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EIJ1 pa COMUNICADO TECNICO TECNOLOGIAS PARA A CONVIVENCIA COM 0 BICUDO DO ALGODOEIRO o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grand is Boheman) e considerado a principal praga do algodao, constituindo-se desta forma em urn dos fatores limitantes da produtividade dos algodoeiros herbaceo e arb6reo. Esta praga surgiu no Brasil na regiao de Campinas - SP, em fevereiro de 1983 (Cruz, 1991). Com 0 aparecimento do bicudo, a cultura algodoeira passou a exigir urn maior numero de pulverizac;oes, afetando de modo significativo os efeitos sobre os inimigos naturais e os problemas de resistencia de algumas pragas (Nakano et aI., 1997). Na regiao Nordeste, 0 bicudo foi detectado pela primeira vez no municipio de Inga, estado da Paraiba, emjunho de 1983 (Toscano, 1997) e sua posterior dispersao por toda a regiao, constituindo- se na praga mais importante para a cotonicultura nordestina. A propagac;ao da praga do bicudo do I algodoeiro acelerou a crise em que se encontrava a cotonicultura, principalmante a do algodoeiro arb6reo, por ser a estrutura de produc;ao predominantemente avessa ao uso de inovac;oes, necessarias para a convivencia com esta praga (Santos & Barros, 1997). No Piau!, 0 bicudo do algodoeiro foi encontrado pela primeira vez em julho de 1986 (Campelo, 1990), ocasionando reduc;ao de area, produc;ao e produtividade da cultura e assim, afetando a economia das regioes produtoras de algodao do Estado. Em 1987, existiam no estado do Piau! 197.631 hectares de algodao, sendo 159.913 de arb6reo e 37.718 hectares de herbaceo, com uma produc;ao de 29.881 toneladas de algodao em caroc;o e produtividade de 104 kglha e 352 kglha, respectivamente, para os algodoeiros arb6reo e herbaceo. Ap6s uma decada do surgimento do bicudo nos campos de algodao do Piau!, a area colhida foi reduzida para 30.331 hectares, a produc;ao de algodao em caroc;o para 11.588 toneladas, a produtividade do algodoeiro arb6reo caiu para 33 kglha e no herbaceo houve uma elevac;ao de produtividade para 439 kglha (Levantamento Sistematico da Produc;ao Agricola, 1997) Atribui-se que esse aumento de produtividade de 352 kglha para 439 kglha, 0 que representa 24,7% na cultura do algodoeiro herbaceo, em uma decada, tenha sido em decorrencia dos programas governamentais que visavam a revitalizac;ao da cultura algodoeira, que apesar de sua curta durac;ao, preconizava 0 uso de tecnologias recomendadas pela pesquisa. Quanto a diminuic;ao de area do algodoeiro no estado do Piaui, esta deve-se a nao utilizac;ao do manejo integrado de pragas (MIP) pelos lEng. Agr.,M. Sc. Embrapa Meio - Norte, Caixa Postal 01, CEP 64.006-220. Teresina, PI. E-mail: jlopes@cpamn.embrapa.br EmpleslJ Brosilelfo de Pesquiso Agropecucmo Centro de Pesquiso Agropecuario do Meio-Norte

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EIJ1 pa COMUNICADOTECNICO

TECNOLOGIAS PARA A CONVIVENCIA COM 0BICUDO DO ALGODOEIRO

o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grand is Boheman) e considerado a principal praga doalgodao, constituindo-se desta forma em urn dos fatores limitantes da produtividade dos algodoeirosherbaceo e arb6reo. Esta praga surgiu no Brasil na regiao de Campinas - SP, em fevereiro de 1983 (Cruz,1991). Com 0 aparecimento do bicudo, a cultura algodoeira passou a exigir urn maior numero depulverizac;oes, afetando de modo significativo os efeitos sobre os inimigos naturais e os problemas deresistencia de algumas pragas (Nakano et aI., 1997).

Na regiao Nordeste, 0 bicudo foi detectado pela primeira vez no municipio de Inga, estado daParaiba, emjunho de 1983 (Toscano, 1997) e sua posterior dispersao por toda a regiao, constituindo-se na praga mais importante para a cotonicultura nordestina. A propagac;ao da praga do bicudo do I

algodoeiro acelerou a crise em que se encontrava a cotonicultura, principalmante a do algodoeiroarb6reo, por ser a estrutura de produc;ao predominantemente avessa ao uso de inovac;oes, necessariaspara a convivencia com esta praga (Santos & Barros, 1997).

