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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS RAQUEL DE FÁTIMA FONSECA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA EDUCATIVA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

RAQUEL DE FÁTIMA FONSECA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA

EDUCATIVA

Silvânia2012

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

RAQUEL DE FÁTIMA FONSECA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA

EDUCATIVA

Artigo final elaborado na disciplina de trabalho de conclusão de curso – TCC do curso de Letras do Centro Universitário da Grande Dourados - para fins de obtenção do Grau de Licenciada em Letras, sob orientação da Prof. Elizabete Velter Borges

Silvânia2012

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

RAQUEL DE FÁTIMA FONSECA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA EDUCATIVA

Aprovado em: ____/____/12

Orientador (a): Prof.(a). Elizabete Velter Borges

________________________________

Profa. Rute de Sousa Josgrilberg Coordenadora do Curso

Silvânia - GO

2012

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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA EDUCATIVA

FONSECA, Raquel de Fátima*

BORGES, Elizabete Velter²

RESUMO: Este artigo foi desenvolvido para mostrar a necessidade de mudança nas didáticas de ensino em sala de aula da modalidade EJA, uma vez que o número de evasões vem crescendo a cada dia e na mesma proporção crescem também a procura por pessoas capacitadas no mercado de trabalho, que se torna exigente a cada dia e é por isso que a EJA não pode mais continuar sendo apenas uma forma mecanizada de alfabetizar o aluno, com a finalidade de torná-lo apenas apto a juntar as letras e decifrar os códigos linguísticos, mas que coloca o seu aluno no mesmo patamar de possibilidade dos demais alunos dos cursos regulares, fazer com que ele possa opinar, entender o que lê e também interferir nas decisões importantes à sua volta. A pesquisa também apresenta uma reflexão sobre os motivos que levam os alunos à evasão escolar, tendo a intensão de contribuir para a transformação em um ensino de qualidade. O referencial teórico está embasado em Freire (1979, 1996 e 2001), Fuck (1994), Ferreiro (2001), Nóvoa (1995) e Brandão (1996). A metodologia fundamenta-se na pesquisa bibliográfica de estudos anteriores e documentos, analisando as políticas educacionais brasileiras da Educação de Jovens e Adultos - EJA, em especial, as relacionadas à formação inicial e continuada dos professores. Retoma os registros da história da educação em relação à EJA, evidenciando que esta se caracterizou por um modelo de suplência e de alfabetização, com caráter eminentemente compensatório, sem preocupação com a formação de professores. Os resultados apontam para necessidade de algumas ações, como uma melhora na interação professor/aluno em sala de aula, proporcionando assim um ambiente agradável e propício ao aprendizado e ainda como já foi dito por vários autores seria de grande valia a inclusão de uma disciplina sobre a EJA nos cursos de graduação em Licenciatura, uma vez que os professores sairiam melhor preparados para lidar com esse público.

ABSTRACT: This article is designed to show the need for change in didactic teaching in classroom mode EJA, since the number of dropouts is growing every day and in the same proportion also grow the demand for skilled people in the labor market, which becomes demanding every day and that is why the EJA can no longer remain just a mechanized form of literacy students, in order to make it only able to join the letters and decipher the language codes, but that puts your student the same level of ability of other students of regular courses, cause he can opine, understand what you read and also interfere with important decisions around them. The survey also reflects on the reasons that lead to students dropping out of school, having the intention to contribute to the transformation in quality education. The theoretical framework is grounded in Freire (1979, 1996 and 2001) Fuck (1994), Smith (2001), Nóvoa (1995) and Brandao (1996). The methodology is based on literature review of previous studies and documents, analyzing the Brazilian educational policies of Youth and Adults - EJA, in particular those related to initial and continuing training of teachers. Resumes records the history of education in relation to EJA, showing that this model is characterized by a supplemental literacy and, with eminently compensatory, without concern for the training of teachers.

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*Aluna do curso de graduação de Letras da UNIGRAN- Dourados- MS

²Professora da UNIGRAN, orientadora da pesquisa.

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The results point to the need for some actions, such as an improvement in the interaction between teacher / student classroom, thus providing a pleasant and conducive to learning and as has been said by many authors would be valuable to include a course on YAE in undergraduate courses in BSc, since teachers fare better prepared to deal with this audience.

PALAVRAS-CHAVE: Formação docente, Educação de Jovens e Adultos, Prática pedagógica.

KEYWORDS: Teacher-training, Adult and Youth Education, pedagogical practice.

