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ANA FLÁVIA FELIPPE DA SILVA MATOS PROCEDIMENTOS DE CUSTOS E FINANÇAS EM UMA EMPRESA DE HORTALIÇAS DA CIDADE DE IJACI, MG LAVRAS MG 2011

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ANA FLÁVIA FELIPPE DA SILVA MATOS

PROCEDIMENTOS DE CUSTOS E FINANÇAS

EM UMA EMPRESA DE HORTALIÇAS DA

CIDADE DE IJACI, MG

LAVRAS – MG

2011

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1

ANA FLÁVIA FELIPPE DA SILVA MATOS

PROCEDIMENTOS DE CUSTOS E FINANÇAS EM UMA EMPRESA

DE HORTALIÇAS DA CIDADE DE IJACI, MG

Relatório de estágio supervisionado apresentado ao

Colegiado do Curso de Administração, como parte

das exigências para a obtenção do título de

Bacharel em Administração.

Orientador

Dr. Gideon Carvalho de Benedicto

LAVRAS – MG

2011

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2

ANA FLÁVIA FELIPPE DA SILVA MATOS

PROCEDIMENTOS DE CUSTOS E FINANÇAS EM UMA EMPRESA

DE HORTALIÇAS DA CIDADE DE IJACI, MG

Relatório de estágio supervisionado apresentado ao

Colegiado do Curso de Administração, como parte das

exigências para a obtenção do título de Bacharel em

Administração.

Orientador

Dr. Gideon Carvalho de Benedicto

APROVADA em ____ de ____________________ de _______.

_____________________________________

Dr. Gideon Carvalho de Benedicto – UFLA

_____________________________________

Dr. Francisval de Melo Carvalho – UFLA

LAVRAS – MG

2011

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3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de concluir o curso de

Administração na faculdade que escolhi, pelas bênçãos concedidas e por ter me

mostrado que com fé e força conquistamos nossos sonhos.

Aos meus pais, José Roberto e Norma Paula, que são meus anjos

protetores nessa vida, que com carinho, dedicação e honestidade me criaram e

fizeram com que eu realizasse esse sonho.

Aos meus irmãos do coração, José Roberto e Ana Paula que sempre

estiveram presentes, me apoiando e fazendo a minha vida mais feliz.

Às minhas avós, Norma Carmen e Iraci pelo carinho e atenção.

Aos meus avôs, José Felippe e Vitor Machado, que apesar de não

estarem aqui presentes, são para mim exemplos de vida.

Aos meus amigos de festas e estudos da faculdade, Juliana, Natália,

Paula, Elizander e Totonho, obrigada pela atenção e amizade.

As Tibursas Ana Lia, Luciana e Juliana pela verdadeira e eterna

amizade.

A Sirlei que com fé e esperança sempre orou por mim.

Ao meu namorado André pelo carinho e cumplicidade.

À UFLA Júnior pelo meu crescimento profissional e pessoal enquanto

estive presente.

Ao meu orientador Dr. Gideon Carvalho de Benedicto pelos

ensinamentos e atenção.

Ao pessoal do Departamento de Economia e Administração, com

destaque para o Vitor e Soraya, que com boa vontade sempre me ajudaram.

À equipe da Hortiagro Sementes Ltda. pela oportunidade, receptividade

e confiança.

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4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 6

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO ........................................ 8

2.1. A empresa ...................................................................................... 8

2.2. Missão, visão, valores e política de qualidade .......................... 10

2.3. Tecnologia / Produto ................................................................... 11

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................ 14

4. DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS TÉCNICOS OBSERVADOS .. 16

4.1. Custos ........................................................................................... 16

4.1.1. Porque fazer o cálculo do custo ......................................... 16

4.1.2. Cálculo do custo de cinco culturas de Hortaliças ............. 17

4.1.2.1. Tomate ......................................................................... 19

4.1.2.2. Pimentão / Jiló ............................................................. 23

4.1.2.3. Pepino ........................................................................... 26

4.1.2.4. Moranga ....................................................................... 30

4.1.3. Custo por minuto de cada funcionário .............................. 34

4.1.4. Custos fixos .......................................................................... 36

4.1.5. Despesas fixas ...................................................................... 36

4.1.6. Total de sementes produzidas no período ......................... 37

4.1.7. DRE ...................................................................................... 38

4.1.8. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio ................ 40

4.2. Finanças ....................................................................................... 45

4.2.1. Controle Financeiro ............................................................ 45

4.2.2. Fluxo de Caixa ..................................................................... 47

4.2.3. Controle de contas a pagar e receber ................................ 49

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5

5. CONCLUSÃO ..................................................................................... 51

6. SUGESTÕES ....................................................................................... 53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 55

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6

1. INTRODUÇÃO

Atualmente com as constantes mudanças e inovações no mercado, o grande

desafio do ensino superior está sendo preparar verdadeiros profissionais. E para

se tornarem esses profissionais, os alunos terão que conhecer a teoria e ao

mesmo tempo vivenciar a rotina das empresas. Assim, Bianchi (2003, p. 2)

escreve que o estágio supervisionado é um “elemento eficaz de integração escola

e empresa para que seus conteúdos, compreendidos e valorizados, resultem em

um bom aproveitamento nos estudos”.