No Piau!, 0 bicudo do algodoeiro foi encontrado pela primeira vez em julho de 1986(Campelo, 1990), ocasionando reduc;ao de area, produc;ao e produtividade da cultura e assim,afetando a economia das regioes produtoras de algodao do Estado.

Em 1987, existiam no estado do Piau! 197.631 hectares de algodao, sendo 159.913 de arb6reoe 37.718 hectares de herbaceo, com uma produc;ao de 29.881 toneladas de algodao em caroc;o eprodutividade de 104 kglha e 352 kglha, respectivamente, para os algodoeiros arb6reo e herbaceo. Ap6suma decada do surgimento do bicudo nos campos de algodao do Piau!, a area colhida foi reduzida para30.331 hectares, a produc;ao de algodao em caroc;o para 11.588 toneladas, a produtividade do algodoeiroarb6reo caiu para 33 kglha e no herbaceo houve uma elevac;ao de produtividade para 439 kglha(Levantamento Sistematico da Produc;ao Agricola, 1997)

Atribui-se que esse aumento de produtividade de 352 kglha para 439 kglha, 0 que representa24,7% na cultura do algodoeiro herbaceo, em uma decada, tenha sido em decorrencia dos programasgovernamentais que visavam a revitalizac;ao da cultura algodoeira, que apesar de sua curta durac;ao,preconizava 0 uso de tecnologias recomendadas pela pesquisa. Quanto a diminuic;ao de area doalgodoeiro no estado do Piaui, esta deve-se a nao utilizac;ao do manejo integrado de pragas (MIP) pelos

lEng. Agr., M. Sc. Embrapa Meio - Norte, Caixa Postal 01, CEP 64.006-220. Teresina, PI.E-mail: [email protected]

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Centro de PesquisoAgropecuario do Meio-Norte

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produtores, as estiagens cicIicas que ocorreram na regiao produtora desta malvacea e a liberayaodas importayoes de pluma de algodao com prazo de ate dois anos e juros baixos, causando a perdade competitividade da maioria dos produtores de algodao, obrigando-os a mudarem de atividade oumesmo se transferirern para as cidades.

Para reverter esse problema, a Embrapa Algodao e a Ernbrapa Meio-Norte, realizarampesquisas visando 0 cultivo do algodoeiro na presenya do bicudo, tendo-se constatado que e possive1 aconvivencia com esta praga, desde que sejam adicionadas ao sistema produtivo as tecnologias recomendadaspela pesquisa, tais como: utilizar sementes de cultivares recomendadas pelo 6rgao oficial de pesquisapara cada regiao; observar a epoca de plantio recomendada pelo zoneamento de riscos cIimciticos; efetuaro manejo integrado de pragas (MIP) atraves de amostragens semanais; catar e queimar os botoes floraiscaidos ao solo; utilizar espayamento adequado; fazer 0 controle de ervas daninhas; fazer consorciayaoordenada; realizar me1horia no sistema de colheita e manejo dos restos culturais.

o objetivo deste trabalho foi disponibilizar as tecnologias para 0 controle do bicudo do algodoeiroem uma publicayao de facil acesso aos extensionistas e produtores, visando a melhoria do conhecimentosobre a convivencia com essa praga, e contribuir para 0 aumento da produyao e da produtividade doalgodoeiro no estado do Piaui.

oManejo Integrado do Pragas (MIP) e urn sistema de explorayao agricola onde 0 produtor decidetomar decisoes com base nas amostragens realizadas periodicamente na cultura, visando detectar 0 myelde controle de uma determinada praga.

Degrande (1998), relata que 0 uso de medidas diretas no controle de pragas e visto como umaatividade de caniter emergencial, quando todas as outras medidas indiretas ja foram utilizadas. Aindasegundo este autor, e preferivel 0 emprego de metodos de controle ecologicamente mais seguros, taiscomo metodos culturais, fisicos, bio16gicos e biotecno16gicos, ao inves de produtos quimicos.

o botao floral e 0 principal local de alimentayao e ovoposiyao dos adultos do bicudo, asmayas sac tambem severamente danificadas. Os pontos de alimentayao sac mais largos e profundos queos de ovoposiyao, que sac cobertos por uma cera amarelada. No entanto, ambos provocam danossuficientes para causar 0 amarelecimento e a queda dos botoes florais. Os boWes florais e as mayasdanificadas caem ao solo onde 0 inseto normalmente completa seu cicIo. 0 bicudo tern 0 Mbito desimular que esta morto, quando se sente ameayado, caindo ao solo. 0 periodo de maior atividade dobicudo ocorre entre 9 e 17 horas (Braga Sobrinho & Lukefahr, 1983).

