tecnicas de diagnostico e de manutenção para remoção de manchas em paredes rebocadas

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 Técnicas de Diagnóstico e de Manutenção para Remoção de Manchas em Paredes Rebocadas Inês Flores-Colen Doutoranda I.S.T Portugal [email protected] Jorge de Brito Prof. Associado I.S.T. Portugal  [email protected] Vasco P. de Freitas Prof. Catedrático FEUP Portugal [email protected] Resumo: As manchas em paredes rebocadas ocorrem com muita frequência em edifícios recentes devido a causas diversas (eflorescências, carbonatação, corrosão, fissuração, escorrências, colonização biológica, entre outras). Estas anomalias, numa fase inicial, afectam o aspecto estético da fachada e, posteriormente, em conjunto com a presença da água, contribuem para a degradação física do revestimento. Esta comunicação faz uma síntese do tipo de manchas, causas possíveis, técnicas de diagnóstico e técnicas de manutenção (em particular, técnicas de limpeza) para paredes exteriores rebocadas. Palavras-chave: rebocos, manchas, técnicas, diagnóstico, manutenção. 1. INTRODUÇÃO O reboco em paredes de alvenaria de tijolo tem sido uma solução construtiva muito utilizada em Portugal. Dados estatísticos permitem concluir que o custo dos trabalhos em alvenarias, incluindo revestimentos, representa cerca de 12 a 17% do custo global dos edifícios [1] e que, segundo o Censos 2001 [2], o reboco representa uma percentagem significativa, cerca de 62%, quando comparado com os restantes tipos de revestimento de aplicação corrente em paredes de edifícios (betão à vista, revestimentos de pedra e ladrilhos cerâmicos). As argamassas de reboco utilizadas em edifícios recentes podem ser de dois tipos: argamassas de cimento e areia em duas ou três camadas, preparadas em obra (rebocos correntes), ou argamassas produzidas em fábrica, de cimento, areia, adjuvantes e adições em camada única (rebocos pré-doseados) [3], em que o acabamento final pode ser o da  própria argamassa (“monomass as”) ou outro (por exemplo, pintura). A aplicação das argamassas pré-doseadas iniciou-se em Portugal na década de 90 [4] e encontra-se em crescente utilização. Em termos de funções, as argamassa s de reboco exterior têm uma contribuição importante na impermeabilização do tosco da parede (função primária), condicionam o aspecto estético (função secundária) e exercem uma influência determinante na durabilidade das

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  • Tcnicas de Diagnstico e de Manuteno para Remoo de Manchas em Paredes Rebocadas

    Ins Flores-Colen Doutoranda I.S.T

    Portugal [email protected]

    Jorge de Brito Prof. Associado I.S.T.

    Portugal [email protected]

    Vasco P. de Freitas Prof. Catedrtico FEUP

    Portugal [email protected]

    Resumo: As manchas em paredes rebocadas ocorrem com muita frequncia em edifcios recentes devido a causas diversas (eflorescncias, carbonatao, corroso, fissurao, escorrncias, colonizao biolgica, entre outras). Estas anomalias, numa fase inicial, afectam o aspecto esttico da fachada e, posteriormente, em conjunto com a presena da gua, contribuem para a degradao fsica do revestimento. Esta comunicao faz uma sntese do tipo de manchas, causas possveis, tcnicas de diagnstico e tcnicas de manuteno (em particular, tcnicas de limpeza) para paredes exteriores rebocadas. Palavras-chave: rebocos, manchas, tcnicas, diagnstico, manuteno. 1. INTRODUO O reboco em paredes de alvenaria de tijolo tem sido uma soluo construtiva muito utilizada em Portugal. Dados estatsticos permitem concluir que o custo dos trabalhos em alvenarias, incluindo revestimentos, representa cerca de 12 a 17% do custo global dos edifcios [1] e que, segundo o Censos 2001 [2], o reboco representa uma percentagem significativa, cerca de 62%, quando comparado com os restantes tipos de revestimento de aplicao corrente em paredes de edifcios (beto vista, revestimentos de pedra e ladrilhos cermicos). As argamassas de reboco utilizadas em edifcios recentes podem ser de dois tipos: argamassas de cimento e areia em duas ou trs camadas, preparadas em obra (rebocos correntes), ou argamassas produzidas em fbrica, de cimento, areia, adjuvantes e adies em camada nica (rebocos pr-doseados) [3], em que o acabamento final pode ser o da prpria argamassa (monomassas) ou outro (por exemplo, pintura). A aplicao das argamassas pr-doseadas iniciou-se em Portugal na dcada de 90 [4] e encontra-se em crescente utilizao. Em termos de funes, as argamassas de reboco exterior tm uma contribuio importante na impermeabilizao do tosco da parede (funo primria), condicionam o aspecto esttico (funo secundria) e exercem uma influncia determinante na durabilidade das