O estágio supervisionado é instrumento que ajuda a conciliar os

ensinamentos teóricos apresentados pelas disciplinas em sala de aula, com a real

situação vivida nas empresas. Por meio disso o estudante pode perceber as

diferenças do mundo organizacional e exercitar sua adaptação ao meio

empresarial. Ou seja, “não é simplesmente uma experiência prática vivida pelo

aluno, mas uma oportunidade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos

teóricos e ferramentas técnicas durante o curso” (ROESCH, 1996, p. 21).

Cada vez mais está sendo importante o estágio tanto para o aluno se

desenvolver e aperfeiçoar, quanto para as empresas, que buscam novas idéias e

inovação. “O estágio, como um elo entre escola, universidade e empresa une a

aplicabilidade dos conhecimentos acadêmicos com o desenvolvimento do meio

empresarial.” (ADMINISTRADORES, 2008)

Outro ponto que deve ser destacado é o fato do aluno em seu estágio,

principalmente de Administração, ter a oportunidade de conhecer diversas áreas

e relacioná-las. Essa ligação entre as áreas, que muitas vezes em sala de aula é

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7

tratada de forma isolada, torna o aprendizado mais fácil e com maior

aproveitamento.

Uma questão não menos importante é a ética do administrador, como diz

Nash (1993, p.5), o administrador moderno, junto com a empresa moderna,

devem cultivar valores mais “altruístas” no sentido de atualizar valores que

preservem o “bem comum” nas suas decisões: “A integridade nos negócios hoje

exige capacidades incrivelmente integrativas; o poder de manter uma infinidade

de valores importantes e quase sempre conflitantes; e exige o poder de colocar

na mesma dimensão a moralidade pessoal e as preocupações gerenciais.

Nenhum administrador pode se dar ao luxo, do ponto de vista econômico ou

moral, de manter suas noções morais em compartimento fechado...”.

O relatório de estágio é tão importante quanto a prática, pois nele reúne os

aspectos relevantes que foram observados durante o trabalho oferecendo aos

leitores informações teóricas e práticas vividas pelo estudante na empresa,

objeto do estágio.

Esse trabalho procura mostrar aos leitores de forma detalhada as atividades

desenvolvidas nas áreas de custos e finanças como, o custo de se produzir

sementes híbridas de 5 culturas diferentes (tomate, pimentão, jiló, pepino e

moranga), o modo que ocorre o controle de entradas e saídas de dinheiro, o fluxo

de caixa e como é feito o controle financeiro da empresa Hortiagro Sementes

Ltda.

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8

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

2.1. A empresa

O estágio foi realizado na empresa Hortiagro Sementes Ltda., localizada em

Ijaci-MG. A empresa desenvolve e produz sementes híbridas de hortaliças por

meio de programas de melhoramento genético. Ela está no mercado há 16 anos

acumulando um vasto conhecimento técnico em relação ao seu negócio.

Desde a fundação da Hortiagro em 1995 foram desenvolvidas, produzidas e

comercializadas 19 variedades de sementes híbridas de hortaliças. Atualmente, a

empresa produz e comercializa 11 variedades híbridas de cinco culturas: tomate,

pimentão, couve-flor, berinjela e pepino. Possui em pesquisa e desenvolvimento

22 variedades de 11 espécies diferentes e um banco de germoplasma com 40 mil

amostras de diferentes variedades. Também já existem outros programas de

melhoramento genético que irão gerar novos produtos em um período de 5 a 8

anos.

Está à disposição da Hortiagro 12 hectares de terra arrendados em Ijaci/MG.

Neste local, foi montada a estação experimental da empresa com toda a estrutura

necessária para a pesquisa e produção de sementes híbridas - sistema de

irrigação completo, máquinas e equipamentos agrícolas; cerca de 8.000 m² de

estufas para produção de sementes e mais 100.000 m² disponíveis para

expansão, além de 3 galpões fechados com 230 m² e 2 galpões abertos com 160

m² para beneficiamento, estoque e gestão da empresa.

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9

Figura 1 - Sede da empresa Hortiagro Sementes

No Brasil, o setor movimenta cerca de R$ 300 milhões por ano1, tendo

crescido 450% entre 2001 e 2007. No mundo, a venda de sementes de hortaliças

movimenta US$ 3,4 bilhões2 por ano.

A seguir apresenta-se o organograma da empresa:

Figura 2 – Organograma da Hortiagro Sementes

1 ABCSEM - Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas, 2007

2 ISF - Intenational Seed Federation e Uni.Business Estratégia, 2009

Diretor Executivo

Gerente de P&D

Coordenador de P&D

Gerente

de Produção

Coordenador de Produção

Trabalhadores Rurais (15)

Gerente Comercial

Representantes

Técnicos (3)

Controller

Contabilidade

Assistência Jurídica

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10

2.2. Missão, visão, valores e política de qualidade

A Hortiagro Sementes procura sempre atender as exigências do mercado

buscando novas oportunidades e melhorando continuamente seu processo de

produção. A empresa procurando manter um bom relacionamento com os

clientes, conta com uma equipe técnica de vendas nos estados de Minas Gerais,

São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e na região Nordeste.

Além disso, contam também com 15 colaboradores na área da produção,

atualmente em expansão, pretendendo até o ano de 2012 somar mais 10

colaboradores.

Para melhor desenvolver os produtos hoje a empresa tem duas pessoas

especialistas em melhoramento genético de hortaliças, dois técnicos agrícolas

com mais de 30 anos de experiência e uma equipe para o desenvolvimento

estratégico da empresa.

As diretrizes da empresa estão expressas na sua missão, visão, valores e

política de qualidade:

Missão: “Aumentar a rentabilidade dos produtores rurais fornecendo

sementes híbridas diferenciadas e de alta qualidade”.

