tecnologias de informação e comunicação em educação especial

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Trabalho elaborado por Ana Rosa Trindade Joaquim Colôa Maria Teresa Guardado Moreira Dezembro de 2000 Tecnologias de Informação e Comunicação em Educação Especial 1 - TECNOLOGIAS DE APOIO Actualmente é inegável a importância das interacções sociais , no desenvolvimento harmonioso da criança, constatação que é sustentada por numerosos autores entre eles Vygotsky (1979) e Brunner (1985). No entanto quando da verificação de qualquer tipo de desvantagem, essa interacção pode ser parcial ou totalmente afectada. Podemos referir as incapacidades físicas/motoras que originam, quase sempre restrições muito consideráveis, em todo o processo de desenvolvimento pessoal e social. Em presença de crianças com problemas específicos sabemos da quase incapacidade destas em participar em vários 1

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Trabalho elaborado por

Ana Rosa Trindade

Joaquim Colôa

Maria Teresa Guardado Moreira

Dezembro de 2000

Tecnologias de Informação e Comunicação em

Educação Especial

1 - TECNOLOGIAS DE APOIO

Actualmente é inegável a importância das interacções sociais , no

desenvolvimento harmonioso da criança, constatação que é sustentada por

numerosos autores entre eles Vygotsky (1979) e Brunner (1985). No entanto

quando da verificação de qualquer tipo de desvantagem, essa interacção pode

ser parcial ou totalmente afectada. Podemos referir as incapacidades

físicas/motoras que originam, quase sempre restrições muito consideráveis, em

todo o processo de desenvolvimento pessoal e social.

Em presença de crianças com problemas específicos sabemos da quase

incapacidade destas em participar em vários contextos, limitando-se as suas

experiências a reduzidas áreas do seu desenvolvimento. Esta situação agrava-se

quando estas crianças vivenciam experiências muito negativas, tornando-se para

elas algumas dinâmicas muito frustrantes, e sobretudo fazendo-as sentir-se

incapazes de desenvolver qualquer actividade. Pôr exemplo estas crianças

quando inseridas numa classe regular se não possuírem tecnologias de apoio

que as ajudem a interagir com qualidade terão experiências por vezes mais

negativas que em situação de segregação. Este acumular de falhanços e

fracassos, fá-las desistir com mais facilidade e arriscar cada vez menos.

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Nestas circunstâncias o caminho normalmente trilhado é o da total

dependência dos outros, fazendo com que as primeiras adoptem uma atitude

progressivamente mais passiva e desenvolvendo sentimentos de impotência

perante as solicitações do meio uma vez que lhes é vedada a possibilidade de

agirem sobre o mesmo. As primeiras interacções que sabemos serem

determinantes em todo o processo de desenvolvimento do ser humano, estão na

maior parte das vezes longe de poderem ser comparadas tanto na quantidade

como na qualidade, àquelas experimentadas por uma criança com

desenvolvimento considerado pelos padrões normais. Sabemos, hoje, que o

estabelecimento de interacções de qualidade estão estreitamente relacionadas

com o sucesso do desenvolvimento do indivíduo seja emocional ou social,

situação que influenciará todo o seu funcionamento cognitivo.

As tecnologias de apoio podem ser uma forma importante para que

determinados indivíduos ultrapassem as barreiras físicas em primeiro lugar e por

inerência sociais. Algumas destas barreiras referem-se à incapacidade de

manipular objectos de escrita e/ou desenho, assim como a dificuldade em ter

acesso a materiais de leitura e consequentemente em participar em actividades

de literacia. Neste contexto tecnologias de apoio referem-se a instrumentos

tecnológicos colocados ao serviço da pessoa com deficiência com o objectivo de

melhorar as suas capacidades funcionais, contribuindo consequentemente para o

aumento da sua qualidade de vida.

As tecnologias de apoio representam um contributo inestimável no campo

da habilitação e educação, com especial incidência nas áreas do:

desenvolvimento cognitivo, psicomotor, meio alternativo de comunicação e ainda

como meio facilitador da realização de uma tarefa. em algumas populações

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(deficiência severa). As tecnologias de apoio são, por vezes, a única alternativa

dessas populações para poderem interagir com o meio, possibilitando-lhes um

verdadeiro acesso à educação, trabalho, lazer,...Estas podem constituir-se como:

substituição de todo um sistema de out-put, um sistema alternativo de

comunicação, uma hipótese de interagir com o ambiente diminuindo

dependências, etc. Estas tecnologias de apoio podem ser de vários tipos como

por exemplo: altas tecnologias, médias tecnologias, baixas tecnologias e/ou

englobarem-se numa vasta área de ajudas técnicas de vária ordem.

Actualmente são indiscutíveis as vantagens das tecnologias mas estas por

si só, se não forem integradas nas actividades educativas e diárias dos

indivíduos, podem em vez de ajudar, representar mais uma barreira para os

sujeitos em causa. Hoje, o conceito de tecnologia de apoio como meio auxiliar às

pessoas com deficiência, assume o seu enfoque mais no utilizador que na

tecnologia em si, estando-se deste modo perante um novo conceito de tecnologia

de apoio.

As tecnologias de apoio não podem ser considerados por si só, como um

tipo de tecnologia especifico, mas sim como a implementação de uma particular

tecnologia aplicada ao serviço da pessoa com deficiência. De facto o objectivo

final das tecnologias de apoio é contribuírem para o aumento da qualidade de

vida das pessoas com deficiência, ajudando a ultrapassar e a resolver os seus

problemas funcionais de forma a reduzir a sua dependência de terceiros e

contribuindo para a sua melhor inclusão em diversos contextos.

No que diz respeito à educação, especificamente, as tecnologias de apoio

não são exclusivas nem milagrosas. como qualquer meio educativo deverão ser

integradas numa estratégia de intervenção bem definida já que: estas não

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alteram nada por si mesmas, não são a solução para todas as situações de

deficiência, são caras e vulneráveis, isto é, rapidamente ficam desactualizadas.

Há então que as enquadrar num estudo correcto que passa por uma avaliação

holística do indivíduo.

O papel das tecnologias de apoio ocupa e ocupará durante várias décadas

na área da Educação Especial um papel preponderante reconhecido por todos

aqueles que trabalham por e para melhorar a qualidade de vida das pessoas que

apresentam qualquer tipo de incapacidade, seja de forma intermitente ou

permanente. Mas o mais importante é a reflexão que actualmente se faz sobre a

criação de tecnologia concebida para abarcar a maior gama possível de pessoas

com capacidades diferenciadas. Desta forma o uso das tecnologias de apoio nas

próximas décadas não deve ser sectorial, mas sim integral e globalizante.

