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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Tijucas 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CASSIANE TASSO SARTORI

EXECUÇÃO:

A Evolução da Penhora on line

Tijucas

2009

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CASSIANE TASSO SARTORI

EXECUÇÃO:

A Evolução da Penhora on line

Monografia apresentada como requisito parcial para a

obtenção do título de Bacharel em Direito, pela

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências

Sociais e Jurídicas, campus Tijucas.

Orientador: Esp. Aldo Bonatto Filho.

Tijucas

2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CASSIANE TASSO SARTORI

EXECUÇÃO:

A Evolução da Penhora on line

Tijucas

2009

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CASSIANE TASSO SARTORI

EXECUÇÃO:

A Evolução da Penhora on line

Monografia apresentada como requisito parcial para a

obtenção do título de Bacharel em Direito, pela

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências

Sociais e Jurídicas, campus Tijucas.

Orientador: Esp. Aldo Bonatto Filho.

Tijucas

2009

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CASSIANE TASSO SARTORI

EXECUÇÃO:

A Evolução da Penhora on line

Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Direito e

aprovada pelo Curso de Direito do Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, campus Tijucas.

Direito Público/Direito Processual Civil

Tijucas, 29 de junho de 2009.

Esp. Aldo Bonatto Filho

Orientador

Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas

Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica

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A

Dedico esta monografia àqueles que se uniram e se empenharam para

que eu tivesse uma graduação superior (Minha família).

Por toda a história de vida, por todas as lutas, por todas as alegrias

comemoradas e proporcionadas, Dedico a quem dedicou tudo para

mim, MEUS PAIS!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que em todos os momentos me acompanha e, nos mais difíceis carregou-me em seus

braços.

Agradeço àqueles que me ensinaram como ser uma pessoa melhor; que me ensinaram a ter

profissionalismo; que me ensinaram a ter um pouco mais de paciência; que me ensinaram a

ser compreensivo; que me ensinaram que o próximo passo pode sim ser dado; que me

ensinaram que eu posso dar sempre um pouco mais de mim; que me ensinaram que os dias

ficam bem melhores com sorrisos; que me ensinaram que as oportunidades também podem

ser conquistadas, não é apenas golpe de sorte; que me ensinaram que educação vem de casa, e

agradeço àqueles que me deram tão boa educação.

Agradeço imensamente ao meu orientador professor Especialista Aldo Bonatto Filho e a todo

corpo docente da Univali, que me proporcionaram tanto conhecimento,

Agradeço Especialmente ao meu noivo, JOTA LINHARES pela sua compreensão, pelo seu

incentivo diário, e principalmente por fazer com que a cada dia eu me torne uma pessoa

melhor!

Agradeço em especial aos meus sogros ELMO E MARCIA LINHARES pelo carinho, pela

amizade, pelo apoio, pela atenção e principalmente por me incentivarem a concretizar meus

sonhos, e por acreditarem em mim.

AGRADEÇO MUITO aos meus preciosos pais, que me ensinaram que acima de tudo há um

DEUS; que a vontade é a força que te leva a concretizar sonhos e que os nossos atos devem

ser medidos por aquilo que acreditamos e não apenas pelos resultados.

Por que os meus atos me trouxeram até aqui, e estão me impulsionando para muito além!

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca

do mesmo.

Tijucas, 29 de junho de 2009.

Cassiane Tasso Sartori

Graduando(a)

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RESUMO

Esta monografia possui como tema a Evolução da Penhora on line na Execução Processual

Civil. A instigação à pesquisa do instituto, realizado via Bacen Jud, deve-se ao fato de ser

recente, aliado às divergências existentes entre doutrinadores e juristas, que alegam a (in)

constitucionalidade da Penhora on line, e a ordem preferencial da medida, eis que enquanto

uns aplicavam-na como medida primeira; outros, tão somente quando esgotadas as demais

formas de constrição. O desenvolvimento do tema foi delineado inicialmente com a evolução

da Execução a partir do direito romano, chegando ao Brasil, onde foram mantidas as vias de

execução fixadas pelo Código de Napoleão, sendo alteradas com o advento do Código de

Processo Civil em 1973, chegando-se às últimas alterações procedidas, tal como a

implementação da fase de cumprimento de sentença, eliminando o processo autônomo até

então existente, para a execução de título executivo judicial, surgindo assim duas vias de

execução: cumprimento de sentença e ação de execução. Após apresenta-se os requisitos para

propositura e as fases processuais da execução. Chegando-se ao ápice da pesquisa que é o

estudo da Penhora on line e do Bacen Jud, viabilizando a exposição da Evolução da Penhora

eletrônica, demonstrando-se a metodologia dedutiva empregada, concluindo que apesar de

aparentemente estar fixado que os magistrados devem aplicar o instituto penhora on line com

precedência às demais formas de constrição, o instituto está em constante evolução. É o que

se observa com a tentativa da ANAMATRA, de vetar a aprovação de lei que altera a ordem

estabelecida em determinado caso.

Palavra-chave: Penhora on line. Bacen Jud. Execução Processual Civil.

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ABSTRACT

This paper studies the evolution of the On Line Distraint in the Civil Procedure Execution.

The interest in researching this theme, done via Bacen Jud, is due to the fact that this is a

recent procedure, besides there are disagreements between writers and jurists who claim the

On Line Distraint to be unconstitutional. There are also disagreements concerning the

preferencial order of this procedure: some use it as the first procedure while others only when

the rest of the constriction acts have already been used. The development of the subject began

with the study of the evolution of the Enforcement Acts in the Roman Law and later, in Brazil

, where the Enforcement Acts existing in Napoleon Code were maintened. It continues with

the Civil Procedure Code of 1973, when they were altered, getting to the latest changes: the

implementation of the fase of sentence execution, which eliminated the autonomous process

which existed until then, being substituted by the execution of judicial executive title. Two

means of execution came forth: sentence execution and execution lawsuit. Next, the

requirements for the initial proposition and the enforcement procedures fases are presented.

Thus comes the research mainspring which is the On Line Distraint and the Bacen Jud

beginning with the Evolution of the Electronic Distraint, continuing with the deductive

methodology used, concluding that although it seems to be established that judges should

apply the On Line Distraint preceeding the other constriction forms, this institute is in

constant evolution. This can be observed by the ANAMATRA effort to veto the approval of

the law which alters the established order in a specific case.

Key Words: On Line Distraint. Bacen Jud. Civil Procedure Execution.

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LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS

Ação Executiva

É a nomenclatura dada às ações de execução de título executivo extrajudicial, neste trabalho,

não sendo levada à risca a categoria, eis que, em conformidade com esclarecimento de Araken

de Assis as duas vias de execução são executivas, enquanto uma é Ação Executiva no que

tange à força a outra é executiva no que tange aos efeitos1.

Cumprimento de Sentença

É a fase de Execução de título executivo judicial, que deriva de uma fase cognitiva, que

resulta na emissão da sentença, e não havendo o cumprimento voluntário da condenação pelo

derrotado, dá-se início à fase de Cumprimento de Sentença. Tal fase segue em linhas gerais os

parâmetros típicos do processo executivo do Livro II do Código de Processo Civil2.

Execução

A Execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor a fim de satisfazer o

direito do credor3.

Penhora

―A penhora é procedimento de segregação dos bens que efetivamente se sujeitarão à

execução, respondendo pela dívida inadimplida. [...] Assim, a penhora é o ato processual pelo

qual determinados bens do devedor (ou de terceiro responsável) sujeitam-se diretamente à

execução.‖ (grifo do autor)4.

Penhora on line

É o meio pelo qual o juiz, por via eletrônica, realiza o bloqueio de valor em dinheiro

(depósitos ou aplicações) junto ao Banco Central5.

Bacen Jud

É o acesso do Poder Judiciário de imediato, via internet, ao Sistema de Informações Banco

Central – SISBACEN6.

1 ASSIS, Araken de. Manual da execução. 11.ed.rev., ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

p.108. 2 WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.); ALMEIDA, Flavio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo;. Curso

avançado de processo civil. Volume 2: processo de execução. 9.ed. Vol. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2007. p. 43. 3 BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. Por Humberto Theodoro Júnior: colaboradores,

Humberto Theodoro Neto, Adriana Mandim Theodoro de Mello. 12.ed. rev, ampl. e atual. Rio de Janeiro:

Forense, 2008. p.540. 4 MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. v.3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 251.

5 THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense,

2007. 279 p. 76. 6 SILVA, José Ronemberg Travassos da. A penhora realizada através do Bacen Jud. Breves apontamentos.

JUSNAVIGANDI. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8751>. Acesso em: 11 maio

2009.

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 9

ABSTRACT ............................................................................................................................ 10

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 PRIMEIRO CAPÍTULO – A EXECUÇÃO ................................................................ 18

2.1 BREVE HISTÓRICO DA EXECUÇÃO ........................................................................... 18

2.2 REQUISITOS DA EXECUÇÃO ....................................................................................... 23

2.2.1 TÍTULO EXECUTIVO ................................................................................................... 24

2.2.1.1 TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL ............................................................................... 27

2.2.1.1.1 SENTENÇA CIVIL – OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER, ENTREGAR

COISA OU PAGAR QUANTIA .............................................................................................. 28

2.2.1.1.2 SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO ........... 30

2.2.1.1.3 SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE CONCILIAÇÃO OU TRANSAÇÃO ....... 31

2.2.1.1.4 SENTENÇA ARBITRAL ......................................................................................... 32

2.2.1.1.5 ACORDO EXTRAJUDICIAL, HOMOLOGADO JUDICIALMENTE .................. 33

2.2.1.1.6 SENTENÇA ESTRANGEIRA HOMOLOGADA PELO STJ ................................. 33

2.2.1.1.7 FORMAL E CERTIDÃO DE PARTILHA .............................................................. 35

2.2.1.2 TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL ................................................................... 37

2.2.1.2.1 A LETRA DE CÂMBIO, A NOTA PROMISSÓRIA, A DUPLICATA, A

DEBÊNTURE E O CHEQUE .................................................................................................. 38

2.2.1.2.2 A ESCRITURA PÚBLICA OU OUTRO DOCUMENTO PÚBLICO ASSINADO

PELO DEVEDOR; O DOCUMENTO PARTICULAR ASSINADO PELO DEVEDOR E

POR DUAS TESTEMUNHAS; O INSTRUMENTO DE TRANSAÇÃO REFERENDADO

PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELA DEFENSORIA PÚBLICA OU PELOS

ADVOGADOS DOS TRANSATORES .................................................................................. 40

2.2.1.2.3 OS CONTRATOS GARANTIDOS POR HIPOTECA, PENHOR, ANTICRESE E

CAUÇÃO, BEM COMO OS DE SEGURO DE VIDA ........................................................... 43

2.2.1.2.4 O CRÉDITO DECORRENTE DE FORO E LAUDÊMIO ....................................... 45

2.2.1.2.5 O CRÉDITO, DOCUMENTALMENTE COMPROVADO, DECORRENTE DE

ALUGUEL DE IMÓVEL, BEM COMO DE ENCARGOS ACESSÓRIOS, TAIS COMO

TAXAS E DESPESAS DE CONDOMÍNIO ........................................................................... 45

2.2.1.2.6 O CRÉDITO DE SERVENTUÁRIO DE JUSTIÇA, DE PERITO, DE

INTÉRPRETE, OU DE TRADUTOR, QUANDO AS CUSTAS, EMOLUMENTOS OU

HONORÁRIOS FOREM APROVADOS POR DECISÃO JUDICIAL .................................. 46

2.2.1.2.7 A CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA DA UNIÃO, DOS

ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL, DOS TERRITÓRIOS E DOS MUNICÍPIOS,

CORRESPONDENTE AOS CRÉDITOS INSCRITOS NA FORMA DA LEI ..................... 47

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2.2.1.2.8 TODOS OS DEMAIS TÍTULOS A QUE, POR DISPOSIÇÃO EXPRESSA, A LEI

ATRIBUIR FORÇA EXECUTIVA ......................................................................................... 48

2.2.2 INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR .......................................................................... 49

2.3 VIAS DE EXECUÇÃO ...................................................................................................... 51

2.3.1 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ............................................................................... 54

2.3.2 AÇÃO EXECUTIVA ...................................................................................................... 54

3 SEGUNDO CAPÍTULO – EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA ......................... 57

3.1 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA ............................................... 58

3.2 FASE INICIAL ................................................................................................................. 63

3.2.1 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ............................................................................... 63

3.2.2 AÇÃO EXECUTIVA ...................................................................................................... 68

3.3 FASE PREPARATÓRIA OU INSTRUTÓRIA ................................................................ 72

3.3.1 PENHORA ...................................................................................................................... 72

3.3.1.1 PROCEDIMENTO DA PENHORA .............................................................................. 74

3.3.2 AVALIAÇÃO ................................................................................................................. 79

3.3.3 ATOS PREPARATÓRIOS À SATISFAÇÃO. ............................................................... 81

3.3.3.1 ADJUDICAÇÃO ........................................................................................................... 82

3.3.3.2 ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR .......................................................... 83

3.3.3.3 ALIENAÇÃO POR HASTA PÚBLICA ......................................................................... 84

3.3.3.4 USUFRUTO DE BEM MÓVEL OU IMÓVEL ............................................................. 85

3.4 FASE FINAL OU SATISFATIVA .................................................................................... 86

3.4.1 EXPROPRIAÇÃO .......................................................................................................... 87

3.4.1.1 ADJUDICAÇÃO ........................................................................................................... 87

3.4.1.2 USUFRUTO DE BEM MÓVEL OU IMÓVEL ............................................................. 88

3.4.1.3 ENTREGA DO DINHEIRO ......................................................................................... 88

3.4.2 REMIÇÃO ....................................................................................................................... 90

4 TERCEIRO CAPÍTULO – EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO BACEN JUD .......... 92

4.1 PENHORA ON LINE ......................................................................................................... 92

4.2 BACEN JUD ...................................................................................................................... 98

4.3 EVOLUÇÃO DA PENHORA ON LINE VIA BACEN JUD .......................................... 106

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 110

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 114

ANEXO I .........................................................................................................................118

ANEXO II .........................................................................................................................127

ANEXO III .........................................................................................................................130

ANEXO IV .........................................................................................................................136

ANEXO V .........................................................................................................................137

ANEXO VI .........................................................................................................................139

ANEXO VII .........................................................................................................................142

ANEXO VIII .........................................................................................................................145

ANEXO IX .........................................................................................................................146

ANEXO X .........................................................................................................................149

ANEXO XI .........................................................................................................................157

ANEXO XII .........................................................................................................................159

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ANEXO XIII .........................................................................................................................161

ANEXO XIV..........................................................................................................................164

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objeto o estudo da evolução da Penhora on line, ou seja, o

estudo da Penhora realizada via Bacen Jud.

A importância deste tema reside no fato de este instituto estar em constante evolução,

mesmo após quase dez anos de utilização pelo Poder Judiciário.

Ressalte-se que, além de ser requisito imprescindível à conclusão do curso de Direito

na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, o presente relatório monográfico também vem

colaborar para o conhecimento de um tema que, apesar de não poder ser tratado como

novidade no campo jurídico (Penhora), na dimensão social-prática a penhora on line ainda

pode ser tratado como elemento novo e repleto de nuances a serem destacadas pelos

intérpretes jurídicos.

O presente tema, na atualidade, encontra-se em evolução, apesar de aparentemente ter

solidificado suas bases com o advento da Lei 11.382/2006.

A escolha do tema é fruto do interesse pessoal do pesquisador no processo de

Execução, em específico na Execução por quantia certa contra devedor solvente,

aprofundando assim o saber jurídico do tema Penhora on line, assim como para instigar novas

contribuições para estes direitos, na compreensão dos fenômenos jurídicos-políticos,

especialmente no âmbito de atuação do Direito Processual Civil.

Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objetivo geral deste trabalho

demonstrar dentro do processo de Execução por quantia certa contra devedor solvente, a

evolução da medida de constrição judicial, a Penhora realizada no modo eletrônico, conhecida

como Penhora on line.

O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de Bacharel

em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas,

campus de Tijucas.

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Como objetivo específico, pretende-se demonstrar a evolução da Penhora on line,

tendo em vista que tal instituto foi defendido e atacado por correntes doutrinárias. Enquanto

determinada corrente o elenca como avanço do processo civil, outra o rotula de

inconstitucional. E tal divergência, reflete diretamente as decisões judiciárias, eis que podem

realizar a Penhora on line, como modo primeiro de constrição judicial, como podem realizá-la

tão somente quando esgotadas todas as demais modalidades de constrição.

Não é o propósito deste trabalho suprir ou esgotar o estudo sobre o instituto, até por

que, por certo não se estabelecerá um ponto final em referida discussão, eis que o instituto

Penhora on line ainda está em processo de evolução. Pretende-se, tão-somente, aclarar o

pensamento existente sobre o tema.

Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram formulados aos seguintes

questionamentos:

a) A penhora on line é uma nova modalidade de penhora?

b) A penhora on line é inconstitucional?

c) A penhora on line deve preceder às demais formas de constrição?

Já as hipóteses consideradas, são as seguintes:

a) Não, porque a penhora é instituto único;

b) Não, porque não fere a Constituição Federal ou seus princípios;

c) Sim, respeitando-se a ordem preferencial estabelecida.

O relatório final da pesquisa foi estruturado em três capítulos, podendo-se, inclusive,

delineá-los como três molduras distintas, mas conexas: a primeira, atinente a Execução; a

segunda, Execução por Quantia Certa; e, por derradeiro, a Evolução da Aplicação do Bacen

Jud.

Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na fase de investigação foi utilizado

o método dedutivo, e, o relatório dos resultados expresso na presente monografia é composto

na base lógica dedutiva, já que se parte de uma formulação geral do problema, buscando-se

posições científicas que os sustentem ou neguem, para que, ao final, seja apontada a

prevalência, ou não, das hipóteses elencadas.

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Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas do referente, da categoria,

do conceito operacional e da pesquisa bibliográfica.

Os acordos semânticos que procuram resguardar a linha lógica do relatório da pesquisa

e respectivas categorias, por opção metodológica, estão apresentados na Lista de Categorias e

seus Conceitos Operacionais, muito embora algumas delas tenham seus conceitos mais

aprofundados no corpo da pesquisa

A estrutura metodológica e as técnicas aplicadas nesta monografia estão em

conformidade com o padrão normativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

e com as regras apresentadas no Guia de Referência Monografia Tijucas, e subsidiariamente,

com as regras do Caderno de Ensino: formação continuada, Ano 2, número 4; assim como nas

obras de Cezar Luiz Pasold, Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao

pesquisador do Direito e Valdir Francisco Colzani; Guia para redação do trabalho científico.

A presente monografia se encerra com as Considerações Finais, nas quais são

apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos

estudos e das reflexões sobre a Evolução da Penhora on line.

Com este itinerário, espera-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este

estudo: Execução: A Evolução da Penhora on line.

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2 PRIMEIRO CAPÍTULO – A EXECUÇÃO

2.1 BREVE HISTÓRICO DA EXECUÇÃO

De maneira a melhor compreender os institutos da Execução e do Cumprimento de

Sentença, e a sua ligação, eis que enquanto a Execução é ação autônoma, o Cumprimento de

Sentença é procedimento, mister se faz a apresentação breve da origem histórica destes

institutos.