  • paredes [3]. O aparecimento de manchas superfcie afecta, numa fase inicial, os nveis visuais de qualidade [5]. No entanto, a sua permanncia no revestimento, em conjunto com a presena da gua, pode contribuir para o agravamento das anomalias e consequente degradao do material de revestimento e perda de propriedades deste. A perda do desempenho e das funes, ao longo do tempo, ocorre, na maioria dos casos, devido a degradao qumica e fsica / mecnica ou corroso [6]. Das anomalias correntes em rebocos (com ou sem pintura), destacam-se as fissuraes, as escorrncias, os destacamentos, a humidade, a sujidade, as diferenas de tonalidade e a colonizao biolgica [7, 8, 9]. Muitas destas anomalias podem ser includas no grupo das manchas em paredes, por corresponderem a alteraes cromticas ou de brilho em zonas circunscritas do revestimento e contrastantes com as zonas vizinhas [10, 11]. As manchas ocorrem com muita frequncia em paredes exteriores de edifcios recentes, associadas, na maioria dos casos, presena de humidade [12]. Estudos revelam uma incidncia de 34 a 36% de manchas em paredes rebocadas, com manifestao diversa, s ultrapassada pela ocorrncia de fissurao (diferencial ou por retraco), com valores na ordem de 43 a 48% [8, 9]. O estudo mais aprofundado das manchas possibilita um maior conhecimento dos seguintes aspectos: 1. reduo dos nveis visuais de qualidade com a existncia de manchas [5]; 2. relao dos nveis mnimos de qualidade esttica com nveis de concentrao de agentes

    poluentes (por exemplo, dixido de carbono em zonas urbanas) [13]; 3. caracterizao de indicadores de patologia, que denunciem, numa fase inicial,

    fenmenos prematuros de degradao (por exemplo, excessiva acumulao de sujidade em atmosfera muito poluda ou humedecimento contnuo da parede) [14];

    4. relao dos parmetros visuais com fenmenos fsicos de degradao existentes [15]. A existncia de metodologias de diagnstico e manuteno que permitam, de forma sistemtica, reduzir o aparecimento de manchas, permite a reduo dos custos das intervenes [16]. Estas metodologias devem ser desenvolvidas segundo um conjunto de procedimentos com encadeamento lgico no sentido de convergir na obteno da soluo a adoptar, pois muitos dos insucessos das intervenes resultam da inexistncia ou inadequao do diagnstico [17]. Neste contexto, proposta na figura 1 uma metodologia para apoio ao diagnstico de manchas em paredes rebocadas e escolha de tcnicas de manuteno, tendo como referncia vrias metodologias j existentes:

    estimativa da vida til [18, 19]; melhoria no diagnstico, atravs de observao [8] e de tcnicas in-situ [20]; apoio na escolha de intervenes de manuteno [7, 17, 21, 22].

    2. INSPECO COM OBSERVAO VISUAL A inspeco no local atravs da observao visual permite caracterizar os tipos de manchas e avaliar as eventuais causas e condies em servio, complementando a documentao obtida numa fase anterior (registo de reclamaes, elementos de projecto, relatrios de intervenes, entre outros elementos).

