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___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ “TECNOLOGIAS EMERGENTES A SERVIÇO DA APRENDIZAGEM”: UM CURSO DE EXTENSÃO PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA Cláudia Eliane da Matta 1 , Juliana Maria Sampaio Furlani 2 , Jane Raquel Silva de Oliveira 3 1 Universidade Federal de Itajubá/NEaD/[email protected] 2 Universidade Federal de Itajubá/NEaD/[email protected] 3 Universidade Federal de Itajubá/NEaD/ [email protected] Resumo Neste trabalho, relatamos a concepção e análise do curso de extensão “Tecnologias emergentes a serviço da aprendizagem”, oferecido a professores da educação básica com o intuito de aprimorar suas habilidades no uso de tecnologias da informação e comunicação em sala de aula. O curso teve duração de 80 horas, distribuídas em 8 semanas. As atividades teóricas abordaram aspectos como: o aluno em ambientes virtuais, história da educação e tecnologias, aprendizagem no século XXI, nativos e imigrantes digitais, recursos educacionais abertos e aprendizagem colaborativa. Nas atividades práticas, os professores desenvolveram tarefas como a elaboração de mapas conceituais, discussão em fóruns, atividades wiki e elaboração de sequência didáticas com o uso de recursos educacionais abertos. Ao final, foram realizadas a autoavaliação do aluno e a avaliação do curso. A análise apresentada buscou evidenciar como a concepção do curso almejou articular, de acordo com o modelo TPACK, os conhecimentos tecnológico pedagógico, tecnológico e de conteúdo e pedagógico e de conteúdo, possibilitando aos professores desenvolver e/ou utilizar de forma articulada conhecimentos de natureza conceitual, pedagógica e tecnológica. Palavras-chave: Formação de professores, uso das TIC, modelo TPACK. Abstract . In this work, we report the design and analysis of the extension course "Tecnologias emergentes a serviço da informação" develop for the basic education teachers to improve their skills in using of the information and communication technologies in the classroom. The course lasted 80 hours, distributed in 8 weeks. The theoretical activities showed aspects such as the student in virtual environments, history of the education and technology, learning in the twenty-first century, natives and digital immigrants, open educational resources and collaborative learning. In the practical activities, the teachers have developed tasks such as the elaboration of the conceptual maps, discussion in the forums, wiki activities and elaboration of didactic sequence with the use of the open educational resources. At the end, the self- evaluation of the student and the course evaluation were carried out. In the analysis presented here, we show how the design of the course promoted the articulation,

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“TECNOLOGIAS EMERGENTES A SERVIÇO DA

APRENDIZAGEM”: UM CURSO DE EXTENSÃO PARA

PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Cláudia Eliane da Matta1, Juliana Maria Sampaio Furlani2, Jane Raquel Silva de

Oliveira3 1Universidade Federal de Itajubá/NEaD/[email protected]

2Universidade Federal de Itajubá/NEaD/[email protected] 3Universidade Federal de Itajubá/NEaD/ [email protected]

Resumo – Neste trabalho, relatamos a concepção e análise do curso de extensão

“Tecnologias emergentes a serviço da aprendizagem”, oferecido a professores da

educação básica com o intuito de aprimorar suas habilidades no uso de tecnologias

da informação e comunicação em sala de aula. O curso teve duração de 80 horas,

distribuídas em 8 semanas. As atividades teóricas abordaram aspectos como: o

aluno em ambientes virtuais, história da educação e tecnologias, aprendizagem no

século XXI, nativos e imigrantes digitais, recursos educacionais abertos e

aprendizagem colaborativa. Nas atividades práticas, os professores desenvolveram

tarefas como a elaboração de mapas conceituais, discussão em fóruns, atividades

wiki e elaboração de sequência didáticas com o uso de recursos educacionais

abertos. Ao final, foram realizadas a autoavaliação do aluno e a avaliação do curso.

A análise apresentada buscou evidenciar como a concepção do curso almejou

articular, de acordo com o modelo TPACK, os conhecimentos tecnológico

pedagógico, tecnológico e de conteúdo e pedagógico e de conteúdo, possibilitando

aos professores desenvolver e/ou utilizar de forma articulada conhecimentos de

natureza conceitual, pedagógica e tecnológica. Palavras-chave: Formação de

professores, uso das TIC, modelo TPACK.