2 - SISTEMA MULTIMÉDIA E ENSINO À DISTÂNCIA

A revolução tecnológica está a modificar os actuais processos educativos

de tal forma que torna mais flexível o tempo e o espaço, através do uso de

programas abertos, cada vez mais transdisciplinares e de funcionamento à

distância. Estes processos de (in)formação multimédia contribuem para a

formação de um novo tipo de alunos com novas habilidades, comportamentos e

valores. Os sistemas multimédia de ensino à distância trazem-nos grandes

vantagens, uma vez que estão a dar origem a uma mudança de estratégias que

possibilitam encontrar respostas para alunos que até então estavam, na sua

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maioria, afastados de uma escolarização que tivesse inerente a interacção com

pares e com um professor que embora mudando as formas de ensinar, mantém

presente, como base, os ambientes da sala de aula.

Os programas multimédia de ensino à distância possibilitam que as

crianças e/ou jovens com doenças crónicas graves impedidos de se deslocarem

à escola, possam continuar a sua escolaridade acompanhando as aulas à

distância, em casa ou no hospital, através da utilização de sistemas de

videoconferência. A videoconferência, utilizada no processo de ensino, é um bom

instrumento que favorece a interacção comunicativa e intensifica a relação entre

indivíduos com problemas. É necessário criar ambientes positivos que permitam

utilizar novas estratégias educativas e de compensação nas populações com

deficiência. O avanço das novas tecnologias permite-nos a sua aplicação em

distintos âmbitos da educação e das comunicações.

Existe todo um leque de populações que poderão beneficiar dos sistemas

multimédia de ensino à distância, nomeadamente as pessoas com problemas

físicos e/ou sociais que podem adquirir conhecimentos incorporando-se

facilmente nas dinâmicas de uma sala de aula. O próprio aluno pode ir fazendo

auto-avaliação uma vez que, os sistemas multimédia de ensino à distância,

podem ser semi-interactivos permitindo uma comunicação indirecta mas quase

em tempo real, e nunca colocando em causa o papel da interacção professor-

aluno. O ensino tutorizado à distância elimina barreiras físicas com que se

confrontam muitos deficientes motores,... no seu dia a dia.

As novas tecnologias aplicadas a sistemas de aprendizagem e interacção

comunicativa facilitam os processos de formação à distância e possibilitam a

criação de condições para a escolarização dos alunos anteriormente

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referenciados, bem como de outros, sendo estas tecnologias de informação

enquadradas por modelos pedagógicos inovadores, na organização das

actividades da sala de aula, das turmas directamente envolvidas e tendo

influência na comunidade escolar em geral.

Torna-se uma experiência inovadora não só quanto à introdução das

novas tecnologias, como forma de comunicação e interacção entre professor e

alunos e a sua adaptação para uma maior acessibilidade. No entanto afecta a

metodologia de trabalho na aula e pressupõe uma nova concepção e forma de

entender a interacção no ensino. Os sistemas multimédia de ensino à distância

ao modificarem os princípios de velhos critérios, facilitam a atenção à diversidade

num ambiente inclusivo onde a diferença é norma. Estes possibilitam, ainda, a

fixação de apoios necessários e propiciam novos critérios e estratégias de acção.

Quanto às condicionantes encontramos-lhe poucas, estando elas mais

relacionadas com a formação dos próprios agentes educativos e sobretudo com

os custos que implicam este tipo de dinâmicas. Deste modo ao pensarmos

introduzir, numa escola, sistemas multimédia de ensino à distância torna-se

preponderante avaliar a relação custo/resposta, não pensando num só aluno mas

tendo em vista a generalização destes recursos a outros alunos, mesmo os que

não são portadores de deficiência e/ou doenças crónicas. Estes sistemas têm,

por enquanto como condicionante não poderem ser transmissores da totalidade

das relações pedagógicas que se estabelecem numa sala de aula. Mas estamos

convencidos, que este é um problema que será ultrapassado a curto prazo se

tivermos em conta a velocidade com que se dão as transformações tecnológicas.

É ainda nossa convicção que quanto mais se utilizarem este tipo de respostas

mais apetência existirá para se encontrarem novas formas de as potencializar e

qualificar.

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3 - QUALIDADE DOS PROGRAMAS EDUCATIVOS

INFORMATIZADOS

Quando se fala em qualidade do software para a educação (programas

educativos informatizados ou software educativo), não podemos esquecer que os

factores inerentes ao contexto educacional (culturais, éticos, filosóficos e

psicopedagógicos) influenciam a avaliação de qualquer software educativo.

O desenvolvimento de software para a educação deve possuir

características especificas e um dos requisitos de qualidade, é o modelo de

ensino/aprendizagem, ou seja, a filosofia de aprendizagem subjacente a cada

programa educativo informatizado. (Campos, 1994).

Para Galvis (1992), a qualidade do software deve observar critérios de

pertinência (para que é necessário?), relevância (é coerente com os outros

elementos do ambiente de aprendizagem?) e unicidade (são aproveitadas as

qualidades do computador, como meio?). Para esta autora a qualidade não está

ligada ao produto, mas sim à concepção e ao processo de desenvolvimento dos

programas educativos informatizados.

É essencial que os processos de concepção e desenvolvimento de

software educativo, considerem as diferentes valências dos modelos educativos,

a fim de poderem ser incluídas diferentes dimensões humanas, tais como a

cognitiva, a social, a atitudinal, entre outras, de forma a possibilitar uma maior

diversidade de abordagens na sua utilização educativa. (Ramos, 1998).

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Ramos (1998), citando Baptista & Figueiredo (1995), refere que entre a

fase de concepção e de desenvolvimento apenas é avaliado o programa,

esquecendo-se, na maior parte das vezes, os outros interessados: os professores

e os alunos.

O mesmo autor, citando Galvis (1996), refere que não é suficiente fazer o

software e dar-lhe um toque educativo ou ter uma grande ideia educativa e

arranjar um suporte informático, é necessário um trabalho de equipa que envolva

os três principais eixos: o educativo, o comunicacional e o informático.

Uma das dificuldades que os educadores enfrentam é a de seleccionar,

entre os diferentes tipos de software educativo disponíveis no mercado, aqueles

que serão mais adequados para os seus objectivos educacionais e para os seus

alunos.

