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TÉCNICAS DE ESCOVAÇÃO
A escovação e a doença cárie:
Durante muito tempo a escovação foi a a base dos programas de
prevenção da doença cárie. Atualmente, cerca de 90% da população
ocidental escovam os dentes regularmente, sendo a remoção da placa
meta da escovação, espera-se a redução das lesões de cárie. No entanto,
após muitos estudos sobre essa relação, os achados não são conclusivos.
Na literatura há dois tipos de estudo sobre a escovação. Um grupo
trata dos efeitos da escovação não supervisionada ou habitual, outro, da
escovação supervisionada ou controlada.
- Efeito da escovação não supervisionada (habitual);
Vários estudos foram realizados correlacionando a frequência de
escovação e a prevalência da doença cárie sem se obter dados
conclusivos, pois, por ser a cárie uma doença de progressão lenta, é
impossível relacionar a frequência de higiene de um indivíduo, durante
um período de tempo determinado, relacionando à experiência de cárie
acumulada ao longo dos anos pelo mesmo.
No entanto, é razoável examinar o efeito da escovação em termos de
limpeza bucal efetiva e não em termos de freqüência e relacionar a
limpeza oral à doença cárie.
- Efeito da escovação supervisionada;
O efeito da escovação supervisionada diária foi examinado durante 3
anos, em grupos de crianças com 9 a 11 anos de idade, dividido em dois
grupos empregando dentifrícios com e sem flúor. Também forma
incluídos três grupos de controle sem escovação supervisionada na
escola. O estudo foi realizado numa época em que eram raros os
dentifrício fluoretados. Os resultados demonstraram claramente que o
bochecho quinzenal com flúor era capaz de reduzir significativamente as
lesões de cárie, mas que a aplicação diária de dentifrícios com flúor em
termos de escovação supervisionada era o método mais eficaz. Portanto,
não há dúvida que muitos pesquisadores observaram o declínio da
doença cárie como sendo resultado direto do amplo uso de dentifrícios
com flúor desde a década de 1970. Outra conclusão importante desse
estudo é que a escovação convencional e mesmo a supervisionada, como
tais, tiveram efeito limitado na atividade da doença cárie na população
estudada. Por esse motivo, era lógico procurar medidas de remoção de
placa mais específicas que a escovação convencional.
Métodos de Ensino de Escovação:
Quando se trata de ensinar crianças, é importante que se estabeleça
uma rotina simples, no qual detalhes não pedem ser esquecidos. Assim,
quanto maior forem os recursos, a disposição e o tempo gasto, melhores
serão os resultados. Deverá haver um ensino técnico prévio do qual se
pode lançar mão de livros, slides e, após, demonstração técnica em
modelos, primeiro demonstrando e depois fazendo a criança executar
esses movimentos com a escova no modelo, e finalmente ensinar na boca
da criança e a seguir executar na frente do espelho.
Técnicas de escovação:
Inúmeras são as técnicas que podemos indicar aos pacientes, todas
passíveis de críticas e elogios, estando de acordo com vários estudiosos
quando afirmam que o importante não é a técnica e sim a eficiência da
escovação na remoção da placa bacteriana e massagem na gengiva, não
sendo também lesiva aos tecidos moles.
É freqüente pacientes adaptarem-se a determinada técnica e
modificá-la de acordo com sua destreza, obtendo os resultados desejados.
É importante salientar que as técnicas atuais não cumprem
totalmente os requisitos que seriam:
-evitar ou eliminar totalmente a placa bacteriana;
-estender-se à maioria da população, semelhante às outras medidas
de Saúde Pública;
-apresentar ausência de efeitos colaterais tais como retração
gengival e abrasão do colo, devido a escovação incorreta e dentifrícios
abrasivos;
-resultar na prevenção e cura das doenças atuais;
Os meios mecânicos de limpeza dental permitem apenas um controle
relativo da placa bacteriana, ou seja, alguma áreas escapam à limpeza
contínua.
Ao mesmo tempo é difícil a aceitação e domínio das técnicas pelos
pacientes, bem como têm dificuldade em compreender e valorizar a
prevenção. Além disso, é também difícil substituir por procedimentos
corretos hábitos inadequados de limpeza dental aqueles profundamente
estabelecidos há muito tempo.
Por fim, quando se consegue implantar a higiene bucal correta, esta
tende a regredir no prazo de alguns meses, constituindo uma das razões
da necessidade dos tratamentos de manutenção e intervalos entre 3 e seis
meses.
As técnicas de limpeza utilizadas são falhas porque não são dirigidas
especificamente às regiões críticas, que são aquelas de mais difícil acesso
as quais o paciente tende a omitir, levando à instalação das doenças
bucais.