  • Inspeco das paredes por observao visual das zonas acessveis, com recolha de

    informao dos utentes

    Caracterizao das manchas (tipologia e causas possveis)

    Registo da localizao das manchas nas paredes

    Estado de degradao do revestimento

    (L1) soco(L2) parede corrente(L3) janelas e aberturas(L4) parapeitos e muretes(L5) varandas(L6) esquinas(L7) instalaes / equipamentos

    (a) Em bom estado (b) Com alguma degradao (c) Degradado(d) Muito degradado

    rea afectada

    (0) Dificuldade em avaliar(1) Ocasional(2) Frequente(3) Generalizada

    Definio do problema e recolha de informao

    Tcnicas de diagnstico complementares / caracterizao

    dos padres de degradao e propriedades relevantes

    Medies e ensaios in-situ

    Recolha de amostras in-situ Ensaios em laboratrio

    Escolha de estratgia de interveno

    (a) Exigncias a satisfazer(b) Urgncia de actuao(c) Efeitos se a aco no ocorrer(d) Vida til remanescente(e) Custos envolvidos

    Especificao dos materiais e tcnicas

    Controlo da qualidade, segurana e ambiente

    Estimativa de custos e planeamento dos trabalhosInterveno

    Relatrio

    Compatibilizao com o existenteCiclo de vida til

    Figura 1 - Fluxograma com metodologia para diagnstico e manuteno de manchas

  • Este tipo de anlise permite avaliar a necessidade de recorrer a alguns testes complementares. , porm, condicionada apenas s zonas acessveis das fachadas que podero ser muito reduzidas devido ausncia de meios de acesso permanente nos edifcios. Normalmente, a inspeco visual feita ao nvel do piso trreo, a uma certa distncia dos paramentos. Para observaes visuais, recomendada uma distncia de cerca de 5 metros [18]. Para facilitar a identificao, registo e classificao de forma objectiva das anomalias e respectivas causas, recorre-se normalmente a tabelas e matrizes de correlao [23]. Neste contexto, so propostas duas tabelas, recorrendo a uma sntese de literatura existente [3, 5, 10, 11, 16, 23, 24, 25, 26, 27, 28]: a tabela 1 sistematiza o tipo de manchas e a tabela 2 estabelece correlaes (0, 1 ou 2) entre as manchas e causas possveis, tendo em conta quatro grupos principais de erros (ao nvel do projecto, execuo, utilizao / manuteno e condies ambientais). 3. TCNICAS COMPLEMENTARES DE DIAGNSTICO As tcnicas complementares de diagnstico permitem obter indicaes precisas, do tipo qualitativo e quantitativo, sobre as caractersticas dos materiais utilizados (caracterizao qumica, composio mineralgica, caractersticas petrogrficas, propriedades fsicas, hdricas e mecnicas) e sobre o quadro patolgico e mecanismos de degradao presentes (por exemplo, cristalizao de sais, ciclos termo-higromtricos, radiao UV, ataque qumico com solues ou atmosferas contaminadas) [27, 29, 30]. Estas tcnicas podem ser classificadas em relao ao local onde so realizadas, in-situ ou em laboratrio, e em relao ao grau de destruio no material / elemento construtivo, no-destrutivas, semi-destrutivas ou destrutivas. Na tabela 3, encontram-se listadas tcnicas correntes de apoio ao diagnstico de manchas, que podem ser utilizadas individualmente ou em conjunto, e parmetros de comparao j sistematizados em estudos anteriores [23]. A tabela 4 relaciona as tcnicas da tabela 3 com as propriedades relevantes do revestimento e as respectivas manchas. Para a elaborao destas duas tabelas, seguiu-se as recomendaes da literatura existente [5, 6, 16, 23, 25, 27, 29, 30, 31, 34, 35]. 4. TCNICAS DE MANUTENO As aces de manuteno incluem tcnicas de limpeza, reparao / substituio pontual e tratamentos de preveno [7]. As limpezas peridicas so determinantes para a minimizao de manchas e sua resoluo. As tcnicas utilizadas para limpeza de paredes baseiam-se em quatro tipos, diferindo nos materiais e mtodos de aplicao: com gua, qumicos, abrasivos e limpeza com laser [36, 37]. A ltima tcnica tem aplicao mais corrente em edifcios histricos (ex. limpeza de crostas negras em superfcies ptreas). A limpeza pode melhorar significativamente a aparncia, remover os microorganismos orgnicos, contaminantes qumicos e manchas, devidas a trabalhos de reparao e manuteno, e revelar defeitos escondidos.

