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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ICSA MBA EM HOTELARIA A GESTÃO HOTELEIRA ORIENTADA PARA O MARKETING: ESTUDO DE CASO NAS POUSADAS DE MANGARATIBA/RJ Anderson Moreira Pinto Orientadora: Profª M. SC. Denise Carvalho Takenaka Co-orientador: Prof. M. SC. André Lacerda Batista de Souza Seropédica 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – ICSA

MBA EM HOTELARIA

A GESTÃO HOTELEIRA ORIENTADA PARA O MARKETING:

ESTUDO DE CASO NAS POUSADAS DE MANGARATIBA/RJ

Anderson Moreira Pinto

Orientadora: Profª M. SC. Denise Carvalho Takenaka

Co-orientador: Prof. M. SC. André Lacerda Batista de Souza

Seropédica

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – ICSA

MBA EM HOTELARIA

A GESTÃO HOTELEIRA ORIENTADA PARA O MARKETING:

ESTUDO DE CASO NAS POUSADAS DE MANGARATIBA/RJ

Anderson Moreira Pinto

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro como requisito parcial para

obtenção do título de especialista em Hotelaria, sob orientação

do (a) Professor (a) Msc. Denise Carvalho Takenaka e co-

orientação do Professor Msc. André Lacerda Batista de Souza.

Seropédica

2014

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A GESTÃO HOTELEIRA ORIENTADA PARA O MARKETING:

ESTUDO DE CASO NAS POUSADAS DE MANGARATIBA/RJ

Anderson Moreira Pinto

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural de Rio

de Janeiro, como requisito parcial para a obtenção do título Especialista em

Hotelaria.

Aprovado em ____/____/____.

Banca Examinadora

____________________________________________

Professora Msc. Denise Carvalho Takenaka (Orientadora)

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

____________________________________________

Prof. Dr. Lélio Galdino Rosa

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

____________________________________________

Professora Dra. Marcia Cristina Rodrigues Cova

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos professores que

passaram pelo meu caminho e me ensinaram a

valorizar o poder do conhecimento, sem abrir mão

dos valores mais simples que nos aproximam

enquanto seres humanos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me permitir chegar aonde cheguei, diante dos

obstáculos enfrentados ao longo do caminho.

Em especial, agradeço ao meu pai e sócio por acreditar sempre nos

conhecimentos adquiridos ao longo da especialização. E também à minha noiva, por

ter tanta paciência em me ouvir durante todo o processo.

Aos gestores das pousadas que me recepcionaram com tanta gentileza,

confidenciaram-me alguns de seus segredos de gestão e me permitiram tentar

entendê-los.

Agradeço ainda minha família e, principalmente, aos amigos de turma e

docentes que passaram pelo meu caminho durante o curso e me proporcionaram

uma nova visão de mundo, mais crítica e voltada ao atendimento com qualidade

excepcional. Dando louvável destaque aos professores que me auxiliaram nas horas

mais desesperadoras, em especial meu co-orientador André Lacerda e a professora

Isabela Fogaça.

Agradeço à minha orientadora Denise Carvalho Takenaka por me orientar ao

longo do projeto de pesquisa.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a postura estratégica de

marketing adotada por gestores locais do ramo hoteleiro. Tendo em vista como pano

de fundo seis pousadas da cidade de Mangaratiba, município do Rio de Janeiro

localizado na Costa Verde. Diante disso, a pesquisa busca identificar características

estruturais e organizacionais da hotelaria local, bem como as características de

orientação de marketing adotadas pelos gestores a fim de compará-las como os

pressupostos teóricos. Para tal fim, a coleta de dados foi realizada em duas etapas

com os seis gestores selecionados aleatoriamente. Sendo dois deles do distrito sede

(Mangaratiba), um de Itacuruçá, um de Praia Grande, um de Conceição de Jacareí e

um da Serra do Piloto. Na primeira etapa o instrumento utilizado para a coleta de

dados foi questionário fechado, a fim de identificar variáveis estruturais e

organizacionais como o número de quartos, leitos, serviços oferecidos, condições de

pagamento, número de colaboradores e práticas de sustentabilidade. Na segunda

etapa do estudo foi utilizada entrevista estruturada que possibilitou conhecer de

forma mais detalhada a história da criação das pousadas, as definições

organizacionais, as políticas de recursos humanos (seleção, perfil de colaboradores

e treinamentos), as estratégias de segmentação, a utilização da pesquisa como

ferramenta de conhecimento do mercado, as formas de divulgação dos meios de

hospedagem, o conhecimento do seu produto turístico e dos preços praticados, bem

como o tipo relacionamento gerado com poder público. A análise de dados foi feita

através de estatística básica e Análise de Conteúdo das entrevistas. Portanto, frente

ao questionamento inicial da pesquisa foi possível conhecer o estilo de gestão do

hoteleiro da cidade de Mangaratiba, as características dos estabelecimentos, o mix

do produto hoteleiro ofertado, as forças, fraquezas e as necessidades.

Palavras–chave: Marketing; Hotelaria; Gestão

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ABSTRACT

The following essay shows us as main goal the structures of marketing generally

used by local hostel managers. Everything is based on six different places located in

Magaratiba, a small city on Costa Verde of Rio de Janeiro. Bearing it in mind this

research defines structural qualities and discipline of the hospitality industry as well

as how these management departments do their marketing orientation. Then it would

be possible to compare these informations to an assumption of a theory. These

information gathering was done in two steps with all six managers choosen randomly

through Mangaratiba’s neighbourhoods. Two of them were from Downtown, one from

Itacuruça, one from Praia Grande, one from Conceição de Jacareí and the last one

from Serra do Piloto. For the first step it was used a form which each of them had to

fill in with informations about their organization and company structure like number of

rooms, number of beds, service provided, payment conditions, number of employees

and sustainability. In the second step the method used was an interview to

understand better their company’s foundation history, information about their

organization, human reasorce policy (like job interviews, employee’s profile and

training) marketing strategies, if they do researches about the hospitality industry,

use of advertisements, knowledge in tourism field and rates and its relation with the

Government. All relevant matters was done based on the interviews. Therefore, this

piece shows the hospitality management skills adopted in Mangaratiba city, all their

characteristics, the hospitality industry itself, their weakness and strength and needs.

Keywords: Marketing, Hospitality; Management

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

CADASTUR - Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no

setor do turismo.

FNRH - Ficha Nacional de Registro de Hóspedes

IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEPAC-Instituto Estadual do Patrimônio Cultural

RJ – Rio de Janeiro

SBCLASS - Sistema Brasileiro de Classificação dos Meio de hospedagem

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TCE-RJ - Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

WTO - World Trade Organization

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LISTA DE GRÁFICOS, FIGURAS E QUADROS

FIGURA 1 - CARACTERÍSTICAS DE UMA ORGANIZAÇÃO ORIENTADA PARA O MARKETING ....... 21

FIGURA 2 – MAPA DA CIDADE DE MANGARATIBA ................................................. 21

FIGURA 3 – IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GUIA ................................ 21

FIGURA 4 – CAIS DE CONCEIÇÃO DE JACAREÍ ...................................................... 21

FIGURA 5 – ORLA DE ITACURUÇÁ ........................................................................... 21

FIGURA 6 – ORLA DE MURIQUI ................................................................................ 21

FIGURA 7 – RUÍNAS DE UM TEATRO NA PRAIA DO SACO .................................................... 21

FIGURA 8 – PRAIA GRANDE ........................................................................................ 30

QUADRO 1 – IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ..................................... 36

QUADRO 2 – NÚMERO DE QUARTOS OFERTADOS. .......................................................... 37

GRÁFICO 1 – DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO ................................ 38

QUADRO 3 – SERVIÇOS OFERTADOS PELAS POUSADAS. .................................................. 39

QUADRO 4 – PRESENÇA NAS REDES SOCIAIS ................................................................. 50

QUADRO 5 – SITES DE DIVULGAÇÃO DE PRODUTOS HOTELEIROS ...................................... 51

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................... 15

2.1 O PRODUTO HOTELEIRO ................................................................................................... 15

2.2 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ............................................................................................ 16

2.2.1 Definição do Negócio .............................................................................................. 18

2.3 O MARKETING NAS ORGANIZAÇÕES ................................................................................... 19

2.4 O MUNICÍPIO DE MANGARATIBA E O TURISMO .................................................................... 23

2.4.1 O setor de pousadas de Mangaratiba .................................................................... 27

3. MEDOTOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................................ 33

4. ARESENTRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................................... 36

4.1.1 Localização ............................................................................................................. 36

4.1.2 Idade das pousadas ............................................................................................... 37

4.1.3 Estrutura ................................................................................................................. 37

4.1.4. Mão de obra ........................................................................................................... 37

4.1.5 Serviços Ofertados ................................................................................................. 38

4.1.6 Ações sustentáveis ................................................................................................. 39

4.1.7 Formas de pagamento ............................................................................................ 40

4.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ............................................................................................... 40

4.2.1 Como nascem as pousadas em Mangaratiba ........................................................ 40

4.2.2 Planejamento Estratégico ....................................................................................... 42

4.2.3 Definição do público das pousadas ........................................................................ 43

4.2.4 Como fazem para conhecer os seus clientes ......................................................... 45

4.2.5 A competitividade entre as pousadas ..................................................................... 46

4.2.6 As formas de divulgação ........................................................................................ 48

4.2.7 A Presença na internet ........................................................................................... 49

4.2.8 - Integração ............................................................................................................. 51

4.2.9 Parcerias ................................................................................................................. 52

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 60

ANEXOS ................................................................................................................................... 69

DADOS DA EMPRESA ........................................................................................................ 69

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ...................................................................................... 69

RECUSOS HUMANOS ........................................................................................................ 69

SEGMENTAÇÃO DE MERCADO .................................................................................................. 70

SOBRE A FERRAMENTA DE PESQUISA ....................................................................................... 71

QUANTO AOS CONCORRENTES ................................................................................................ 71

QUANTO AO PRODUTO DA POUSADA ........................................................................................ 72

QUANTOS AS ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO DA POUSADA ........................................................ 72

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SOBRE OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................ 75

SOBRE FORMAS DE CONTATO .................................................................................................. 75

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INTRODUÇÃO

No início do século XXI, frente às diferentes formas de conectividade

presentes no dia a dia das pessoas, por meio de smartphones, tablets, nootbooks,

computadores e demais aparelhos eletrônicos abrem-se novos canais de

comunicação e, onde antes quase não existiam opções, passaram a estar

disponíveis múltiplas possibilidades de consumo de bens, produtos e serviços. Em

especial, ficou evidente a quantidade de pequenas empresas existentes, as quais

tentam conquistar mercado através da oferta de serviços específicos.

Este cenário começou a ser formado a partir da década de 1990, frente ao

desenvolvimento da atividade empreendedora de forma mais sistemática no Brasil e

o fortalecimento da indústria de produtos do setor da informática. Nesta década,

variedades de empresas foram criadas e encerraram suas atividades, assim como

outras que continuam no mercado oferecendo soluções para necessidades

apresentadas.

Neste processo de abertura, continuidade e perpetuação destas empresas,

torna-se evidente a importância do papel exercido pelo marketing na tarefa de

identificar oportunidades e atender as necessidades dos clientes, gerando

inovações, criando valor e até mesmo ampliando a oferta de produtos já existentes.

Segundo Grönroos (2009, p.6) o caminho do sucesso ou do fracasso de uma

empresa de serviços começa a se definir a partir da perspectiva estratégica que ela

adota, podendo ser voltada para serviço, produto central, preço ou imagem. Na

mesma linha de pensamento, Castelli (1991, p.12) afirma que vivemos em um

mundo caracterizado pelo dinamismo das transformações e pela hegemonia do

cliente. E para que a empresa se mantenha competitiva no mercado, ela deve estar

conectada a estes fatores.

Nesta realidade onde produtos e serviços são apresentados ao mercado em

demasia, destacam-se pela importância dada à compreensão das necessidades do

público as empresas que ofertam serviços turísticos. Mais especificamente meios de

hospedagem, os quais como uma extensão da oferta turística.

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Ainda considerando a perspectiva estratégica, percebe-se no estado do Rio

de Janeiro, grande interesse turístico na região da Costa Verde, litoral sul do estado,

que tem como destinos turísticos clássicos a Ilha Grande, Angra dos Reis e Paraty.

A presente investigação se propõe a responder a seguinte questão-chave: as

pousadas de Mangaratiba são caracterizadas como empresas orientadas para o

marketing?

Partindo desta questão a pesquisa tem como objetivo geral analisar a

utilização estratégica de marketing adotada pelas pousadas de Mangaratiba/RJ

enquanto micro e pequenos empreendimentos hoteleiros. Tendo ainda como

objetivos específicos: caracterizar a hotelaria local, identificar as estratégias

adotadas pelos gestores e compará-las às nove variáveis capazes de identificar

organizações orientadas para o marketing.

Metodologicamente esta pesquisa utilizou-se de uma abordagem exploratória

qualitativa, por meio de estudo de casos em que foram ouvidos representantes de

seis pousadas de Mangaratiba localizadas nos distritos de Mangaratiba (sede),

Itacuruçá, Praia Grande, São João Marcos e Conceição de Jacareí. Quanto aos

instrumentos utilizados para a coleta de dados foram utilizados questionário fechado

e entrevista estruturada. No que tange a análise dos dados, foram utilizadas as

técnicas de análise do discurso.

