tcc 2007 parte 3.2

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1 RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar as características geométricas e diluição na soldagem de revestimento do aço 317L pelo processo MIG/MAG pulsado. Os parâmetros de soldagem para a realização dos ensaios foram obtidos de uma tese de doutorado que está sendo desenvolvida no laboratório de soldagem da UFC (ENGESOLDA), porém utilizando ligas de níquel como metal de adição. Esses parâmetros foram adequados para a utilização do metal de adição E317L. Para determinar o número de ensaios a serem realizados, utilizou-se o método Taguchi, de forma a cumprir, com reduzidos números de ensaios a influência dos fatores de controle (parâmetros de soldagem) sobre as variáveis respostas (características geométricas e diluição) e determinar as condições ótimas para soldagem de revestimento utilizando o aço inoxidável 317L. Os fatores de controle escolhidos foram: Técnica da energia (tipo I e tipo V), técnica da tocha (posição vertical, empurrando e puxando), tipo de tecimento (sem tecimento, tecimento triangular e duplo 8), forma de onda (Ip alto, Ip baixo e Ip médio com degrau) e energia (energia baixa, energia média e energia alta). Esses fatores foram divididos pelo método Taguchi em uma matriz L18, ou seja, foram necessários apenas 18 ensaios para avaliar a influencia dos fatores de controle. As variáveis resposta escolhidas foram: a diluição (D), a razão entre o reforço e a largura (R/L) e o reforço. As soldagens foram realizadas na posição plana por simples deposição sobre chapas de aço ASTM A36 com dimensões de 200 x 50 x 6 mm.Foram mantidas constantes

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Page 1: TCC 2007 parte 3.2

1

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar as características geométricas e diluição na soldagem

de revestimento do aço 317L pelo processo MIG/MAG pulsado. Os parâmetros de soldagem

para a realização dos ensaios foram obtidos de uma tese de doutorado que está sendo

desenvolvida no laboratório de soldagem da UFC (ENGESOLDA), porém utilizando ligas de

níquel como metal de adição. Esses parâmetros foram adequados para a utilização do metal de

adição E317L. Para determinar o número de ensaios a serem realizados, utilizou-se o método

Taguchi, de forma a cumprir, com reduzidos números de ensaios a influência dos fatores de

controle (parâmetros de soldagem) sobre as variáveis respostas (características geométricas e

diluição) e determinar as condições ótimas para soldagem de revestimento utilizando o aço

inoxidável 317L. Os fatores de controle escolhidos foram: Técnica da energia (tipo I e tipo

V), técnica da tocha (posição vertical, empurrando e puxando), tipo de tecimento (sem

tecimento, tecimento triangular e duplo 8), forma de onda (Ip alto, Ip baixo e Ip médio com

degrau) e energia (energia baixa, energia média e energia alta). Esses fatores foram divididos

pelo método Taguchi em uma matriz L18, ou seja, foram necessários apenas 18 ensaios para

avaliar a influencia dos fatores de controle. As variáveis resposta escolhidas foram: a diluição

(D), a razão entre o reforço e a largura (R/L) e o reforço. As soldagens foram realizadas na

posição plana por simples deposição sobre chapas de aço ASTM A36 com dimensões de 200

x 50 x 6 mm.Foram mantidas constantes a vazão do gás de proteção em 25l/mim e a DBCP

em 20 mm. Os resultados mostraram que a tocha na posição puxando e com baixa energia

proporcionaram menores diluições. A tocha na posição empurrando e com tecimento duplo 8

proporcionaram menor razão R/L. Sem tecimento e nível de energia alto proporcionaram os

maiores valores de reforço.

Palavras-Chave: Aço inoxidável 317L, MIG/MAG pulsado, Taguchi, Diluição, Razão R/L,

Reforço.

Page 2: TCC 2007 parte 3.2

2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação esquemática das dimensões geométricas das seções transversais dos

cordões de solda........................................................................................................................13

Figura 2. Representação esquemática do processo MIG/MAG................................................14

Figura 3. Equipamentos e acessórios do processo MIG/MAG.................................................15

Figura 4. Soldagem puxando e empurrando.............................................................................19

Figura 5. Formato da onda de corrente pulsada........................................................................23

Figura 6. Região de uma gota por pulso...................................................................................24

Figura 7. Bancada experimental...............................................................................................37

Figura 8. Posições da tocha.......................................................................................................40

Figura 9. Tecimento triangular.................................................................................................41

Figura 10. Tecimento em duplo oito.........................................................................................41

Figura 11. Forma de onda da corrente pulsada simples............................................................41

Figura 12. Forma de onda da corrente pulsada com degrau.....................................................42

Figura 13. Aspecto superficial do cordão de solda do Ensaio 1...............................................46

Figura 14. Seção transversal do cordão de solda para o Ensaio 1............................................46

Figura 15. Aspecto superficial do cordão de solda do Ensaio 2...............................................47

Figura 16. Seção transversal do ensaio 2..................................................................................47

Figura 17.Seção transversal do cordão de solda do Ensaio 12.................................................47

Figura 18. Seção transversal do cordão de solda do Ensaio 12................................................47

Figura 19. Descontinuidades na largura do cordão de solda....................................................48

Figura 20. Valores de para cada nível dos fatores de controle considerando a característica

da qualidade diluição................................................................................................................50

Figura 21. Seções transversais do ensaio E1 à esquerda e da soldagem da chapa de 12,7mm na

condição 1 à direita...................................................................................................................51

Figura 22. Seções transversais do ensaio E5 à esquerda e da soldagem da chapa de 12,7mm na

condição 5 à direita...................................................................................................................51

Figura 23. Valores de para cada nível dos fatores de controle considerando a característica

da qualidade R/L.......................................................................................................................53

Figura 24. Valores de para cada nível dos fatores de controle considerando a característica

da qualidade Reforço (R)..........................................................................................................55

LISTA DE TABELAS

Page 3: TCC 2007 parte 3.2

3

Tabela 1. Composição química (% em peso) dos corpos de prova segundo o fabricante.......36

Tabela 2. Composição química do arame eletrodo ER – 317L, segundo o fabricante.............36

Tabela 3. Combinações de corrente e velocidade de soldagem para os três níveis de energia

E1, E2 e E3...............................................................................................................................40

Tabela 4. Matriz ortogonal L18................................................................................................42

Tabela 5. Planilha L18 com os parâmetros de soldagem utilizados nos ensaios exploratórios.

...................................................................................................................................................43

Tabela 6. Valores obtidos das variáveis respostas....................................................................48

Tabela 7. Análise de variância da qualidade diluição (D)........................................................50

Tabela 8. Análise de variância da qualidade R/L.....................................................................53

Tabela 9. Análise de variância da qualidade Reforço...............................................................55

Page 4: TCC 2007 parte 3.2

4

SumárioResumo........................................................................................................................................1

Lista de figuras............................................................................................................................2

Lista de tabelas........................................................................................................................... 3

Sumário...................................................................................................................................... 4

1 Introdução e motivação.......................................................................................................7

1.1 Introdução.....................................................................................................................7

1.2 Motivação.....................................................................................................................7

2 Objetivos.............................................................................................................................8

3 Revisão bibliográfica..........................................................................................................9

3.1 Aços inoxidáveis..........................................................................................................9

3.2 Aços inoxidáveis ferríticos...........................................................................................9

3.3 Aços inoxidáveis austeníticos......................................................................................9

3.4 Aços inoxidáveis martensíticos..................................................................................10

3.5 Aços inoxidáveis Duplex (austenítico-ferríticos).......................................................10

3.6 Aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação........................................................10

3.7 Aços inoxidáveis austeníticos....................................................................................10

3.8 Soldabilidade dos aços inoxidáveis austeníticos........................................................11

3.9 Revestimento..............................................................................................................12

3.10 Soldagem de revestimento......................................................................................12

3.11 O processo MIG/MAG...........................................................................................14

3.11.1 Equipamentos do processo MIG/MAG..............................................................15

3.11.2 Transferência Metálica........................................................................................20

3.11.3 Características estáticas das fontes.....................................................................21

3.11.4 Corrente pulsada.................................................................................................22

3.11.5 Técnicas de identificação do modo de transferência metálica............................25

3.11.6 Corrente Alternada..............................................................................................26

3.12 Método Taguchi / Projeto Robusto.........................................................................26

Page 5: TCC 2007 parte 3.2

5

3.12.1 Desenvolvimento do Projeto Robusto................................................................27

3.12.2 Projeto dos parâmetros........................................................................................27

3.12.3 Razão Sinal/Ruído..............................................................................................28

3.12.4 Arranjo ortogonal................................................................................................30

3.12.5 Experimentação e análise....................................................................................32

4 Materiais e Métodos..........................................................................................................36

4.1 Materiais de consumo.................................................................................................36

4.1.1 Corpos de prova..................................................................................................36

4.1.2 Arame eletrodo....................................................................................................36

4.1.3 Gás de proteção...................................................................................................37

4.2 Equipamentos e acessórios.........................................................................................37

4.2.1 Equipamentos empregados nas soldagens..........................................................37

4.3 Equipamentos para preparação metalográfica............................................................38

4.4 Metodologia...............................................................................................................38

4.4.1 Etapa 1 – Ensaios preliminares...........................................................................38

4.4.2 Etapa 2 – Ensaios definitivos..............................................................................38

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................46

5.1 Resultados..................................................................................................................46

5.1.1 Aspecto visual.....................................................................................................46

5.2 Características geométricas dos ensaios da planinha L18..........................................48

5.3 Análise da característica da qualidade diluição (D) na planinha L18........................50

5.4 Analise da característica da qualidade da razão R/L na planinha L18.......................53

5.5 Analise da característica da qualidade reforço na planinha L18................................55

5.6 Testes de confirmação................................................................................................57

5.6.1 Teste de confirmação para a diluição..................................................................57

5.6.2 Teste de confirmação para a razão R/L...............................................................59

5.6.3 Teste de confirmação para o reforço...................................................................59

Page 6: TCC 2007 parte 3.2

6

6 conclusão...........................................................................................................................61

7 Sugestão para trabalhos futuros........................................................................................62

8 Referências Bibliográficas................................................................................................63

CAPÍTULO I

Page 7: TCC 2007 parte 3.2

7

1 INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO

1.1 Introdução

A corrosão causada pelo petróleo brasileiro trás sérios prejuízos em virtude da

necessidade de paradas desnecessárias para corrigir tais defeitos.

A soldagem de revestimento que consiste em depositar camadas de matérias mais

nobres e que são mais resistentes a corrosão e conferem excelentes resistências mecânica

surgi como uma alternativa economicamente viável.

Um dos materiais comumente utilizados para essas aplicações são os aços

inoxidáveis, dentre eles o aço inoxidável austenítico 317L, o qual apresenta todas as

características necessárias para tal aplicação, como por exemplo, excelente resistência

mecânica e a corrosão, mesmo em aplicações de altas temperaturas.

O método estatístico Taguchi, consiste em determinar as variáveis que mais

influenciam a variabilidade do processo ou produto. Com esse método é possível reduzir o

número de experimentos e avaliar com segurança os resultados obtidos. Esse método é uma

ferramenta importantíssima quando a variável analisada é dependente de vários fatores como,

por exemplo, a diluição para a soldagem de revestimento.

Dentre os vários processos de soldagem utilizados para a aplicação de revestimento

destacam-se: MIG/MAG, arame tubular, arco submerso com fita, TIG (com alimentação de

arame frio ou quente) e o plasma por arco transferido (PTA) e um dos processos mais

largamente utilizados está o MIG/MAG devido a sua boa produtividade, flexibilidade e custo

relativamente baixo.

1.2 Motivação

A motivação para este trabalho é a obtenção de parâmetros de soldagem de

revestimento, para utilização em torres de destilação da Petrobras.

CAPÍTULO II

Page 8: TCC 2007 parte 3.2

8

2 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é a avaliação das características geométricas e diluição na

soldagem de revestimento do aço inoxidável 317L pelo processo MIG/MAG pulsado sobre

aço baixo carbono, utilizando ferramentas estatísticas para otimização do processo e redução

do número de ensaios.

CAPÍTULO III

Page 9: TCC 2007 parte 3.2

9

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aços inoxidáveis

Os aços inoxidáveis são aços de alta liga, geralmente contendo cromo, níquel,

molibdênio em sua composição química. Estes elementos de liga, em particular o cromo,

conferem uma excelente resistência à corrosão quando comparados com os aços carbono. Eles

são, na realidade, aços oxidáveis, isto é, o cromo presente na liga oxida-se em contato com o

oxigênio do ar, formando uma película, muito fina e estável, de óxido de cromo. Ela é

chamada de camada passiva e tem a função de proteger a superfície do aço contra processos

corrosivos. Para que a película de óxido seja efetiva, o teor mínimo de cromo no aço deve

estar ao redor de 11% (ASM HANDBOOK, 1994).