  • Tabela 1 - Caracterizao dos diferentes tipos de manchas em paredes rebocadas Cd. Manchas Descrio M1 Eflorescncias /

    criptoflorescncias (cor branca)

    Depsito cristalino pouco aderente, de sais solveis (sulfatos, cloretos, nitratos, carbonatos), na superfcie do revestimento (eflorescncias) ou entre este e o suporte (criptoflorescn-cias) originado por migrao / evaporao da gua.

    M2 Carbonatao (cor branca)

    Incrustaes superfcie de sais de carbonato de clcio, insolveis, resultantes do hidrxido de clcio dos produtos cimentcios, dissolvido pela gua infiltrada e convertido superfcie numa forma insolvel pela exposio ao dixido de carbono (CO2).

    M3 Sujidade uniforme1 / sujidade diferencial2 (cor escura - castanha, cinzenta ou preta)

    Acumulao na superfcie de material estranho de diversa natureza (poeiras, fuligem e outras partculas poluentes), com espessura varivel, pouco aderente e de fraca coeso, provenientes do prprio revestimento, do meio ambiente ou do suporte de aplicao; de aspecto uniforme1 (zonas protegidas da chuva) ou diferenciado2 (escorrncias).

    M4 Fantasmas (cor escura)

    Deposio diferencial de poeiras sobre o paramento, permitindo a visualizao do desenho dos tijolos atravs de diferenas de cor e, nos casos mais acentuados, manchas de sujidade (M3) e de microorganismos (M6).

    M5 Humidade (cor escura)

    Alteraes de cor devido a zonas mais humedecidas do que outras, com diferentes origens: humidade de obra, terreno, precipitao, fenmenos de higroscopicidade e / ou causas fortuitas.

    M6 Fungos / bolores (cor escura)

    Aparecimento de microorganismos biolgicos devido permanncia prolongada de gua (humidade relativa superior a 70%), em fachadas com menor exposio ao Sol, dependendo da presena de nutrientes (material orgnico).

    M7 Vegetao parasitria (cor verde, amarela, laranja e/ou azul)

    Presena de organismos biolgicos - algas, lquenes, musgos e outras plantas superiores de pequeno arbreo (ex. trepadeiras), na presena de luz e humidade; por serem plantas, so capazes de produzir nutrientes a partir da gua, minerais (depsitos de humidade) e CO2.

    M8 Corroso (cor amarela e/ou laranja)

    Alteraes cromticas na superfcie do reboco, resultantes da deposio de produtos de corroso de elementos metlicos (xidos) e que so transportados pela gua.

    M9 Alteraes cromticas / descoloraes (cor diversa)

    Variao na uniformidade da cor sob a forma de manchas (ex. manchas resultantes de produtos derivados do petrleo) - alteraes cromticas, ou de perda de brilho e / ou de cor -descoloraes (destruio total ou parcial da matria corante)

    M10 Grafitti (cor diversa)

    Pinturas ou marcas na superfcie da parede devidas a diversas tintas e marcadores, sendo absorvidas em materiais porosos.

    M11 Dejectos de aves (cor diversa)

    Depsitos superfcie (cidos e sais solveis) resultantes dos dejectos de aves (pombos), originando nutrientes para o desenvolvimento de microrganismos (M6) e organismos biolgicos (M7).