Visão: “Ter 5% de marketshare no mercado brasileiro de sementes de

hortaliças em cinco anos”.

Valores: Pioneirismo, Cooperação, Ética (respeitar as pessoas e praticar

o bem) e Compromisso com o produtor rural (honrar com os

compromissos, agindo com honestidade e dedicação).

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11

Política de qualidade: “Permitir alta produtividade e qualidade no

cultivo de hortaliças, através de constante aprimoramento das sementes

embasado no conhecimento das necessidades dos agricultores e na

utilização de alta tecnologia”.

2.3. Tecnologia / Produto

Semente híbrida é o resultado do cruzamento de diferentes cultivares

(variedades de plantas) obtidos a partir de técnicas de melhoramento genético.

Na agricultura, uma das principais finalidades do melhoramento genético é a

obtenção de variedades híbridas que possuam características benéficas

acentuadas, como resistências a ataques de doenças e pragas, maior

produtividade e vida de prateleira.

Figura 3 - Vantagens das sementes híbridas para os produtores, distribuidores e

consumidores

Maior valor unitário - 10x a 1000x maior do que o valor de uma semente convencional Sementes perdem suas características caso sejam reproduzidas e precisam ser recompradas a cada plantio

Maior produtividadeMaior resistência a pragas e doenças

Maior durabilidade pós-colheitaMelhor performance sob variadas condições ambientais

Melhor saborMaior qualidade nutricionalMaior uniformidade (tamanho,

coloração, textura)

Produtores Distribuidores Consumidores

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12

O melhoramento genético de hortaliças é realizado por meio do cruzamento

controlado de 06 a 15 gerações de variedades selecionadas de plantas, um

processo que dura em média seis anos ou mais. O principal resultado desse

processo são as duas linhagens parentais: as chamadas linhagens “pai e mãe”. As

sementes híbridas comerciais são resultado do cruzamento controlado (‘’filhas’’)

das linhagens parentais “pai e mãe”.

Figura 4 – Processo de cruzamento para obtenção da semente híbrida

Fisicamente, o banco de germoplasma é composto por amostras de

sementes, de diferentes espécies de hortaliças codificadas e registradas nos

arquivos de pedigree e que correspondem a programas de pesquisa em diferentes

estágios de desenvolvimento, que variam desde materiais quase finalizados

(prestes a entrar em produção comercial) até materiais em fases iniciais ou

intermediárias de desenvolvimento.

Uma das principais vantagens competitivas das sementes híbridas

comerciais (conhecidas como sementes F1) para os produtores de sementes

Frutos Selvagens ou pouco

melhorados

Cruzamento controlado

Variedade Híbrida

Linhagens Melhoradas

6 a 15 gerações de cruzamentos

X

Gerações “pai” e “mãe”

Banco de germoplasma

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13

híbridas e distribuidores é que elas devem ser produzidas necessariamente pelo

cruzamento das linhagens “pai” e “mãe” originais. Ao contrário das sementes

tradicionais, se o agricultor plantar as “filhas” das sementes comerciais F1, o

fruto colhido perderá algumas de suas principais características, como

produtividade e uniformidade. Desta maneira, a necessidade de obtenção de

sementes a cada ciclo de produção oferece uma proteção natural dos produtos da

Hortiagro contra a cópia e gera receita recorrente para a empresa.

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14

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio foi realizado na Hortiagro Sementes Ltda., com início no dia 04 de

julho de 2011 e término no dia 01 de novembro de 2011, totalizando 522 horas.

Inicialmente foi realizada uma reunião com os sócios da empresa que

apresentaram a organização como um todo (seu início, o que é a empresa hoje e

quais as metas para o futuro). Diante disso foi proposto a estagiária o foco do

trabalho nas áreas de custos e finanças, pois eram as áreas que estavam mais

defasadas. Foi feito um cronograma de atividades e metas para se desenvolver

no estágio.

Após a reunião, foi mostrada pelos sócios a área externa da empresa, o

campo de produção, para melhor entender o negócio da Hortiagro. Foram

explicados todos os processos para produzir a semente híbrida, bem como seus

benefícios e motivos para o qual trabalham com esse produto. A estagiária foi

apresentada para todos os colaboradores, socializando-a com todos da equipe.

Como Van Maanem (1996) disse, “o processo de socialização dos novos

funcionários é extremamente importante, pois a integração do indivíduo com o

ambiente organizacional reflete em sua dedicação no trabalho e contribui com

suas habilidades e competências para seu sucesso profissional e para o sucesso

da empresa”.

Como há diversas áreas de atuação para estágios em Administração a

estagiária pôde também interagir em outras áreas além de custos e finanças, que

é o assunto deste relatório. Essas áreas foram a de recursos humanos e

marketing. Com a integração das diversas partes possibilitou a estagiária um

maior entendimento do negócio da empresa e suas metas.

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15

Definiu-se que no período do estágio deveria dar suporte nas seguintes

áreas:

(1) Custos: elaboração do cálculo, levantamento e controle da produção de

cinco variedades de hortaliças (tomate, pimentão, jiló, pepino e moranga);

(2) Finanças: elaboração do controle financeiro, fluxo de caixa e controle de

contas a pagar e receber.