Os aços inoxidáveis são comumente classificados em cinco grupos: ferríticos,

martensíticos, austeníticos, duplex (austenítico-ferríticos) e os endurecíveis por precipitação

(ASM HANDBOOK, 1994).

3.2 Aços inoxidáveis ferríticos

Possuem uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC). Correspondem à

metade dos aços inoxidáveis da série 400. Estes aços contêm de 10.5 a 30% de cromo ligado a

outros elementos, mais notavelmente o molibdênio. Possuem excelente resistência à corrosão

sob tensão e boa resistência à corrosão por pites. (ASM HANDBOOK, 1994)

3.3 Aços inoxidáveis austeníticos

Possuem uma estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC). Representam o

maior grupo dos aços inoxidáveis, sendo largamente produzido. A adição de elementos

austenitizantes, como o níquel, manganês e nitrogênio, expandem o campo no qual a austenita

(cfc) está presente e aumentam sua estabilidade a baixas temperaturas. A série 3XX contém

uma quantidade de cromo que varia de 16 a 26%; manganês pode chegar a 2% e a quantidade

de níquel pode chegar a 22%. (LIPPOLD et al, 2005, KOU, 2003).

3.4 Aços inoxidáveis martensíticos

São essencialmente ligas de cromo e carbono que possuem uma estrutura cúbica de

corpo centrado distorcida (martensita). Estes aços são ferromagnéticos e temperáveis.

Geralmente resistem à corrosão em ambientes de média agressividade. O teor de cromo destes

Page 10: TCC 2007 parte 3.2

10

aços situa-se na faixa de 11,5 a 18%, e o teor de carbono pode ser maior que 1,2% (ASM

HANDBOOK, 1994)

3.5 Aços inoxidáveis Duplex (austenítico-ferríticos)

Possuem uma estrutura mista de ferrita CCC e austenita CFC. A quantidade exata de

cada fase presente é função da composição química do aço e do tratamento térmico. Os

principais elementos de liga são cromo e níquel. Nitrogênio, molibdênio, silício, cobre e

tungstênio, podem ser adicionados para um balanço do controle estrutural e para melhorar

certas características de resistência a corrosão (ASM HANDBOOK, 1994).

3.6 Aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação

São aços liga baseados no sistema Fe-Cr-Ni que possuem tensões de escoamento de

550 a 1795 MPa. Esta alta resistência mecânica é obtida devido à precipitação em uma matriz

martensítica ou austenítica de um ou mais dos seguintes elementos: cobre, alumínio, titânio,

nióbio e molibdênio (ASM HANDBOOK, 1994).

3.7 Aços inoxidáveis austeníticos

O grupo destes aços é o maior dentre os aços inoxidáveis e são os mais produzidos.

São geralmente utilizados em aplicações que requerem boa resistência a corrosão a

temperatura ambiente ou elevadas temperaturas. Mesmo havendo uma grande variedade de

aços inoxidáveis austeníticos, a série 300 é a mais antiga e comumente utilizada. A maioria

destas ligas é baseada no sistema 18Cr-8Ni, com adição de outros elementos que podem

conferir propriedades específicas ao aço, como os aços austeníticos estabilizados ao titânio

e/ou nióbio (como os aços 347 e 321). Estes aços contêm pequenas quantidades de Ti e Nb,

que se combinam com o carbono e reduzem a tendência à corrosão intergranular, devido à

precipitação de carboneto de cromo. Para aplicações em que a corrosão intergranular é um

problema, podem ser utilizados os aços inoxidáveis austeníticos baixo carbono, série 3XXL

(LIPPOLD et al, 2005).

Os aços inoxidáveis austeníticos são usados em quase todos os tipos de aplicação na

indústria. Áreas típicas do seu uso incluem trocadores de calor, tanques, indústria químicas,

farmacêuticas e de papel.

Page 11: TCC 2007 parte 3.2

11

3.8 Soldabilidade dos aços inoxidáveis austeníticos

Os aços inoxidáveis austeníticos são os que apresentam a melhor soldabilidade de

todos os aços inoxidáveis. Por causa das suas propriedades físicas, seu comportamento na

soldagem pode ser considerado diferente daquelas dos ferríticos, martensiticos e duplex. Por

exemplo, a condutividade térmica das ligas típicas de aços austeníticos é aproximadamente a

metade dos aços ferríticos, isso significa que a energia de soldagem requerida para atingir a

mesma penetração é consideravelmente reduzida. Em contrapartida o coeficiente de expansão

térmica é 30 a 40% maior que a dos aços ferríticos, o que pode resultar em aumentos na

distorção e na tensão residual por causa da soldagem (ASM HANDBOOK, 1994).

As poças de fusão dos aços inoxidáveis austeníticos tendem a ser mais viscosas do

que a dos férricos e martensiticos. Isso impede o metal de escoar o que diminui a

molhabilidade das soldas nesses materiais, o que podem promover defeitos de falta de fusão

(ASM HANDBOOK, 1994).

Um dos problemas na soldagem de aços austeníticos é sua susceptibilidade na

formação de trincas na solidificação da zona fundida, mas isso pode ser controlado com a

adição de pelo menos 4% de ferrita delta no metal de solda a temperatura ambiente (ASM

HANDBOOK, 1994).

Nos casos em que cordões totalmente austenítico são necessários, como, por

exemplo, em ambientes corrosivos, como no caso da soldagem de revestimento, a propensão

para trincas nas soldas aumentará, pois quantidades pequenas de ferrita nessas aplicações

podem ocasionar pontos de corrosão. Para minimizar fissuras nestas soldas, é aconselhável

soldar com baixa energia de soldagem e em condições de baixa pressão. Elementos residuais,

que formam baixo ponto de fusão em fases líquidas e que promovem o surgimento de trincas,

devem ser mantidos em baixas concentrações. Alguns desses elementos são: fósforo, enxofre,

boro, selênio, nióbio, silício e titânio. Pequenas adições de oxigênio e nitrogênio são bastante

benéficos e acredita-se que sua adição possa afetar as características de molhamento da poça

de fusão. No entanto, altas concentrações destes elementos podem promover o surgimento de

poros. Teores de manganês também podem reduzir suscetibilidade a trincas, principalmente

por poder formar elementos com o enxofre e o silício que estariam disponíveis para formar

fases com baixo ponto de fusão. (ASM HANDBOOK, 1994).

Page 12: TCC 2007 parte 3.2

12

3.9 Revestimento

Os revestimentos metálicos foram desenvolvidos no começo da década de 1930 e

uma de suas primeiras aplicações foi à utilização de níquel sobre aço carbono. Este composto

era usado na construção de tanques de guerra. Outros produtos feitos de aço revestido foram

então utilizados em fornos de destilação, vasos de processamento, ferramentas manuais,

equipamentos de armazenamento e outros (MAGALHÃES, 2008).

A maioria dos revestimentos metálicos são compostos de metais como aços

inoxidáveis, ligas de níquel e ligas de cobre soldados sobre aços carbono e aços baixa liga. A

espessura do revestimento geralmente varia entre 5 e 20% da espessura do substrato. A

vantagem do revestimento é promover, a partir de um baixo custo relativo, os benefícios de

materiais mais caros, que possuem características de resistência à corrosão, resistência à

abrasão e outras (MAGALHÃES, 2008).

Contudo a soldagem de revestimento geralmente é uma soldagem entre materiais

dissimilares exibindo um fenômeno único de fissuração não observado em soldas entre

materiais similares. Onde temos que trincas ou desprendimentos ao longo ou próximo da linha

de fusão em soldas dissimilares ferrítico-austenítico vêm sendo um problema persistente por

mais de 60 anos (MAGALHÃES, 2008).

O processo de manufatura do revestimento pode ser realizado de diversas maneiras.

Laminação a quente, soldagem por explosão, aspersão térmica, recobrimento com solda

(overlay) e recobrimento com chapa (lining) são métodos de produzir materiais revestidos

(MAGALHÃES, 2008).

3.10 Soldagem de revestimento

A soldagem de revestimento consiste em depositar camadas de uma material mais

nobre, com menor susceptividade à corrosão sobre um material menos nobre. É utilizado,

principalmente no setor de petróleo e gás natural, devido a grande corrosão causada por esses

materiais, isso surge como uma alternativa economicamente viável, pois a utilização maciça

desses materiais mais nobre em substituição aos menos nobres, torna-se economicamente

inviável devido a grande quantidade de material requerido para tal finalidade.

A soldagem de revestimento deve atingir certas características para uma boa

eficiência do revestimento, dentre elas podemos destacar as características geométricas do

cordão de solda, principalmente, reforço, largura, razão reforço/largura e a diluição, que é

Page 13: TCC 2007 parte 3.2

13

definida como a parcela de metal de base que entra na composição da zona fundida (metal de

solda). A diluição para um simples cordão pode ser calculada pela Equação 1. A Figura 1

mostra a representação esquemática de cada uma das características geométricas da seção

transversal de um cordão de um cordão de solda.

D= Af(Ad+ Af )

x 100 (%) Equação 1

Onde:

Ad – Área depositada do cordão;

Af – Área fundida do metal de base.

Figura 1. Representação esquemática das dimensões geométricas das seções transversais dos

cordões de solda.

A diluição é umas das características mais importante da soldagem de revestimento,

pois diluições elevadas prejudicam a resistência à corrosão do revestimento, devido a maior

participação do ferro do metal base no metal de solda.

Além disso, altas a energias de soldagem, que naturalmente aumentam a diluição,

também podem proporcionar o aparecimento de zonas parcialmente diluídas (ZPD) que

fragiliza a interface metal de solda (MS) /zona afetada pelo calor (ZAC) (KEJELIN et al.,

2007).

Razões reforço/largura altas proporcionam concentrações de tensão no pé do cordão

de solda, bem como favorece a ocorrência de defeitos como a falta de fusão entre outros. Com

Page 14: TCC 2007 parte 3.2

14

relação ao reforço, dependendo do tipo de equipamento, é exigida uma espessura mínima para

o revestimento.

Em relação a largura, quanto maior a largura do cordão melhor, pois aumenta a

produtividade do revestimento, porém larguras excessivas podem acarretar em baixo reforço,

sendo necessário uma maior quantidade de passes, diminuindo assim a produtividade.

3.11 O processo MIG/MAG

No processo de soldagem a arco elétrico com proteção gasosa (Gas Metal Arc

Welding – GMAW) a união de peças metálicas se dá pelo aquecimento destas, através de um

arco elétrico estabelecidos entre um eletrodo consumível nu e a peça de trabalho. Neste

processo a proteção do arco elétrico e da poça de fusão, contra elementos nocivos no meio é

feita por um gás ou mistura de gases, que podem ser inertes (MIG), que não reagem

significativamente com a poça de fusão, como o argônio e o hélio, ou ativos (MAG) que

reagem intensamente com a poça de fusão, como o O2 e o CO2 (MARQUES, 2005). A Figura

2 mostra esquematicamente o processo MIG/MAG.

Figura 2. Representação esquemática do processo MIG/MAG (MIRANDA, 1999).

O processo MIG/MAG pode ser soldado tanto no modo semi-automático, onde a

posição da tocha, a velocidade e a direção de soldagem são controlados pelo soldador e no

modo automático, onde a posição da tocha, a velocidade e a direção de soldagem são

controlados por um sistema robotizado.

Page 15: TCC 2007 parte 3.2

15

A grande maioria das aplicações do processo MIG/MAG emprega CC+ (eletrodo

conectado ao pólo positivo), resultando em um arco estável com transferência uniforme

(regular) e baixa quantidade relativa de respingos. Os cordões obtidos apresentam boas

propriedades (mecânicas e estéticas) e penetração elevada para soldagens realizadas dentro de

uma larga faixa da corrente. A polaridade direta CC- (eletrodo conectado ao pólo negativo) é

raramente utilizada, porém quando se deseja taxa de deposição elevada com baixa penetração

(deposição superficial), este tipo de polaridade é ainda empregado (AWS, 1992 apud,

PESSOA, 2007).

3.11.1 Equipamentos do processo MIG/MAG

O processo MIG/MAG consiste basicamente de uma fonte de soldagem, um

alimentador de arame, uma tocha de soldagem, uma fonte de gás protetor e um sistema de

refrigeração. A Figura 3 mostra esquematicamente os equipamentos utilizados no processo

MIG/MAG.

