, p.66:

No que se refere às consequências desses ataques, estas são amplas e complexas e os danos podem ser físicos, imediatos, econômicos, financeiros, psicológicos, políticos etc. Já as modalidades de ataques podem ser de diversos tipos: artefato ou dispositivo nuclear, material nuclear, instalações nucleares que podem se transformar, elas mesmas, no grande objeto. Há ainda os dispositivos de dispersão radiológica ou DDR, também chamado de bomba suja. Os dispositivos ou artefatos podem ser derivados de roubo dos materiais nucleares para fabricação de uma bomba, ataque nuclear ao reator, ao transporte ou a uma instalação importante, e também a bomba suja, o artefato mais provável, porém, com consequências menos danosas. Entre 1989 e 1999, ocorreram 235 ameaças, falsos alarmes e pequenas sabotagens em instalações nucleares americanas. Estas ocorrências estão bem registradas. Se houvesse alguma liberação de radioatividade, os efeitos agudos ocorreriam apenas na direção da pluma radioativa, essencialmente com efeito local. Dependendo dos meios de dispersão e padrões de posições, pessoas que vivessem nas imediações sofreriam dois tipos de efeito de longo prazo, os estocásticos ou os imediatos. Em se tratando dos impactos econômicos e políticos do terror, estes são danos nacionais. E internacionais, em alguns casos. Um ataque bem sucedido tem a capacidade de enfraquecer a indústria nuclear de uma forma global. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, existem cerca de 440 usinas nucleares, 671 reatores de pesquisa, e 284 em nível operacional. Todas essas instalações são alvos potenciais de ataques de terror nuclear, além dos transportes de um lado para outro e, principalmente, dos combustíveis usados. Após o 11 de setembro, houve um grande número de petições solicitando o fechamento de reatores nucleares próximos às áreas de alta intensidade populacional.

Vale lembrar que as atividades de manutenção e monitoramento de

instalações e equipamentos contendo MN/MR sempre será necessário, e, portanto,

medidas devem ser tomadas imediatamente de forma a evitar uma possível

catástrofe.

O Professor Anselmo informou que:

No caso nuclear, segundo o palestrante, a autoridade nacional competente é a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, e dentro da CNEN, a Diretoria de Radioproteção, Segurança Nuclear e Salvaguardas detém a responsabilidade de fiscalizar as atividades que envolvam materiais nucleares. À Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) também cabe a responsabilidade de controlar a entrada e saída de material nuclear em todo o território nacional. O desenvolvimento de postos operacionais seria fundamentado nas condições reais, existentes ou permanentes, nas diversas regiões do país. Podemos exemplificar este fato quando verificamos que as condições do Nordeste sugerem um desenvolvimento de portos operacionais que diferem completamente da região da tríplice fronteira. A região da Cabeça do Cachorro deve ser objeto de hipóteses bem específicas para aquele local, e assim por diante. Dessa maneira, esta Comissão deve estar, permanentemente, discutindo estas questões, pois

Page 35: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

34

não pode ser surpreendida por algo no qual não havia pensado antes. (Grifos Nossos) No que se refere às faixas de ameaças, atores internos e externos, como narcotraficantes, por exemplo, podem ameaçar, potencialmente, instalações nucleares; e, atores internos podem ser sabotadores, terroristas, criminosos com ligações internacionais ou ainda indivíduos mentalmente perturbados, como o que queria jogar um avião no Palácio do Planalto, há alguns anos. No grupo dos atores internos podem ser incluídos trabalhadores desempregados e empregados demitidos e inconformados, ou membros de movimentos políticos radicais.

Como se pode notar na observação feita pelo Professor, a região conhecida

como “cabeça do cachorro”, São Gabriel da Cachoeira, é uma área de muito

complicada ocupação e, por isso mesmo, se nosso país quer melhorar a

vulnerabilidade suas fronteiras, tem que rever a quantidade de PEF existentes.

3.2.1 Prevenção, Detecção e Resposta a Atos Malévolos

Os materiais radioativos/nucleares adequados para uso em um dispositivo

de dispersão radiológica podem ser encontrados, roubados ou adquiridos

legalmente. Os MR com maior probabilidade de causar um grande dano, com base

apenas nas suas propriedades físicas, são também os que têm aplicações

comerciais significativos e estão amplamente disponíveis. Eles são empregados em

milhares de configurações diferentes, sejam elas médicas, acadêmicas, agrícolas e

industriais ao redor do mundo, incluindo a irradiação de alimentos, detectores de

fumaça, dispositivos de comunicação, balizas de navegação, terapia médica e

também óleo de registro. Isso faz com que seja extremamente difícil, não só garantir,

mas também regular essas fontes. A prevalência dessas fontes de domínio público,

juntamente com controle inadequado e mecanismos de monitoramento, representa

uma ameaça significativa para a saúde e segurança, não só do possível uso

terrorista de materiais radioativos, mas também de acidentes.

Vale dizer que pelo que se pode notar, as fontes mais complicadas de serem

monitoradas são àquelas usadas na engenharia civil (em medidores de fluxo e para

testar a umidade do solo e da espessura do material / integridade para construção),

em engenharia de petróleo (no registro de poços para exploração de petróleo), no

setor aéreo (em medidores de combustível que verifique soldas e integridade

estrutural), na medicina (tratamento de câncer, marcapasso e diagnóstico), em

residências (detectores de fumaça-radioatividade mínima), e para gerar eletricidade

Page 36: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

35

(em geradores radiothermal ou RTGs, que geram energia em áreas remotas que

variam de faróis para o espaço).

Como se pode notar nem tudo nesta área é sinônimo de problema. As

diversas aplicações da energia nuclear, sem sombra de dúvida, tornam nossa vida

mais segura e confortável.

As usinas nucleares são a aplicação mais conhecida e polêmica. É uma

energia limpa e concentrada. Temos também as aplicações com materiais

radioativos, que são isótopos instáveis que tem sua energia instável aproveitada em

diversos usos, como Cobalto, Césio, Samário, Tecnécio, Iodo entre outros. Todos

são radioativos, mas faz-se uma distinção. A definição jargão seria “materiais

nucleares e outros materiais radioativos”.

Não obstante os benefícios há também a possibilidade da ocorrência de

problemas. Qualquer opção por uma tecnologia apresenta riscos e benefícios. Com

a energia nuclear não poderia ser diferente. A energia nuclear começou mal,

levando em consideração que seu primeiro uso foi para causar destruição (1945 –

Bombas Atômicas em Hiroshima e Nagasaki). Ninguém construiu pela primeira vez

uma represa para alagar seu inimigo, ou um automóvel para ser usado como carro

bomba. Desta forma, concluímos que o cartão de visita da energia nuclear, em

primeiro plano foi péssimo até os primeiros vinte anos de seu uso, sempre associado

à guerra fria, arsenais atômicos e à visão do apocalipse nuclear.

Figura 16: Bomba Atômica. Fonte: O autor (2014).

Page 37: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

36

Figura 17: Cogumelo Atômico. Fonte: O autor (2014).

Figura 18:Área Afetada pela Bomba Atômica. Fonte: O autor (2014).

Associada a esta visão inicial não muito inspiradora que criou sempre a

polêmica em torno de sua utilização, e por se tratar de uma forma de energia

concentrada e perigosa, sua aplicação deve seguir critérios extremamente rígidos de

engenharia e de garantia da qualidade, de forma a garantir plenamente a segurança

tecnológica de seu uso (de forma a não causar danos ao meio ambiente e à

população). Estes critérios são comparáveis e, em alguns casos mais rigorosos aos

utilizados na indústria aeronáutica. De qualquer forma há sempre algum risco

fazendo com que os aviões caiam, por erros técnicos ou humanos, e as instalações

nucleares/radioativas tenham seus problemas.

Sem minimizar outros acidentes tão ou mais sérios, mas não tão midiáticos

quanto os nucleares, quando estes acontecem, a dimensão é enorme. Conforme

relatado anteriormente, o primeiro acidente foi o de Three Mile Island, em que houve

uma fusão do núcleo, porém sem liberação para o meio ambiente, mas a central foi

perdida. Depois, veio o que deve ser o pior de todos os tempos, o acidente de

Chernobil.

Registros de contaminação foram obtidos em toda a rede mundial, a

milhares de quilômetros do local. Pensou-se que algum país tinha feito testes com

bomba atômica (os testes foram banidos, por tratado internacional). A URSS (atual

Page 38: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

37

Ucrânia) demorou para informar à comunidade mundial sobre o acidente e uma

rápida resposta não foi possível. Foi uma tragédia ambiental e várias vidas foram

perdidas (direta e indiretamente).