INTRODUÇÃO

Desde o surgimento da EJA tem-se visto reclamações a cerca da metodologia usada em sala de aula e que acabam gerando um grande número de evasão escolar levando ao descrédito dessa modalidade de ensino. A EJA está sendo desenvolvida pelos próprios professores de uma forma muito superficial, não se levando em conta a idade dos alunos que buscam a escola para adquirir saber, nem as condições em que esses alunos chegam ás salas de aula, colocando-se todos em um mesmo patamar e tratando-os como se fossem alunos da educação infantil regular, com aulas infantilizadas e ensinos que em nada acrescentam na aprendizagem destes alunos já em idade madura, é necessário urgentemente a implantação da matéria de EJA nos cursos de graduação em licenciatura que formam profissionais da área da educação.

Um estudo que visa mostrar para a sociedade as falhas existentes nos métodos de ensino, os motivos que causam as desistências de grande quantidade de alunos que abandonam o curso no decorrer da caminhada, pois, uma vez que sejam detectados, poderão ser feitas as mudanças necessárias para garantir uma educação de qualidade para os alunos da EJA, contribuindo para um repensar do educador atuante nas classes de EJA, fazendo- o refletir sobre sua prática pedagógica, especialmente como formador de cidadãos cônscios de seu papel na sociedade. Também pretende, com a pesquisa, na medida em que analisa profundamente o material utilizado, servir de subsídio a um repensar dessa escolha, relacionando-a aos objetivos da EJA previstos na legislação e no pensamento pedagógico vigente. Esse é o grande objetivo dessa pesquisa, além de diagnosticar os problemas, saná-los, se não todos, pelo menos grande parte deles e o principal deles, causador da evasão escolar na EJA.

Considerando a própria realidade do educando, o educador conseguirá promover a motivação necessária à aprendizagem, despertando neles interesse e entusiasmo, abrindo-lhes um maior campo para atingir o conhecimento. Vygotsky (1988) enfatiza a importância dos processos de construção, reconstrução e reelaboração dos conhecimentos, por parte do indivíduo, através dos significados que lhe são transmitidos pelos meios sociais onde estão inseridos.

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O estudo da EJA é de grande necessidade para a sociedade, a busca por melhorias nos métodos de ensino é uma constante no mundo pedagógico, as bases teóricas perpassam por Freire em Educação e Mudança (1979) e A experiência do MOVA (1996), Fuck em Alfabetização de Adultos (1994) e Ferreiro em Reflexões sobre alfabetização (2001), que possibilitam um conhecimento teórico, da prática pedagógica de jovens e adultos.

É necessária uma capacitação precisa e especializada para essa área do ensino, os alunos da EJA têm que ser tratados de uma forma diferenciada, com certa cautela e carinho, para que se sintam acolhidos pela escola, pelo professor, há de se criar um laço entre aluno e professor para que a cumplicidade entre ambos gere a aquisição do saber. No livro de Paulo Freire, Política e Educação: ensaios, ele aborda esse assunto.

A tarefa de alfabetizar jovens e adultos não é fácil, uma vez que se tenta desde a idade média, mas também não é impossível, já que em seu livro Alfabetização de Adultos- Relatos de uma experiência Construtivista (1985), Fuck relata sua experiência com quinze alunos da EJA que atingiram o objetivo de aprender a expressar de forma escrita suas ideias e a ler ideias expressas por outros, sem nenhuma evasão. Então podemos concluir que a EJA nasceu para dar certo e formar cidadãos críticos e conscientes de tudo que passa em seu país.

A grande questão é: Será que os professores que atuam na EJA estão preparados para lecionar nessa modalidade de ensino? É preciso que o governo ofereça cursos de especializações, os professores precisam conhecer os estudos de autores consagrados na área da EJA, como, Paulo Freire, que é o criador dessa modalidade de ensino, que nos diz que essa construção de aprendizagem precisa ser feita a partir do diálogo entre aluno e professor, é preciso haver uma troca mútua, pois quem ensina acaba por aprender cada vez mais e da mesma forma quem está aprendendo acaba ensinando também, (FREIRE, 1996, p. 26).

1. Educação de Jovens e Adultos: Conceito histórico

Falar em Educação de Adultos nos remete a pensar em uma dívida social que carece de reparos por políticas inclusivas: equalizadoras e qualificadoras, no atendimento à demanda que, atualmente, tem sido ampliada, em particular pela intensa vinda dos jovens à busca de escolarização.

De acordo com o que nos afirma Cormelato (1998) a EJA tem seu histórico baseado na evolução das políticas públicas evoluíndo conforme o crescimento econômico, social e político-cultural da sociedade brasileira, que a cada avanço deixava clara a necessidade de investimento na área da educação, pois se fazia necessário a formação e capacitação de profissionais para contribuirem com o crescimento do país.