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16

4. DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS TÉCNICOS OBSERVADOS

4.1. Custos

4.1.1. Porque fazer o cálculo do custo

Como lembra Marion e Ribeiro (2011), para gerenciar adequadamente

qualquer tipo de organização, são necessárias as informações não só da estrutura

organizacional, como também da composição do custo da atividade que se

pretende gerenciar.

Segundo Florentino (1987, p 01), “a fixação do custo justo e adequado

de um produto ou serviço é fundamental para um clima de entendimento e

compreensão entre consumidores e produtores”. O custo para produzir tal

produto ou serviço será maior cada vez que aumentarem as remunerações de

seus componentes (salários, lucros, juros, aluguel, impostos...).

O que ocorre na maioria das vezes é que quando a oferta do produto ou

serviço está atuando em áreas com demanda, à procura para o consumo de tal

coisa for elevada e também quando não há concorrentes, a composição dos

custos não é um problema para os gerentes. Já no momento em que o consumo

diminui, que entram concorrentes e que há “congelamento” de preços, a empresa

que não tem controle da composição dos seus custos começa a ter grandes

preocupações. O problema é que somente depois de vender os produtos e

serviços a preços abaixo do custo, diminuir a margem de lucro e tentar

programar estratégias para derrubar a concorrência é que começam a pensar na

redução de seus custos, surgindo ai a necessidade da apuração deles.

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17

Como lembra Florentino (1987), essa necessidade de apuração dos

custos da empresa não deveria ser questionada quando ocorressem retrações de

mercado, congelamento de preços entre outras coisas, mas de forma constante,

pois todo gerente consciente deveria manter uma boa organização, apurando e

controlando seus custos.

Para a empresa não tomar decisões erradas e desnecessárias foi proposto

para a estagiária o cálculo do custo das cinco variedades de hortaliças, tomate,

pimentão, jiló, pepino e moranga, que estarão no mercado no primeiro semestre

do ano de 2012. Na verdade foi feito uma previsão de custos para o próximo

semestre.

4.1.2. Cálculo do custo de cinco culturas de Hortaliças

Foram realizados os cálculos de custos de cinco culturas de hortaliças,

tomate, pimentão, jiló, pepino e moranga. Para a realização do cálculo foi

descrito todas as etapas do processo de produção de cada cultura, e depois em

cada etapa foi descrito a quantidade de colaboradores necessários para tal

atividade, quais os materiais utilizados e tempo para a realização.

Para isso foi calculado o custo por hora de cada funcionário da produção

e depois o custo por minuto de cada um. A partir disso obtiveram-se os custos

totais dos materiais utilizados e os custos totais dos colaboradores que

trabalharam na produção de cada cultura. Esses custos encontrados são

classificados como custos variáveis, que segundo Padoveze (2003, p.56) “são

assim chamados os custos e despesas cujo montante em unidades monetárias

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18

varia na proporção direta das variações do nível de atividade a que se

relacionam”.

Foram apurados posteriormente os custos fixos do período, como dito

anteriormente isso e todos os outros dados são uma estimativa para o 1º semestre

de 2012. O custo é considerado fixo quando não há alteração nele, mesmo o

volume produzido e comercializado forem alterados tanto para mais quanto para

menos.

Após isso foi listado as despesas fixas, que são considerados os gastos

necessários para fazer as vendas e as distribuições dos produtos. Essas despesas

estão ligadas às áreas administrativas e comerciais.

Com todos esses dados foi montada a Demonstração do Resultado do

Exercício (DRE) que é uma demonstração contábil dinâmica que se destina a

evidenciar a formação do resultado líquido do exercício, por meio da

comparação das receitas, custos e despesas apuradas segundo o regime de

competência.

Após isso foi calculada a margem de contribuição e ponto de equilíbrio.

Margem de contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um produto que

excede seus custos e despesas variáveis unitárias. Ela seria o mesmo que lucro

variável unitário, ou seja, preço de venda unitário do produto deduzido dos

custos e despesas variáveis necessários para produzir e vender o produto. Já o

ponto de equilíbrio é o volume em termos quantitativos que a empresa precisa

produzir ou vender, para que se consiga pagar todos os custos e despesas fixas,

além dos custos e despesas variáveis que ela tem necessariamente que incorrer

para fabricar/vender o produto.

Page 20: Tcc ana flavia f s matos

19

São ilustradas e apresentadas todas as etapas e itens descritos acima para

melhor entendimento do resultado final.

4.1.2.1. Tomate

A figura a seguir mostra as etapas de produção do tomate híbrido. Para

completar o ciclo demora aproximadamente de 4 a 6 meses. A variação depende

da estação do ano e o local onde foi plantado.

Figura 5 – Processo produtivo da semente de tomate

A seguir apresenta-se o processo de cada etapa, especificando o tempo

de trabalho e os materiais utilizados. A apuração desses custos foi feita com base

na produção de semente híbrida de tomate em uma estufa.

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20

Tabela 1 – Descrição do processo produtivo da semente de tomate

Page 22: Tcc ana flavia f s matos

21

De acordo com a tabela acima, a seguir estão os custos totais com

funcionários e os custos totais com materiais. Lembrando que são custos de se

produzir em uma única estufa.

Tabela 2 – Custos totais com funcionários na produção de tomate

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22

Tabela 3 – Custos totais com materiais na produção de tomate

Total (funcionários + materiais) = 2.115,66

Nas etapas 2 e 3 foram multiplicados por 4 o valor dos funcionários e

dos materiais, pois são 4 bandejas em cada estufa. Na etapa 9 foi multiplicado

por 16 por serem 16 semanas de aplicação de defensivos. A 12ª etapa por 45 por

serem 45 dias de polinização. E as etapas 13 e 14 foram multiplicadas por 5 por

serem feitas 5 colheitas e 5 extrações.