Não menos importantes que os acidentes nucleares há os acidentes

radiológicos, causados pelo mau uso de fontes radioativas: perda de controle,

abandono de fontes, erro nas técnicas de utilização, por exemplo. Na Tailândia

houve caso de roubo de fonte para retirada e venda do chumbo de blindagem, muito

similar ao que foi furtado de um galpão abandonado em Goiânia, só que tratava-se

de Cobalto. Estes acidentes ocupam seu espaço na mídia, mas não tanto quanto os

acidentes com centrais nucleares. Além de se trabalhar com rígidas condições de

contorno de segurança técnica com material nuclear e material radioativo, assim

mesmo existem problemas.

A partir da década de 90, com o fim da guerra fria, a falência da União

Soviética, a Rússia e países satélites, que exerciam um controle rígido sobre seus

MN e MR (por interesse bélico antes de tudo), abandonaram qualquer tipo de

controle por total falta de recursos para isso. Na realidade, foi perdido o controle

sobre estes materiais e as instalações que os continham. Isso aumentou em muito a

probabilidade de ocorrerem mais acidentes.

Figura 19: Submarinos Nucleares Abandonados. Fonte: O autor (2014).

Por exemplo, a frota de submarinos nucleares foi totalmente abandonada

(um submarino nuclear é um reator nuclear, só que de dimensões reduzidas).

A seguir podemos ver um exemplo de abandono de fontes com Estrôncio 90

que foram abandonadas em dezenas de faróis marítimos russos.

Page 39: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

38

Figura 20: Farol Marítimo Russo. Fonte: O autor (2014).

Figura 21: Fonte Termo Elétrica. Fonte: O autor (2014).

Estas fontes forneciam energia elétrica para funcionamento autônomo

destes faróis. São extremamente radioativas e também eram usadas em território

russo para produção de energia.

A seguir podemos ver os efeitos causados em trabalhadores rurais na

Geórgia, em 2002, quando, no inverno, se aqueceram em fontes abandonadas em

uma instalação militar também abandonada e as providências complexas para

recuperação que seria primeiro localizar, depois estabelecer sequencia de ações e

tempo máximo que alguém pode trabalhar.

Figura 22: Trabalhador Rural Atingido na Georgia. Fonte: O autor (2014).

Page 40: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

39

Outro exemplo de abandono são as fontes de Césio para irradiação de grãos

(conservação de alimentos), instaladas em caminhões. É fácil imaginar o tamanho

do problema.

Figura 23: Caminhão Condutor de Fonte, Fonte: O autor (2014).

Figura 24: Fonte para Irradiação de Grãos. Fonte: O autor (2014).

A comunidade internacional capitaneada pelos EUA, tem gasto bilhões de

dólares para localizar e recolher estes materiais para lugares seguros tanto

tecnológica quanto fisicamente.

Com o atentado de 11 de setembro de 2001, em que os EUA foram

atacados no seu próprio território, em uma ação nunca vista, caracterizando um

novo tipo de ameaça (as instalações nucleares dos países alvo preferenciais não

estariam livres de atentados) e pela facilidade de obtenção dos MN e MR, trouxeram

à discussão a ameaça terrorista com o uso de MN/MR e instalações.

Tudo que os terroristas fazem normalmente e passaram a fazer mais, e de

outra forma após o atentado do dia 11 de setembro, foi ampliado pela possibilidade

de inclusão de MN/MR e instalações.

Atos que são de natureza criminal e podem incluir algumas ou todas as

seguintes características são: uso de explosivos; violência extrema; hora/local

inesperados e imprevisíveis; descaso pela vida (mulheres e crianças); preferência

Page 41: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

40

por alvos de fácil acesso e grande fragilidade e intenção de causar medo, dor

emocional, confusão e incerteza. Assim, chegamos basicamente ao que os

terroristas poderiam fazer uso para efetivar um atentado terrorista com MN/MR e

instalações.

Cenários terroristas com utilização de material nuclear/radioativo:

(1) Roubo de MN/MR

­ artefato nuclear (MN);

­ dispersão de material nuclear/radioativo de forma violenta (bomba

suja/RDD) ou não violenta; e

­ dispositivo de exposição radiológica (RED).

(2) Sabotagem (acessíveis – dano significativo)

­ Instalações;

­ Transporte;

­ adquirir/roubar MN em grau de bomba ou adquirir/roubar a própria

bomba pronta;

­ adquirir/roubar MN/MR para dispersar este material;

­ adquirir/roubar MN/MR para colocar este material parado em algum

lugar causando exposição de pessoas; e

­ sabotar instalações ou transportes de MN/MR (transporte é uma

instalação móvel).

Há duas fases para que ocorra um ato terrorista com MN/MR, sendo a fase

da crise (ocorre em primeiro lugar a avaliação, busca, identificação e neutralização)

e a fase das consequências (ocorre em primeiro lugar a avaliação, resgate,

recuperação e restauração). Normalmente só lembramos o depois do ato, mas é

importantíssima a fase pré-ato, pois é quando podemos tentar evitar que ele ocorra.

E para evitar que ele ocorra é fundamental um serviço de

informações/inteligência eficiente e conectado, trabalhando em conjunto com seus

pares pelo mundo todo, um sistema de resposta (polícia, setor nuclear, alfândega,

forças armadas, entre outros) também integrado e seriedade na área, evitando a

politização dos cargos de gestão, mas com fiscalização constante dos órgãos de

controle para se analisar o trato com os funcionários da empresa da área nuclear, ou

Page 42: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

41

que tenham qualquer envolvimento com MN/MR. Isso vale para detecção já em uma

instalação.

Como fatores de sucesso na resposta de tentativa de terrorismo

nuclear/radioativo, temos a coordenação/integração de todas as organizações

responsáveis pela resposta, ondedeve-se comunicar países vizinhos e obter

ajuda/cooperação internacional.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN é o órgão regulador e

fiscalizador de toda atividade nuclear/radioativa no país, atuando em reatores

nucleares, no ciclo do combustível, na pesquisa e desenvolvimento e na medicina e

indústria. Entre suas ações estão a prevenção, detecção e resposta. Em referência à

prevenção e detecção, cita-se:

1) Licenciamento/Regulação – Critérios e requisitos obrigatórios – Norma

CNEN e Recomendações Internacionais (proteção física, proteção

radiológica, controle e contabilidade de MN/MR, engenharia entre

outros);

2) Inspeções regulatórias – inspeções de conformidade nas instalações

/transportes;

3) Siscomex (CNEN/Receita Federal); e

4) Integração de instituições e Organizações Nacionais e Internacionais.

A CNEN efetua regulação e fiscalização em proteção física conforme a

norma CNEN 2.01, que é o plano de proteção física.

Como exemplo das ações é possível citar:

1) Acidente de Goiânia (resposta e recuperação);

2) XV Jogos Pan Americanos e III Jogos Para Pan americanos RIO-2007

(prevenção, detecção e resposta); e

3) Tráfico Ilícito de materiais nucleares e radioativos no MERCOSUL.

Em que pese não haver registro de intenção de uso de MN/MR para atos

terroristas no Brasil, deve haver planejamento para prevenção, detecção, definição

das ameaças críveis, capacidade dos adversários (conhecimento e meios) e

motivação. Qualquer planejamento resposta tem que haver a integração de todas as

organizações e responsáveis.