Abstract –. In this work, we report the design and analysis of the extension course

"Tecnologias emergentes a serviço da informação" develop for the basic education

teachers to improve their skills in using of the information and communication

technologies in the classroom. The course lasted 80 hours, distributed in 8 weeks.

The theoretical activities showed aspects such as the student in virtual environments,

history of the education and technology, learning in the twenty-first century, natives

and digital immigrants, open educational resources and collaborative learning. In the

practical activities, the teachers have developed tasks such as the elaboration of the

conceptual maps, discussion in the forums, wiki activities and elaboration of didactic

sequence with the use of the open educational resources. At the end, the self-

evaluation of the student and the course evaluation were carried out. In the analysis

presented here, we show how the design of the course promoted the articulation,

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according to the TPACK model, of the technological pedagogical knowledge,

technological and content knowledge, and pedagogical content knowledge, allowing

teachers to develop and/or use articulately the conceptual, pedagogical and

technological knowledge.

Keywords: Teacher training, use of TIC, TPACK model.

Introdução

O advento das tecnologias da informação e comunicação (TIC), também chamadas

de tecnologias emergentes, comporta novas formas de trabalho, de relacionamento,

de aprendizagem e têm modificado nossa forma de pensar e viver. Com o uso dessas

tecnologias, têm surgido novas formas de organização econômica, social, política e

cultural, identificadas como Sociedade da Informação (SI) (COLL; MONEREO, 2008).

A sociedade da informação também tem modificado o cenário educacional, com

uma crescente disponibilização de computadores e de internet em escolas. No Brasil,

incentivadas por políticas públicas, há um aumento de laboratórios de informática.

Mas, o quanto isso realmente promove alterações nas práticas pedagógicas e nos

tradicionais papeis do professor e do aluno?

Foi por essa inquietação que desenvolvemos o projeto de um curso de

extensão on-line para formação de professores da educação básica em tecnologias

digitais, possibilitando a utilização desses recursos para o ensino e aprendizagem do

aluno, nos diversos níveis de ensino.

O curso visa promover alterações nas práticas pedagógicas tradicionalistas, por

meio de uma adequada capacitação para uso das TIC, promovendo uma efetiva

utilização dessas tecnologias em sala de aula. Para isso, fundamentamos nosso curso

no modelo de formação denominado Conhecimento Tecnológico, Pedagógico e de

Conteúdos (Technological, Pedagogical and Content Knowledge - TPACK)

(KOEHLER; MISHRA, 2009).

Entendemos que é necessário que o professor desenvolva habilidades e

competências para a utilização das TIC em sala de aula. O conceito de habilidade é

uma ação automatizada, um procedimento da ordem operacional, não exigindo

reflexão aprofundada (BEHAR et al, 2013). Já competência “supõe dispor dos

conhecimentos e das capacidades necessárias para identificar e caracterizar

contextos relevantes de atividades” (MAURI; ONRUBIA, 2008, p. 127). Nesse sentido,

esse curso buscou desenvolver uma série de habilidades e competências para o uso

das tecnologias emergentes em sala de aula, propondo ações para formação do

professor para uso dessas tecnologias no contexto escolar, para “subsidiar diferentes

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práticas pedagógicas, de forma que seus usuários possam constituí-lo como um

espaço rico em descobertas por meio da interatividade” (BEHAR et al, 2009).

Tecnologias Emergentes

Tecnologia pode ser definida como o conjunto de conhecimentos e princípios

científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um

equipamento em determinada atividade (KENSI, 2003). A ampliação do uso de

determinada tecnologia impõe-se à cultura existente e transforma não apenas o

comportamento individual, mas o de todo um grupo social.

Segundo essa mesma autora, há tecnologias que vão além dos equipamentos,

como por exemplo as “tecnologias da inteligência” (LÉVY, 1993 apud KENSI, 2003)

criadas pelo homem para avançar no conhecimento e aprender mais, dentre essas,

podemos citar as TIC.