o bicudo do algodoeiro e urn pequeno besouro que mede, em media 7 rom, de comprimentocom uma variayao de 4 a 9 rom, e largura correspondente a urn teryo do seu comprimento. 0 adultoapresenta durante todo 0 seu cicIo quatro diferentes estagios: ovo, larva, pupa e adulto. Os tres primeirosestagios ocorrem dentro do botao floral ou da maya. A larva, dependendo da temperatura, passa de 7a 12 dias alimentando-se, em seguida entra em estado de pupa, permanecendo 3 a 5 dias, periodo emque os adultos constroem 0 seu orificio de saida e entram no periodo de pre-ovoposiyao, que dura emmedia 3 a 4 dias, e com uma ovoposiyao de 100 a 300 ovos (Braga Sobrinho & Lukefahr, 1983). Asremeas recem-emergidas precisam alimentar-se por urn periodo de 3 a 5 dias antes de iniciarem apostura. Dessa forma, 0 periodo de desenvolvimento de ovo a ovo, dura cerca de 21 dias (Degrande,1991). 0 bicudo pode completar ate sete gerayoes por sma e, em situayoes de descontrole, as perdas

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podem atingir 70% da produyao, apesar do aspecto vegetativo da lavoura atacada ser de boa aparencia(Degrande et al. 1998).

Solo: 0manejo do bicudo deve ser iniciado quando da escolha da area para 0 plantio de algodao.o solo deve ter baixo teor de aluminio, possuir pH acima de 5,5 e receber adubayao adequada em macroe rnicronutrientes, para que a cultura possa expressar 0 seu potencial produtivo e garantir uma boaprodutividade na presenya do bicudo. Nos solos de cerrados, 0 algodao deve ser plantado em areasque tenham sido corrigidas e cultivadas por quatro a seis safras com soja ou rnilho.

Instala~ao de armadilhas: Os insetos que entram em diapausa volt am aos campos em dias quentespara se alimentarem, acumulando mais reservas e assegurando uma diapausa prolongada ate que osnovos plantios da estayao seguinte estejam disponiveis (Barbosa et al., 1986). Esse mecanismo dediapausa perrnite que 0 bicudo sobreviva de uma safra para outra, em ambientes bem protegidos,preferencialmente, debaixo da cobertura mort a de matas, a superficie do solo (Lloyd, 1986). Ainstalayao de armadilhas proximo aos locais de refugio do inseto, tern como objetivo capturar e mataros bicudos em diapausa, reduzindo 0 numero de insetos na primeira gerayao . Walker (1986) relata queo escape a primeira gerayao de bicudos significa alta produyao, porque perrnite acumular grandenumero de mayas com mais de doze dias de idade, ao se completarem 30 dias apos 0 inicio da florayao.Freire et al. (1997) recomendam uma armadilha para cada tres hectares.

Tubo Mata - Bicudo: Os Tubos Mata-Bicudo (TMB) devem ser instalados dez dias antes do plantioate sete dias apos, proximos as areas de refugio da praga, distanciados a cada 50 m. 0 TMB medeaproximadamente 0,80 m de altura, de cor amarela, impregnado de inseticida, introduzindo-se naparte superior urn "dispensor" contendo 0 ferom6nio produzido por machos do bicudo do algodoeiro,que e uma substancia quimica que transrnite uma mensagem de comportamento. Alem de propiciar queas remeas encontrem os machos, esse ferom6nio tern efeito de atrair ambos os sexos para agregayao,fen6meno que tern grande importancia na colonizayao dos primeiros campos do ano seguinte(Knipling, 1986). Os tubos devem ser substituidos a cad a 45 dias e possuem uma area de coberturade 50 m de diametro nos dias sem vento e de 180 a 200 m nos dias de vento leve.