Entre os teóricos não há um consenso sobre quando iniciou a educação de adultos no Brasil, para Paiva (1987, p. 56) ela começou em 1949 com a vinda da Companhia de Jesus ao Brasil, com a função de evangelizar os índios. Já Haddad (1997) prefere levar em consideração o

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período dos anos 30, que foi quando o Estado reconheceu a Educação de Adultos como u direito. Assim, de forma geral e resumida, apresentarei um panorama frente aos fatos que possam demarcar e esclarecer os movimentos da educação de adultos, atualmente EJA, em sua trajetória, desde o Brasil Colônia até os dias atuais.

A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil representa muitas variantes desde a colonização brasileira e inicialmente a alfabetização de adultos, uma vez que os colonizadores tinha como objetivo ensinar a ler e escrever á população nativa e colonos. A intenção era que a população pudesse ler o catecismo e seguir as ordens dos colonizadores. As ações de Educação de Jovens e adultos no Brasil-colônia já se praticavam, mas de forma assistemática e religiosa.

Os primeiros educadores foram os padres jesuítas. A partir do momento em que chegaram ao Brasil (em 1549, com o governador Tomé de Sousa), fundaram numerosas escolas elementares, onde ensinavam tanto brancos como índios, a leitura, escrita, aritmética e música. Como praticamente não havia livros, os mestres copiavam as lições para seus alunos. A educação média e a educação superior sacerdotal eram ministradas somente para os homens da classe dominante e toda família de prestígio tinha um filho sacerdotal.

Durante o período de 1759 a 1808 a educação ficou estagnada, nada acontecia, consequência da atitude do Marquês de Pombal que decidiu expulsar os jesuítas de Portugal e de todas as colônias, para que, na concepção dele, a modernização pudesse chegar enfim, mas ao contrário do que previa o que ocoreu foi uma decadência no ensino, pois apenas os jesuítas tinham a função de alfabetizar, com a saída deles de Portugal o ensino ficou paralisado e com ele o progesso. Para corrigir o erro as autoridades começaram a construir escolas, numa tntativa de amenizar o problema, mas esbarrou em outro, não havia professores capacitados para assumir tais responsabilidades.

Em 1808 quando a família real chega ao Brasil percebe-se a necessidade de melhorias no ensino, pois não havia pessoas qualificadas para assumir cargos de responsabilidade junto ao rei e é aí que surgem os primeiros cursos de nível superior, a Biblioteca Pública e a Imprensa Régia (Paiva 1987, p. 60). Sendo que na Europa o iluminismo e a Revolução Francesa, por iniciativa de D. João VI, ganham força.

Com a independência houve uma inversão nas prioridades e o ensino de nível médio, profissional e superior passam a ser mais importantes e tem um maior incentivo financeiro do governo, que desejava preparar pessoas para assumir cargos importantes nesse novo estado independente, surgem aí os cursos jurídicos, que eram necessários, e o ensino secundário com a criação do Colégio Pedro II.

Com o processo de redemocratização do Estado brasileiro, após 1945, a educação de adultos passou a ganhar vantagens dentro da preocupação geral com a universalização da educação elementar, pois foi nesse período que conseguiu definir sua identidade como forma de campanha nacional de massa. Esta Campanha de Educação de Adultos lançada em 1947 alimentou a reflexão e o debate em torno do analfabetismo no Brasil. Nesta ocasião, o

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analfabetismo era visto como causa e não efeito da situação econômica, social e cultural do país e, essa concepção validava a visão do adulto analfabeto como incapaz e marginal, sendo identificado psicológica e socialmente como criança.

Não podemos desconsiderar no contexto histórico brasileiro que todos os movimentos relativos à educação estão diretamente relacionados aos movimentos de fortalecimento econômico, político e social do país. O entusiasmo pela educação se desenvolvia em meio a um sentimento de nacionalismo durante o pós-guerra, ganhando uma dimensão humanitarista, defendida pelos profissionais da educação. Dentre estes, Paiva (1987, p. 99) destaca que a expressão mais estruturada deste humanitarismo da época pode ser encontrada em Miguel Couto:

O analfabetismo das massas seria a fonte “da incompreensão, da intolerância, da preguiça”, chegando a afetar fisicamente os indivíduos. Em sua concepção, o analfabetismo é um microcéfalo, “a sua visão física estreitada, porque embora veja claro, a enorme massa de noções escritas lhe escapa; pelos ouvidos passam palavras e ideias como se não passassem; o seu campo de percepção é uma linha, a inteligência, o vácuo, não raciocina, não entende, não prevê, não imagina, não cria”.