  • Tabela 2 - Matriz de correlao entre as manchas e as causas possveis Manchas existentes na superfcie Causas Fase

    M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 C1 P 1 2 2 0 2 2 2 1 1 0 2 C2 P 1 0 2 1 2 1 2 0 1 0 2 C3 P 2 2 2 2 2 2 2 0 2 2 0 C4 P 0 0 1 2 2 1 0 0 0 0 0 C5 E 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 C6 E 1 2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 C7 E 2 2 1 2 2 0 0 1 2 0 0 C8 E 2 2 0 2 2 0 0 0 2 0 0 C9 E 0 1 0 2 1 0 0 0 2 0 0 C10 U/M 0 0 2 0 1 0 0 1 2 2 0 C11 U/M 0 0 2 0 0 1 1 2 2 0 2 C12 U/M 2 1 1 0 2 2 2 2 2 2 1 C13 A 0 0 1 2 1 2 0 0 0 0 0 C14 A 2 2 2 2 2 2 2 2 1 0 0 C15 A 2 2 2 2 0 2 2 2 1 0 0 C16 A 1 1 2 1 2 2 2 1 0 0 0 Legenda: Tipos de correlao: 0 (sem correlao); 1 (correlao baixa); 2 (correlao elevada) Fases: P (projecto); E (execuo), U/M (utilizao / manuteno); A (ambiente) Causas: C1 - Deficientes pormenores construtivos (ausncia de pingadeiras, ) (P); C2 - Geometria da fachada (zonas planas, com salincias, ...) (P); C3 - Caractersticas da superfcie dos revestimentos (porosidade, rugosidade, ) (P); C4 - Deficiente isolamento trmico das paredes (P); C5 - Utilizao de gua com sais solveis (E); C6 - Variaes na preparao da argamassa de reboco (quantidade de gua, percentagem de ligante, pigmentos, ...) (E); C7 - Preparao e estado do suporte (poeiras ou sais, humedecimento, juntas, ) (E); C8 - Condies atmosfricas desfavorveis durante a aplicao e cura (tempo frio, hmido, alteraes bruscas de temperatura,) (E); C9 - Desrespeito pelas regras de aplicao e projecto de execuo (espessura, ) (E); C10 - Aco humana (vandalismo, colocao de aparelhos de AC, plantaes) (U/M); C11 - Aco animal (permanncia de aves, animais domsticos, ) (U/M); C12 - Deficientes aces de manuteno (limpeza com cidos ou bases fortes, uso de gua excessiva, ) ou sua ausncia (U/M); C13 - Fraca exposio solar (nmero significativo de sombreamentos) (A); C14 - Humedecimento contnuo ou alternado (ciclos de molhagem / secagem) (A); C15 - Poluio atmosfrica ou outras partculas existentes no ar (sais, esporos, ...) (A); C16 - Aco e direco dos ventos predominantes (A).

    No entanto, a limpeza pode ter desvantagens se no forem tomados os cuidados necessrios: pode alterar a aparncia, remover a camada de proteco, alterar a cor de materiais com pigmentos, deixar contaminantes qumicos, aumentar o risco de penetrao da chuva, entre outras [38].

  • Tabela 3 - Tcnicas de diagnstico para manchas e respectivas caractersticas

    Caractersticas Cd. Tcnicas A B C D E F G H I J In-situ Labor.

    TD1 Condutivmetro - x TD2 Fitas colorimtricas - x TD3 Kit de campo para anlise

    qumica - x

    TD4 Anlise por difraco dos raios X (DRX)

    - - - - - - - - x

    TD5 Microscopia ptica de luz polarizada (40x a 500x)

    - - - - - - - - x

    TD6 Cromatografia inica - - - - - - - - x TD7 Tubos de Karsten - x TD8 Ensaio de capilaridade - - - - x TD9 Termmetro infra-

    vermelhos porttil - x

    TD10 Amostras padro de cor (Munsell ou NCS)

    - x

    TD11 Colormetro porttil - x TD12 Anlise qumica - - - - x TD13 Anlise gravimtrica

    (diferena entre o peso da amostra hmida e seca)

    - - - - - x

    TD14 Termmetros, higrmetros x x TD15 Estao meteorolgica - - - x TD16 Medidores de gases x TD17 Bssola x TD18 Medidor de pH - x x TD19 Microscopia electrnica

    de varrimento (MEV) - - - - - - - - x

    TD20 Martinet-Baronie - x TD21 Lupa binocular (10x100x) - x x TD22 Anlise microbiolgica