Primeiramente, porém, compete salientar, em consonância com Moacyr Amaral

Santos7, que ambos os institutos de Execução e Cumprimento de Sentença tem função

sancionadora. Tal função emerge do inadimplemento da obrigação, seja ela oriunda de título

judicial ou extrajudicial8.

A função sancionadora é observada desde os primórdios do ordenamento jurídico. No

direito romano antigo, a prestação jurisdicional executiva só era realizada mediante

confirmação do direito do credor, por sentença. Nesta época havia a figura do praetor (agente

detentor do imperium9) e do iudex (jurista a quem o praetor delegava o julgamento da

controvérsia – iudicium). O iudex proferia a sentença, que segundo Humberto Theodoro

Júnior era um parecer10

.

7 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 21.ed.vol.3.São Paulo: Saraiva,

2003. Foi professor de Direito e Legislação da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie (1950-1956);

Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie (1956); Professor de Teoria Geral do

Estado e Teoria Geral do Processo do curso de especialização da Faculdade de Direito de São Paulo – Curso

Doutorado (1966-1967). Foi Presidente do Instituto de Direito Processual Civil, Seção de São Paulo, e Direitos

da ―Revista de Direito Processual Civil‖, editada pelo mesmo órgão.Membro e Conselheiro do Instituto dos

Advogados de São Paulo; membro do Conselho Diretor do Instituto Latino-Americano de Direito Processual e

do Conselho Consultivo do Instituto de Direitos Humanos de São Paulo. Foi Ministro do Supremo Tribunal

Federal.Integrou o Tribunal Superior Eleitoral, como Juiz Substituto, a partir de 6 de novembro de 1969 e, como

Juiz Efetivo, depois de 11 de fevereiro de 1971 até passas à inatividade. Aposentou-se. Faleceu em 16 de outubro

de 1983. 8 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.211-213.

9 ―[...]designava o conceito romano de autoridade [...] Na antiga constituição romana o imperium era conferido

aos reis [...]‖ IMPERIUM. Wikipedia. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Imperium>. Acesso em: 05

fev. 2009. 10

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. 40.ed.vol. II. Rio de Janeiro: Forense, 2006.p.08.

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Diante disso, verifica-se que a função do magistrado era apenas ―liberar a atividade do

credor‖11

, ou seja, autorizava o credor a efetuar a cobrança, devendo o inadimplente realizar o

pagamento no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da prolação da sentença. Caso o

devedor não cumprisse a obrigação no tempus iudicati (prazo de trinta dias), o credor poderia

conduzir, utilizando-se inclusive da força, o inadimplente ao magistrado que autorizava então,

o encarceramento do devedor. O credor devia, a partir de então apregoar o prisioneiro em três

feiras de nove em nove dias. Caso não resgatasse pelo valor da condenação, poderia vendê-lo

fora da cidade (transTiberim). Poderia ainda matar o devedor.12

O devedor nesta ―situação

perdia a condição de cidadão, status civitatis, a de membro de uma família, status familiae, e

a condição de liberdade, status libertatis, transformando-se em coisa, res‖13

.

A partir da Lei Poetelia, o devedor podia ser adjudicado, pagando a condenação com o

produto do seu trabalho14

.

A Execução patrimonial surge com a pignoris capio (agarrar pela Penhora), no ano

636 de Roma, segundo Moacyr Amaral Santos15

, e significa a apreensão de todos16

os bens do

devedor como pena. Destacando-se a função sancionadora. Os bens eram vendidos em praça

pública bonorum venditio (separação dos bens), a fim de satisfazer o crédito do credor ou dos

credores17

.

Com o Lex Aebutia18

, 114 a.C., surgem as primeiras formas de Execução patrimonial,

passando a figurar o bonorum distractio, ―em favor de certas autoridades, sem infâmia, e de

bens suficientes dentro do limite dos créditos, com a possibilidade da bonorum cessio (cessão

dos bens) para se efetuar o pagamento, livrando-se o devedor das demais conseqüências da

Execução.‖19

.

11

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 19.ed.rev.atual.vol.3.São Paulo: Saraiva,

2008.p.10. 12

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.214. 13

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.10. 14

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.215. 15

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.215. 16

Independente do valor da dívida, todos os bens do devedor eram apreendidos e vendidos em praça pública. 17

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.215. 18

Lei que introduziu o sistema formular romano, em substituição ao das legis actiones (as ações da lei). 19

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.11.

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20

Com o regime cognitio extraordinária, a apreensão dos bens do devedor reduziu ao

limite da dívida, ou seja, penhoravam-se bens suficientes à satisfação da condenação pignus

ex causa iudicati captum20

e 21

.

Nota-se que apesar da evolução, o objetivo que persistia à época era constranger o

devedor a adimplir sua dívida, diferentemente da atualidade onde o objetivo é a satisfação do

crédito. Com a queda de Roma do Ocidente, o direito intermédio dominou a Europa. O

conhecido processo germano-barbárico22

era violento, de coação real e psicológica sobre o

devedor23

. O inadimplemento era considerado ―ofensa à pessoa do credor, era este, sem

dependência de qualquer autoridade, a que não precisava dirigir-se, autorizado a penhorar,

mesmo usando de suas próprias forças, os bens do devedor a fim de pagar-se ou constrangê-lo

ao pagamento.‖24

.

Cabia ao devedor, que discordando da Execução, recorresse às autoridades

formulando impugnação. Nesta fase observou-se a inversão das fases, ou seja, antes do

processo de conhecimento (autorização para executar), vinha a Execução, que antes da queda

de Roma era a actio iudicati25

.

No século XI, com o renascimento do direito romano e influência das universidades,

houve a conciliação dos métodos, sendo restabelecida à condição da Execução, ser posterior à

ação cognitiva, todavia, sendo dispensada a actio iudicati, ou seja, nas palavras de Moacyr

Amaral Santos:

Reconheceram os juristas que à execução devia preceder a condenação,

como no processo romano, mas que, proferida a sentença condenatória,

dispensável se fazia a actio iudicati, com fundamento no julgado, e que dava

lugar a novo contraditório, com o respectivo conhecimento e julgamento do

direito do credor [...] Assim se instituiu a execução per officium iudicis,

havida como procedimento em prosseguimento ao em que se proferira a

sentença condenatória26

.

20

Pignus = Penhora; Ex Causa = Por razão da causa; Iudicati = julgado; Captum = Tomar. Tal expressão em

latim, significa a penhora realizada em razão do julgamento. 21

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.215. 22

Termo utilizado por Moacyr Amaral Santos (in: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito

processual civil. p.216). 23

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.11. 24

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.216. 25

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.09. 26

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.217.

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21

Para Humberto Theodoro Júnior:

[...] eliminou-se a duplicidade de ações que o direito romano tanto cultivara.

O cumprimento de sentença passou a não sujeitar-se à abertura de um novo

juízo. Cabia ao juiz, depois de sentenciar, tomar, simplesmente, como dever

de ofício, as providências para fazer cumprir sua decisão, tudo com ato do

próprio processo em que a pretensão do credor fosse acolhida27

.

A actio iudicati passou a ser usada, segundo Vicente Greco Filho28

, para a ―execução

por juros posteriores à sentença ou para a execução de sentença ilíquida.‖29

.

Com o surgimento do intercambio comercial na Idade Moderna, foi introduzido no

mercado os títulos de crédito. Assim adotando-se o mecanismo de equiparação da força do

título de crédito à da sentença, dispensou-se então, a fase de cognição, partindo-se da

Execução, adotando-se novamente a actio iudicati para o caso.

Assim, perduraram as duas formas de Execução30

até o século XVIII. Com o Código

de Napoleão o Cumprimento de Sentença retomou o velho procedimento. Foi a unificação da

Execução. As sentenças voltaram a ter a necessidade da actio iudicati para Execução de

sentença condenatória31

.

O Código de Processo Civil Brasileiro de 1939 manteve a Execução de sentença32

e a

Ação Executiva33

. Em atenção às doutrinas mais modernas da época, a Lei 5.869 de 11 de

27

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.09-10. 28

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 19.ed.rev.atual.vol.3.São Paulo: Saraiva, 2008.

Professor Associado de Direito Processual e Titular de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de

São Paulo. Professor Titular de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie,

Professor Titular de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito de Sorocaba e Procurador de Justiça,

aposentado, de São Paulo. 29

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.12. 30

Execução per officium iudicis – Cumprimento de Sentença, e Execução por actio iudicati – execução de título

de crédito. 31

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.10. 32

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.218. ―A execução de sentença,

também conhecida por execução forçada, e por LIEBMAN denominada ação executória, era o processo normal

de execução. Fundava-se na sentença condenatória e visava a realizar a sanção na mesma imposta ao devedor

por não satisfazer a obrigação (de dar, fazer ou não fazer) a que fora condenado. Seu procedimento se

desenvolvia por meio de atos executórios, tendentes a realizar praticamente o direito do credor, pela atuação da

sanção a que a sentença tornara sujeito o condenado, não obstante aí interferissem diversos procedimentos

incidentes, provocados pelo executado ou mesmo por terceiros. 33

A Ação Executiva, incluída pelo Código entre as ações especiais se fundamentava em créditos a que a lei

atribuia eficácia de título executivo. O processo executivo seguia um procedimento todo especial, em que ao ato

executório da penhora se sucediam o procedimento ordinário dos processos de conhecimento, destinado ao

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janeiro de 1973 que instituiu o Código de Processo Civil Brasileiro, trouxe profundas

alterações no tocante à Execução, dentre elas verificou-se a unificação executiva, ou seja, a

Execução tornou-se única tanto para o Cumprimento de Sentença quanto para a Execução de

título extrajudicial34

.

A diferença se dava quanto à qualidade do título, que sendo proveniente de sentença,

era título executivo judicial, e título executivo extrajudicial àqueles a que a lei lhe atribuía.

E até o advento da Lei 11.232/05, a Execução era processo autônomo em relação ao

processo de conhecimento sendo considerados títulos executivos, tanto os judiciais quanto os

extrajudiciais, ou seja, existia apenas uma ação de Execução que não se distinguia pela

natureza do título.

A Lei 11.23235

, de 22 de dezembro de 2005, aboliu o processo autônomo de Execução

de sentença, assim voltando à tona o Cumprimento de Sentença.

Neste caso,

[...] o juiz assinará na sentença o prazo em que o devedor haverá de realizar

a prestação devida36

. Ultrapassado dito termo sem o pagamento voluntário,

seguir-se-á, na mesma relação processual em que a sentença foi proferida, a

expedição do mandado de penhora e avaliação para preparar a expropriação

dos bens necessários à satisfação do direito do credor (no art. 475-J)37

.

Em suma, hodiernamente o direito processual civil brasileiro, quanto às vias de

Execução possui duas formas: a) Processo de Execução, para títulos extrajudiciais; e b)

Cumprimento de Sentença, para títulos judiciais38

.

acertamento da relação processual, e, após a sentença, atos executórios conforme o procedimento da execução de

sentença. 34

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.218. 35

Altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, para estabelecer a fase de

cumprimento das sentenças no processo de conhecimento e revogar dispositivos relativos à execução fundada

em título judicial, e dá outras providências. 36

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.12. ―O artigo 475-J introduzido no CPC pela Lei nº

11.232, de 22.12.2005, fixa em 15 dias o prazo para cumprir a sentença que condena a pagamento de quantia

certa. No caso de condenação ilíquida, dito prazo será contado da decisão que fixar o quantum debeatur no

procedimento de liquidação da sentença (arts. 475-A à 475-H)‖. 37

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.12-13. 38

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.13.

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23

Ocorre que, em razão de o processo de Execução de títulos extrajudiciais possuir a

mesma nomenclatura da Execução, que abrange as duas vias recém citadas; e, igualmente

para evitar quaisquer confusão entre os institutos, será utilizada durante toda a exposição a

definição de Liebman, citada por Araken de Assis:

Após o advento da lei 11.232/2005, tornou-se atual, subitamente, a

nomenclatura que Liebman introduziu entre nós, na vigência do CPC de

1939, distinguindo a ação executória proveniente do título judicial e a ação

executiva originada do título extrajudicial39

. (grifou-se).

Assim, será utilizada a nomenclatura de Ação Executiva40

, sempre que se fizer

referência à ação ou processo de Execução como via de Execução de títulos executivos

extrajudiciais, e Cumprimento de Sentença41

ao fazer referência à fase processual de

Execução de títulos executivos judiciais.

2.2 REQUISITOS DA EXECUÇÃO

A Execução tem importância extraordinária, eis que ―sem ela, o titular de um direito

estaria privado da possibilidade de satisfazer-se sem a colaboração do devedor.‖42

.

Salienta-se que, em conformidade com o exposto no Primeiro Capítulo, item 2.143

, que

tratou do breve histórico da Execução, existem duas vias de Execução: a Ação Executiva, que

é processo autônomo de Execução, previsto no Livro II – Títulos I à VI do Código de

Processo Civil; e o Cumprimento de Sentença que é fase do processo de conhecimento,

previsto no Capítulo X do Título VIII do Livro I do Codex Processual Civil.

Para ambas as vias, há os pressupostos necessários de qualquer trâmite processual

como a legitimidade das partes, os princípios processuais que as regem e igualmente há

39

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.108. 40

Importante ressaltar que Ação Executiva é a nomenclatura dada às ações de execução de título executivo

extrajudicial, neste trabalho, não sendo levada à risca, a categoria, eis que, em conformidade com esclarecimento

de Araken de Assis (in: ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.108), as duas vias de execução são

executivas, enquanto uma é Ação Executiva no que tange à força a outra é executiva no que tange aos efeitos. 41

Cumprimento de Sentença é a nomenclatura dada à fase processual de execução do título executivo judicial,

denotados no artigo 475-N do Código de Processo Civil. É proveniente da alteração advinda da lei 11.232 de 22

de dezembro de 2005. 42

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. 5.ed. vol. 12. São Paulo: Saraiva,

2004. p.01. 43

Primeiro Capítulo, item 2.1, Página 13-18.

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24

requisitos inerentes à Execução que serão a seguir expostos. Destaca-se que os requisitos são

necessários e comuns a Ação Executiva e ao Cumprimento de Sentença.

2.2.1 Título executivo

Quanto ao requisito da Execução, título executivo, o Código de Processo Civil

dispunha no artigo 583 que ―Toda execução tem por base título executivo judicial ou

extrajudicial‖44

, sendo que tal dispositivo foi revogado pela Lei 11.232/05, que institui o

Cumprimento de Sentença. Sobre tal revogação merece destaque a exposição de Humberto

Theodoro Júnior:

A reforma, no tocante ao dispositivo sub cogitatione, dá a impressão de que

a regulamentação do Livro II teria ficado restrita tão-somente aos títulos

extrajudiciais.

Não havia, contudo, necessidade nem conveniência da supressão do art. 583,

visto que o cumprimento da sentença não deixa de ser forma de execução

forçada, e por isso continua subordinado à existência de título executivo

(art.475-N). Além do mais, no próprio Livro II continuam existindo

hipóteses de submissão de títulos judiciais ao processo de execução em seus

moldes tradicionais de autonomia, como é o caso das sentenças

condenatórias de prestações devidas pela Fazenda Pública e pelo obrigado a

alimentos. Dessa maneira, continua sendo correto o texto revogado, na

previsão de que ‗toda execução tem por base título executivo judicial ou

extrajudicial45

.

O título executivo é pressuposto específico da Execução46

, previsto no artigo 580 do

Código de Processo Civil que dispõe: ―Art. 580. A Execução pode ser instaurada caso o

devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título

executivo‖47

.

Para Vicente Greco Filho, com base nas teorias documental48

e do ato49

, o título

executivo é documento ou ato documentado que consagra obrigação certa e que permite a

utilização direta da via executiva50

.

44

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução título extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense,

2007.p.17. 45

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial. p.17. 46

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.224. 47

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.471. 48

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.24. ―[...] é predominante na qualificação do

título o seu aspecto de documento, cuja função é a de provar o direito subjetivo substancial de maneira cabal e

inconteste (Carnelutti, Rosenberg, Goldschmidt) [...]‖.(in: DINAMARCO, Candido Rangel.A execução na teoria

geral do direito civil. Em edição comercial, A execução civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1974.p. 175-

176).

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25

Para Moacyr Santos Amaral:

Título executivo consiste no documento que ao mesmo tempo em que

qualifica a pessoa do credor, o legitima a promover a execução. [...] No

título estão compreendidos o objeto, os limites e a extensão da execução.

[...]51

.

O título executivo é imprescindível eis que nulla executio sine titulo52

, além disso, o

título é o limitador, é ele que dá os contornos e limites da Execução53

.

Diz-se que é o título que define o fim da execução por que é ele que revela

qual foi a obrigação contraída pelo devedor e qual a sanção que corresponde

a seu inadimplemento, apontando, dessa forma, o fim a ser alcançado no

procedimento executivo. Assim, se a obrigação é de pagar uma soma em

dinheiro, o procedimento corresponderá à execução por quantia certa; se a

obrigação é de dar, executar-se-á sob o rito de execução para entrega de

coisa; se a obrigação é de prestar fato, caberá a execução prevista para as

obrigações de fazer54

.

Destaca-se que o título executivo tem requisitos que também devem estar completos

para que seja possível a Execução. O título executivo deve representar uma obrigação líquida,

certa e exigível, em consonância com o artigo 586 do Código de Processo Civil55

e reforçando

a indispensabilidade dos requisitos, o artigo 618, I do Código de Processo Civil corrobora, eis

que expressa: ―Art. 618. É nula a execução: I - se o título executivo extrajudicial não

corresponder a obrigação certa, líquida e exigível (art. 586)‖56

.

Os requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade do título executivo, proporcionam

elementos para definição da existência e limites objetivos e subjetivos ao órgão judicial57

.

Em sumas palavras Moacyr Amaral Santos destaca que:

49

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.25. ―[...] o título é o ato ao qual a lei liga a

eficácia de aplicar a vontade sancionatória (Liebman, Andrioli).‖ (in: DINAMARCO, Candido Rangel.A

execução na teoria geral do direito civil. Em edição comercial, A execução civil. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1974.p. 175-176). 50

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.24. 51

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.225. 52

Nula é a execução sem título. 53

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.15. 54

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.149. 55

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.22-23. 56

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p. 507. 57

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.151.

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[...] certeza diz respeito à existência da obrigação; liquidez corresponde à

determinação do valor ou da individuação do objeto da obrigação, conforme

se trate da obrigação de pagar em dinheiro, de entrega de coisa, de fazer ou

não fazer; exigibilidade tem o sentido de que a obrigação, que se executa,

não depende de termo ou condição, nem está sujeita a outras limitações58

.

Humberto Theodoro Júnior expressa:

[...] Esses requisitos indispensáveis do título a que a lei atribui força

executiva, são definidos por Carnelutti nos seguintes termos: O direito do

credor é certo quando o título não deixa dúvida em torno de sua existência;

liquido quando o título não deixa dúvida em torno de seu objeto; exigível

quando não deixa dúvida em torno de sua atualidade59

. (grifo do autor).

Expressa ainda que ao magistrado não cabe pesquisar, tão somente lhe cabe formar

seu convencimento utilizando-se das fontes encontradas no título executivo apresentado.