Page 43: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

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Segundo a IAEA, INFCIRC/225/REVISION 5:

A possibilidade de que material radioativo nuclear ou outra poderia ser usada para fins maliciosos não pode ser descartada da situação mundial atual. Membros responderam a este risco através da contratação de um compromisso coletivo para fortalecer a proteção e controle de tal material e para responder eficazmente aos eventos de segurança nuclear. Membros se comprometem a fortalecer os instrumentos existentes e estabeleceram novos instrumentos jurídicos internacionais para melhorar a segurança nuclear em todo o mundo. A segurança nuclear é fundamental na gestão de tecnologias nucleares e em aplicações onde o material radioativo nuclear ou outro é usado ou transportado. Através do programa de energianuclear, a IAEA apoia Estados para estabelecer, manter e sustentar um regime eficaz de segurança nuclear. A IAEA adotou uma abordagem global da segurança nuclear. Este reconhece que um regime nacional eficaz de segurança nuclear baseia-se: a implementação dos instrumentos jurídicos internacionais pertinentes; proteção das informações; proteção física; contabilidade e controle de materiais; detecção e resposta ao tráfico de tal material; planos nacionais de resposta; e medidas de contingência. Com a sua Série de Segurança Nuclear, a IAEA tem como objetivo auxiliar os Estados na implementação e manutenção de um tal regime, de forma coerente e integrada. A Série de Segurança Nuclear da IAEA compreende Fundamentos de Segurança Nuclear, que incluem objetivos e elementos essenciais do regime de segurança nuclear de um Estado; recomendações; a implementação de Guias; e orientação técnica. Cada Estado exerce a plena responsabilidade pela segurança nuclear. Especificamente, para proporcionar a segurança de material radioativo nuclear e outros e instalações e atividades associadas; para garantir a segurança deste tipo de material em uso, o armazenamento ou durante o transporte; para combater o tráfico ilícito e o movimento acidental de tal material; e estar preparado para responder a um evento de segurança nuclear. A proteção física contra a remoção não autorizada de material nuclear e contra a sabotagem de instalações ou meios de transporte nucleares tem sido um motivo de preocupação e de cooperação nacional e internacional. A comunidade internacional se comprometeu a fortalecer a Convenção sobre a Proteção Física de Material Nuclear, e cooperou com a IAEA a estabelecer orientações de segurança nuclear.

Os destaques feitos abaixo foram retirados do livro U.S.-Russian

Collaboration in Combating, da Academia Nacional de Ciências Washington D.D.

Vale citar exemplos de ataques terroristas:

1) Metro de Tóquio, Gás Sarin, Culto de Aum Shinrikyo 12mortos 1000

feridos;

2) Em 1995, Cidade de Oklahoma, bomba em um caminhão, 168 mortos;

3) Em 1998, Quênia & Tanzânia, Embaixadas de EUA, bombas

simultâneas em carros, 257 mortos, 4000 feridos;

4) Em 1998 Omagh, Irlanda do Norte, carro bomba, 29 mortos;

5) Em 2001,Iêmen, ataque suicida no Barco da Marina dos EUA USS Cole,

17 mortos;

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43

6) Em 2001, em Nova York, Washington, 9/11 ataque suicida com aviões,

3000 mortos; e

7) Bali, Indonésia, ataque suicida com carro bomba, 202 mortos, 209

feridos;

Casos de utilização incorreta de fontes radioativas:

1) Novembro de 1985: Moscou Rússia. Rebeldes Chechenos compram um

recipiente com Césio 137 em um parque da cidade;

2) Março de 1998: Greensboro, EUA. 19 tubos pequenos de Césio 137 são

roubados de um hospital. Nunca foram recuperados.

3) Junho de 2002: Chicago, EUA. JoséPadilhaé preso por suspeitade

planejara detonaçãoumabomba suja.

Abaixo veremos 3 relatos envolvendo fonte radioativa ionizante na Rússia:

INCIDENTE1

Em fevereiro de 2000, vários casos de sintomas de saúde incomuns foram

relatados em Grozny, na Chechênia, incluindo vermelhidão da pele, edema e os

olhos avermelhados. O maior número de casos foi na região Zavodsky, que não

estava sob o controle do Exército no momento. Uma equipe do Serviço de

Inteligência foi enviada para Grozny para investigar. A primeira tentativa da equipe

para localizar a fonte de radiação falhou, porque os combates começaram enquanto

a equipe estava realizando a medição da radiação na área. Dois supostos

insurgentes ligados ao lider da oposição Khakimov foram apreendidos

posteriormente em Grozny. Eles deixaram cair um cilindro enquanto tentavam

escapar (o conteúdo e dispositivo do cilindro não foram achados). Inteligência

indicou que Khakimov estava planejando um ataque terrorista na maior cidade da

Rússia. Khakimov pensava ser capaz de perpetrar um ataque radiológico, e que

fosse, particularmente, em um subúrbio de Moscou. A busca por fonte de radiação

ionizante roubada começou em um subúrbios. Uma IRS foi descoberta em um trailer

abandonado que apresentou uma leitura anormalmente elevada de radiação. Foi

recuperada usando robôs.

Page 45: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

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INCIDENTE 2

Em Grozny, a equipe do Serviço de Inteligência ganhou acesso à região de

Zavodsky novamente. A equipe observou um pedaço de terra, onde a neve derreteu

e a vegetação tinha morrido. Uma IRS do tamanho de um lápis foi encontrado,

emitindo radiação que em 20 minutos constituía uma "exposição mortal." A fonte foi

recuperada com robôs e levada em um transporte de contêineres à prova de

radiação de 2 toneladas.

INCIDENTE 3

Um insurgente se entregou no gabinete do comandante em Grozny. Ele

testemunhou que tinha assistido Khakimov na Organização,no roubo de IRSs de

uma planta química inativa na região de Zavodsky. A planta inicialmente teve nove

fontes para uso na polimerização de borracha não vulcanizada. As IRSs foram

armazenadas no local em uma câmara especial onde permaneceram mesmo depois

que da planta não estar mais em operação.

O caminho para a planta foi ocultado, e a câmara que mantinha as fontes foi

selada por uma porta de aço de correr. Os insurgentes tinham acessado a câmara

através de uma escotilha no quarto andar do edifício. Os níveis de radiação dentro e

em torno da escotilha eram altos, e a escotilha era protegida com um sarcófago de

concreto.

A porta de aço de correr para a câmara foi destruída, e os robôs foram

enviados com câmeras para investigar o recipiente de IRS, que tinha sido aberto. O

primeiro robô falhou devido a condições extremas e altas temperaturas na câmara.

Um segundo robô removeu o primeiro robô e continuou a operação. As câmeras do

segundo robô revelaram que o recipiente tinha sido aberto de maneira imprópria e

sete fontes haviam caído sob o recipiente.

A descoberta das sete IRSs sob o recipiente totalizaram nove IRSs da

fábrica de produtos químicos, uma vez que duas haviam sido coletadas

anteriormente em Moscou e Grozny (Ver incidentes 1 e 2, acima). As IRSs foram

colocadas em um recipiente especial e levadas de caminhão para Mozdok. Pessoal

de Radon encontrou o caminhão lá e o recipiente foi carregado para o comboio.

(KUZMIN, 2003).

Page 46: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

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Recortes feitos sobre o tema:

1) 1987. Iraque ensaiou explodir uma RDD;

2) 1995. Se descobriu uma RDD em um parque público de Moscou;

3) 1998. Chechenia: achada uma mina explosiva recheada com material

radioativo;

4) 2002. Se descobriu que José Padilha teria planos acerca de RDD;

5) 2003. Al Qaeda planejava no Afeganistão; e

6) 2004. Uma grande quantidade de Amerício 241 foi encontrado em

Londres.

Figura 25: Rascunho com Projeto de Bomba Suja. Fonte: O autor (2014).

O urânio empobrecido (UE) pode ser entendido como lixo nuclear e também

como subproduto (matéria prima) para elementos combustíveis em reatores rápidos

(Fast Breeder). Os elementos combustíveis do reator são de plutônio no centro do

núcleo. Os demais elementos combustíveis são de U238, elemento fértil que vai se

transformando em plutônio durante a reação em cadeia. O UE ocorre naturalmente

como três isótopos diferentes: U234, U235 e U238. Isótopos são átomos do mesmo

elemento que têm números diferentes de nêutrons, mas o mesmo número de

prótons. Isto significa que eles comportam-se da mesma maneira quimicamente,

mas diferentes isótopos libertam diferentes quantidades e tipos de radiação.

As propriedades radioativas do UE, cujo principal é o urânio 238, diferem

das de urânio 235. Ao contrário de U238, U235 é físsil e extremamente instável. Esta

é a base de armas nucleares e energia nuclear. No entanto, antes do U235 ser

usado, ele tem de ser concentrado, uma vez que só se faz uma pequena proporção

de urânio que ocorre naturalmente, em torno de 0,7%. U238 faz mais de 99% do

urânio natural e é menos radioativo. Depois de urânio natural ter a maior parte do

Page 47: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

46

U235 removida dele, ele é chamado de "urânio empobrecido" (fértil), ou seja, o

urânio empobrecido no isótopo U235.

