tecnologias de comunicação e informação na educação (escolar e não escolar) de jovens...

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Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica 1 Bianca Maria Santana de Brito, FE-USP Orientadora: Maria Clara Di Pierro, FE-USP Agência financiadora: Fapesp A última Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (Confintea VI, 2009) reiterou a aprendizagem ao longo da vida como o marco filosófico e conceitual da educação de jovens e adultos (EJA). Desde a Declaração de Hamburgo (1997), que proclamou tal marco, um consenso em torno deste paradigma foi construído em todo o mundo. Diversos especialistas têm afirmado que a aprendizagem ao longo da vida é fator de desenvolvimento individual, direito de cidadania e meio para a participação na transformação da sociedade (Di Pierro; Torres; Flecha e Elboj). Segundo Di Pierro (2005), “A educação capaz de responder a esse desafio não é aquela voltada  para as carências e o passado (tal qual a tradição do ensino supletivo),  mas aquela que, reconhecendo nos jovens e adultos sujeitos plenos de direito e de cultura, pergunta quais são suas necessidades de aprendizagem no presente, para que possam transformá-lo coletivamente” (p. 1120). Uma necessidade de aprendizagem no presente, reconhecida por ativistas, acadêmicos e governos, diz respeito às tecnologias de informação e comunicação (TICs). Parte da argumentação para tal necessidade está baseada na urgência de superação da chamada exclusão digital. Segundo o sociólogo Sergio Amadeu da Silveira (2008, p.43), “A idéia de exclusão foi introduzida na Sociedade da Informação para denunciar os processos que impedem a maioria da população de acessar a comunicação mediada por computador, ou seja, de acessar as redes comunicacionais”. Para o pesquisador, a exclusão digital impede a inclusão social, já que a maior parte dos fluxos de informação da sociedade – sejam eles econômicos, governamentais ou culturais – tem acontecido na rede mundial de computadores (2001). Outros argumentos  recorrentes para a importância das TICs na educação de jovens e adultos foram delineados já na Declaração de Hamburgo (Confintea, 1997), que defendia que as TICs deveriam promover, na educação de adultos, uma comunicação interativa; uma maior compreensão e cooperação entre povos e culturas; a difusão de filosofias, criações culturais e modos de vida; o 1 Esta revisão bibliográfica é parte da pesquisa “Tecnologias de informação e comunicação na Educação de Jovens e Adultos: quem usa, a favor de quem e para quê?”, em andamento no programa de Mestrado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). 1 1

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Trabalho apresentado no Congresso Internacional da Cátedra Unesco de Educação de Jovens e Adultos, em João Pessoa, na Paraíba, em julho de 2010.

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Page 1: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação  (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica1

Bianca Maria Santana de Brito, FE­USP

Orientadora: Maria Clara Di Pierro, FE­USP

Agência financiadora: Fapesp

A   última  Conferência   Internacional   sobre   Educação   de   Adultos   (Confintea   VI,   2009) 

reiterou a aprendizagem ao longo da vida como o marco filosófico e conceitual da educação de 

jovens e adultos (EJA). Desde a Declaração de Hamburgo (1997), que proclamou tal marco, um 

consenso em torno deste paradigma foi construído em todo o mundo. Diversos especialistas têm 

afirmado que a aprendizagem ao longo da vida é fator de desenvolvimento individual, direito de 

cidadania e meio para a participação na transformação da sociedade (Di Pierro; Torres; Flecha e 

Elboj). Segundo Di Pierro (2005), “A educação capaz de responder a esse desafio não é aquela 

voltada   para as carências e o passado (tal qual a tradição do ensino supletivo),   mas aquela que, 

reconhecendo nos jovens e adultos sujeitos plenos de direito e de cultura, pergunta quais são suas 

necessidades   de   aprendizagem  no   presente,   para   que   possam   transformá­lo   coletivamente”   (p. 

1120). 

Uma necessidade  de  aprendizagem no presente,   reconhecida  por  ativistas,  acadêmicos  e 

governos, diz respeito às tecnologias de informação e comunicação (TICs). Parte da argumentação 

para tal necessidade está baseada na urgência de superação da chamada exclusão digital. Segundo o 

sociólogo   Sergio   Amadeu   da   Silveira   (2008,   p.43),   “A   idéia   de   exclusão   foi   introduzida   na 

Sociedade da Informação para denunciar os processos que impedem a maioria da população de 

acessar a comunicação mediada por computador, ou seja, de acessar as redes comunicacionais”. 

Para o pesquisador, a exclusão digital impede a inclusão social, já que a maior parte dos fluxos de 

informação da sociedade – sejam eles econômicos, governamentais ou culturais – tem acontecido na 

rede mundial de computadores (2001). 

Outros argumentos  recorrentes para a importância das TICs na educação de jovens e adultos 

foram delineados   já  na  Declaração de  Hamburgo  (Confintea,  1997),  que defendia  que as  TICs 

deveriam promover, na educação de adultos, uma comunicação interativa; uma maior compreensão 

e cooperação entre povos e culturas; a difusão de filosofias, criações culturais e modos de vida; o 

1  Esta  revisão bibliográfica é  parte  da pesquisa “Tecnologias de informação e comunicação na Educação  de   Jovens   e  Adultos:   quem  usa,   a   favor   de  quem  e   para   quê?”,   em  andamento   no programa de Mestrado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE­USP).

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acesso à  educação a distância;  a  exploração de novas  modalidades  de aprendizado;  o  exercício 

crítico   a   partir   de   análises   dos   meios   de   comunicação,   a   divulgação   de   material   didático,   a 

promoção do uso legal de propriedade intelectual e o reforço a bibliotecas e instituições culturais.

As   TICs   estão   presentes   nas   práticas   educativas   da   EJA,   sejam   elas   escolares   ou   não 

escolares. Sergio Haddad propõe uma diferenciação entre as práticas: “Uma [escolar] trata de todo 

processo educativo institucionalizado, graduado em séries, hierarquizado. Outra [não escolar], que 

ocorre   fora   deste   marco   oficial,   pode   ter   como   características,   desde   práticas   formalmente 

organizadas   e   sistemáticas   até   processos   informais  de  ensino  e  aprendizagem.  A  somatória  do 

escolar com o não escolar constituiria o universo da educação”  (2009, p. 4).