O uso das TIC tem permeado diversos sistemas, sejam eles da esfera

econômica, política, social e institucional, de modo a influenciar fortemente as relações

entre as pessoas, tanto profissionais quanto em seus momentos de lazer. Essa

inferência na vida privada, exigindo novas competências dos diversos segmentos

sociais, afeta sobremaneira a esfera escolar (BELLONI, 2001). Manterse afastada

desse avanço tecnológico pode acarretar à escola, já permeada por dificuldades de

diversas ordens, um afastamento desse mundo tecnológico e de comunicação. Ações

do Estado e das instituições públicas de ensino superior na formação de profissionais

da educação, visando a inclusão digital, são prementes.

Nesse sentido, no estado de Minas Gerais, a Secretaria de Educação (SEEMG)

viabilizou o projeto Escolas em Rede, de setembro de 2005. Segundo o Relatório

Circunstanciado Projeto Escolas em Rede:

O Projeto tem como objetivo efetivar a mudança de cultura nas Escolas Estaduais de

Minas Gerais fazendo com que as Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC

sejam incorporadas ao trabalho educativo e a comunidade escolar desenvolva um trabalho em rede. (MINAS GERAIS, 2010, p. 6).

Porém, em um estudo de caso sobre esse projeto da secretaria estadual

mostram que, na prática, os objetivos do projeto se dispersaram:

Uma única política pretende, ao mesmo tempo, atingir dois propósitos distintos de

formação: de um lado, busca-se preparar os jovens matriculados no ensino médio para

o trabalho, procurando oferecer-lhes mecanismos de inserção profissional. De outro,

objetiva-se formar os professores da rede estadual para utilizar as TIC em suas atividades pedagógicas nas escolas. (SILVA; GARÍGLIO, 2010, p. 486).

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Outro projeto nessa linha é o Programa Nacional de Tecnologia Educacional

(ProInfo), um programa educacional do governo com o objetivo de promover o uso

pedagógico da informática na rede pública de educação básica. No ano de 2010, o

Proinfo, conforme dados disponíveis no site do Ministério da Educação (MEC),

indicam que 104.373 laboratórios de informática foram instalados no país, destes

55.000 possuíam Internet Banda Larga e formação para 550 mil professores e

gestores (MEC, 2010).

É indiscutível a importância dos usos das TIC para melhoria da qualidade do

ensino e da aprendizagem, isso, se houver uma formação do professor para

desenvolver a competência para utilização dessas tecnologias no contexto escolar.

Neste sentido, o curso proposto pode contribuir para a formação de professores do

ensino básico para desenvolver metodologias que incorporam as TIC em suas práticas

pedagógicas, e a Universidade pode, assim, cumprir seu papel de agente

transformador da sociedade, voltada para os interesses e necessidades da população,

propiciando o desenvolvimento social.

TPACK – referencial de elaboração e análise do curso de extensão

O curso aqui analisado tem o foco na formação professor para o uso das TIC em sua

prática pedagógica para que, a partir disso, ele possa tornar-se ator desse mundo

digital. Para isso, consideramos que foi necessário desenvolver saberes em dois

domínios: atitude do professor e adequada capacitação no das TIC, e dessa forma,

buscar uma efetiva interação no currículo escolar (COUTINHO, 2011) por meio do

desenvolvimento, ao final do curso, de uma sequência didática a ser aplicada em sala

de aula.

Para a elaboração do curso, utilizou-se o modelo TPACK que integra três

principais tipos de conhecimento desejáveis em professores que utilizam as TIC em

sala de aula: conhecimento pedagógico, conhecimento dos conteúdos curriculares e

conhecimento tecnológico (KOEHLER; MISHRA, 2009). O conhecimento pedagógico

envolve processos e práticas ou métodos para ensinar e requer o entendimento do

desenvolvimento cognitivo e social, e o desenvolvimento de teorias de aprendizagem

a como são aplicadas em sala de aula. O conhecimento de conteúdos envolve a

identificação dos assuntos importantes para o ensino, a busca de múltiplas maneiras

para representá-lo e adaptá-lo, e a construção de um material instrucional,

considerando os conhecimentos prévios dos alunos. O conhecimento tecnológico

envolve a realização de diferentes tarefas usando a tecnologia da informação e o

desenvolvimento de diferentes maneiras de realizar uma determinada tarefa. De

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acordo com esse modelo, é necessária uma interação entre esses conhecimentos,

representada graficamente na Figura 1.