Figura 3. Equipamentos e acessórios do processo MIG/MAG (PESSOA, 2007, apud

MIRANDA, 2002).

A fonte de soldagem fornece a tensão e a corrente elétrica necessárias para

estabelecer e manter o arco elétrico entre o eletrodo e o material a ser soldado. O sistema de

alimentação de arame eletrodo é constituído por um conjunto de roletes tracionadores e por

Page 16: TCC 2007 parte 3.2

16

um motor com velocidade de rotação ajustável. Este sistema tem que ser robusto e com boa

velocidade de resposta, de modo contrário a soldagem pode ficar seriamente comprometida e

até mesmo inviável. A tocha de soldagem é constituída de um punho o qual sustenta um bico

de contato, que faz a energização do arame eletrodo e possui um diâmetro interno

ligeiramente maior que o arame eletrodo, de um bocal que orienta o fluxo de gás protetor, que

é feito de cobre ou material cerâmico. A fonte de gás consiste normalmente de um cilindro de

gás ou mistura de gases e reguladores de pressão e/ou vazão.

O processo MIG/MAG é um dos mais versáteis, pois pode ser usada em materiais

numa grande faixa de espessura, tanto em metais ferrosos como não ferrosos. O diâmetro dos

eletrodos usados varia normalmente entre 0,8 e 2,4mm. O processo MAG é utilizado apenas

na soldagem de matérias ferrosos, tendo como gás de proteção o CO2 ou misturas ricas neste

gás, enquanto a soldagem MIG pode ser usada tanto na soldagem de ferrosos quanto de não

ferrosos, como alumínio, cobre, magnésio, níquel e suas ligas (MARQUES et al, 2005).

De uma forma geral o processo MIG/MAG apresenta as seguintes vantagens (AWS

1991, apud, PESSOA 2007).

a) soldagem de todos os metais e ligas comerciais;

b) alimentação contínua do eletrodo;

c) soldagem em todas as posições;

d) elevadas taxas de deposição;

e) elevadas velocidades de soldagem;

f) obtenção de cordões extensos sem muitas interrupções;

g) como não existe escória, mínima limpeza pós soldagem é exigida;

h) permite a automatização industrial, possibilitando a utilização de robôs.

Dentre as desvantagens do processo MIG/MAG é a sua maior sensibilidade á

variação dos parâmetros elétricos de operação do arco de soldagem, que influenciam

diretamente na qualidade do cordão de solda depositado, além da necessidade de um ajuste

rigoroso de parâmetros, para se obter um determinado conjunto de características para o

cordão de solda. A determinação desses parâmetros é dificultada pela forte interdependência

destes e por sua influencia no resultado final da operação. (MARQUES, 2005).

Outras desvantagens do processo MIG/MAG são:

Page 17: TCC 2007 parte 3.2

17

a) equipamentos de soldagem complexos, relativamente caros e menos portáteis;

b) utilização mais restrita em locais de difícil acesso, devido à maior complexidade

e dimensões dos equipamentos;

c) o arco deverá ser protegido das correntes de ar, para garantir a eficiência de

proteção realizada pelos gases empregados;

d) os altos níveis de radiação e calor gerado fazem com que o operador ponha

resistência à utilização deste processo. (AWS, 1991 apud, MIRANDA, 1999).

Dentre as variáveis que influenciam na soldagem MIG/MAG estão:

a) diâmetro do arame-eletrodo;

b) composição química do arame-eletrodo;

c) tipo de gás de proteção;

d) vazão do gás de proteção;

e) velocidade de alimentação do arame;

f) DBCP;

g) posicionamento da tocha em relação à peça;

h) corrente de soldagem;

i) tensão de soldagem;

j) velocidade de soldagem;

k) indutância da fonte;

l) técnica de manipulação da tocha.

As variáveis influenciam da seguinte forma:

Diâmetro do eletrodo: influencia na penetração e na taxa de deposição;

A composição química do arame-eletrodo: influencia nas propriedades mecânicas e

metalúrgicas.

O tipo de gás de proteção: Influenciam no modo de transferência do metal de solda

para a peça, nas propriedades mecânico/metalúrgicas da junta soldada, geometria e

Page 18: TCC 2007 parte 3.2

18

aparência da junta soldada, estabilidade do arco e operacionalidade do processo.

(MACHADO, 1996)

Vazão do Gás de proteção: A vazão do gás de proteção influencia na qualidade do

metal de solda depositado, ela deve ser tal que proporcione uma proteção eficiente

contra a contaminação do arco e da solda pela atmosfera. Em geral, quanto maior a

corrente, maior a poça de fusão e a área a proteger e, portanto, maior a vazão

necessária. Vazões reduzidas podem levar ao aparecimento de porosidade e outros

problemas associados à falta de uma proteção eficiente, como perda de elementos de

liga e deterioração de propriedades. Vazões muito elevadas provocam a depreciação

da poça de fusão e tornar o cordão de solda irregular, além de aumentar o custo de

proteção. (MARQUES, 2005).

Velocidade de alimentação do arame: A velocidade de soldagem representa o

deslocamento do eletrodo no sentido do comprimento da solda na unidade de tempo.

A penetração é influenciada pela velocidade soldagem da seguinte forma: para

valores muito baixos de velocidade a quantidade de material depositado aumenta,

resultando numa poça de fusão com grande volume, fazendo com que o calor do arco

não atue diretamente no metal base, gerando um reforço grande e uma penetração

baixa. A partir desta condição, a penetração tende aumentar com o uso de

velocidades intermediárias e depois diminui com velocidades mais altas

(MIRANDA, 1999).

DBCP: Distancia do bico de contato a peça, quanto maior essa distância, menor é a

eficiência da proteção gasosa, maior o consumo de gás, maior a instabilidade do

arco.

Posicionamento da tocha em relação à peça: Considerando o plano 1 da

, a tocha pode assumir dois tipos de inclinação na soldagem MIG/MAG. A primeira,

correspondente ao ângulo α, é denominada de soldagem “puxando” que direciona a

tocha mais para poça de fusão proporcionando uma maior da taxa de transferência de

calor para a peça, aumentando a penetração para ângulos de até cerca de 25°, quando

depois começa a diminuir. A segunda, ângulo β, é denominada soldagem

“empurrando” direciona a tocha mais para o metal base (mais frio) proporcionando

uma redução na penetração e produzindo um cordão de solda mais largo e plano

(MACHADO, 1996; apud, PESSOA, 2009).

Page 19: TCC 2007 parte 3.2

19

Figura 4. Soldagem puxando e empurrando.

Corrente de soldagem: A corrente de soldagem influencia fortemente a taxa de fusão

do arame-eletrodo, a largura, a penetração e o reforço do cordão de solda. Com todas

as outras variáveis do processo mantidas constantes um aumento na corrente

proporciona um aumento na taxa de deposição, na penetração e na largura do cordão

de solda. (MACHADO, 1996; MIRANDA, 1999; apud PESSOA, 2009).

Tensão de soldagem: Esta variável está diretamente relacionada com comprimento

do arco, ou seja, mantendo as demais variáveis constantes, um acréscimo na tensão

do arco resulta em aumento do comprimento do arco. No entanto, o mesmo

comprimento do arco, poderá estar relacionado com diferentes tensões, dependendo

da corrente, do gás de proteção e do comprimento do eletrodo. A tensão é a principal

variável na definição da largura do cordão de solda e em conjunto com a corrente

exerce influência direta no modo de transferência metálica. Uma diminuição na

tensão resulta em cordões com perfil estreito e mais abaulado. Um aumento tende a

ocasionar cordões mais planos com maior largura da zona de fusão (ASM, 1993b;

apud PESSOA, 2009).

Velocidade de soldagem: A velocidade de soldagem representa a taxa linear em que

o arco se move ao longo da junta de solda. Observa-se que a penetração, primeiro

aumenta e depois diminui com o aumento da velocidade de soldagem, sendo máxima

para velocidades intermediárias. Este comportamento acontece, pois quando a

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20

velocidade é muito baixa, a quantidade de material depositado por unidade de

comprimento da solda aumenta, a poça de fusão fica com dimensões elevadas e o

calor do arco atua diretamente na poça e não no metal de base, fazendo com que a

penetração seja baixa. Porém quando a velocidade de soldagem é muito alta, a

quantidade de calor transferida por unidade de comprimento é reduzida e a

penetração também diminui. E por fim o uso de velocidades excessivas pode resultar

em mordeduras e falta de penetração ao longo do cordão de solda (ASM, 1993b;

apud PESSOA, 2009).

3.11.2 Transferência Metálica

O modo de transferência metálica para a poça de fusão é muito importante na

soldagem MIG/MAG, pois afeta muitas características do processo, como, por exemplo: a

instabilidade do arco, a quantidade de gases (principalmente hidrogênio, oxigênio e

nitrogênio) absorvida pelo metal fundido, a aplicabilidade do processo em determinadas

posições de soldagem e o nível de respingos gerados (MARQUES, 2005)

Basicamente, existem três tipos de transferência metálica no processo MIG/MAG:

transferência por curto-circuito, transferência globular e transferência goticular (“spray”).

A transferência por curto-circuito

Ocorre quando a gota ainda na ponta do eletrodo toca a poça de fusão, no momento

em que ocorre esse toque o arco se extingue e há um aumento súbito e controlado da corrente

e uma diminuição brusca da tensão, esse aumento da corrente faz com que forças

eletromagnéticas pressionem a gota de fusão, estragulando-a até o seu desprendimento (efeito

“pinch”), além dessas forças eletromagnéticas existem também forças devido à tensão

superficial e a gravidade, porém esta com menor intensidade, ao fim do curto-circuito o arco

se restabelece até que ocorra um novo curto. São utilizados baixos níveis de corrente e tensão

(comprimento do arco), apresenta uma poça de fusão de menor diâmetro, com intensidade de

energia mais baixa em relação aos demais, por isso é mais indicada para a soldagem de chapas

finas e fora da posição plana. Este modo de transferência caracteriza-se por uma grande

instabilidade do arco, podendo ocorrer à produção intensa de respingos, caso haja uma má

seleção de parâmetros (MOTTA, 2001).

Transferência globular

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Caracteriza-se por valores intermediários de corrente e tensão, o diâmetro da gota é

maior que o diâmetro do eletrodo e a transferência metálica se da sem a ocorrência de curto-

circuito. A transferência se da principalmente devido à gravidade, por isso é caracterizada por

um nível de respingo relativamente elevado e limitado apenas a posição plana.

Transferência goticular (“spray”)

Caracteriza-se com o diâmetro da gota um pouco menor que o diâmetro do arame. Só

ocorre para determinados tipos de gases ou misturas de gases de proteção, apresenta arco

bastante estável e pouca quantidade de respingos.

Na transferência por “spray” as gotas metálicas sofrem a ação de várias forças de

origem eletromagnéticas, que se sobrepõem à ação da força gravitacional e, assim, em

principio seria aplicável em qualquer posição de soldagem. Entretanto, como esta

transferência só é possível para elevados níveis de corrente, sua soldagem fora da posição

plana pode ser problemática, devido ao tamanho elevado da poça de fusão, de difícil controle

(MOTTA, 2001).

3.11.3 Características estáticas das fontes

O processo MIG/MAG pode ser soldado com a fonte operando em dois modos

distintos: tensão constante e corrente constante, a qual ainda pode ser do tipo pulsada e

alternada.

Tensão constante

Para fontes que operam no modo tensão constante a tensão e a velocidade de

alimentação do arame são praticamente constantes durante toda a soldagem, isso é devido ao

auto-ajuste da fonte que é feito da seguinte forma, devido a imperfeições na junta soldada o

comprimento do arco (tensão) pode aumentar ou diminuir, se o comprimento do mesmo

aumentar e a velocidade de alimentação permanecer constante, então a fonte atua de forma a

diminuir a corrente e conseqüentemente a taxa de fusão do arame que com isso restabelece ao

comprimento inicial do arco, caso ocorra uma diminuição (diminuição da tensão), a fonte

agirá de maneira contraria a anterior, aumentará a corrente de soldagem até que o

comprimento inicial do arco volte ao valor inicial. Devido à rapidez entre essas mudanças, a

alteração no comprimento do arco não é muito acentuada, por isso esse modo de soldagem é

mais indicado para arames de pequeno diâmetro, pois à medida que o diâmetro do arame

Page 22: TCC 2007 parte 3.2

22

aumenta, a velocidade de resposta da taxa de fusão passa a diminuir. Isso é chamado de

controle interno da fonte. (AWS, 1991 apud MIRANDA, 1999).