A simples leitura do escrito – na lição de Amílcar de Castro – deve pôr o juiz

em condições de saber quem seja o credor, quem seja o devedor, qual seja o

bem devido e quando ele seja devido [...]60

.

Por óbvio, ao juiz não cabe a pesquisa, conforme indica também Humberto Theodoro

Júnior61

. Porém mister se faz indicar Wambier62

que expressa de forma mais nítida que o

título:

58

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p.229. 59

CARNELUTTI, 1956 apud THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de

Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.151. 60

CASTRO, 1974 apud THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de

Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.151. 61

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.151. 62

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.); ALMEIDA, Flavio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso

avançado de processo civil. Volume 2: processo de execução. 9.ed. Vol. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2007. Luiz Rodrigues Wambier. Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –

PUC/SP. Mestre em Direito pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. Professor no curso de mestrado em

Direito da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP e no curso de especialização em Direito Processual Civil

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Ex professor dos cursos de graduação,

especialização e mestrado na Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Membro do Instituto Brasileiro

de Direito Processual – IBDP. Em conjunto com Flávio Renato Correia de Almeida, Professor de Direito

Processual Civil na Escola da Magistratura do Paraná – EMAP e na Universidade Estadual de Ponta Grossa –

UEPG. Juiz de Direito do Paraná; E com Eduardo Talamini, Doutor e Mestre pela Faculdade de Direito da

Universidade de São Paulo – USP. Professor de Direito Processual Civil e Processo Constitucional. Coordenador

e professor no Curso de pós-graduação em Direito Processual Civil no Instituto de Direito R.F. Bacellar –

UNIBRASIL. Membro do Instituto Ibero-Americano de Direito Processual e do Insituto Brasileiro de Direito

Processual – IBDP, do Conselho de Redação da Revista de Processo – RePro e do Conselho Diretor da Revista

de Direito Processual Civil. Advogado no Paraná e em São Paulo. Juntos elaboraram a obra Curso Avançado de

Processo civil sob a coordenação de Luiz Rodrigues Wambier.

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27

[...] afasta a necessidade de qualquer investigação, no bojo da execução,

acerca da existência do direito. É, então, ato jurídico estabelecido pela lei

como apto a ensejar a execução e dispensar a execução sobre a existência do

crédito. [...] Por isso, no processo de execução e na fase de cumprimento da

sentença, além do exame dos pressupostos processuais e condições da ação

gerais, há apenas a análise formal da presença desse título. O juiz só verifica

se o exeqüente juntou o documento representativo de algum daqueles atos

catalogados na lei como título executivo, líquido, certo e exigível. Se juntou,

é o que basta: o juiz defere a execução63

.

Em suma, o juiz verificará os pressupostos de propositura da ação, além dos requisitos

essenciais, peculiares à Execução, tanto à ação executiva quanto o cumprimento de sentença.

Estando presentes a liquidez, certeza e exigibilidade do título executado, cabe ao juiz deferir a

Execução.

2.2.1.1 Título executivo judicial

Os títulos executivos judiciais estão denotados no artigo 475-N, com redação da Lei

11.232 de 22 de dezembro de 2005, que dispõe:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de

obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que

inclua matéria não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao

inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art.

475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para

liquidação ou execução, conforme o caso64

.

Os títulos judiciais denotados tem em comum a característica da coisa julgada, sendo

imutável e indiscutível o seu conteúdo, restringindo, portanto, a defesa realizada por

impugnação à Execução65

.

Importa salientar que as impugnações não podem ultrapassar os limites impostos pelo

artigo 475-L do Código de Processo Civil, que dispõe:

63

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.58. 64

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p. 354-355. 65

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.66.

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28

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV – ilegitimidade das partes;

V – excesso de execução;

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,

como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde

que superveniente à sentença.

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se

também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo

declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em

aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo

Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.

§ 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução,

pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de

imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa

impugnação 66

.

Neste diapasão, compete aprofundar cada um dos títulos executivos judiciais

indicados.

2.2.1.1.1 Sentença civil – obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia

(artigo 475-N, I do Código de Processo Civil)

Compete primeiramente identificar a sentença proferida no processo civil, como

passível de Execução, eis que existem sentenças declaratórias, constitutivas e condenatórias.

Em que pese as sentenças declaratórias e constitutivas, estas, respectivamente, tem

como fim a declaração de certeza da existência ou inexistência da relação jurídica67

e a

criação de situação jurídica nova para as partes, em regra, não há o que executar. Não ao

menos quanto ao objeto da ação, podendo, porém, existir condenação, nestas ações, quanto

aos encargos processuais68

, que autorizam a Execução do título executivo judicial.

A sentença condenatória, mesmo que não derivada de ação com o mesmo nome69

, é a

maneira de impor coativamente o cumprimento da obrigação, eis que o cumprimento da

66

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.353. 67

O artigo 4º do Código de Processo Civil dispõe: Art. 4o O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I -

da existência ou da inexistência de relação jurídica;II - da autenticidade ou falsidade de documento. Parágrafo

único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. 68

Custas processuais e honorários advocatícios. 69

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.70. A sentença condenatória pode ser proveniente de

ações não condenatórias. Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior: ―Para autorizar a execução, não se deve

considerar sentença condenatória apenas a proferida na ação de igual nome. A parte dispositiva de todas as

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29

sentença é o procedimento utilizado quando persistir a ―[...] inércia ou resistência do devedor

quanto à sua satisfação [...]‖70

.

Para ter força executiva é necessário o trânsito em julgado, obtendo-se assim a

Execução definitiva. Caso contrário terminar-se-á a Execução provisória, que ocorre quando

estiver pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado quando

recebidos com efeito suspensivo71

.

Ressalta-se, com palavras de Humberto Theodoro Júnior, que:

A sentença exeqüível, outrossim, tanto pode provir do processo de

conhecimento, como de processo cautelar, pouco importando que o

procedimento tenha sido ordinário, sumário ou especial. [...] O que importa é

conter o julgado o reconhecimento de alguma prestação a ser cumprida pela

parte vencida72

.

Destaca-se quanto ao procedimento de Cumprimento de Sentença, lições de Wambier:

[...] no que tange à atividade jurisdicional executiva, tem-se, a partir da Lei

11.232/2005, o seguinte panorama: [...]

b) sentença condenatória ao pagamento de quantia proferida em processo

judicial civil, que é um título judicial, é executada dentro do próprio

processo em que for proferida, em uma fase subsequente à cognitiva. É

denominada fase de cumprimento de sentença. Depende de requerimento do

credor para iniciar-se, embora [...] não implique a instauração de um novo

processo. Seu procedimento apresenta algumas peculiaridades na etapa

inicial, mas, no geral, no que tange aos atos expropriatórios, incidem

subsidiariamente as regras do Livro II atinentes à execução por quantia certa;

[...]73

.

Merece destaque ainda as palavras de Humberto Theodoro Júnior citando Pontes de

Miranda ao referir-se a sentenças condenatórias contra a Fazenda Pública:

sentenças, inclusive das declaratórias e constitutivas, contém sempre provimentos de condenação relativos aos

encargos processuais (custas e honorários de advogado), e, neste passo, legitimam o vencedor a promover a

execução forçada, assumindo o caráter de título executivo judicial, também como sentença condenatória.‖ 70

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.27. 71

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 226. 72

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p. 71. 73

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.282.

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30

Pela impossibilidade de penhora sobre bens públicos lembra Pontes de

Miranda que a sentença condenatória passada contra a Fazenda Pública é,

excepcionalmente, desprovida de força executiva74

.

Destacando-se que a sentença condenatória é desprovida de força executiva quando se

tratar de Execução por quantia certa contra Fazenda Pública75

, sendo conhecida como

Execução imprópria seguindo, então os trâmites dos artigos 730 e 731 do Código Processo

civil76

.

2.2.1.1.2 Sentença penal condenatória transitada em julgado (artigo 475-N, II do Código de

Processo Civil)

A sentença penal condenatória transitada em julgado, elencada no inciso II do artigo

475-N do Código de Processo Civil é título executivo judicial, tendo como fim a reparação do

dano causado pelo crime, em consonância com os efeitos da condenação, denotada no inciso I

do artigo 9177

do Código Penal.

Segundo Humberto Theodoro Júnior:

Essa reparação tanto pode consistir restituição do bem que a vítima foi

privada em conseqüência do delito como no ressarcimento de um valor

equivalente aos prejuízos suportados78

.

Importa destacar neste momento, que o título executivo só pode ser aproveitado pelo

ofendido79

, seu representante legal ou herdeiros80

conforme artigo 63 do Código de Processo

74

MIRANDA, 1961 apud THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de

Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p. 71. 75

A execução imprópria é aplicada tão somente em razão da impossibilidade de penhora e expropriar bens

públicos, e não por se tratar de obrigação pecuniária, conforme se observa nos artigos 730 e 731 do Código de

Processo Civil que dispõe: Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a

devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes

regras: I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente; II - far-se-á o

pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito. Art. 731. Se o credor for

preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido

o chefe do Ministério Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito. 76

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p. 71. 77

BRASIL. VADEMECUM. p.556. ―Art. 91 - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de

indenizar o dano causado pelo crime;‖. 78

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.76. 79

Vítima do crime. 80

Herdeiros nos casos de vítima fatal.

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31

Penal81

, para executar, com intuito indenizatório, o condenado, pelo crime cometido. Não

podendo ser aproveitado contra terceiro responsável civil, devendo para tanto ingressar com

ação própria cível a fim de ser indenizada, reparada, ressarcida ou restituída.

[...] quando se pretender a indenização perante outros responsáveis cíveis

que não a pessoa condenada na esfera penal (exemplo: Código Civil, artigo

932, III), a sentença penal não servirá de título executivo, sob pena de ofensa

ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório (Constituição

Federal, artigo 5º, LIV e LV): frente aos que não foram parte no processo

penal, será necessário a obtenção de prévia sentença cível condenatória

mediante processo de conhecimento82

.

Salienta-se ainda que, apesar de ser título executivo judicial, a sentença penal

condenatória tem a característica penal, não podendo, portanto, ser executada civilmente no

processo em que foi proferida, exigindo a ―instauração de um específico processo civil

destinado à liquidação e à Execução. Esse processo terá que ser instaurado por iniciativa do

credor, mediante ação proposta perante o juiz competente, e nele o executado haverá de ser

citado (artigo 475-N, parágrafo único, acrescido pela Lei 11.232).‖83

.

Assim, verifica-se que apesar de seguir todos os trâmites da fase de Cumprimento de

Sentença, o procedimento se submeterá à instauração de novo processo, tendo, o executado,

que ser citado em consonância com o parágrafo único do artigo 475-N, do Código de

Processo Civil. Porém, com as ressalvas indicadas, o procedimento segue os trâmites da fase

de Cumprimento de Sentença.

2.2.1.1.3 Sentença homologatória de conciliação ou transação (artigo 475-N, III do Código de

Processo Civil)

A sentença homologatória de conciliação ou de transação prevista no artigo 475-N, III

do Código de Processo Civil, obtém o título de sentença judicial, apesar de resultar da vontade

das partes e não do julgamento do juiz. ―A intervenção do juiz é apenas para chancelar o

acordo de vontades dos interessados (transação e conciliação), limitando-se a fiscalização dos

aspectos formais do negócio jurídico (o acordo ou transação é, segundo a lei civil, um

81

BRASIL. VADEMECUM. p.634. ―Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão

promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal

ou seus herdeiros.‖ 82

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.63. 83

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.63.

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32

contrato)‖84

. Destacando-se que tanto a conciliação quanto a transação, o resultado é a

extinção do processo com resolução do mérito, todavia, se faz mister que exista, na

conciliação ou transação, a obrigação de qualquer das partes de dar, fazer ou não fazer85

para

possibilitar a Execução.

A parte final do inciso III, que expressa: ―ainda que inclua matéria não posta em

juízo.‖ Indica que a conciliação e transação podem abranger matéria não inclusa na ação

ajuizada, portanto, não sendo limitada ao objeto da demanda86

.

Importa salientar que em conformidade com Wambier a sentença homologatória,

assim como a arbitral ―são executadas em um processo próprio, mas que segue basicamente as

peculiaridades procedimentais iniciais do Cumprimento de Sentença‖87

.

Verifica-se, quanto ao Cumprimento de Sentença do título elencado no inciso III, bem

como do inciso IV do artigo 475-N do Código de Processo Civil, que além da instauração de

processo, apresenta ainda a peculiaridade de o Executado ser citado para impugnar a

demanda, eis que não há um processo originário para prosseguir a fase de Cumprimento de

Sentença.

Gonçalves destaca a diferenciação entre conciliação e transação, onde a primeira é

realizada por iniciativa do juiz e a segunda é proveniente da iniciativa das partes, podendo

ocorrer fora do processo88

.

2.2.1.1.4 Sentença arbitral (artigo 475-N, IV do Código de Processo Civil)

A sentença arbitral que anterior a Lei 9.307 só era considerada título executivo judicial

após a homologação em juízo, passou, com o advento da referida lei, em 23 de setembro de

1996, a ter exeqüibilidade com o disposto no artigo 3189

, in verbis:

Lei 9.307/96.

84

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.77. 85

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.19. 86

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.78. 87

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.282. 88

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar.v.3.São Paulo: Saraiva, 2008. p. 61. 89

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.78-79.

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33

Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os

mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e,

sendo condenatória, constitui título executivo90

.

A exceção reside quando se deparar com sentença arbitral estrangeira, que deverá ser

submetida à apreciação e homologação do Superior Tribunal de Justiça, para sofrer Execução

na justiça brasileira91

.

Em razão de a sentença não ser realizada pelo Poder Judiciário é imprescindível a

instauração de processo específico para a Execução da sentença arbitral, sendo que será

faculdade do credor, dependendo a instauração exclusivamente dele92

.

2.2.1.1.5 Acordo extrajudicial, homologado judicialmente (artigo 475-N, V do Código de

Processo Civil)

O acordo extrajudicial, ajustado fora dos autos, submetido à homologação judicial é

considerado título executivo judicial em consonância com o disposto no inciso V do artigo

475-N do Código de Processo Civil.

A indicação aludida no rol de títulos executivos judiciais se deu para que fosse defeso

ao juiz, se recusar a ―homologar a transação sob pretexto de inexistir processo em curso entre

as partes. O pedido de homologação, in casu, deve ser processado como expediente de

jurisdição voluntária (art. 1.103).‖93

.

2.2.1.1.6 Sentença estrangeira homologada pelo STJ (artigo 475-N, VI do Código de Processo

Civil)

A sentença estrangeira que era homologada pelo Supremo Tribunal Federal, com a

alteração do artigo 105, I, i da Constituição Federal, dada pela Emenda Constitucional nº 45

de 08.12.2004, passou a ser de competência do Superior Tribunal de Justiça.

Sem a homologação, a sentença estrangeira, por si só, não tem eficácia, em

decorrência da soberania nacional brasileira.

90

BRASIL. VADEMECUM. p.1553 e BRASIL. Lei nº 9.307 de 23 de setembro de 1996: Dispõe sobre a

arbitragem. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm> Acesso em 11/02/2009. 91

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.79. 92

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.66-67. 93

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.78.

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34

Com a homologação a sentença estrangeira se torna título executivo judicial, e

conforme expressa Humberto Theodoro Júnior, ao citar o artigo 484 do Código de Processo

Civil: ―Na verdade, o título executivo é a carta de sentença94

extraída dos autos da

homologação (art. 484)‖95

.

A Execução do título executivo judicial sentença estrangeira homologada pelo

Superior Tribunal de Justiça tem como órgão competente a Justiça Federal de primeiro grau96

,

conforme dispõe o artigo 109, X da Constituição Federal:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...];

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a

execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira,

após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a

respectiva opção, e à naturalização;97

.

Wambier destaca ainda:

[...] embora se trate de título executivo judicial, haverá a necessidade de

instauração de um novo e específico processo destinado à liquidação da

sentença, se for o caso, e à execução, perante o competente juiz federal de

primeiro grau. Nesse novo processo, será imprescindível a citação do

executado (art. 475-N, parágrafo único, acrescido pela Lei 11.232/2005). Se

a condenação tiver por objeto pagamento de quantia, aplicar-se-ão nesse

processo as regras do art. 475-J e seguintes (sobre o cumprimento de

sentença). Se tiver por objeto fazer, não fazer ou entrega de coisa, serão

seguidas as regras do Livro II atinentes aos processos de execução dessas

obrigações98

Sucintamente Gonçalves expressa que a Execução da sentença estrangeira

homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, será feita em processo autônomo, sendo citado

94

Carta de sentença é ―[...]uma coletânea de peças de um processo, que habilita a parte a executar

provisoriamente a sentença e que só é formada porque os autos principais subirão à instância superior para

conhecimento do recurso da parte vencida, recurso esse que não é dotado de efeito suspensivo.‖ AMORIM, José

Roberto Neves. Professor Amorim. Dicionário Jurídico. Disponível em:

<http://www.professoramorim.com.br/amorim/texto.asp?id=214>. Acesso em: 21 abr. 2009. 95

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento

de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.79. 96

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.65. 97

BRASIL. VADEMECUM. p.41-42. 98

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.65.

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35

o devedor99

, conforme consubstanciado no parágrafo único do artigo 475-N do Código de

Processo Civil.

2.2.1.1.7 Formal e certidão de partilha (artigo 475-N, VII do Código de Processo Civil)

Formal e certidão de partilha, títulos executivos judiciais, segundo Wambier ―São

documentos que retratam a adjudicação de quinhão sucessório, formalizando a transferência

da titularidade de bens em virtude de sucessão causa mortis‖100

.

A Execução do título executivo judicial formal/certidão de partilha, previsto no inciso

VII do artigo 475-N emerge quando o herdeiro, em não recebendo os bens exige-os pela via

executiva, utilizando-se do título hábil101

.

Ressalta-se que se o bem estiver na posse de pessoa que não seja o inventariante, o

herdeiro ou sucessor, não poderá o titular do formal/certidão de partilha se utilizar da via

executiva, deverá pleitear em processo de conhecimento a condenação para ser-lhe entregue a

coisa102

.

Destaca Moacyr Amaral Santos:

A certidão de partilha tem força executiva quando substitutiva do formal de

partilha, nos termos do parágrafo único do art. 1.027 do referido Código103

:

‗O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamento do

quinhão hereditário, quando este não exceder cinco vezes o salário mínimo

vigente na sede do juízo.‘104

.

Em que pese à identificação do título executivo judicial formal de partilha,diante da

explicação concedida a certidão, tem-se que:

99

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 63. 100

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.65. 101

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 227. 102

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.20. 103

―O referido Código‖ indicado na citação refere-se ao Código de Processo Civil Brasileiro. 104

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 227.

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36

Formal de partilha ‗é a carta de sentença extraída dos autos de inventário,

com as formalidades legais, para título e conservação do direito do

interessado, a favor de quem ela foi passada‘105

.

Importante ainda ressaltar a introdução do artigo 461-A com a redação dada pela Lei

10.444 de 07 de maio de 2002, verifica-se que não há necessidade de propositura de nova

ação para Execução de sentença para entrega de coisa. Com o advento do referido artigo o

cumprimento se dá de plano106

em consonância com o artigo 475-I, que dispõe:

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e

461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por

execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo107

. (grifou-se).