Page 24: Tcc ana flavia f s matos

23

4.1.2.2. Pimentão / Jiló

A seguir são apresentadas as etapas do processo produtivo do pimentão

e jiló. Ambas as variedades apresentam processos iguais de produção, mas cada

uma produz quantidades de sementes diferentes e tem preços distintos.

Figura 6 – Processo produtivo da semente de pimentão/jiló

São descritos a seguir o processo de produção de cada etapa do pimentão

e jiló. Levando em conta os custos de uma estufa.

Tabela 4– Descrição do processo produtivo da semente de pimentão/jiló

Page 25: Tcc ana flavia f s matos

24

Page 26: Tcc ana flavia f s matos

25

As tabelas 5 e 6 apresentam os custos totais de funcionários e materiais

utilizados para produzir as sementes híbridas em uma estufa.

Tabela 5 – Custos totais com funcionarios na produção de pimentão/jiló

Page 27: Tcc ana flavia f s matos

26

Tabela 6 – Custos totais com materiais na produção de pimentão/jiló

Total (funcionários + materiais) = 3.983,97

Novamente nas etapas 2 e 3 foram multiplicados por 4 o valor dos

funcionários e dos materiais, pois são 4 bandejas por estufa. Na etapa 9 foi

multiplicado por 16 por serem 16 semanas de aplicação de defensivos. A 12ª

etapa por 45 por serem 45 dias para emascular e polinizar. As etapas 13 e 14

foram multiplicadas por 5 por serem feitas 5 colheitas e 5 extrações.

4.1.2.3. Pepino

A figura seguinte apresenta o processo produtivo da semente híbrida de

pepino. São menos etapas que as anteriores por não precisar extrair e coletar

pólen manualmente, esse trabalho é feito pelas abelhas. É muito importante

Page 28: Tcc ana flavia f s matos

27

verificar sempre se tem quantidade de abelhas necessária para isso, caso esteja

com poucas é preciso colocar uma colméia por perto.

Figura 7 – Processo produtivo da semente de pepino

Segue abaixo a descrição de cada etapa da produção de semente híbrida

de pepino.

Tabela 7 – Descrição do processo produtivo da semente de pepino

Page 29: Tcc ana flavia f s matos

28

Nas tabelas seguintes são apontados os custos totais com funcionários e

materiais utilizados na produção de pepino híbrido em uma estufa.

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29

Tabela 8 – Custos totais com funcionarios na produção de pepino

Tabela 9 – Custos totais com materiais na produção de pepino

Total (funcionários + materiais) = 2.858,12

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30

No custo do pepino foram multiplicados por 4 o valor dos funcionários e

dos materiais das etapas 2 e 3, pois são 4 bandejas em uma estufa. Na etapa 9 foi

multiplicado por 16 por serem 16 semanas de aplicação de defensivos (que seria

até o final da colheita). As etapas 13 e 14 foram multiplicadas por 5 por serem

feitas 5 colheitas e 5 extrações.

4.1.2.4. Moranga

Por fim são apresentadas as etapas do processo produtivo da moranga. É

bem parecida com a de pepino, porém é preciso estar atento com a flor. Ela tem

que estar limpa, ou seja, ficar somente com o órgão reprodutivo feminino para a

polinização. Para isso aplica-se um produto que elimina o órgão reprodutivo

masculino chamado Ethrel. Neste caso não é utilizada a estrutura de estufa,

porém continua com a mesma a área (40m x7m) de terra.

Figura 8 – Processo produtivo da semente de moranga

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31

A seguir estão descritas todas as etapas do processo produtivo da

semente hibrida de moranga.

Tabela 10 – Descrição do processo produtivo da semente de moranga

Page 33: Tcc ana flavia f s matos

32

Segue os custos totais com funcionário e materiais utilizados para

produção de semente de moranga em uma estufa.

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33

Tabela 11 – Custos totais com funcionarios na produção de moranga

Tabela 12 – Custos totais com materiais na produção de moranga

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34

Total (funcionários + materiais) = 1898,83

Também nas etapas 2 e 3 foram multiplicados por 4 o valor dos

funcionários e dos materiais, pois são 4 bandejas. Na etapa 9 foi multiplicado

por 16 por serem 16 semanas de aplicação de defensivos. A 11ª etapa por 8 por

serem 8 semanas de verificação das flores, pois é esse o período de polinização.

As etapas 12 e 13 não foram multiplicadas dessa vez pois em um dia consegue-

se coletar e extrair toda a semente.

4.1.3. Custo por minuto de cada funcionário

Para apurar os custos totais dos funcionários nas etapas do processo

produtivo apresentadas anteriormente, foi preciso calcular o custo do minuto

dele. A seguir está a tabela com o salário de 20 funcionários da produção

(previsão para o primeiro semestre de 2012) e demais encargos. Após a soma de

todos esses valores (salários e encargos) foi divido pelo número de horas

trabalhadas no mês. Depois foi dividido o valor encontrado pelo número de

funcionários, obtendo o custo por hora por funcionário. E por fim dividiu o custo

por hora por funcionário por 60 minutos, apurando assim o custo por minuto por

funcionário.