Corrente constante

Nesse modo de soldagem a corrente de soldagem permanece praticamente constante

em toda a soldagem, mesmo tendo ocorrido um aumento ou diminuição do comprimento do

arco, por isso é necessário um controle independente, atuando na velocidade de alimentação

do arame eletrodo com base na distância entre a ponta do eletrodo e o metal de base. Isto é o

chamado controle externo e funciona com um motor retro-alimentado por um sinal baseado na

referida distância, de forma a se ter o ajuste da velocidade de alimentação do arame eletrodo

quase instantânea. Este controle funciona bem independente do diâmetro do arame eletrodo,

porém seu custo é mais elevado. As fontes de soldagem para o processo MIG/MAG são na

sua maioria de tensão constante (controle interno), já que os arames eletrodos são

normalmente de pequenos diâmetros (AWS, 1991 apud MIRANDA, 1999).

3.11.4 Corrente pulsada

A corrente pulsada caracteriza-se pela pulsação da corrente em dois patamares, um

nível mais baixo, denominado corrente de base e outro nível mais alto, denominado corrente

de pico. No nível mais baixo, durante um intervalo de tempo denominado tempo de base, o

nível de corrente é suficiente apenas para deixar o arco aberto sem que ocorra transferência do

eletrodo para a peça. No nível mais elevado, durante um intervalo de tempo denominado

tempo de pico é onde ocorre a transferência do arame para a peça. A magnitude desses pulsos

e sua freqüência controlam o nível de energia do arco e, conseqüentemente da taxa de fusão.

A Figura 5 mostra o formato de onda para correntes pulsadas.

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23

Figura 5. Formato da onda de corrente pulsada (PESSOA, 2007).

A corrente pulsada tem como objetivo a obtenção de transferência metálica do tipo

goticular (“spray”), mas com valores de corrente média inferiores a utilizadas para correntes

de transição, e devido a utilização de níveis mais baixos de corrente, pode ser usada para a

soldagem de chapas finas e fora da posição plana.

As vantagens de se utilizar corrente pulsada são: redução de salpicos em relação a

transferência por curto-circuito; melhoria no controle da transferência metálica, uma vez que

o tamanho da gota e o sua freqüência de destacamento são comandados pela pulsação da

corrente; obtenção de transferência metálica semelhantes a goticular (“spray”), com arco

estável, porém com níveis mais baixos de aporte térmico. Entretanto por apresentar uma

maior quantidade de variáveis o processo MIG/MAG pulsado exige o controle mais rigoroso

do ajuste desses parâmetros, tornando a obtenção dos mesmos uma tarefa que exige muito

tempo e muitas vezes o método da tentativa e erro é utilizado (KIM & EDGAR, 1993 b,

SUBRAMANIAM et al, 1993 ; PRAVEEN et al, 2006 , apud PESSOA 2007).

Segundo Amin (1983a, 1983b), apud Motta (2002) em seus trabalhos diz que a

previsão dos parâmetros de pulso é baseada em três requisitos principais:

O tipo de transferência metálica deve ser similar ao goticular (“spray”), porém em

baixas velocidades de alimentação de arame.

Page 24: TCC 2007 parte 3.2

24

A velocidade de alimentação deve ser tal que fique balanceada com a taxa de fusão, de

tal forma que, o comprimento de arco seja mantido constante.

A corrente de base deve exceder um valor mínimo, para que se obtenha um arco

estável, abaixo desse valor, o arco tende a se extinguir.

Para atender a transferência metálica do tipo goticular, proposto por Amin (1983a;

1983b), apud Motta (2002), uma corrente de pulso deve ser aplicada ao arame por um

determinado tempo para promover o destacamento de uma gota. Os parâmetros de base (Ib e

tb), e, portanto, a corrente média de soldagem (Im), têm pouca influência sobre o

destacamento na soldagem com corrente pulsada (ALLUM, 1983 apud MOTTA, 2002).

Muitos autores admitem que o melhor controle da transferência metálica seja obtido

com o destacamento de uma gota, com diâmetro próximo ao do eletrodo, a cada pulso da

corrente (NIXON & NORRISH, 1988; LARSEN, 1990 apud MOTTA, 2002).

Alguns autores verificaram que uma gota é destacada a cada pulso de corrente, se:

I p ∙ t pn=D Equação 2

Sendo: “n” um valor próximo de 2 e, “D” é uma constante denominada de parâmetro

de destacamento para um diâmetro de gota específico. Essa relação entre Ip e tp é

determinada experimentalmente e tem a forma das curvas da Figura 6.

Figura 6. Região de uma gota por pulso (MAMANI, 1996 apud MIRANDA, 2001).

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A Figura 6 mostra as regiões onde é possível se obter a característica de UGPP

(região Hachurada), menos de UGPP a esquerda no gráfico e mais de UGPP a direita do

gráfico.

Rajasekaran (1998) apud Motta, (2002) em seu estudo sobre o destacamento da gota

e características de fusão do metal de base no MIG/MAG pulsado, afirma que a condição que

combina altos níveis de Ip com baixos níveis de tp proporciona uma transferência metálica

estável e arco também estável quando comparada com a condição de baixos valores de Ip com

altos tp.

Subramaniam et al (1998) apud Motta (2002) constatou que quando a gota é

destacada no período de pulso ocasiona maior penetração, sendo assim mais indicado para

soldagem de peças mais espessas. Ainda segundo o autor, o destacamento no período de base

proporciona a redução de respingos.

Uma transferência metálica estável é obtida quando gotas de dimensões próximas à do

eletrodo são projetadas a uma freqüência constante, da ponta do eletrodo para a peça. Isso é

conseguindo através da taxa de fusão do arame e velocidade de alimentação praticamente

constante sem que aja variação do comprimento do arco.

Para uma condição estável na soldagem com corrente pulsada é necessário que a

corrente de base esteja acima de um valor mínimo, para que o arco se mantenha acesso,

durante o intervalo de tempo em que a corrente se encontra nessa intensidade. Em aplicações

práticas de soldagem, Amin (1983) apud Motta (2002) recomenda-se uma corrente de 15A

para esse valor mínimo.

3.11.5 Técnicas de identificação do modo de transferência metálica.

Muitas técnicas são utilizadas para se detectar o modo de transferência, uma delas é

através da analise dos oscilogramas de tensão e corrente. De acordo com essa técnica, o

destacamento da gota gera uma pequena perturbação no sinal da tensão, provavelmente

devido à estricção (empescoçamento) da gota antes da separação (BÁLSAMO, et al 2000;

PRAVEEN & YARLAGADDA, 2005; apud MOTTA, 2002). Esses instantes são

identificados por pequenos aumentos no sinal de tensão (de intensidade variando entre 0,5 e

2V), conseqüentes do desprendimento da gota aderida à ponta do eletrodo (MOTTA, 2002).

Page 26: TCC 2007 parte 3.2

26

Outra técnica é a filmagem em alta velocidade. Esta técnica utiliza uma câmera capaz

de capturar uma grande quantidade de imagem em um curto intervalo de tempo (1000 a 10000

quadros por segundo). Esta técnica permite, por meio de sincronização dos sinais de tensão e

corrente com as imagens gravadas da câmera, determinar o instante do destacamento e

também o diâmetro da gota (PESSOA, 2007).

3.11.6 Corrente Alternada

Na soldagem em corrente alternada, a corrente oscila entre as polaridades positiva e

negativa e em cada meio ciclo ocorre à extinção momentânea do arco (no instante em que a

corrente passa pelo zero).

Para corrente alternada com o formato da onda senoidal, na qual a dinâmica da

corrente é bastante lenta, a estabilidade do processo é prejudicada, pois a cada meio ciclo o

arco extingue-se e a reignição do arco é dificultada (AWS, 1991). Para solucionar problemas

de reignição do arco quando a corrente passa pelo zero pode-se aplicar uma tensão de

reignição do arco após as transições de polaridade (FARIAS, 1985). Entretanto, a aplicação

de altos pulsos de tensão pode causar problemas relativos à segurança operacional (PESSOA,

2007).

3.12 Método Taguchi / Projeto Robusto

Este método visa determinar as variáveis (denominadas de fatores) que mais

influenciam a variabilidade do processo ou produto. O controle destes fatores garante a

qualidade do processo/produto (menor variabilidade), além da otimização do seu

desempenho. O método Taguchi pertence a uma classe de abordagens que assegura a

qualidade através do projeto, neste caso através da identificação e controle de variáveis

críticas (ou ruídos) que fazem ocorrer desvios na qualidade do produto ou processo (VIEIRA,

1996, apud PESSOA, 2009).

A técnica denominada projeto robusto, desenvolvida por Taguchi, é uma ferramenta

poderosa na otimização de produtos ou processos e pode ser definida como um conjunto de

conceitos, estratégias e métodos que utiliza o conhecimento existente de engenharia para

realizar os seguintes benefícios (ROSS, 1991, apud PESSOA, 2009):

melhoria da Qualidade;

minimização do custo;

minimização do tempo de desenvolvimento.

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27

Estes benefícios são obtidos através da determinação e controle das variáveis

(chamadas de fatores de controle).

3.12.1 Desenvolvimento do Projeto Robusto

Os níveis (valores) de fatores controláveis (parâmetros do projeto) são selecionados

para minimizar os efeitos de fatores perturbadores nas características funcionais do produto,

ou seja, determinam-se os níveis dos diferentes parâmetros que proporcionam ao produto as

suas qualidades funcionais e que minimizam a perda de qualidade. Em outras palavras,

procura-se estabelecer os níveis dos parâmetros do produto de modo que a característica de

qualidade deste torne-se insensível ou robusta às fontes de variação (fatores de ruído),

mantendo o valor médio da resposta sobre o valor objetivo de maneira consistente, obtendo

alto desempenho e baixo custo, simultaneamente (ROSS, 1991; VIEIRA, 1996, apud

PESSOA, 2009)

3.12.2 Projeto dos parâmetros

A resposta do produto considerada para o propósito de otimização em um

delineamento de experimento robusto é chamada de característica de qualidade. Vários

parâmetros podem influenciar a característica de qualidade ou resposta do produto. Estes

parâmetros classificam-se dentro das seguintes três classes (note que a palavra parâmetro

equivale à palavra fator na literatura de Projeto Robusto):

Fatores de sinal (M): Este é o grupo de parâmetros para o usuário ou operador expressar o

valor pretendido para a resposta do produto. Os fatores de sinal são selecionados pelo

engenheiro de projeto baseado no conhecimento da engenharia do produto que está se

desenvolvendo (GOMES, 2006, apud PESSOA 2009).

Fatores de ruído (X): Certos parâmetros não podem ser controlados pelo projetista, sendo

estes parâmetros chamados de fatores de ruído (GOMES, 2006, apud PESSOA, 2009).

Fatores de controle (Z): Estes são parâmetros que o projetista pode especificar livremente.

De fato, é responsabilidade do projetista determinar o melhor valor destes parâmetros. Cada

fator de controle pode ter múltiplos valores, chamados níveis. Quando se muda os níveis de

certos fatores de controle, o custo de fabricação não muda (GOMES, 2006, apud PESSOA,

2009).

Page 28: TCC 2007 parte 3.2

28

Identificar respostas importantes, fatores de sinal, fatores de ruído e fatores de

controle em um projeto específico são questões importantes. Em um delineamento de Projeto

Robusto é também importante reconhecer quais fatores de controle mudam o custo de

fabricação. A melhor situação, dos parâmetros que não afetam o custo de fabricação, é

determinada através do projeto do parâmetro (GOMES, 2006, apud PESSOA, 2009).

3.12.3 Razão Sinal/Ruído

É a função objetiva () empregada no Método Taguchi. O uso da razão S/R tem a

vantagem de que, uma vez obtido o melhor ajuste que minimize a sensibilidade ao ruído para

um dado valor médio de um parâmetro estudado, esse ajuste também é válido para outro valor

médio deste parâmetro.

a) Sinal/ Ruído

Os parâmetros de controle que contribuem na redução de variação (aprimoramento

da qualidade) podem ser rapidamente identificados observando o quanto de variação aparece

como resposta. A metodologia Taguchi idealiza uma transformação dos dados da repetição

em outro valor, que representa a variação da medição existente. Designa-se a transformação

como relação sinal-ruído (S/R) ou função objetiva. A função objetiva para ser maximizada,

nas resoluções dos problemas estatísticos de projeto de processo/produto, tem que ser

escolhida corretamente. As diversas relações S/R disponíveis, de acordo com o tipo de

característica são:

Menor é melhor;

Maior é melhor;

Nominal é melhor.