Segundo a Re-Criar (Assessoria e Desenvolvimento de Tecnologia

Educacional, Brasil) alguns dos pontos utilizados na análise de software

educativo são:

Correcção conceptual, gramatical e ortográfica

Apresentação de diferentes níveis de dificuldade

Motivação para a solução de problemas

Adequação da linguagem à faixa etária a que se destina

Agradibilidade visual

Facilidade de instalação

Sequência de apresentação dos exercícios (aleatória ou linear)

Facilidade de navegação

Clareza e eficácia do manual

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Feedback que auxilie na compreensão dos erros e na construção das

respostas correctas

Para Morato (1997), ao avaliar a qualidade dos programas educativos

informatizados, devem ser consideradas, para além dos critérios técnicos,

apresentação da informação e critérios pedagógicos, as características dos

equipamentos (características gerais e específicas do computador), os materiais

e requisitos do programa (informação geral; manual técnico; manual educativo),

assim como critérios económicos. (Anexo – Ficha de Avaliação da qualidade de

Programas Educativos Informatizados).

Um programa educativo informatizado, deverá ter os seguintes critérios de

ordem pedagógica:

Adaptação ao nível de capacidades do aluno, ou seja deve possibilitar a

intervenção na área sensível de aprendizagem.

Interactividade e motivação dos alunos, através da combinação de

imagem, animação, som e texto (multimédia).

Orientação da aprendizagem, possibilitando modelos de individualização,

onde o objectivo pode ser escolhido pelo aluno ou pelo professor.

Possibilidades de pequeno grupo, para promover a socialização e

cooperação.

Confronto cognitivo, para fazer compreender e raciocinar.

Possibilidade de avaliar o trabalho dos alunos, para o professor poder

planear a sua intervenção.

Comentários e ajudas positivas (feedback), para aumentar a motivação.

Conteúdos curriculares bem sequencializados, possibilitando a

interdisciplinaridade.

Flexível e ultrapassar etapas, possibilitando avaliação

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O Professor, deve ter um papel de orientador pedagógico, organizador e

coordenador das actividades.

4 - OS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E

ALTERNATIVA

A capacidade de comunicar é imprescindível para o desenvolvimento das

relações humanas, para a educação em geral, para o viver em comunidade. Um

eixo fundamental deste processo é sem dúvida o direito à educação pressupondo

neste o acesso ao currículo. Deste modo qualquer criança que apresente

comunicação verbal “comprometida” deverá poder aceder a formas não verbais

formais através de meios aumentativos/alternativos de comunicação.

Os sistemas aumentativos/alternativos de comunicação constituem um

conjunto integrado de técnicas, ajudas, estratégias e capacidades que o indivíduo

com restrições de comunicação verbal utiliza para comunicar. Deste modo

considera-se comunicação aumentativa e alternativa de comunicação, todo o tipo

de comunicação que aumente ou substitua a fala.

Em meados da década de setenta, surgiram diversos sistemas alternativos

ou aumentativos de comunicação, na sua maioria sistemas gráficos. Estes

sistemas divergem em maior ou menor grau de abstracção tanto no que diz

respeito ao grafismo ou expressão dos símbolos, como aos conceitos que

representam. Segundo alguns autores os sistemas de comunicação dividem-se

em dois grandes grupos:

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Sistemas sem ajuda - constituídos por símbolos ou conjunto de símbolos que

não necessitam de quaisquer dispositivos exteriores ao corpo do próprio

indivíduo. Para se expressar o indivíduo utiliza como meio o seu próprio corpo.

São por exemplo: os gestos de uso comum, a língua gestual, alfabeto manual,

etc.

Sistemas com ajuda - constituídos por símbolos ou conjunto de símbolos que

necessitam de suporte exterior ao sistema que é o próprio indivíduo. Nos

sistemas de comunicação com ajuda os signos necessitam de ser seleccionados,

o que implica a necessidade de se recorrer a dispositivos ou ajudas técnicas, tais

como: tabuleiros e quadros de comunicação, calendários e mapas de acção,

relógios indicadores, máquinas de escrever adaptadas, digitalizadores e

sintetizadores da fala, computadores, etc.

Os sistemas de comunicação com ajuda podem agrupar-se em várias

categorias:

1. sistemas de comunicação por objectos - constituídos por objectos de

tamanho natural, miniaturas ou partes de objectos (é um sistema muito

utilizado no modelo de intervenção TEACCH);

2. sistemas de comunicação por imagens - incluem principalmente imagens

tais como fotografias e desenhos lineares;

3. sistemas de comunicação gráficos - Existem vários destes sistemas como o

Rebus, o Picsyms, o Oakland e o Sigsymbols, no entanto os mais divulgados

são: o PIC, O SPC e O Bliss.

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o PIC - O sistema de comunicação PIC foi concebido em 1980 no Canadá por

um Terapeuta da Fala. Este é constituído por 800 símbolos pictográficos e

ideográficos estando o seu significado escrito na parte superior do mesmo.

Sendo as figuras, imagens estilizadas desenhadas a branco sobre um fundo

negro. O seu grau de iconicidade torna-o de fácil apreensão por crianças

pequenas e/ou com baixo nível cognitivo. Os símbolos estão agrupados

segundo os seguintes temas : pessoas, partes do corpo, vestuário e utensílios

pessoais, casa, casa de banho, cozinha, comida e guloseimas.

o SPC - O SPC foi criado também por uma terapeuta da fala em 1981 tendo

sido essencialmente concebido para ser utilizado como meio aumentativo de

comunicação. É constituído por uma maioria de símbolos iconográficos,

contendo principalmente símbolos transparentes, desenhados com um traço

negro a cheio sobre um fundo branco, este sistema também apresenta escrito

na parte superior de cada símbolo o seu significado. Segundo Roxana Mayer

(autora do sistema) os símbolos foram desenhados com o objectivo de: serem

facilmente apreendidos, serem apropriados para todos os níveis etários, serem

facilmente diferenciados uns dos outros, simbolizarem as palavras e actos

mais comuns usados na comunicação diária, serem facilmente agrupados em

seis categorias gramaticais e serem facilmente reproduzidos em fotocopiadora,

o que os torna pouco dispendiosos. O vocabulário do sistema SPC é composto

por 3.200 símbolos agrupáveis em seis categorias gramaticais, sendo as

seguintes: pessoas, verbos, adjectivos, substantivos, diversos e sociais. Tem a

particularidade de apresentar temas em áreas como a religião, sexualidade,

computadores,... proporcionando ainda diferentes tipos de caras ou cabeças

para facilitar a simbolização de algum indivíduo em particular. Recomenda-se

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a sua combinação com um sistema de cores preferencialmente a “chave de