A educação básica de adultos começou a estabelecer seu lugar através da história da educação no Brasil, a partir da década de 1930, pois neste período a sociedade passava por grandes transformações, onde o sistema de ensino de educação começa a se firmar. Além do crescimento no processo de industrialização e reunião da população nos centros urbanos. A oferta de ensino era de graça, acolhendo setores sociais cada vez mais diversos. O crescimento da educação elementar foi estimulado pelo governo federal, no qual projetava diretrizes educacionais para todo o país. Observa-se que o governo estava sempre contribuindo para melhoria da educação, no qual dando todo apoio e sua ação em fazer com que todos os cidadãos possam usufruir de uma educação de qualidade para todos.

Em 1945 a UNESCO começa a apoiar a Educação de Adultos e a fazer apelos por melhorias no ensino, gerando assim a criação de programas independentes de apoio à educação adulta. Já em 1958 com o Ii Congresso Nacional da Educação, entra em discussão dois processos de experiências que haviam sido desenvolvidos no Pernambuco: as ações do MEB- Movimento Eclesiástico de Base e as ideias de Paulo Freire.

Segundo Freire seria necessário fazer um levantamento das palavras, do vocabulário usado por determinado grupo em seu círculo social, no ambiente em que vive, para que esse vocabulário fosse estudado, gerando temas discutíveis, temas esses que são usados até hoje nas escolas de todo o Brasil, mas que na época foi paralizado devido ao golpe militar de 1964 que levou Paulo Freire ao exílio e paroun o movimento do MEB no país.

Após o golpe militar, por volta de 1967 o governo começooou a controlar a educação de adultos e lançou o Mobral- Movimento Brasileiro de Alfabetização. Apartir do ano de 1970 o Mobral se espalhou por todo o Brasil, mas paralelo a ele, grupos dedicados à educação

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popular continuaram a realizar experiências pequenas e isoladas de alfabetização de adultos com propostas mais críticas, desenvolvendo os métodos de Paulo Freire.

A partir da década de 1980 e 1990, a educação deixou de ser um ensino voltado para o tradicionalismo, fazendo com que os educadores buscassem novas propostas de ensino, com intuito de ajudar no crescimento do aluno para um ensino mais qualificado para um futuro melhor para humanidade. A década de 1990 não foi muito benéfica, devido a vários empecilhos que contribuíram para que se chegasse a essa conclusão. Devido à falta de políticas o governo não deu apoio à Educação de Adultos, chegando a contribuir para o fechamento da Fundação Educar, além de ocorrer um grande vazio político, no que se refere a esse setor, mas em compensação, alguns Estados e Municípios assumiram a responsabilidade de oferecer educação para os alunos da EJA (Id,2006).

A educação de Jovens e Adultos ganha historicamente espaço no sistema educativo e se organiza em defesa daqueles que tiveram seus direitos retirados em relação à educação, em tempo regular de suas vidas, ou seja, na idade que as escolas consideram ser a mais adequada para a conclusão do ensino básico (ensino fundamental) e médio que é até os 17 ou 18 anos, após esta idade considera-se que o estudante está atrasado nos estudos. Devido à necessidade de inserirem-se no contexto social e econômico, os educandos da EJA retornam a escola; porém nesta volta depara-se com situações que muitas vezes os desestimulam; como exemplos podem citar o fato de que alguns educadores não levam em consideração os conhecimentos prévios dos alunos e implantam conteúdos que fogem da realidade dos mesmos.

Em janeiro de 2003, O MEC anunciou que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do Governo Federal. Para isso, foi criada a secretaria extraordinária de erradicação do Analfabetismo, cuja meta era erradicar o analfabetismo durante o mandato de quatro anos do governo Lula. Para cumprir essa meta foi lançado o programa Brasil Alfabetizado, por meio do qual o MEC contribuiu com os órgãos públicos Estaduais e Municipais, instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos para que desenvolvessem ações de alfabetização.

1.1 O que diz a Legislação sobre a EJA

A educação de jovens e adultos organiza-se em favor daqueles que tiveram seus direitos á escolarização retirados em período regular de suas vidas; portanto é necessário saber ler e escrever como forma de deixar de ser dependente em todas as tarefas que se faça.