A escolha pela análise nos estabelecidos meios de hospedagem deu-se em

função deste tipo de empreendimento estar mais próximo da realidade do pequeno

empreendedor, como é o caso do autor, e em função da configuração estrutural-

legal expressar um relacionamento mais próximo, informal e valorativo com os

clientes e, ainda, por apresentarem maior abertura para construção de soluções

criativas frente às adversidades como a falta de verba, conhecimento técnico ou

mão de obra qualificada.

A justificativa da pesquisa quanto à produção acadêmica se dá em função da

expansão do setor e das ofertas que se mostram crescentes e enfatizam a

necessidade de ampliar a produção científica voltada à área de gestão e marketing

de pequenos estabelecimentos hoteleiros. Teixeira (2004) afirma que no Brasil são

muito escassos os estudos publicados que enfocam gestão de empreendimentos

turísticos, e mais escassos ainda se voltados a pequenos empreendimentos

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hoteleiros, mesmo sendo em maior número se comparados às médias e grandes

empresas hoteleiras. Tomazzoni e Bock (2013) também comprovam essa escassez

produtiva em seu estudo bibliométrico sobre produção voltada para estratégias de

marketing do ano de 2008 ao ano de 2012. Especificamente tratando do município

de Mangaratiba, não foram encontrados trabalhos publicados em bancos de artigos

e revistas sobre o assunto.

A seguir a estrutura do trabalho se divide em quatro partes. Na primeira delas

é abordado o referencial teórico utilizado na pesquisa, na segunda encontra-se a

metodologia utilizada, posteriormente a apresentação dos dados do estudo e na

quarta parte se encontram as considerações finais.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Produto Hoteleiro

De acordo com Beni (2001) o produto hoteleiro é visto como oferta agregada

ao lado de transportes, restaurantes, lojas de conveniências etc., frente à existência

daquilo que ele denomina como oferta original, ou a matéria-prima do produto

turístico total, nesse caso bens naturais ou culturais. Para Castelli (1991) é definido

como um conjunto de bens e serviços que visam satisfazer o cliente. Neste caso,

sendo constituídos por bens tangíveis (apartamentos, salas, quartos etc.) e

intangíveis (serviços, reservas, atendimento).

Morrison (2012) destaca a acentuada variabilidade dos produtos do setor de

hospitalidade e turismo que são oferecidos aos consumidores. Estes compõe o que

o autor apresenta como mix de serviços/produtos e abarca elementos visíveis (com

comportamento, aparência e uniformes das equipes; exteriores dos prédios;

equipamentos; mobília; sinalização; comunicação com consumidores e outros

públicos) e invisíveis (membros que não são vistos). Castelli (1991) explica que o

que distingue os serviços dos bens é o caráter de imaterialidade e intangibilidade.

Sendo a imaterialidade característica do produto hoteleiro captada a partir da

experiência de vida e do estado emocional de cada cliente, e de todas as sensações

geradas a partir de então.

De acordo com Beni (2001) o produto hoteleiro total é único, não existindo

dois iguais, mesmo quando instalados no mesmo lugar. Para o autor, a quantidade

de variáveis envolvidas no composto torna a percepção de cada cliente diferente.

Castelli (1991) acrescenta a característica estática deste tipo de produto (os

consumidores que devem ir até ele); produção, distribuição e consumo acontecem

no mesmo lugar e na mesma hora; o produto hoteleiro não é estocável (sua diária

tem prazo de validade); faz parte de um pacote; dá direito ao uso, mas não a posse;

é sazonal.

Ikeda (1995) destaca que, na hora de definir o composto de produto,

principalmente para as pequenas empresas, o mais indicado é a opção pelo menor

número de itens de produto para conseguir atingir o que foi objetivado. Estratégia

esta que se enquadra para pequenos empreendimentos como pousadas,

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empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo 30 unidades

habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e alojamento

temporário, podendo ser em um prédio único com até três pavimentos, ou contar

com chalés ou bangalôs (SBCLASS, 2014).

2.2 Segmentação de mercado

O mercado do século XXI se caracteriza pela ausência de limites geográficos.

Com a globalização, a internet tornou acessível a oferta e aquisição de uma gama

de produtos e serviços aos consumidores (COBRA, 2009). Neste cenário, cabe aos

dirigentes de negócios terem um cuidado maior com a caracterização de seu cliente,

ou público-alvo, tornando-se muito importante o processo de segmentação do

mercado.

A segmentação de mercado de acordo com Morrison (2012) é a divisão do

mercado geral para um determinado grupo de pessoas com características em

comum, os segmentos de mercado ou mercado-alvo. De acordo com Kotler e Keller

(2006) um segmento de mercado consiste em um grande grupo de consumidores

que possuem as mesmas preferências. Para Ikeda (1995) essa divisão deve ser

vista como uma técnica capaz de auxiliar uma pequena empresa a adaptar seus

produtos ou serviços as exigências do grupo-alvo. Ainda segundo a autora, por meio

da segmentação de mercado a organização pode desenvolver um discurso que se

adeque ao segmento objetivado. O que é reforçado por Cobra (2009) ao explicitar

que o processo de segmentação de mercado possibilita formulações estratégicas e

táticas que visam atender de forma mais ampla e dirigida as expectativas,

necessidades e desejos de consumo de cada segmento do mercado.

Diante disso Brown (2001) adverte que sem a abordagem concentrada a

organização pode falhar em alcançar uma aceitação ou porcentagem de aceitação

efetiva da oferta ou então acabar gastando muito com promoções, propaganda e

premiações que não rendem retorno sobre o investimento.

Vista sob a ótica hoteleira, a segmentação de mercado faz com que o

estabelecimento encontre em um grupo de pessoas com características similares e

homogêneas sua clientela (CASTELLI, 1991).

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Para empresas, de modo geral, a segmentação de mercado tem grande

importância porque representa investimento. Os recursos alocados para cada

segmento de mercado significam melhor uso dos orçamentos publicitários e outros

gastos dirigidos ao segmento do mercado (COBRA, 2009, p.123).

Ainda como benefícios da segmentação do mercado são passíveis de

observação: o uso mais eficaz das verbas de marketing; compreensão mais clara

das necessidades e anseios de grupos de clientes selecionados; posicionamento

mais eficaz; maior precisão no uso de técnicas promocionais (MORRISON, 2012,

p.147); melhores oportunidades de vendas; melhor utilização dos recursos

financeiros; melhor adequação do produto às necessidades dos mercados visados

(CASTELLI, 1991, p.33); economia de escala para empresas turísticas; aumento da

concorrência de mercado; criação de políticas de preços e de propaganda

especializada; promoção de maior número de pesquisas científicas (BENI, 2001,

p.170); possibilidade de criar para empresas de menor porte “nichos” nos quais as

grandes empresas não estão capacitadas a competir, dado o insuficiente volume de

mercado (IKEDA, 1995, p.53).

No que tange o marketing Grönroos (2009, p.170) afirma que a abordagem de

marketing de massa atualmente é menos eficaz e menos lucrativa. Para o autor isso

se deve ao fato de mais e mais mercados estarem maduros e com excesso de

oferta.

De acordo com Morrisson (2012, p.150) é possível haver segmentação

geográfica, demográfica ou socioeconômica, psicográficas, comportamentais e, até

mesmo, relacionadas ao produto e/ou canal de distribuição.

Enquanto que para Kotler (1992, p.320 apud IKEDA, 1995, p.53) as duas

principais abordagens de segmentação são referentes as características do

consumidor (geográficas, demográficas e psicográficas) e às respostas do

consumidor: ocasião; benefícios; taxa de uso; atitude.

Segundo Castelli (1991, p.33) o mercado pode ser segmentado a partir de

vários critérios: sócio demográficos; sócio profissionais; socioculturais e psicológicos;

geográficos; comportamentais.

Para Beni (1998, p.171) a melhor maneira de estudar o mercado turístico é

através da segmentação. Definida pelo autor com a técnica estatística que possibilita

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decompor a população em grupos homogêneos. Proporcionando ao estrategista

hoteleiro conhecimento dos principais destinos geográficos e tipos de transporte,

composição demográfica dos turistas como faixa etária e clico de vida, nível

econômico ou nível de renda, incluindo a elasticidade do preço, escolaridade,

ocupação, estado civil e estilo de vida e até o motivo da viagem, muito utilizado no

mercado de hospitalidade e turismo (MORRISON 2012, p.153).

Para Castelli (1991 p. 34 e 35) o mercado turístico pode ser classificado em

função do tipo de viagem realizada. Podendo ser de negócios, turismo e congressos.

Enquanto que para Beni (2001, p.170) os motivos de uma viagem são um pouco

mais amplos, podendo ser turismo de descanso ou férias, turismo de negócios e de

compras, turismo desportivo, turismo ecológico, turismo rural, turismo de aventura,

turismo religioso ou cultural, científico, gastronômico, estudantil, de congressos,

convenções, encontros e similares, familiar e de amigos, de saúde ou médico-

terapêutico.

Portanto, diante dos referenciais, entende-se que os consumidores devem ser

agrupados por suas características individuais ou ainda pelo seu tipo de consumo

similar (COBRA, 2009, p.123). E se tratando de uma micro ou pequena empresa,

por exemplo um empreendimento hoteleiro com menos 50 quartos e menos de 10

funcionários (WTO, 2000 apud TEIXEIRA, 2004, p.24), com recursos limitados, o

procedimento mais sensato é a estratégia de identificar e servir segmentos muito

pequenos para as grandes empresas, porém com tamanho suficiente para o seu

porte (IKEDA, 1995, p.55), evitando assim o uso desnecessário de recursos.

2.2.1 Definição do Negócio

De acordo com Cobra (2009, p.46) a missão corporativa de uma empresa se

divide em duas: missão econômica e missão social. A primeira delas, se atuante em

um sistema capitalista, é obter lucratividade, tornando o negócio viável e rentável.

Quanto à missão social, é vista como o papel que a organização desenvolve no

ambiente em que atua, sendo ele o interno (colaboradores, clientes e parceiros) e o

externo, observado enquanto comunidade externa, bairro, cidade ou até país. O que

vai de encontro à definição de Chiavenato (2004, p.220) que define a missão como o

motivo pelo qual a organização foi criada e para quem ela deve servir. Enquanto que

Kotler, Kartajaya e Setiawan (2004, p.46) definem a missão como a razão de ser de

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uma empresa, refletindo o propósito básico da própria existência da empresa.

Devendo ser caracterizada de maneira mais fundamental possível, pois deve ser

vista como algo que defenderá a sustentabilidade dela.

Ao passo que a visão organizacional refere-se aonde a empresa está e onde

ela gostaria de estar dentro de algum tempo (COBRA, 2009, p.46). Sob uma

perspectiva mais completa Chiavenato (2004, p.234) explica que é a imagem que a

organização tem de si mesma e de seu futuro. Para o autor, toda organização deve

ter uma visão adequada de si mesma e dos recursos de que dispõe. Do tipo de

relacionamento que deseja manter com seus clientes e mercados. Na mesma linha

de pensamento Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p.46) definem a visão da

organização como o que a empresa pretende ser e o que ela pretende realizar.

Segundo os autores, para definir isso, uma empresa precisa criar um quadro mental

do futuro com base na definição da missão coorporativa.

Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) definem os valores como padrões de

comportamentos institucionais da corporação que se articulam. Segundo os autores,

os valores articulam um conjunto de prioridades coorporativas e tentativas de gestão

para incluí-los em suas práticas, o que fortalecerá os comportamentos que

beneficiem a empresa e a comunidade dentro e fora.

2.3 O Marketing nas Organizações

De acordo com Morrison (2012, p.13) ser orientado para o marketing se torna-

se essencial para qualquer empresa no ambiente competitivo de hoje. No entanto,

para isso, é necessária a aceitação e adoção do conceito de marketing por parte das

organizações de todos os tamanhos e configurações estruturais. Afinal, a maior

parte das empresas, independentemente do seu tamanho, têm a missão de gerar

lucro, ou como define Cobra (2009, p.46) a missão econômica, por meio de

transações e relacionamentos com os consumidores.

Em consonância com essa visão de mundo Brooks (2006) ressalta que o

caminho para manter clientes no futuro é ir além do que eles querem no presente. O

que vai de encontro à função do marketing apresentada por Kotler e Keller (2006,

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p.4) ao afirmarem que marketing envolve a identificação e a satisfação das

necessidades humanas de modo lucrativo.

Por definição da American Marketing Association (2014) marketing é visto

como atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar

e trocar ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e

sociedade em geral. Tendo como propósito, segundo Grönroos (2009, p.26),

identificar e estabelecer, manter e aprimorar, quando necessário, encerrar

relacionamentos com clientes (e outras partes) de modo que sejam atendidos os

objetivos de todos os lados.

Quanto à acepção do termo Marketing de Hospitalidade Morrison (2012, p.4)

entende como processo contínuo e sequencial através do qual a gestão no setor de

hospitalidade e turismo planeja, pesquisa, implementa, controla e avalia as

atividades elaboradas para satisfazes tanto as necessidades e os anseios dos

clientes como os objetivos de sua própria organização. No que tange o conceito de

marketing de hospitalidade Tan, Tse e Wong (2009, p.1) definem como um tipo bem

peculiar, por mesclar o tangível com o intangível:

Hospitality marketing is unique because it deals with the tangible product,

like a bed in the hotel or food in the restaurant, but it also deals with the

intangible aspects of the hospitality and tourism industry. It is about the

experience in a trip and social status it brings eating in a fine-dining

restaurant. Hospitality marketing is very critical in the success of any

hospitality and tourism product, organization and tourist destination. Proper

marketing effort promotes a product or service that fills the needs and wants

of the consumers and at the same time, bring profits to the organization or

country that features it.