Fitzerald”;

o BLISS - o BLISS foi criado durante a 2º guerra mundial por Charles Bliss

quando estava refugiado na China, sendo seu principal objectivo criar um

sistema de comunicação internacional. É um sistema gráfico baseado mais no

significado que nos sons. Foi em 1971 que alguns psicólogos e terapeutas da

fala, canadianos, começaram a aplicar o sistema Bliss como sistema

aumentativo para crianças com paralisia cerebral, afásicos e deficientes

mentais. Este sistema é constituído por um determinado número de formas

básicas, que combinadas entre si originam os cerca de 2.500 símbolos Bliss

actualmente existentes. A natureza pictográfica e ideográfica de muitos

símbolos torna-os de fácil apreensão. As suas características adequam-se a

indivíduos que embora não estejam bem preparados na ortografia tradicional,

têm potencial para aprender e desenvolver um vasto vocabulário através de

diversas operações combinatórias das formas básicas. Este é composto por

símbolos simples (contêm apenas um elemento simbólico), compostos

(contêm vários elementos simbólicos) e sequenciados (vários elementos

simbólicos colocados um ao lado do outro condicionando o seu significado).

Estes estão agrupados por categorias de pessoas, acções, sentimentos, ideias

e relações espaço-temporais coordenando-se com o sistema de cores

denominado de “chave de Fitzgerald”.

4. sistemas combinados - são sistemas que incluem símbolos gráficos e

manuais como por exemplo o Makaton. Os símbolos foram criados a partir do

sistema de comunicação REBUS (EUA, 1974), desenvolvido para o ensino da

leitura. O Vocabulário MAKATON é um programa de linguagem completo, que

inclui um corpo de vocabulário básico, ensinado com o recurso a gestos e

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símbolos em simultâneo com a fala e pressupõe a utilização de estratégias

estruturadas de ensino. Foi concebido nos anos 70, em Inglaterra, pela

Terapeuta da Fala, Margareth Walker e adaptado para Portugal, em 1987. O

número de vocábulos/expressões, considerados palavras-chave é cerca de

350, distribuídos por 8 níveis, cuja progressão é feita de acordo com o

desenvolvimento normal da linguagem. Com o programa MAKATON utilizam-

se diferentes canais de informação: o auditivo, o visual e o táctil, permitindo

uma melhor eficiência no acto de comunicar ao recorrer a gestos, sempre

acompanhados de fala e por vezes a símbolos.

5. sistemas por linguagem codificada - são sistemas que utilizam vários

“sinais” convencionalmente codificados como por exemplo o Morse e o Braille.

Qualquer um dos sistemas aumentativos e alternativos de comunicação

têm segundo Lloyd (1983) e St. Louis (1982) três funções principais: provisão de

uma comunicação temporária (até que se estabeleça a fala ou esta se torne

funcional e inteligível), provisão de um meio facilitador (como aumentativo do

desenvolvimento da fala propriamente dita e/ou em alguns casos das

capacidades cognitivas e comunicativas necessárias para a aquisição da

linguagem) e provisão da comunicação a longo prazo (quando a aquisição da fala

resulta totalmente impossível).

5 - TECNOLOGIA E ACESSIBILIDADE NA INTEGRAÇÃO

DAS POPULAÇÕES ESPECIAIS

Na sociedade actual as tecnologias, sobretudo as altas tecnologias,

converteram-se num instrumento imprescindível em qualquer actividade, seja

num contexto laboral, social ou de ócio. Esta realidade veio, sem dúvida

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beneficiar os indivíduos com deficiência uma vez que lhes permite desenvolver

actividades que antes lhes estavam vedadas. No entanto o próprio

desenvolvimento das tecnologias cria, por vezes barreiras que dificultam ou

impedem o seu uso por parte de pessoas que têm limitações físicas, psíquicas

e/ou sensoriais. Estas barreiras poderiam ser facilmente atenuadas ou mesmo

erradicadas se fossem tidos em conta determinados critérios, no que diz respeito

ao desenho de produtos informáticos.

Os fabricantes deste tipo de produtos devem ter em conta a sua fácil

adaptação tendo presente vários tipos de populações como sejam: os utilizadores

com problemas de visão - aumento do tamanho dos grafismos, contrastes e

características gerais de visibilidade. Os elementos mais utilizados são os

monitores grandes, tamanhos de letra grandes, alto contraste, e ampliação

software de zonas do écran. Os utilizadores com problemas de audição

necessitam que se tenha em conta determinados níveis de frequência

relativamente ao som, pois muitas vezes este não lhes permite discriminar

determinados sons. Normalmente utilizam uma opção já contemplada em alguns

sistemas operativos que permitem o reforço visual que acompanha sons de

alarme ou aviso. No que diz respeito aos utilizadores com problemas motores

necessitam muitas vezes de dispositivos específicos para trabalharem com um

computador. Alguns exemplos são os switchs de cabeça, os écrans tácteis, os

teclados de conceitos, sistemas de reconhecimento de voz e os ponteiros

alternativos.

ACESSIBILIDADE E SUPORTE FÍSICO (HARDWARE)

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Os problemas de acessibilidade ao hardware centram-se, sobretudo na

dificuldade em aceder eficazmente a botões, interruptores e todos os dispositivos

de controle que compõem um computador e seus periféricos. Muitos destes

problemas seriam resolvidos se fossem controlados com um programa que

permitisse ligar / desligar e regular todos os componentes físicos do computador.

Estes programas de controle que deveriam vir incorporados no sistema

operativo permitiriam por ex. ligar, desligar e configurar a impressora, desligar o

computador e mesmo expulsar a disquete e/ou o CD-ROM. Relativamente aos

botões e reguladores ergonómicos estes deveriam estar sempre na parte frontal

do computador podendo contemplar uma realimentação táctil e/ou sonora. Não

devem ser demasiado pequenos nem estar demasiadamente juntos, devendo

ainda ser côncavos e não deslizantes.