O urânio empobrecido é utilizado em munições contra blindados por causa

da sua elevada densidade. É 1,7 vezes mais denso do que o chumbo, tendo armas

de urânio empobrecido maior alcance e poder de penetração. Eles pertencem a uma

classe de armas chamada penetradores de energia cinética. A parte da arma que é

feita de DU (depleted uranium – Urânio empobrecido) é chamado um penetrador:

este é um longo dardo com peso superior a quatro quilogramas. O penetrador é

usualmente uma liga de DU e uma pequena quantidade de um outro metal tal como

o titânio e molibdénio.

A poeira do óxido de DU produzido quando usado em munições é tóxica e

radioativa e composta de dois óxidos: um insolúvel, o outro fracamente solúvel. A

distribuição de tamanhos de partículas inclui partículas de retenção que são

facilmente inaladas e acumuladas pelos pulmões. Alvos atingidos são cercados por

essa poeira e as pesquisas sugerem que ele pode viajar muitos quilômetros quando

re- suspenso, como é provável em climas áridos. O pó pode ser inalado ou ingerido

por civis e militares da mesma forma.

A radiação alfa, quando inalada ou ingerida, é a forma mais prejudicial de

radiação ionizante (urânio 238). Dentro do corpo esta radiação é perturbadora e

estima-se que o dano cromossômico de partículas alfa é aproximadamente 100

vezes maior do que a causada por uma quantidade equivalente de outra radiação.

As partículas pesadas, altamente carregadas podem perfurar buracos no DNA e

deixar um rastro de radicais livres ionizados, interrompendo processos celulares. A

radiação ionizante é um agente cancerígeno em humanos em todos os níveis de

dose, e não apenas em doses elevadas. Não existe uma dose limite e qualquer

partícula alfa pode causar alterações genéticas irreparáveis.

Uma pesquisa detalhada sobre atoxicidade química do urânio começou na

década de 1940, e, desde então, tornou-se claro que, como muitos outros metais

pesados, como chumbo, cromo, níquel e mercúrio, a exposição ao urânio podem ser

prejudiciais à saúde.

Segundo a matéria publicada na revista Defense Horizons (A publication of

the Center for Technology and National Security Policy), de janeiro de 2004, número

38, página 1, Existem diferentes tipos de materiais radioativos que emitem diferentes

tipos de radiação:

Page 48: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

47

1) Raio Gama pode viajar longas distâncias sem ar e pode passar através

do corpo expondo órgãos internos; é também uma preocupação se o

raio gama for ingerido ou inalado;

2) Radiação Beta pode viajar a poucos metros do ar e em quantidades

suficientes pode causar danos na pele; beta-emissor de um material é

perigo interno se ingerido ou inalado; e

3) A radiação alfa viaja apenas uma ou duas polegadas no ar e não pode

mesmo penetrar na pele; materiais emissores alfa é um perigo se for

ingerido ou inalado.

Nove isótopos são de interesse para a bomba suja: Amerício-241 (Am-241);

Californium-252 (CF-252); Césio-137 (Cs-137); Cobalto-60 (CO-60); Iridium-192 (Ir-

192); Plutônio-238 (Pu-238); Polônio-210 (Po-210); Radium-226 (Ra-226) e

Estrôncio-90 (Sr-90). O rádio-226 e uma pequena quantidade de polônio-210 existe

na natureza, mas o resto é fabricado pelo homem.

Três desses nove isótopos citados acima são fortes emissores de raios

gama: Cs-137 (partir de Ba-137), Co-60 e Ir-192. Estes três podem representar um

perigo externo para os indivíduos que lidam com eles. O Sr-90 emite partículas beta

e os demais, Am-241, CF-252, Po-210, Pu-238 e Ra-226 são emissores de

partículas alfa.

Vale dizer que como cobalto, irídio e polônio existem como sólidos não seria

facilmente dispersável. O amerício, californium e plutônio são tipicamente óxidos e

podem existir na forma de pó. O césio é normalmente encontrado como cloreto de

césio, o qual é também um pó e bastante solúvel em água. Radium e estrôncio são

usados em várias formas, sendo que o estrôncio fluoreto, em certas fontes seladas é

condensado de forma que seja insolúvel.

3.2.2 Aspectos relevantes sobre a bomba suja

Não se pode deixar de falar sobre terrorismo nuclear sem citar

especificamente a grande vedete que é a bomba suja (RDD). A construção é

simples, pois seu preparo é rudimentar (fundo de quintal) e sem as proteções

devidas e até porque, em geral terroristas não estão preocupados com suas próprias

vidas. São empregados materiais radioativos de fácil obtenção (exemplo: hospitais,

Page 49: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

48

produtosagrícolas e gamagrafia industrial). Vale dizer que a preparação é feita com

altas taxas de exposição. É uma mistura de explosivos, como a dinamite com o pó

radioativo.

A bomba suja funciona completamente diferente de uma bomba atômica e

não pode criar uma explosão atômica, porém, como usa explosivos ela espalha a

poeira radioativa ou fumaça a fim de causar a contaminação.

Segue a foto de um protótipo de bomba suja (RDD- Radiological Dispersion

Device):

Figura 26: Protótipo de Bomba Suja. Fonte: O autor (2014).

É importante indagar quais seriam os alvos preferenciais de um dispositivo

de dispersão (bomba suja) ou de exposição (aquele em que a fonte fica parada

fazendo seu estrago). Destaco os espaços contidos, as multidões, as instalações e

áreas críticas/vitais e grandes eventos públicos.

Se o terrorismo tradicional já causa danos irreparáveis, não é difícil imaginar

se associado a MN/MR. As consequências, de certa forma são as mesmas, mas a

intensidade fica muito maior como: biológicas, psicológicas, ambientais, econômicas,

sociais e políticas.

A maioria das bombas sujas e outras RDDS têm efeitos muito localizados,

variando de menos de um quarteirão da cidade a vários quilômetros quadrados. A

área sobre a qual materiais radioativos seriam dispersos depende de fatores tais

quais: quantidade e tipo de material radioativo disperso; meios de dispersão (por

exemplo, explosão, pulverização, incêndio); forma física e química do material

radioativo. Por exemplo, se o material é disperso como partículas finas, que pode ser

transportado pelo vento sobre uma área relativamente grande; topografia local,

localização dos edifícios, e outras características da paisagem e condições

Page 50: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

49

meteorológicas locais.Algumas formas de isótopos podem ser dissolvidas em

solventes e amplamente pulverizadas e outras ainda podem ser queimadas ou

vaporizadas.

Se o material radioativo libera partículas finas, a pluma se espalharia mais

ou menos com a velocidade e direção do vento. Como uma pluma radioativa

estende-se por uma área maior, aumentando a quantidade de expostos, por outro

lado, a radioatividade torna-se menos concentrada. Em Goiânia acredita-se que

gatos selvagens, espalharam o MR além da área monitorada conduzindo-o em sua

pele.

Modelos atmosféricos podem ser utilizados para estimar a localização e

movimento de uma pluma radioativa. A maioria das lesões de uma bomba suja

provavelmente ocorreria a partir do calor, detritos, poeira radiológica, e força da

explosão convencional utilizado para dispersar a material radioativo, afetando

somente as pessoas próximas ao local da explosão.

Nos níveis baixos de radiação esperados de um RDD, os efeitos imediatos

da exposição à radiação para saúde provavelmente seria mínimo. Os efeitos da

exposição à radiação na saúde são determinados pela: quantidade de radiação

absorvida pelo corpo; tipo de radiação; meios de exposição de externo ou interno

(absorvido pela pele, inalados, ou ingeridos) e período de tempo exposto. Uma das

principais consequências de uma bomba suja são os efeitos psicológicos do medo

de ser exposto, por isso faz-se necessário que existam sempre fontes confiáveis

para disseminar informações atualizadas e corretas.

Após a explosão radiológica, as pessoas devem: minimizar o tempo que

estão expostosaos materiais de radiação da bomba suja; maximizar a sua distância

da fonte saindo de perto da cena do acidente e proteger-se da exposição externa e

inalação de material radioativo.