A  presença  das  TICs  na  EJA,   dentro   e   fora   das   escolas,   tem  sido  objeto  da  produção 

acadêmica brasileira. Tal produção é recente e pouco conhecida, e este são os principais motivos 

para  a  presente   revisão.  A maioria  dos  vinte  e  nove estudos  aqui   relatados  –  nove artigos,  17 

dissertações  de  mestrado e   três   teses  de doutorado – afirma  tal  dificuldade como motivação e 

obstáculo na realização da pesquisa. 

De   março   de   2008   a   março   de   2010   foram   pesquisadas   referências   que   tratassem   da 

intersecção entre TICs e EJA de maneira pouco sistematizada: buscas no Google, em periódicos 

acadêmicos, em bancos de teses e bibliotecas de universidades. Entre o final do mês de março e o 

início de junho de 2010 foi feito um levantamento mais rigoroso: 13 palavras­chave em cinco bases 

de dados.

O Banco de Teses Capes2 foi o ambiente central para a localização de teses e dissertações. 

Ainda que alguns dos trabalhos completos não estivessem publicados no portal, as indicações de 

título, autoria e instituição de defesa permitiram a localização  da maior parte dos trabalhos nos 

bancos   de   cada   universidade,   em   plataformas   diversas,   ou   no   pedido   direito   a   pesquisadores, 

orientadores ou professores das universidades onde foram defendidos.  Os oito trabalhos que não 

puderam ser encontrados por nenhum destes caminhos não foram analisados nesta revisão, mas suas 

referências   aparecem   citadas   como   anexo.   O   portal   Domínio   Público3,   a   Biblioteca   Digital 

Brasileira de Teses e Dissertações4, o Scielo (Scientific Electronic Library Online)5  e o buscador 

2 http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/

3 www.dominiopublico.gov.br/ 

4 http://bdtd.ibict.br/

5 http://www.scielo.org

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Google Acadêmico6 foram as outras portas para a localização de artigos, dissertações e teses.

A   partir   dos   trabalhos   encontrados   na   primeira   pesquisa,   pouco   sistematizada,   foram 

selecionadas  as  13 palavras­chave que  orientaram a  busca   final:  educação de   jovens  e  adultos, 

tecnologias   da   informação   e   comunicação,   tecnologias   educacionais,   tecnologias   digitais, 

informática   educativa,   uso   de   computadores   na   educação,   inclusão   digital,   letramento   digital, 

alfabetização   digital,   cultura   digital,   alfabetização,   educação   a   distância,   ambientes   virtuais   de 

aprendizagem.

A produção   encontrada  é   recente,   publicada,   com uma  exceção,   entre   2001   e  2009.  A 

exceção   diz   respeito   a   uma   dissertação   de   mestrado   publicada   na   Universidade   Estadual   de 

Campinas   (UNICAMP)   em   1996.   Os   gráficos   abaixo   permitem   visualizar   a   distribuição  de 

publicações ao longo do período:  

6 scholar.google.com.br/

33

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090

1

2

3

Quantidade de Artigos X Ano de Publicação

Quantidade de artigos

1996 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009012345678

Quantidade de Dissertações X Ano de Defesa

Quantidade de Dissertações

Page 4: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

Pela quantidade de trabalhos publicados, é possível afirmar que a Pontifícia Universidade 

Católica de São Paulo é o principal centro de produção na temática.  Dos 29 trabalhos, seis foram 

produzidos lá. O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET – MG) também 

sediou   boa   parte   da   produção   nacional;   assim   como   a   UFRS.  Os   trabalhos,   em   geral,   foram 

produzidos de modo disperso em todas as regiões do país, conforme permite visualizar o gráfico 

abaixo:

44

1996 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090123456789

10

Quantidade de Estudos (artigos, dissertações e teses) X

Ano de Publicação/Defesa

Quantidade de Estudos (artigos, dissertações e teses)

2004 20090

1

2

3

Quantidade de Teses X Ano de Defesa

Quantidade de Teses

Page 5: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

Aparentemente,  não  há   abordagens   teóricas   conflitantes  nos   trabalhos  analisados.  Paulo 

Freire é   referencial  teórico de 17 dos 29 estudos; Pierre Levy, de 13; e Manuel Castells de 12. 

Seymour Papert, Sergio Amadeu da Silveira ­ que tratam das TICs ­ , e Sergio Haddad, que estuda a 

EJA, aparecem com muita frequência. A tabela anexada mostra as principais referências de todos os 

trabalhos analisados, mas os gráficos abaixo indicam um panorama:

55

PUC-

SP

CEFET

-MG

UFRS

UEM

PUC-R

SUFS

C

Unica

mpUFP

RUFA

P

UFMG

UFRJ

Ufsca

r

UFT-P

RUfb

aUSP

UFJF-M

G0

1

2

3

4

5

6

7

Publicações x Universidade

Total de estudosArtigosDissertaçoesTeses

Quanti

dade d

e P

ublicações

Haddad Di Pierro Beisiegel0

1

2

3

4

5

6

7

Autores mais utilizados para tratar da EJA

Total de estudosArtigosDissertaçoesTeses

Qu

an

tid

ad

e d

e P

ub

lica

ções

Page 6: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

A leitura  integral de todos os  trabalhos possibilitou abstrair  categorias de abordagem  da 

temática.  Quatro   grandes   grupos   podem   ser   observados:   o   que   aborda   a   tecnologia   como 

ferramenta pedagógica na escola;  o que investiga  significados  das  tecnologias na EJA; o  que 

realiza uma  sistematização de práticas escolares; o que faz a  sistematização de práticas não­

escolares. Tais categorias permitem identificar semelhanças e diferenças gerais no tratamento do 

tema, mas não se detêm às especificidades de cada estudo. Curiosamente, as abordagens não estão 

relacionadas aos centros de produção do estudo, aos períodos de publicação dos mesmos, nem aos 

principais referenciais teóricos. Uma quinta categoria – prescrições e políticas públicas – teve só 

um trabalho publicado no período aqui investigado: a tese de doutorado de Franco (2009).