Periféricos

Deve ser evitada necessidade de movimentos complexos como por

exemplo carregar num botão e ao mesmo tempo ser necessário girá-lo, utilização

de mais do que um botão para uma mesma função, permitindo cada um dos

botões uma opção distinta de modo a serem funcionais. Os periféricos devem ser

independentes da unidade central de forma a que sejam facilmente trocados

podendo-se personalizar somente o periférico que não responda às

necessidades do utilizador.

Os periféricos devem ter uma base estável e antideslizante de forma a que

não possam ser movimentados em consequência de um movimento

descontrolado. No entanto a regulação, a orientação e a altura deve oferecer

pouca resistência para facilitar um posicionamento mais eficaz. alguns

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utilizadores têm muita dificuldade em introduzir disquetes resultando muito mais

fácil deixar “cair” um CD-ROM nas típicas plataformas de entrada/saída

deslizante. As impressoras, scanners e demais elementos, que necessitem de

papel, devem ter bandejas de alimentação e de armazenamento de folhas

facilmente manipuláveis (sem elementos que tapem as folhas e sem necessidade

de extrair a bandeja para colocar e retirar o papel).

Som

Para facilitar informações sonoras estas devem ser acompanhadas de

sistemas visuais do estado e funcionamento dos vários dispositivos. o

computador deve ter colunas amovíveis de modo a que o usuário as coloque da

forma que lhe seja mais conveniente, existindo a possibilidade de conectar

auriculares. Deve existir sempre a facilidade de regulação do volume e frequência

dos sons emitidos pelo computador.

ACESSIBILIDADE E SUPORTE LÓGICO (SOFTWARE)

Mensagens

Estas devem ser concisas, coerentes e consistentes. Deve sempre ser

usado um mesmo texto para uma mesma mensagem, sendo esta visualizada

sempre na mesma zona do écran e tendo sempre os mesmo elementos de

composição (tipo de letra, botões, cor, etc.). a mensagem deve permanecer até o

que o utilizador a aceite. Este tempo pode, em alternativa, ser configurado tendo

em conta as características do utilizador. Quando as mensagens são sonoras

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deve existir uma coerência temporal entre o que se ouve e o que realmente está

a suceder no écran.

Redundância do canal de comunicação

As características estéticas do interface devem servir para realçar a

informação essencial que deve ser fornecida por diversos canais: cor e texto, cor

e forma, cor texto e forma etc. O mesmo deve acontecer relativamente ao som.

Esta redundância não deve existir somente relativamente aos outputs mas

também relativamente aos inputs. Qualquer tarefa deve poder ser realizada com

o rato, com o teclado, com sistemas periféricos específicos e sistemas de

reconhecimento de voz.

Personalização do teclado

O teclado é um periférico essencial por isso deve permitir ao utilizador

aceder a qualquer elemento do sistema operativo (por exemplo ligar - desligar).

Deve evitar o uso de acções simultâneas. Em alguns casos, navegar pelos

menus com a seta do cursor, pode ser uma actividade penosa por isso devem

existir sempre teclas de atalho. Os menus devem funcionar sempre em

movimento circular (passar da ultima opção à primeira) Este percurso circular

deve aplicar-se também ao movimento das opções das caixas de diálogo, à

mudança de janelas, áreas de trabalho, etc.

Ícones

Muitos utilizadores tem problemas em descriminar os ícones e outros

pequenos objectos que compõem a área de trabalho pelo que o próprio sistema

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operativo deve permitir que se modifiquem os tamanhos e posições, seja

independentemente ou por grupos. Os ícones devem também ter associados

uma imagem que facilite a identificação e compreensão da sua função.

Janelas

As tarefas de gestão das janelas (mover, mudar de tamanho, etc.)

habitualmente realizam-se por intermédio do rato, para facilitar a acessibilidade

todas estas tarefas devem poder ser realizadas com o teclado. Como existem

utilizadores que necessitam de ferramentas especiais para acesso ao

computador, tendo estas que estar visíveis no écran, seria de toda a

conveniência que as janelas pudessem mudar de tamanho e de posição.

Também devem permitir ser maximizadas e minimizadas, podendo ser fechadas

para evitar conflitos com as referidas ferramentas. Para além disso o sistema

operativo deve facilitar uma forma de mudar de uma janela a outra de modo a

que as aplicações especificas possam “cooperar” com as gerais.

Serviço de ajuda ao utilizador

Os sistemas operativos estabelecem serviços de ajuda que são utilizados

em muitas aplicações. Esta ajuda deve ter formato real, no entanto poderia incluir

ainda a possibilidade de incorporar imagens que facilitem a sua compreensão por

exemplo símbolos do SPC.

Sistema operativo

O sistema operativo é o principal responsável por todos os elementos que

estabelecem a comunicação entre o ser humano e o computador. De uma forma

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geral o sistema operativo deve proporcionar ao utilizador acesso a qualquer

dispositivo de entrada que utilize (switch de cabeça ou outro, joystick, etc.).

Recomenda-se também que proporcione um sistema de reconhecimento de voz.

Também a saída de dados se deve realizar, tanto utilizando a visualização como

a audição. Todos os sistemas operativos devem ter um caracter de activação

opcional de forma a que possa ser utilizado por uma diversidade de utilizadores,

indistintamente das suas necessidades e problemas. O sistema operativo deve

ainda oferecer a compatibilidade com aplicações que seja necessário adicionar.

Configuração do teclado

A configuração do teclado permite a comunicação entre a unidade central

e o utilizador portanto, deve poder incorporar situações que facilitem a

acessibilidade. Deve existir a possibilidade de configuração do tempo de

repetição da tecla e opção que permita bloquear as teclas de control (maiúsculas,

alt, Ctrl, etc.).

Configuração do rato

O rato deve permitir a sua configuração de modo a que o utilizador o possa

manejar da forma mais adaptada à sua mobilidade. Deve permitir ajustar a

velocidade e aceleração da seta diferenciando entre horizontal e vertical, o tempo

de aceitação do clic e o tempo entre dois clics. Deve permitir realizar o bloqueio

do varrimento, dispondo de um botão de rato para esta função.

Aplicações

Há que ter em conta que apesar dos avanços constatados, relativamente

ás tecnologias, os utilizadores com problemas de acessibilidade necessitam de

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utilizar dispositivos específicos ou programas especiais, pelo que deve existir a

possibilidade de aplicações compatíveis e interactivas com as ferramentas de

acesso. Para isso devem utilizar-se mecanismos de coordenação proporcionados

pelo sistema operativo, evitando aplicações que se bloqueiem mutuamente. Para

evitar problemas de consistência e de coordenação, entre aplicações, estas

devem possuir uma opção de cancelamento. As aplicações devem estar

desenhadas de modo a que o número de passos para lhe aceder seja o mínimo

possível e não requeira o uso simultâneo de mais de um dispositivo de entrada.