Se as pessoas estão perto do local de uma bomba suja ou de liberação de

material radioativo, devem: ficar longe de qualquer pluma, poeira ou nuvem; cobrir a

boca e o nariz com um lenço de papel, filtro ou pano úmido para evitar a inalação e

ingestão do MR;caminhar dentro de um edifício com portas e janelas fechadas, o

mais rapidamente pode ser feito de forma ordenada concomitantemente com ter

atenção às informações prestadas pelos socorristas e autoridades de emergência;

remover as roupas contaminadas incluindo o pano que se usou para cobrir o rosto

até chegar ao edifício o mais rápido possível, bem como colocá-las em um saco

Page 51: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

50

plástico e lacrar, pois as roupas podem ser usadas mais tarde de forma a medir a

quantidade de radiação à que a pessoa foi exposta, lavar suavemente a pele para

remover possível contaminação, devendo as pessoas ter cuidado para o MR não

entrar na boca ou ser transferido para área do corpo onde poderia ser facilmente

deslocado para a boca e ingeridos, ou seja, fica claro que não se deve comer, beber

ou fumar também e se certificar se o local onde está é lacrado com janelas bem

fechadas de forma a impedir que a poeira entre.Não se deve comer ou beber nada

que esteja destampado, porém, ainda que os alimentos estejam tampados e

lacrados, os recipientes em que estão devem ter seu exterior lavado antes do uso.

Não existem antídotos confiáveis uma vez que o MR é inalado ou ingerido,

no entanto, sintomas podem ser tratados. Existem alguns produtos químicos que

ajudam a limpar o corpo de MR específico. Foi dito em um texto do United States

Nuclear Regulatory Commission, vindo do Office of Public Affairs, que o corante azul

da Prússia têm se mostrado eficaz para a ingestão de césio-137 e é vendido sob o

nome comercial Radiogardase por Heyl Pharmaceuticals, na Alemanha e foi muito

eficaz quando usado nos contaminados em Goiânia.Seria imprescindível que o

Brasil passasse a fabricar ou importar este remédio para tratar pelo menos mil

vítimas de cada vez, por pelo menos um mês.O iodeto de potássio (KI) em

comprimido é recomendado apenas para a exposição ao iodo-131 (I-131), um

elemento radioativo de curta duração produzido em usinas nucleares, além de só

proteger a glândula tireoide. Como não tem como saber se o iodo radioativo foi

usado na bomba, não é recomendada sua ingestão, pois o mesmo pode até mesmo

fazer mal à algumas pessoas. Nos dias e semanas seguintes ao acidente com uma

RDD, socorristas podem: estabelecer um plano de monitoramento e avaliação das

áreas afetadas; impor quarentenas como necessárias para evitar novas exposições

e remover a contaminação de áreas onde as pessoas possam continuar sendo

expostas. Um programa de vigilância médica a longo prazo pode ser estabelecido

para as vítimas de um ataque radiológico significativo para monitorar potenciais

efeitos na saúde.

A maioria dos hospitais, no entanto, não têm clínicas especializadas para o

tratamento de lesões de radiação ou pacientes contaminados. A preparação prévia

deve incluir a construção de instalações para a descontaminação das vítimas e

formação de pessoal médico e paramédico a ponto de reconhecer queimaduras

agudas de doenças de radiação. Eliminação da contaminação externa pode ser feito

Page 52: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

51

simplesmente por lavagem completa, com atenção especial dada à remoção de

material radioativo agarrado aos cabelos. Exposição interna, por outro lado, ainda

apresenta os maiores perigos para a vítima, cujos tecidos estão a ser continuamente

irradiados a partir do interior.

Todas as cargas que entram no país ou saem devem ser analisadas,

principalmente as que contenham metais pesados como o chumbo, que pode ser

usado para proteger fontes de monitores de radiação. Essa é uma triagem que

complicaria o contrabando.

Levando em consideração a facilidade na aquisição de bananas de dinamite,

a qual tem-se registrado na imprensa, fica mais fácil a feitura de bombas sujas.

Apesar da fiscalização exemplar do Exército nas mais de mil empresas autorizadas

a armazenar, usar, produzir ou comercializar produtos controlados, ainda assim não

se consegue evitar o desvio de explosivos. Enquanto a legislação não punir o

comprador como passível de crime de terrorismo, que deverá ser tipificado com

pena de prisão perpétua (a CRFB deve ser alterada), nada mudará.

Temos alguns casos de tráfico ilícito de torianita, como a matéria sobre

venda de material radioativo obtido ilegalmente bem mostra, no site da Federação

Nacional dos Policiais Federais, em 05 de outubro de 2009:“Teve uma época aí que

eu estava negociando com o pessoal do Iraque, os árabes. A única informação que

eu tinha é que ia para o Iraque”, diz um traficante.

Igualmente importante foi a matéria sobre O contrabando do urânio

brasileiro, na revista Isto é, em 17 de maio de 2006, dizendo:

No rastreamento da teia de relações mantidas pelos traficantes, a polícia chegouao nome de Haytham Abdul RahmanKhalaf, libanês apontado como o elo com o grupo extremista islâmico Hamas”. Na ponta brasileira da trama, até agora a Polícia Federal já identificou três grupos especializados no tráfico de urânio. Todos com base em Macapá. A rota a seguir é variada. O minério segue de carro para Macapá ou do garimpo é levado de barco até o Oiapoque, na ponta norte do Estado. Depois, vai para a Guiana Francesa, de onde é despachado para outros países. Rússia, Coréia do Norte e países do continente africano são alguns dos destinos sob investigação.

Em primeiro lugar podemos perceber que a matéria acima é 2006, 4 anos

antes da matéria citada anteriormente, que era de 2010, ou seja, depois de todo

esse tempo o problema persiste mostrando a falta de seriedade do país no tocante

Page 53: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

52

ao controle de suas fronteiras e de garimpos ilegais. Fica clara a falta de efetivo das

Forças Armadas e Polícia Federal.

Nota-se que há muita facilidade na extração e saída do minério do país,

ficando mais do que claro a vulnerabilidade do Brasil.

Supõe-se que o tráfico de torianita seria em função do urânio, porém, seria

extremamente caro fazer a separação por ser de aluvião. A torianita tem 75% de

tório, 8% de Urânio, 11% de chumbo e 1,2% de terras raras. O chumbo (Pb208) é

usado em reatores nucleares rápidos para resfriamento do núcleo e, em virtude de

seu preço no mercado, poderia ser uma das razões pelo interesse no minério.

Page 54: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

53

4 LEGISLAÇÕES SOBRE O TEMA

No Direito Penal Brasileiro inexiste tipo penal para o crime de terrorismo.

Nos dispositivos legais existentes sobre o tema, não há a descrição da conduta

típica punível para o crime de terrorismo, portanto, seguindo o princípio estipulado

em nosso Código, “não há crime sem lei anterior que o defina”.

A indefinição consensual sobre o que vem a ser terrorismo e a inexistência

de tipificação penal para o mesmo, indica que o seu combate poderá ser prejudicado

caso ocorra um ato terrorista em território nacional. A Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 traz como preceito fundamental o repúdio ao terrorismo

e ao racismo (artigo 4º, inciso VIII), complementado pelo artigo 5°, inciso XLIII, que

declara:

“A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.(BRASIL, 2011, p. 9).

Segundo Messeder (2011),

[...] a Constituição determina que o repúdio ao terrorismo é um dos princípios fundamentais que regem as relações internacionais do Brasil e estabelece, ao tratar dos direitos e deveres individuais e coletivos, que a lei considera o terrorismo crime inafiançável e insuscetível de graça. Esses preceitos constitucionais antiterroristas da Constituição do Brasil constituem cláusulas pétreas, insuscetíveis, dessa forma, de alteração por meio de emenda constitucional. A par das considerações supracitadas, ainda assim existem muitas discussões jurídicas com relação ao crime de terrorismo e sua inserção na legislação Penal Brasileira, notadamente quanto às normas jurídico-penais que tratam da questão, a Lei nº 7.170/83 que define os Crimes contra a Segurança Nacional e a Lei nº 8.072/90, que dispõe sobre Crimes Hediondos. Nestas duas leis brasileiras, o terrorismo não obteve normas de direito e processo penal específicos. Após um ano de estudos, em 2007, o Brasil acabou desistindo do projeto de tipificar o terrorismo como crime especial, limitando-se apenas a repudiá-lo. (MESSEDER, 2011, p.118, grifo nosso).

Acresce-se que o inciso XLIV do art. 5º da Constituição informa que constitui

crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,

contra a ordem constitucional e o Estado democrático.

No que tange à aprovação de lei antiterror vale dizer que esta poderia ter

influência direta nos movimentos sociais em ações como invasões de barragens e

Page 55: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

54

hidrelétricas, terras da união, prédios públicos e bloqueios de estrada. Há também,

de certa forma, um temor quanto a um possível cerceamento de liberdade

semelhante ao que aconteceu nos EUA, com restrições individuais e interceptações

telefônicas, referentes às ações de combate ao terrorismo.