Segundo a Constituição Federal de 1988 a educação de jovens e adultos pode ser viabilizada na argumentação do Art. 208, quando esta Constituição relata que a oferta no ensino

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fundamental de forma obrigatória e gratuita, pode ser assegurada para todas as pessoas que não tiveram acesso à educação em idade própria:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade certa;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

As pessoas que frequentam a EJA não tiveram condições adequadas para estudarem em idade própria, deixando então os estudos como segunda opção em suas vidas, para se dedicarem a outros compromissos que naquele momento foram importantes, como família, trabalho ou mesmo, por opção de não quererem estudar em idade específica do ensino fundamental ou médio.

Freire (1979) diz que a educação possui um caráter permanente. Por isso, não há seres educados e não educados, porque estamos todos nos educando. Existem sim, graus de educação, porém eles não são absolutos. Portanto as pessoas estão sempre adquirindo e aprimorando os seus saberes e a educação deve ocorrer através do processo de letramento que segundo SOARES (2003) é o texto ou a condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita. Letrá seria então fazer com que os educandos colocassem em prática o que aprenderam, porque o letramento é o resultado da

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ação de ensinar ou aprender a ler e escrever, está em constante construção, pois é um processo contínuo.

No Art. 214 desta Constituição Federal (p. 123), são mencionados que a lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à:

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV – formação para o trabalho;

V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.

Nessa perspectiva, verifica-se no primeiro item, como proposta da própria Constituição Federal de 1988, a preocupação em eliminar com o analfabetismo sendo uma consequência de diversas manifestações, contextos políticos / econômicos e sociais de longas décadas. E é nesse sentido que a EJA passou a ser vista como importante e necessária para o âmbito educacional, pois se percebia a existência de muitas pessoas analfabetas, ou seja, sem o conhecimento linguístico, porém, com inúmeras experiências de vida, em que, em muitos momentos suas próprias experiências culturais e sociais sobressaíram-se perante a ausência do conhecimento de ler e escrever.

Com o fim do regime militar e com a eleição indireta de Tancredo Neves, as questões educacionais já tinham perdido seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Profissionais como sociólogos, filósofos entre outros, assumiram postos na área da educação e começaram a concretizar seus discursos.

O projeto de Lei da Nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases) é aprovado em 1996, com a Lei n°. 9394/96 e inúmeros projetos são executados na área educacional, tais como:

- Programa de Avaliação Institucional – PAI

-Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM

-Exame Nacional de Cursos – ENC (hoje chamado ENADE, Exame Nacional de Desempenho do Estudante).

Sabemos que a educação é um direito de todos e dever do Estado e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, constam no Título V, Capítulo II, Seção V, dois Artigos relacionados, especificamente à Educação de Jovens e Adultos:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais

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apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;

II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.

§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

Isto posto, podemos analisar diante deste contexto histórico (político, educacional, econômico e social) que o perfil necessário para o professor hoje se refere a um docente qualificado teoricamente, mas que tenha uma prática reflexiva sobre sua própria ação pedagógica. Que seja capaz de ministrar aulas teoricamente e que saiba desenvolver suas aulas de forma dinâmica e prazerosa para os alunos, ou seja, é necessário que o docente saiba dirigir situações de aprendizagem a partir da realidade vivenciada, integrando teoria e prática por meio de projetos de ensino, de forma que este aprendizado seja significativo para o aluno.

A Educação de Jovens e Adultos deve ser uma educação multicultural, uma educação que desenvolva o conhecimento e a conexão na heterogeneidade cultural. Como afirma Gadotti (2001), precisa ser uma educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer bem o próprio contexto do educando, pois somente conhecendo e utilizando realidade desses jovens e adultos é que haverá uma educação de qualidade.

De acordo com Carvalho (2004, p. 43) “Direitos humanos são aqueles direitos fundamentais, a partir da premissa obvia do direito à vida, que decorrem do reconhecimento da dignidade de todo ser humano, sem qualquer distinção, e que, hoje, fazem parte da consciência moral e política da humanidade”.

Segundo Freire apud Gadotti (2001), o grande número de analfabetismo, com faixa etária elevada pode ser explicado por vários problemas, tais como: a concepção pedagógica e problemas metodológicos detectados em sala de alfabetização, como a qualificação profissional do educador de jovens e adultos que é de suma importância para o processo de alfabetização, pois o professor desta modalidade de ensino precisa ser um professor criativo a fim de transformar sua aula numa “tarefa de educar”, visando assumir com responsabilidade o importante papel de alfabetizar mediante uma prática pedagógica reflexiva, de forma significativa e prazerosa para com os educandos.