RELATÓRIO DA VISITA À APPACDM DA AJUDA

INTRODUÇÃO

O Presente relatório insere-se no âmbito da Disciplina de Tecnologias de

Informação e Comunicação na Educação Especial, orientada pelo Prof. Doutor.

Pedro Morato.

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O relatório descreve uma saída ao exterior feita à APPACDM (Associação

Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) da Ajuda em Lisboa

no dia 16 de Junho de 2000.

Organizamos o presente relatório em três capítulos:

No I Capítulo faz-se uma breve panorâmica da evolução do conceito de

Deficiência Mental (DM)

O Capítulo II caracteriza-se a Instituição visitada, objectivos que a regem,

filosofia que lhe está subjacente e princípios básicos ao seu trabalho educativo.

No Capítulo III apresentam-se as salas que foram visitadas na Instituição

A Sala de Psicomotricidade onde funciona a robótica

A Sala do Sistema “Child Ware” (Mesa táctil e do Combo 1 e 2).

A Sala da Terapia da Fala

No IV capítulo faremos algumas considerações sobre a visita e qual o

contributo desta visita para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional no

âmbito da Educação Especial.

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIA MENTAL

A evolução histórica do conceito de Deficiência Mental (DM) passa por

atitudes de rejeição/ segregação/protecção sendo sempre numa perspectiva

assistencial. No Séc. XIX e a partir da tentativa de Itard educar o menino

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selvagem, da floresta de Aveyron, surge uma perspectiva educacional em relação

à DM. Mais tarde e com a contribuição, no campo da medida das diferenças

individuais, pode centrar-se em Binet e Simon que elaboraram e publicaram uma

escala métrica da inteligência, com a finalidade de detectar os “débeis mentais” e

de os colocar em classes especiais constituindo, deste modo, uma inovação na

experiência científica da época.

A corrente psicométrica ou teoria da Inteligência baseia-se na avaliação de

um único factor: A Inteligência enfatiza a capacidade de realização concretizada e

avaliada através de testes padronizados, enquanto que a abordagem sociológica

considera o indivíduo com DM aquele que tem dificuldades de se adaptar ao

meio onde vive e de ser autónomo. A abordagem posterior é a médica ou física

em que a DM teria um substracto biológico ou fisiológico que se manifestar-se-ia

durante o desenvolvimento. A DM tem sido vista como algo imutável, que

acompanha de forma estática todo o percurso de vida do sujeito.

Hoje, e com o surgimento da corrente pedagógica este conceito tem vindo

a alterar-se e o indivíduo com DM é considerado capaz de progredir, com maior

ou menor grau de dificuldade, no seu percurso escolar e de aprendizagem e par

isso necessita de apoio e adaptações curriculares que lhes facilite/ permita seguir

o processo. Esta corrente pedagógica que enfatiza a qualidade da interacção

diária do indivíduo com o seu contexto ecológico baseada numa abordagem do

Comportamento Adaptativo (CA).

O tema da Inteligência tem gerado imensa controvérsia, por ser

caracterizada pela sua imutabilidade, deixando os sujeitos, com DM, à parte do

Sistema Educativo. No entanto Fonseca (1991) mostra-nos que a história tem

vindo a comprovar a evolução cultural do cérebro evidenciando a sua plasticidade

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e modificabilidade e a capacidade do ser humano se adaptar cognitivamente face

às necessidades com que se vai confrontando.

Nos últimos anos a Associação Americana para a Deficiência Mental

(AADM) tem-se preocupado por considerar nas suas definições de DM os

défices no quociente de inteligência (QI), mas também as competências sociais

do indivíduo (CA) tentando encontrar um equilíbrio e complementaridade entre os

dois modelos – competências académicas e aqueles que se relacionam com a

capacidade de adaptação às situações da vida diária.

A AADM define DM como um estado de funcionamento que se caracteriza por

limitações do funcionamento intelectual e do funcionamento adaptativo e propõe

o seguinte diagnóstico, baseado em três critérios (AADM, 2000):

Funcionamento intelectual significativamente abaixo da média (QI 70-75 ou menos)

Limitações em duas ou mais das seguintes áreas de padrões adaptativos:

o Comunicaçãoo Autonomia Pessoalo Autonomia em Casao Competências Sociaiso Uso dos Recursos da Comunidadeo Lazero Saúde e Segurançao Personalidadeo Funcionamento Académicoo Actividade Profissional

Manifestar-se antes dos 18 anos.

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Esta definição é válida tendo como pressuposto a aceitação dos seguintes

pré-requisitos definidos pela AADM:

Considerar-se a diversidade linguística e cultural, assim como as

diferenças na comunicação e nos factores comportamentais.

A existência de limitações nas competências adaptativas ocorrem no

contexto social e comunitário relativamente aos sujeitos da mesma idade.

As limitações adaptativas coexistem, por vezes, com áreas fortes noutras

capacidades adaptativas e pessoais.

Com apoio adequado às necessidades, durante um certo período de

tempo, o funcionamento da pessoa com DM tem tendência a melhorar e

geralmente melhora.

Este novo critério de diagnóstico traduz a complementaridade entre QI e CA,

evita a rotulação e fomenta a descrição dos tipos de apoio que o sujeito necessita

(Morato et al, 1995) baseado nas áreas de competências adaptativas,

constituindo um elo de ligação entre aspectos teóricos e sua transposição para a

prática concreta.

A AAMR propõe uma substituição da classificação da DM por níveis de

deficiência: (ligeiro, moderado e severo) por uma classificação tendo por base

níveis de intensidade de apoio que devem ser adequados ás suas necessidades

tendo em vista o sucesso do processo de inclusão na vida escolar, social e

profissional.

Apoio Intermitente – refere-se a apoios esporádicos, associado a períodos

específicos de transição.

Apoio limitado – este apoio é limitado no tempo, mas é de natureza

contínua.

Apoio extensivo – trata-se de um apoio a longo prazo, regular e ai

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que contempla mais do que um envolvimento do sujeito.

Apoio Permanente - é um apoio constante, patente em todos os

envolvimentos e com uma grande intensidade

Todos estes apoios têm como objectivo contribuir para o sucesso e plena

inclusão, do indivíduo, na comunidade onde vive.