A exemplo da Lei de Segurança Nacional, não há a descrição da conduta

em norma incriminadora ferindo, desta forma, o princípio da legalidade que prevê a

definição de uma conduta típica punível. Assim, os gravames previstos na Lei de

Crimes Hediondos são inócuos no que se refere ao crime de terrorismo, pois apenas

oferece uma incriminação vaga e indeterminada. (WOLOSZYN, 2010, p.81).

O processo penal brasileiro demorado, bem como a demora nas mudanças

via processo legislativo, criou um imobilismo policial no Brasil, aumentando o risco

com a manutenção da segurança. Essa morosidade na aprovação de leis

específicas sobre o terrorismo torna inviável que se materializem antes das

olimpíadas. Hoje em dia vemos muitos estudos, encontros e seminários, mas nada

de efetivo e célere.

O fato de o Brasil estar resistindo à implantação de uma lei antiterrorismo,

pelo que se pode notar até o presente momento, tem suas próprias razões e são um

ponto de vista a se considerar. Tais medidas de restrição de liberdade poderiam

antagonizar grupos que hoje não têm desejo de atacar o Brasil.

A Lei n.º6.453/77, que estabelece a “responsabilidade civil por danos

nucleares e a responsabilidade criminal por danos nucleares (...)”, não foi

recepcionada pela Constituição Federal de 1988. O art. 8º da referida Lei, preceitua

o que segue: “O operador não responde pela reparação do dano resultante de

acidente nuclear causado diretamente por conflito armado, hostilidades, guerra civil,

insurreição ou excepcional fato da natureza”.

De nenhuma forma se pode estabelecer limites indenizatórios para a

hipótese de danos decorrentes de acidente nuclear, responsabilidade essa que em

face da Lei Magna de 1988, é do Estado ou de Empresas prestadoras de serviços

públicos. No entanto, atualmente nem mesmo as conhecidas excludentes de

responsabilidade como o caso fortuito e a força maior, poderão, ser invocadas pelo

Estado para se eximir de qualquer responsabilidade.

No art. 21, inciso XXIII, alínea d, podemos ver que a responsabilidade é

objetiva para seu causador, pois é fundada no risco integral haja visto a dimensão

Page 56: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

55

dos riscos envolvendo a exploração desta atividade. O fato desta responsabilidade

civil independer da existência de culpa reforça os argumentos citados.

Existe uma discussão sobre qual das teorias estariam embasando a

responsabilidade do Estado, se a Teoria do Risco Administrativo, a qual aceita

excludentes de responsabilidade, ou se a Teoria do Risco Integral, que é quase uma

modalidade extremada que justifica o dever de indenizar até mesmo quando não

existe nexo de causalidade. Vê-se, todavia, que, hodiernamente, a teoria adotada é

a da Responsabilidade Objetiva, ou mais tecnicamente falando, a Teoria do Risco

Administrativo.

A responsabilidade objetiva apresenta-se como a obrigação de reparar

determinados danos causados a outrem, independentemente de qualquer atuação

dolosa ou culposa de responsável, sendo necessário que estas tenham acontecido

durante atividades realizadas no interesse ou sob o controle do Ente Público ou

empresa responsável também prestadora de serviço público.

É necessário a criação de diversas leis específicas para regular o assunto,

como: leis que possam compelir os donos de fontes de hospitais a adquirir controle

radiológico nas entradas e saídas do hospital, disponibilizando um segurança só

para a área onde está localizada a fonte; leis que tipifiquem o crime de terrorismo e

penalizando com a prisão perpétua (mudanças devem ser feitas na CRFB); leis que

obriguem as seguradoras a indenizar inclusive em caso de acidentes radiológicos de

forma a evitar a falência dos micro empresários e o aumento do desemprego (nos

EUA as seguradoras parecem excluir danos de radiação). A adoção de cartilhas de

forma a alertar a população também se faz necessária.

Page 57: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

56

5 CONCLUSÃO

O Brasil possui vulnerabilidades estruturais e conjunturais face ao

terrorismo. Dentre as estruturais, destaca-se a grande extensão de fronteiras

terrestres e marítimas [o Brasil possui 15.791 Km (quinze mil setecentos e noventa e

um quilômetros) de fronteiras terrestres com nove tríplices fronteiras e 7.367 Km

(sete mil trezentos e sessenta e sete quilômetros) de fronteiras marítimas.

Recentemente foi dito em uma palestra na Escola Superior de Guerra, sobre

inteligência, que empresas que atuem com materiais perigosos, precisam saber

contratar, manter e demitir seus funcionários, para que estejam sempre motivados

de forma a jamais pensar em retaliação e, com isso, ajudar a formar um “exército” de

colaboradores como fontes de informação e não uma legião de descontentes.

Em se tratando de política de Governo, nosso País deve: criar um serviço de

informações/inteligência eficiente e conectado, trabalhando em conjunto com seus

semelhantes de seu país e de outros países; criar um sistema de resposta (polícia,

setor nuclear, alfândega, forças armadas, entre outros) também integrado, evitando

a politização dos cargos de gestão; iniciar fabricação do corante Azul da Prússia e

manter estoque razoável; implantar lei anti-terrorismo; criarleis específicas que

possam compelir os donos de fontes de hospitais a adquirir controle radiológico nas

entradas e saídas do hospital, leis que tipifiquem o crime de terrorismo e

penalizando com a prisão perpétua, leis que obriguem as seguradoras a indenizar

inclusive em caso de acidentes radiológicos de forma a evitar a falência dos micro

empresários e o aumento do desemprego e agir imediatamente para adquirir vários

portais de controle radiológico de fronteira, e evitar não só a saída de minerais

radioativos, mas a entrada também e para isso deve investir imediatamente em

aumento de efetivo das forças armadas.

Devem ser usadas estratégias de governo como: melhorar a vulnerabilidade

de fronteiras; adoção de cartilhas de forma a alertar a população dos riscos da

bomba suja; realizar planejamento para prevenção, detecção, definição das

ameaças críveis, capacidade dos adversários (conhecimento e meios) e motivação e

criar um número bem maior de Pelotões Especiais de Fronteira, bem como o efetivo

da Polícia Federal, de forma a equalizar os riscos presentes. As organizações do

Estado tem que estar preparadas para realizar a implantação de bancos de dados

específicos; acompanhamento e identificação de organizações, grupos ou pessoas

Page 58: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

57

relacionados à atividade terrorista; ampliar o controle de entrada, de saída e de

trânsito de suspeitos no País; realizar o controle das comunicações, dentro do

previsto na Lei; realizar o acompanhamento, pelas vias legais, de pronunciamentos,

publicações, mensagens, meios de comunicação vinculados ou que apóiam

organização terrorista e/ou suspeita; realizar o estudo de organizações terroristas;

realizar o estudo e acompanhamento do seu histórico, motivações, objetivos,

lideranças, estrutura, apoio financeiro e logístico, modus operandi; aprimorar a

ligação com organismos de inteligência estrangeiros e de investigação policiais

internacionais, visando ao intercâmbio de dados informações sobre elementos,

grupos e organizações terroristas; ampliar as parcerias multilaterais estratégicas, no

âmbito da comunidade internacional, como a União Sul-Americana (UNASUL), entre

outras; realizar o acompanhamento, detecção e neutralização de ameaças efetivas

ou potenciais representadas pelo terrorismo e redes criminosas transnacionais.

Conforme já foi dito anteriormente, o Brasil tem sido cenário de tráfico de

minério radioativo como a torianita e com fácil deslocamento para fora do país desde

2004, pelo que foi noticiado, expondo sua face frágil, sem controle e seriedade que o

assunto requer. De nada adianta todo sacrifício para organização de grandes

eventos como a Copa do Mundo de 2014, com um trabalho que poderia muito

facilmente ter terminado de forma catastrófica se uma bomba suja fosse disparada

perto da concentração de uma seleção ou em locais distantes da área onde estariam

fazendo um monitoramento radiológico. Além do mais quantas roupas especiais

contra um ataque radiológico estavam à disposição, sabendo que na praia de

Copacabana, no evento da FIFA, haviam mais de hum milhão de pessoas? No filme

Guerra Suja haviam menos de 10 para uso imediato e mais 200 para chegada

posterior, com atraso, para controlar uma explosão com aproximadamente hum

milhão de contaminados, e ainda assim era pouco.

Os anos passam e o Brasil fica apenas nas discussões e estudos, atuando

com amadorismo absoluto e esquecendo de colocar em prática de forma objetiva e

rápida, os assuntos pertinentes a esta área extremamente importante, que pode

abalar a economia do país inteiro.