Por fim, denota-se a Lei 11.441/2007 que autorizou a realização de inventário e

partilha extrajudicialmente. Para tanto deve ser feito, ―perante tabelião, quando não houver

testamento e todos os interessados forem capazes e não tiverem nenhuma divergência quanto

à partilha.‖108

.

Merece destaque tal denotação em razão de que a escritura resultante do inventário ou

partilha não tem caráter de título executivo judicial. Assim para assumir tal característica,

deverá ―ser homologada, nos termos do artigo 1.031 do Código.‖109

.

O Código a que se refere Wambier é o Código de Processo Civil, e o artigo 1.031

dispõe:

Art. 1.031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos

do art. 2.015 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, será

homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos

relativos aos bens do espólio e às suas rendas, com observância dos arts.

1.032 a 1.035 desta Lei110

.

105

OLIVEIRA, Itabaiana apud THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo

de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.80. Humberto

Theodoro Júnior cita Itabaiana de Oliveira in: Elementos de Direito das Sucessões, p.602. 106

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.80. 107

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.350. 108

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.66. 109

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.66. 110

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.793.

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37

Portanto, após verificação dos requisitos formais e da verificação do recolhimento dos

tributos pertinentes, o juiz chancela o plano de partilha, a partir de então tornando-se título

executivo judicial111

.

2.2.1.2 Titulo executivo extrajudicial

Conforme já indicado o título executivo extrajudicial teve origem na Idade Média,

quando alguns instrumentos de crédito passaram a ter força executiva112

.

Os títulos executivos extrajudiciais podem ser provenientes de documento público ou

particular, todavia, independente da origem, só serão considerados àqueles, denotados na

legislação, que cumprirem os requisitos e formalidades dados pela lei113

.

Importa que o título executivo extrajudicial segue a exigência do artigo 586, sendo

indispensável a certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação. Se ausente qualquer dos

requisitos, mister se faz a ação de conhecimento.

Destaca Vicente Greco Filho:

Tem sido objeto de discussão nos tribunais a situação de liquidez, ou não, de

títulos de crédito em índices variáveis, como as hoje extintas OTN –

Obrigações do Tesouro Nacional, ou UPC – Unidade Padrão de Capital, do

sistema Financeiro da Habitação, e mesmo o dólar. [...] O verdadeiro

problema está em saber se é legítima a substituição da moeda real, de

circulação obrigatória e exclusiva, por outros tipos de moeda móvel, tanto

sob o aspecto da formalidade do título [...] quanto sob o aspecto econômico

da proibição da adoção de unidade monetária diferente do real. [...] O

mesmo problema existe em relação aos contratos em moeda estrangeira. Se

em quantia fixa, não deixam de ser líquidos, mas podem ser nulos se não se

enquadrarem na legislação que regula o pagamento em moeda estrangeira no

Brasil114

.

111

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.66. Ainda acrescenta Wambier

que a escritura por si só, do inventário/partilha ―[...] terá apenas valor e eficácia de título executivo extrajudicial

(art. 585, II) [...]‖, enquanto não realizados os trâmites para dar-lhe a configuração de título executivo judicial. 112

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.32. 113

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.207. Ainda expressa que: ―a)

particular é o título originado de negócio jurídico privado e elaborado pelas próprias partes; b) público é o que

se constitui através de documento oficial emanado de algum órgão da administração pública.‖ 114

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.33-34.

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38

Os títulos executivos extrajudiciais ―são atos que abstratamente indicam alta

probabilidade de violação de norma ensejadora de sanção e que, por isso, recebem força

executiva.‖115

. Estão elencados no artigo 585 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o

documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o

instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela

Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem

como os de seguro de vida;

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de

imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de

condomínio;

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de

tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por

decisão judicial;

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados,

do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos

créditos inscritos na forma da lei;

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir

força executiva116

.

De forma a melhor compreensão, a seguir serão analisados brevemente, cada um dos

títulos executivos extrajudiciais denotados no artigo 585 do Código de Processo Civil, recém

citado.

2.2.1.2.1 A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque (artigo

585, I do Código de Processo Civil)

São os títulos de crédito mais comuns117

. Todos apresentam sob certo prisma, os

requisitos liquidez e certeza da obrigação pelo seu conteúdo.

Cada um dos títulos cambiários enumerados pelo art. 585, nº I, acha-se

regulado em lei material própria, sendo que, com relação ao cheque, à letra

de câmbio e à nota promissória, a legislação nacional (Dec. nº 2.591, de

1912, e Dec. nº 2.044, de 1908) acha-se grandemente alterada pela adesão do

Brasil à Convenção de Genebra para adoção de leis uniformes, que foram

115

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.67. 116

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.474-475. 117

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.34.

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39

postas em vigor, entre nós, pelos Decretos nºs 57.595 e 57.663, de 07 e 24 de

janeiro de 1966, respectivamente118

.

Ressalta-se que é imprescindível na Execução de título executivo extrajudicial, ―em

relação aos títulos cambiários, [...] exibição do original do título executivo, não sendo tolerada

a utilização de fotocópias. Estando, porém, o título no bojo de outro processo, de onde não

seja permitido o seu desentranhamento, a jurisprudência tem admitido a execução mediante

certidão.‖119

.

O original é indispensável tendo em vista tratar-se de título de crédito, negociável,

podendo ser colocado no mercado a qualquer tempo, prejudicando assim a Ação Executiva se

assim proceder o credor/autor da Execução.

Em suma, tem-se:

a) Letra de Câmbio: ―a letra de câmbio é ordem de pagamento, à vista ou a prazo,

que alguém (sacador) dirige a outrem (sacado) para pagar a terceiro (beneficiário da

ordem).‖120

.

b) Nota promissória:

A nota promissória [...] Trata-se de promessa de pagamento emitida

diretamente pelo devedor de modo que sua força executiva perante este (e

eventual avalista) independe de protesto. O protesto será necessário apenas

para tornar a promissória exigível frente a endossadores e respectivos

avalistas121

.

c) Duplicata: A duplicata deste inciso I, para Vicente Greco Filho, é aquela aceita,

sendo a duplicata não aceita remetida ao inciso VIII do mesmo artigo 585 do Código de

Processo Civil122

. Já Wambier no mesmo posicionamento de Gonçalves e Humberto

Theodoro Júnior123

:

118

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.207. 119

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.208. 120

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.68. 121

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.68. 122

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.34. 123

WAMBIER, Luiz Rodrigues, (coord.). Curso avançado de processo civil. p.67-68; GONÇALVES, Marcus

Vinicius Rios, Processo de Execução e cautelar. p.20; THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito

Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de

Urgência. p.208.

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40

Para que funcione como título executivo, precisa estar aceita pelo sacado

(Lei 5.474/68, art.15, I). Se não aceita para ter força executiva (i) deverá

estar protestada, (ii) acompanhada do comprovante de entrega do produto ou

da efetiva prestação do serviço (bem como, nesse segundo caso, do vínculo

contratual que a autorizou) e (iii) não poderá ter havido recusa de aceite,

pelos meios e nas condições legalmente previstos (Lei 5.474/68, art. 15,

II)124

.

d) Debêntures: ―debêntures são títulos de crédito emitidos em série por sociedades

anônimas a fim de obter empréstimos junto ao público (Lei 6.404/76[...]) [...] A força

executiva da debênture independe de protesto.‖125

.

e) Cheque: ―o cheque é uma ordem de pagamento a vista.‖126

.

O cheque igualmente independe de protesto ou outras formalidades para que

sirva de título executivo perante o emitente e seu avalista (Lei 7.357/85, art.

47, I). Já contra os endossantes e seus avalistas, poderá ser promovida a

execução se o ‗cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento

é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada

sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por

declaração escrita e datada por câmara de compensação.‘ (Lei 7.357/85, art.

47, II)127

.

O cheque tem como legislação base a Lei 7.357/85. Ainda tem prazo prescricional de

seis meses. Ultrapassado o prazo prescricional poderá o credor, em dois anos, pleitear

judicialmente o reconhecimento obtendo a legitimação para exercer atos executivos128

.

2.2.1.2.2 A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento

particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação

referendado pelo ministério público, pela defensoria pública ou pelos advogados dos

transatores (artigo 585, II do Código de Processo Civil)

O inciso II do artigo 585 foi alterado pela Lei 8.953/94. Sendo que a nova disposição

extinguiu a limitação anterior que permitia a Execução somente de ―documento público ou

124

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.67-68. 125

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.68-69. 126

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. v.3. São Paulo: Saraiva, 2008. p.94. 127

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.68. 128

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.94.

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41

particular subscrito por testemunhas, que contivesse obrigação de pagar determinada quantia,

ou de entregar coisa fungível.‖129

.

Os títulos denotados neste inciso podem agora, ―ter por objeto também as obrigações

de entregar coisa infungível, fazer e não fazer‖130

.

Importa destacar que a obrigação de dar coisa certa ou genérica, de fazer ou não fazer

ou de dar quantia certa contida em qualquer dos títulos executivos extrajudiciais denotados no

inciso II do artigo 585 do Código de Processo Civil, podem ser exigidas na Ação Executiva,

desde que cumpram os requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade e ―inexistam condições

dependentes de fatos por apurar‖131

.

Humberto Theodoro Júnior chama atenção quanto ao documento particular assinado

por devedor analfabeto, tendo em vista que tal título só poderá ser firmado de próprio punho

ou por procurador com mandato por escritura pública, não tendo validade a assinatura a rogo,

mesmo que na presença de duas testemunhas132

. É aceito tão somente no documento

público133

.

Imprescindível destacar que há divergência quanto à qualidade das testemunhas que

exaram o documento particular assinado pelo devedor.

A primeira corrente, defende que as testemunhas devem ser presenciais, ou seja:

[...] Estas testemunhas destinam-se a servir como prova em caso de eventual

impugnação do teor do documento ou da vontade livre de um dos pactuantes

no momento da sua elaboração. Assim, tal testemunha deve ter condição de

ulteriormente prestar prova testemunhal em juízo, não podendo estar

marcada por qualquer das causas de incapacidade, impedimento e suspeição

presentes no art. 405 do CPC. Quanto aos documentos particulares, deverão

estar assinados por duas testemunhas, presentes à elaboração do instrumento.

Não havendo esta cautela, sua exeqüibilidade depende da chancela do

129

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.21. 130

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.69. 131

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.209. 132

Vicente Greco Filho atenta para os riscos da ampliação, expressando (in: GRECO Filho, Vicente. Direito

Processual Civil Brasileiro. p.35): ―De um lado, a ampliação dá maior efetividade aos negócios jurídicos

privados e, consequentemente, à atuação judicial, mas, de outro, corre-se o risco de serem esses negócios

inexeqüíveis, quando lhes faltar clareza, por exemplo, ou abusivos, quando realizados entre partes em

desequilíbrio econômico.‖ 133

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.210.

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42

Ministério Público, da Defensoria Pública ou dos advogados de todas as

partes envolvidas134

. (grifo do autor).

No mesmo sentido Gonçalves expressa que a assinatura das testemunhas, é exigida,

justamente para que possa comprovar em juízo que presenciou a manifestação de vontade do

devedor135

.

Cassio Scarpinella Bueno136

indica que as testemunhas não são meramente

instrumentais, ―[...] devem ser presenciais ao ato de assinatura do documento pelo devedor

[...]‖137

.

Ainda sobre esta corrente, nota-se em casos específicos, o embasamento proveniente

de súmulas, como é o caso do contrato de adesão (bancário) subscrito por duas

testemunhas138

, senão vejamos:

Súmula 233 do Superior Tribunal de Justiça. O contrato de abertura de

crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é título

executivo139

.

Gonçalves conclui indicando que se as testemunhas forem consideradas meramente

instrumentais, melhor dispensá-las, eis que são as testemunhas que revestem o título de

certeza, não podendo, portanto, exararem posteriormente à confecção do contrato, sendo

necessário que tenham conhecimento do instrumento, tendo presenciado-o140

.

134

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.429. 135

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 68. 136

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. v.3. São Paulo: Saraiva, 2008. Mestre, Doutor e Livre-docente em Direito Processual Civil da

Faculdade de Direito da PUC/SP. Professor de Direito Processual civil nos cursos de Graduação, Especialização,

Mestrado e Doutorado da Faculdade de Direito da PUC/SP. Professor visitante do curso de Mestrado das

Faculdades das Faculdades Integradas de Vitória (FDV). Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual e

do Instituto Ibero-americano do Direito Processual. Advogado em São Paulo. 137

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.95. 138

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 69. 139

BRASIL. VADEMECUM. p.1720. 140

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 70.

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43

Em contrapartida existe uma segunda corrente que defende que as testemunhas são

meramente instrumentárias. Sobre o assunto, leciona José Miguel Garcia Medina141

:

[...] Neste caso, entende-se que a assinatura das testemunhas é indispensável,

salvo se a Lei expressamente preterir tal requisito. Já se decidiu, no entanto,

que tais testemunhas são meramente instrumentárias (isto é, não precisam ter

assinado o documento contemporaneamente ao devedor), e que a falta de

identificação das mesmas ou o fato de estarem as suas assinaturas ilegíveis

não afeta a higidez do título executivo.Vê-se, portanto, que a jurisprudência

tem sido flexível, quanto à formação do título executivo no caso ora

analisado o que, segundo pensamos, decorre do fato de ter-se adotado, em tal

hipótese, um tipo aberto para a configuração do título executivo. Isso

permite que um ato jurídico, formulado para configurar um título previsto

em um tipo fechado, venha, ainda assim, a ser considerado um título

executivo, se, residualmente, acabar se ajustando à previsão contida em um

tipo aberto142

. (grifo do autor).

Portanto, a segunda corrente, que indica que as testemunhas são meramente

instrumentais funda-se na interpretação literal ao texto da lei143

.

2.2.1.2.3 Os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de

seguro de vida (artigo 585, III do Código de Processo Civil)

O inciso III do artigo 585 do Código de Processo Civil foi alterado pela Lei

11.382/2006, tendo-lhe sido acrescido o termo garantido, ou seja, no texto anterior os

contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução eram títulos executivos

extrajudiciais. Já com o advento da Lei 11.382/2006, os títulos são os contratos garantidos por

hipoteca, penhor, anticrese e caução. Assim ―o que se executa é o crédito constituído pelo

141

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. v.3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. Doutor e mestre em

Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Professor de Direito

Processual Civil no curso de graduação da Universidade Estadual de Maringá – UEM, nos cursos de mestrado da

Universidade Paranaense – UNIPAR e da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, e nos cursos de pós

graduação lato sensu da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Membro do Conselho de

Redação da Revista de Processo – RePro e do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Direito Processual –

RBDPro. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual – IBDP, da Academia Brasileira de Direito

Processual Civil – ABDPC, do Instituto Brasileiro de Ciências Jurídicas – IBCJ e do Instituto Panamericano de

Derecho Procesal – IPDP. Advogado. Conselheiro Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do

Paraná. 142

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução.p. 88-89. 143

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução.p. 88-89. Ainda, o autor cita como fundamentação os

entendimentos do Superior Tribunal de Justiça: STJ, 3ª T. REsp 137.895/PE, rel. p/ acórdão Min. Humberto

Gomes de Barros, j. 20.10.2005, DJ 19.12.2005, p.392; STJ, 4ª T. REsp 541.267/RJ, rel. Min. Jorge Scartezzini,

j. 20.09.2005, DJ 17.10.2005, p.298; STJ, 4ª T. REsp 159.747/SP, rel. Min. Barros Monteiro, j. 18.10.2005, DJ

12.12.2005, p.386; STJ, 4ª T. REsp 225.071/SP, rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 01.04.2004, DJ 19.04.2004,

p.200.

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contrato. A garantia é apenas o instrumento de facilitação da exigência do direito do

credor.‖144

.

As garantias podem ser reais ou pessoais, ―[...] podem ser constituídas por

antecipação, [...] e até podem ser outorgadas por pessoa diversa da do devedor [...]‖145

. Assim

se a garantia for dada por terceiro (fiador/avalista), este pode ser executado pela dívida

garantida com a garantia dada, não podendo ser o terceiro responsabilizado solidariamente

pela dívida. Assim a responsabilidade patrimonial do terceiro garantidor é limitada à garantia,

não respondendo este por quaisquer acréscimos além daquele garantido pelo terceiro

garantidor146

.

Ressalta-se que é totalmente inadmissível pretender-se executar apenas o

devedor principal e fazer a penhora recair sobre o bem do terceiro garante.

Se a execução vai atingir o bem dado em caução real pelo não-devedor, este

forçosamente terá de ser parte na relação processual executiva, quer

isoladamente, quer em litisconsórcio com o devedor. Jamais poderá suportar

a expropriação executiva sem ser parte no processo, como é óbvio147

.

A garantia pode ser convencional e legal para o penhor, e convencional, legal e

judicial para a hipoteca, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior. Convencional, quando

derivada de contrato; Legal, de lei (hóspede e hospedeiro, locador e locatário); e Judicial,

quando derivada de sentença condenatória148

.

A anticrese ―é o direito real de garantia sobre ‗os frutos e rendimentos‘ de um

imóvel‖149

. Está em desuso.

A caução é garantia real (penhor, hipoteca e anticrese) ou fidejussória150

(fiança)151

.

144

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial. p.19. 145

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.212. 146

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.212-213. 147

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.213. 148

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.215. 149

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.215. 150

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.216. 151

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.216. ―A caução fidejussória consiste

na fiança, garantia tipicamente pessoal e que pode ser convencional, legal e judicial […]‖.

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45

Os contratos de seguro de vida são as apólices, que são consideradas título executivo

extrajudicial, comparados com a prova do óbito do segurado.

Wambier destaca que a apólice pode ser substituída por outros documentos152

,

―[...]diante da essencialidade de que o crédito se reveste‖153

.

2.2.1.2.4 O crédito decorrente de foro e laudêmio (artigo 585, IV do Código de Processo

Civil)

Em palavras de Vicente Greco Filho:

Foro e laudêmio são créditos decorrentes do contrato de enfiteuse. O foro é

uma prestação anual que o foreiro ou o enfiteuta, titular do domínio útil,

paga ao titular da propriedade pura; o laudêmio é o pagamento devido pelo

enfiteuta quando transfere o domínio útil154

.

Ocorre que o instituto enfiteuse foi terminantemente proibido pelo artigo 2.038, caput,

do Código Civil. Assim o inciso IV permanece em razão das enfiteuses que ainda existem,

subordinando-se aos dispositivos do Código Civil de 1.916155

.

2.2.1.2.5 O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem

como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio (artigo 585, V do

Código de Processo Civil)

O texto do inciso V do artigo 585 do Código de Processo Civil permite que qualquer

documento comprobatório da locação seja título hábil a promover a Ação Executiva, eis que o

aluguel é ―[...] crédito periódico a que faz jus o locador, nos contratos de locação.‖156

.

Anteriormente se fazia mister o contrato de locação, hodiernamente, porém,

apresentando documentos que sejam provas cabais da existência do contrato, mesmo que

verbal, há como proceder a Ação Executiva157

.

Expressa Vicente Greco Filho:

152

―Aceitação de proposta da seguradora, correspondências que noticiem a existência do seguro etc.‖ 153

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.70. 154

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.36. 155

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.71. 156

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.71. 157

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.71.