São consideradas áreas críticas os espaços interditais, a região dento
gengival, onde a gengiva entra em contato com os dentes, a região oclusal
de molares e pré-molares, que apresentam os aprofundamentos das fossas
e facetas e a região lingual de molares inferiores.
Em substituição às técnicas usualmente utilizadas, deve-se empregar
técnicas seletivas de limpeza dental, dirigidas principalmente às regiões
críticas.
Posição de Starkey:
Antes da descrição das técnicas de escovação, primeiramente é
necessário a explicação da posição de Starkey, recomendada para criança
em idade pré-escolar e com pouca habilidade manual. A criança fica em
pé, na frente e de costas para a mãe (ou a pessoa que faça a escovação) e
encosta a cabeça ela (fig.1), que usa a mão esquerda para segurar e
estabilizar a mandíbula e com os dedos desta mão afasta os lábios e as
bochechas; com a mão direita empunha a escova, executando os
movimentos.
Fig. 1
Na figura seguinte observa-se a posição correta para a escovação dos
dentes inferiores, devendo a mandíbula ficar num plano horizontal (fig.
2).
Fig. 2
Para a higienização da arcada superior a cabeça fica para trás, de
modo que a mãe possa ter visão direta. A mão esquerda do operador deve
afastar o lábio e a bochecha, enquanto a mão direita executa os
movimentos de escovação (que podem ser tanto os da técnica de Fones
como da técnica de Stillman), conforme a figura a seguir:
Fig. 3
Técnica para a criança em idade escolar:
Para crianças em idade escolar pode-se indicar a técnica de Fones
ou Stillman modificada ou similar, por exemplo, Bass; a opção entre uma
das duas últimas depende do clínico.
A técnica de Fones, por ser mais simples, tem seu aprendizado
recomendado para crianças menos hábeis ou menos interessadas, ou
ainda, quando se tem pouco tempo para gastar com o ensino, que pode ser
coletivo nos grupos escolares e parques infantis.
Técnicas de Fones:
A criança empunha a escova e com os dentes cerrados faz
movimentos circulares na face vestibular de todos os dentes superiores e
inferiores (fig. 4), indo do último dente do hemiarco a outro.
Fig. 4 Esquema mostrando a técnica de Fones. As setas em círculos mostram os
movimentos que devem ser executados em grupos de dois dentes.
Com a boca aberta, nas faces palatinas ou linguais, os movimentos
também são circulares. Nas faces oclusais e incisais os movimentos são
no sentido ântero-posterior (figuras 5 e 6).
Fig.5
Fig. 6
Para as crianças mais interessadas e habilidosas recomenda-se a
técnica de Stillman modificada ou de Bass, sendo consideradas mais
eficientes que a de Fones. Estas técnicas são de aprendizado mais difícil ,
mas após a criança adquirir esse aprendizado, ela retém esse aprendizado
por mais tempo.
Técnica de Stillman Modificada:
A escova é colocada com o logo eixo das cerdas lateralmente contra
a gengiva (fig, 7) e estas são deslizadas de gengival para a oclusal ou
incisal (fig.8). Quando as cerdas estiverem junto ao ponto de contato dos
dentes, fazem-se movimentos vibratórios (fig. 9).
Este movimento é repetido várias vezes para cada grupo de dentes
que está sendo escovado. O movimento é igual para as arcadas superior e
inferior (fig. 10) e para as superfícies vestibular e lingual.
Fig. 7
Fig. 8
Fig. 9
Fig. 10
Esta técnica não só é eficaz quanto à capacidade de remoção de
placa bacteriana como também na massagem à gengiva (fig. 11 a 16 ).
Fig. 11
Fig. 12
Fig. 13
Fig. 14
Fig. 15
Fig. 16
Qualquer que seja a técnica ensinada, deve haver uma metodologia
de ensino para não se deixar nenhuma área sem escovação. Deve-se
começar, por exemplo, na arcada superior por vestibular esquerdo, ir até o
lado direito, depois o palatino na mesma ordem e assim por todas as áreas
das arcadas.
Deve-se ressaltar ainda que a região lingual inferior direita é menos
escovada pelos indivíduos destros, portanto deve ser mais fiscalizada.
Mesmo em crianças em idade escolar, recomenda-se que os pais
supervisionem a escovação. Somente quando o indivíduo atingir a
puberdade e a vaidade de ter boa aparência , pode-se transferir a
responsabilidade pela escovação.
Técnicas de Bass:
Durante a escovação as cerdas são forçadas diretamente no sulco
gengival, num ângulo de 45° com o eixo de dente. Com as cerdas
forçadas o máximo possível para dentro do sulco, faz-se um movimento
curto para frente e para trás.