Page 59: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

58

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Lei n.º4.118, de 27 de agosto de 1962. Brasília, DF. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4118.htm>. Acesso em: 20 maio 2014.

______. Lei n.º 6.453, de 17 de outubro de 1977.Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6453.htm>. Acesso em: 20 maio 2014.

______. Decreto nº 911, de 3 de setembro de 1993. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0911.htm>. Acesso em: 20 maio 2014.

BUZANELLI, Márcio Paulo. Palestra inaugural e debate. In: WORKSHOP PREVENÇÃO E COMBATE AO TERRORISMO INTERNACIONAL, 2010, Brasília, DF. [Texto apresentado...]. Brasília, DF: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, 2010. p. 21-68.

CENTERS for DiseaseControlandPrevention.DirtyBombs, factsheet, U.S. DepartmentofHealth andHuman Services. 2003, July.Disponível em: http://www.bt.cdc.gov/radiation/pdf/dirtybombs.pdf. Acesso em:feb. 2005

ENCONTRO de Estudos: terrorismo.Brasília, DF: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, 2006. p. 66-73.

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso: monografia. Rio de Janeiro, 2012.

ESTADOS UNIDOS. Nuclear Regulatory Commission.Dirty Bombs, factsheet, Office of Public Affairs, Washington, DC, March. 2003. Disponível em: <http://www.nrc.gov/reading-rm/doc-collections/fact-sheets/dirtybombs.html>. Acesso em: feb. 2005.

GABEIRA, Fernando. Goiânia, rua 57:onuclear na terra do sol. 2. ed. São Paulo: Editora Guanabara, 1987.

HAIKEL, José Ricardo. O terrorismo e os Riscos à Estabilidade Nacional. 2010. 91 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2010.

Page 60: TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear

59

HELOU, Suzana. (org).Césio-137: consequências psicossociais do acidente de Goiânia. Goiânia: Editora da UFG, 1995, p. 6-8.

MESQUITA, Luiz Eduardo Garcia de. O terrorismo e a sua probabilidade de ocorrência no Brasil. 2012. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) - Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2012. p.26.

MESSESER, Marcus Vinicius Mansur. O terrorismo contemporâneo e seus reflexos para o Estado Brasileiro. 2011. 143 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Comando e Estado-Maior do Exército) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2011.

NATIONAL Research Council.U.S. Russian Collaboration in Combating Radiological Terrorism. Washington, DC: The National Academies Press, 2007. 124p.

O CONTRABANDO do urânio brasileiro. N. 1908, 17 maio 2006. Disponível em: <http://www.istoe.com.br/resportagens/21854_O+CONTRABANDO+DO+URANIO+BRASILEIRO>. Acesso em: 14 jul. 2014.

OLIVEIRA, Ricardo Santos de. Acidentes Nucleares: estratégia de defesa. Trabalho de Conclusão de Curso: monografia (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) - Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2011.

SANTOS FILHO, Alfredo Ferreira dos.Terrorismo Internacional: um estudo sobre a definição e aestrutura de combate para o Estado brasileiro. 2009. 147 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Militares) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2009.

SARAIVA, Gerardo José de Pontes. Energia nuclear no Brasil: fatores internos e pressões externas. Caderno de Estudos Estratégicos, ago. 2007.

TRAFICANTES vendem material radioativo obtido ilegalmente. Amapá, 2009. Disponível em: <http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/24500>. Acesso em: 14 jul. 2014.

WOLOSZYN, André Luís. Terrorismo global: aspectos gerais e criminais. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2010. 164p. (Coleção General Benício, v. 467, n. 837).

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ANEXO A - EXEMPLOS DE FONTES

Dispositivos que emitem radiação.

Seguem exemplos de dispositivos que emitem radiação: Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Unidade Moderna de Teleterapia. (foto: MDS Nordion)

Unidade de Teleterapia.

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Unidade de Teleterapia. Unidade de Teleterapia.

(foto: BRIT)

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Cabeçotes danificados de Cobalto 60 e Césio 137 de Unidades de Teleterapia.

Cabeçotes danificados de Cobalto 60 de Unidades de Teleterapia.

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Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Irradiador para sangue. (foto: MDS Nordion)

Embalagem para transporte de Irradiadorpara sangue.

(foto: MDS Nordion)

Fonte Categoria 1:Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Irradiadores para sangue. (foto: BRIT)

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Máquina de Teleterapia de Multirradiação gama.

(foto: Elekta)

Sistema de recarga da máquina de telete- rapia de multiradiação gama.

(foto: Elekta)

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Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Fonte de cobalto 60 para teleterapia dentro de um recipiente de tungstênio.

(foto: Oak Ridge Associated Universities)

Variedade de fontes de cobalto60 para teleterapia.

(foto: REVISS Services (UK) Ltd)

Cápsula de uma fonte gama. (foto Elekta)

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Esterilização industrial e pesquisas de irradiação.

Fontes de Cobalto 60 para esterilização industrial por radiação gama.

(foto: REVISS)

Fontes de Cobalto 60 para irradiação Gama. (foto: REVISS)

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Pesquisa e irradiação de materiais.

Irradiador de amostras em pequena Escala. (foto: BRIT)

Irradiador de amostras em pequena escala. Geralmente utilizam uma ou mais fontes de

Cobalto 60.

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Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Pesquisa e irradiação de materiais.

Irradiador de amostras em pequena escala típico de estabelecimento educacionais.

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Agricultura – Irradiação de plantas.

Geralmente Utilizam fontes de Césio 137 ou Cobalto 60 Irradiadores móveis. Utilizam

como fonte Césio 137. Detalhe de Irradiador de sementes.

Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa. Aplicação: Geração de eletricidade.

Geradores termoelétricos de radioisótopos. Utilizam geralmente fonte de plutônio 238 ou Estrôncio 90.

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Fonte Categoria 2: Muito perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Máquinas para braquiterapia. Fonte Irídio 192. (foto: Nucletron)

Fonte Categoria 2: Muito perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Máquina para braquiterapia com cateteres para transporte de fontes. Fonte Césio 137.

Contêiner para troca de fonte da máquina para braquiterapia. Fonte Irídio192.

(foto: Nucletron)

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Fonte Categoria 2: Muito perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Contêiner para armazenamento etransporte de fontes de Césio 137 para braquiterapia.

(foto: Seedos/Bebig)

Fontes de Césio 137, Irídio 192 e Cobalto 60 para braquiterapia em altas doses de

radiação. (foto: Seedos/Bebig)

Máquina para braquiterapia. Fonte Césio 137. (foto: Seedos/Bebig)

Fonte Categoria 2: Muito perigosa. Aplicação: Industrial, exploração e produção de petróleo.

Medidores gama geofísicos de densidade. Utilizam geralmente fonte de Césio 137. (fotos: Schlumberger).

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Fonte Categoria 2: Muito perigosa. Aplicação: Industrial, exploração e produção de petróleo.

Medidores de nível de hidrogênio por nêutron. Utilizam geralmente fonte de Amerício 241/Berílio.

Fonte Categoria 2: Muito perigosa. Aplicação: Industrial, exploração e produção de petróleo.

Medidores de nível de hidrogênio por nêutrons. Utilizam fontes de Plutônio 238/Berílio.

Contêineres para transporte e estocagem de medidores de nível de hidrogênio.

Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação: Radiografia industrial móvel em fábricas e construções. A maioria desses equipamentos utilizam como fonte Irídio 192. Também são usados Selênio 75, Ytérbio 169, Cobalto 60 e Césio 137.

Aparelhos portáteis de gamagrafia. (fotos: QSAGLOBAL)

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Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação: Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.

Aparelhos portáteis de gamagrafia (foto: MDS Nordion). Fonte Selênio 75

Fonte Categoria2: Muito perigosa. Aplicação: Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.

Aparelho portátil de gamagrafia (foto: BRIT).

Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.

Aparelhos portáteis de gamagrafia (fotos: NE-Seibersdorf). Fonte de Cobalto 60

Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.

Contêiner para troca de fonte de aparelhos portáteis de gamagrafia.

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Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.

Aparelho de gamagrafia com cabo de controle de exposição da fonte.

Aparelho de gamagrafia com controle da exposição de fonte manual.

(foto: NE-Seibersdorf).

Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.

Aparelhos de gamagrafia semi-portáteis que utilizam Cobalto 60 como fonte. (foto:MDSNordion) (foto: QSA-GLOBAL)

Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação:Radiografia industrial móvel em tubulações. A maioria desses dispositivos utilizam como fonte Irídio 192. Também é usado Selênio 75.