Figura 1 - Modelo TPACK – Conhecimento Tecnológico, Pedagógico e de Conteúdo

Fonte: (KOEHLER; MISHRA, 2009)

Com essa interação, o TPACK resulta em três tipos de conhecimento

(KOEHLER; MISHRA, 2009): o tecnológico pedagógico, o tecnológico e de conteúdo,

e o pedagógico e de conteúdo. Essas são as áreas de interseção entre as áreas de

conhecimento. O conhecimento tecnológico pedagógico é a capacidade de utilizar os

recursos digitais no ensino-aprendizagem. O conhecimento tecnológico e de conteúdo

é a capacidade de selecionar recursos digitais mais adequados para um determinado

conteúdo. Por fim, o conhecimento pedagógico e de conteúdo é a capacidade de

ensinar um conteúdo curricular.

Descrição e análise da proposta metodológica do curso

O curso de extensão a distância “Tecnologias emergentes a serviço da aprendizagem”

foi oferecido pelo Núcleo de Educação a Distância (NEaD), da Universidade Federal

de Itajubá (Unifei), a professores da educação básica de instituições públicas ou

privadas, com graduação em qualquer área do conhecimento, que possuíssem

fluência tecnológica no uso de conhecimentos computacionais básicos (edição de

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textos) e uso da internet (envio de e-mail, buscas, upload e download) e que atuassem

ou tivessem interesse em atuar com tecnologias educacionais.

O objetivo central do curso foi propor atividades para que os participantes

desenvolvessem os conhecimentos tecnológico pedagógico, tecnológico e de

conteúdos e pedagógico e de conteúdo, de forma articulada de acordo com o modelo

TPACK. Além disso, o modelo pedagógico do curso foi pautado na colaboração, no

respeito mútuo, em atividades centradas no aprendiz e na identificação de problemas.

A colaboração auxilia os alunos a atingirem níveis mais profundos de geração de

conhecimento. Assim, essa se sustenta quando o diálogo, a crítica e o trabalho em

conjunto são estimulados (PALLOFF; PRATT, 2004). O desenvolvimento do curso

seguiu o modelo de projeto - analise, design, development, implementation and

evaluation (ADDIE) – amplamente aplicado no design instrucional clássico (FILATRO,

2008).

O ambiente virtual de aprendizagem utilizado para oferta do curso foi o

Moodle, um software com licença pública geral (General Public License - GNU)

e, portanto, considerado software livre.

As atividades foram estruturadas em 80 horas e distribuídas em 8 semanas.

Conforme Quadro 1, o curso é composto de oito unidades: introdução, mapas

conceituais, mapas conceituais colaborativos, educação e aprendizagem no século

XXI, aluno em ambientes virtuais, wiki, recursos educacionais abertos, encerramento.

Ele contém 21 atividades: 5 leituras, 5 vídeo-aulas, 5 atividades individuais, 3

atividades colaborativas, 3 fóruns.

As atividades de Introdução visaram situar os participantes em relação às

competências necessárias para o acompanhamento satisfatório de um curso a

distância, além de propiciar a interação inicial do grupo por meio do preenchimento do

perfil e apresentação no Fórum “Café Virtual”.

Quadro 1 - Atividade teóricas e práticas do curso “Tecnologias emergentes a serviço

da aprendizagem”.

Unidades Objetivos Específicos Estratégias Pedagógicas

Introdução Identificar as características

de um aluno virtual. Leitura do texto didático sobre as

competências de um aluno virtual.

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Preenchimento do perfil. Apresentação no fórum “Café Virtual”.

Mapas conceituais Identificar as principais características de um mapa conceitual. Utilizar uma ferramenta para

elaboração de mapas

conceituais.

Leitura do artigo sobre como elaborar mapas

conceituais.

Assistir ao vídeo sobre elaboração de mapas

conceituais.

Elaboração do primeiro mapa conceitual

utilizando o software livre CMapTools.

Educação e

aprendizagem no

século XXI

Refletir sobre o uso das TIC

na educação. Assistir ao vídeo sobre a história da

educação e das tecnologias.

Leitura do texto sobre a educação e

aprendizagem no século XXI.

Participação no fórum de discussão.

Resolução do questionário de múltipla

escolha.