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Além da Seção V, específica para Educação de Jovens e Adultos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº. 9394 de 1996 mencionam em outros artigos e parágrafos, assuntos direcionados aos jovens e adultos, conforme consta abaixo:

Título III - Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;

Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.

§ 1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União:

I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso;

Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei.

§ 3º Cada Município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá:

II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados;

Assim com a consolidação das Leis da LDB e a Constituição Federal o ensino da EJA começa a despontar e se tornar uma realidade, mas não esquecendo que há ainda muitos problemas a serem corrigidos para que o ensino nas salas de aula da EJA seja satisfatório e reduzam os índices de evasão e o principal alvo dessa correção é o processo de ensino/aprendizagem que veremos a seguir.

2. Formação Docente: relação professor/aluno, instaurando uma nova didática.

A educação de jovens e adultos deve ser constantemente uma educação de qualidade e multicultural que desenvolva a aprendizagem, integração e interação na diversidade cultural desenvolvendo assim as relações inter e intrapessoal. O jovem e o adulto esperam e querem ver resultados imediatos das suas habilidades e competências, para resgatarem a sua autoestima, pois a sua “ignorância” que muitas vezes os tornam leigos perante as informações e inovações leva-os a sentirem ansiedade, angústia e ao mesmo tempo “complexo de inferioridade” perante o contexto social. Com base em Snyders (1990) ”O professor não deve abster de estudar, o prazer pelo estudo e a leitura deve ser evidente, senão não irá conseguir

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passar esse gosto para seus alunos, em suma, o professor que não aprende com prazer, não ensinará com prazer”.

Todavia, falar de trabalho docente, relacionado à formação do professor é refletir na educação do nosso país. A formação de professores, ou seja, o trabalho docente tem preocupado muitos teóricos e pesquisadores da área educacional, como: Antonio Nóvoa (1999); Moacir Gadotti (2001); Queluz e Alonso (2003); Paulo Freire (2003); Philippe Perrenoud (2000) e Selma Garrido Pimenta (2002) que, em seus estudos, retratam a questão da formação docente mediante uma prática pedagógica reflexiva, apontando questionamentos e defendendo a necessidade da pesquisa como elemento essencial na formação profissional do professor como também destacando a importância da trajetória docente num trabalho coletivo.

Shiroma (2004) argumenta que o professor é tido como agente de mudança, sendo o responsável pela realização do ideal neste século XXI. As principais características do professor desse século seriam: competência, profissionalismo e devotamento. Com isso, analisa-se que a formação profissional de professores deve assegurar a aquisição de conhecimentos sobre o desenvolvimento humano e a forma como cada cultura caracteriza as diferentes faixas etárias e as representações sociais e culturais dos diferentes níveis do crescimento e de experiências humanas.

Com relação à concepção teórica de Selma Garrido Pimenta (2002), sobre a importância da formação docente e a prática pedagógica reflexiva, fica evidente que:

A identidade profissional constrói-se pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor conferem à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida o ser professor. [...] Os saberes da experiência são também aqueles que os professores produzem no seu cotidiano docente, num processo permanente de reflexão sobre sua prática, mediatizada pela de outrem – seus colegas de trabalho, os textos produzidos por outros educadores. São aí que ganham importância na formação de professores os processos de reflexão sobre a própria prática [...]. (Idem, p. 19-21).

O professor precisa ser competente para conhecer e administrar situações-problemas, obtendo uma visão longitudinal as possibilidades do aluno, estabelecendo de certa forma uma relação entre teoria e prática de aprendizagem, principalmente na educação de jovens e adultos, como também ser um mediador entre experiências de vida do educando, ou seja, prática vivenciada, com a teoria que está sendo estudada, fazendo com que o aprendizado que está adquirido torna-se significativo para o jovem ou adulto.

O educador desempenha o importante papel na transformação e mediação dos conhecimentos, pois está comprometido com a conquista da cidadania de todos. É por meio do diálogo e da relação pedagógica que ocorre a interação entre educador e educando, a fim de alcançar a construção do conhecimento. Perrenoud (2000) também deixa claro que o professor precisa ser responsável pela sua própria formação profissional contínua, estabelecendo assim, uma reflexão teórico-prática sobre suas próprias competências e habilidades.

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É melhor que o professor trabalhe as disciplinas de forma interligada com seus alunos, levando em consideração a experiência de cada indivíduo, fazendo-os se envolverem na vida escolar e ampliando seu universo cultural por meio de socializações. Paulo Freire, por sua vez, em seu livro “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa” argumenta sobre a formação do educador contextualizado de acordo com o ambiente social e cultural do educando.