Morrison (2012, p.13-15) afirma ser possível identificar organizações

orientadas para o marketing por meio de nove características (figura 1): as

necessidades dos clientes são prioridades; a pesquisa de marketing é uma atividade

contínua extremamente importante; as perspectivas dos clientes sobre a

organização são conhecidas; revisões frequentes são feitas sobre os pontos fortes e

fracos em relação aos concorrentes; o valor do planejamento de longo prazo é

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completamente apreciado; o escopo de negócios ou atividades é amplamente

definido, e a mudança é vista como inevitável; a cooperação interdepartamental é

valorizada e encorajada; a cooperação com organizações complementares é

reconhecida como válida; a mensuração e avaliação das atividades de marketing

são realizadas frequentemente.

Figura 1 - Características de uma organização orientada para o marketing.

Fonte: MORRISON, 2012, p.14.

Segundo Brown (2001) para ser bem sucedidas as organizações precisam

entender melhor o que os clientes querem. Para Cobra (2009, p. 53) elas precisam

analisar com frequência o seu meio ambiente externo e interno para conhecer o

mercado em que atuam e outros em que possam vir a atuar, podendo assim criar

estratégias com mais acertos. Talvez seja esse o motivo de seis das nove

características inerentes à empresas orientadas para o marketing apresentadas por

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Morrison (2012, p.13-15) possuírem como pressuposto básico a ferramenta da

pesquisa.

Diante de um cenário onde essa ferramenta de marketing é enxergada como

uma atividade contínua, as perspectivas e necessidades dos clientes sobre a

organização passam a ser conhecidas, bem como pontos fortes e fracos de

empresas que ofertem produtos substitutos.

Novas possibilidades que exigem a valorização planejamento de longo prazo

são descobertas, bem como as ações e estratégias que deram certo ou não, por

meio da mensuração e avaliação das atividades de marketing (MORRISON 2012,

p.13-15).

Sobre a pesquisa Castelli (1991, p.46) afirma ser necessária para o

profissional hoteleiro decidir melhor. Conhecer o ambiente dentro do qual sua

empresa está inserida, buscar maior conhecimento do cliente, do concorrente e do

ambiente, são apontados pelo autor como meios mais efetivos para o processo de

tomada de decisão.

Tal como Castelli (1991), Ikeda (1991, p.214) enfatiza em seu estudo que a

existência de um eficiente sistema de informação é o alicerce sobre o qual toda

atividade de planejamento e controle deverá sustentar-se.

Entretanto, Kotler e Keller (2006 p.99) ressaltam que a pesquisa não deve se

limitar somente a grandes empresas com grandes orçamentos e departamentos de

pesquisa de marketing. Nas empresas pequenas, a pesquisa de marketing poderá

ser conduzida por todos os funcionários e pelos clientes também. Pensamento

corroborado por Ikeda (1995, p.48) ao afirmar que a melhor fonte de informações

para administradores de pequenas empresas é o contato direto com o cliente,

devido à relação de proximidade.

Quanto as formas de coleta de dados, segundo Cobra (2009, p.54), podem se

dar por meio de dados secundários, que são publicados em jornais, revistas, boletins

de associações de classe, anuários estatísticos de institutos de pesquisa e ainda

dados internos da empresa, e por dados primários que são obtidos através de um

projeto formal de pesquisa.

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De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 48) esses dados primários podem ser

coletados de cinco maneiras: pesquisa de informação; pesquisa de grupo de foco;

levantamentos; dados comportamentais; pesquisas experimentais.

Enquanto que para Castelli (1991) as fontes de informação podem ser

internas como fichas de cadastro dos hóspedes (FNRH), fichas sociais, estatísticas

sobre taxa de ocupação e vendas, planos de reservas, sugestões dos funcionários,

livro de ocorrência, etc. E externas, anuários estatísticos, revistas especializadas,

pesquisas feitas por órgãos públicos ou de classe, planos de desenvolvimento etc.

Ainda segundo Castelli (1991) existem vários métodos de se pesquisar o

mercado: observação direta, experimentação, painel, enquete, telefone e entrevista.

2.4 O Município de Mangaratiba e o Turismo

De acordo com registros apresentados pela Prefeitura Municipal de

Mangaratiba (2014), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

(2014), pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – INEPAC (2014), pelo site

Mapa de Cultura (2014) e pelo Guia Cultural do Rio de Janeiro (2014), a história de

Mangaratiba teve início no século XVI, mais precisamente no ano de 1534, por conta

das divisões das Capitanias Hereditárias. Naquela época, pouco interesse foi

despertado no donatário das terras, Pero Lopes de Souza, da Capitania de Santo

Amaro, fato que gerou aquilo descrito pelo Guia Cultural (2014) como uma

“Colonização Precária”, por conta da resistência imposta pelos Índios Tomoios,

habitantes da região. Segundo o Guia Cultural do Rio de Janeiro (2014, p.4):

A tribo não se deixava colonizar facilmente pelo homem branco, pois

possuía uma estrutura social bem organizada e era hábil na guerra.

Confeccionando utensílios mortais para lutar com outros índios. Com a

agricultura desenvolvida, mantinha o sustento com caça e farta pesca. Os

Tomoios conheciam a floresta como ninguém e conseguiam driblar as

diversas investidas dos portugueses ao longo dos anos.

De acordo com o INEPAC (2014), os índios não davam trégua aos

desbravadores que buscavam o povoamento da região, transformando o local em

um campo de batalha sangrento, caracterizado por saqueamentos e destruição das

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lavouras. O que se estendeu até 1620, quando Martim de Sá, o novo donatário da

região, trouxe índios Tupiniquins colonizados de Porto Seguro, Bahia, sob os

cuidados dos jesuítas, para fazer o aldeamento da região e combater os Tomoios

nesse período de lutas.

Já, de acordo com o IBGE (2014), foi no ano de 1615 que os Tupiniquins já

catequizados por jesuítas chegaram às terras de Martim de Sá e fixaram-se no local

denominado Cabeça Seca, onde começaram a desenvolver o processo de

aldeamento da Ilha de Marambaia e da Praia de Ingaíba.

Entretanto, a Ilha de Marambaia e a Praia de Ingaíba não foram sedes de

povoamento por muito tempo. Depois de alguns anos, o inimigo do processo

evolutivo da região passou a ser as constantes tempestades tropicais que causou

inundações nas habitações dos colonizadores, havendo, então, a necessidade de

mudança desses locais (GUIA CULTURAL DO RIO DE JANEIRO, 2014).

Como apresentado no site oficial da cidade de Mangaratiba (2014):

Por causa dos fortes temporais que assolavam a Ingaíba e visando

melhores condições físicas e topográficas, a povoação foi transferida em

1688 para o local onde hoje se localiza o Núcleo Urbano de Mangaratiba.

Logo ergueu-se uma capela dedicada à Nossa Senhora da Guia, que existiu

até 1785 quando iniciaram-se as obras para a construção de uma igreja no

mesmo local. As obras prosseguiram durante dez anos e a igreja foi

concluída em 1795.

Após a transferência, houve mais confronto entre os índios e os

desbravadores daquela região. Aos custos dos combates, o núcleo de Mangaratiba

conseguiu prosperar e se tornou freguesia no dia 17 de janeiro de 1764, continuando

pertencente a Angra dos Reis até o ano de 1818 e depois sendo transferido para

Itaguaí (GUIA CULTURAL DO RIO DE JANEIRO, 2014).

No ano de 1831, a freguesia de Mangaratiba foi elevada à categoria de vila

com o nome de Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba em homenagem à

padroeira local (GUIA CULTURAL DO RIO DE JANEIRO, 2014). Entretanto,

segundo o IBGE (2014), foi em dezembro de 1892, por meio do decreto nº36, que a

emancipação de Mangaratiba foi regulamentada, tendo ela sido desmembrada dos

municípios de São João Marcos, Angra dos Reis e Itaguaí.

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No início do século XIX, houve uma expansão econômica em Mangaratiba

que se deu pelo tráfico de escravos e pelo escoamento da produção de café do

médio Vale do Paraíba (MAPA DA CULTURA, 2014). Segundo o Guia Cultural do

Rio de Janeiro (2012), o desenvolvimento dessas atividades proporcionou ao

município experimentar um esplendor nunca antes visto e que provocou mudanças

estruturais de grande significado na cidade, trouxe um maior desenvolvimento para a

região, bem como consolidou uma aristocracia local que empreendeu a construção

de diversos edifícios como suas residências urbanas, igrejas, um teatro, armazéns e

trapiches (MANGARATIBA, 2014).

Esse fenômeno de desenvolvimento econômico repentino ganhou maiores

proporções nas regiões litorâneas do Brasil, conforme é narrado pelo Guia Cultural

do Rio de Janeiro (2014, p.6):

Todo o litoral do Brasil, bem como os municípios do Rio de Janeiro, passou

a receber vários navios vindos da África que traziam mão de obra escrava

para trabalhar nas lavouras de café. Mangaratiba lucrou com o comércio de

escravos, pois, durante muito tempo, foi uma das principais atividades

econômicas. Os desembarques eram feitos nos portos de Sahy e

Marambaia. Em seguida, o comboio de escravos seguia pela Serra do Mar

por várias cidades da região e acabava na capital do Rio de Janeiro. Ali, os

negros alcançavam um valor mais alto.

Já na segunda metade do século XIX frente às necessidades de locomoção

provocadas pelo aumento de produção do café no Vale do Paraíba, foi criada por D.

Pedro II a Estrada Imperial que ligava Mangaratiba a São João do Príncipe

(MANGARATIBA, 2014). De acordo com a Fundação Mario Peixoto (2014), “o

movimento diário da estrada era estimado em 70 caleças, o que denotava grande

troca comercial entre as cidades”.

Ainda segundo a Prefeitura Municipal de Mangaratiba (2014), com o aumento

da produção de café na região, o aumento do fluxo comercial de escravos e de

outros produtos, surgiram na cidade a figura dos barões, comendadores e até

mesmo piratas atraídos pelas riquezas. O que tornou a vida na cidade mais luxuosa

e agitada. Contudo, esse período de progresso não durou muito tempo

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(MANGARATIBA, 2014), gerando um quadro de completo abandono (EXPLORE

VALE, 2014).

Guia da Cultura do Rio de Janeiro (2014) aponta dois motivos para essa

decadência: um deles foi a inauguração da Estrada de Ferro ligando Rio de Janeiro

a São Paulo em 1870, o que diminuiu o fluxo de transações comerciais na cidade; E

o outro foi a assinatura da Lei Áurea em 1888.

Diante da crise, a cidade ficou vazia, sem ofertas de emprego ou capital

circulante. Chegando a ser extinta, pelo decreto estadual nº 1 de 8 de maio de 1892

e tendo seu território anexado aos municípios de São João Marcos, Angra dos Reis

e Itaguaí (IBGE, 2014). Nesse período, os portos de Mangaratiba e do Sahy ficaram

desertos e inúmeras edificações foram abandonadas, tais como grandes solares,

armazéns, o teatro, conforme atestam as ruínas do Saco de Cima e na Praia do

Sahy (MANGARATIBA, 2014).

Poucos resquícios do esplendor que abarcou Mangaratiba ainda podem ser

encontrados no próprio município, entretanto, sem muitos registros oficiais dessa

atividade econômica. Conforme relatado pelo blog Conversa de Historiadoras

(2014):

Já na primeira metade do século XIX, apesar da atividade negreira envolver

enormes estruturas e milhares de pessoas, os que a ela se dedicavam

intencionalmente não deixaram registros escritos. Quase todas as fontes

históricas mencionando a atividade são produtos das tentativas de

repressão, realizadas logo após a aprovação da primeira lei de abolição do

tráfico em 1831 e, principalmente, ao longo da primeira metade da década

de 1850, após a lei que finalmente “pegou”. Elas nos dão notícias de 500,

800 e até mil pessoas em um só desembarque. As Ruínas do Sahy, em

Mangaratiba, bem em frente a restinga de Marambaia, são um testemunho

eloquente da envergadura desse silêncio e do tamanho daquilo que se

tentou esconder. Formados por extensas paredes de pedra, protegidas por

densa vegetação, há muito tempo elas estão ali para serem vistas por quem

tem olhos para ver, sem que historiadores ou documentos oficiais consigam

precisar do que se trata.

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Frente a essa crise, a banana, que existia em abundância no início da

colonização e dera o nome ao município se tornou fonte de renda naquele momento

(GUIA CULTURAL DO RIO DE JANEIRO, 2014).

De acordo com o Guia Cultural do Rio de Janeiro (2014), com a construção

da estrada de ferro e a facilidade proporcionada por ela, os moradores do Rio de

Janeiro passaram a enxergar a cidade de Mangaratiba como local de veraneio,

investindo na construção de casas próximas aos núcleos urbanos, dando início ao

surgimento do mercado imobiliário da região.

A partir de 1942, com as permissões para construções na orla marítima de

Muriqui, Praia do Saco e Itacuruçá, e com a construção da Estrada Rio-Santos em

1970 o turismo de veraneio foi instituído.

2.4.1 O setor de pousadas de Mangaratiba

O município de Mangaratiba (figura 2) possui uma extensão territorial de

356,408 quilômetros quadrados que faz divisa com Angra dos Reis, Rio Claro e

Itaguaí e uma população estimada em 2010 de 36.456 habitantes (IBGE, 2014).