Plantio isca ou cultura armadilha: A distancia maxima que os bicudos podem voar, apos sua saidade diapausa a procura de campos novos de algodao, nao e conhecida, mas geralmente lirnita-se av60s baixos e de pequeno alcance a procura de alimento e de locais onde possam se reproduzir, a grandemaioria restringindo-se as lavouras novas, mais proximas aos locais de hibemayao (Rummel &Curry, 1986). Dai a recomendayao para a semeadura de 5 a 10 linhas de sementes de algodao nasproxirnidades dos locais de refugio, 15 a 20 dias antes da semeadura definitiva. Essa pratica culturalperrnite agregar os adultos pos-hibemantes, e atraves de pulverizayoes semanais nessas faixas, pode-se reduzir significativamente a primeira e segunda gerayoes de bicudo na cultura definitiva (Busoli,1991). Freire et al. (1997) recomendam manter urn corredor de 4 m de largura, que sera mantido nolimpo. Recomendam, ainda, que as pulverizayoes sejam iniciadas aos 25 dias e concluidas aos 60 diasapos a gerrninayao, evitando-se des sa forma, a dispersao do bicudo para 0 interior da lavoura.

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CT/95, Embrapa Meio-Norte, dez.l98, p.4

Epoca deplantio: A epoca de plantio do algodoeiro tern efeitos significativos na produyao e no controledo bicudo. Freire et al. (1997) relatam que a epoca de plantio ideal para 0 algodoeiro em uma regiaodeve levar em conta fatores como a produtividade minima considerada rentavel, a cultivar utilizada, aocorrencia de pragas, a incidencia de doenyas, a facilidade de realizayao das operayoes de plantio eprliticas culturais e a sincronizayao da fase de colheita com 0 periodo de ausencia de chuvas. No semi-arido piauiense, recomenda-se efetuar a semeadura no inicio da estayao chuvosa (dezembro/janeiro).Quanto mais cedo for realizado 0 plantio, maior a produtividade e menor numero de pulverizayoes, poiso florescimento sera iniciado antes que 0 bicudo atinja mveis populacionais elevados, que se da nasegunda e terceira gerayoes de adultos. Na regiao semi-arida piauiense, essas gerayoes ocorrem nos mesesde maryo e abril. Para a regiao dos cerrados piauienses, recomenda-se 0 plantio do algodoeiro por todoo mes de dezembro.

Cultivaresprecoces: Gen6tipos de frutificayao precoce podem aumentar a probabilidade de que umaproduyao aceitavel seja obtida antes que as populayoes de bicudos alcancem mveis de danos economicos.Essa probabilidade aumenta, se praticas de manejo sejam tomadas para reduzir as populayoes debicudos que sairao de diapausa na safra seguinte. Em segundo lugar a maturayao precoce da lavourapermite que os restos culturais sejam destruidos mais cedo, tambem reduzindo a quantidade de adultosque conseguem entrar em diapausa. Na produyao de algodao de cicio curto, 0 manejo de pragas e muitoimportante porque as mayas de baixeiro e da parte mediana da planta precisam desenvolver-sesem danos para se alcanyar produyao maxima (Heilman et aI., 1986).

Beltrao citado por Beltrao & Azevedo (1993) verificaram que 87% da produyao de algodaode cultivares precoces foram provenientes de frutos de primeira posiyao, 12% de frutos de segundaposiyao e apenas 2% de terceira posiyao. Relatam ainda que da terceira posiyao em diante aparticipayao e quase nula, pois 0 "shedding" causado por mecanismos fisiol6gicos e bioquimicos,envolvendo nutrientes e hormonios, e muito grande. Ribeiro (1997a) recomenda para plantio na regiaodo semi-arido piauiense, em ordem de opyao, as cultivares de algodoeiro CNP A Precoce 2, CNP APrecoce 1 e CNP A 7H. Para 0 algodoeiro arb6reo de cicIo precoce recomenda-se a cultivar Embrapa113 - Algodao 7MH. Para a regiao dos cerrados piauienses, Ribeiro (1997b) recomenda para plantioem ordem de opyao, as cultivares CNP A 7H, IAC 22, CNP A Precoce 2 e CNP A Precoce 1.

Amostragem: As amostragens devem ser iniciadas pelas bordaduras quando do surgimento dosprimeiros boWes florais (30 a 35 dias ap6s a germinayao) ate 0 aparecimento do primeiro capulho.As amostragens devem ser semanais, com caminhamento em ziguezague examinando-se urn botaopor planta a cada 25 passos, com pulverizayao sempre que 0 myel de dano de 10% for constatado, istoe, se em 50 plantas amostradas forem encontrados cinco botoes florais com 0 inseto ou mayas comsinais de ovoposiyao ou alimentayao. Degrande et al. (1998) recomendam 0 myel de controle de 5%de botoes atacados ate 0 aparecimento da primeira flor e de 10% da primeira flor ate 0 final do cicio.