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A falta de pagamento de alugueres pode permitir a ação de despejo com esse

fundamento; decretado o despejo e efetivada a desocupação, é adequada a

execução para a cobrança de alugueres e demais despesas. [...] Observa-se,

porém, que [...] os alugueres continuam como título executivo extrajudicial e

não judicial, porque sua cobrança não é objeto da ação de despejo e,

portanto, não se torna indiscutível pela coisa julgada158

.

Quanto aos encargos acessórios a que se refere o inciso V do artigo 585 do Código de

Processo Civil, Humberto Theodoro Júnior indica que é muito claro, eis que sendo acessório

do crédito decorrente de aluguel de imóvel, somente na qualidade de acessório que segue o

principal é que se revestirá de força executiva159

.

Ainda:

Fora do contrato locatício, os encargos, como dívida do condômino ao

condomínio, não gozam isoladamente de semelhante força jurídica. Tem,

pois, o condomínio de sujeitar-se à ação do artigo 275, II, b, qual seja, a ação

de conhecimento de procedimento sumário, para haver em juízo as

contribuições devidas pelos comunheiros160

.

Tal denotação é de suma importância, eis que a dívida de condomínio é caracterizada

como título executivo extrajudicial, desde que seja acessório do aluguel, em consonância com

o disposto no inciso V do artigo 585 do Código de Processo Civil161

. Todavia, quando isolada

a dívida, não é considerado título executivo extrajudicial, devendo seguir os trâmites do artigo

275, II, b do Código de Processo Civil, ressaltando que a cobrança se dará contra o

proprietário do imóvel, que é o titular da dívida, podendo reaver o valor do inquilino,

inclusive as despesas oriundas162

, através de Execução de título extrajudicial, na forma do

inciso V do artigo 585 do Código de Processo Civil.

2.2.1.2.6 O crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando

as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial (artigo 585, VI do

Código de Processo Civil)

158

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.37. 159

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial. 2007, p.20. 160

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial. p.21. 161

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução do título extrajudicial. p.21. 162

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 74-76.

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47

Os referidos créditos, apesar de provenientes de decisão judicial são títulos executivos

extrajudiciais eis que ―não é sentença ditada em contraditórios, por isso não tem força de

coisa julgada.‖163

.

Humberto Theodoro Júnior indica que não havendo relação processual entre o

serventuário permanente164

ou eventual165

e a parte devedora, a Execução das custas

dependem da aprovação por decisão judicial executando-se o título executivo extrajudicial

oriundo da referida decisão166

.

2.2.1.2.7 A certidão de dívida ativa da fazenda pública da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da

lei (artigo 585, VII do Código de Processo Civil)

O título executivo extrajudicial denotado no inciso VII do artigo 585 do Código de

Processo Civil, é a certidão de dívida ativa, e está regulada por disposição legislativa especial,

Lei nº 6.830/80167

.

Preleciona Wambier:

A inscrição em dívida ativa, conquanto, em si, seja ato unilateral da Fazenda

Pública, e precedida de procedimento administrativo em que se garante a

participação em contraditório do administrado (CF, art. 5º, LV) [...]168

.

Importa destacar que a dívida ativa tem amplitude, abrangendo não só as receitas

definidas como tributárias, mas toda e qualquer receita, de qualquer valor, que após

procedimentos administrativos concernentes, persista impaga ou inconteste pelo devedor, que

acarreta na inscrição em dívida ativa169

.

163

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.37. 164

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.218. Serventuários permanentes são

escrivães, escreventes, distribuidores, contadores, tesoureiros, oficiais de justiça, depositários, avaliadores,

tabeliães , oficiais de registro etc. 165

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.218. Eventuais são os peritos, o

intérprete e o tradutor. 166

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.218. 167

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p. 37. 168

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.73. 169

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.218-219.

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48

Leciona ainda Humberto Theodoro Júnior:

A omissão de qualquer dos requisitos170

da certidão, ou erro a eles relativo

são causas de ‗nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela

decorrente‘ (CTN, art. 203). Admite-se, porém, a substituição do documento

defeituoso no curso da execução, reabrindo-se ao devedor o prazo de defesa,

a qual, no entanto, somente poderá versar sobre a parte modificada [...]171

.

Importa ressaltar que a certidão deve ser expedida consubstanciada no artigo 2º172

da

mencionada Lei 6.830/80, sendo correto afirmar que o procedimento segue a lei especial,

respeitados os pressupostos da Execução de título extrajudicial173

.

2.2.1.2.8 Todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva

(artigo 585, VIII do Código de Processo Civil)

―Apenas a lei federal poderá instituir títulos executivos, uma vez que é da União a

competência para legislar sobre processo (CF, art. 22, I).‖174

.

Exemplos de títulos a que se refere o inciso VIII do artigo 585 do Código de Processo

Civil: ―cédula de crédito rural (Dec.-Lei 167/67, art. 41), industrial (Dec.-Lei 413/69, art. 10)

e comercial (Lei 6.840/80 c/c o Dec.-Lei 413/69); [...] o instrumento de contrato garantido por

alienação fiduciária (Dec.-Lei 911/69, art. 5º) [...]‖175

; ―[...] o contrato de honorários de

advogado (Lei nº 8.906/94, art. 24), os créditos da Previdência Social (Lei 8.212/91, art. 39,

§1º)‖176

.

170

Os requisitos da certidão estão no artigo 202 do Código Tributário Nacional e no artigo 2º, §5º da Lei

6.830/80. 171

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.219. Peculiaridades: ―[...] O crédito

fiscal é preferencial e goza, inclusive de preferência sobre o do credor hipotecário e pignoratício [...] A mulher

casada não assiste o direito de opor embargos de terceiro para excluir sua meação [...]. A Fazenda Pública não

está sujeira ao pagamento de custas e emolumentos [...] Aplica-se [...] ao executivo fiscal a regra comum da

sucumbência [...].‖ 172

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº

4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro

para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito

Federal. [...]. 173

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.102. 174

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.73. 175

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.73. 176

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.222.

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49

Desta forma todos os demais títulos executivos, estarão instituídos em legislação, não

existindo título com força executiva, sem disposição expressa em lei177

.

2.2.2 Inadimplemento do devedor

Zavascki178

indica Liebman179

como influenciador direto ao Código de Processo Civil

no que tange aos requisitos específicos da Execução: inadimplemento do devedor e título

executivo.

Segundo a doutrina liebmiana [...] ‗A situação de fato que pode dar lugar à

execução [...] consiste sempre na falta de cumprimento de uma obrigação

por parte do obrigado. [...] a existência de um crédito insatisfeito não é

porém suficiente para que possa pedir-se a execução‘180

.

Assim visivelmente se faz necessária a conjugação dos dois requisitos para ser viável

Ação Executiva ou o Cumprimento de Sentença181

.

O inadimplemento do devedor, como requisito específico necessário à propositura da

Ação Executiva ou o Cumprimento de Sentença tem seu conceito brevemente indicada no

artigo 580 do Código de Processo Civil, como sendo o descumprimento da obrigação certa,

líquida e exigível. In verbis:

Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a

obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo182

.

Vicente Greco Filho expressa que a obrigação é considerada cumprida, quando

totalmente satisfeita pelo devedor, e

[...] Igualmente, se a prestação feita pelo devedor não corresponde ao direito

ou obrigação, pode o credor recusá-la propondo a execução ou nela

prosseguindo (581). É o caso, por exemplo, do art. 313 do Código Civil de

177

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 78. 178

TEORI ALBINO ZAVASCKI é Desembargador Federal. Tomou posse no TRF 4ª Região em 30 de março de

1989. Vice Presidente do TRF de 20/06/1997 até 20/06/1999; Presidente do TRF 4ª Região de 21/06/2001 até

07/05/2003, Ministro do STJ desde 08 de maio de 2003. 179

ENRICO TULIO LIEBMAN. 180

ZAVASCKI, Teori Albino; SILVA, Ovídio Araújo Baptista da (coord.). Comentários ao Código de

Processo Civil. Vol. 8. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p.158. 181

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.152. 182

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.471.

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50

2002: ‗O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é

devida, ainda que mais valiosa‘183

.

No mesmo sentido Humberto Theodoro Júnior complementa:

A discussão em torno da regularidade e perfeição do pagamento, se anterior

à execução, deverá ser objeto do processo incidente (mas à parte) dos

embargos à execução [...], se se tratar de execução fundada em título

extrajudicial ou de execução contra a Fazenda Pública. Será tratada a matéria

em impugnação quando a execução forçada estiver sendo processada como

‗cumprimento de sentença‘184

.

No que tange à defesa do devedor, leciona Wambier, que

[...] uma vez afirmado o inadimplemento pelo exeqüente, a alegação e a

demonstração do contrário pelo executado terão de ser feitas,

necessariamente, em embargos (processo de conhecimento autônomo,

embora incidental ao processo de execução) ou em impugnação ao

cumprimento da sentença (incidente processual de conhecimento, cabível na

fase de cumprimento de sentença, instituído pela Lei 11.232/2005)185

.

Wambier ressalta ainda que quando houverem obrigações recíprocas, não se poderá

exigir uma sem o implemento da outra. E se ocorrer a Execução de uma parte, aplicar-se-á o

parágrafo único do artigo 582186

do Código de Processo Civil que dispõe:

Art. 582. Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de

cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá

à execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios

considerados idôneos pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo

credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.

Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação,

depositando em juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a

execução, não permitindo que o credor a receba, sem cumprir a

contraprestação, que Ihe tocar187

.

183

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p. 23-24. 184

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.153. 185

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.78. 186

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.78. 187

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.472.

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51

O referido artigo trata da ―aplicação ao processo de execução, da exceptio non

adimpleti contractus188

, [...] que terá lugar sempre que o credor pretender executar o devedor,

sem a prévia ou a concomitante realização da contraprestação a seu cargo.‖189

.

Tal exceção, frustra a Execução pela ausência do inadimplemento, eis que a recusa do

devedor ao pagamento será justa, e, portanto o credor enquanto não implementar sua

prestação será carecedor de pressuposto necessário à propositura da ação190

.

Merece destaque ainda, eis que em se tratando de obrigações recíprocas, derivadas de

um mesmo título, se a parte exeqüente não cumprir a sua prestação, esta poderá ser exigida

pelo devedor, que ao cumprir a sua obrigação, permitirá ao juiz proceder a suspensão da

Execução, sendo permitido ao exeqüente/credor o respectivo levantamento se cumprir a

obrigação que lhe toca191

.

2.3 VIAS DE EXECUÇÃO

Hodiernamente com o advento da Lei 11.232 de 22 de dezembro de 2005, o Código de

Processo Civil passou a ter duas vias de Execução: a Ação Executiva de títulos executivos

extrajudiciais e o Cumprimento de Sentença na hipótese de títulos judiciais192

.

É bem verdade que tal alteração advém de um ciclo de alterações no Código de

Processo Civil, como bem expressa Wambier:

Essa orientação começou a modificar-se com o novo modelo de tutela para

as obrigações de fazer e de não fazer, pelo qual a sentença que impõe o

cumprimento de deveres dessa natureza é efetivada no próprio processo em

que proferida (CPC, art. 461, na redação dada pela Lei 8.952/94).

A mudança prosseguiu com a extensão do regime do art. 461 às obrigações

de entrega de coisa (art. 461-A, introduzido pela Lei 10.444/2002).

As regras acerca do cumprimento da sentença condenatória ao pagamento de

quantia, instituídas pela Lei 11.232/2005, completam esse ciclo de

188

Exceção de contrato não cumprido. 189

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.154. 190

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.154. 191

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.154. 192

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.13.

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52

transformação. [...] a circunstância de não implicar a instauração de novo

processo193

.

Importante, neste momento destacar, com relação à alteração proposta pela Lei

11.232/2005, a ―Exposição de Motivos194

do Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos‖195

:

[...] 3. É tempo, já agora, de passarmos do pensamento à ação em tema de

melhoria dos procedimentos executivos. A execução permanece o 'calcanhar

de Aquiles' do processo. Nada mais difícil, com freqüência, do que impor no

mundo dos fatos os preceitos abstratamente formulados no mundo do direito.

Com efeito: após o longo contraditório no processo de conhecimento,

ultrapassados todos os percalços, vencidos os sucessivos recursos, sofridos

os prejuízos decorrentes da demora (quando menos o 'damno marginale in

senso stretto' de que nos fala Ítalo Andolina), o demandante logra obter alfim

a prestação jurisdicional definitiva, com o trânsito em julgado da condenação

da parte adversa. Recebe então a parte vitoriosa, de imediato, sem tardança

maior, o 'bem da vida' a que tem direito? Triste engano: a sentença

condenatória é título executivo, mas não se reveste de preponderante eficácia

executiva. Se o vencido não se dispõe a cumprir a sentença, haverá iniciar o

processo de execução, efetuar nova citação, sujeitar-se à contrariedade do

executado mediante 'embargos', com sentença e a

possibilidade de novos e sucessivos recursos.

Tudo superado, só então o credor poderá iniciar os atos executórios

propriamente ditos, com a expropriação do bem penhorado, o que não raro

propicia mais incidentes e agravos.

Ponderando, inclusive, o reduzido número de magistrados atuantes em nosso

país, sob índice de litigiosidade sempre crescente (pelas ações tradicionais e

pelas decorrentes da moderna tutela aos direitos transindividuais), impõe-se

buscar maneiras de melhorar o desempenho processual (sem fórmulas

mágicas, que não as há), ainda que devamos, em certas matérias (e por que

não?), retomar por vezes caminhos antigos (e aqui o exemplo do

procedimentos do agravo, em sua atual técnica, versão atualizada das antigas

'cartas diretas' (...), ainda que expungidos rituais e formalismos já

anacrônicos.

4. Lembremos que Alcalá-Zamora combate o tecnicismo da dualidade,

artificialmente criada no direito processual, entre processo de conhecimento

e processo de execução. Sustenta ser mais exato falar apenas de fase

processual de conhecimento e de fase processual de execução, que de

processo de uma e outra classe. Isso porque "a unidade da relação jurídica e

da função processual se

estende ao longo de todo o procedimento, em vez de romper-se em dado

momento" (Proceso, autocomposicióny autodefensa, UNAM, 2a ed., 1970,

n. 81, p. 149). [...]

A dicotomia atualmente existente, adverte a doutrina, importa na paralisação

da prestação jurisdicional logo após a sentença e na complicada instauração

de um novo procedimento, para que o vencedor possa finalmente tentar

impor ao vencido o comando soberano contido no decisório judicial. Há,

193

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.44. 194

Anexo I. 195

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.13-15.

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53

destarte, um longo intervalo entre a definição do direito subjetivo lesado e

sua necessária restauração, isso por pura imposição do sistema

procedimental, sem nenhuma justificativa, quer que de ordem lógica, quer

teórica, quer de ordem prática (ob. cit., p. 149 e passim).

5. O presente Anteprojeto foi amplamente debatido em reunião de

processualistas realizada nesta Capital, no segundo semestre de 2002, e

buscou inspiração em muitas críticas construtivas formuladas em sede

doutrinária e também nas experiências reveladas em sede jurisprudencial.

As posições fundamentais defendidas são as seguintes:

a) Na esteira de precedentes reformas, os artigos do CPC em princípio

mantém sua numeração; mas os acrescidos são identificados por letras, e

assim também os modificados se necessário incluí-los em diverso Título ou

Capítulo;

b) a ´efetivação` forçada da sentença condenatória será feita como

etapa final do processo de conhecimento, após um ´tempus iudicati´, sem

necessidade de um ´processo autônomo` de execução (afastam-se princípios

teóricos em homenagem à eficiência e brevidade); processo ´sincrético`, no

dizer de autorizado processualista. Assim, no plano doutrinário, são alteradas

as ´cargas de eficácia` da sentença condenatória, cuja ´executividade` passa a

um primeiro plano; em decorrência, ´sentença` passa a ser o ato ―de

julgamento da causa, com ou sem apreciação do mérito‖;

c) a liquidação de sentença é posta em seu devido lugar, como Título

do Livro I, e se caracteriza como ´procedimento` incidental, deixando de ser

uma ´ação` incidental; destarte, a decisão que fixa o ´quantum debeatur`

passa a ser impugnável por agravo de instrumento, não mais por apelação; é

permitida, outrossim, a liquidação ´provisória`, procedida em autos

apartados enquanto pendente recurso dotado de efeito suspensivo;

d) não haverá ―embargos do executado‖ na etapa de cumprimento da

sentença, devendo qualquer objeção do réu ser veiculada mediante mero

incidente de ´impugnação`, à cuja decisão será oponível agravo de

instrumento;

e) o Livro II passa a regrar somente as execuções por título extrajudicial,

cujas normas, todavia, se aplicam subsidiariamente ao procedimento de

‗cumprimento de sentença;

f) a alteração sistemática impõe a alteração dos artigos 162, 269 e 463, uma

vez que a sentença não mais ´põe fim` ao processo‖.

4. Assim, Senhor Presidente, submeto ao elevado descortino de V.

Excelência o anexo projeto de lei, acreditando que, se aceito, estará o Brasil

adotando uma sistemática mais célere, menos onerosa e mais eficiente às

execuções de sentença que condena ao pagamento de quantia certa.

Respeitosamente,

MÁRCIO THOMAZ BASTOS

Ministro de Estado da Justiça196

.

Com tais transformações, reitera-se que o resultado, foi o surgimento de duas vias de

Execução e diante disso passaremos a analisá-las individualmente, identificando-as.

196

Exposição de Motivos nº 0034, de Marcio Thomaz Bastos, Ministro de Estado da Justiça. Referente ao

Projeto de Lei 3.253/2004, que altera a Lei 5.869/73 Código de Processo Civil. Disponível em:

<http://www.trf4.jus.br/trf4/upload/arquivos/emagis_prog_cursos/projeto_de_lei_3523-2004.pdf>. Acesso em:

14 mar. 2009. Complementado com Humberto Theodoro Júnior (in: THEODORO Júnior, Humberto. Curso de

Direito Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela

de Urgência. p. 13-15).

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54

2.3.1 Cumprimento de Sentença

Em consonância com a Lei 11.232/2005, o Cumprimento de Sentença foi inserido no

Código de Processo Civil no Capítulo X do Título VIII do Livro I, artigos 475-I à 475-N197

.

Wambier expressa, quanto ao Cumprimento de Sentença, ser fase processual,

diferentemente da Ação Executiva:

Atualmente, a generalidade das sentenças que determinam cumprimento de

obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa revestem-se de eficácia

executiva e mandamental, sendo executadas no próprio processo em que

proferidas (art. 461 e 461-A [...])

[...] Além disso, com a Lei 11.232/2005 (em vigor desde 23.06.2006)

também as sentenças condenatórias ao pagamento de quantia passaram a ser

executadas na mesma relação processual em que foram admitidas. Depois da

fase cognitiva, que resulta na emissão da sentença, e não havendo o

cumprimento voluntário da condenação pelo derrotado, tem vez uma fase

executiva (que segue, em linhas gerais, os parâmetros típicos do processo

executivo do Livro II do Código)198

.

Assim verifica-se que da mesma forma que a Ação Executiva, o Cumprimento de

Sentença compreende as obrigações de fazer ou não fazer e obrigação por quantia certa, senão

vejamos o artigo 475-I do Capítulo X do Título VIII do Livro I do Código de Processo Civil:

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-

A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos

termos dos demais artigos deste Capítulo199

.