Figura 2: Mapa da cidade de Mangaratiba-RJ.

Fonte: TCE-RJ (2013).

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Sua área corresponde a 16.8% da região da região da Costa Verde e

juntamente com Angra dos Reis e Paraty, Mangaratiba (figura 2) tem na indústria do

turismo e de veraneio sua maior expressão, graças à BR-101, conhecida como Rio-

Santos, que atravessa todo seu território de leste a oeste. (TCE-RJ, 2013).

De acordo com a Lei Orgânica do Município de Mangaratiba (1990), a cidade

se divide administrativamente em seis distritos: Mangaratiba [sede] (figura 3),

Conceição de Jacareí (figura 4), Itacuruça (figura 5), Muriqui (figura 6), São João

Marcos (figura 7) e Praia Grande (figura 8).

Figura 3: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, situada no distrito sede.

Fonte: Site Wikipédia (2014).

Figura 4: Cais de Conceição de Jacareí, porta de entrada para Ilha Grande.

Fonte: Site Marcelle L.A (2014).

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Figura 5: Orla de Itacuruçá.

Fonte: Site Viagem na Boa (2014).

Figura 6: Orla de Muriqui.

Fonte: Blog Luciana Turismo Jacarepaguá (2014).

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Figura 7: Ruínas de teatro na Praia do Saco, distrito de São João Marcos.

Fonte: Pinto, A.M.(2014)

Figura 8: Praia Grande.

Fonte: Pinto, A.M. (2014)

Em se tratando de números absolutos, Mangaratiba (sede) é visto com o

distrito mais populoso com 16.257 habitantes, seguido de Muriqui com 10.241,

Itacuruçá com 5.844 e Conceição de Jacareí com 4.114. Um outro fato sobre a

habitação do município é que dos 31.673 domicílios, 55% são usados

ocasionalmente, o que denota ao município uma característica fortemente turística

(IBGE, 2010 apud TCE RJ, 2014, p. 10).

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Essa característica de cidade turística é adotada pela administração do

município que por meio da Seção VII do Plano Diretor (2006) enfatiza a importância

de se adotar uma Política do Turismo. Tendo como “objetivo promover e valorizar e

aproveitar de modo sustentável a organização e o desenvolvimento da atividade

turística no Município, em todos os seus segmentos”.

Para o Guia Cultural do Rio de Janeiro (2014) todos distritos da cidade

possuem uma diversidade de atrativos para os visitantes. O que, segundo Beni

(2001, p.179), é compreendido como atratividade turística local. Podendo ser

compreendida como o resultado de uma soma entre a oferta original e a oferta

derivada ou agregada. Sendo a primeira delas observada em sua leitura como “bens

livres”, composta por recursos naturais e culturais e entendida como matéria-prima

do produto turístico total. Enquanto que a segunda é entendida com o conjunto de

elementos tangíveis e intangíveis, como transportes, formas de alojamento, lazer e

recreação, organizadores de viagens e agências de viagens, que visa satisfazer a

demanda atraída pela oferta original.

Assim sendo, as trilhas das Ilhas (de Itacuruçá, Jaguanum, Marambaia e

Muriqui). A pedra de onde os escravos se suicidavam no Vale do Rio Sahy. A

Estrada Imperial e suas ruínas no Saco de Mangaratiba, as cachoeiras (da Bengala,

de Conceição de Jacareí, do Rubião, dos Escravos, dentre outras). As praias

(Amparo, Anil, Atanásio, Axixá, Bela Vista, Brava, Cação, Cruz, Figueiras,

Espinheiro, Goiaba, Grande, Guiti, Ibicuí, Ipiranga, Itaoca, Jacareí, Junqueira,

Mangaratiba, Mansa, Muriquí, Olaria, Ribeira, Piedade, Saco, Saí, Saizinho, São

Brás, São Francisco, Silva Rego, Sítio Bom, Stº. Antônio. E as Ilhas de Águas

Lindas, Arrependidos, Bandolim, Bicho Grande, Bicho Pequeno, Bonita, Bonitinha,

Cabritos, Cotiatá-Açú, Cotiatá de Fora, Cotiatá-Mirim, do Bernardo, do Lucínio,

Escoteiros, Furtada, Guaíba, Guaibinha, Itacuruçá, Jaguanum, Jardim, Lage Grande,

Marambaia, Pombeba, Saracuruna, Saraúna, Seno, Sionismo, Siri Pestana, Vigia

Grande e Vigia Pequena). Os rios (Baioba, Bálsamo, Botafogo e muitos mais) bem

como outros pontos turísticos (MANGARATIBA, 2014), podem ser considerados

como a oferta principal do município, os motivos pelos quais turistas estariam

dispostos a gastar seu tempo e dinheiro para chegar até eles (BENI, 1998, p.181).

Conforme corrobora o Guia Cultural do Rio de Janeiro (2012, p.2):

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Em Itacuruçá, o visitante pode apreciar a beleza das praias limpas e

propícias à prática de esportes náuticos (como mergulho e esqui aquático) e

passeios de saveiro pelas diversas ilhas da região. Em Muriqui, as atrações

são as dezenas de cachoeiras de águas cristalinas, constituindo piscinas

naturais capazes de agradar aos turistas. Há, ainda, um programa de

proteção aos macacos que deram nome à cidade. Em Conceição de

Jacareí, antiga vila de pescadores, as pessoas encantam-se com a bela

praia e a igrejinha rústica, atraindo multidões para comemorar o aniversário

da padroeira. Em Serra do piloto, encontram-se as ruínas de São João

Marcos, uma cidade parcialmente inundada pela construção de uma

barragem. Praia Grande é famosa pelas montanhas convidativas a esportes

radicais, como trilhas e escaladas.

Enquanto oferta turística agregada, o SEBRAE (2011) apontou que a cidade

de Mangaratiba em 2010 possuía 973 empresas. Deste total, 900 eram classificadas

como micro, 57 como pequenas, 6 como médias e outras 10 como grandes

empresas. Subdividindo-se nos setores de Serviços (com 530 empresas), Comércio

(com 329), Indústria (com 95) e Agropecuária (19).

No subgrupo de hotelaria, no ano de 2011, Mangaratiba contabilizou 18

estabelecimentos de hospedagem, sendo seis deles caracterizados como hotéis e

12 como pousadas. Dispondo 765 unidades habitacionais e uma capacidade para

atender 1.713 hóspedes (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2014). Em suma, os números

apontam que Micro e Pequenas Empresas de serviços e comércio estão em maior

número, estando a Indústria em terceiro. Caracterizam também a pousada, como

meio de hospedagem de maior presença na cidade. Entretanto, com presença digital

no Cadastur (2014) somente três empreendimentos hoteiros: Hotel Mendonça;

Clube Med e Hotel Portobello.

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3. MEDOTOLOGIA DA PESQUISA

Quanto à caracterização com base nos objetivos, a pesquisa compreende-se

como exploratória visto que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com

um problema inexplorado, gestão orientada para o marketing em pousadas de

Mangaratiba, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses (GIL,

2002, p.41).

Quanto aos procedimentos técnicos, utiliza-se o estudo de caso por meio da

interrogação direta com os gestores das pousadas de Mangaratiba em número

significativo, seis gestores, que representam metade das pousadas em um universo

composto por 12 estabelecimentos desse porte no município (MINISTÉRIO DO

TURISMO DO BRASIL, 2014), a fim de se conhecer as características de gestão de

marketing, características estruturais e perfis dos gestores.

De acordo com Gil (2014, p.54) por meio do estudo de caso é possível

explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos,

preservar o caráter unitário dos objetos estudados, descrever as situações dos

contextos em que está sendo feita determinada investigação, formular hipóteses e

desenvolver teorias, bem como explicar variáveis de determinado fenômeno em

situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e

experimentos. Segundo Cajueiro (2012, p.22) o estudo de caso envolve o estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que se permita seu

amplo e detalhado conhecimento.

No que tange a forma, a pesquisa terá uma abordagem qualitativa, uma vez

que, segundo LOHN (2010, p.6, apud CAJUEIRO, 2012, p.23) as duas abordagens

[qualitativa e quantitativa] não são excludentes o que permite quantificar, mesmo

caracterizada como qualitativa. De acordo com Damasceno (2010) nas pesquisas

qualitativas é de praxe o pesquisador buscar entender os fenômenos segundo a

perspectiva dos envolvidos. Por meio técnicas como entrevista estruturada,

observação do campo e análise do discurso. De acordo com Lakatos (1995),

interpretação e atribuição de significados são característicos na pesquisa qualitativa

e devem ser vistos como postos-chave da abordagem qualitativa.

Quanto à coleta de dados, utiliza-se na primeira etapa o questionário fechado

online e impresso que, de acordo com Dencker (1998), tem como finalidade a

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obtenção de forma mais sistemática e ordenada sobre as variáveis que intervêm na

investigação em relação a população ou amostra determinada. Os questionários são

definidos por Dencker (1998, p.146) da seguinte maneira:

Os questionários são impressos e respondidos pelos entrevistados,

devendo por esse motivo constar no seu início de uma boa explicação

resumida dos objetivos da pesquisa, instrução para o preenchimento e

agradecimento.

Enquanto que Silva (2001) define o questionário como é uma série ordenada

de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante, o questionário

deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. De

acordo com o autor, este instrumento pode ser caracterizado com perguntas abertas

e fechadas; abertas, quando o respondente descreve a sua opinião; e, fechada,

quando tem a opção de pelo menos duas escolhas, como, sim ou não.

Na segunda etapa, a entrevista estruturada foi utilizada como instrumento

coleta de dados, sendo esta registrada em arquivo de voz. Segundo Dencker (1998)

a entrevista é uma técnica indicada sempre que se tem necessidade de dados que

não podem ser encontrados em registros ou fontes documentárias.

O preenchimento dos questionários aconteceu via internet, sendo que em um

dos seis gestores, foi aplicado no formato impresso pois o mesmo não tinha acesso

à internet, no período que foi do dia 15 de julho de 2014 a 18 de agosto do mesmo

ano. Quanto à aplicação das entrevistas, teve início dia 28 de julho de 2014 e foi

encerrada em 21 de agosto de 2014. Foram ouvidos 6 gestores de pousadas e o

tempo médio das entrevistas foi de 68 minutos.

Quanto à análise dos dados a pesquisa utiliza-se de análise do conteúdo.

Para Vergara (2005) este método se refere a fins de descoberta, confirmando ou

não pressupostos já formadas e é baseado tanto em abordagens quantitativas como

em qualitativas. Nas questões caracterizadas como abertas será utilizada a técnica

de análise de conteúdo, pois, esta proporcionará um tratamento de dados mais

adequado em relação aos resultados e indicadores dos entrevistados. Já as

questões fechadas do questionário serão analisadas estatisticamente, pois,

alcançam resultados em escalas. Para orientar a análise dos dados, a entrevista

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estruturada foi organizada sob a ótica dos indicadores: produto, preço, praça e

promoção, a fim de reunir informações a respeito das circunstâncias envolvidas na

criação dos estabelecimentos, do planejamento estratégico dentro das

organizações, do perfil dos colaboradores que atuam nesses estabelecimentos e da

visão deles quanto à obtenção de informações no que tange o fortalecimento da

estratégia competitiva, bem como as formas de divulgação utilizadas e os

relacionamentos das pousadas com pesquisa, tecnologia, concorrentes e parceiros.

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4. ARESENTRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

As pousadas do município de Mangaratiba serão descritas nesta seção a

partir de suas características estruturais e funcionais mediante as informações

coletadas durante o estudo por meio do preenchimento de questionários e aplicação

de entrevistas. O preenchimento do primeiro instrumento aconteceu no dia 15 de

julho de 2014 e o último em 18 de agosto do mesmo ano.

É relevante enfatizar que os pesquisadores optaram por não divulgar o nome

dos entrevistados, a fim de preservar a identidade dos mesmos, bem como pontos

de vista, características gerenciais, sendo para isto utilizados identificações fictícias.

Segue abaixo a Quadro 1, que aponta identificação, localização da pousada, função

e data do preenchimento.

Quadro 1: Identificação dos Participantes da Pesquisa

IDENTIFICAÇÃO LOCALIZAÇÃO FUNÇÃO PREENCHIMENTO

Gestor de A Ibicuí

(distrito sede) Recepcionista 16/07/2014

Gestora de B Mangaratiba (distrito sede)

Proprietária e Gerente

15/07/2014

Gestora de C Praia do Saco

(distrito de São João Marcos)

Recepcionista e administradora

19/07/2014

Gestora de D Praia Grande Proprietária e

Gerente 30/07/2014

Gestor de E Conceição de Jacareí Proprietário e

Diretor 18/08/2014

Gestor de F Itacuruça Proprietário 18/08/2014

Fonte: Pinto, A.M., 2014.

4.1.1 Localização

Dos seis pousadas do município de Mangaratiba que se disponibilizaram a

participar do estudo 33,3% estão localizadas no distrito de Mangaratiba

(sede).16,6% em Itacuruçá. 16,7% em Praia Grande. 16,7% em Conceição e 16,7%

em São João Marcos.

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4.1.2 Idade das pousadas

Quanto ao ano de criação das pousadas, são de 1990, 1998, 2000, 2009,

2011 e 2013.