Page 36: Tcc ana flavia f s matos

35

Tabela 13 - Custo do minuto do funcionário

Page 37: Tcc ana flavia f s matos

36

4.1.4. Custos fixos

A previsão dos custos fixos do primeiro semestre de 2012 está descrita

na tabela seguinte. Esses dados foram levantados a partir dos preços históricos

os e projeções futuras.

Tabela 14 – Itens que compõe o custos fixos (1º semetre de 2012)

4.1.5. Despesas fixas

Segue abaixo também a tabela de despesas fixas, essas foram apuradas

da mesma forma dos custos fixos. Tanto o custo fixo como as despesas fixas

serão rateados para todas as variedades de sementes híbridas produzidas no

período.

Page 38: Tcc ana flavia f s matos

37

Tabela 15 – Itens que compõe as despesas fixas (1º semetre de 2012)

4.1.6. Total de sementes produzidas no período

A tabela 16 apresenta a quantidade de semente híbrida que será

comercializada no 1º semestre de 2012. Serão cinco culturas: tomate, pimentão,

jiló, pepino e moranga. O tomate terá cinco variedades, o pimentão duas e o

pepino, jiló e moranga somente uma. Na tabela contem o preço por quilo de cada

variedade e o total. Lembrando que o custo de produção de cada cultura descrito

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38

anteriormente foi apenas de uma estufa. A coluna “quantidade de estufas”

mostra quantas estufas terão que ser montadas para produzir essas quantidades

de sementes.

Tabela 16 – Previsão de produção de cada cultura e variedade (1º semetre de 2012)

4.1.7. DRE

Na DRE são descritas as receitas de cada variedade, subtraindo os custos

variáveis e os custos fixos. Os custos variáveis são aqueles apresentados em

cada etapa da produção, que são o custo dos funcionários e o custo dos materiais

utilizados para produzir as sementes. Já os custos fixos são aqueles que estão

ligados a capacidade de produção, mas que não sabemos quanto em reais que

cada item incide no custo de cada variedade. Nesse caso são divididos

proporcionalmente de acordo com a quantidade da receita. Com isso achou-se o

lucro bruto de cada variedade. Depois foram subtraídas as despesas fixas, que da

mesma forma dos custos fixos, ela foi rateada de acordo com o valor da receita.

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39

Tabela 17 – DRE das sementes produzidas

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40

4.1.8. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio

Na tabela seguinte foram especificados as variedades, a quantidade de

quilos de cada, os seus respectivos preços e receita total, a participação em

porcentagem de cada, os custos e despesas variáveis por quilo e totais, bem

como a margem de contribuição unitária e total.

Para calcular a porcentagem de participação foi feita uma regra de três,

ou seja, a quantidade de quilos da variedade multiplicada por 100 e dividido pelo

total de quilos no período.

Os custos e despesas variáveis foram retirados da DRE, neste caso temos

somente o custo variável, as despesas são fixas.

A margem de contribuição unitária foi calculada da seguinte forma:

preço do quilo da variedade menos os custos e despesas variáveis por quilo. E a

margem de contribuição total é a margem de contribuição unitária multiplicado

pela quantidade de quilos de cada variedade.

Após isso foi calculada a margem de contribuição média ponderada, que

está na tabela 19, segue a conta:

M. C. Média Ponderada = (part% da variedade 1 x M.C.Unit da variedade 1) +

(part% da variedade 2 x M.C.Unit da variedade 2) + (part% da variedade 3 x

M.C.Unit da variedade 3) + (...) = 5.919,70

Já o cálculo da porcentagem da margem de contribuição foi feita da

seguinte forma:

M.C.% = (M.C. Total dividido pela Receita Total) * 100 = 91%

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A conta do ponto de equilíbrio em quantidade é: Custos e Despesas fixas

/ M.C. Média ponderada = 77,74 kg.

E o ponto de equilíbrio em receitas é: Custos e despesas fixas / M.C.%

unitária = R$ 505.174,44.

Também foi feito o cálculo do ponto de equilíbrio de cada variedade, ou

seja, quanto de cada variedade tem que vender para não operar com prejuízos. O

cálculo é feito da seguinte forma: % de participação x ponto de equilíbrio em

quantidade.

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Tabela 18 – Margem de contribuição de todas as variedade de cultura

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Tabela 19 – Ponto de equilíbrio de cada variedade de cultura (1º semetre de 2012)

De acordo com a DRE percebe-se que a variedade 3 da cultura de

Tomate é o que apresenta maior porcentagem de lucro. Já o Pepino e a Moranga

apresentam alto custo para ser produzida, obtendo menor retorno nas vendas.

Com essa análise podemos concluir que pode ser melhor comprarmos de

terceiros a semente de pepino e moranga, podendo ter uma margem igual ou

superior a essa, e não ter o custo com a produção. Por isso é tão necessário o

cálculo dos custos. Nesse caso concluímos que essas variedades não estão dando

muito retorno, mesmo que ela não dê prejuízo é interessante ver até que ponto

compensa essa produção. Ter sementes é necessário devido ao portfólio da

empresa, estrategicamente não seria viável não comercializar, mas podemos

terceirizar. Ao contrário do pimentão, tomate e jiló que são bem mais

expressivas as porcentagens de lucro. Estas sementes talvez serão mantidas e

melhoradas cada vez mais.

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44

A porcentagem da margem de contribuição foi de 91% o que significa

que com a venda de todas essas sementes híbridas, total em reais de

1.510.825,00, a empresa terá 1.376.329,94 para arcar com as despesas e os

custos fixos.