Dispositivo de gamagrafia de tubulação denominado “crawler”.

(foto: MDS Nordion)

Dispositivo de gamagrafia “crawler” sendo colocado dentro de uma tubulação.

(foto: MDS-Nordion).

Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação:Radiografia industrial móvel em tubulações.

Fonte para gamagrafia em tubulação para dispositivo denominado “crawler”, com contêiner de transporte.

(foto: MDS-Nordion)

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Fonte Categoria 2: muito perigosa. Aplicação: Radiografia industrial. Exemplos de fonte Irídio 192 e Cobalto 60. Utilizados em equipamento de gamagrafia.

Fonte antiga denominada “rabo de porco” para gamagrafia.

(foto: Ridge Associated Universities)

Fonte moderna denominada “rabo de porco” para gamagrafia.

(foto: QSA-Global)

Compartimento para encapsular fonte denominada “rabo de porco” para gamagrafia.

(foto: MAYAK P.A.)

Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade). A maioria desses dispositivos utilizam como fonte Césio 137 e Cobalto 60.

Dispositivo de medição – fonte Césio 137. (foto: Endress+Hauser).

Dispositivo de medição – fonte Cobalto 60. (foto: Endress+Hauser).

Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).

Contêineres fora de uso de fontes de medidores por radiação gama.

Contêiner de fontes de medidor por radiação gama.

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Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).

Dispositivo de medição de densidade por raios gama instalado em uma seção de

um tubo.

Transmissor compacto de medição por raios gama instalado na seção de um Tubo.

(foto: Endress+Hauser)

Típico contêiner para fontes de medidores por raios gama.

Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).

Dispositivos de medição por raios gama posicionados em tubos.

Contêineres lineares de fontes de raios gama utilizadas em medidores.

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Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e nível).

Dispositivo para medição de densidade instalado em uma seção de um tubo. Fonte Amerício 241.

Medidor de nível instalado em linha de produção. Fonte Amerício 241.

(foto: NRC)

Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de umidade).

Medidor de umidade instalado em um silo. (foto: Berthold Technologies)

Dispositivo medidor de umidade. (foto: Berthold Technologies)

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Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura, densidade e nível).

Fontes de raios gama de alta energia para calibração industrial.

(foto: QSA-Global)

Fonte de Rádio 226 (raios gama) e seu compartimento de armazenamento.

Fonte de Cobalto 60 – raios gama. (foto: MAYAK P.A.)

Fonte de Césio 137 – raios gama. (foto: MAYAK P.A.)

Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de umidade).

Fonte de Amerício 241 – emissão de nêutrons. (foto: MAYAK P.A.)

Fonte Categoria 3: perigosa. Aplicação: Exploração e produção de petróleo.

Fontes de Amerício 241 (emissão de Nêutrons) e fontes Césio 137 – raios gama.

(foto: NRC)

Fonte de Amerício 241 – emissão de nêutrons.

(foto: NRC)

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Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa. Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de densidade e espessura).

Medidor por radiação Beta instalado Máquina têxtil. (foto: Betarem)

Detalhe de um medidor por radiação beta em máquina têxtil. (foto: Betarem)

Medidor por radiação beta instalado em máquina têxtil. (foto: NRC)

Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa. Aplicação: Engenharia civil, construção de estradas e agricultura (medidor de densidade e umidade de solo).

Medidor de densidade e umidade de solo. (foto: TroxlerLabs)

Medidor de densidade e umidade de solo. (foto: CPN Internacional)

Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa. Aplicação: Calibração industrial (medidor de espessura, densidade e nível).

Fonte de Estrôncio 90 – radiação beta. (foto: QSA-Global)

Fonte de Kriptônio 85 – radiação beta. (foto: QSA-Global)

Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa. Aplicação: Calibração industrial (medidor de espessura, densidade e nível).

Fonte de Kriptônio 85 – radiação beta. (foto: QSA-Global)

Fonte de Amerício 241 – raios gama de baixa energia. (foto: QSA-Global)

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Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa. Aplicação: Processos industriais (eliminação de eletricidade estática). A fonte utilizada nestes dispositivos é Polônio 210.

Barra eliminadora de eletricidade estática. (foto: OakRidge Associated Universities)

Revólver eliminador de eletricidade estática. (foto: OakRidgeAssociated Universities)

Barras eliminadoras de eletricidade estática. (foto: NRC)

Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Análise Industrial (determinação de composição de material).

Dispositivo portátil de raio X para análises. (foto: Spectro)

Analisador por raio X.

Dispositivo portátil de raio X para análises. (foto: Thermo)

Analisado por raio X.

Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Pára-raios.

Pára-raios radioativos.

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Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Letreiros auto-iluminados.

Letreiro auto-iluminado. Construção de letreiro auto-iluminado.

Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Detecção de fumaça.

Detector de fumaça – Vista posterior. Vista Frontal.

Câmara de um detector de fumaça doméstico contendo componente radioativo.

(foto: QSA-Global)

Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Terapia médica. Implantes permanentes para braquiterapia com baixas doses. Utilizam como fontes Iodo 125 e Paládio 103.

Implantes denominados “semente” de Iodo 125.

(foto: Seedos/BebigGmbh)

Implantes de Iodo 125 denominados “semente”. (foto: Seedos/BebigGmbh)

Dispersor de implantes denominados “semente” de Iodo 125. (foto: Seedos/BebigGmbh)

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Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Terapia médica.

Placa para implante nos olhos. Fonte Rutênio 106.

Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Medição industrial. Fontes de raios gama de baixa energia, usadas em instrumentos e dispositivos analíticos em laboratórios e em processamento de materiais. Geralmente utilizam como fontes Amérício 241, Cúrio 244 e Cádmio 109.

(fotos: QSA-Global)

(foto: QSA-Global) (foto: IPL)

Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Instrumento de calibração. Estas fontes são geralmente de baixa atividade e usadas na calibração de instrumentos medidores de radiação para várias aplicações.

Fontes de calilbração de detectores com várias geometrias. (foto: QSA-Global)

Manta de calibração para detector gama natural para exploração de petróleo.

(foto: Schlumberger)

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Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa. Aplicação: Instrumento de calibração.

Fonte de referência de Césio 137. (foto: Schlumberger)

Fonte de referência médica. (foto: QSA- Global)

Fonte de referência com diversas dimensões de área. (foto: QSA-Global)

Maleta para transporte de fonte de calibração (gadolíneo 153).

(foto: QSA-Global)

A título de curiosidade, segue abaixo tipos de embalagens para transporte de material radiativo. Fonte de categoria 1: Extremamente perigosa. Embalagens típicas para o acondicionamento de fontes de Cobalto 60 e Césio 137.

Embalagem para fontes de raios gama de alta atividade. (foto: REVISS)

Embalagem para fontes gama de alta atividade. Embalado para evitar contato.

(foto: REVISS)

Fonte de categoria 1: Extremamente perigosa.

Medição de taxa de dose de radiação na superfície de um embalado para o transporte

de fontes de raios gama de alta atividade. (foto: MDS Nordion)

Configuração de blindagem para o transporte de fontes de raios gama de alta

atividade.

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Fonte de categoria 2: Muito perigosa. Estes contêineres são utilizados para troca de fontes para radiografia industrial. Isótopos típicos: Irídio 192, Selênio 75, Ytérbio 169, Cobalto 60 e Césio 137.

Fonte em configuração de transporte. (foto:QSA)

Fonte pronta para ser conectada ao dispositivo de radiografia.

(foto: QSA)

Fonte pronta para ser conectada a dispositivo de radiografia.

(foto: MDS Nordion)

Fontes múltiplas prontas para transporte e serem conectadas a dispositivo de radiografia.

(foto: MDS Nordion).

Fonte de categoria 3: Perigosa. Estes contêineres são utilizados para transporte de fontes que emitem radiação gama com alta energia e baixa atividade. Isótopos típicos: Irídio 192, Cobalto 60 e Césio 137. Embalagens para o transporte de fontes que emitem radiação gama com alta energia (foto: MAYAK P.A.)

Proteção externa Proteção interna Proteção externa Proteção interna

Fonte de categoria 3: Perigosa. Estas embalagens são utilizadas para transporte de fontes que emitem radiação gama com alta energia e baixa atividade. Isótopos típicos: Irídio 192, Cobalto 60 e Césio 137. (fotos: MAYAK P.A.)

Proteção externa Proteção interna Proteção externa Proteção interna