Mônica Gardelli Franco procura, nas recomendações da UNESCO, quais seriam as diretrizes 

para elaboração,  a  consolidação e o  aperfeiçoamento de políticas públicas  que pressuponham a 

integração das tecnologias de comunicação e informação em propostas de alfabetização de jovens e 

66

Levy

Cast

ells

Pape

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Silv

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Vale

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Sorj

Taka

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Negro

pont

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2

4

6

8

10

12

14

Autores mais utilizados para tratar das TICs

Total de estudosArtigosDissertaçoesTeses

Quanti

dade d

e P

ublicações

Freire Gadotti Fernado Almeida

Vigostky02468

1012141618

Autores mais utilizados para tratar das TICs na EJA

Total de estudosArtigosDissertaçoesTeses

Quanti

dade d

e P

ublicações

Page 7: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

adultos.

TICs como ferramentas pedagógicas na educação escolar de jovens e adultos

Dos vinte e nove estudos aqui analisados, oito apresentam uma abordagem das TICs como 

ferramenta. Um artigo (ALMEIDA, 2008) apresenta a implantação de um software específico como 

ferramenta de apoio à aprendizagem a distância, mas é o único desse tipo. Os outro sete estudos 

analisam experiências de TICs em salas de EJA de maneira mais ampla, com a perspectiva de que 

elas são ferramentas para alcançar determinado objetivo.

Barleta et all (2006) partem do pressuposto de que as tecnologias são ferramentas para novas 

práticas   pedagógicas,   para   tanto,   o   professor   precisaria  “adequar­se   a   tais   recursos   e   ao 

pensamento, ao gosto, à curiosidade do educando da EJA” (p. 2). O artigo aponta o desafio de se 

encontrar   e   recriar   metodologias   –   utilizando   as   TICs   como   ferramenta   ­   para   viabilizar   o 

aprendizado na EJA. A tese de doutoramento de Ana Chiummo (2004) pretende, exatamente, propor 

tal metodologia “a fim de levá­los ao exercício da cidadania, ampliar as possibilidades de inclusão 

no mundo do trabalho e vivenciar com os alunos a importância crítica que a alfabetização pode ter  

na vida cotidiana” (p. 11). 

O estudo mais  antigo  encontrado sobre a   temática,  a  dissertação de mestrado de  Braga 

(1996), conclui que o acesso a computadores poderia ressignificar a escola. As tecnologias seriam, 

portanto, ferramentas de ressignificação. Em artigo publicado nove anos depois, em 2005, Cruz et 

all   afirmam   que   as   tecnologias   são   ferramentas   para   dinamizar   práticas   de   leitura   e   escrita, 

aumentar a frequência escolar e despertar o interesse por  “outras possibilidades oferecidas pela  

informática” (p. 126).

No artigo publicado em 2005, Costa e all sustentam a hipótese de que “o uso do computador  

facilita e melhora a avaliação diagnóstica, contribui na construção da auto­estima e é um passo na  

inclusão social de jovens e adultos com baixa escolarização” (p. 1). Afirmam que o digital pode ser 

importante   ferramenta  para   a   formação  de  professores.  Sob  a  mesma perspectiva,  Negri   et   all 

(2008), em seu artigo, afirmam que o computador ajuda na alfabetização de quem tem dificuldade 

em   coordenação   motora   e   convidam   outros   pesquisadores   a   continuar   a   registrar   as   novas 

possibilidades que as TICs oferecem.

Além de apontar as TICs como ferramentas importantes para a alfabetização de jovens e 

adultos, Franco, no artigo publicado em 2003, afirma que o uso das TICs não é mais uma opção, 

mas   sim  uma  necessidade.  O  uso  do   computador   na  EJA  ajudaria   educadores   e   educandos   a 

debaterem a presença das tecnologias no mundo contemporâneo e habilitaria os jovens e adultos a 

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lidarem   com   caixas   eletrônicos,   painéis   e   urnas   eletrônicas,   e   quaisquer   outros  artefatos 

tecnológicos  presentes   em seu   cotidiano.  O  computador  nas   escolas,   para   a   pesquisadora,   são 

ferramentas também para a chamada inclusão digital, definida como “tocar com a ponta dos dedos 

o universo de informação e poder acessível a partir da teleinformática” (p. 218).

A dissertação de mestrado de Hidalgo (2007) trata as TICs como ferramentas importantes 

para   o   mundo   do   trabalho.   Ao   afirmar   sua   “esperança   no   computador”  a   autora   coloca   a 

necessidade de investimentos do Estado na adoção das TICs como ferramentas para o exercício da 

cidadania, a auto­estima dos estudantes e a qualificação do trabalhador.

Nos estudos,  aqui  analisados,  que abordaram as TICs como ferramentas  pedagógicas na 

escola, as tecnologias são tratadas de maneira extremamente otimista e sem criticidade. É como se, 

naturalmente, a utilização de determinada ferramenta gerasse os benefícios a ela relacionados. 

Significados das TICs na EJA

Cinco  dissertações  de  mestrado  buscam  investigar  os   significados  e  os   sentidos  que  as 

tecnologias podem ter para os sujeitos da EJA. O trabalho de Alves (2001) discute os sentidos na 

escrita digital: “o foco é o sentido atribuído à tecnologia, não a tecnologia em si”. Na maioria dos 

trabalhos   com   esta   abordagem,   a   tecnologia   não   é   considerada   naturalmente   positiva.   Ainda 

segundo Alves,  a tecnologia não é um bem nem um mal em si e o simples acesso a ela não tem 

significado;  a   relação dialógica  que se estabelece com os  sujeitos  é  que  importa.  A partir  dos 

sentidos que educandos da EJA atribuem à escrita digital o autor vislumbra novas formas de escrita.

Fernandes (2005) investiga que sentidos educandos da EJA, de um turma do MOVA, na zona 

leste de São Paulo atribuem à presença dos computadores. Fernandes chama a atenção para o fato 

de que, se for utilizado em uma atividade isolada, o computador pode ajudar a treinar habilidades 

motoras, a ensinar a operar máquinas, mas não prepara para a cidadania nem para o mercado de 

trabalho.  Ao investigar o que educandos do MOVA dizem sobre o uso do computador, Gonçalves 

(2007), em sua dissertação de mestrado, tinha o objetivo de analisar as contribuições da utilização 

do computador na EJA. A pesquisadora constatou benefícios na aquisição da leitura e da escrita, e a 

possibilidade de emancipação, ainda que inicial, na Sociedade da Informação. 