Podemos, então, concluir que qualquer ser humano independentemente das

suas limitações intelectuais e funcionais é capaz de adquirir competências

necessárias às exigências do meio aprendendo, assim, a viver em sociedade. Tal

como qualquer ser humano a pessoa com DM está numa condição flexível e isto

permite-lhe uma margem de manobra dentro da sua condição tornando-a capaz

de controlar a sua vida numa perspectiva de cidadania promovendo a sua auto-

valorização e qualidade de vida.

CARACTERIZAÇÃO DA APPACDM DA AJUDA

NOME DA INSTITUIÇÂO:

Associação Portuguesa dos Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental

(APPACDM) – Delegação de Lisboa – Ajuda

CARIZ:

Instituição Particular de Solidariedade Social

ORGÃO DE TUTELA:

Ministério do Trabalho e Solidariedade Social

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OBJECTIVOS:

Promover a normalização e integração social e profissional da pessoa com

Deficiência Mental.

Defender os interesses dos indivíduos com DM em todos os envolvimentos

onde vive (casa, escola, trabalho, comunidade)

Integrar o cidadão DM no mundo laboral, contribuindo para a sua

integração sócio-profissional

Sensibilizar os pais, familiares e comunidade em geral para os direitos dos

seus pares

Promover actividades culturais e de lazer entre a Instituição e a

comunidade

Encaminhar os utentes na vida activa

CARACTERIZAÇÃO:

A APPACDM da Ajuda, Instituição que visitamos, é uma das muitas espalhadas

pelo país, foram inicialmente fundadas por pais e técnicos de reabilitação com o

objectivo de atender crianças e jovens com DM. São Instituições sem fins

lucrativos.

POPULAÇÃO:

Atende, actualmente, 33 alunos que têm dificuldade de se integrar no meio

escolar regular. O grupo de idade escolar vai, de manhã, à escola regular e à

tarde beneficia do apoio terapêutico na Instituição em sistema de centro de

recursos.

EQUIPA TÉCNICA:

Educadores

Professores

Psicólogo

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Terapeuta da Fala

Terapeuta Ocupacional

Fisioterapeuta

Técnico de Serviço Social

Médica Pediatra

OUTRO PESSOAL NÃO TÉCNICO:

Auxiliares da Acção Educativa

Cozinheiras

Ajudantes de Cozinha

Motorista

Vigilantes de Carrinha

Auxiliares de Serviço Geral

ÁREAS DE INTERVENÇÃO /SERVIÇOS DISPONÍVEIS:

Ateliers de expressão plástica

Ateliers de cerâmica

Ateliers de trabalhos manuais

Tecnologias da Informação e Comunicação

Actividade Motora Adaptada e Psicomotricidade

Estimulação sensorial – Material Snoezelen

Ludoteca

Centro de Recursos

Sala de Terapia da Fala

Sala de Terapia Ocupacional

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PRINCIPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO:

Trabalho em equipa

Parcerias com outras Instituições (i.e. Faculdade de Motricidade Humana)

Apoio e formação aos pais e comunidade em geral

Consulta de diagnóstico e aconselhamento

Avaliação clinica-pedagógica

Produção de materiais para a DM

Centro de recursos para a produção de informação acerca de DM

Acompanhar as crianças e famílias na procura de locais de integração

com o objectivo de diversificar respostas

O Centro é uma estrutura aberta, virada para o exterior tentando dar uma

resposta complementar à escola regular, e onde a área das Novas

Tecnologias (NT) é privilegiada.

SALAS VISITADAS NA INSTITUIÇÃO

Houve a preocupação de visitar:

A Sala de Psicomotricidade (onde é utilizado a robótica)

A Sala onde estão: a Mesa táctil e Combo 1 e 2

A Sala da Terapia da Fala

Com o objectivo de conhecermos as tecnologias nelas existentes, como

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funcionam, e quais os contributos para o desenvolvimento global da criança com

Necessidades Educativas Especiais (NEE). Este contacto despertou-nos para um

“micromundo” repleto de potencialidades que nos conduziu a uma reflexão e a

uma procura de bibliografia que nos permitisse complementar os nossos

conhecimentos nesta área. Assim este relatório vai descrever o que vimos,

ouvimos e sentimos explicitando os contributos desta visita para o nosso

desenvolvimento pessoal e profissional bem como para uma reflexão exploratória

acerca das tecnologias.

SALA DE PSICOMOTRICIDADE - O Programa Nónio Séc. XXI permitiu a

realização do Projecto “Construindo e Aprendendo” que está a ser desenvolvido

pelo Centro da Ajuda, este tem como preocupação, desenvolver capacidades que

possibilitarão o processo de inclusão. O Programa Nónio veio preencher um vazio

que as Instituições sentiram quando da conclusão do Projecto Minerva em 1994.

Havia técnicos, havia material logo a necessidade de se criarem respostas que

permitissem a continuidade de um trabalho que vinha sendo realizado.

LOGO é uma linguagem construtivista, pois parte de experiências

significativas para a criança, onde prevalece a acção sobre o objecto, através da

manipulação. A aprendizagem, depende pois, das experiências concretas por ela

realizadas e através de uma aprendizagem activa, a criança tem a possibilidade

de testar e validar noções concretas, desenvolvendo assim, a capacidade de

representação mental.

Como metodologia construtivista de ensino/aprendizagem, o computador

tem uma função específica no processo de construção do pensamento. LOGO é

também uma linguagem espacial uma vez que, tal como a criança, parte de

experiências de locomoção e manipulação. A Tartaruga de Solo, surge como um

instrumento de aprendizagem concreta, baseada na experiência e na acção

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sobre os objectos. Partindo da sua própria experiência espacial, a criança pode

mandar a Tartaruga executar o mesmo que ela. É nesta identificação, dos seus

próprios movimentos, com os da Tartaruga, que adquire novo conhecimento.

A Tartaruga assume pois, referências espaciais objectivas, permitindo que

a criança gradualmente se descentre, ou seja, a criança deixa de pensar nas

suas próprias referências, para passar a pensar nas da Tartaruga. O robot

funciona em modo directo, isto é, causa – efeito, o percurso vai-se concretizando

em tempo real. De modo indirecto exige programação da Tartaruga que

armazena uma série de ordens e depois executa-as. Passa pelas fases de:

espaço de acção, espaço de acção – relação com os objectos e relação plano

vertical com plano horizontal.