4.1.3 Estrutura

Das pousadas estudadas, 66,7% possuem de 1 a 10 quartos e 33,3% de 11 a

20 quartos. Em número de leitos, 50% das pousadas oferecem de 11 a 20. 16,7%

oferecem de 21 a 30. 16,7% das pousadas oferecem de 41 a 50 e outros 16,7% das

oferecem de 51 a 60 leitos. Conforme ilustra a Quadro 2:

Quadro 2: Número de quartos ofertados.

NÚMERO DE QUARTOS

NÚMEROS

ABSOLUTOS

EM PORCENTAGEM (%)

01 a 10 4 66,7%

11 a 20 2 33,3%

21 a 30 - -

31 a 40 - -

41 a 50 - -

51 a 60 - -

61 a 70 - -

71 a 80 - -

81 a 90 - -

Fonte: Pinto, A.M., 2014.

4.1.4. Mão de obra

Das seis pousadas, 100% afirmam compor seu corpo de funcionários com até

9 trabalhadores. Entretanto, 66,7% dessas mesmas pousadas afirmam não

desenvolver programas de treinamento para os empregados. Conforme ilustra o

Gráfico 1:

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Gráfico 1: Desenvolvimento de programas de treinamento

33%

67%

Pousadas quedesenvolvemprogramas detreinamento para osfuncionários.

Pousadas que nãodesenvolvemprogramas detreinamento para osfuncionários

Fonte: Pinto, A.M., 2014.

4.1.5 Serviços Ofertados

Em 100% das pousadas de Mangaratiba o hóspede encontra televisão em

todos os quartos, acesso à internet nas áreas sociais, climatização

(refrigeração/ventilação/calefação) adequada em todos os quartos, shampoo e

sabonete e café da manhã. Contudo, o desjejum oferecido dentro dos quartos não é

oferecido nenhum dos estabelecimentos.

Em 88,3% dos estabelecimentos o hóspede encontra minirefrigerador em

todos os quartos. Já em 66,7% das pousadas estudadas o cliente encontra mesa

com cadeira em todos os quartos e serviço de lavanderia. Entretanto, só metade das

pousadas oferece espaço para leitura.

Em 33,3% dos estabelecimentos têm berço para bebes (à pedido), salão de

jogos, sala de estar com televisão e refeições leves nos quartos (room service).

Em 16,7% das pousadas é oferecido serviço de guarda-valores para os

hóspedes. Entretanto, nenhuma das pousadas oferece aos hóspedes canais de TV

por assinatura em todos os quartos, serviços de mensageiro, secador de cabelo à

disposição (sob pedido), instalações para recreação de crianças, jantar e serviços de

restaurante e bar.

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Quadro 3: Serviços ofertados pelas pousadas.

SERVIÇOS OFERTADOS NÚMEROS

ABSOLUTOS PORCENTAGEM (%)

Recepção (24 horas) 3 50%

Recepção (12 horas) 3 50%

Televisor em todos os quartos 6 100%

Acesso à internet em áreas sociais 6 100%

Climatização/Refrigeração/ Calefação 6 100%

Café da manhã 6 100%

Café da manhã dentro do quarto - -

Minirefrigerador em todos os quartos 5 83.3%

Mesa com cadeira em todos os quartos 4 66,7%

Serviços de lavanderia 4 66,7%

Espaço para leitura 3 50%

Berço (a pedido) 2 33,3%

Salão de jogos 2 33,3%

Sala de estar com televisão 2 33,3%

Refeições leves nos quartos (room service)

2 33,3%

Guarda-valores 1 16,7%

Canais de Tv por assinatura, Serviços de mensageiro, Secador de cabelo (sob pedido), Instalações para recreação de crianças, Jantar, Restaurante / Bar

- -

Fonte: Pinto, A.M., 2014.

4.1.6 Ações sustentáveis

Das pousadas pesquisadas 33,3 % desenvolvem medidas para a redução do

consumo de energia. 16,7% desenvolvem medidas permanentes para o

gerenciamento de resíduos sólidos com foco na redução, reuso e reciclagem. E em

todas elas os colaboradores são do local.

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Contudo, nenhuma pousada desenvolve medidas permanentes de

sensibilização para os hóspedes em relação à sustentabilidade.

4.1.7 Formas de pagamento

Quanto as formas de pagamento os hóspedes das pousadas de Mangaratiba

podem pagar com dinheiro em 100%. Cartão de crédito, em 66,7% das pousadas.

Por meio de transações bancárias (transferência e depósito) em 50% e através da

geração boleto em 16,7% dos estabelecimentos. Entretanto, cheque não é aceito em

nenhuma das pousadas.

4.2 Análise das entrevistas

A análise dos dados acompanhou a estruturação dos levantamentos dos

mesmos e considerou as circunstâncias envolvidas na criação dos

estabelecimentos, do planejamento estratégico dentro das organizações, do perfil

dos colaboradores que atuam nesses estabelecimentos e da visão deles quanto à

obtenção de informações no que tange o fortalecimento da estratégia competitiva,

bem como as formas de divulgação utilizadas e os relacionamentos das pousadas

com pesquisa, tecnologia, concorrentes e parceiros.

4.2.1 Como nascem as pousadas em Mangaratiba

Duas características em comum podem ser observadas nas pousadas

estudadas. A primeira é que todas foram criadas por aposentados que, em sua

maioria (5/6), não têm qualquer tipo de experiência anterior no setor de hospitalidade

e turismo e que, mesmo assim, observaram na atratividade turística da região de

Mangaratiba a oportunidade para construir os seus estabelecimentos. A segunda

característica é que 4/6 dos estabelecimentos foram resultantes do processo de

transformação de casas em pousadas. Conforme corrobora o Gestor de E, pousada

localizada em Conceição de Jacareí desde 1990: “[...] Minha esposa e eu somos

aposentados e fizemos a princípio dois apartamentos para alugar somente para

pessoas idosas. Isso em nossa própria residência. De cara, a procura foi tão grande

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que decidimos ampliar a ideia [...]”. Ou como bem narra a Gestora de B, uma

pousada criada no ano de 2013, localizada no distrito sede da cidade:

Era minha casa de praia, daí eu resolvi investir em um negócio que não

desse errado e que eu não perdesse dinheiro. Investir em uma loja ou fazer

qualquer outra coisa, exigira um capital muito maior, podendo dar certo ou

não. Já na minha casa, daria certo porque se eu investisse e não desse

como pousada eu venderia já não mais como apenas uma casa e sim como

uma pousada. Ou seja, eu investi em uma coisa que já era minha, não tive

mais gasto de comprar um terreno, comprar uma casa, não tive que

comprar nada porque eu já tinha.

Durante o processo de criação destas pousadas em duas fora feito algum tipo

de pesquisa, curso ou construção de um plano de negócios como ferramenta de

apoio ao desenvolvimento do estabelecimento hoteleiro. “[...] Ele fez cursos, entrou

em contato outros hoteleiros da região antes de começar [...]”, relata a Gestora de C,

pousada situada na Praia do Saco (São João Marcos) desde 1998, ao resumir o

trajeto percorrido pelo dono do estabelecimento antes da criação da pousada.

Já para a Gestora de o processo de criação foi bem mais técnico, envolvendo

pesquisa de campo e entrevistas com possíveis clientes, conforme é explicado:

Na época em que eu montei a pousada junto com o restaurante eu até fiz

um curso pelo SEBRAE. Um curso de trinta dias. Um curso intensivo que

era para os novos empreendedores. Fiz um Plano de Negócios e tive toda

orientação deles. Diante do que apresentávamos, eles forneciam ou não

condições financeiras para o desenvolvimento do negócio.

Enquanto que para o restante, a criação foi baseada na intuição conforme

responderam respectivamente os gestores de E de B, ao serem inquiridos sobre a

realização de pesquisa e construção de um plano de negócios: “[...] A gente sabia

que era uma necessidade da cidade por não ter nenhuma por aqui”, “[...] nunca fiz e

nunca procurei saber sobre isso [...].

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4.2.2 Planejamento Estratégico

Quanto ao planejamento estratégico posterior a criação da pousadas, duas

das seis possuem visão, missão e valores. Pousada A e Pousada C. A maioria dos

gestoresde pousadas (66,7%) não tem isso previamente planejado ou definido e

enxerga a previsibilidade do futuro como algo bem difícil.

O Gestor de F, ao ser questionado se ele saberia dizer como a pousada

estará em futuro, respondeu:

“[...] É difícil a gente prever qualquer coisa. A gente sempre espera o

melhor, mas é difícil prever [...]”.

Para a Gestora de C mesmo a pousada tendo definidos em seu site a visão a

missão e os valores, prever ou planejar o futuro também é complicado pela incerteza

da presença hóspedes no estabelecimento:

“[...] Não conseguimos porque os hóspedes aparecem, ligam e tratam. Não

existe aquela firma que tem aquele contrato certo[...]”.

Entretanto, um dos gestores expressou, com menos formalidade, exatamente

onde quer chegar, como fará para isso e do que não abrirá mão para tal conquista,

como é descrito abaixo:

Eu não quero crescer muito. Eu quero ter dez suítes. Eu não quero mais

que isso. Eu acho que com isso a gente vai conseguir manter o padrão,

minha irmã e eu conseguiremos tomar conta e teremos um trabalho legal.

Se você constrói um negócio muito grande, você perde a qualidade por não

conseguir administrar como você administra, não vai ter aquele toque seu.

Existem empresas grandes que a função é essa: colocam um monte de

empregados e ganham um monte de dinheiro e investem muito. Ou seja, lá

é prazeroso e eu quero que continue sendo prazeroso e não apenas

negócio, até porque eu tenho muito carinho por aquilo e quero que continue

sendo o meu cantinho.

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4.2.3 Definição do público das pousadas

A pesquisa pode constatar que 100% dos gestores sabem quem são seus

clientes (faixa etária, classe econômica a qual pertencem, grau de instrução, como

os clientes tomam conhecimento da pousada, o porquê da escolha da pousada e a

frequência que os clientes retornam a pousada).

Pousada A

Localizada em Ibicuí, o público do Rio de Janeiro que vai à pousada é de

Campo Grande (Zona Oeste) e Caxias (Baixada Fluminense). Já de outros estados,

seu público é composto por paulistas e mineiros, que vêm mais para o carnaval e

festas de fim de ano. Em geral os clientes têm de 30 a 45 anos e são da Classe C,

com ensino fundamental completo, que utilizam os serviços da pousada uma vez por

ano por motivo de lazer ou trabalho e que tomam conhecimento da pousada pela

internet e por indicação de amigos. De acordo com a gestora, os clientes escolhem a

pousada por conta de ser a única na área e pelo fato da praia ser muito boa para o

banho.

Pousada B

Localizada em Mangaratiba (distrito sede) o seu público é composto por

casais de Caxias, Nova Iguaçu e Petrópolis. A nível estadual são de São Paulo, Juiz

de Fora e sul do país. Quanto aos internacionais são em sua maioria da Argentina.

Pertencem à classe média e possuem nível superior completo. Quanto à frequência,

os de mais longe vão a pousada um vez por ano. Já os de mais perto, vão toda

semana no verão. O público conhece a pousada por indicação ou enquanto passa

em frente ao estabelecimento, que fica em uma rua movimentada. O motivo da

estada é o lazer. Escolhem a pousada por conta do preço e do atendimento.

Pousada C

Localizada na Praia do Saco (São João Marcos), seu grupo de clientes

durante a semana é formado por funcionários de empresas que atuam na região e

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no fim de semana por turistas de lazer. Um público vindo da região do Grande Rio e

dos estados de São Paulo e Minas Gerais, já os internacionais são os da Inglaterra e

Argentina (passantes com destino à Ilha Grande). Na faixa etária de 30 a 50 anos,

da Classe C. Com ensino médio completo e que utilizam os serviços da pousada

pouco mais de duas vezes por ano. A maioria dos clientes toma conhecimento da

pousada pela internet ou por indicação. Ainda segundo a gestora, os clientes

escolhem a sua pousada por conta da localização.

Pousada D

Localizada em Praia Grande, o seu público principal é formado por turistas de

lazer que moram na Zona Oeste, mais precisamente em Campo Grande e Nova

Iguaçu. Com idades entre 30 e 50 anos, pertencentes à classe média e com ensino

médio. Os clientes tomam conhecimento da pousada pelas placas na praia, pela

internet e por indicação. Entretanto, a administradora aponta que existe um outro

nicho de clientes atendido por ela e que é resultante do turismo de convenções em

grandes estabelecimentos hoteleiros da região, que aplicam tarifas mais altas do

que os clientes se propõem a pagar.

Pousada E

Situada em Conceição de Jacareí, o público do seu estabelecimento é

formado por clientes de São Paulo e Minas Gerais e, em nível internacional, dos

Estados Unidos da América e França. Um público composto por pessoas com

idades de 30 a 50 anos, pertencentes a Classe Média, dotadas de ensino médio. De

acordo com o proprietário, os clientes vão de 3 a 4 vezes por ano à pousada e têm

como principal interesse o lazer proporcionado pela região, mais precisamente Ilha

Grande. Os clientes tomam conhecimento por indicação e escolhem a pousada pela

localização e pelo atendimento.

Pousada F

Situada em Itacuruça, o seu público durante a semana e composto em sua

maioria por funcionários de empresas do Rio de Janeiro, instaladas na região da

Costa Verde, turistas de negócios. Enquanto que o restante, turistas de lazer são

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responsáveis pela maior movimentação durante o fim de semana e feriados. Sendo

um público composto de forma bem diversificada quanto à idade, variando de 20 a

70 anos, pertencentes a Classe C com ensino médio, que utilizam os serviços da

pousada durante a alta temporada, em média, por mais de 6 vezes. Um público que

toma conhecimento da pousada pela internet e por indicação. A maioria dos clientes,

segundo o administrador, escolhe a pousada pelo custo-benefício e pelo bom

atendimento.