Mapas conceituais

colaborativos Elaborar mapas conceituais

colaborativos. Assistir ao vídeo sobre elaboração de mapas

conceituais colaborativos.

Elaboração do mapa conceitual do texto

sobre a educação e aprendizagem no século

XXI.

Fórum para interação dos grupos.

Elaboração de mapa conceitual de forma

compartilhada.

Assistir ao vídeo sobre nativos digitais.

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O aluno em

ambientes virtuais Refletir sobre os nativos

digitais e suas formas de

aprender.

Leitura do texto sobre o aluno em ambientes

virtuais.

Participação no fórum de discussão.

Resolução do questionário de múltipla

escolha.

Wiki Utilizar a wiki.

Assistir ao vídeo sobre o que é a wiki.

Elaboração de sequência didática na wiki.

Recursos

educacionais

abertos

Elaborar uma aula utilizando

recursos educacionais

abertos.

Leitura do texto didático sobre Recursos

educacionais abertos.

Elaboração de um material instrucional

contendo atividades didáticas que utilizem

recursos educacionais abertos.

Encerramento Realizar autoavaliação

Avaliar o curso.

Avaliação da disciplina.

A terceira unidade, Educação e aprendizagem no século XXI, foi elaborada

visando desenvolver conhecimentos de conteúdo relativos ao uso das tecnologias na

educação. Como atividades teóricas, foi solicitado que os participantes assistissem a

um vídeo1 sobre a história da educação e das tecnologias e lessem o texto “Educação

e aprendizagem no século XXI”2. Com essa bagagem, todos foram convidados a

interagir no Fórum de discussão, cuja proposta foi a produção de um pequeno texto

relacionado às atividades teóricas, associado à escolha de uma charge que se

relacionasse com esse texto.

1 Disponível em: <https://youtu.be/ywd2nRV8POc>. Acesso em: 21 mar. 2016. 2 COLL, C; MONEREO, C. Educação e aprendizagem no século XXI: novas ferramentas, novos

cenários, novas finalidades. In: COLL, C; MONEREO, C. (orgs.). Psicologia da educação virtual.

Porto Alegre: Artmed, 2008, cap. 1, p. 15-46.

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Os fóruns on-line caracterizam-se principalmente pela relação dialógica que

acompanham os variados discursos produzidos por seus participantes virtuais (PAIVA;

RODRIGUES JÚNIOR, 2007). É uma maneira de proporcionar interação entre os

participantes e assim diminuir a distância virtual (TORI, 2010). Com essa atividade,

sempre mediada pela professora e pela tutora, foi possível constituir um discurso

compartilhado de que o uso da tecnologia em sala de aula deve partir de escolhas

adequadas dos recursos tecnológicos, dos conteúdos a serem por ele comunicados e

das estratégias pedagógicas a serem elaboradas.

Em outras palavras, foi possível desenvolver a interseção dos três eixos de

conhecimentos, conforme o modelo TPACK.

A quarta unidade do curso, Mapas conceituais colaborativos, os participantes

elaboraram um mapa conceitual (MC) sobre o texto lido na terceira unidade. Em

seguida, uma atividade colaborativa foi a revisão do MC feita após sugestões de

melhorias nos MC dos integrantes da equipe. Para isso os aprendizes utilizaram o

“Cmap Cloud”, ferramenta livre disponível na internet e adequada ao objetivo da

estratégia proposta. Nessa unidade, além de reforçar a estratégia do curso de

produção de conhecimento de forma colaborativa, aprofundou-se ainda mais o

conhecimento nos eixos pedagógico e tecnológico.

Na quinta unidade, O aluno em ambientes virtuais, o objetivo foi fomentar as

reflexões sobre as características dos nativos digitais e suas formas de aprender3,4.

Essa unidade foi elaborada tendo como principal foco o conhecimento de conteúdo

sobre a Sociedade da Informação. Entendemos que, no modelo TPACK, o

conhecimento de conteúdo se relaciona ao conteúdo curricular específico, por vezes

disciplinar, do um determinado professor. Para os objetivos do curso que estamos

apresentando neste relato, que não selecionou professores por área de atuação, o

conhecimento de conteúdo em relação ao uso das tecnologias é fundamental para

orientar as escolhas do professor dos recursos mais adequados para o seu conteúdo

curricular, utilizando também estratégicas pedagógicas que propiciem um aprendizado

significativo.