Em razão de interessar, a este trabalho, somente a segunda parte do caput do artigo

475-I, que trata do Cumprimento de Sentença por quantia certa, prescindível é o texto dos

dispositivos legais 461 e 461-A denotados no artigo recém transcrito, razão pela qual não

serão citados.

2.3.2 Ação Executiva

Conforme já mencionado a Ação Executiva identificada no Código de Processo Civil,

Livro II, Título I à VI, tem como objeto o título executivo extrajudicial200

.

197

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.13. 198

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.43. 199

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.350.

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55

Para propositura da ação, mister se faz que haja o inadimplemento do devedor e que o

título executivo extrajudicial seja certo, líquido e exigível201

.

É notório que o título executivo extrajudicial possui uma obrigação assumida pelo

devedor, e quando não cumprida essa obrigação, possibilita, aliado aos demais pressupostos, a

propositura da ação competente. Destaca-se que a ação é definida em conformidade com a

obrigação contida no título executivo extrajudicial.

Expressa Humberto Theodoro Júnior:

O Código regulou separadamente as execuções tendo em vista a natureza da

prestação a ser obtida do devedor, classificando-as em:

a) Execução de entrega de coisa;

b) Execução das obrigações de fazer e não fazer; e

c) Execução por quantia certa, esta subdividida em modalidades distintas

conforme o devedor seja solvente ou insolvente202

.

Wambier classifica:

a) Por quantia certa (art. 646 e seguintes e art. 748 e seguintes);

b) Obrigação de entregar coisa incerta (art. 629 e seguintes);

c) Obrigação de entregar coisa certa (art. 621 e seguintes);

d) Obrigação de fazer (art. 632 e seguintes); e

e) Obrigação de não fazer203

.

Importa ressaltar que a espécie de Execução, das recém expostas, deter-se-á, neste

trabalho, à Execução por quantia certa.

Encerrado este primeiro capítulo, onde restou destacado uma breve evolução histórica

da Execução chegando às duas vias de Execução existentes (Cumprimento de Sentença e

Ação Executiva), seguida pela denotação dos requisitos da Execução (título executivo e

inadimplemento do devedor), concluindo com uma breve exposição das vias de Execução

200

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.120. 201

Com base no artigo 580 do Código de Processo Civil. In verbis: Art. 580. A execução pode ser instaurada

caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo. 202

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.224. 203

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.159.

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56

Cumprimento de Sentença e Ação Executiva, passar-se-á exposição do segundo capítulo onde

será abordada a Execução por quantia certa, aprofundando-se em todas as fases processuais.

Fase inicial, preparatória e satisfativa.

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57

3 SEGUNDO CAPÍTULO – EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA

―A Execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor a fim de

satisfazer o direito do credor (art. 646).‖204

205

.

Em princípio, destaca Moacyr Amaral Santos, a Execução por quantia certa é aquela

que tem como obrigação o pagamento em dinheiro e em quantia certa206

. E, prossegue:

Também se dá a execução por quantia certa em substituição à execução por

coisa certa ou em espécie ou à execução de fazer ou não fazer, quando estas

se verificarem impossíveis e o devedor tenha que ser constrangido ao

pagamento das perdas e danos correspondentes207

.

No mesmo sentido Humberto Theodoro Júnior expressa:

Pode a execução por quantia certa fundar-se tanto em título judicial208

[...]

como em título extrajudicial209

[...]. Pode, também, decorrer da substituição

de obrigação de entrega de coisa e da obrigação de fazer ou não fazer,

quando a realização específica dessas prestações mostrar-se impossível ou

quando o credor optar pelas equivalentes perdas e danos (arts. 627, 633 e

638, parágrafo único, do Código de Processo Civil)210

. (grifo do autor).

Wambier classifica a Execução por quantia certa como uma Execução genérica211

, isto

porque, os demais tipos de Execução, são tipos de Execução específica, pois visam bem

jurídico diferente de quantia em dinheiro, todavia, quando infrutífera a Execução específica,

204

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.70. 205

O artigo 646 que faz referência o Autor, é aquele do Código de Processo Civil. 206

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 279-280. 207

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 280. 208

Por Cumprimento de Sentença por quantia certa. 209

Por ação de execução por quantia certa. 210

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.264. 211

Execução genérica é a que busca a obtenção em dinheiro. Se não encontrada a quantia pecuniária no

patrimônio do devedor, tal execução poderá atingir qualquer bem abrangido pela responsabilidade patrimonial,

que será alienado judicialmente, conseguindo-se assim dinheiro para a satisfação do crédito.

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ela é considerada impossível, e ―Neste caso, poderá ser substituída pela Execução genérica,

que terá por objeto obrigação de pagamento das perdas e danos.‖212

.

A Execução por quantia certa, no que tange às duas vias, Ação Executiva e

Cumprimento de Sentença, tem peculiaridades, todavia, é uníssono o entendimento que ambas

possuem as mesmas fases. Assim utilizando-se da doutrina de Wambier, sendo

complementado com outros, tais como THEDORO JÚNIOR, GRECO FILHO, ARAKEN DE

ASSIS, tem-se:

Açã

o E

xec

uti

va

Petição Inicial

Citação

Arresto (Pré penhora)

Penhora (Embargos)

Avaliação

Atos preparatórios à

satisfação

Expropriação ou remição

Satisfação do credor

Extinção normal da

Execução

Diante do exposto, far-se-á uma breve análise dos princípios que regem a Execução

por quantia certa, passando-se à análise das categorias mencionadas, comparando-se as vias

de Execução no que lhes for peculiar, aprofundando-se o assunto no que tange à Penhora.

3.1 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA

212

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.159.

FASE INICIAL FASE PREPARATÓRIA ou

INSTRUTÓRIA

FASE FINAL ou

SATISFATIVA

Cum

pri

men

to d

e S

ente

nça

Requerimento do credor

Penhora (Impugnação)

Avaliação

Atos preparatórios à

satisfação

Expropriação ou remição

(Satisfação do credor e

extinção normal da

Execução)

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Indica-se como princípios da Execução por quantia certa213

: Princípio da realidade da

Execução, Princípio da satisfatividade, Princípio da máxima utilidade, Princípio do menor

sacrifício ao executado, Princípio do contraditório, Princípio do ônus da Execução e Princípio

do respeito à dignidade humana.

Wambier destaca quanto ao princípio da realidade da Execução que é ―[...] expressão

com a qual se procura destacar que a execução civil recai precipuamente sobre o patrimônio

do executado, e não sobre a sua pessoa (mas há exceções: pense-se, por exemplo, na remoção,

com uso de força, do devedor de bem imóvel objeto de execução),‖214

ou seja, a atividade

jurisdicional executiva incide direta e exclusivamente sobre o patrimônio e não sobre a pessoa

do devedor215

.

Este princípio segundo Wambier é notório na disposição do artigo 591 do Código de

Processo Civil, in verbis:

Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com

todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em

lei216

.

O princípio da satisfatividade, indicado por Humberto Theodoro Júnior, expressa que:

[...] A idéia que toda execução tem por finalidade apenas a satisfação do

direito do credor corresponde à limitação que se impõe à atividade

jurisdicional executiva, cuja incidência sobre o patrimônio do devedor há de

se fazer [...] apenas a porção indispensável para a realização do direito do

credor217

.

Para Gonçalves, este mesmo princípio é conhecido como princípio da

patrimonialidade. Acrescentando que ―[...] Ressalvadas as exceções constitucionais (CF, art.

5º, LXVII) do devedor de alimentos, e do depositário infiel, não se admite a prisão civil por

dívidas [...].‖218

.

213

Princípios informativos segundo THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil.

Processo de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.130, e

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.143-147. 214

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.122. 215

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.130. 216

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.485. 217

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.131. 218

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.06.

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Apesar do entendimento doutrinário retro citado, importa esclarecer que o Supremo

Tribunal Federal, em julgamento aos Recursos Extraordinários 349703 e 466343, ocorrido em

data de 03.12.2008, em que se firmou entendimento de que a prisão civil por dívida é

aplicável apenas na hipótese de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação

alimentícia219

.

Na sequência Wambier destaca o princípio da máxima utilidade da Execução, que

segundo leciona está ―sintetizada na célebre afirmação de que o processo deve dar a quem tem

direito tudo aquilo e exatamente aquilo a que tem direito, inerente à garantia da

inafastabilidade da adequada tutela jurisdicional (CF, art. 5º XXXV).‖220

.

Acrescenta-se ainda o que expressa Gonçalves: ―Não se admite o uso da execução

apenas para trazer prejuízo ao devedor, quando desse prejuízo não revertam benefícios ao

credor.‖221

.

Sobre o princípio do menor sacrifício do executado, este também pode ser notado no

Código de Processo Civil, no artigo 620, que expressa:

Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o

juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor222

.

Wambier indica que ―ao lado da preocupação com a efetividade da execução em prol

do credor, deve-se buscar sempre o caminho menos oneroso para o devedor. [...] O objetivo

da execução civil é a atuação da sanção mediante a satisfação do credor. Não se busca, pelos

meios executivos civis, a punição do devedor.‖223

.

Humberto Theodoro Júnior faz uma junção dos princípios recém colacionados

indicando-os como princípio da utilidade e da economia da execução, expressando que este

219

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RExt nº 349703. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/

processo/verProcessoAndamento.asp?numero=349703&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=

M>. Acesso em: 22 maio 2009. e BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RExt nº 466343. Disponível em:<http://

www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=466343&classe=RE&origem=AP&recurso

=0&tipoJulgamento=M>. Acesso em: 22 maio 2009. 220

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.143. 221

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.07. 222

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.509. 223

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.144.

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61

princípio indica que a execução deve ser útil, necessária, evitando que seja apenas ―[...]

instrumento de simples castigo ou sacrifício do devedor.‖224

.

E entende que a economia da Execução deriva da possibilidade de realizar a Execução

de modo ―que, satisfazendo o direito do credor, seja o menos prejudicial possível ao

devedor.‖225

.

Denota-se ainda o princípio do contraditório que, conforme Wambier, já restou

superado o equívoco da inexistência de contraditório na Execução, eis que o que não se

discute é o mérito do crédito, já que este se encontra devidamente constituído, seja pelo título

extrajudicial ou judicial226

.

Apropriadamente Gonçalves indica:

[...] A doutrina da inexistência do contraditório no processo de execução foi

sustentada, muitas vezes, com o argumento de que não há julgamento de

mérito, como no processo de conhecimento. [...] No curso do processo de

execução, o juiz emite uma série de juízos de valor [...] o juiz profere, no

curso da execução, diversas decisões, devendo assegurar às partes a

possibilidade de manifestação. A Constituição Federal garantiu a adoção do

contraditório em todos os processos judiciais (CF, art. 5º, LV), sem fazer

qualquer ressalva, o que torna incontroversa a sua aplicação ao processo

executivo [...].‖227

.

O contraditório é verificado, quando o executado é citado, manifestando-se, por

exemplo, quanto à avaliação do bem em desconformidade com o valor real, quando não

observado os princípios da Execução, quanto à ausência de pressupostos, condições da ação,

validade dos atos da Execução, exceção de pré-executividade etc.228

.

Sobre o princípio do ônus da Execução, entende Humberto Theodoro Júnior que em

razão de o executado ser o causador do descumprimento que originou a busca pela tutela

jurisdicional, pois restou inadimplente, deve então:

[...] suportar todas as conseqüências do retardamento da prestação, de sorte

que só se libertará do vínculo obrigacional se reparar, além da dívida

224

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.131. 225

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.131. 226

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.145-147. 227

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Processo de Execução e cautelar. p.07-09. 228

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.145-147.

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62

principal, todos os prejuízos que a mora houver acarretado para o credor,

compreendidos nestes os juros, a atualização monetária e os honorários de

advogado (CC 2002, arts. 395 e 401 [...])229

.

Segundo lições de Humberto Theodoro Júnior a Execução não pode resultar na ruína

do executado, a ponto de resultar em situação incompatível com a dignidade humana. Por esta

razão, o Codex processual instituiu a impenhorabilidade de determinados bens230

elencados no

artigo 649 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à

execução;

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência

do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades

comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado,

salvo se de elevado valor;

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de

aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por

liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os

ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,

observado o disposto no § 3o deste artigo; V - os livros, as máquinas, as

ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis

necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas

forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que

trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação

compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em

caderneta de poupança.

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei,

por partido político.

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido

para a aquisição do próprio bem.

§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de

penhora para pagamento de prestação alimentícia.

§ 3o (VETADO)

231.

Encerrada a exposição dos princípios que regem a Execução, iniciar-se-á a exposição

das fases inicial, instrutória e satisfativa com a análise de todas as categorias, ressaltando-se

229

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.132. 230

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.133. 231

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.521-522.

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63

que em ambas as vias de Execução a obrigação pertinente será a de pagamento por quantia

certa232

.

3.2 FASE INICIAL

3.2.1 Cumprimento de Sentença

Com o advento da Lei 11.232/2005, a Execução de título executivo judicial passou a

ser incidente do processo de conhecimento. Assim não enseja petição inicial, tampouco nova

citação, com exceção do parágrafo único do artigo 475-N233

do Código de Processo Civil, que

dispõe:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de

obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que

inclua matéria não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao

inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art.

475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para

liquidação ou execução, conforme o caso234

.

No que tange à particularidade do Parágrafo único do artigo 475-N, Wambier destaca

que a forma do Cumprimento de Sentença é diversa, tendo em vista que não há um processo

em andamento, como processo cível, o que impossibilitaria a aplicação da fase de

Cumprimento de Sentença. Assim, os títulos judiciais denotados nos incisos II, IV e VI do

artigo 475-N do Código de Processo Civil ―[...] são executados em um processo próprio, mas

que segue basicamente as peculiaridades procedimentais iniciais do cumprimento da sentença

232

Sobre a execução por quantia certa, Humberto Theodoro Júnior expressa: ―Nosso Código tratou diversamente

a execução por quantia certa, conforme a situação econômico financeira do devedor. [...] a execução do devedor

solvente (artigos 646 a 735) [...] Regulou, contudo, outro procedimento para o caso de devedor insolvente [...], a

chamada par condicio creditorum (art. 748 a 786). No primeiro caso, o ato expropriatório executivo inicia-se

pela penhora e restringe-se aos bens estritamente necessários à solução da dívida ajuizada. No segundo, há, ad

instar da falência do comerciante, uma arrecadação geral de todos os bens penhoráveis do devedor para

satisfação da universalidade dos credores.‖(in: THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual

Civil. Processo de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.265). 233

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.572. 234

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.354-355.

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64

[...]‖. Destacando-se que são aplicadas subsidiariamente as regras do Livro II do Código de

Processo Civil, no que diz respeito à Execução por quantia certa.

Leciona Humberto Theodoro Júnior:

O prazo para cumprimento voluntário independe de citação ou intimação do

devedor. A própria sentença (de condenação ou de liquidação) implica a

abertura dos 15 dias legais para pagamento do valor da condenação. [...]

Passado in albis o prazo de pagamento sem que o devedor o tenha realizado,

o credor requererá, em petição simples, a expedição do mandado de

cumprimento forçado da condenação, que se destinará a penhorar e avaliar

os bens a serem expropriados para satisfação do crédito constante da

sentença235

.

Nota-se que apesar de indicar que deve a petição ser ―simples‖, por ser incidental, o

início da Execução no Cumprimento de Sentença, que segundo Araken de Assis, se dá por

requerimento, deverá conter os requisitos pertinentes236

.

Araken de Assis ainda menciona que ―Um dos requisitos específicos do requerimento

consiste na indicação de bens (art. 475-J, §3º; art. 652, §2º)‖237

. (grifo do autor).

Essa faculdade do credor dependerá do conhecimento acerca do patrimônio do

devedor e dos dados constantes dos registros públicos. Observando-se ainda a ordem do artigo

655 do Código de Processo Civil238

.

Ainda mister se faz a apresentação da memória de cálculo, para que o devedor efetue o

pagamento239

.

Para Araken de Assis:

Fundando-se a execução em título judicial, cujo valor talvez se apure através

de simples operações aritméticas, reza o art. 475-B, caput, que o credor a

requererá, instruindo a inicial com a memória discriminada e atualizada do

cálculo [...]. Toda a controvérsia sobre o quantum debeatur, portanto, fica

reservada [...] à impugnação (art. 475-L, V). [...] Evidentemente, não bastará

o demonstrativo sumário consignando o valor do principal e dos respectivos

acessórios. É necessário que o credor explicite os elementos e critérios

235

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.53. 236

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.428. 237

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.428. 238

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.435. 239

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.53.

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65

empregados240

para atingir tal montante (p. ex., a taxa de juros e a forma de

capitalização; o índice de correção monetária aplicado e sua base de

cálculo)241

. (grifo do autor).

Humberto Theodoro Júnior ressalta que:

[...] Caso o credor não requeira a execução no prazo de seis meses contados

da sentença exeqüível, o juiz mandará arquivar os autos. Isto, contudo, não

prejudicará o direito do credor, já que este a qualquer tempo, terá o direito de

promover o desarquivamento do feito e dar início ao procedimento de

cumprimento forçado da condenação (art. 475-J, §5º).

Na inércia do credor, o devedor, para evitar a multa legal, pode tomar a

iniciativa de calcular o montante atual da condenação, e depositá-la em

juízo, liberando-se, assim, da obrigação242

.

A referida multa está prevista no artigo 475-J que dispõe:

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já

fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da

condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a

requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta

Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação243

.

Tal multa, segundo Wambier, em concordância com Humberto Theodoro Júnior, é

anterior ao início da fase de Cumprimento de Sentença eis que ―[...] A incidência da multa

subordina-se à liquidez da condenação‖244

.

Ainda indica Wambier:

[...] O dispositivo legal não deixa claro se a multa aplica-se ao

descumprimento da condenação ainda provisória (isso é, aquela sujeita a

recurso sem efeito suspensivo) ou apenas da condenação já definitiva (isso é,

depois do trânsito em julgado). [...] Não seria razoável impor o

cumprimento, sob pena de multa, de uma sentença ainda passível de

mudança. Mas a questão é ainda controvertida.

240

Importa ressaltar que os elementos e critérios empregados para todas as planilhas de cálculo, segundo Araken

de Assis (in: ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.288-289) podem ter como diretriz o artigo 28, §2º, I, da

Lei 10.931/04 aplicável à cédula de crédito bancário, que reza: ―Os cálculos realizados deverão evidenciar de

modo claro, preciso e de fácil entendimento e compreensão, o valor principal da dívida, seus encargos e despesas

contratuais devidos, a parcela de juros e os critérios de sua incidência, a parcela de atualização monetária ou

cambial, a parcela correspondente a multas e demais penalidades contratuais, as despesas de cobrança e de

honorários advocatícios devidos até a data do cálculo e, por fim, o valor total da dívida‖. 241

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.433-434. 242

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.53. 243

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.351. 244

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.283.

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66

Também ainda é objeto de muito debate a questão atinente ao termo inicial

do prazo para o cumprimento sob pena de multa245

.