Neste confronto cognitivo a criança a partir da sua experiência desenvolve

a capacidade de representar mudanças de posição e direcção, na Tartaruga.

A robótica pedagógica proporciona a passagem do concreto para o

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abstracto, isto é, da acção para a representação. Em crianças pequenas e/ou

com necessidades educativas especiais, o domínio dos conceitos no ecrã do

computador torna-se difícil, com a Tartaruga a realidade é mais objectiva e

concreta, pois utiliza o mesmo plano que o da criança, o horizontal.

O ambiente LOGO, tem subjacente os princípios da natureza construtivista

da aprendizagem, partindo do que a criança conhece, como base da relação

objectiva para o novo conhecimento que vai construindo. A criança pode exercitar

conceitos espaciais e corporais, assimilando-os e acomodando-os, criando assim

novos esquemas mentais. Pode ser uma forma de exercitar e treinar o raciocínio,

um meio pelo qual a criança pode comunicar com o mundo dos objectos e das

pessoas, ao mesmo tempo que desenvolve o pensamento.

A criança pode transmitir as suas ideias através do seu próprio corpo, e

nas actividades desenvolvidas com a Tartaruga, tem a possibilidade de

estabelecer a correspondência entre o toque, no teclado do computador, e a

acção da Tartaruga, identificando-se com ela, tornando-se esta, mediadora da

interacção da criança com os outros e com o espaço, contribuindo para o

desenvolvimento dos seus esquemas mentais, uma vez que a Tartaruga imita as

suas acções.

Com a linguagem LOGO, pode dizer-se que a Tartaruga “vê” o

pensamento da criança, quando esta lhe dá uma ordem e ela executa. Uma vez

que o computador exige ordens claras e precisas de todo o processo, a criança é

levada a explicitar as suas ideias, ao mesmo tempo que desenvolve sentimentos

de segurança e autoconfiança, proporcionados pelo “poder” que exerceu sobre a

máquina, elevando naturalmente a auto-estima. A criança sente o seu eu, pois a

Tartaruga concretizou a sua representação mental.

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A Tartaruga move-se no espaço ou no ecrã, como resposta aos comandos

que a criança fornece através do computador, possibilitando que explore

conceitos de diferentes domínios, verificando de imediato, a sua execução, as

suas ideias, os seus conceitos e a identificação de erros. De salientar que

também pode promover e/ou desenvolver a interacção social e a cooperação

entre pares, assim como a relação com outros conhecimentos e com a realidade.

A Tartaruga, reproduz a natureza humana e favorece o pensamento. A criança

aprende a aprender, fazendo.

A pessoa com DM tem, por principio, áreas deficitárias tais como

ansiedade, falta de auto - controlo, dificuldades de equilíbrio, coordenação e

manipulação, problemas de memória, categorização, dificuldades de resolução

de problemas e défice linguistico, assim a Linguagem LOGO tendo como

pressuposto filosófico que o desenvolvimento mental e cognitivo da criança se

processa através da acção sobre os objectos em que a acção antecede e

prepara o conceptual e representativo – aprendizagem activa – pode assumir

uma função supletiva das capacidades afectadas a nível sensorial e motor e

permite uma transferência das aprendizagens da Linguagem LOGO para as

situações reais de vida, facilitando uma relação entre si próprio e o envolvimento

reconhecendo-lhe assim grandes potencialidades educativas.

A SALA DA MESA TÁCTIL E DO COMBO 1 E 2 - A outra sala que visitamos tem

material vindo de Israel através do projecto CIT II do SNR, ao qual a instituição se

candidatou em 1997. Este sistema designa-se Child Ware e é composto por uma

Mesa Táctil com sete teclas gigantes, pelo Combo 1 ou teclado iluminado e pelo

Combo 2 ou teclado de réguas. Estes têm como base o mesmo software mas o

grau de complexidade é maior. Ambos utilizam estímulos visuais e sonoros e

dando indicação de resposta certa ou errada e todos trabalham conceitos. Este

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material permite fazer um trabalho complementar baseado nas aquisições

básicas: cores, formas, associação número/quantidade até aos puzzles que

implicam o raciocínio prático.

As actividades desenvolvidas nesta sala têm relação com as actividades

desenvolvidas na sala da Psicomotricidade e tem como objectivo a transposição

do que se passa no comportamento, em termos virtuais, para o concreto (peças

de puzzle) e o objectivo é transferir as aprendizagens para o dia a dia. Estas

aprendizagens são avaliadas através de grelhas construídas pela educadora,

psicóloga e terapeuta ocupacional.

Referindo-nos ao hardware desta sala pensamos ser demasiado grande/

dispendioso no entanto gostamos muito do software existente (salvaguardando o

facto de ser uma tradução brasileira) mas o nosso país, não sendo produtor

destes materiais leva a dificuldades de adaptação linguistica de vários programas

mais específicos. Com esta limitação parece-nos ser esta a melhor solução.

A SALA DA TERAPIA DA FALA - A visita à sala da Terapia da Fala foi muito

rápida devido à limitação do tempo. No entanto depreende-se que o objectivo é

desenvolver a comunicação como um sistema alternativo/ aumentativo com vista

a dar resposta às crianças com problemas de comunicação ou motores. Esta sala

funciona como um complemento e utiliza estratégias diversificadas. Embora o

material existente fosse bastante interessante, parece-nos que este era

insuficiente para que fosse operacionalizado pelos vários jovens que se

pressupôs o utilizassem, nas rotinas diárias. No entanto enquanto “espaço” de

treino pareceu-nos adequado.

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CONSIDERAÇÕES

Pareceu-nos uma Instituição aberta à comunidade, que valoriza a troca

entre os vários ambientes onde a criança e jovem com DM podem desenvolver

as suas actividades escolares, laborais e de lazer e que se preocupa com a

qualidade de vida dos seus utentes. Pensamos que a melhor maneira de

conhecer uma realidade é contactar directamente com ela, dai o considerarmos

que foi bastante proveitosa esta visita. Lamentamos, no entanto, o facto de esta

ter decorrido durante uma breve manhã. Contudo a curiosidade foi tocada e a

necessidade de saber mais continua premente.

Qualquer outra consideração mais pontual que pudéssemos fazer, teria tido já

uma abordagem posterior a quando da resposta às diversas questões propostas,

que embora não directamente relacionadas com esta visita, nos permitiriam fazer

algumas reflexões sobre a mesma.

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