    (culturas biolgicas) - - - x

    TD23 Humidmetro porttil - x TD24 Medidor de brilho - x TD25 Termografia de infra-

    vermelhos - - x

    TD26 Adsoro de azoto - - - - - - - x TD27 Picnmetros de gases - - - - - - - x TD28 Ensaio de permeabilidade

    ao vapor - - - - - - x

    Legenda: A - custo; B - modo de utilizao; C - obteno de informao til; D - interpretao de resultados; E - carcter pouco intrusivo; F - no precisa de fonte de energia externa; G - pouco grau de especializao de mo-de-obra, H - fiabilidade dos resultados, I - no necessita de meios de acesso, J - sem recolha de amostras; Avaliao dos factores: bom (positivo); mdio; - mau /difcil (negativo)

  • Tabela 4 - Relaes entre as propriedades da superfcie, tcnicas de diagnstico e manchas

    Propriedades relevantes Tcnicas de diagnstico

    Tipos de manchas

    Tipo e teor de sais (nitratos, sulfatos, cloretos, carbonatos) - taxa de solubilidade

    TD1, TD2, TD3, TD4, TD5, TD6, TD12, TD19

    M1, M2, M5, M9, M11

    Absoro de gua TD7, TD8 M2, M4, M5, M9 Temperatura superficial TD9, TD25 M3, M4, M5, M6, M7 Porosidade (% volume vazios / volume total)

    TD5, TD19, TD26, TD27

    M1, M2, M3, M5, M6, M7, M9, M10

    Alterao da cor TD5, TD10, TD11 M1 a M11 Teor em gua da argamassa TD13, TD23 M1, M2, M4, M5, M6, M7, M9 Temperatura ambiente e humidade relativa do ar

    TD14, TD15 M3, M4, M5, M6, M7, M8

    Parmetros atmosfricos (velocidade do vento, taxas de precipitao, )

    TD15 M3, M4, M5, M6, M7, M8

    Teor de poluentes (taxa de sedimentao)

    TD16 M3, M4, M6, M7, M8

    Orientao das paredes TD17 M3, M4, M5, M6, M7 Valor do pH da superfcie TD2, TD18 M1, M2, M6, M7, M8, M9,

    M11 Tipo de colonizao biolgica TD5, TD12, TD19,

    TD21, TD22, TD25 M3, M4, M6, M7

    Alterao do brilho TD24 M4, M5, M9 Difuso do vapor de gua TD28 M3, M4, M5, M9 Dureza superficial TD20 M5, M9 As especificidades de cada tcnica de limpeza so um factor decisivo para a seleco do produto de limpeza e mtodo de aplicao, assim como o enquadramento legal em termos de sade, segurana e ambiente [38, 39]. Pelas razes anteriores, a realizao de reas de teste de limpeza ajuda a perceber as caractersticas da superfcie, natureza das manchas, eficcia dos produtos de limpeza, tcnicas, equipamento e durao [36, 37, 38, 39]. As reas de teste servem, igualmente, para avaliar os riscos ambientais, de sade e segurana inerentes aos produtos utilizados e aferir os objectivos da limpeza em conjunto com o Dono de Obra (nvel de limpeza pretendido) [38]. Na tabela 5, encontram-se listadas as tcnicas de limpezas de manchas e caracterizados os aspectos a ter em conta nas reas de teste para avaliar a adequabilidade e eficcia da(s) tcnica(s) de limpeza a adoptar. Na tabela 6, so estabelecidas as relaes entre as tcnicas de limpeza e as manchas. Na elaborao destas tabelas, recorreu-se a literatura existente [3, 16, 27, 30, 36, 37, 38, 39].

  • Tabela 5 - Tcnicas de limpeza para remoo de manchas Cd. Tcnica de limpeza Aspectos a serem avaliados na rea de teste,

    comparando com as especificaes TL1 Lavagem manual com

    gua e esponja TL2 Lavagem com jacto de

    gua a baixa presso (at 17 atm)

    TL3 Jactos de gua pressurizada (fria ou quente)

    TL4 Vaporizao de gua (at 4 atm)

    - perodos de molhagem; - volume de gua a utilizar; - presso da gua; - temperatura da gua; - volume de gua absorvida pela parede; - identificao de elementos sensveis gua; - tempo de aplicao; - medidas do controlo dos desperdcios de gua; - avaliao de riscos de segurana e sade.