Cada característica tem a equação específica para o cálculo de (ROSS, 1991, apud

PESSOA, 2009). Como serão mostradas a seguir:

Problemas do tipo menor é o melhor:

Usado quando se deseja minimizar os resultados. Como exemplo de menor é melhor

pode-se citar o número de defeitos de uma peça, os índices de convexidade, a diluição e

número de respingos durante uma soldagem. O h neste caso é dado pela Equação 3 (ROSS,

1991, apud PESSOA, 2009).

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29

η=−10 log10( 1ni

×∑i=1

n

y i2) Equação 3

Onde:

ni = número de repetições num ensaio (número de repetições independente dos níveis de

ruído)

yi é a característica da qualidade (resposta observada).

Problemas do tipo maior é o melhor:

Usado quando se deseja maximizar os resultados. Como exemplo de aplicação da

função maior é melhor pode-se citar o rendimento de um equipamento, as taxas de fusão e

deposição e a qualidade do cordão de solda na soldagem. Assim, os níveis ótimos das

variáveis de influência são aqueles que maximizam o h apropriado para cada análise

estatística específica. O valor de h é determinado neste caso pela Equação 4 (ROSS, 1991

apud PESSOA, 2009).

η=−10 log10( 1ni

×∑i=1

n1y i

2 ) Equação 4

Onde:

ni = número de repetições num ensaio (número de repetições independente dos níveis de

ruído)

yi é a característica da qualidade (resposta observada).

Problemas do tipo nominal é o melhor:

Usado quando se deseja obter um valor desejado dentre os resultados. Este tipo de

problema é freqüentemente encontrado na engenharia, onde se deseja, por exemplo, obter a

dimensão específica de um componente com certa tolerância. A função objetiva a ser

maximizada para estes problemas é dada pela Equação 5 (ROSS, 1991, apud PESSOA, 2009).

η=10 log10μ2

σ2 Equação 5

Com:

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30

μ= 1ni∑i=1

ni

y i e σ=[ 1n i−1

x∑i=1

ni

( y i−μ )2]Onde temos:

ni = número de repetições num ensaio (número de repetições independente dos níveis de

ruído)

yi é a característica da qualidade (resposta observada).

b) Parâmetros de controle e de ruído

A Metodologia Taguchi distingue os parâmetros em dois grupos principais:

parâmetros de controle e de ruído. Parâmetros de controle são aqueles estabelecidos pelo

fabricante e que não podem ser diretamente modificados pelo consumidor. Os parâmetros de

ruído são aqueles sobre os quais o fabricante não possui controle direto, mas que variam de

acordo com o ambiente e hábito do consumidor. Parâmetros de ruído podem ser classificados

em três categorias (GOMES, 2006 apud PESSOA, 2009):

Ruídos externos são aqueles relacionados aos fatores ambientais como temperatura

ambiente, umidade, pressão ou pessoas. Ruídos externos provocam variações externamente ao

produto;

Ruídos internos estão relacionados com a função e com o tempo, tais como deterioração,

desgaste, desaparecimento gradual da cor, encolhimento e resseca mento; ruídos internos

causam variação no interior do produto;

Ruído do produto manifesta-se como variação de peça para peça. São ocasionados durante

a fabricação, mudando uma determinada característica entre dois ou mais produtos.

3.12.4 Arranjo ortogonal

O arranjo ortogonal (AO) facilita e reduz o número de experimentos. As colunas da

matriz representam os fatores a serem estudados e as linhas os experimentos que serão

realizados. Na matriz ortogonal, colunas podem ser deixadas vazias (que correspondem às

variáveis a serem estudadas) sem prejuízo na análise. Linhas vazias, que corresponde deixar

de realizar algum experimento, prejudica a ortogonalidade e compromete a análise e a

confiabilidade dos experimentos (VIEIRA, 1996 apud PESSOA, 2009).

A escolha adequada da matriz ortogonal empregada deverá obedecer algumas

exigências. Essas exigências envolvem as seguintes determinações:

Page 31: TCC 2007 parte 3.2

31

do número de fatores a serem estudados;

do número de níveis para cada fator;

das possíveis interações a serem estimadas;

das dificuldades na execução dos experimentos.

As três primeiras observações estão relacionadas com os graus de liberdade

associados. Os graus de liberdade são definidos como o número total de comparações

independentes que podem ser realizadas dentro de um conjunto de dados. O número de graus

de liberdade para um fator é igual ao número de níveis menos um (no de níveis - 1). O número

de graus de liberdade para uma interação entre dois fatores é igual ao produto entre o número

de graus de liberdade de cada fator (MCCONNELL & MCPHERSON, 1997).

O número na designação do arranjo indica o número de graus de ensaios contidos no

mesmo, sendo o número de graus de liberdade disponíveis num certo arranjo equivalente ao

número de ensaios menos um (o arranjo L8 possui 7 graus de liberdade disponíveis) (ROSS,

1991 apud PESSOA, 2009). Um exemplo de matriz ortogonal é ilustrado na Tabela.

Tabela - Matriz ortogonal L8.

Projeto Robusto

Experimento 1 2 3 4 5 6 7

1 1 1 1 1 1 1 1

2 1 1 1 2 2 2 2

3 1 2 2 1 1 2 2

4 1 2 2 2 2 1 1

5 2 1 2 1 2 1 2

6 2 1 2 2 1 2 1

7 2 2 1 1 2 2 1

8 2 2 1 2 1 1 2

O número à esquerda de cada fila é chamado de número do experimento ou número

da distribuição, e vai de 1 a 8. Os alinhamentos verticais são chamados de colunas do arranjo

ortogonal, e todas as colunas contêm quatro vezes os numerais 1 e 2. Quando cada uma das

duas colunas consiste de numerais 1 e 2 e as quatro combinações (11), (12), (21) e (22)

aparecem com a mesma freqüência, diz-se que estas duas colunas estão balanceadas ou são

ortogonais. Existem outros arranjos ortogonais como o arranjo ortogonal L8. Entre os arranjos

Page 32: TCC 2007 parte 3.2

32

ortogonais mais freqüentemente usados estão o L9, L16, L18, L27e L32. Para os propósitos

deste trabalho foi utilizado o arranjo ortogonal L18.

3.12.5 Experimentação e análise

A metodologia do projeto robusto permite ao engenheiro gerar as informações

necessárias para tomar decisões com pouco esforço experimental. O mensuramento da

qualidade durante o projeto e desenvolvimento e a experimentação eficiente para encontrar

informações confiáveis sobre os parâmetros de projeto são duas importantes questões para

serem desenvolvidas no projeto robusto (VIEIRA, 1996 apud PESSOA, 2009).

Objetivo/ meta do experimento:

Procura-se nesta etapa determinar os fatores mais importantes que afetam as

características da qualidade (ou respostas) e conseqüentemente reduzir a variabilidade nas

respostas.

Seleção das características de qualidade:

Identificado o objetivo do experimento, nesta etapa são selecionadas as respostas

apropriadas para o experimento. As respostas de interesse mostram as características que se

quer obter do produto/processo analisado.

Identificação dos fatores de controle e S/R:

Seleção de fatores que podem influenciar as características da qualidade bem como a

seleção dos níveis dos fatores. Fatores de controle são aqueles que podem ser controlados sob

condições normais de produção. Seleção de fatores ruídos. Fatores ruídos são aqueles que

causam variação no desempenho funcional do produto/processo. Seleção de fator sinal. Fator

sinal é aquele que afeta somente a média do processo/produto

Escolha do arranjo ortogonal (AO):

Seleção apropriada do AO de acordo com o número de fatores e seus níveis que

encaixe perfeitamente com o pretendido para o estudo, com economia de tempo, trabalho e

número de ensaios.

Preparação experimental:

Nesta etapa são elaboradas as matrizes de projeto codificadas e descodificadas para o

experimento e análise dos resultados respectivamente.

Análise estatística e interpretação dos resultados:

Page 33: TCC 2007 parte 3.2

33

Na metodologia Taguchi o objetivo sempre é reduzir a variabilidade nas respostas. O

S/R é uma medida do desempenho da variabilidade do produto/ processo na presença dos

fatores ruídos. A idéia é maximizar o S/R e, desse modo, minimizar os efeitos dos fatores

ruídos.

Confirmação experimental:

Alguns ensaios são feitos para a condição ótima e comparados com os resultados

previstos por Taguchi, para concluir se são satisfatórios e válidos.

Para a determinação do intervalo de confiança para o η previsto devem-se seguir os

seguintes passos:

1° Passo: Determinação da variância de erro (σ2e) dado pela Equação 6

σ e2=SQE

gle

Equação 6

Onde:

SQE = soma dos quadrados devido ao erro;

gle = graus de liberdade associados ao erro.

2° Passo: Determinação da variância do erro de previsão pela

A variância do erro de previsão é a diferença entre η do experimento e o ηot previsto,

a qual é composta por duas parcelas. A primeira parcela denominada “erro de repetição dos

experimentos” é o erro associado ao número de repetições para cada condição (cada linha da

matriz ortogonal) enquanto que a segunda parcela denominada de “ erro na previsão de ηot é o

que está associado ao numero de experimentos empregados (tamanho da amostra) para

determinação de ηot e da variância do erro.

σ prev2 =( 1

nr) . σe

2+( 1n0

) .σ e2

Equação 7

Onde:

Page 34: TCC 2007 parte 3.2

34

ηot = valor obtido para η, quando se utiliza os níveis dos fatores de controle previstos para minimizar o critério de qualidade.

nr = numero de repetições para cada condição;

1/n0 = tamanho equivalente da amostra para estimação de ηot obtido pela Equação 8.

1n0

=1n+( 1

nA1

−1n )+( 1

nB3

−1n )+….

Equação 8

Onde:

n é o numero total de experimentos da matriz ortogonal (número de linhas);

nA1 é o numero de repetições do nível A1 dentro de sua coluna na matriz ortogonal;

nB3 é o numero de repetições do nível B3 dentro de usa coluna na matriz ortogonal;

3° Passo: Determinação do desvio padrão associado à previsão ηot (σprev) obtido pela

Equação 9.

σ prev=√σ prev2

3° Passo: Determinação do desvio padrão associado àprevisão ηot (σprev) obtido pela Equação 9

4° Passo: Determinação do intervalo de confiança associado à previsão de ηot

fornecido pela Equação 10.

IC=± 2 . σ prev4° Passo: Determinação do intervalo de confiança

associado à previsão de ηot fornecido pela Equação 10

5° Passo: Determinação do intervalo de confiança com base no ηot fornecido pela

Equação 11

ηmin ≤η ± ≤ ηmax 5° Passo: Determinação do intervalo de

confiança com base no ηot fornecido pela

Equação 11

6° Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de qualidade calculado

através da Equação 12 e da Equação 13

Para calcular os valores máximos e mínimos do intervalo admissível para os critérios

de qualidade utiliza-se a 6° Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de

qualidade calculado através da apresentada abaixo, a qual foi desenvolvida a partir da

Equação 4.

Page 35: TCC 2007 parte 3.2

35

y i=√ni . (10−η /10 )Equação 13

Assim temos que o intervalo admissível para um critério de qualidade qualquer é

dado pela e da Equação 13.

ymin≤ y ≤ ymax Equação 13

Onde:

y = É o critério de qualidade que se deseja calcular.

ymin = É o valor para o critério de qualidade calculado utilizando o valor do ηmin no lugar de η 6° Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de qualidade calculado atravésda Equação 12.

ymax = É o valor para o critério de qualidade calculado utilizando o valor do ηmax no lugar de η 6° Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de qualidade calculado atravésda Equação 12.

CAPÍTULO IV

Page 36: TCC 2007 parte 3.2

36

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capitulo serão apresentados e descritos todos os procedimentos experimentais

empregados nos ensaios, bem como os equipamentos, acessórios e os materiais de consumo

utilizados. O objetivo deste capítulo é reunir as informações necessárias de forma que seja

possível a compreensão e reprodução dos ensaios.

4.1 Materiais de consumo

Os materiais de consumo empregados neste trabalho estão agrupados em três

categorias: corpos de prova, arame eletrodo e gás de proteção.

4.1.1 Corpos de prova

Tanto para os ensaios preliminares quanto para os ensaios definitivos, foram

utilizadas chapas de aço ASTM A36. A Tabela 1 mostra a composição química do aço

segundo o fabricante.

Tabela 1. Composição química (% em peso) dos corpos de prova segundo o fabricante.

ASTM A36

Composição em peso %

C Mn P S

0,18 –

0,230,30 – 0,60 0,030 máx. 0,050 máx

4.1.2 Arame eletrodo.

Foi utilizado como metal de adição o arame eletrodo ER - 317L de 1,2 mm de

diâmetro. A Tabela 2 mostra a composição química do arame segundo o fabricante.