Uma outra altemativa e realizar uma pulverizayao aos 40 dias ap6s a semeadura para eliminaros bicudos que chegaram ao campo antes da formayao dos botoes florais e, a partir dessa data, iniciaras amostragens semanais, pulverizando somente quando for detectado 0 myel de danG de 10%. Lloyd(1986) relata que os bicudos que chegam aos campos de algodao antes da existencia de botoes floraisagregam-se as plantas mais desenvolvidas e os machos se alimentam dos terminais das plantas,produzem feromonio, aumentando a agregayao. Rummel & Curry (1986) relatam que aplicayoesantecipadas de inseticidas tern a finalidade de eliminar os adultos que sairam de hibemayao, antes queas remeas comecem a ovoposiyao. Em campo, areas superiores a 10 hectares devem ser subdivididasem areas menores.

Catafiio e destruifiio das estruturas reprodutivas caidas ao solo: A catayao e queima dos boWesflorais caidos ao solo e uma pratica de grande importancia, pois permite a eliminayao das larvas e pupas

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das futuras populayoes de bicudos, retardando altas infestayoes na segunda e terceira gerayoes dessapraga. Recomenda-se a realizayao dessa pnitica semanalmente por ocasiao das amostragens e, sepossivel, por todos os produtores de algodao da regiao. Freire et al. (1997) recomendam a catayao debotoes e mayas novas caidas ao solo, a partir do inicio da queda dessas estruturas ate 90 dias ap6s agerminayao.

Destrui~aodos restos culturais: Ap6s a realizayao da ultima colheita recomenda-se colocar animaisno campo em quantidade suficiente para elirninar os restos de cultura em urn periodo de 20 a 30dias. Em seguida, recomenda-se fazer 0 arranquio e queima dos restos culturais. Essa pnitica tern porfinalidade controlar pragas como 0 bicudo, a broca-da-raiz, a lagarta rosada e a eliminayao de focosde agentes causadores de doenyas. Nos grandes plantios, Freire et al. (1997) recomendam a passagemde royadeira, seguida de arayao, para incorporayao profunda dos restos culturais. No algodoeiroarb6reo de cicio precoce, recomenda-se utilizar animais para elirninarem os restos culturais, em vezde se fazer 0 arranquio das plantas. Antes do inicio das chuvas (novembrol dezembro ), deve-se realizaruma poda em bisel na haste principal do algodoeiro a uma altura de 10 a 20 cm do colo da planta,deixando a planta com tres a sete gemas dormentes, capazes de rebrotarem quando do inicio daschuvas (Beltrao et al. 1986). Essa tecnologia visa aumentar 0 rendimento da cultura no segundoe terceiro anos, abreviando 0 cicio em peIo menos 30 a 40 dias e com as mesmas qualidades defibra da planta de primeiro ano.

Soqueira-isca: Quando da destruiyao e queima dos restos culturais, recomenda-se deixar de 4 a 6 linhasde algodao nas bordaduras, com a finalidade de atrair os bicudos remanescentes da colheita. As plantasdeverao permanecer no campo por no maximo 20 dias, devendo serem pulverizadas uma ou duasvezes por semana durante esse periodo efetuando-se a catayao e destruiyao dos botoes florais caidosao solo (Santos, 1991). Ap6s esse periodo, as soqueiras-iscas devem ser destruidas. Heilman et al.(1986) postula que uma destruiyao efetiva dos restos culturais em uma grande area, expande 0

periodo em que 0 bicudo fica sem hospedeiro, exercendo urn impacto duplo sobre as suas populayoes;pois reduz a populayao de adultos que entram em diapausa e elirnina a possibilidade de formasreprodutivas sobreviverem ao periodo de entressafra. 0 efeito final e uma reduyao geral na densidadede adultos que sobreviverao ao pr6ximo periodo de plantio.

E de fundamental importancia que todos os produtores de algodao de uma mesma regiao sigamas recomendayoes aqui apresentadas, para que as cultivares recomendadas pelos 6rgaos oficiais depesquisa possam expressar 0 maximo potencial produtivo, com a utilizayao minima de produtosquirnicos. Basta urn pequeno numero de produtores nao adotar as recomendayoes de controle dobicudo, para que 0 potencial produtivo das cultivares plantadas na regiao seja comprometido, comreduyao da produyao e lucratividade daqueles que adotarem as tecnologias para 0 controle desta praga.

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