O ponto de equilíbrio, que é o mínimo que a empresa deve operar para

não ter prejuízo, foi de 77,74 quilos de sementes (nesse caso é uma média de

todas as sementes produzidas e comercializadas no período). Ou seja, se

vendermos 77,74 quilos no 1º semestre de 2012 podemos não ter prejuízo, mas

também não teremos lucro. Nesse caso a venda mínima de cada variedade seria:

2,51 kg de tomate 1, 1,67 kg de tomate 2, 3,34 kg de tomate 3, 0,84 kg de tomate

4, 2,51 kg de tomate 5, 6,02 kg de pimentão 1, 4,01 kg de pimentão 2, 41,80 kg

de pepino, 3,34 kg de jiló e 11,70 kg de moranga. Em valores reais o ponto de

equilíbrio seria de 505.174,44.

Com essa previsão de vendas, custos e despesas para o 1º semestre de

2012 pode verificar que a empresa poderá ter um retorno muito satisfatório.

Cabe agora vender realmente tudo o que está programado e ficar atento com os

gastos, fazendo um controle do orçado x realizado, para evitar imprevistos no

fechamento do semestre.

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45

4.2. Finanças

4.2.1. Controle Financeiro

O controle financeiro na empresa é feito a partir de um planejamento

financeiro.

O planejamento financeiro de uma empresa é

desenvolvido fundamentalmente através da projeção de

suas demonstrações contábeis, como estimativa mais

aproximada possível da posição econômico-financeira

esperada. Quando se elabora demonstrativos que

forneçam uma visão prospectiva sobre o desempenho

geral de uma empresa, as várias dificuldades de liquidez

ou rentabilidade insuficientes, por exemplo, poderão ser

contornadas mediante uma antecipação a esses

problemas. (MARTINS E ASSAF NETO, 1996, p.535).

No começo do ano a empresa fez uma projeção de entradas e saídas para

os próximos cinco anos. Com base nisso a estagiária e os sócios tomaram e vão

continuar tomando diversas decisões de investimentos, entre outros.

Para maior controle, a estagiária formulou uma planilha para

acompanhar o que foi orçado versus o que está sendo realizado. Com isso obteve

uma visão real do que estava acontecendo na atualidade. Essa planilha vai sendo

preenchida na medida em que o fluxo de caixa for atualizado. O fluxo de caixa

também é uma planilha do Excel que, com algumas fórmulas, automaticamente

passa os dados para a planilha de projeções (orçado x realizado).

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Tabela 20 – Planilha controle orçado x realizado (os valores são fictícios)

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4.2.2. Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa de uma empresa representa um conjunto de entradas e

saídas de dinheiro ao longo de um período determinado. De acordo com

Zdanowicz (1986) “o fluxo de caixa consiste na representação dinâmica da

situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes de recursos e

todas as aplicações em itens do ativo”. De forma resumida pode-se falar que é

um instrumento de programação financeira.

Para Santos (2010), “as necessidades de informação sobre os saldos de

caixa podem ser em base diária para o gerenciamento financeiro de curto prazo,

ou períodos mais longos, como mês ou trimestre, quando a empresa precisa fazer

um planejamento por prazo maior”.

O objetivo principal do fluxo de caixa é dar ao administrador uma visão

das atividades que foram desenvolvidas e também das operações que são

realizadas diariamente. A empresa que mantêm atualizado seu fluxo de caixa

poderá dimensionar com mais facilidade o volume de entradas e saídas dos

recursos financeiros, assim como fixar o seu nível desejado de caixa para o

período seguinte.

A estagiária elaborou uma planilha de fluxo de caixa diário, em que

todos os dias são atualizadas as entradas e saídas de recursos. O preenchimento é

feito com dados dos extratos bancários e movimentação do caixa

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48

Tabela 21 – Planilha fluxo de caixa diário (os valores são fictícios)

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4.2.3. Controle de contas a pagar e receber

O controle de contas a pagar e a receber não são tão simples quanto se

imagina. Por trás dessas simples palavras a empresa pode “perder” ou “ganhar”

muito dinheiro.

Contas a pagar podem ser vistas como empréstimos sem

juros dos fornecedores. Na ausência de contas a pagar, a

empresa precisa tomar emprestado ou usar seu próprio

capital para pagar as faturas de seus fornecedores.

Portanto, o benefício das contas a pagar está na

economia de despesas de juros que precisariam ser

pagas se não houvesse o crédito dado pelo fornecedor.

Entretanto, a aceitação do crédito e a utilização das

contas a pagar nem sempre são interessantes para a

empresa compradora. (SANTOS, 2010)

No momento da decisão deve se atentar se o valor pago à vista com

desconto é melhor do que pagar sem descontos no tempo futuro. Algumas vezes

esse desconto no pagamento à vista compensa ao invés de deixar o dinheiro

rendendo no banco com juros que no final serão menores do que o desconto.

Isso é uma questão de análise constante tanto dos produtos como dos

fornecedores.

Na empresa a estagiária ficou encarregada em fazer essas análises.

Atualmente usa-se mais o pagamento à vista, devido aos descontos que os

fornecedores oferecem e a intenção é sempre pagar menos que o proposto

inicialmente. Por a empresa ter uma boa liquidez isso permite fazer esse tipo de

pagamento. O ideal é ver se o dinheiro renderia mais no banco, pagando a prazo,

do que o desconto pagando à vista.