Tabela 2. Composição química do arame eletrodo ER – 317L, segundo o fabricante.

ER – 317L

Composição em peso %

C Si Mn Cr Ni Mo N

0,02 0,4 5,5 19 17,2 4,3 0,16

Page 37: TCC 2007 parte 3.2

37

4.1.3 Gás de proteção

Foi utilizado como gás de proteção, uma mistura gasosa contendo 70% de argônio e

30% de Hélio (70% Ar + 30% He).

4.2 Equipamentos e acessórios

A descrição dos equipamentos e acessórios empregados neste trabalho tem como

objetivo informar as características de cada dispositivo empregado e sua aplicação.

4.2.1 Equipamentos empregados nas soldagens

Serão apresentadas a seguir as características operacionais dos equipamentos utilizados na

realização das soldagens (

).

Figura 7. Bancada experimental. 1) Robô industrial para deslocamento automático da tocha de

soldagem, 2) Fonte de soldagem eletrônica multiprocesso com corrente máxima de 550ª, 3)

Sistema de aquisição de dados, para adquirir os sinais de tensão e corrente, operando na

freqüência de 9600 Hz, 4) Um medidor de velocidade de alimentação – Valim, 5) Mesa de

trabalho.

Page 38: TCC 2007 parte 3.2

38

4.3 Equipamentos para preparação metalográfica

A seguir são descritos os equipamentos utilizados para preparação dos corpos de

prova soldados, para análise metalográfica.

a) Cortadeira.

b) Lixadeira e politriz.

c) Máquina fotográfica digital.

d) Régua metálica graduada.

4.4 Metodologia

A fase experimental foi dividida em três etapas:

1. Estudo exploratório a fim de encontrar faixas de parâmetros de soldagem no modo

corrente constante pulsada, que resultasse em uma soldagem com transferência do tipo

goticular (“spray”), estável e cordões com bom aspecto superficial, esta etapa foi

nomeada de “Ensaios preliminares”.

2. Soldagem dos corpos de prova com os melhores parâmetros selecionados na etapa de

exploração de parâmetros, esta etapa nomeada de “Ensaios definitivos”.

3. Soldagem dos corpos de prova para confirmação dos resultados com base nos

resultados dos ensaios definitivos, esta etapa foi nomeada de “Soldagem de

confirmação”.

4.4.1 Etapa 1 – Ensaios preliminares

Esta etapa consistiu na realização de ensaios exploratórios. Os parâmetros utilizados

nessa etapa foram retirados de uma tese de doutorado, que está sendo realizada no Laboratório

de soldagem da UFC (ENGESOLDA) para soldagem de revestimento utilizando ligas de

níquel. Por se tratar de ligas de composição química diferentes, portanto propriedades físicas

diferentes foram-se necessários os ajustes das velocidades de soldagem, a fim de obter um

arco estável sem a ocorrência de curto-circuito

4.4.2 Etapa 2 – Ensaios definitivos

Esta etapa foi dividida em cinco sub - etapas.

Page 39: TCC 2007 parte 3.2

39

Planejamento experimental: escolha dos fatores de controle e de seus níveis

Seleção das variáveis resposta

Realização das soldagens

Preparação metalográfica e medição das características geométricas e diluição

Realização dos testes de confirmação

Planejamento experimental

Optou-se pelo uso do método Taguchi, que é o método estatístico, que tem a

finalidade de reduzir o número de experimentos sem perder a confiabilidade dos resultados.

Se fosse utilizado um fatorial completo seriam necessários um número elevados de

ensaios para avaliar a influência de todos os fatores de controle e seus níveis.

Sendo assim, escolheram-se os fatores de controle e seus níveis para a elaboração da

planinha de soldagem. Optou-se por utilizar a matriz ortogonal L18, pois com ela permite

avaliar até oito fatores de controle, com dois níveis para o fator A e três níveis para os demais

fatores. Com isso foram definidos os fatores de controle e seus respectivos níveis.

Técnica de energia

Considerando-se que a mesma energia de soldagem (E) pode ser obtida com

diferentes combinações de tensão (U), corrente (I) e velocidade de soldagem (Vs), como

mostra a Equação 14, para uma mesma energia de soldagem. Buscou-se avaliar o efeito

individual da velocidade e corrente de soldagem na diluição, no reforço e na razão R/L.

Foram utilizados três níveis de energia (5,6 kJ/cm, 8,5 kJ/cm e 12 kJ/cm). Cada nível pode ser

obtido por 2 combinações de corrente e velocidade de soldagem, como mostra a Tabela 3.

Desta forma, definiu-se a técnica de energia Tipo I como sendo aquela onde a corrente varia e

a velocidade de soldagem é constante (com valor intermediário V2) e a técnica Tipo V, aquela

em que a velocidade de soldagem varia e a corrente eficaz é constante (com valor

intermediário I2).

E=U × IVs

Equação

14

Page 40: TCC 2007 parte 3.2

40

Tabela 3. Combinações de corrente e velocidade de soldagem para os três níveis de energia

E1, E2 e E3.

Tipo de energiaNíveis de energia

E1 E2 E3

I I1/V2 I2/V2 I3/V2

V I2/V1 I2/V2 I2/V3

Técnica da tocha

O ângulo com que o arco voltaico incide na poça de fusão pode influenciar na

penetração, na diluição e na microestrutura do metal de solda (MACHADO, 1996; SCOTTI e

PONOMAREV, 2008). Para avaliar este efeito, foi definido o fator de controle técnica da

tocha, que corresponde ao ângulo de inclinação da tocha em relação a um eixo perpendicular

ao corpo de prova, contido num plano vertical que passa pelo eixo longitudinal do corpo de

prova. Para avaliar o seu efeito foram adotados três níveis para esta técnica, sendo: tocha com

uma inclinação de 0º, tocha com inclinação de 15º empurrando e tocha com inclinação de 15º

puxando. A Figura 8 mostra as três posições adotadas neste trabalho.

Figura 8. Posições da tocha.

Page 41: TCC 2007 parte 3.2

41

Tipo de tecimento

Para avaliar o efeito do tecimento sobre as variáveis resposta, escolheu-se três níveis

para este fator de controle: soldagem com tecimento triangular (Figura 9), soldagem com

tecimento duplo oito (Figura 10) e soldagem sem tecimento.

Figura 9. Tecimento triangular.

Figura 10. Tecimento em duplo oito.

Forma de onda

Visando avaliar o efeito da forma de onda nas variáveis resposta, usou-se os

seguintes modos de pulsação: simples (Figura 11) com uma corrente de pico alta e com uma

corrente de pico baixa e pulsação com degrau com corrente de pico média (Figura 12).

Figura 11. Forma de onda da corrente pulsada simples.

Page 42: TCC 2007 parte 3.2

42

Figura 12. Forma de onda da corrente pulsada com degrau.

Energia de soldagem

Definiu-se três níveis de energia de soldagem, sendo: um baixo (5,6 kJ/cm), um

médio (8,5 kJ/cm) e alto (12 kJ/cm) para isso definiu-se a energia de soldagem para avaliar o

seu efeito nas características geométricas e diluição.

Escolha da matriz experimental - ortogonal L18 (método Taguchi)

A matriz ortogonal selecionada para o experimento (Tabela 4) foi a L18 que permite

avaliar até oito fatores de controle, com dois níveis para o fator A e três níveis para os demais

fatores. Os fatores de controle e seus níveis foram escolhidos com base em que todos eles

podem influenciar significativamente as características finais do cordão de solda.

Tabela 4. Matriz ortogonal L18.

Ensaios

Fatores de Controle

Técnica de

Energia

Técnica

da Tocha

Tipo de

Tecimento

Forma de

Onda Energia

1 1 1 1 1 1

2 1 1 2 2 2

3 1 1 3 3 3

4 1 2 1 1 2

5 1 2 2 2 3

6 1 2 3 3 1

Page 43: TCC 2007 parte 3.2

43

7 1 3 1 2 1

8 1 3 2 3 2

9 1 3 3 1 3

10 2 1 1 3 3

11 2 1 2 1 1

12 2 1 3 2 2

13 2 2 1 2 3

14 2 2 2 3 1

15 2 2 3 1 2

16 2 3 1 3 2

17 2 3 2 1 3

18 2 3 3 2 1

Parâmetros de soldagem

Foi montada uma planilha L18 (Tabela 5) com os parâmetros de soldagem utilizados

nos ensaios preliminares.

Tabela 5. Planilha L18 com os parâmetros de soldagem utilizados nos ensaios exploratórios.

EnsaioTE

TT

TC

FO

EI/Vs

IpVs/Ief

Ief Im Ip tpIpb

tpb

Ib tb E U Vs FpValim

1 1 1 1 1 1 I1 Alto 0,4 149,8 96,4380

1,8

0 0 50 11 5,625

0,4

78,1 3,5

2 1 1 2 2 2 I2 Baixo 0,4 195,4 174,1280

2,8

0 0100

4 8,529

0,4

147,1

6,1

3 1 1 3 3 3 I3Médi

o0,4 250,4 231

320

3,8

180

1,5100

2 1232

0,4

137 9,1

4 1 2 1 1 2 I2 Alto 0,4 194,8 158,2380

2,1

0 0100

8 8,529

0,4

99 6,1

5 1 2 2 2 3 I3 Baixo 0,4 248,9 245,7280

4 0 0200

311,9

32

0,4

142,9

9,1

6 1 2 3 3 1 I1Médi

o0,4 148,7 108,7

320

2140

1,5 50 8 5,625

0,4

87 3,5

7 1 3 1 2 1 I1 Baixo 0,4 148,9 109,6280

2,8

0 0 50 8 5,625

0,4

92,6 3,5

8 1 3 2 3 2 I2Médi

o0,4 198,2 174,5

320

3180

2100

6 8,629

0,4

90,9 6,1

9 1 3 3 1 3 I3 Alto 0,4 252,5 212380

3 0 0100

4,5

12,1

32

0,4

133,3

9,1

10 2 1 1 3 3 V1Médi

o195 195,2 170

320

3,2

140

2100

612,1

29

0,3

89,3 6,1

Page 44: TCC 2007 parte 3.2

44

11 2 1 2 1 1 V3 Alto 195 196,8 134,3380

2,4

0 0 50 7 5,729

0,6

106,4

6,1

12 2 1 3 2 2 V2 Baixo 195 195,4 174,1280

2,8

0 0100

4 8,529

0,4

147,1

6,1

13 2 2 1 2 3 V1 Baixo 195 195,4 174,1280

2,8

0 0100

412,1

29

0,3

147,1

6,1

14 2 2 2 3 1 V3Médi

o195 195 170,9

320

3160

2100

6 5,729

0,6

90,9 6,1

15 2 2 3 1 2 V2 Alto 195 194,8 158,2380

2,1

0 0100

8 8,529

0,4

99 6,1

16 2 3 1 3 2 V2Médi

o195 194,7 170,8

320

3,2

180

2100

7 8,529

0,4

82 6,1

17 2 3 2 1 3 V1 Alto 195 193,1 130,9380

2,6

0 0 50 8 1229

0,3

94,3 6,1

18 2 3 3 2 1 V3 Baixo 195 195,9 174,6280

3,4

0 0100

4,8

5,729

0,6

122 6,1

Legenda: TE: técnica de energia (TE 1-velocidade de soldagem constante, TE 2-corrente

constante); TT: técnica tocha (TT 1-0º vertical, TT 2-15º empurrando, TT 3-15º puxando);

TC: tipo de tecimento (TC 1-sem tecimento, TC 2-tecimento triangular, TC 3-tecimento em

duplo oito); FO: forma de onda (FO 1-pulsada com a corrente de pico alta, FO 2-pulsada

com a corrente de pico baixa, FO 3-pulsada com degrau e corrente de pico média); E:

energia de soldagem (E1-energia baixa, E2-energia média, E3-energia alta).

Variáveis respostas (critérios de qualidade)

As variáveis adotadas como critério de qualidade para julgar se a combinação dos

níveis dos fatores de controle são aceitáveis foram:

Razão reforço-largura (R/L)

Razões reforço/largura altas proporcionam concentrações de tensão no pé do cordão

de solda, bem como favorece a ocorrência de defeitos como a falta de fusão, que são

indesejáveis na soldagem de revestimento. Esse critério é do tipo menor é melhor.

Diluição

Umas das aplicações da soldagem de revestimento é a proteção contra corrosão, por

isso é importante controlar a participação do metal de base na composição do metal de solda

(diluição elevada prejudica a resistência a corrosão do revestimento). Esse critério é do tipo

menor é melhor.