4.2.4 Como fazem para conhecer os seus clientes

Para os gestores das pousadas de Mangaratiba as melhores formas de

conhecer o público é por meio da ficha de cadastros de clientes e da conversa

informal. Conforme esclarece o Gestor de F:

Por ser proprietário fico muito na pousada. E muitas dessas informações

vêm por contato direto com o cliente. Só no bate papo mesmo. É por meio

do bate papo que ele sente que você é gente boa e se abre um pouco mais.

Entretanto, a Gestora de B adverte que deve existir sensibilidade enquanto se

busca informações sobre os clientes, para que se respeite o momento e a

privacidade deles:

Normalmente eu não pergunto não. Eu acho que as pessoas às vezes

gostam de ficar na delas. Eu respeito muito isso. Assim, se você chega e

começa a conversar comigo, falar da sua vida, do que acontece, eu vou

escutar. Agora, se você chega, entra e dá bom dia, boa tarde, boa noite e

vai pro seu cantinho, eu também vou te respeitar. A gente procura manter

um pouco disso.

Já para a Gestora de D, o preenchimento da ficha de registro em papel não

pode faltar:

Eu faço uma ficha pra cada hóspede que entra na pousada. Aí eu coloco a

data de nascimento e como ele soube da pousada. A gente tem umas

perguntinhas só para isso.

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Na entrevista foi solicitado que cada um dos gestores quantificasse o nível de

importância dado a busca por informações sobre seus clientes em uma escala de 0

a 5. Onde 0 correspondia ao mínimo e 5 o máximo. Diante do proposto: 16,7%

responderam 3; 33,3% responderam nível 4; 50% responderam 5.

Quando ao desenvolvimento de pesquisas formais sobre clientes,

concorrentes, mercados e tendências, 66,7% dos gestores disseram já ter realizado

algum tipo de pesquisa. Conforme, reforçado pela Gestora de C é possível tirar

muita coisa boa desse exercício constante de pesquisa:

A gente faz isso pra tá se atualizando, se reciclando. Até porque a gente

precisa saber o que tá acontecendo de legal. A gente participa de um grupo

de hotelaria pelo e-mail que sempre manda novidades, tendências e dicas.

A gente paga uma taxa todo mês para receber essas informações. Todas as

recepcionistas e o dono têm acesso aos conteúdos dos e-mails. Se chega

alguma coisa diferente, mas que elas não entendem, elas me mostram e eu

passo pra ele [dono] caso ele não tenha visto.

Entretanto, para outros gestores que afirmam já ter realizado algum tipo de

pesquisa, não houve continuidade no uso da ferramenta como aliada no processo de

gestão, como enfatizado pela Gestora de B:

Eu não procuro saber ou ver. A única coisa que fiz, foi no começo ligar pra

saber preço. Até porque eu não tinha nenhuma noção. Nessa época eu

precisava saber quanto eles cobravam pra entender quanto eu poderia

cobrar. Até porque você não pode chegar num lugar e falar que vai cobrar

tanto por quer, pronto e acabou. Tem que ter um padrão de preço.

4.2.5 A competitividade entre as pousadas

A presente pesquisa constatou que 16,7% dos gestores de pousadas na

cidade não têm interesse em saber quem ou como são seus concorrentes,

entretanto, 83,3% dos gestores têm conhecimento de quem são seus concorrentes.

Bem como conhecem os pontos fortes e fracos dos mesmos.

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Os métodos utilizados para obtenção dessas informações são o telefone, a

internet e a cooperação de amigos que se hospedam ou já se hospedaram nos

concorrentes. Como ressaltado pela Gestora de D:

Tenho uma relação boa com meus concorrentes, tanto de Itacuruçá, quanto

de Muriqui. Quando eu tenho intimidade eu até pergunto diretamente, mas

quando não tenho, pergunto pelo telefone, pra saber se meu preço tá muito

alto e colocar mais ou menos compatível com a minha necessidade e o que

tá acontecendo por aí. Também pesquiso pela internet, que tem muita

coisa.

Os preços praticados, formas de pagamento oferecidas, condições do produto

(infraestrutura), qualidade empregada na prestação dos serviços, e pacotes também

são variáveis de observação destes gestores. Como demonstrado pela Gestora de B

ao comparar-se com seus concorrentes:

“[...] Alguns têm a estrutura muito boa, mas não sabem trabalhar [...] “ou

“[...] eles não têm café e eu tenho. Pode dar um pouquinho a mais de

trabalho, mas faz a diferença [...]”.

Segundo o Gestor de E, diante do que ele sabe dos concorrentes, a

localização e qualidade do bom serviço é o que faz a diferença frente aos

concorrentes, conforme narrado:

Aqui só tem três pousadas que eu não as considero competitivas para o que

nós oferecemos aqui. Tentamos fazer as melhores condições, o nosso

ponto é estratégico. É em frente ao mar. Então, nós temos condições que a

própria natureza nos favorece para ter uma melhor condição de mercado.

Sem falar da qualidade que a gente tenta aplicar com um bom café da

manhã e oferecendo determinadas coisas para melhorar.

Para os gestores entrevistados a competitividade entre as pousadas vai além

do estabelecimento hoteleiro, o contexto no qual eles atuam também é observado

como aliado na busca pela aproximação, conquista e retenção do turista, como

ressaltado pela Gestora de D:

Muriqui até que tem uma procura boa, porque as pessoas querem aquela

coisa da ‘confusão’. A praia não é boa, mas o povo quer movimento, quer

badalação. Já aqui, é mais sossego e quem tem criança gosta muito. E eu

estou no meio. Mangaratiba começa em Itacuruçá, Muriqui e Praia Grande.

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E depois, se você for pela Rio-Santos, tem o trevo de Mangaratiba e depois

Conceição. A pessoa que se hospeda aqui pode, a qualquer momento, ir a

Muriqui. Pode ir a Itacuruçá fazer um passeio de saveiro ou Mangaratiba pra

sair de barca. Aqui em Praia Grande eu não tenho concorrente. Eu sou a

única. Já em Muriqui existem várias pousadas. Aqui é um lugar muito

parado e lá é um lugar muito movimentado. Aqui, a pessoa desce a rua e já

está na praia. Lá, as pousadas são mais pra dentro e a praia não é tão boa.

Aí vai depender do gosto de cada um, do que a pessoa está procurando.

Sobre o relacionamento com concorrência foi possível constatar que 16,7%

dos gestores consideram a relação com seus concorrentes “maravilhosa”. 50%

consideram “boa” e 33,3% afirmam não haver relação. Sobre a relação com os

fornecedores de “produtos substitutos” (BENI, 2001), o Gestor de E ressalta:

“[...] a relação com eles é maravilhosa. Muito boa. A gente troca se tiver

lotado, a gente indica [...]”.

Enquanto que para a Gestora de A a relação com seus concorrentes é bem limitada:

“[...] A gente indica só pra uma pousada por conta de uma amizade antiga.

A gente não se comunica com o restante. Sem vínculo nenhum[...]”.

4.2.6 As formas de divulgação

No que tange as formas de divulgação, os meios mais utilizados pelas

pousadas de Mangaratiba são cartões de visita e panfletos. 66,6% afirmam ter essas

ferramentas de apoio ao seu lado.

Já outros meios de comunicação como rádio da região, o jornal, revista da

região, busdoor, outdoor, cartaz e carro de som são usados por 16,6% das

pousadas.

A pesquisa pode identificar que não há estratégia de divulgação. Há

facilidades financeiras que possibilitam aos gestores o uso desses meios de

comunicação. Como explica a Gestora de A, quando comenta sobre o uso de carro

de som pela pousada:

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[...] a gente usa na Zona Oeste. Mais precisamente em Campo Grande e

Bangu. Na verdade, é pra onde o carro vai. Porque meu tio vai entregar

produtos e fazer uns serviços, daí ele deixa ligado o som [...]

Já a Gestora de C, quando questionada sobre o porquê da escolha de um

determinado jornal para a divulgação da pousada pelo dono, argumenta que: [...] o

dono da pousada é amigo dos donos do jornal [...]

O fato de não saber de onde exatamente o seu cliente é, definindo-o

amplamente como sendo um alguém de Campo Grande ou Caxias, ou mesmo, do

Rio de Janeiro, bem como feito pelas gestoras [A e C] quando solicitadas a definirem

seu público, impossibilita o uso estratégico dos meios de comunicação. Fazendo

com que seus esforços se resumam ao que Morrison (2012, p.17) apresenta como

“abordagem de espingarda” e em uma realidade em que as pequenas empresas se

caracterizam por suas limitações de recursos (IKEDA, 1998) não é o mais indicado a

ser feito.

4.2.7 A Presença na internet

Em se tratando da Propaganda Interativa tratada por Morrison (2012), metade

dos gestores entrevistados afirmam ter um site da pousada no ar. Enquanto que um

gestor de pousada está presente na internet, mas por meio de Blog. No que tange a

anúncios em sites de busca, apenas 1/6 dos gestores faz.

Foi possível detectar que o Facebook® é a rede social mais usada por

gestores de Mangaratiba. Dos entrevistados durante o projeto, 50% afirmam que a

pousada em que eles atuam tem presença nessa rede. Embora, sem qualquer tipo

de estratégia, como revela a Gestora de B ao falar sobre a presença do

estabelecimento no site de compartilhamento: [...] eu tenho ‘Face’. Mas é como eu te

falei, minha sobrinha tirou umas fotos e publicou [...].

Enquanto que Youtube®, Foursquare®, Twitter®, Orkut® e Google Places® são

utilizados por 16,7%.

Entretanto não há presença de nenhuma pousada entrevistada nas redes

Instagram® e Google Plus®.

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Quadro 4: Presença nas redes sociais

REDE SOCIAL NÚMEROS ABSOLUTOS EM PORCENTAGEM (%)

FACEBOOK® 3 50%

YOUTUBE® 1 16,7%

FOURSQUARE® 1 16,7%

TWITTER® 1 16,7%

INSTAGRAM® - -

GOOGLE PLACES® 1 16,7%

GOOGLE PLUS® - -

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

No que diz respeito aos sites de turismo, compras coletivas, opiniões e

descontos, foi possível observar que:

O Portal Férias Tur® é o site mais utilizado pelos gestores de pousadas em

Mangaratiba. 50% deles afirmam ter cadastro neste site.

Já os sites Hotel Urbano®, Booking®, Férias Brasil®, Decolar.com® são

utilizados em menor quantidade pelos gestores. Estando presente como ferramenta

digital em 33,3% dos estabelecimentos.

Enquanto que Mais Pousadas®, Guia Pousadas®, Trend Operadora®,

InterPass Club®, Groupon®, Casa Férias® e Ecotur® são utilizados por 16,7%.

Os sites gratuitos de turismo têm mais adeptos entre os gestores estudados,

entretanto, não dá tantos resultados. “Casa Férias é gratuito, só que é muito difícil.

Hoje, é a primeira vez que vem um hóspede deles para cá”, explicita a Gestora de D.

O Gestor de F demonstra parcial insatisfação ao falar dos sites: “[...] os resultados

são mais ou menos. Gostaria que trouxessem mais clientes [...]”.

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Quadro 5: Sites de divulgação de produtos hoteleiros

SITE NÚMEROS ABSOLUTOS

EM PORCENTAGEM (%)

FÉRIAS TUR® 3 50%

HOTEL URBANO® 2 33,3%

BOOKING® 2 33,3%

FÉRIAS BRASIL® 2 33,3%

DECOLAR.COM® 2 33,3%

MAIS POUSADAS® 1 16,7%

GUIA POUSADAS® 1 16,7%

TREND OPERADORA® 1 16,7%

INTERPASS CLUB® 1 16,7%

GROUPON® 1 16,7%

CASA FÉRIAS® 1 16,7%

ECOTUR® 1 16,7%

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

4.2.8 - Integração

O sucesso da cidade enquanto marca na percepção do turista é resultante de

um esforço turístico coletivo. Levando em consideração a participação de diversos

atores (BENI, 2001). Um esforço coletivo que vai muito além das paredes de uma

pousada, sendo resultante do que Dias (2003) aponta como participação coletiva na

construção do espaço.

Se observado sob a Pirâmide de Maslow (HUNTER, 2004, p.44) o ser

humano é movido por necessidades tais como sono, alimentação, segurança, bem-

estar, pertencimento e auto realização. Algumas destas, as pousadas de

Mangaratiba conseguem suprir, outras não.

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Para suprir as necessidades que não conseguem, possuir uma boa rede de

contatos pode possibilitar a boa parte dos gestores que assim trabalham atender as

necessidades de modo eficiente, eficaz e alterar significativamente a percepção do

produto final na cabeça e no coração do cliente que visita à cidade. De acordo com

Dulworth (2008 p.40), alianças de negócios e parcerias devem ser vistas sim como

estratégicas para se agregar valor no que se vai oferecer ao mercado. E de acordo

com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p.4) estamos testemunhando o surgimento

do Marketing 3.0 ou da era voltada para valores, onde as pessoas deixam de ser

tratadas simplesmente como consumidores e passam a ser tratadas como seres

humanos com mente, coração e espírito.