Como ensinar, como formar sem estar aberto ao contorno geográfico, social, dos educandos? (...) Preciso agora saber ou abrir-me à realidade desses alunos com quem partilho a minha atividade pedagógica. Preciso tornar-me, se não absolutamente íntimo de sua forma de estar sendo, no mínimo, menos estranho e distante dela. (FREIRE, 2003, p. 137)

O que Freire nos diz com isso é que o professor deve ir além de suas responsabilidades profissionais, além de ser um mero professor que cumpre à risca o que lhe é oredenado, é preciso que ele seja um amigo, uma pessoa maracante, respeitada e querida pelos alunos criando neles um vínculo de amizade e confiança, para que dessa forma possa formular aulas que estejam em acordo com a realidade vivida pelos alunos, elaborando aulas que retrate o cotidiano deles, tornando essas aulas mais agradáveis, compreensivas e participativas, atigindo o objetivo de envolver e capacitar os alunos, indo além do professor “modelo” descrito por Pimenta (2002), colocando o aluno e suas necessidades como foco e modelo para a elaboração de seu trabalho.

Sendo assim se faz necessário que aqueles que se dizem educadores tenham plena convicção e consciência de que cada sujeito que passa por uma sala de aula, levará consigo, para toda sua vida, as marcas benéficas e maléficas de suas lições. É imprescindível que os educadores sejam realmente mestres, no verdadeiro sentido do termo. E que nas suas práticas saibam: valorizar a aprendizagem do educando ouvindo suas experiências, relatos e incluindo esses saberes nas suas práxis pedagógicas, dialogar constantemente com a linguagem e tratamento propício ao público alvo, indagar a opinião dos educandos em relação aos temas a serem trabalhados antes mesmo de abordá-los cientificamente, demonstrando ao educando que a leitura de mundo faz parte de seu cotidiano e do processo das habilidades do ensino e aprendizagem, entender e compreender que o promover jovens e adultos é um ato político e, no entanto ele deve saber propiciar e estimular ações para o exercício da cidadania. Portanto um educador somente troca conhecimento a partir do momento que ele está adquirindo a aprendizagem através de pesquisas, pois o verdadeiro educador é aquele que aprende e passa para o educando o que aprendeu, contudo não se pode repassar qualquer tipo de informação a um ser humano sem antes ajudá-lo a encontrar essa informação dentro de si.

O professor precisa conhecer aspectos psicológicos, sobre desenvolvimento cognitivo físico e social dos seus educandos, de modo que possam atuar nos processos de aprendizagem e socialização; ter conhecimento do desenvolvimento dos processos de aprendizagem dos diferentes conteúdos escolares em diferentes momentos do desenvolvimento do educando, das experiências institucionais e do universo cultural e social em que seus alunos estão inseridos. Esses conhecimentos habilitarão o professor para obter um atendimento qualificado quanto à

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diversidade dos educandos para trabalhar na perspectiva de uma escola inclusiva, principalmente buscando contribuir para a execução de um trabalho docente coletivo.

O ensino da EJA exige mais atenção devido às exigências do mercado de trabalho que requer níveis de letramento cada vez mais acentuados, várias habilidades que empurram os sujeitos para escola. Durante suas aulas, os professores da EJA precisam tomar cuidados quanto à maneira que vão ministrar suas aulas, porque os formuladores de políticas responsáveis pela EJA tomam alfabetização como aquisição de um sistema de código alfabético, tendo como único objetivo instrumentalizar a população com rudimentos escolares.

Assim, a inclusão de jovens e adultos nas instituições escolares necessita estar dentro de uma proposta de ensino que seja significativa e de qualidade, onde o sujeito seja o principal objetivo do currículo escolar, portanto as aulas devem ser prazerosas e atrativas com atividades inovadoras e concretas que levem o aluno a pensar e questionar, resolvendo problemas advindos do seu cotidiano.

A relação entre o professor e o aluno da EJA é um aspecto essencial da organização dos elementos enriquecedores desta modalidade, aquisição de conhecimentos e da situação didática, tendo em vista alcançar os objetivos do processo de ensino-aprendizagem que se constitui na transmissão e assimilação dos conhecimentos, hábitos, habilidades e competências.

O professor não deve ser bruto, rígido, autoritário e muito menos mostrar-se superior ao seu aluno, até mesmo porque ninguém é dono do saber e nem é dotado de um conhecimento finito, as pessoas, sejam elas professores ou alunos, tem muito que aprender umas com as outras; e uma boa relação é fundamental para que estes conhecimentos sejam socializados; um socializa o que sabe para o outro e assim, juntos, vão construindo novo saberes e redefinindo ou engrandecendo e aprimorando seus conceitos e suas opiniões.