Reforço

Page 45: TCC 2007 parte 3.2

45

Com relação ao reforço, dependendo do tipo de equipamento, é exigida uma

espessura mínima para o revestimento. Com base no exposto, a função objetiva adotada

(relação sinal/ruído) é do tipo quanto maior melhor.

Realização das soldagens

As soldagens foram realizadas na posição plana por simples deposição, sobre chapas

de aço carbono ASTM A36 com dimensões de 200 x 50 x 6 mm, com eletrodo na polaridade

positiva, uma DBCP de 20mm e uma vazão de gás de proteção de 25 L/mim.

Preparação metalográfica e medição das características geométricas e diluição

Para a medição e a caracterização das características geométricas e da diluição de

cada cordão, foram retirados duas amostras de 10mm de comprimento, uma se deu a 30mm

do inicio do cordão e a outra amostra se deu 30mm do final do cordão de solda.

As amostras após cortadas foram lixadas (da granulação 100 até a granulação 1200),

polidas com pasta de diamante de 3µm e em seguidas atacadas quimicamente com Nital 2%

por um período de 15s, para melhor visualização do perfil geométrico.

Após o ataque as amostras foram fotografadas para em seguida serem medidas

através de um software de analise de imagens o reforço, a largura, a penetração e diluição.

Testes de confirmação

Depois de feitas todas as medições e avaliados os resultados, fez-se os chamados

testes de confirmação, para avalizar se aquela característica avaliada, segundo os critérios do

método de Taguchi está dentro do critério de aceitação do teste.

CAPÍTULO V

Page 46: TCC 2007 parte 3.2

46

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Resultados

5.1.1 Aspecto visual

De uma maneira geral os corpos de prova da planilha L18 apresentaram um bom

aspecto superficial, com pouco ou quase nenhum respingo. A Figura 13 mostra o aspecto

superficial do corpo de prova 1 da planinha L18, onde todos os fatores de controle estavam no

nível (11111), ou seja, a energia do Tipo I, a tocha na posição vertical, sem tecimento,

corrente pulsada com Ip alto e energia de soldagem baixa. Este corpo de prova foi um dos que

apresentou os melhores valores de diluição da planinha L18, ele apresentou um valor de 25,71

%. A Figura 14 mostra a seção transversal do cordão de solda.

Figura 13. Aspecto superficial do cordão de solda do Ensaio 1

.

Figura 14. Seção transversal do cordão de solda para o Ensaio 1.

Todos os cordões apresentaram baixas razões R/L, principalmente nas soldagens com

tecimento, tanto triangular quanto duplo 8. A Figura 15 mostra respectivamente a superfície e

a seção transversal do corpo de prova 2 e a Figura 16 mostra respectivamente a superfície e

seção transversal do corpo de prova 12. O ensaio 2 foi realizado com os fatores de controle

nos níveis (11222), ou seja, energia tipo I, tocha na posição vertical, tecimento triangular,

corrente pulsada com Ip baixo e energia de soldagem média. Já o ensaio 12 foi realizado com

os fatores de controle nos seguintes níveis (21322), ou seja, energia tipo V, tocha na posição

Page 47: TCC 2007 parte 3.2

47

empurrando, corrente pulsada com degrau e corrente de pico média e energia de soldagem

média.

Figura 15. Aspecto superficial do cordão de solda do Ensaio 2.

Figura 16. Seção transversal do ensaio 2.

Figura 17.Seção transversal do cordão de solda do Ensaio 12.

Figura 18. Seção transversal do cordão de solda do Ensaio 12.

Alguns cordões com tecimento duplo 8 apresentaram descontinuidades na largura do

cordão de solda. A Figura 19 exemplifica esse fato. Isso pode ter sido causado por um alto

comprimento de oscilação, aliada com uma baixa velocidade de alimentação.

Page 48: TCC 2007 parte 3.2

48

Figura 19. Descontinuidades na largura do cordão de solda.

5.2 Características geométricas dos ensaios da planinha L18.

A Tabela 6 mostra os valores de diluição, reforço, largura, razão R/L e do produto

Dx(R/L) obtidos para cada ensaio da planilha L18. De cada ensaio foram retiradas duas

amostras uma no inicio e outra no fim do cordão, que foram aqui chamadas de En - I e En – F.

A partir destes dados, pôde-se fazer uma análise usando o projeto robusto de Taguchi para

encontrar os melhores parâmetros de soldagem para a aplicação em revestimentos, tendo com

base as seguintes características de qualidade: diluição, reforço e razão R/L.

Tabela 6. Valores obtidos das variáveis respostas.

Ensaio R (mm) L (mm) P (mm) D (%)(R/

L)D x (R/L)

E1 - I 2,3 7,1 1,0 18,25 0,32 5,82

E1 - F 1,9 7,5 1,2 25,71 0,26 6,63

E2 - I 1,8 14,7 1,3 40,46 0,12 4,91

E2 - F 1,9 15,4 1,3 37,15 0,12 4,59

E3 - I 2,3 18,2 2,1 44,89 0,13 5,70

E3 - F 2,2 17,5 1,9 45,08 0,13 5,65

E4 - I 2,2 10,8 2,2 39,11 0,21 8,07

E4 - F 2,2 10,7 2,0 38,03 0,21 7,82

E5 - I 2,0 20,8 2,8 47,27 0,10 4,68

E5 - F 1,9 20 2,3 53,49 0,10 5,25

E6 - I 1,4 11,5 0,3 14,07 0,12 1,73

E6 - F 1,5 11,8 0,6 21,51 0,12 2,67

E7 - I 2,0 7,9 1,3 25,05 0,26 6,59

E7 - F 1,9 8,3 0,9 23,15 0,23 5,39

Page 49: TCC 2007 parte 3.2

49

E8 - I 2,2 12 1,0 28,21 0,19 5,28

E8 - F 2,3 12,49 0,80 23,63 0,18 4,27

E9 - I 2,8 13,92 1,30 32,43 0,20 6,59

E9 - F 2,3 15,34 1,5 43,07 0,15 6,34

E10 - I 2,7 13,07 2,4 38,39 0,21 8,09

E10 - F 2,7 13,10 2,5 38,58 0,20 7,88

E11 - I 1,9 9,67 1,4 32,00 0,20 6,29

E11 - F 1,8 9,09 1,2 33,82 0,20 6,67

E12 - I 1,7 15,51 0,9 35,14 0,11 3,85

E12 - F 1,7 15,22 1,1 36,77 0,11 4,12

E13 - I 2,3 14,60 2,5 43,09 0,16 6,70

E13 - F 2,5 13,83 2,5 40,39 0,18 7,21

E14 - I 1,6 13,18 1,2 38,67 0,13 4,84

E14 - F 1,5 12,32 1,1 39,20 0,12 4,87

E15 - I 1,7 16,74 1,1 34,90 0,11 3,67

E15 - F 1,7 15,45 1,0 35,21 0,11 3,82

E16 - I 2,4 12,33 2,1 34,84 0,20 6,89

E16 - F 2,3 12,64 1,8 34,83 0,18 6,42

E17 - I 2,6 12,84 0,6 14,37 0,20 2,92

E17 - F 2,4 13,65 0,9 15,98 0,18 2,86

E18 - I 1,7 10,45 1,2 34,60 0,16 5,65

E18 - F 1,7 10,49 1,3 38,37 0,17 6,44

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50

5.3 Análise da característica da qualidade diluição (D) na planinha L18.

Pela análise da Tabela 7 e da Figura 20 podem-se chegar às seguintes conclusões:

Tabela 7. Análise de variância da qualidade diluição (D).

Análise de variância - α

Fator de controle Nível de α

TE 0,58

TT 0,12

TC 0,92

FO 0,14

E 0,09

Figura 20. Valores de para cada nível dos fatores de controle considerando a característica

da qualidade diluição.

Nenhum dos fatores de controle influencia significativamente no critério de

qualidade diluição, onde mesmo variando os fatores de controle e seus níveis, não há muita

variação no valor da diluição. Como os valores de diluição deram muito acima do desejado

Page 51: TCC 2007 parte 3.2

51

para a soldagem de revestimento, desconfiou-se que era devido a pequena espessura do corpo

de prova (6 mm), pois para pequenas espessuras, o fluxo de calor na chapa se deslocaria mais

rápido, fazendo que fosse necessário uma menor quantidade de calor para fundir o material de

base, uma vez que a chapa a frente da poça de fusão estará a uma temperatura maior que a do

inicio da soldagem. Então para avaliar a influencia da espessura da chapa fez-se dois testes

em uma chapa de mesma dimensão, porém com uma espessura de 12,7 mm, o primeiro para a

condição 1 da Tabela 5 e o segundo para a condição 5 também da Tabela 5, os quais

apresentaram diluições de 25,71% e 53,49% respectivamente. Os valores de diluição obtidos

pelos novos ensaios foram de 23,34% e 51,12% respectivamente, valores estes muito

próximos dos obtidos para as chapas de 6mm de espessura. Assim chegou-se a conclusão de

que a espessura da chapa não influenciou nos valores de diluição e sim os parâmetros

utilizados para a criação da planinha L18. A Figura 21 mostra as seções transversais dos

corpos de prova do ensaio E1 e da soldagem do corpo de prova da chapa de 12,7 mm para a

condição 1 e a Figura 22 mostra as seções transversais dos corpos de prova do ensaio E5 e da

soldagem do corpo de prova da chapa de 12,7 mm para a condição 5.

Figura 21. Seções transversais do ensaio E1 à esquerda e da soldagem da chapa de 12,7mm na

condição 1 à direita.

Figura 22. Seções transversais do ensaio E5 à esquerda e da soldagem da chapa de 12,7mm na

condição 5 à direita.

Os níveis dos fatores de controle que maximizam a função η para a diluição são:

Técnica da energia (TE) no Nível 1 (energia Tipo I).

Técnica da tocha (TT) no Nível 3 (posição puxando).

Tipo de tecimento (TC) no Nível 2 (tecimento triangular).

Page 52: TCC 2007 parte 3.2

52

Forma de onda (FO) no Nível 1 (corrente pulsada com Ip alto).

Energia de soldagem (E) no Nível 1 (energia baixa).

A energia de soldagem do Tipo I (Nível 1) tem um efeito um pouco maior que a do

Tipo V (Nível 2), porém como a variação da função η para a técnica da energia é praticamente

nenhuma, então se pode utilizar tanto a energia tipo I como a tipo V para o critério da

diluição.

A técnica da tocha, que daria o melhor valor de diluição, seria obtida pela tocha na

posição puxando e a que daria a maior diluição seria a tocha na posição empurrando, o que

contraria a literatura, que diz que a tocha na posição empurrando daria uma diluição menor

que a tocha na posição puxando (SCOTTI & PONOMAREV, 2008). Uma explicação para

que a tocha na posição puxando dar uma menor diluição, em relação à tocha na posição

empurrado, é a alta viscosidade da liga, isso quer dizer que a poça de fusão tem uma baixa

molhabilidade e atua como uma barreira para o metal de base, impedindo o arco elétrico de

agir diretamente sobre ele.

O tipo de tecimento que mais influenciou foi o tecimento triangular, porém a tocha

sem tecimento também poderia ser usada para o critério de baixa diluição, devido à pequena

variação da função η para esse critério.

A forma de onda com Ip alto foi o que mais influenciou a diluição dentro do fator de

controle da forma de onda e o que menos influenciou foi a forma de onda com Ip baixo.

A energia de soldagem baixa foi a que mais influenciou dentro do critério de energia,

seguido pela energia média e o que menos influenciou foi a energia mais alta, o que está de

acordo com a literatura que diz que baixos valores de energia implicam em baixos valores de

diluição.

Page 53: TCC 2007 parte 3.2

53

5.4 Analise da característica da qualidade da razão R/L na planinha L18.

Pela analise da Tabela 8 e da Figura 23, pode-se chegar às seguintes conclusões:

Tabela 8. Análise de variância da qualidade R/L.

Análise de variância - α

Fator de controle Nível de α

TE 0,24

TT 0,00

TC 0,00

FO 0,00

E 0,00

Figura 23. Valores de para cada nível dos fatores de controle considerando a característica

da qualidade R/L.

Todos os fatores de controle menos a técnica da energia influenciaram estatisticamente

Page 54: TCC 2007 parte 3.2

54

o critério da qualidade R/L.

Os níveis dos fatores de controle que maximizam a função η para a razão R/L são:

Técnica da energia (TE) no Nível 2 (energia Tipo V).

Técnica da tocha (TT) no Nível 2 (posição empurrando).

Tipo de tecimento (TC) no Nível 1 (tecimento duplo 8).