Nápoles (2008), além de pesquisar o sentido que educandos da EJA atribuem aos usos das 

tecnologias, observa os sentidos atribuídos por educadores.  Afirma que as tecnologias podem ser 

úteis tanto ao aprendizado de gestão de informações e tomada de decisões, quanto para lidar com a 

falta de material didático específico para a EJA, pelo aumento da possibilidade de acesso a diversas 

informações e conteúdos. A pesquisadora conclui que há uma lacuna entre propostas acadêmicas 

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para as tecnologias e o que se observa na prática escolar, e que o computador e as tecnologias 

dependem do professor para serem eficientes.

Angela   Aita   Fraqueli,   nas   ciências   biológicas   –   defendeu   seu   mestrado   na   área   de 

gerontologia  biomédica,  percebe  os   sentidos  que   idosos  atribuíram à   sua  participação  em uma 

oficina de inclusão digital. A partir de tais sentidos, a pesquisadora trata da auto­estima, da auto­

imagem e da qualidade de vida dos sujeitos. Abordando a educação permanente como direito de 

todas as pessoas, Fraqueli aponta que a educação continuada exerce grande influência para uma 

velhice bem sucedida. 

Sistematização de práticas escolares

Dois artigos e três dissertações de mestrado apresentam retratos de como as  tecnologias 

estão vinculadas à EJA em ambientes de escolarização específicos. Bovo relata no artigo publicado 

em 2001 sua experiência com o uso dos computadores. A partir do relato de sua experiência afirma 

que   “o  computador   pareceu   ser   um   vínculo   com   a   escola,   estímulo   à   frequência   escolar   e  

motivação para os estudos” (p. 108).

Brasileiro (2002), antes de iniciar a descrição da prática que observou em Belo Horizonte, 

afirma que a tecnologia pode ser usada para a opressão ou a libertação. Afirma que a tentativa de 

discutir e incorporar tecnologias não pressupõe uma aceitação acrítica delas.

Na dissertação de mestrado publicada em 2008, Cruz apresenta o caso de uma escola da rede 

privada de Belo Horizonte.  Conclui que a capacitação, a sensibilização e os contratos de trabalho 

que assegurem a formação continuada de docentes são necessários para usos da tecnologia que 

permitam uma educação libertadora. De todos os trabalhos aqui analisados, o de Cruz é o único que 

apresenta   um   levantamento   bibliográfico   das   produções   sobre   TICs   e   EJA,   de   2001   a   2005. 

Diagnostica,  com seu levantamento, que os projetos de usos de tecnologia têm se caracterizado 

como elitistas/excludentes, tecnocráticos, paralelos e autoritários. Também quantifica que menos de 

1% dos trabalhos apresentados nos periódicos e principais congressos da área de EJA tratam da 

temática.

Gontijo observa o uso das TICs numa escola pública de Belo Horizonte e afirma que  a 

formação para o uso das TICs e o próprio uso dessas tecnologias pelos alunos e professores da EJA 

dependem de   iniciativas  particulares   e  ocorrem em condições  bastante   contraditórias.  No caso 

retratado por ela, alguns sujeitos emergiram como líderes conduzindo o entusiasmos de educandos e 

educadores para os usos das TICs. A conclusão é que “o uso das TICs na escola está circunscrito à  

cultura que está sendo gestada no interior desse processo” (p. 158). 

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Sistematização de práticas não­escolares

Amaleide Lima Santos, em sua dissertação de mestrado, se baseia na narrativa de vida de 

profissionais da indústria da construção civil para apresentar o retrato de uma sala de EJA em um 

canteiro de obras. Santos afirma que, antes de serem técnicas, as tecnologias são concebidas com 

intenções de mercado,  de classes e  ideologias.  Isso ficou claro para a pesquisadora depois que 

alguns educandos afirmaram que o digital deveria ser algo que não demandasse requisitos de leitura, 

mas  estivesse em formatos  simbólicos  e  expressões   iconográficas,  para  que  eles  as  utilizassem 

apenas com um tocar do dedo. 

A mesma dificuldade de decodificação foi observada na pesquisa de Iva Santos sobre o 

letramento digital de analfabetos. Em seu mestrado, Santos trabalhou a alfabetização e a apropriação 

de tecnologias digitais – por 20 horas – com duas mulheres analfabetas moradoras da periferia de 

Campinas. Relata a pesquisadora: “Pôde­se  observar, diante das dificuldades apresentadas pelas  

participantes, que o suporte dado pela linguagem metafórica apresentada pelos ícones e legendas  

nem sempre possibilitou um sentido adequado às  suas   funções,  como também se apresenta de  

forma distante de suas realidades” (p. 13).

A ideia que norteou a pesquisa é que ao iniciar o uso – e consequente apropriação das TICS 

– pessoas analfabetas aprenderiam a ler e a escrever. Apesar de não apresentar uma resposta a tal 

pergunta, a pesquisadora relata o processo pelo qual passaram os sujeitos e encontrou pistas do que 

é  necessário para que sua hipótese possa ser confirmada: mediação  por meio de perguntas que 

incitavam a descoberta;  acesso a conexão e softwares em língua portuguesa; escolha dos sites de 

acordo com os interesses das participantes; leitura e escrita por meio do software, das páginas e do 

uso do correio eletrônico; e interesse significativo do alfabetizando.

Em artigo publicado em 2009, Daliana Antonio identifica os usos que jovens de classes 

populares   fazem do computador  e  da   internet  em uma  lanhouse.   Identifica,  prioritariamente,  a 

comunicação por  comunicadores  instantâneos,  como o MSN, e redes sociais,  como o Orkut.  A 

pesquisadora relata as dificuldades financeiras que não permitiam aos usuários tempo suficiente 

utilizando o computador para realizar o que gostariam. A convivência entre os jovens na lanhouse 

pesquisada mostrou­se como importante fator de sociabilidade e solidariedade para o aprendizado 

entre pares. 

A maneira como idosos utilizam os computadores foi explorada nas dissertações de Lempke 

(2009) e Silva (2007). Lempke observou que idosos aprenderam a utilizar recursos da informática 

em um programa de inclusão digital, principalmente quando auxiliados por mediadores. Ela observa 

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que, dentre as possibilidades educativas ofertadas hoje a idosos, os cursos de informática são das 

mais procuradas. Citando outras pesquisas a autora afirma que “as principais motivações que levam 

os idosos a procurarem   os cursos de informática são: o desejo de aprender mais ou continuar  

aprendendo para não  serem excluídos por não falarem e entenderem a linguagem das tecnologias;  

superar as  dificuldades e dominar o computador; melhorar a relação familiar, intergeracional; e  

realizar­ se pessoalmente, aumentando a auto­estima” (p. 31).  