Nas unidades finais do curso, os participantes foram orientados a produzir uma

sequência didática, utilizando recursos educacionais abertos. Para essa última tarefa,

os professores participantes trabalharam em duplas no planejamento de uma proposta

de ensino na qual se utilizasse recursos educacionais abertos. Esse planejamento foi

realizado por meio de uma atividade wiki e em seguida organizado em uma sequência

didática, cujo modelo, previamente disponibilizado no ambiente virtual, continha os

3 MONEREO, C. e POZO, J. I. O aluno em ambientes virtuais: condições, perfil e competências. In: COLL, C; MONEREO, C. (orgs.). Psicologia da educação virtual. Porto Alegre: Artmed, 2010, cap. 1, p. 15-46. 4 Disponível em: <https://youtu.be/jvxcBeLvpGw>. Acesso em: 28 mar. 2016.

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seguintes tópicos: tema; apresentação; objetivos; público-alvo; conteúdos; recursos

didáticos; estratégias didáticas; planejamento das etapas; avaliação; bibliografia.

As atividades finais do curso foram planejadas de modo a mobilizar os três tipos

de conhecimento: os conteúdos curriculares, os métodos pedagógicos e os recursos

tecnológicos, de modo a articulá-los, conforme o conceito de TPACK, ou seja, o

resultado da interseção desses três tipos de conhecimento. O planejamento também

priorizou que a produção da sequência didática ocorresse de forma colaborativa, pois

a colaboração auxilia os alunos a atingirem níveis mais profundos de geração de

conhecimento (PALLOFF; PRATT, 2004).

O curso terminou com a unidade Encerramento, na qual os professores

participantes responderam a dois questionários: um de autoavaliação e outro de

avaliação do curso. Esses questionários serão utilizados para reformular uma nova

oferta deste curso.

A avaliação das atividades práticas realizadas pelos participantes foi feita por

meio da média de suas notas em 10 atividades práticas propostas. Dentre os 29

professores participantes do curso (ocorreu uma desistência logo no início), 18

obtiveram média igual ou superior a 70, o que correspondeu a 62% de aprovados.

Considerações finais

Na sociedade em rede, a aprendizagem caracteriza-se por uma apropriação de

conhecimento que se dá em uma realidade concreta (BEHAR, 2009). Nesse sentido,

buscou-se neste curso oferecer ao aprendiz situações reais de aprendizado,

procurando assim, tornar significativo o aprendizado. Assim, o educando pode

relacionar os conceitos já existentes em sua estrutura cognitiva que acabam por

influenciar na aprendizagem e no significado atribuído aos novos conceitos

construídos (BEHAR, 2009).

A forma colaborativa pela qual o curso foi elaborado e a estratégia de combinar

os conhecimentos tecnológicos, pedagógicos e de conteúdo (TPACK), contribuíram

de forma sinérgica para a proposição do curso que aqui foi descrito e analisado.

Pretendemos realizar a análise dos relatórios das autoavaliações e da

avaliação do curso, que poderão nos informar sobre a efetividade do curso para seus

participantes. Além disso, pretendemos utilizar o modelo TPACK para analisar as

produções dos professores e poder contribuir, com esses futuros resultados, para o

aprimoramento da oferta de cursos a distância para a formação de professores.

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Referências

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P. A. (org.) Modelos pedagógicos em educação a distância. Porto Alegre:

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BELLONI, M. L. O que é mídia-educação? Campinas: Autores Associados, 2001.

COLL, C; MONEREO, C. Educação e aprendizagem no século XXI: novas

ferramentas, novos cenários, novas finalidades. In: COLL, C; MONEREO, C.

(orgs.). Psicologia da educação virtual. Porto Alegre: Artmed, 2008, cap. 1, p. 15-

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<http://revistapaideia.unimesvirtual.com.br/index.php?journal=paideia&page=articl

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FILATRO, A. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Educational do

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MAURI, T.; ONRUBIA, J. O professor em ambientes virtuais: perfil, condições e

competências. In: COLL, C; MONEREO, C. (orgs.). Psicologia da educação virtual.

Porto Alegre: Artmed, 2008, cap. 5, p. 118-135.

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