    TL5 Escovagem com escovas de nylon ou de fibras vegetais (a seco ou alternado com outros mtodos - ex. jacto de gua, raspagem, )

    - espessura das fibras da escova; - tipos e comprimentos das fibras (naturais, plstico, ; - estimativa da presso aparente usada contra a superfcie da parede; - efeitos abrasivos da limpeza sem pr-lavagem; - estimativa de quantidades perdidas de material superfcie, com recolha em bolsa de plstico; - estimativa dos nveis de abraso entre as escovas e as superfcies.

    TL6 Produtos qumicos cidos (ex. hidroclordrico, )

    TL7 Produtos qumicos - bases (ex. hipoclorito, )

    TL8 Produtos qumicos - solventes orgnicos

    T9 Detergentes ou produtos saponceos

    T10 Bicidas (ex. amnia quaternrio,)

    T11 Herbicidas T12 Produtos em pastas

    absorventes ou em gel

    - designao dos constituintes qumicos; - taxas de concentrao e diluio; - eficcia dos mtodos para remoo dos resduos da limpeza e neutralizao da superfcie; - tempos de aplicao do produto de limpeza e sua remoo (registo de temperaturas); - efeitos abrasivos da limpeza; - medidas do controlo dos efluentes (desperdcios dos qumicos utilizados e gua de lavagem); - reaco do produto de limpeza com a eventual aplicao anterior de bicida ou repelente gua; - medir o pH da superfcie aps limpeza; - avaliao de riscos de segurana e sade.

    T13 Jactos de ar com abrasivos (com ou sem gua) at cerca de 7 atm; abrasivos de reduzida granulometria e dureza calibrada - ex. partculas de xido de alumnio

    - efeitos abrasivos da limpeza sem pr-lavagem; - tipo de boca do aspersor, distncia s paredes, ngulo de impacto; - tipo de abrasivos e dimenses; - presses do ar, taxas de projeco de abrasivos; - estimativa da gua absorvida (volume/minuto); - estimativa de quantidades perdidas de material superfcie, com recolha em bolsa de plstico; - localizaes e reas afectadas pela limpeza.

  • Tabela 6 - Aplicabilidade das tcnicas de limpeza face ao tipo de manchas Manchas existentes na superfcie Cd.

    Tcn. M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 TL1 - - - - - - - TL2 - - - - TL3 - - - - - - - - - TL4 - - - - - - - - TL5 - - - TL6 - - TL7 - - - TL8 - - - - TL9 - - - - -

    TL10 - - - - - - - - TL11 - - - - - - - - - TL12 - - TL13 - - - Legenda: recomendvel; recomendvel mas com algumas restries / limitaes

    Salienta-se que, em certos casos, as tcnicas de limpeza no so suficientes para solucionar todos os tipos de manchas, sendo necessrio recorrer a outro tipo de tcnicas de manuteno, no desenvolvidas nesta comunicao, tais como: aplicao de camada de acabamento (problemas de fantasmas - M4), correco das infiltraes de gua (problemas de humidade - M5) ou pintura com tinta aquosa texturada (presena de alteraes cromticas - M9). 5. CONCLUSES Nesta comunicao, fez-se uma sntese, a partir da literatura existente, com vista melhoria do diagnstico e manuteno de manchas em paredes rebocadas. Assim, foram propostas as seguintes tabelas e matrizes: tipos de manchas em paredes rebocadas; correlao entre manchas e causas possveis; tcnicas de diagnstico de manchas; correlao entre propriedades da superfcie, tcnicas de diagnstico e manchas; tcnicas de limpeza; por ltimo, aplicabilidade das tcnicas de limpeza face ao tipo de manchas. Salienta-se a necessidade de validao destas tabelas atravs do estudo de um nmero significativo de casos. Por ltimo, esta comunicao pretende incentivar a prtica da manuteno peridica em edifcios correntes e o desenvolvimento de metodologias sistemticas, apoiadas por documentos tcnicos / normas que contemplem as diferentes anomalias, tcnicas de diagnstico e tcnicas de manuteno. 6. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem Fundao para a Cincia e Tecnologia pela bolsa de investigao de apoio aos estudos de doutoramento da primeira autora, nos quais a presente comunicao se integra.