Dahmer   (2006)   e   Silva   (2009)   relacionam   as   transformações   do   mundo   de   trabalho   à 

inclusão digital. A primeira investiga em que medida a formação básica nas TICS gera condições de 

acesso   ao  mercado  de   trabalho.  A   segunda,   a   partir   da  mecanização  da   agricultura,   realiza   e 

investiga práticas de inclusão digital  com trabalhadores rurais. Dahmer observa que as políticas 

públicas de inclusão digital têm sido apontadas como possibilidades para combater o desemprego, 

mas nas práticas  de uma ONG, em Florianópolis,   identificou que a aprendizagem de manusear 

ferramentas “como Word, Excel,  Power Point” não garante inserção no mercado de trabalho. A 

pesquisadora não desconsidera, ainda assim, a importância de projetos de inclusão digital. 

Já   a   tese   de  doutoramento  de  Mauren  Porciuncula  da  Silva,   a  partir  do   surgimento  da 

Agroinformática,   investiga   como   produtores   rurais   podem   ser   incluídos   digitalmente,   e   que 

intervenções   metodológicas   seriam   efetivas   para   a   construção   de   habilidades   e   competências 

digitais. Para tanto, testou intervenções metodológicas de 40 horas e de 32 horas presenciais. Mais 

que focar em resultados pré­determinados, a pesquisadora se debruçou em analisar os processos 

individuais percorridos por cada um dos sujeitos: “o novo conhecimento pode ser muito avançado 

para um e muito restrito para o outro, dependendo do nível de desenvolvimento do sujeito, da sua 

situação sócio­histórica e da natureza de seus saberes e fazeres”.  O resultado positivo comum aos 

que participaram da pesquisa, ressaltado por ela, foi o início de um processo de desenvolvimento na 

construção de novos conhecimentos. 

A dissertação de mestrado de Matsuda (2008) apresenta o estudo de caso de um telecentro 

na periferia de São Paulo. Além de descrever as práticas do lugar, a pesquisadora analisa se ele pode 

ser compreendido como espaço de educação social por identificar dois tipos de aprendizagem: de 

informática e de relações sociais. A conclusão é de que as atividades no telecentro melhoram a 

utilização dos recursos tecnológicos, mas que um projeto político­pedagógico otimizaria as ações 

desenvolvidas no lugar como espaço de educação social. 

As dissertações de Lima (2005) e Sclaco (2008) retratam práticas juvenis em ambientes de 

inclusão digital.  Lima faz uma pesquisa participante em dois telecentros da cidade de São Paulo 

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onde desenvolveu oficinas com jovens. Ela analisa os dados coletados em campo utilizando três 

categorias   definidas   previamente:   cidadania,   participação   e   fluência   tecnológica.   Apesar   de 

perceber   um   desenvolvimento   nas   habilidades   dos   jovens   que   participaram   da   pesquisa,   a 

pesquisadora afirmou que "brechas continuaram a existir" depois da experiência. Sclaco, na área da 

antropologia social, faz um estudo etnográfico com jovens de classes populares que frequentam um 

projeto de inclusão digital na cidade de Porto Alegre. O objetivo, alcançado, da pesquisadora, era 

rmostrar a maneira como os jovens usam, interpretam e reinterpretam os saberes adquiridos a partir 

dos cursos realizados. 

Problematizando as abordagens

A maioria dos 29 trabalhos aqui analisados, independentemente da abordagem, segue um 

padrão: pesquisa empírica em salas de aulas de EJA (dos 29, somente 11 analisam práticas não 

escolares). Paulo Freire é o referencial mais presente; Castells e Pierre Levy são frequentemente 

citados para tratar das TICs, Haddad para tratar da EJA. A principal diferença entre as abordagens é 

a naturalização das tecnologias como algo positivo e a falta de criticidade no tratamento do tema, 

presente nos trabalhos que tratam as TICs como ferramentas.

A abordagem dos sentidos atribuídos por educandos e educadores à TIC na EJA difere das 

sistematizações de práticas escolares e não escolares – mais centradas no olhar no pesquisador para 

o quadro. Mas ao longo dos textos e nas conclusões, tais abordagens não são muito diferentes: a 

maioria deles problematiza as tecnologias e atenta para o fato de que as TICs não são boas nem 

ruins   a   princípio.   Apesar   da   não­naturalização   das   TICs,   os   trabalhos   não   se   preocupam   em 

aprofundar   os   conflitos   inerentes   às   tecnologias.   A   exceção,   em   alguma   medida,   vai   para   a 

dissertação   de   Santos,  que   menciona   “intenções   de   mercado,   classe   e   ideologia”  que   dão   às 

tecnologias algumas características. O embate entre os que defendem o software livre e as empresas 

dos   software  proprietários,   por   exemplo,   que  ganhou   força  no  Brasil   a   partir   de  2003,   não  é 

destacado em nenhum dos trabalhos. É curioso que Sergio Amadeu da Silveira, que produz sobre 

esse tema 7, seja referência em alguns dos estudos e, ainda assim, tal questão não apareça. 

A maioria dos trabalhos considera que o simples acesso a máquinas e à conexão não  tem 

significado ao se tratar das TICs na EJA. O principal entusiasta desta corrente, Mark Warshauer 

(2006),   afirma   que   o   simples   acesso   nada   significa;   mas   o   primeiro   passo   é   o   acesso   ­ 

necessariamente. Nenhum trabalho menciona a dificuldade de conexão à internet rápida na maior 

7 As obras de Silveira que tratam desta questão e são citadas nos trabalhos são: Exclusão digital: a miséria na era da  

informação. São Paulo: Perseu Abramo, 2001 e Software Livre: a luta pela liberdade do conhecimento. São Paulo: 

Perseu Abramo, 2003.

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parte do país, os preços abusivos pagos por conexão, e a atual discussão sobre o Plano Nacional de 

Banca Larga8. 

As   polêmicas   propostas   de   controle   da   internet   também   são   ignoradas   por   todos   os 

trabalhos.  Países como a Espanha e a França têm lidado com leis  que restringem o acesso das 

pessoas à rede mundial de computadores. No Brasil, entre 2008 e 2009, ficou famosa a proposta de 

“lei Azeredo”, ou o “AI­5 Digital”9 que também ia contra o princípio de neutralidade de pacotes na 

rede. 