Já o volume de contas a receber é, basicamente, determinado pelos

padrões de crédito da companhia. Como lembra Santos (2010) se a empresa for

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50

rígida, poucos clientes terão o crédito e as vendas poderão declinar e

consequentemente as contas a receber também poderão diminuir. Se for ao

contrário, com créditos mais flexíveis, a empresa atrairá clientes, venderá mais e

terá mais contas a receber. Claro que dar essa flexibilidade aos padrões de

crédito para aumentar as contas a receber tem vantagens e desvantagens. As

vantagens seriam aumentos nas vendas e lucros e as desvantagens seriam uma

maior probabilidade de mais contas incobráveis e um custo do financiamento

adicional de contas a receber. Antes de tomar a decisão de diminuir os créditos,

deve-se comparar o custo de contas a receber adicionais e os benefícios pelo

aumento das vendas. Se o resultado dessa análise de custo/benefício der um

lucro líquido, a empresa deve relaxar os padrões de crédito.

A Hortiagro oferece créditos para seus clientes, até porque normalmente

as vendas têm um valor muito alto, devido a própria semente ser cara. Mas cada

caso é analisado. Analisa-se o comprador, se já foram feitas vendas antes para

ele, como que foi o pagamento e também a quantidade de sementes que estão

vendendo. Não podem conceder um crédito muito alto para vendas muito altas,

pois a empresa precisa de liquidez e caso aja falta de pagamento não perder

tanto, pois as sementes se não forem armazenadas de forma correta não adianta

nem devolver, pois poderá perder a germinação. É preciso fazer uma previsão de

quanto cada mês precisa ter de entradas para arcar com os gastos (custos e

despesas), a partir daí, analisar quanto de crédito poderá ser dado ao comprador.

Com isso, ambas as partes poderão ganhar.

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5. CONCLUSÃO

A realização do estágio como experiência da graduação é sem dúvida

muito importante para o crescimento pessoal e profissional de todos. É possível

a partir dele, interligar o conhecimento teórico adquirido durante a formação

acadêmica com a prática desenvolvida na empresa. Isso dá uma visão mais real

do que é o mercado de trabalho.

No estágio buscou-se observar quais pontos eram necessários serem

desenvolvidos e/ou atualizados, apresentando sugestões e propostas para tais

problemas e posteriormente colocando em prática aquilo que era cabível no

momento.

Em relação aos profissionais da Hortiagro Sementes eles se mostraram

bastante solícitos, extremamente receptivos, o que contribuiu muito para a

socialização de conhecimentos, e que fez criar não somente colegas de trabalho

mas amigos. Pessoal todo sempre teve muita paciência no decorrer do

aprendizado. Por a empresa estar passando por um processo de reestruturação

pode-se aprender muito na prática, não somente em áreas especificas, mas nas

áreas que obteve oportunidade de acompanhar. Essa abertura que a empresa deu

foi sem dúvida de grande crescimento profissional para a estagiária.

Com a reestruturação da empresa, o contínuo desenvolvimento técnico

das sementes híbridas e o mercado cada vez maior nesse ramo de atividade

percebem-se que essa é uma grande oportunidade para a Hortiagro crescer e

ganhar fatias de mercado em âmbito nacional. Eles sabem fazer um bom

produto, com alta tecnologia, e agora com mudanças administrativas isso poderá

dar um impulso para firmar no mercado brasileiro.

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Essa experiência foi bem aproveitada pela estagiária e muito interessante

pois pôde vivenciar situações reais do cotidiano de uma organização, enfrentar

problemas, tomar decisões, obter prática do que aprendeu em sala de aula e além

de tudo proporcionar conhecimentos específicos relativos ao setor e ramo da

empresa.

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6. SUGESTÕES

Apesar da empresa estar passando por uma reestruturação, pode-se notar

alguns pontos que deveriam ser melhorados juntamente com os demais já em

desenvolvimento.

O controle da qualidade atualmente é feito por terceiros na medida em

que é comercializada a semente, e por algumas vezes no próprio estabelecimento

para controle de germinação. O interessante seria ter um setor definido para esse

controle, pois agora que a empresa está em expansão o marketing tem que estar

alinhado com o produto, ou seja, tendo o controle da qualidade mais específico,

poderão ter certeza do resultado que o produtor terá. Também acredita que seja

de grande importância não somente a qualidade do produto, mas também do

pessoal envolvido internamente na empresa. Fazendo um trabalho de qualidade

em ambas as partes, o resultado poderá ser bem mais satisfatório, pois

funcionários treinados, organizados e satisfeitos tornam o serviço mais

produtivo.

Atualmente a empresa não apresenta um plano de cargos e salários bem

definido, e com o crescimento isso torna indispensável. Por isso a sugestão de

um trabalho mais elaborado na área de Recursos Humanos, alinhando a isso uma

política de bem estar e socialização dos funcionários. Não somente a

socialização entre as pessoas antigas e novas, mas com o negócio da empresa.

Esclarecer o que é a empresa, quais objetivos e metas e também quais os

benefícios que o trabalho daquela determinada pessoa trás para a empresa e o

que a empresa faz para retribuir aquele bom trabalho.

A realização de um feedback periódico das atividades desempenhada

pelos seus funcionários também seria de grande importância, pois pode ocorrer

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que muitas vezes elas são cumpridas e não reconhecidas, podendo causar

frustrações e falta de incentivo. São atitudes básicas que podem trazer grandes

resultados.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Estágio: um elo entre Escola, Universidade e Empresa. Disponível em:

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