  • 7. REFERNCIAS [1] Sousa, H. Alvenarias em Portugal - Situao actual e perspectivas futuras. Seminrio sobre Paredes de Alvenaria, Porto, Editores: P.B. Loureno & H. Sousa, 2002, pp. 17-40. [2] Instituto Nacional de Estatstica (INE). Estatsticas nacionais - Censos 2001. [2004.07.02]. [3] Veiga, R. Patologia e reparao dos principais tipos de revestimentos de paredes. Curso de Patologia de revestimentos de paredes. Formas de a evitar. Lisboa, LNEC, Outubro 2004. [4] Duarte, C. M. e Alvarez, J. A. Apresentao de uma gama de argamassas de construo produzidas em fbrica. Construo 2001 - Congresso Nacional da Construo, Lisboa, IST, Dezembro 2001, pp. 503-509. [5] Parnham, P. Prevention of premature staining of new buildings. Londres, E&FN Spon, 1997, 59 p. [6] Norvaisiene, R. et al. Climatic and air pollution effects on building facades. Materials Science, Vol. 9, N 1, 2003, pp. 102-105. [7] Flores, I. Estratgias de Manuteno - Elementos da Envolvente de Edifcios Correntes, Dissertao para obteno do grau de mestre em construo. Lisboa, IST, Fevereiro 2002, 186 p. [8] Gaspar, P. ; Brito, J. de. Mapping defect sensitivity in external mortar renders. Construction and Building Materials, Vol. 19, 2005, pp. 571-578. [9] Teo, E. et al. An Assessment of factors affecting the service life of external paint finish on plastered facades. 10DBMC - International Conference on Durability of Building Materials and Components, Lyon, April 2005 (cd-rom). [10] NP 111, Tintas e Vernizes - Defeitos na pintura. Terminologia e definies. 1982, 8 p. [11] Henriques, F. et al. Materiais ptreos e similares. Terminologia das formas de alterao e degradao. ICT Patologia e Reabilitao das Construes. ITPRC2, Lisboa, LNEC, 2004, 39 p. [12] Vilhena, A. Anomalias mais frequentes na superfcie corrente de paredes devidas humidade. PATORREB 2003 - 1Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitao de Edifcios, Porto, FEUP, Maro 2003, pp. 127-135. [13] Brimblecombe, P. e Grossi C. M. Aesthetic thresholds and blackening of stone buildings. Science of the Total Environment, 2005, (artigo a publicar). [14] Life expectancy of buildings components. Surveyors experiences of building in use - a practical guide. Londres, Building Cost Information Service, 2001, 164 p. [15] Shohet, I. et al. Deterioration patterns of building cladding components. Construction Management and Economics, Vol. 20, 2002, pp. 305-314. [16] Chew, M. Y.L. e Ping, T. P. Staining of facades. Singapore, World Scientific Publishing, 2003, 160 p. [17] Calejo, R. Projecto e diagnstico de patologias em edifcios. 4as Jornadas de Construes Civis. Manuteno e Reabilitao de Edifcios, Porto, FEUP, Maio 1996. [18] RILEM Technical Recommendations for the Testing and Use of Construction Materials. Londres, E&FN Spon, 1994, 619 p. [19] ISO 15686-2, Buildings and constructed assets - Service Life Planning - Part2: Service life prediction procedures, International Organization for Standardization, 2001. [20] Moropoulou, A. et al. Integrated diagnostics using advanced in situ measuring technology. 10DBMC - International Conference on Durability of Building Materials and Components, Lyon, April 2005 (cd-rom).

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