4.2.9 Parcerias

Isto posto, nesta seção será analisada a percepção dos gestores quanto às

parcerias com pequenas empresas da região e com o poder público, subdividindo-se

por pousadas.

Pousada A

A Pousada A é um estabelecimento que admite possuir vários parceiros, tais

como restaurantes, taxistas, pizzarias e empresas de turismo de aventura. Não

havendo comissão na maioria das indicações. Subentendendo-se que satisfazer as

necessidades dos hóspedes, mesmo que para isso tenha que indicá-lo a outros, é

observada enquanto prioridade. Contudo, entende-se diante do discurso que sanar

as necessidades dos clientes é o objetivo em sua totalidade, não havendo uma

estratégia de construção coletiva por trás disso.

Quanto ao relacionamento com o poder público, ficou compreendido que é

bem limitado. De acordo com a Gestora de A, o único encontro do qual ela se

lembra entre empresas hoteleiras e poder público na figura da prefeitura foi antes da

Copa do Mundo de 2014, entretanto, expressando descontentamento, identificou

este encontro com o intuito de somente […] falar paras as pousadas estarem

preparadas. Nada muito além disso [...] eles poderiam investir mais. É porta de

entrada pra Ilha Grande[...].

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Pousada B

Para a Gestora de B, o intuito dos contatos e cartões de cooperativas de táxi,

passeios de lancha, restaurantes é “[...] pra um conforto maior do cliente [...]”. Por

parte da gestora e de sua equipe as indicações são feitas também sem qualquer

comissão e, na maioria das vezes, baseadas em indicações unilaterais. Isso porque,

segundo ela, são raros os clientes indicados pelos parceiros. Visto que normalmente

quando o turista solicita um serviço de táxi ou que contrata um passeio de lancha, já

está hospedado.

Quanto ao relacionamento com o poder público a Gestora de B vê na

aproximação algo pouco explorado. Onde os hoteleiros têm que se virar para atrair

clientes para a região, enquanto que o órgão executivo não se movimenta em

contrapartida a fim dar suporte às atividades. Conforme relata:

Se a gente dá lucro pra eles, eles também teriam que oferecer alguma coisa

pra gente chamar atenção do cliente. Ter mais festas, ter mais eventos, ter

mais divulgação das coisas. Porque se tem uma Expo, que é nossa maior

festa com quatro dias, que vem Ivete Sangalo, que vem Claudia Leitte, isso

chama muitas pessoas pra cidade, dá dinheiro pra eles e dá dinheiro pra

gente também e todo mundo trabalha junto. Já se não tem uma festa, um

evento, se você chega e a cidade tá toda suja, as ruas todas esburacadas,

se você vai pedir uma informação e ninguém sabe te passar direito – como

já chegou gente aqui falando isso, que na própria prefeitura não foram bem

recebidos - fica muito difícil, né? O que as pessoas vão fazer lá? Se

encontram uma praia suja, que às vezes eles não limpam, e você vai dizer

que é uma praia? Como? Não tem como você segurar alguém lá desse

jeito.

Pousada C

A pousada C desenvolve parcerias com cooperativas de táxi e restaurantes

onde pede descontos para seus hóspedes. Durante a entrevista, a gestora pode

explicitar sobre um evento em conjunto que reuniu opções de lazer diversificadas,

como o passeio de saveiro e a cavalgada, que foram além dos serviços ofertados

pelo estabelecimento hoteleiro. Entretanto, apesar de ter demonstrado satisfação

pelo evento, advertiu que não é sempre que acontece. “[...] na verdade, só foi

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54

realizado uma única vez [...]”. Contudo, pode se perceber que o primeiro passo foi

dado.

Quanto ao apoio do poder público ou incentivo a qualificação de mão de obra

para o setor de hotelaria, a gestora foi incisiva ao ser inquirida:

Não. Não dão apoio nenhum. Eles até tentaram fazer aí um PRONATEC,

mas parece que não atingiu o número de pessoas. Dificilmente dão. Eu

peguei um curso de turismo, o pessoal até fez, mas foi só esse. Mas havia

limitações, não podia trabalhar e tinha que está à disposição. Ficou

complicado.

Ainda segundo a gestora, a localidade apresenta carência de um colégio

técnico, o que é contornado na pousada em que ela atua com o treinamento atrelado

ao primeiro emprego. A administradora demonstra compreensão e discernimento

sobre como as relações políticas interferem no cenário em que ela atua e que

inimizades políticas reverberam por mais tempo do que período de eleições ou que o

que a intenção do bem coletivo.

Pousada D

A Gestora de D diz que tem tentado contatos com cooperativas de táxi,

barcos e agências de turismo da região, contudo, não obteve sucesso em parcerias

de apoio.

Quanto ao apoio do poder público, a gestora é apresenta uma mistura entre a

animosidade de quem ainda tem um resquício de esperança e o desânimo de quem

já vivenciou muitas ações pioneiras na região. Segundo a gestora, se tem reunião da

prefeitura com os profissionais de hotelaria da região, ela está presente para ouvir.

Entretanto, a gestora se mantém cética frente ao que pode vir do poder público,

conforme relata no fragmento:

A política influencia muito na área, como um todo no município. A gente

teve época em que existia um grupo na prefeitura que divulgava bastante,

foi na mesma época em que aconteceu o Plano Nacional de

Municipalização do Turismo e eles tentaram trazer pra cá. Juntou todo o

pessoal do trade de turismo, hotelaria, pousada, restaurante, todo mundo

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que trabalhasse de alguma forma com o turismo ia participar desse curso,

desses treinamentos e dessas reuniões. Durante um ano o grupo foi muito

bom, fizemos projetos, entretanto, parou na mesa do prefeito. E, da mesma

forma que nasceu, morreu.

A administradora deixa claro que o município é atrasado quanto às políticas

de turismo se comparados a outros lugares. E o que falta mesmo é mais

comunicação, mais integração da prefeitura com as pousadas, porque lugar bonito é

o que não falta para o turista visitar.

Pousada E

De acordo com o Gestor de E, ter uma boa rede de contatos com telefones de

agência de turismo, cooperativa de táxi, pizzarias, ou indicar um passeio de barco

com melhores condições, com bom atendimento, deve ser visto como obrigação

dele, enquanto fornecedor de serviço hoteleiro.

A exemplo de todas outras pousadas, a rede de contatos que ele indica é sem

parceira formal, sem qualquer tipo de comissão.

Ainda segundo o Gestor de E o que falta é “apoio total dos órgãos públicos

em todos os setores”, visto que segundo o administrador o poder público não

fornece nenhuma atenção ao turismo da região e sugere até o fornecimento de

cursos para todos os distritos como solução para o despreparo no setor, bem como

um apoio de maior abrangência da secretaria de turismo que, segundo o

proprietário, só é focada em eventos. Conforme narra, há bem mais para se explorar

no município de Mangaratiba:

Um lugar que não se preocupa com política de turismo nunca vai se

desenvolver turisticamente. Nós temos cachoeiras lindas, lugares

maravilhosos que podiam praticar trilha e uma série de coisas que o

município não tá nem se importando. Enquanto a prefeitura não se

preocupar com isso, parceiro, nunca vai ser bom.

Pousada F

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A pousada F também dispõe de uma rede de contatos que incluem

cooperativas de táxi, restaurantes, barcos e agências de turismos a fim de indicar

para os clientes.

Quanto a parceria entre a indústria hoteleira e o poder público, o Gestor de F

é bem direto ao demonstrar insatisfação com a falta divulgação da cidade nos meios

de comunicação. Segundo o gestor é possível ver diversas outras cidades como

Angra dos Reis, Parati, São Pedro da Aldeia ganhando destaque na mídia,

entretanto, nada acontece com o município em que ele atua. Para o administrador

não há incentivo nenhum por parte da prefeitura e as pousadas têm que se virar

sozinhas. Conforme relata:

Na televisão a gente observa, por exemplo, Angra dos Reis, que é outra

prefeitura. Parati, que é outra prefeitura. A gente liga a televisão e vê São

Pedro da Aldeia em reportagem bonita. Tudo aparece na televisão, menos

Mangaratiba. Esse é o maior problema. Não tem divulgação nenhuma.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa foi possível ouvir relatos sobre as diferentes

realidades e perspectivas que tangenciam o comportamento de pequenos

empreendedores que trabalham com serviços de hospedagem em Mangaratiba

frente a estruturação das estratégias de marketing. Cada um dos gestores é dotado

em sua particularidade de qualidades criativas que permitem transpor os obstáculos

impostos pela falta de recursos humanos, financeiros e tecnológicos.

Em sua maioria sem grandes conhecimentos teóricos de estratégias praticam

no seu dia a dia o que alguns autores e especialistas caracterizam como ações de

marketing de serviços (GROÖNROS, 2009) e marketing de valor (KOTLER,

KARTAJAYA e SETIAWAN, 2010), visando atender seus clientes das melhores

maneiras possíveis.

Entretanto, não deve ser ignorado que em apenas dois estabelecimentos fora

encontrado fragmentos de um planejamento estratégico previamente formalizado.

Nas Pousadas A e C, com suas visões, missões e valores. Contudo, na Pousada A,

a gestora não soube explicitar sobre as definições. Enquanto que na Pousada C, a

gestora desconhecia a existência de tais declarações. Porém, fora encontrada as

definições posteriormente, durante a pesquisa no site do estabelecimento. Fatos que

denotam a existência, mas não a prática.

Quanto ao restante, mais de 50% das pousadas estudadas, não possui uma

definição clara de onde quer chegar, como o fará e quais os valores utilizará para

fazê-lo. No entanto, quando estimulados os gestores souberam descrever de modo

improvisado onde querem chegar, entretanto com discurso muito ligado ao fator

estrutural, com pouca ênfase no fator estratégico da pousada visto sob a ótica de um

contexto maior de competitividade, segmentação e posicionamento.

Segundo Dias (2003, p.90) o planejamento enquanto instrumento de

desenvolvimento tem o poder de apontar caminhos, coordenar estratégias e

direcionar ações. Contudo, pouco disso foi visto durante as entrevistas e aplicação

dos questionários.

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Quanto ao conhecimento do público todos os gestores titubearam ao tentar se

recordar ou formular de improviso um perfil para os seus clientes, mas o fizeram com

base na observação do dia a dia.

A maioria deles, acha que conhece o público, no entanto, deve-se perceber

isso como algo superficial, sem estatística que comprove e intensifique o

direcionamento do escasso dinheiro que investem em marketing. O que é reforçado

pelo foto deles admitirem pouca ou nenhuma ação de estudo dos cadastros

presentes em sua base de dados.

Apesar de terem informações importantes em seu banco de dados manual,

como datas de aniversários e endereço dos hóspedes, bem como e-mails e

telefones para contato, nada é feito enquanto estratégia de negócios em torno do

gerenciamento do relacionamento com o cliente, o Customer Relationship

Management – CRM (BROWN, 2001). Sendo animador que alguns deles

demonstram interesse em fazer este tipo de trabalho, entretanto as faltas de

recursos humanos e de capital inviabilizam esse tipo de ação.

No que tange a divulgação do estabelecimento em meios de comunicação

tradicionais, entende-se que não há um planejamento de mídia. Os veículos

utilizados, os pontos de distribuição, demonstram a ausência de algo pensado.

Levando em consideração apenas as facilidades impostas pelo uso dos veículos,

muitas vezes em desarranjo com o que foi determinado como segmento de

mercado. Um foco no conhecimento e planejamento de mídia, bem como interesse

em entender características dos meios, pode permitir aos gestores enxergarem

novas possibilidades divulgação mais eficazes. De acordo com as gestoras de A e

C, pousadas que mais investem em mídia, não é significativo o número de clientes

que vem por conta dos meios de comunicação tradicionais.

Ainda que seu público esteja geograficamente distante, é possível impactá-lo

com estratégias de direcionamento de recursos certos, mas para isso se faz

necessário um estudo mais detalhado sobre as variáveis de segmentação. Como os

fatores demográficos, socioculturais e. psicográficos. Para Ikeda (1995) a

segmentação de marketing feita por pequenas empresas deve ser observada como

ajuste perfeito às necessidades dos clientes e a realidade de poucos recursos.

Enquanto ao uso da rede mundial de pessoas (RADFAHRER, 2012), a internet,

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ainda é pouco explorada em Mangaratiba. Apenas 1/6 dos gestores disse investir

em anúncios em buscadores. Um ponto a menos, em um período caracterizado por

aquilo que Gabriel define (2009, p.26) como a ‘Era da Busca’. Assim sendo,

observa-se a ausência e indica-se mais aprofundamento sobre publicidade online

paga, além daquelas grátis já realizadas por eles em portais de busca.

Logo, entende-se que prever ou planejar o futuro não é visto como uma

estratégia de desenvolvimento contínua e pensada pelos gestores. Castelli (1991,

p.12) caracteriza gestores que não planejam o amanhã como “apagadores-de-

incêndio”.

E nestes casos estudados ficou entendido que isso acontece pela falta de

interesse da própria organização em se qualificar e pela falta de visão mais ampla

do produto turístico total, resultante da inexistência, comprovada pelos depoimentos,

de apoio do poder público da cidade que, a exemplo da pousada C, também parece

desconhecer o que se propôs a fazer, conforme reza o parágrafo II do 30º artigo do

Plano Diretor da cidade (2006) baseado na Política de Turismo “Fomentar a

capacitação profissional dos proprietários e dos trabalhadores em estabelecimentos

hoteleiros e restaurantes, mediante convênios com instituições competentes”.