Uma das principais características da expansão das TICs, da chamada cibercultura, segundo 

André Lemos (2005), é a cultura do remix. A antiga prática do “copiar e colar” é potencializada 

pelas ferramentas digitais e é  uma das principais  causas da riqueza de conteúdos que podemos 

encontrar   online.   A   cultura   do   remix   esbarra,   diretamente,   nas   leis   de   restrição   do   acesso   à 

informação. A Lei Brasileira de Direito Autoral, por exemplo, é considerada das mais restritivas do 

mundo no que diz respeito ao acesso ao conhecimento. Tal lei está sendo debatida pelo Ministério 

da Cultura e diversas entidades da sociedade civil desde 2007, e a consulta pública ao novo projeto 

de lei foi lançada no último 14 de junho. Nem a cultura do remix, nem a legislação de direitos 

autorais são mencionadas nos estudos aqui analisados.

E, ainda mais importante que todas essas questões, como as TICs e a arquitetura distribuída 

da internet inspiram novas práticas educativas? Os trabalhos de Barletta et all, Chiummo e Nápoles 

passam  por   estes   questionamentos,   ainda  que  de  maneira   sutil.  A  possibilidade  de  publicar   e 

distribuir informações, como sugere Nápoles, seria uma interessante possibilidade de criar materiais 

didáticos específicos para a EJA. A também atual discussão sobre os recursos educacionais abertos 

– publicação de conteúdos para a educação acessível a todas as pessoas – está diretamente ligada a 

esta questão.

As   questões   não   exploradas,   nem   sequer   mencionadas,   em   nenhum   dos   estudos   aqui 

8 Desde 2007 o governo federal debate sobre a necessidade de levar conexão de banda larga a todos os municípios do 

país a preços acessíveis à população de baixa renda. Estão em disputa três diferentes modelos para concretizar o 

plano:  o  estatal,  o  privado  e  o  misto.  Fonte:  http://info.abril.com.br/noticias/tecnologia­pessoal/o­que­e­o­plano­

nacional­de­banda­larga­26112009­35.shl

9 O substitutivo ao projeto de lei sobre crimes digitais no Brasil causa polêmica, desde 2008 entre os que querem 

todas as medidas para combater crimes cibernéticos e os que defendem a liberdade de expressão na rede mundial de 

computadores. Um abaixo­assinado virtual recolheu mais de 150 mil assinaturas contra o projeto de lei, que está 

parado   na   Câmara   Federal   desde   julho   de   2009,   quando   o   presidente   Luis   Inácio   Lula   da   Silva   declarou 

publicamente que o projeto legalizava a censura.

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analisados,  deixam clara   a   lacuna  de  conhecimentos  na   temática   a   ser  preenchida  por   estudos 

futuros.  Seria   interessante   investigar   se   a   arquitetura   distribuída  de   rede  –   em que   cada  nó  é 

potencialmente receptor e transmissor de informação ­ permite repensar a construção do currículo 

na EJA. Pensando em espaços não escolares como telecentros, ongs e centros de cultura, caberia 

investigar   se  há  diferenças  nos  usos  das  TICs nestes  espaços  e  nas  escolas.   Investigar  como a 

tecnologia está  – ou não – relacionada aos principais  desafios enfrentados pela  escola,  como a 

evasão, a distância da escola do mundo da vida e do mundo do trabalho e a necessidade de jornadas 

compatíveis   com   os   modos   de   vidas   dos   educandos   são   problemas   de   pesquisa   que,   quando 

enfrentados, poderão contribuir muito com a compreensão da intersecção da educação escolar de 

jovens e adultos com as tecnologias digitais. 

Referências bibliográficas

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http://www.cefetop.edu.br/codajoia/proeja­programa­nacional­de­integracao­da­educacao­

profissional­com­a­educacao­basica­na­modalidade­de­educacao­de­jovens­e­

adultos/VConfintea_Hamburgo_1997.pdf/at_download/file

CONFINTEA VI. Aprovechar el poder y el potencial del aprendizaje y la educación de adultos 

para   un   futuro   viable   :   marco   de   acción   de   Belém  ,   2009.   Disponível   em: 

http://forumeja.org.br/files/Belem_Final_es.pdf

DI PIERRO, Maria Clara (coord). Alfabetização de jovens e adultos no Brasil: lições da prática. 

Brasília: UNESCO, 2008.

____________________.    Notas   sobre   a   redefinição  da   identidade  e  das  políticas   públicas   de 

educação de jovens e adultos. Educação & Sociedade, Campinas, vol. 26, n. 92, p. 1115­1139, 

Especial ­ Out. 2005. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br> 

FLECHA,  Ramon.  ELBOJ,  Carmen.  La  Educación  de  Personas  Adultas   en   la   sociedad  de   la 

información.  Revista   de   Educación   XXI,   2000.   Disponível   em: 

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HADDAD, Sergio. Apresentação.   Revista e­curriculum. Pontifícia Universidade Católica de São 

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LEMOS, André.  Ciber­cultura­remix. Artigo apresentado no seminário “Sentidos e Processos” 

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Page 15: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

dentro   da   mostra   Cinético   Digital’,   no   Centro   Itaú   Cultural,   2005.   Disponível   em: 

www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/   andrelemos   /  remix   .pdf   

SILVEIRA,  Sergio  Amadeu  da.  A noção  de   exclusão  digital  diante  das   exigências  de  uma 

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Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.

TORRES, Rosa María. Aprendizaje ao largo de toda la vida: un nuevo momento y uma nueva 

oportunidad para el aprendizaje y la educación básica de las personas adultas (AEBA) en el 

Sur.  Quito­Buenos Aires, Instituto Fronesis, 2002.

WARSCHAUER, Mark. Tecnologia e Inclusão Social: a exclusão digital em debate. São Paulo: 

Senac, 2006.

ANEXOS

1. Trabalhos analisados

Artigos

nº Referência bibliográfica local data referências abordagem

1 ALMEIDA.   Maria   Vandete.   A   Implementação   do 

Ambiente Moodle na Educação de Jovens e Adultos a 

Distância. Revista Tecnologia na Educação, nº 1, ano 

1, 2008. 

UEM­PR 2008  ­­­­­ ferramenta

2 ANTONIO. Daliana Cristina de Lima.  RAPCHAN. 

Eliane  Sebeika.       Educação e   Inclusão Digital:  os    

usos do computador e dainternet numa lanhouse 

de   um   bairro   de   Maringá­Paraná.     Trabalho    

apresentado   no   VII   Encontro   de   Pesquisa   em 

Educaçao e Ciência, 2009. 