Esta técnica tem sido muito indicada em Odontopediatria para
pacientes que utilizam aparelhos ortodônticos fixos.
Escovas Dentais
A higiene bucal está amplamente vinculada á redução da incidência
de cárie, manutenção da saúde gengival beleza e relação pessoal.
A escova dental é o instrumento mais eficaz e o mais utilizado para a
realização da higiene bucal. Com orientação profissional, deve-se
escolher a escova e a técnica indicada.
Fundamentalmente a escova não deve traumatizar nenhum tecido
bucal e deve atingir todos os dentes até o fundo da boca. As cerdas devem
ter a mesma altura, serem macias e arredondadas. O cabo deve ser reto
para uma boa empunhadura e direção nos movimentos de escovação.
Objetivos da higiene Bucal:
- remover a placa acumulada sobre o complexo dentoperiodontal,
consequentemente, reduzir a formação de cálculo (tártaro);
- reduzir a flora bacteriana patológica;
- promover, através do atrito das cerdas, o massageamento gengival;
-estimular a irrigação sangüínea.
Após o uso a escova deve ser bem lavada em água corrente e
armazenada em local limpo. A substituição deverá ocorrer a cada 2 ou 3
meses ou quando as cerdas apresentarem alguma deformação.
Durante o treinamento da escovação, é melhor que se faça sem a
utilização de creme dental, pois é melhor para se poder analisar os
movimentos.
A escovação dental deve ser feita após cada refeição, mas
impreterivelmente antes de dormir, pois durante o sono, com a
diminuição do fluxo salivar, há um favorecimento do ataque da placa
bacteriana.
Uma adequada higienização bucal é conseguida após
aproximadamente 5 minutos de escovação.
Para a escovação de todos os dentes deve-se seguir uma trajetória
contínua e padronizada, iniciada sempre pelo arco superior, no seu lado
direito, a partir do último dente junto à bochecha, percorrendo todos os
dentes tanto nas suas faces externas quanto internas e as superfícies
oclusais (cortantes nos incisivos e caninos e triturastes, nos molares e
pré-molares) e, por fim a escovação da língua (figura abaixo).
Figura 17
Existem várias técnicas de escovação. A seguir, uma técnica que
além de escovar os dentes também massageia as gengivas. Essa técnica é
de movimentos circulares, pois o principal movimento é o circular.
Com os dentes sendo tocados pelas pontas, a escova é posicionada
num ângulo de 45 graus no limite dento gengival, com as pontas das
cerdas voltadas para as raízes. Faz-se movimentos circulares sobre dentes
e gengivas, dessa forma ocorre a escovação dos dentes superiores
anteriores. Para os dentes inferiores anteriores é recomendável que se
escovem com a boca semi-aberta, seguindo a mesma técnica para melhor
visualizar os movimentos (Figura 18).
Fig. 18
Os dentes posteriores (pré-molares e molares) estão situados em uma
região de difícil acesso, portanto, para alcança-los, a boca deve estar
aberta e a bochecha levemente tracionada para melhor acesso e
visualização da área a ser escovada das faces vestibular e lingual/palatino
(externo e interno, figura 19)
Fig.19
Escovar uma arcada de cada vez para que se tenha uma melhor
visualização dos movimentos e uma melhor qualidade de higiene (figura
20)
Fig.20
E, para complementar a técnica, o movimento horizontal, onde a
escova é colocada sobre os dentes, apoiada sobre a superfície oclusal e
esfregada para frente e para trás, em movimento de vai-e-vem para
efetivar a limpeza da face oclusal dos dentes (figura 21)
Fig. 21
USO DO FIO DENTAL
Para limpeza das regiões entre os dentes, onde a escova não
consegue remover os resíduos alimentares e a placa bacteriana, deve ser
usado o fio dental.
Em gengivas normais ou com retração, a limpeza interdental é
necessária, sendo o fio dental mais útil e objetivo. Devido a sua eficácia,
alguns clínicos o consideram como instrumento primário e seu uso
deveria ser incentivado antes da escovação.
Deve-se usar o fio dental diariamente, antes da última escovação
noturna.
O fio dental deve ser passado entre todos os dentes, superiores e
inferiores, e atrás dos últimos dentes. Os dentes do fundo da boca são,
pela maior dificuldade de higienização, os mais atacados pela cárie e
merecem cuidado especial (figura 22).
Fig. 22o m
ais
A escova dental é o mais eficaz e o mais
A e
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E IMAGENS:
MANUAL DE HIGIENE BUCAL - Ricardo Cauduro -12ª ed./Dez.1997
Cariologia Clínica -2ª Ed., Anders Thylstrup & Ole Fjerskov; Santos Livraria
Editora
Odontopediatria - 6ª Ed.; Antônio Carlos Guedes Pinto