Com isso, verifica-se que o professor precisa ser pesquisador mediante sua prática educativa, ou seja, precisa ter uma pesquisa baseada na ação-reflexão-ação, envolvendo assim, teoria e prática. O educador precisa buscar uma prática pedagógica, uma didática crítica-reflexiva para com os seus educandos, analisando o contexto histórico, social e político e de cada aluno, auxiliando-os a buscar uma sociedade mais justa e igualitária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho possibilitou perceber a importância da continuidade de formação por parte dos professores que atuam e atuarão na área da EJA, mostrando que o educador de jovens e adultos vai construindo o seu saber alicerçado em relações históricas, convicções e compromissos por meio da inserção do professor na sociedade contemporânea, abordando todas as dimensões na sua função de educador. Gadotti, em sua reflexão menciona que: “Refletir sobre as funções do educador, rever estratégias de ação, trocar experiências, propor

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políticas e até mesmo assumir a pedagogia da indignação, só é eficaz no coletivo, pois as atitudes isoladas, [...] pode gerar o enfraquecimento da ação”. (GADOTTI, 2001, p.67).

É necessário que para obter um ensino de qualidade nas instituições escolares e atender a grande diversidade da EJA, precisa de profissionais qualificados que atendam as diversas necessidades, bem como: professores que recebam os alunos em contra turnos (apoio) para sanar as dificuldades e dúvidas detectadas no aluno pelo professor de sala; sala multifuncionais com professor também “multi” para suprir as limitações dos alunos multi, mas é preciso no ato da matrícula dos alunos com alguma necessidade especial requerer um diagnóstico emitido pelo médico, onde específica a limitação do educando com o objetivo de proporcionar melhores condições de aprendizado, para que desperte estímulos nas habilidades e competências a serem descobertas, materiais personalizados e adequados à necessidade desse público, recursos didáticos (livros, jogos diversificados) para cada aluno, com a finalidade de permitir o acompanhamento e o reforço do estudo e aprendizado, biblioteca com recursos especializados para o primeiro segmento e funcionário (bibliotecário) qualificado para atender a grande demanda do público alvo e disciplina em relação ao horário e uniforme a fim de que possam prepará-los para as exigências do contexto social.

Portanto conclui-se que avaliar não é excluir e sim acompanhar e recuperar, visando orientar nas tomadas de decisões e superar as dificuldades advindas assegurando os objetivos almejados. Em síntese é de suma importância que os educadores que se propõem em ensinar tenham em mente que devem mediar com sabedoria, entusiasmo, sensibilidade, humildade e alegria. Que exemplifiquem a confiança, a paz, a amizade, o companheirismo e o respeito, pois todo professor deverá ter sempre em mente que a sua profissão é uma das mais nobres, porque é a grande responsável por iluminar consciências e formar cidadãos de bem.

Assim, o bom relacionamento em sala de aula é quase sempre tão importante quanto á diversidade de métodos e outros recursos instrucionais que são utilizados para educar; os alunos devem estar alegres, bem humorados e seguros em todos os momentos e principalmente no de desenvolver as atividades de aprendizagem, assim pode-se perceber que o relacionamento entre os componentes da sala é agradável e bom.

REFERÊNCIAS

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CORMELATO, Denise Maria. Dimensões teórico-metodológicas na prática educativa com adultos trabalhadores. In: CORMELATO, Denise; SANT´ANNA, Sita Mara. (Org.) Aprendendo com jovens e adultos. Porto Alegre. Gráfica da UFRGS, 1998.

HADDAD, Sérgio. A educação de pessoas jovens e adultas e a nova LDB. In BRZEZINSKI, Iria (Org.). LDB interpretada: distintos olhares se entre-cruzam. São Paulo. Cortez, 1997.

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PAIVA, Vanilda. Educação popular e educação de adultos. São Paulo. Loyola, 1987.

SANT´ANNA, Sita Mara Lopes. A educação de jovens e adultos: uma perspectiva histórica. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/eja/contextualizaçao-historica-da-aja-sitamara.pdf. Acesso em 13 out. 2012.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 6° edição. São Paulo. Brasiliense, 1982.

LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo. E.P.U., 1986.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17° edição. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

GADOTTI, Moacir e ROMÃO, José E. (Org.). Educação de jovens e adultos: teoria, prática e proposta. 3ª ed. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

NOVOA, Antônio (Org.). Vidas de professores. 2ª ed. Coleção Ciências da Educação. Lisboa: Porto, 1995.

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