Universida

de Estadual 

de Maringá 

­ PR

2009 Castells,   Levy, 

Valente, Papert

sistematização 

de   práticas 

escolares

3 BARLETA,   Ilma.  COSTA,   Jesuíta.  COSTA,  Kátia. 

FERREIRA,   Leila.   GUIMARÃES,   Andréa. 

Tecnologia   como   mediação   do   processo   ensino­

aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos. 16º 

Congresso de Leitura do Brasil, 2007. 

UNIFAP 2006 Freire ferramenta

4 BOVO,   Vanilda   G.   O   uso   do   computador   na  UFSC 2001 Freire sistematização 

11

Page 16: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

Educação de Jovens e Adultos. Rev. PEC, Curitiba, 

v.2, n.1, p.105­112, jul. 2001­jul. 2002. 

de   práticas 

escolares

5 BRASILEIRO, Sheilla. Juventude novas tecnologias: 

implicações  para   a  Educação de   Jovens  e  Adultos. 

Reunião   Anual   da   Associação   Nacional   de   Pós 

Graduação   e   Pesquisa   em   Educação   –   ANPED. 

Caxambu, Minas Gerais, 2002. 

UFMG 2002 Castells,   Freire, 

Gadotti   e 

Negroponte

sistematização 

de   práticas 

escolares

6 COSTA,   Salete   da.   Palácios,   Patrícia   P.   G. 

PAULUCCI,   Gisele.   O   Uso   do   computador   como 

meio de  inserção na cultura letrada e mediática do 

jovem   ou   adulto   no   curso   de   alfabetização.   V 

Colóquio  Internacional  Paulo Freire  –  Recife,  19 a 

22­setembro 2005. 

PUC­SP/ 

ECA­USP

2005 Almeida,   Freire   e 

Vigotsky

ferramenta

7 CRUZ,   Sergio   S   da.   ROCHA,   Luciano   F.   L. 

NASCIMENTO,   Rafaela   de   º   LOPES,   Livia   A,. 

Proad: Alfabetização Digital Para Jovens e Adultos. 

Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Juiz 

de Fora, MG, 2005.

Estácio   de 

Sá/ UFRJ

2005 Vigostky ferramenta

8 FRANCO,  Mônica  Gardelli.   Inclusão  Digital:  Uma 

proposta  na   alfabetização   de   Jovens   e   Adultos.   IX 

Workshop de Informática na Escola, 2003. 

PUC­SP 2003 Almeida,   Freire   e 

Gadotti

ferramenta

9 NEGRI F. Paulo. TEIXEIRA, Marta. HARACEMIV, 

Sônia.     SUPORTE   DE   MEIOS   DIGITAIS.   VII 

Seminário  de  Pesquisa   e  Educação  da  Região  Sul. 

Anped   Sul.   Eixo   Educação   de   Jovens   e   Adultos. 

2008.

UFPR 2008 Freire ferramenta

Dissertações de Mestrado

nº referência bibliográfica local data referências abordagem

1 ALVES.   Evandro.   Escrita   Digital   e   Educação   de 

Jovens e Adultos: produzindo sentidos num encontro 

inusitado.   Dissertação   de   Mestrado   apresentada   na 

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2001.

UFRS 2001 Backtin, Piaget, Di 

Pierro,   Haddad, 

Levy

 significados

2 BRAGA,   Álvaro   José   Pereira.   Do   Mobral   ao 

Computador:   a   implantação   de   um   projeto   de 

informática   educativa   na   Educação   de   Jovens   e 

Adultos.   Dissertação   apresentada   na   Universidade 

Estadual de Campinas, 1996. 

UNICAMP 1996 Freire,   Haddad, 

Levy e Papert.

ferramenta

116

Page 17: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

3 CRUZ,   Regina   Mara   Ribeiro.   Limites   e 

possibilidades  das   tecnologias  digitais  na Educação 

de   Jovens   e   Adultos.   Dissertação   de   Mestrado 

apresentada   no   Centro   Federal   de   Educação 

Tecnológica de Minas Gerais/ CEFET­MG, 2008.  

CEFET­

MG

2008 Almeida,   Castells, 

Freire, Negroponte, 

Haddad,   Levy, 

Papert.

sistematização 

de   práticas 

escolares

4 DAHMER.   Alessandra   Zago.  Inclusão   Digital   e 

inserção profissional: um estudo com egressos de 

cursos   do   projeto   de   educação   digital   em 

Florianópolis/SC. Mestrado em Educação defendido 

na UFSC, 2006. 

UFSC 2006 Silveira, Takahashi, 

Castells, Levy

sistematização 

de  práticas  não­

escolares

5 FERNANDES, Jarina Rodrigues.  O computador  na 

Educação de Jovens e Adultos: sentidos e caminhos. 

Dissertação   de   Mestrado   defendida   na   Pontifícia 

Universidade Católica de São Paulo, 2005. 

PUC­SP 2005 Beisiegel,   Haddad, 

Di   Pierro, 

Almeida,   Freire, 

Castells,   Silveira, 

Gadotti, Papert.

significados

6 FRAQUELLI. Angela Aita. A relação entre auto­estima, auto­imagem e qualidade de vida em idosos participantes de uma oficina de inclusão digital.     Dissertação (Mestrado em Gerontologia Biomédica) – Instituto de Geriatria e Gerontologia, PUC­RS , 2008. 

PUC­RS 2008 ­­­­­­­­­ significados

7 GONÇALVES,   Becky   Henriquete.   O   uso   do 

computador, a alfabetização e a pós­alfabetização – o 

que dizem educandos/as do MOVA. Dissertação de 

Mestrado defendida na Universidade Federal de São 

Carlos, 2007.

UFSCAR 2007 Freire,   Di   Pierro, 

Haddad, 

Takahashi, 

Castells, 

Habermas.

significados

8 GONTIJO,   Cynthia   Rúbia   Braga.   Tecnologias   de 

Informação e Comunicação na Educação de Jovens e 

Adultos. Dissertação defendida no Centro Federal de 

Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2008. 