Em um cenário caracterizado por pousadas adaptadas, mão de obra treinada

na prática, desconhecimento técnico de hotelaria, falta de investimento em

treinamentos, sustentabilidade e pesquisa de opinião sobre as instalações, o

atendimento e os serviços, abre-se um novo horizonte repleto de possibilidades de

estudos, aprofundamento e extensão da universidade enquanto produtora de

conhecimento, desenvolvedora de soluções para os problemas mais comuns da

comunidade hoteleira local, possibilitando ainda melhorias contínuas.

Há de se observar ainda que este estudo focou o fenômeno do ponto de vista

do pequeno empreendedor hoteleiro, há o outros lados para se observar, estudar,

pesquisar e compreender. Como os do poder público local e dos comerciantes.

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60

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE FILTRAGEM INICIAL

DESTINADO AOS GESTORES

1. Nome do Estabelecimento

2. Nome da pessoa responsável pelo preenchimento do questionário

3. Cargo da pessoa responsável pelo preenchimento do questionário

4. Quantos quartos o estabelecimento possui?

( ) de 1 a 10

( ) de 11 a 20

( ) de 21 a 30

5. Quantos empregados a pousada tem ?

( ) até 9 empregados

( ) de 10 a 49 empregados

6. Quantos leitos o estabelecimento possui?

( ) de 1 a 10

( ) de 11 a 20

( ) de 21 a 30

( ) de 31 a 40

( ) de 41 a 50

( ) de 51 a 60

( ) de 61 a 70

( ) de 71 a 80

( ) de 81 a 90

7. Sobre a recepção do estabelecimento:

( ) fica aberta por 12 horas, porém acessível por 24 horas.

( ) fica aberta por 24 horas.

8. Sobre a troca das roupas de cama e de banho no estabelecimento:

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( ) é feita em dias alternados

( ) é feita todos dias

9. Sobre serviços de alimentação, é oferecido café da manhã:

( ) sim ( ) não

10. Sobre o café da manhã, pode ser servido no quarto:

( ) sim ( ) não

11. Sobre serviços de alimentação, é oferecido almoço:

( ) sim ( ) não

12. Sobre serviços de alimentação, é oferecido jantar:

( ) sim ( ) não

13. Sobre serviços de alimentação, o meio de hospedagem oferece refeições leves

e bebidas nos quartos (room service) no período de 12 horas:

( ) sim ( ) não

14. O estabelecimento possui restaurante (caso não tenha restaurante, pule para a

questão 17.

( ) sim ( ) não

15. Caso tenha restaurante, marque as alternativas compatíveis com o

estabelecimento:

( ) oferecemos serviço à la carte em nosso restaurante

( ) oferecemos preparação de dietas especiais (vegetariana, hipocalórica,

etc.)

( ) oferecemos facilidades para bebês (cadeiras altas no restaurante,

facilidades para aquecimento de mamadeiras e comidas, etc.)

16. O estabelecimento possui bar

( ) sim ( ) não

17. Dentro dos quartos é possível encontrar:

( ) amenidades, no mínimo duas ( Shampoo e sabonete)

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( ) amenidades, no mínimo quarto( Shampoo,sabonete, cotonete, touca de

banho e outros)

18. O estabelecimento:

( ) desenvolve medidas permanentes para redução do consumo de energia

elétrica e de água

( ) desenvolve medidas permanentes para o gerenciamento de resíduos

sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem

( ) desenvolve programas de treinamento para empregados

( ) não desenvolve nenhuma das ações acima

19. Formas de pagamento oferecidas pelo estabelecimento:

( ) dinheiro

( ) cheque

( ) cartão de Crédito e Débito

( ) boleto

( ) transações eletrônicas ( transferência e depósitos)

20. Quanto a estrutura do estabelecimento é possível encontrar:

( ) serviço de guarda valores dos hóspedes

( ) serviço de cofre em 100% dos quartos para guarda dos valores dos

hóspedes

( ) berço para bebês, a pedido

( ) mini refrigerador em 100% dos quartos

( ) climatização (refrigeração/ventilação/calefação) adequada em 100% dos

quartos

( ) serviço de lavanderia

( ) televisão em 100% dos quartos

( ) mesa com cadeira em 100% dos quartos

( ) acesso à internet nas áreas sociais

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( ) instalações para recreação de crianças

( ) salão de jogos

( ) serviços de mensageiro no período de 24 horas

( ) secador de cabelo à disposição, sob pedido

( ) sala de estar com televisão

( ) espaço para leitura

( ) canais de TV por assinatura em 100% dos quartos

21. O estabelecimento

( ) monitora as expectativas e impressões dos hóspedes em relação aos

serviços ofertados, incluindo pesquisas de opinião, espaço para reclamações e

meios para solucioná-las

( ) desenvolve medidas permanentes de sensibilização para os hóspedes em

relação à sustentabilidade

( ) nenhuma das ações acima é desenvolvida

Publicado em: https://docs.google.com/forms/d/1w5aHtvR-

90YS3gjrCxyBc9owK_VQRVfUdri9ds-6Sds/viewform

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APÊNDICE

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ANEXOS

ROTEIRO DA ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES

DADOS DA EMPRESA

1. Qual foi o ano da criação da pousada?

2. Como ela surgiu? Por quem foi criada?

3. Houve pesquisa de demanda ou estudo de viabilidade?

4. Foi desenvolvido um plano de negócios antes ou depois? Se sim, ajudou? Se

não, sente falta?

5. Qual o Número de funcionários fixos ( inclui proprietários) e temporários da

pousada?

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

6. Há uma definição clara da estrutura organizacional, missão, visão e dos valores

da pousada? Se sim, quais seriam? Se sim, quem os criou? Se sim, são

compartilhados com todos dentro da pousada? Se não tem, saberiam dizer o

motivo?

7. O que vocês acham do planejamento estratégico?

8. Vocês saberiam me dizer como a pousada quer estar daqui a 3 meses, 3 anos

e 5 anos? Se sim, como farão pra isso?

9. Há um trabalho de desenvolvimento dessas visões e dos valores com os

públicos interno (colaboradores) e externo da pousada? Se sim, como é feito?

RECUSOS HUMANOS

10. De onde são seus colaboradores?

11. Qual o grau de instrução exigido para ser um colaborador da pousada?

12. Os colaboradores falam outras línguas? Se sim, quais? Se não, a administração

da pousada entende isso como uma fraqueza? Se sim, é desenvolvido algum

trabalho para transformar essa fraqueza em força competitiva?

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13. A pousada possuí clientes estrangeiros? Se sim, como o trabalho se

desenvolve frente a esse pequeno obstáculo da língua?

14. Vocês encontram dificuldade na busca por profissionais qualificados? Se sim,

como resolvem isso?

Segmentação de mercado

15. Hoje, vocês saberiam descrever quem são os seus clientes?

( ) sim ( ) não

16. Se sim, saberiam dizer de onde eles são? ( cidade, região ou país)

( ) sim ( ) não

17. Se sim, saberiam dizer qual a faixa etária deles?

( ) sim ( ) não

18. Se sim, saberiam dizer a classe econômica a qual eles pertencem

( ) sim ( ) não

19. Se sim, saberiam dizer o grau de instrução?

( ) sim ( ) não

20. Se sim, dizer com qual frequência utilizam os serviços da pousada?

( ) sim ( ) não

21. Se sim, saberiam dizer como tomam conhecimento da sua pousada?

( ) sim ( ) não

22. Se sim, saberiam nos dizer por que escolhem essa pousada?

( ) sim ( ) não

23. Como fazem para descobrir essas informações?

24. Numa escala de importância, onde a nota zero é para o mínimo e a nota 5 é

para o máximo, qual o nível de atenção dado pela pousada ao conhecimento

dessas e outras informações sobre o segmento em que atuam?

[0] [1] [2] [3] [4] [5]

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71

25. Caso não conheçam nenhuma dessas informações, saberiam nos dizer o

motivo ou os motivos?

Sobre a ferramenta de pesquisa

26. A pousada já desenvolveu algum tipo de pesquisa?

( ) sim ( ) não

27. Se sim, a quem se destinou (público): clientes, concorrentes, mercado,

tendências etc.?

28. Se sim, por que foi feita?

29. Se sim, qual foi a motivação?

30. Se sim, foi feita por quem?

31. Se sim, o que foi descoberto mediante ao desenvolvimento da pesquisa?

32. Se sim, valeu o esforço?

33. Se sim, o resultado da pesquisa permitiu novas melhorias ou ações

estratégicas?

34. Se sim, há um controle das ações geradas mediante aos resultados da

pesquisa?

35. Numa escala de importância, onde a nota zero é para o mínimo e a nota 5 é

para o máximo, qual o nível de atenção dado pela pousada às pesquisas?

[0] [1] [2] [3] [4] [5]

Quanto aos concorrentes

36. Saberiam nos dizer quem são os concorrentes diretos e indiretos da pousada?

37. Como é a relação entre a pousada e os concorrentes?

38. É realizado algum tipo de estudo dos concorrentes? Levantamento de preços;

produtos; condições de pagamento; formas de distribuição, promoção?

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Quanto ao produto da pousada

39. Como vocês descreveriam o que é oferecido aqui?

40. A diária é a mesma durante o ano todo?

41. São oferecidas condições especiais, pacotes, descontos?

42. Ainda sobre o preço praticado pela pousada, pode se concluir que:

( ) muito mais baixo do que o da concorrência

( ) mais baixo do o da concorrência

( ) igual ao da concorrência

( ) levemente mais alto que o da concorrência

( ) muito mais alto que o da concorrência

( ) não sabemos dizer

Quantos as estratégias de divulgação da pousada

43. Quanto as estratégias de divulgação da pousada, são estabelecidas:

( ) por um profissional de marketing que trabalha na pousada.

( ) pelos donos do estabelecimento

( ) por uma agência de publicidade

( ) por outro _________________

44. No que tange a divulgação do estabelecimento, relacionamento com clientes e

outras estratégias de marketing, é separada alguma verba?

45. ( ) sim ( ) não

46. Se sim, a verba é:

( ) Semanal

( ) Quinzenal

( ) Mensal

( ) Semestral

( ) Anual

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( ) Outro ________________________.

47. Se sim, quanto ao valor destinado às estratégias de marketing (pesquisa dos

clientes e concorrentes, propaganda, relacionamento etc.), é:

( ) De R$ 1,00 a R$ 99,00

( ) De R$ 100,00 a R$ 499,00

( ) De R$ 500,00 a R$ 999,00

( ) De R$ 1.000,00 a R$ 1.499,00

( ) De R$ 1.500,00 a R$ 1.999,00

( ) De R$ 2.000,00 a R$ 2.499,00

( ) De R$ 2.500,00 a R$ 2.999,00

( ) De R$ 3.000,00 a R$ 3.499,00

( ) De R$ 3.500,00 a R$ 3.999,00

( ) De R$ 4.000,00 a R$ 4.499,00

( ) De R$ 4.500,00 a R$ 4.999,00

( ) Acima de R$ 5.000,00 e menos de R$ 10.000,00

48. Como formas de divulgação, a pousada utiliza-se de:

Rádio ( ) sim ( ) não

Se sim, qual a rádio e por que escolheram ela?

Televisão ( ) sim ( ) não

Se sim, qual o veículo / horário/programa e por que escolheram?

Jornal ( ) sim ( ) não

Se sim, qual o veículo e por que?

Busdoor ( ) sim ( ) não

Se sim, onde é feito?

Outdoor ( ) sim ( ) não

Se sim, onde é feito?

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Cartaz ( ) sim ( ) não

Se sim, onde é afixado?

Panfletos ( ) sim ( ) não

Se sim, onde são distribuídos?

Cartões de visita ( ) sim ( ) não

Anúncio em buscadores de internet ( adwords) ( ) sim ( ) não

Se sim, em qual? ( Google, Ask, Bing, Yahoo)

Link Patrocinado no Facebook ( ) sim ( ) não

49. A empresa possui site ( ) sim ( ) não

Se sim, qual endereço?

Se sim, e atualizado com qual frequência? É possível fazer reserva pelo site?

50. A pousada possui presença nas seguintes rede sociais:

Facebook ( ) sim ( ) não

Orkut ( ) sim ( ) não

Google Plus ( ) sim ( ) não

Twitter ( ) sim ( ) não

Instagram ( ) sim ( ) não

Youtube ( ) sim ( ) não

Foursquare ( ) sim ( ) não

Outros _____________________

51. A pousada possui cadastro no Google Place? ( ) sim ( ) não

52. A pousada possui presença em sites de viagem e turismo, descontos e

promoções como TripAdvisor, Booking, Decolar.com, Ferias.Tur, Hotel Urbano,

Groupon ou qualquer um outro? Se sim, quais?

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Sobre os canais de distribuição

53. Quanto à distribuição do produto de vocês, é desenvolvido algum trabalho com

agências de viagem? Se sim, quais e de onde são?

54. A pousada desenvolve parcerias estratégias na região (cooperativas de táxis,

barcos, restaurantes, empresas de turismo de aventura)?

Sobre formas de contato

55. Quais as formas de contato utilizadas aqui na pousadas?

56. Saberia nos dizer de onde vêm mais contatos?

57. A empresa possui um banco de dados atualizados com informações dos

clientes?

58. Se sim, é feito algum tipo de trabalho de relacionamento? Cartões de

aniversário, aniversário de casamento, dia dos pais, dia das mães, dia do

trabalhador, natal, ano novo?

59. Se pudesse definir sua pousada em uma só palavra, qual seria?