Forma de onda (FO) no Nível 1 (corrente pulsada com Ip baixo).

Energia de soldagem (E) no Nível 2 (energia média).

A técnica da energia tipo V influenciou um pouco mais significativamente o critério

de qualidade R/L do que a técnica da energia tipo I.

A técnica da tocha empurrando, influenciou mais que a tocha na posição vertical e

puxando, respectivamente, isso está de acordo com a literatura, pois com a tocha nessa

posição, o arco provoca um pré - aquecimento do metal base a frente da poça de fusão, que

está se formando, isso faz com que aumente a molhabilidade da poça de fusão, levando a um

cordão com maior largura, mas com menor penetração (SCOTTI & PONOMAREV, 2008).

O tipo de tecimento que mais influenciou o critério de qualidade R/L foi o tecimento

duplo 8, seguido do tecimento triangular e por último sem tecimento, isso está de acordo com

a literatura, pois com o tecimento é possível aquecer mais as laterais do metal base,

aumentando a molhabilidade da poça de fusão no metal base, o que implicará cordões com

maior largura e menor reforço. O fato de o tipo de tecimento duplo oito influenciar um pouco

mais na razão R/L deve-se ao fato de que ele aquece mais a poça de fusão devido ao seu

movimento oscilatório, o que significa melhorar ainda mais a molhabilidade da poça de fusão.

A forma de onda com corrente de pico baixa foi a que teve a maior influência no

critério de qualidade R/L seguido, pela corrente de pico média com degrau e o que menos

influenciou foi à corrente de pico alta. A corrente de soldagem está diretamente relacionada

com a taxa de fusão do arame eletrodo, para uma mesma velocidade de soldagem, quanto

menor a corrente menor será a taxa de deposição, conseqüentemente menor será o reforço do

cordão de solda. (menor R/L).

A energia que mais afetou a razão R/L foi a energia média (8,5kJ/cm), seguido da

energia alta (12kJ/cm) e por último a energia baixa (5kJ/cm). Pode – ser ver na Figura 23, que

o valor de η para energia teve pouca variação para as energias de 8,5kJ/cm e 12kJ/cm.

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55

5.5 Analise da característica da qualidade reforço na planinha L18.

Pela análise da Tabela 9 e da Figura 24, pode-se chegar às seguintes conclusões:

Tabela 9. Análise de variância da qualidade Reforço.

Análise de variância - α

Fator de controle Nível de α

TE 0,522

TT 0,00

TC 0,00

FO 0,00

E 0,00

Figura 24. Valores de para cada nível dos fatores de controle considerando a característica

da qualidade Reforço (R).

Todos os fatores de controle, menos a técnica da energia influenciaram

estatisticamente o critério da qualidade Reforço (R).

Page 56: TCC 2007 parte 3.2

56

Os níveis dos fatores de controle que maximizam a função η para o reforço são:

Técnica da energia (TE) no Nível 1 (energia Tipo I).

Técnica da tocha (TT) no Nível 3 (posição puxando).

Tipo de tecimento (TC) no Nível 1 (tecimento duplo 8).

Forma de onda (FO) no Nível 1 (corrente pulsada com Ip baixo).

Energia de soldagem (E) no Nível 3 (energia média).

A mudança da técnica de energia do Tipo I (Nível 1) para o Tipo V (Nível 2),

praticamente não influencia o reforço, pois a variação de em torno da média é muito

pequena. Isso significa que tanto a técnica da energia tipo I, quanto à técnica tipo V, podem

ser utilizadas para atingir o maior reforço.

A técnica da tocha que mais influenciou, na posição puxando, seguido pela tocha na

posição normal e por último a tocha na posição empurrando. Segundo a literatura, a tocha na

posição puxando, o jato de plasma empurraria a poça de fusão para trás e incidiria

diretamente no metal base, porém devido a alta viscosidade da liga, o arco não conseguiria

agir diretamente no metal base e causaria uma sobreposição de metal fundido na poça de

fusão, o que aumentaria o reforço. (SCOTTI & PONOMAREV, 2008).

O tipo de tecimento que mais influenciou, foi o sem tecimento seguido pelo

tecimento triangular e por ultimo o tecimento duplo 8. Sem tecimento não ha um pré-

aquecimento das laterais do metal de base, o que significa pouca molhabilidade da poça. Há

também o fato de que sem tecimento há uma maior incidência de sobreposição da poça de

fusão, principalmente para baixas velocidades de soldagem, o que acarreta altos valores de

reforço.

A forma de onda que mais afetou o critério da qualidade reforço, foi a com Ip alto,

seguido do Ip médio com degrau e o que menos influenciou foi o Ip baixo. Corrente elevadas

proporcionam uma maior taxa de fusão do arame eletrodo, mantendo as demais variáveis

constantes, por isso para correntes mais elevadas serão atingidos maiores valores de reforço.

A energia no seu nível 3 (12kJ/cm) foi a que mais influenciou no reforço, seguido

pela energia no seu nível 2 (8,5kJ/cm) e por último, a que causou menor variação no reforço

foi a energia no nível 1 (5,6kJ/cm). Esses resultados estão de acordo com a literatura, pois

maiores energias significam maiores quantidades de calor e conseqüentemente maiores taxas

Page 57: TCC 2007 parte 3.2

57

de fusão do arame eletrodo, que ocasionam uma maior sobreposição do metal de solda,

principalmente para baixos valores de velocidade de soldagem, aqui no caso 0,3m/mim.

5.6 Testes de confirmação

Uma das grandes vantagens da utilização do método Taguchi, além da redução no

número de ensaios, é o de prevê a combinação de fatores que fornecem uma resposta ótima de

cada fator de controle, que é conseguido através da otimização da função sinal/ruído que é

conhecida como a função objetivo .

5.6.1 Teste de confirmação para a diluição

De acordo com o método Taguchi a combinação de ensaios que daria o menor valor

de diluição seria o seguinte: (13211), ou seja, energia tipo I, tocha na posição puxando,

tecimento triangular, forma de onda com Ip alto e baixa energia. Como esse ensaio não estava

contemplado na Tabela 5, foi necessária a sua realização. De acordo com a Equação 3, o valor

de diluição atingido por esse ensaio seria 19,65% com intervalo de confiança de 11,74 -

32,86. O valor encontrado no ensaio de confirmação foi de 19,1%, que está dentro do

intervalo de confiança. Isso significa que o critério diluição pode ser avaliado com segurança

pelo método Taguchi. Vale lembrar que o critério de diluição é do tipo quanto menor melhor.

Então de posse dessas informações pode-se calcular o intervalo de confiança para o

critério qualidade Diluição (D).

Os valores do SQE e gle foram obtidos através de um software estatístico, cujos

valores são: 186,94 e 26 respectivamente.

σ e2=SQE

gle

=186,9426

=7,19

Para a determinação da variância do erro de previsão (σ2prev), calculou-se seus dois

termos separadamente: primeiro calculou-se o erro de repetição dos experimentos (1ª parcela

da Equação 7) e depois calculou-se o erro na previsão ηot (2ª parcela da Equação 7).

( 1nr

). σ e2=( 1

2 ) x7,19=3,595

Onde nr é igual a 2, pois foram duas amostras de cada corpo de prova

Page 58: TCC 2007 parte 3.2

58

1n0

=1n+( 1

nA1

−1n )+( 1

nB3

−1n )+( 1

nC 2

−1n )→ 1

36+( 1

12−

136 )+( 1

12−

136 )+( 1

12−

136 )→

1n0

=0,1944

Onde:

n = 36, pois apesar de se tratar de uma L18, ou seja, 18 linhas, mas foram retiradas duas

amostras de cada corpo de prova, totalizando 36 linhas na matriz.

nA1 = 12, corresponde ao nível 3 do fator de controle técnica da tocha, que aparece 12 vezes

nas 36 linhas da matriz.

nB3 = 12, corresponde ao nível 1 do fator de controle forma de onda, que aparece 12 vezes nas

36 linhas da matriz

nC2 = 12, corresponde ao nível 1 do fator de controle energia, que aparece 12 vezes nas 36

linhas da matriz.

Assim o valor de (σ2prev) a partir da Equação 7 é:

σ prev2 =4,99

De posse do valor de σ2prev, o valor de σprev foi calculado através da 3° Passo: Determinação do

desvio padrão associado à previsão ηot (σprev) obtido pela Equação 9.

σ prev=√4,99 → σ prev=2,2345

Com base na 4° Passo: Determinação do intervalo de confiança associado à previsão de ηot

fornecido pela Equação 10e no valor do σprev calculou-se o valor de IC.

IC=± 2. σ prev → IC=± 2x 2,2345 → IC=± 4,469

A partir do IC e utilizando a 5° Passo: Determinação do intervalo de confiança com

base no ηot fornecido pela Equação 11 chegou-se ao intervalo de confiança com base no ηot,

cujo valor para a diluição é de -25,86, então:

ηmin ≤η ≤ ηmax →−21,39 ≤ η ≤−30,33

Com o intervalo de confiança, pode-se calcular o intervalo admissível utilizando a 6°

Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de qualidade calculado através da

Equação 12.

Cálculo do Dmin:

Page 59: TCC 2007 parte 3.2

59

y i=√ni . (10−η /10 ) → y i=√1. (10−21,39/10) → Dmin=11,74

Calculo do Dmax:

y i=√ni . (10−η /10 ) → y i=√1. (10−30,33/10) → Dmin=32,86

Onde:

Dmin = é a diluição pela 6° Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de

qualidade calculado através da Equação 12 utilizando o valor de ηmin

Dmax = é a diluição pela 6° Passo: Determinação do intervalo admissível para o critério de

qualidade calculado através da Equação 12utilizando o valor de ηmax

E por fim utilizando a Equação 14, calculou-se o intervalo admissível para a diluição

na matriz L18.

ymin≤ y ≤ ymax → Dmin ≤ D ≤ Dmax → 11,74≤ D ≤32,86

5.6.2 Teste de confirmação para a razão R/L

De acordo com o método Taguchi a combinação de ensaios que daria o menor valor

de razão R/L seria o seguinte: (22322), ou seja, energia tipo V, tocha na posição empurrando,

tecimento duplo 8, forma de onda com Ip baixo e energia média. Como esse ensaio não estava

contemplado na Tabela 5, foi necessária a sua realização. De acordo com a Equação 3, o valor

da razão R/L atingido por esse ensaio seria 0,09 com intervalo de confiança de 0,08 – 0,11, o

qual foi calculado seguindo os mesmos passos mostrado acima, para um SQE de 20,8, gle de

26 e um valor de ηot de 21,1. O valor encontrado no ensaio de confirmação foi também de

0,09. Isso significa que o critério razão R/L pode ser avaliado com segurança pelo método

Taguchi. Vale lembrar que o critério razão R/L é do tipo quanto menor melhor

5.6.3 Teste de confirmação para o reforço

De acordo com o método Taguchi a combinação de ensaios que daria o maior valor

do reforço seria o seguinte: (13113), ou seja, energia tipo I, tocha na posição puxando, sem

tecimento, forma de onda com Ip alto e energia alta. Como esse ensaio não estava

contemplado na Tabela 5, foi necessária a sua realização. De acordo com a Equação 4, o valor

do reforço atingido por esse ensaio seria 3,1mm com intervalo de confiança de 2,79 – 3,37, o

qual foi calculado seguindo os mesmos passos acima, para um valor de SQE de 6,284, gle de

Page 60: TCC 2007 parte 3.2

60

26 e um valor de ηot de 9,744 . O valor encontrado no ensaio de confirmação foi de 2,97mm, o

que está dentro do intervalo de confiança. Isso significa que o critério reforço pode ser

avaliado com segurança pelo método Taguchi. Vale lembrar que o critério reforço é do tipo

quanto maior melhor.

CAPÍTULO VI

Page 61: TCC 2007 parte 3.2

61

6 CONCLUSÃO

Os parâmetros utilizados na elaboração da planinha L18 não foram adequados para a

soldagem de revestimento, pois apresentaram valores de diluição muito acima do

aceitável para tal finalidade, apesar de apresentarem baixos valores de razão R/L e

bons níveis de reforço.

Os cordões, em geral apresentaram um bom acabamento superficial, isento de

descontinuidades.

O método estatístico Taguchi se mostrou eficiente para otimização do processo.

CAPÍTULO VII

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62

7 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Realizar ensaios preliminares com o intuito de encontrar um conjunto de parâmetros

para compor uma nova planinha L18.

Realizar a caracterização metalúrgica dos corpos de prova.

Fazer levantamento de custos de cada corpo de prova.

Capítulo VIII

Page 63: TCC 2007 parte 3.2

63

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