CEFET­

MG

2008 Beisiegel,   Di 

Pierro,   Freire, 

Gadotti,   Haddad, 

Castells,     Levy, 

Papert, Takahashi

sistematização 

de   práticas 

escolares

9 HIDALGO, SIVONEI KARPINSKI. A Educação de 

Jovens e Adultos no município de Curitiba sob a ótica 

de gênero e  tecnologia.  Dissertação apresentada na 

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2007. 

UFT­PR 2007 Beisiegel, Boudieu, 

Di Pierro, Freire

ferramenta

10 LEMPKE. Natalia Nunes Scoralick. Alfabetização digital: aprendizagem e utilização do computador na velhice. Dissertação apresentada ao Programa de Pós­ 

Graduação em Psicologia da Universidade Federal de 

UFJF­MG 2009 Takahashi sistematização 

de  práticas  não­

escolares

117

Page 18: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

Juiz de Fora 2009. 

11 LIMA. Ana Maria Moraes de Albuquerque. Inclusão 

Digital e protagonismo juvenil: um estudo em dois 

centros   de   tecnologia   comunitária.   Mestrado   em 

Educação.   Pontifícia   Universidade   Católica   de   São 

Paulo, 2005.

PUC­SP 2005 Castells,     Valente, 

Silveira,   Papert, 

Sorj

sistematização 

de  práticas  não­

escolares

12 MATSUDA,   Fernanda   Guinoza.  Telecentro 

comunitário como espaço de educaçcão social: um 

estudo de caso. Dissertação de Mestrado apresentada 

à   Faculdade   de   Educação   da   Universidade   de   são 

Paulo, 2008. 

USP 2008 Castells,   Freire, 

Levy,     Silveira, 

Sorj, Takahashi

sistematização 

de  práticas  não­

escolares

13 NÁPOLES, Neusa Nogueira. O uso das tecnologias 

de informação e comunicação na Educação de Jovens 

e   Adultos:   visão   de   alunos   e   professores   de   uma 

escola municipal de Belo Horizonte. Dissertação de 

Mestrado apresentada no Centro Federal de Educação 

Tecnológica de Minas Gerais, 2008.

CEFET­

MG

2008 Castells,   Levy, 

Papert,   Freire, 

Gadotti

significados

14 SANTOS, Amaleide Lima. “Tá vendo aquele edifício 

moço?”   A   especificidade   da   inclusão   digital   para 

trabalhadores  da construção civil  não alfabetizados. 

Dissertação   de   Mestrado   apresentada   na 

Universidade Federal da Bahia, 2008.

UFBA 2008 Levy,   Castells, 

Silveira,   Freire, 

Gadotti

sistematização 

de  práticas  não­

escolares

15 SANTOS. Iva Autina Cavalcante Lima.  Letramento 

digital  de Analfabetos por intermédio do uso da 

Internet.  Dissertação   de   Mestrado   em   Multimeios 

defendida na Unicamp, 2005. 

Unicamp 2005 Freire, Pretto, Valente, Papert, Silveira, Levy

sistematização 

de  práticas  não­

escolares

16 SCLACO.   Lucia   Mury.    "FaLa   K   É   NóIs": 

etnografia de um projeto de inclusão digital entre 

jovens   de   classes   populares   em   Porto   Alegre. 

Mestrado em Antropologia Social na UFRS, 2008. 

UFRS 2008 Castells,   Levy, 

Bourdieu

sistematização 

de  práticas  não­

escolares

17 SILVA.   Denise   Goulart   da.  Inclusão   digital   na 

terceira   idade:   a   virtualidade   como   objeto   e 

reencantamento   da   aprendizagem.   Mestrado   em 

Educação defendido na PUC­RS, 2007. 

PUC­RS 2007 Levy sistematização 

de  práticas  não­

escolares

Teses de Doutorado

nº referência bibliográfica lugar data referências abordagem

118

Page 19: Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação (escolar e não escolar) de Jovens e Adultos: uma revisão bibliográfica

1 CHIUMMO, Ana.  Consciência  política  e  cidadania 

na alfabetização e na inclusão digital. A experiência 

da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo. 

Tese   de   doutorado   defendida   na   Pontifícia 

Universidade Católica de são Paulo, 2004.

PUC­SP 2004 Freire,   Vigotsky, 

Almeida, Silveira.

ferramenta

2 FRANCO,   Mônica   Gardelli.   A   apropriação   das 

tecnologias de informação e comunicação por jovens 

e adultos não alfabetizados: um direito humano a ser 

garantido. As diretrizes da Unesco. Tese apresentada 

na   Pontifícia   Universidade   Católica   de   São   Paulo, 

2009. 

PUC­SP 2009 Almeida,   Castells, 

Chartier,   Freire, 

Haddad, 

Negroponte, 

Vigostky.

prescrições   e 

políticas 

públicas

3 SILVA. Mauren Porciuncula da Silva.  A construção 

do conhecimento, as intervenções metodológicas e 

os novos saberes e fazeres na cultura digital rural. 

Doutorado em Informática na Educação defendido na 

UFRS, 2009. 

UFRS 2009 Levy,   Castells, 

Sorj, Piaget

2. Trabalhos não encontrados

1 BRASILEIRO, Sheilla. Juventude.com.br: a inclusão/exclusão digital de jovens alunos do ensino noturno. Mestrado em Educação defendido na UFMG, 2003.

2 GOMES, Sandra Sumara de Castro Ribeiro. Inclusão Digital de Jovens e Adultos: A alfabetização digital de alunos do curso de informática no centro municipal de capacitação e treinamento ­ 01/01/2007

3 LIMA, Márcia Marlene Stentzler Garcia de. Alfabetização de Adultos: contexto ensino/aprendizagem na era digital. ­ 01/10/2003

4 MARCON, Karina. Processos educativos e comunicativos na cibercultura: explorando ações de inclusão digital – 01/08/2008.

5 NASCIMENTO, Marcos Dionisio Ribeiro do. Atividades Digitais Para Alfabetização Baseadas No Método Paulo Freire – 01/04/2009

6 PINTO, Tânia Maria Machado. Cidades digitais: um programa de acesso à internet para a comunidade e a educação? ­ 01/10/2007

7 SANTANA, Orlando de Carvalho. "A Proposta Educativa do Comitê para a Democratização da Informática em Sergipe: um estudo de caso" – 01/09/2006

8 TONANDEL, Iara Teresinha Coelho. Educação na Política Pública de Inclusão Digital. Programa Telecentro – Município de Porto Alegre. 01/12/2007

11