Araken de Assis expressa:

Apesar das resistências hauridas de bastiões reformistas, o prazo flui da data

em que a condenação se tornar exigível. Logo, se aplicará tanto na execução

definitiva, quanto na provisória. [...] Não se previu qualquer intimação

pessoal do executado, ou do advogado, como termo inicial do prazo [...]246

.

Importante destacar que o requerimento pode ser feito eletronicamente, desde que

preenchidos os requisitos da lei 11.419/2006247

e os requisitos da regulamentação dos

tribunais248

.

Por fim reza o artigo 652-A que:

Art. 652-A. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de

advogado a serem pagos pelo executado (art. 20, § 4o).

Parágrafo único. No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, a

verba honorária será reduzida pela metade249

.

Ressalta-se por oportuno, que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça firmou

entendimento que o referido dispositivo legal deve ser aplicado, de forma subsidiária à fase

processual de Cumprimento de Sentença. A decisão do Superior Tribunal de Justiça, sobre o

assunto foi publicada em 05 de março de 2009, trazendo o seguinte texto:

PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. NOVA

SISTEMÁTICA IMPOSTA PELA LEI Nº 11.232/05. CONDENAÇÃO EM

HONORÁRIOS. POSSIBILIDADE.

- A alteração da natureza da execução de sentença, que deixou de ser

tratada como processo autônomo e passou a ser mera fase complementar do

mesmo processo em que o provimento é assegurado, não traz nenhuma

modificação no que tange aos honorários advocatícios.

- A própria interpretação literal do art. 20, § 4º, do CPC não deixa margem

para dúvidas. Consoante expressa dicção do referido dispositivo legal, os

honorários são devidos “nas execuções, embargadas ou não”.

- O art. 475-I, do CPC, é expresso em afirmar que o cumprimento da

sentença, nos casos de obrigação pecuniária, se faz por execução. Ora, se

nos termos do art. 20, § 4º, do CPC, a execução comporta o arbitramento de

honorários e se, de acordo com o art. 475, I, do CPC, o cumprimento da

245

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.283-284. 246

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.193. 247

Anexo XIV. 248

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.285. 249

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.531.

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67

sentença é realizado via execução, decorre logicamente destes dois

postulados que deverá haver a fixação de verba honorária na fase de

cumprimento da sentença.

- Ademais, a verba honorária fixada na fase de cognição leva em

consideração apenas o trabalho realizado pelo advogado até então.

- Por derradeiro, também na fase de cumprimento de sentença, há de se

considerar o próprio espírito condutor das alterações pretendidas com a Lei

nº 11.232/05, em especial a multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC.

Seria inútil a instituição da multa do art. 475-J do CPC se, em

contrapartida, fosse abolida a condenação em honorários, arbitrada no

percentual de 10% a 20% sobre o valor da condenação.

Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1.028.855 – SC

(2008/0030395-2, Rel. Ministra Nancy Andrighi, j. em 27.11.2008,

publicado em 05.03.2009)250

.

Sobre o assunto, Araken de Assis menciona que o arbitramento dos honorários

advocatícios deve ser procedido no momento do deferimento do requerimento ou quando da

última análise, devendo ser expedido alvará no montante fixado, em nome do advogado.

Ainda indica que ―[...] O artigo 652 – A e, principalmente, a redução contemplada no

respectivo parágrafo único [...] não impedem acréscimos ulteriores [...] Nada impede que, no

estágio final da entrega do dinheiro, o órgão judiciário reexamine a verba inicialmente

arbitrada [...].‖251

.

Destaca-se que o chamamento do devedor e o arresto não são características do

Cumprimento de Sentença. Quanto ao primeiro, em razão de ter como peculiaridade não só a

ausência de oportunidade de o devedor indicar bens passíveis de Penhora, como também está

ausente ―[...] o último convite para pagamento espontâneo. Vale dizer, o devedor não é

cientificado para pagar ou nomear bens à penhora. [...]‖252

.

Quanto ao arresto, expressa Araken de Assis, que somente pode ocorrer na Execução

de título executivo extrajudicial, ou seja, somente na Ação Executiva, tendo em vista que

somente nesta haverá a necessidade de citação do devedor, o que, na hipótese de não ser

encontrado, ensejaria a possibilidade de aplicação do arresto os termos dos artigos 653 e 654

do Código de Processo Civil253

.

250

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1.028.855 – SC (2008/0030395-2), da Corte Especial do

Superior Tribunal de Justiça, Rel. Ministra Nancy Andrighi, j. em 27.11.2008, publicado em

05.03.2009. 251

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.499. 252

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.285-286. 253

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.584.

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68

Assim, compreendida a fase inicial do Cumprimento de Sentença, passar-se-á a

analisar a fase inicial da Ação Executiva por quantia certa.

3.2.2 Ação Executiva

Para Humberto Theodoro Júnior:

A execução por quantia certa contra o devedor dito solvente consiste em

expropriar-lhe tantos bens quantos necessários para a satisfação do credor

(art. 591 do Código de Processo Civil). [...]

Após a provocação do credor (petição inicial) e a convocação do devedor

(citação para pagar ou garantir a execução), os aos que integram o

procedimento em causa consistem, especialmente, na apreensão de bens do

devedor (penhora), sua transformação em dinheiro mediante desapropriação

(arrematação) e entrega do produto ao exeqüente (pagamento).

Essas providências correspondem as fases da proposição (petição inicial e

citação) da instrução (penhora e arrematação) e da entrega do produto ao

credor (pagamento), segundo a clássica divisão do procedimento executivo

recomendada por Liebman254

. (grifou-se).

Assim na Ação Executiva, diferentemente do Cumprimento de Sentença, a propositura

da demanda é feita ―mediante petição inicial, que, com as devidas adaptações, deverá conter

os requisitos do art. 282.‖255

.

A aplicação do expediente hermenêutico pelo artigo 598256

do Código de Processo

Civil, autoriza a utilização subsidiária à Execução, dos artigos que regem o processo de

conhecimento257

.

Importa destacar que além dos requisitos do artigo 282, faz-se mister atentar-se ao

artigo 614 do mesmo Codexprocessual, in verbis:

Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do

devedor e instruir a petição inicial:

I - com o título executivo extrajudicial;

II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da

ação, quando se tratar de execução por quantia certa;

254

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.268. No mesmo sentido: SANTOS,

Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 282. 255

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.268. 256

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento. 257

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.428.

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69

III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art.

572)258

.

Expressa Fernando Sacco Neto259

, quanto à alteração do inciso I do recém citado

artigo 614, advinda da Lei 11.382/2006, que:

A alteração do inc. I do art. 614 tem como correta justificativa a intenção do

legislador de harmonizar tal dispositivo com as mudanças trazidas ao CPC

por meio da Lei 11.232/2005, pois, a partir da entrada em vigor dessa

referida lei, a execução de título executivo judicial como processo autônomo

deixou de existir e passou a ser desenvolvida como uma fase do processo de

conhecimento denominada Do cumprimento da sentença. Pertinente, então, a

mudança do inc. I do art. 614, retirando-se a menção que se fazia à

sentença260

. (grifo do autor).

Superada a análise da recente alteração a Ação Executiva tem peculiaridades na fase

inicial que merecem ser denotadas, dentre as quais indica-se que a inicial deve conter: ―(I) a

menção e exibição do título executivo; (II) a narrativa e comprovação da exigibilidade do

título; (III) a narrativa do inadimplemento do devedor; (IV) o demonstrativo especificado do

débito, atualizado até a data da propositura da ação.‖261

.

A apresentação do demonstrativo de cálculo deve ser de forma analítica, ou seja,

detalhada. Deve conter o valor capital (principal), juros, multas, taxas, indexadores

(acessórios), permitindo assim a conclusão do valor, bem como a possibilidade de o devedor

―defender-se contra pretensões eventualmente abusivas ou exorbitantes do título e da lei.‖262

.

O demonstrativo segue os mesmos trâmites que o Cumprimento de Sentença, e,

portanto, tem como diretriz o artigo 28, §2º263

da Lei 10.931/2004264

.

258

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.503. 259

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. São Paulo: Método, 2007. Fernando Sacco Neto. Mestre e doutorando em Direito Processual Civil

pela PUC/SP, professor de Direito Processual Civil e advogado em São Paulo. 260

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p. 51. 261

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.172. 262

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.268. 263

Dispõe o §2º do artigo 28 da Lei 10.931/04: ―Os cálculos realizados deverão evidenciar de modo claro,

preciso e de fácil entendimento e compreensão, o valor principal da dívida, seus encargos e despesas contratuais

devidos, a parcela de juros e os critérios de sua incidência, a parcela de atualização monetária ou cambial, a

parcela correspondente a multas e demais penalidades contratuais, as despesas de cobrança e de honorários

advocatícios devidos até a data do cálculo e, por fim, o valor total da dívida.‖ 264

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.434.

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70

Outra peculiaridade é a indicação do valor que seguirá o disposto nos artigos 598 c/c

282, V, 258 e seguintes do Código de Processo Civil, in verbis:265

.

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem

o processo de conhecimento266

.

Art. 282. A petição inicial indicará:

[...];

V - o valor da causa;

[...]267

.

Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha

conteúdo econômico imediato.

Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros

vencidos até a propositura da ação;

II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos

valores de todos eles;

III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;

IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;

V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento,

modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;

VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas

pelo autor;

VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa

oficial para lançamento do imposto.

Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á

em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas

será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo

indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior,

será igual à soma das prestações.

Art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído

à causa pelo autor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o

autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, sem suspender o

processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará,

no prazo de 10 (dez) dias, o valor da causa.

Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor

atribuído à causa na petição inicial268

.

Sobre o requerimento de produção de provas na inicial executiva, Araken de Assis

expressa:

Com alarmante freqüência e desembaraço, infelizmente, assevera-se que o

requerimento de produção de provas na inicial da demanda executória

constitui grave impropriedade. A generalizante afirmativa é improcedente269

.

265

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.173. 266

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.492. 267

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.230. 268

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.196-200.

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71

Assevera ainda, Araken de Assis, que é possível a necessidade de o credor ter que

apresentar provas durante a Execução, e cita o exemplo de o credor que, no decorrer da

Execução precisa provar o domínio de determinado bem pelo executado para fins de

expropriação e consequente satisfação do crédito270

.

Em contra partida Wambier leciona:

Não é necessário (nem há espaço) para requerimento de provas na inicial

executiva. Não há discussão quanto ao mérito da execução. Não se

estabelece investigação sobre a existência do crédito. Cabe ao credor, já na

inicial, apresentar o título com a comprovação de que ele é exigível e o

demonstrativo do cálculo. Como não haverá nenhum exame probatório do

mérito, não há necessidade de requerimento liminar de provas271

.

Quanto ao surgimento de dúvida em relação a algum ato processual, pressupostos etc.,

Wambier indica que haverá a necessidade da produção de prova, todavia será superveniente,

motivo pelo qual não haverá como indicá-las na inicial272

.

Concluído os principais pontos do desenvolvimento da inicial da Ação Executiva,

compete esclarecer que a citação ―[...] do devedor é especificamente para pagar [...],

conferindo-lhe, dessa forma uma última273

oportunidade de cumprir sua obrigação[...].‖274

.

Insta esclarecer que esta última oportunidade a que a doutrina indica, refere-se à

última oportunidade de pagamento antes da penhora e dos atos expropriatórios, vez que, a teor

do artigo 651 do Código de Processo Civil, o pagamento poderá ser efetuado a todo tempo.

Ressalta-se que é o credor que indica bens a Penhora275

, em consonância com o artigo

652, §2º do Código de Processo Civil que dispõe:

Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o

pagamento da dívida.

§ 1o [...]

269

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.431. 270

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.431. 271

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.173. 272

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.173. 273

Na verdade não é a última oportunidade, tendo em vista o instituto da remição, disposto no artigo 651 do

Código de Processo Civil, que oportuniza ao executado o cumprimento da obrigação até momentos antes da

expropriação. 274

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.269. 275

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.176.

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72

§ 2o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem

penhorados (art. 655)276

.

O devedor pode ser intimado para indicar bens passíveis de Penhora, em conformidade

com o §3º do artigo 652277

do Código de Processo Civil. ―Mas isso em nada se assemelha à

antiga possibilidade de nomeação de bens pelo devedor. Trata-se apenas de uma imposição de

que o executado colabore com o juízo executivo.‖278

.

Reitera-se que não se trata de dar ao devedor a oportunidade de nomear bens à

Penhora, é um dever imposto pelo juiz, e em caso de descumprimento o devedor incorre em

ato atentatório à dignidade da justiça279

, podendo ser-lhe aplicado uma multa280

, limitada a

20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito.

3.3 FASE PREPARATÓRIA OU INSTRUTÓRIA

Em razão de a fase preparatória apresentar poucas diferenças entre o Cumprimento de

Sentença e a Ação Executiva, far-se-á uma exposição geral destacando-se as peculiaridades

das vias de Execução.

A fase preparatória ou instrutória abrange a Penhora, a avaliação dos bens e os atos

preparatórios à satisfação, categorias que passam, neste instante a serem analisadas.

3.3.1 Penhora

A Penhora, ato da fase preparatória ou instrutória da Execução, em quaisquer de suas

vias de Execução (Ação Executiva e Cumprimento de Sentença), consiste, segundo Moacyr

276

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.530. 277

Art. 652. [...] § 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a

intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. 278

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.176. 279

―Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: [...] IV - intimado, não

indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos

valores.‖(in: BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.492-493). 280

―Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante

não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções

de natureza processual ou material, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria

execução.‖ (in: BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.494).

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73

Amaral Santos, em um ato que tem como função ―fixar a responsabilidade executória sobre os

bens por elas abrangidos‖281

. Destacando ainda que a Penhora é:

[...] ato inicial de expropriação do processo de execução, para individualizar

a responsabilidade executória, mediante a apreensão material, direta ou

indireta, de bens do patrimônio do devedor282

.

Citando Gabriel de Rezende Filho:

[...] ato pelo qual são apreendidos e depositados tantos bens do executado

quantos bastem para a segurança da execução283

.

Vicente Greco Filho leciona:

A penhora é o ato de apreensão de bens com a finalidade executiva e que dá

início ao conjunto de medidas tendentes à expropriação de bens do devedor

para pagamento do credor284

.

Marinoni define:

A penhora é procedimento de segregação dos bens que efetivamente se

sujeitarão à execução, respondendo pela dívida inadimplida. [...] Assim, a

penhora é o ato processual pelo qual determinados bens do devedor (ou de

terceiro responsável) sujeitam-se diretamente à execução285

. (grifo do

autor).

Dentre tantos outros doutrinadores, o alcance do conceito de Penhora sempre tem o

mesmo sentido de ser um ato executivo donde resta afetado determinado bem, ou

determinados bens, a fim de ulterior expropriação, tendo como efeito a ineficácia dos atos de

disposição do proprietário diante da Execução286

.

Com propriedade Moacyr Amaral Santos expressa que a Penhora de bens do

executado mesmo quando haja apreensão, não indica a perda do domínio, apenas ficam

281

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil.p. 298. 282

FREDERICO MARQUES apud SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil.p.

299. 283

GABRIEL DE REZENDE FILHO apud SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual

civil.p. 299. 284

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.82. 285

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 251. 286

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.592.

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74

sujeitos ―[...] ao poder sancionatório do Estado, para satisfação do credor (LIEBMAN)‖287

.

Prossegue, destacando a terminologia vínculo para indicar que apesar de o executado não

perder os direitos sobre os bens penhorados, estes ficam vinculados como objeto da

responsabilidade executória, à satisfação do credor288

.

Medina indica que a Penhora, apesar de ser o ato executivo mais importante nesta

fase, não é necessariamente o primeiro ato executivo realizado289

.

Demonstra, fazendo menção aos artigos 600, IV, 652, §3º e 655-A, caput, do Código

de Processo Civil, que pode determinar ao executado a indicação de bens passíveis de

Penhora, bem como, se proceda a indisponibilidade de dinheiro e aplicações financeiras;

Ainda ressalta o disposto no artigo 615-A do mesmo Codex Processual que trata da averbação

da certidão de Execução anterior a Penhora, evidenciando que a Penhora enfim, nem sempre é

o primeiro ato executivo realizado na fase preparatória ou instrutória290

.

Humberto Theodoro Júnior indica que a Penhora tem tríplice função: a) Individualizar

e apreender os bens destinados ao fim da Execução; b) Conservar ditos bens, evitando sua

deterioração ou desvio; c) Criar a preferência para o exeqüente, sem prejuízo das prelações de

direito material estabelecida anteriormente291

.

Mais sucintamente sobre a função da Penhora, Araken de Assis cita Carnelutti

expressando que a Penhora tem uma ―[...] função principal [...] que é ‗determinar o bem sobre

o qual se realizará a expropriação e fixar sua sujeição à Ação Executiva292

.

Em outros termos, a função é delimitar ou determinar qual ou quais os bens passíveis

de expropriação como forma de garantir a Execução.

3.3.1.1 Procedimento da Penhora

287

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil.p. 298. 288

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil.p. 298. 289

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p. 142. 290

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução.p. 142. 291

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.275. Humberto Theodoro Júnior ainda

expressa que: ―[...] uma primeira penhora não impede que outras, de diversos credores, venham atingir o mesmo

bem. Mas a ordem ou gradação das penhoras [...] a ordem de preferência para os pagamentos [...]. Por fim, [...] a

preferência da penhora [...] não exclui os privilégios e preferências instituídos anteriormente à ela (art. 709, II, do

CPC) [...]‖. 292

CARNELUTTI, 1956 apud ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.590.

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75

Conforme já mencionado, interessa ao desenvolvimento do presente trabalho, a

Execução por quantia certa contra devedor solvente. Assim, para prosseguimento, mister se

faz, neste momento, a exposição do artigo 655 do Código de Processo Civil, que trata da

ordem preferencial293

dos bens para Penhora:

Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição

financeira;

II - veículos de via terrestre294

;

III - bens móveis em geral295

;

IV - bens imóveis296

;

V - navios e aeronaves297

;

VI - ações e quotas de sociedades empresárias298

;

VII - percentual do faturamento de empresa devedora299

;

VIII - pedras e metais preciosos300

;

293

A ordem preferencial da penhora, segundo MEDINA (in: MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p. 161):

―[...] não precisa ser observada de maneira absoluta, podendo ceder sempre que se apresentarem circunstâncias

especiais, que autorizem concluir que outra é a gradação a ser adotada, no caso‖. As circunstâncias são

efetividade e menor onerosidade. 294

A indicação de veículos como segunda hipótese na ordem preferencial, é proveniente da alteração advinda da

Lei 11.382/06, e conforme Rogério Licastro Torres de Mello (in: SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova

execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo por artigo. p. 96.): ―A mudança em

apreço, aliás, é benfazeja: são raras as situações de pessoas que conservam consigo pedras e metais preciosos, ao

passo que os veículos [...] são bens de uso cada vez mais disseminado [...].‖ Hodiernamente, é possível a

constrição judicial de veículo, realizada pelo próprio juiz através do RENAJUD (Anexo II).

295 São aqueles destacados no Código Civil, artigos 82 e 83. (in: SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução

de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo por artigo. p. 97). 296

Na ordem de preferência, os bens imóveis passaram do inciso VIII para o inciso IV do artigo 655 do Código

de Processo Civil. E, são aqueles indicados no Código Civil, artigo 79 e 80. (in: SACCO Neto, Fernando. [et.al].

Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo por artigo. p. 98). 297

―[...] Para fins de legislação civil, são bens móveis por força do disposto no art. 82 do Código Civil [...],

contudo, não estão incluídos no inciso III do art. 655 do CPC, porque existe clara intenção do legislador

processual de, antes de se cogitar de sua apreensão executiva, franquear ao exeqüente o requerimento de

constrição de bens móveis outros, de maior liquidez‖. (in: SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de

título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo por artigo. p. 100). 298

A nova redação [...]traz maior especificidade e refere-se exclusivamente às sociedades empresárias. [...] A

questão mostra-se [...] intrincada diante da necessária affectio societatis que deve atrair os sócios da pessoa

jurídica, de modo a desenvolverem atividade empresarial conjunta. Com efeito, como adequar aos interesses da

sociedade a inclusão de novo sócio que tenha arrematado as quotas da sociedade em leilão executivo? A solução

que se tem dado ao tema privilegia o interesse do exeqüente em detrimento dos interesses da sociedade [...]‖. (in:

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p. 101). 299

[...] a enorme diferença experimentada atualmente é que, com sua inserção no rol de bens penhoráveis do art.

655 do CPC, deixará a penhora de faturamento de pessoa jurídica devedora de ser ato processual excepcional [...]

como ocorria anteriormente à Lei 11.382/2006. Determinada a penhora de faturamento de pessoa jurídica, sua

concretização se dará mediante designação de depositário – administrador, vale dizer, alguém de confiança do

juízo que detenha conhecimentos técnicos quantum sufficit à condução da penhora decretada, para o que deverá

apresentar plano de administração (CPC, art. 677, caput) [...]‖. (in: SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova

execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo por artigo. p. 102). 300

A reordenação que colocou as pedras e metais preciosos do inciso II para o inciso VIII, tem justificação na

evolução histórica, eis que à época da elaboração do Código de Processo Civil, ano 1973, era comum a mantença

de pedras e metais, diferentemente dos dias atuais o que originou a reordenação diante da dificuldade de

comercialização e liquidez. Rogério Licastro Torres de Mello atenta ainda sobre ―a verificação de autenticidade

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76

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com

cotação em mercado301

;

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

XI - outros direitos 302

.

Denotado o artigo 655 do Código de Processo Civil, importa salientar que será

restringido o desenvolvimento deste trabalho ao procedimento da Penhora ao inciso I, que

trata da Penhora em dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição

financeira. Sendo imprescindível ao prosseguimento, ressaltar o inciso IV, em termos o inciso

VI, o inciso X e o §2º, todos do artigo 649 do Código de Processo Civil. In verbis:

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

[...]

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de

aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por

liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os

ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,

observado o disposto no § 3o deste artigo

303;

[...]

VI - o seguro de vida;

[...]

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em

caderneta de poupança.

[...]

§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de

penhora para pagamento de prestação alimentícia 304

.

Em que pese o inciso IV recém exposto, Ernane Fidélis dos Santos esclarece:

Pensão é a renda anual ou mensal que a pessoa recebe por certo tempo ou

durante sua vida. Pecúlio é forma de se destinar parte dos ganhos à reserva

e a avaliação de pedras e metais preciosos [...] em que nem sempre bastará a figura do oficial avaliador previsto

no art. 143 do CPC.‖ (in: SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei

11.382/2006, comentada artigo por artigo. p. 103-104). 301

―Sua natural dificuldade de liquidação e a notória inadimplência do Poder Público tornaram tal espécie

patrimonial útil quase que tão-somente em execuções fiscais, quanto o executado pode apresentar como garantia

do juízo um crédito mantido em face do Poder público, ou representado por título da dívida pública. [...] A

penhora de títulos referida no inciso IX do artigo 655 do Código de Processo Civil poderá dar-se mediante

expedição de ofício à CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – entidade responsável pela

guarda de títulos e valores imobiliários, inclusive ações) e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários – entidade

que pode redirecionar a ordem de penhora para todas as entidades custodiantes do Brasil).‖ (in: SACCO Neto,

Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo por artigo. p.

104-105). 302

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.533. 303

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p. 75. Destaca Luís Otávio Sequeira de Cerqueira: ―Como o §3º foi vetado, na redação final da lei

faltou o legislador suprimir na parte final do inc. IV a referência ao dispositivo, que por conta do veto, perdeu o

sentido de estar ali.‖ 304

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.521-522.

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77

patrimonial, geralmente procedendo-se a depósito de parte do recebimento

com entidade própria. Montepio é espécie de seguro mediante o qual

alguém, pagando determinada importância, cria para outro obrigação de

pensionar pessoas que indica, por ocasião de sua morte. As pensões

alimentares se incluem nos proventos de terceiro, muito embora, em grande

número de vezes, o pagamento seja forçado e não por liberalidade.‖305

.

Em razão dos pagamentos de valores ditos impenhoráveis, no mais das vezes, serem

realizados por via de sistema bancário (depósitos, conta-trabalho etc.), é possível deparar-se

com a Penhora destes valores, cabendo ao indivíduo que sofreu a constrição, alegar a

impenhorabilidade dos valores bloqueados, comprovando a origem306 e 307.

Importa destacar que a impenhorabilidade perde razão quando houver movimentação

financeira com depósitos provenientes de outras rendas e saques que impossibilitam e

confundem a identificação de que o valor remanescente na conta, penhorado, é um daqueles

denotados no artigo 649 do Código de Processo Civil308

.

No que tange ao inciso VI do artigo 649 do Código Processual Civil, utilizou-se a

expressão ―em termos‖, tendo em vista que:

Falecendo o segurado, o segurador fica, todavia, na obrigação de pagar o

beneficiário. A importância que corresponde ao seguro de vida passará a

fazer parte do patrimônio do beneficiário e, como tal, é impenhorável [...]

Recebida, porém, a importância do seguro, com o dinheiro integrando o

patrimônio do beneficiário, que pode, inclusive, adquirir outros bens, a

impenhorabilidade poderá desaparecer se a importância perder a identidade

resguardada da indenização securitária, não se podendo, em princípio, falar

em sub-rogação309

.

Com relação ao inciso X do artigo 649 do CodexProcessual Civil, citado, segundo

Luís Otávio Sequeira de Cerqueira, apenas teve o intuito de estimular a aplicação em

cadernetas de poupança sendo revertido à política governamental na área de habitação310

.

305

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar.

v.2.11.ed.rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p.122. 306

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p. 75. 307

Conforme §2º do artigo 655-A do Código de Processo Civil. 308

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 123. 309

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 124-

125. 310

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p. 77.

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78

Ressalta que ―[...] embora óbvio, não podemos deixar de registrar que a

impenhorabilidade se limita a quarenta salários mínimos, não sendo possível a alegação de

impenhorabilidade nesse limite para cada caderneta, na eventualidade de o executado possuir

mais de uma.‖311

.

Concluídas as ressalvas das hipóteses de impenhorabilidade de dinheiro, em espécie

ou em depósito ou aplicação em instituição financeira, indica-se que o procedimento da

Penhora tem início com a propositura da Ação Executiva por petição inicial312

ou

requerimento313

em caso de Cumprimento de Sentença; Ao receber a inicial ou o

requerimento, o juiz determinará que o executado efetue o pagamento em três dias (artigo

652, caput, do Código de Processo Civil); e caso não efetue o pagamento, o oficial de justiça

munido da segunda via do mandado, efetuará a Penhora de bens (artigo 652, §1º do Código de

Processo Civil)314

.

Ressalta-se que poderá o credor indicar os bens a serem penhorados na inicial,

inclusive aquela descrita no inciso I do artigo 655 do Código de Processo Civil315

.

Expressa o §2º, do artigo 652, do CodexProcessual Civil, para a Ação Executiva:

Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o

pagamento da dívida.

§ 1o [...].

§ 2o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem

penhorados (art. 655)316

.

E o artigo 655-A, do mesmo Códex, para o Cumprimento de Sentença:

Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou

aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à

autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio

eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado,

311

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.77. 312

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.196. 313

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.283. 314

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 131. 315

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 132. 316

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.530.

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79

podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor

indicado na execução317

.

Este mesmo artigo denota a autorização dada ao juiz para ―requisitar informações à

autoridade supervisora do sistema financeiro, preferencialmente por via eletrônica, sobre

ativos do executado. Pode o juiz, no mesmo ato, determinar a indisponibilidade dos valores

localizados, observando o valor da execução.‖318

.

Este assunto será abordado no Capítulo 3, onde haverá então o aprofundamento da

Penhora on line realizada via Bacen Jud.

3.3.2 Avaliação

A avaliação dos bens penhorados é ato preparatório à satisfação do crédito, e segundo

leciona Wambier: ―consiste em perícia pela qual se define o valor dos bens penhorados.‖319

.

Com o advento das Leis 11.232/2006 e 11.382/2006, a avaliação é realizada, pelo

oficial de justiça320

, consubstanciado nos artigos 143, V; artigo 475-J, §2º e artigo 652, §1º,

todos do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:

V - efetuar avaliações321

.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já

fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da

condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a

requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta

Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

§ 1o [...].

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender

de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador,

assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo322

.

Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o

pagamento da dívida.

317

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.538-539. 318

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 152. 319

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.215. 320

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.215. 321

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.125. 322

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.351.

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80

§ 1o Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o

oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação,

lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma

oportunidade, o executado323

.

Assim, destaca-se que quando o oficial de justiça verificar que não tem elementos,

tanto quanto necessário para proceder a avaliação, ou seja, se verificar que a avaliação exige

conhecimentos técnicos, fará a comunicação ao juiz ―que nomeará perito para promovê-la.

Isso deve ser excepcional [...]‖324

.

Desta forma tem-se em regra, que a avaliação é feita pelo oficial de justiça e a

excepcionalidade consiste na avaliação feita por perito. Em consonância, Paulo Hoffman:

―O que era regra (a nomeação do perito avaliador, com a redação do art. 680

revogado325

) passou a ser exceção (nova redação do art. 680326

), o que

significa economia de tempo e também de dinheiro, dado que o exequente

não se verá compelido ao custeio de perícias avaliadoras elaboradas por

perito nomeado.‖327

.

Já Medina assenta que:

―De acordo com o que instituir o art. 680 do CPC, o oficial de justiça

somente poderá realizar avaliações quando desnecessários conhecimentos

especializados. Assim, a avaliação realizada pelo oficial de justiça não se

equipara, nem pode equiparar-se, à avaliação realizada por perito.‖328

.

(grifou-se).

Segundo Wambier a avaliação pode ser dispensada quando: a) o credor aceitar a

estimativa feita pelo devedor (artigos 680329

e 684, I330

do Código de Processo Civil)331

; b)

323

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.530. 324

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 160. 325

―Art. 680 [redação anterior]. Prosseguindo a execução, e não configurada qualquer das hipóteses do art. 684,

o juiz nomeará perito para estimar os bens penhorados, se não houver, na comarca, avaliador oficial, ressalvada a

existência de avaliação anterior (art. 655, § 1o, V).‖

326 ―Art. 680 [Lei 11.382/2006]. A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652), ressalvada a aceitação do

valor estimado pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V); caso sejam necessários conhecimentos

especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.‖ 327

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.23. 328

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.172. 329

Artigo 680 do Código de Processo Civil. ―Art. 680. A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652),

ressalvada a aceitação do valor estimado pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V); caso sejam

necessários conhecimentos especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez)

dias para entrega do laudo.‖

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―se for título com cotação oficial em bolsa (art. 684, II332

)‖333

em que se utilizará a cotação do

dia; c) o imóvel se apresentar em partes (artigo 681, parágrafo único334

do Código de Processo

Civil) ―providência que se destina a permitir posterior alienação parcial do bem (art. 702335

),

que pode trazer mais vantagens para o credor e o devedor [...]‖336

; e d) há vários bens

penhorados (avaliação individualizada). A expropriação deve ser feita separadamente (art.

692, parágrafo único do Código de Processo Civil337

). 338

Já Gonçalves expressa que a dispensa se dá tão somente se:

[...] 1) o credor aceitar a estimativa feita pelo executado, ao postular a

substituição do bem inicialmente penhorado; 2) tratar-se de títulos ou

mercadorias que tenham cotação em bolsa comprovada por certidão ou

publicação oficial. A avaliação é desnecessária porque é possível, de

imediato, conhecer o valor do bem, bastando que se verifique a sua

cotação339

.

Em razão de a Penhora em dinheiro não necessitar de avaliação, passar-se-á à análise

dos atos preparatórios à satisfação do credor.

3.3.3 Atos preparatórios à satisfação.

330

Artigo 684, I do Código de Processo Civil. ―Art. 684. Não se procederá à avaliação se: I - o exeqüente aceitar

a estimativa feita pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V);‖ 331

Destaca-se ainda pelo fato de o valor ter ficado defasado, devido ao tempo decorrido, não correspondendo

mais ao valor real, devendo, então se proceder a avaliação. 332

Artigo 684, II do Código de Processo Civil. ―Art. 684. Não se procederá à avaliação se: [...] II - se tratar de

títulos ou de mercadorias, que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação oficial;‖ 333

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.216. 334

Artigo 681, parágrafo único do Código de Processo Civil. ―Art. 681. O laudo da avaliação integrará o auto de

penhora ou, em caso de perícia (art. 680), será apresentado no prazo fixado pelo juiz, devendo conter: [...]

Parágrafo único. Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o avaliador, tendo em conta o crédito

reclamado, o avaliará em partes, sugerindo os possíveis desmembramentos.‖ 335

Artigo 702 do Código de Processo Civil. ―Art. 702. Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a

requerimento do devedor, ordenará a alienação judicial de parte dele, desde que suficiente para pagar o credor.‖ 336

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.216. 337

Artigo 692, parágrafo único do Código de Processo Civil. Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda

praça ou leilão, ofereça preço vil. Parágrafo único. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação

dos bens bastar para o pagamento do credor. 338

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.216-217. 339

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 161.

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82

Após a avaliação dos bens penhorados, independente de ser a Ação Executiva ou

Cumprimento de Sentença340

, se observará os atos preparatórios à satisfação do credor341

que

estão elencados no artigo 647 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 647. A expropriação consiste:

I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2o

do art. 685-A desta Lei;

II - na alienação por iniciativa particular;

III - na alienação em hasta pública;

IV - no usufruto de bem móvel ou imóvel.342

A adjudicação é tratada no Código de Processo Civil, nos artigos 685-A e 685-B, a

alienação por iniciativa particular, no artigo 685-C, a alienação em hasta pública, nos artigos

686 à 707 e o usufruto de bens móveis e imóveis, nos artigos 716 à 724 do Código de

Processo Civil.343

3.3.3.1 Adjudicação (artigo 647, I do Código de Processo Civil)

O ato de expropriação preferencial que era a alienação por hasta pública, com o

advento da Lei 11.382/2006 passou a ser a adjudicação344

. E, esta, em palavras de Marinoni

―Corresponde ao recebimento do bem penhorado pelo exeqüente, descontando-se o valor da

execução do valor da coisa.‖345

.

A adjudicação deve ser requerida ao juízo por petição simples, devendo constar o

valor ofertado pelo bem penhorado e avaliado. Se o valor do bem for maior deverá ser feito

depósito da diferença pelo adjudicante346

.

Ressalta-se que tem legitimidade para adjudicar o bem penhorado o exequente, o

credor com garantia real, os credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, o

340

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.223-224. 341

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.271. 342

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.520. 343

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.271. 344

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.65. 345

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 314. 346

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 315-316.

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cônjuge, descendente ou ascendentes do executado, conforme dispõe o §2º347

do artigo 685-A.

ainda inclui-se no rol de legitimidade, os sócios, consubstanciado no artigo 685-A, §4º348

do

Código de Processo Civil.349

3.3.3.2 Alienação por iniciativa particular (artigo 647, II do Código de Processo Civil)

A alienação por iniciativa do particular é uma nova modalidade de ato de expropriação

e consiste na alienação de bens pelo exeqüente350

, conforme o disposto no artigo 685-C do

Código de Processo Civil que dispõe:

Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente

poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por

intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária351

.

Para realizar a alienação por iniciativa particular, basta que não tenha havido a

adjudicação, conforme expressa Bueno: ―O que basta para esta modalidade expropriatória é o

fato objetivo de que a adjudicação não se realizou ou que ele, exeqüente, não pretende ou não

pretendeu adjudicar os bens penhorados [...]‖352

.

Paulo Hoffman ressalta que tal ato expropriatório visa tornar mais rápido o processo

judicial, ―[...]É tendência moderna a busca pela desjurisdicionalidade353

[...]‖354

. (grifou-se).

A formalização se dá por termo nos autos, assinado, conforme disposto no artigo 685-

C, caput e §2º355

, indicando se o exeqüente mesmo o fará ou contratará corretor credenciado

perante o Poder Judiciário356

.

347

Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam

adjudicados os bens penhorados.[...] § 2o Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos

credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do

executado. 348

Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam

adjudicados os bens penhorados.[...] § 4o No caso de penhora de quota, procedida por exeqüente alheio à

sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios. 349

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.273. 350

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.69. 351

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.560. 352

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.285. 353

Desjurisdicionalidade é um neologismo. 354

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.161.

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84

3.3.3.3 Alienação por hasta pública (artigo 647, III do Código de Processo Civil)

Ocorre o ato expropriatório de alienação por hasta pública condicionado a não

ocorrência da adjudicação e da não ocorrência da alienação particular do bem penhorado.357

Em razão da publicidade que visa alcançar o maior número de pessoas para

oferecimento de lanço, o ato exige o edital de hasta pública358

, que deverá conter o disposto

no artigo 686 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular

do bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá:

I - a descrição do bem penhorado, com suas características e, tratando-se de

imóvel, a situação e divisas, com remissão à matrícula e aos registros;

II - o valor do bem;

III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo

direito e ação, os autos do processo, em que foram penhorados;

IV - o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local, dia e

hora de realização do leilão, se bem móvel;

V - menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens a

serem arrematados;

VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à

importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo

designados entre os dez e os vinte dias seguintes, a sua alienação pelo maior

lanço (art. 692)359

.

Segundo leciona Medina, ―A hasta pública é o procedimento complexo formado por

vários atos que, concateados, têm por objetivo propiciar a arrematação, isto é, a alienação

judicial do bem.‖360

.

Quanto à legitimidade, o artigo 690-A, veda a arrematação pelo advogado, bem como

ao funcionário que se encontrar lotado no local em que for realizado o ato361

.

355

Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles

alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária.

[...]§ 2o A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e,

se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou,

se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. 356

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p.97. 357

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.165. 358

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.186. 359

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.561. 360

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.185.

361

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.189.

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85

Expressa Luís Otávio Sequeira de Cerqueira que fica clara a intenção do legislador em

combater a alienação por preço vil362

, eis que dispõe o artigo 692363

, a vedação, tornando sem

efeito a arrematação, conforme o disposto no inciso V364

do §1º do art. 694 do Código de

Processo Civil.

Em decorrência de a Penhora em dinheiro não utilizar este instituto, prescinde-se

maiores explicações.

3.3.3.4 Usufruto de bem móvel ou imóvel (artigo 647, IV do Código de Processo Civil)

O ato de satisfação pode ser realizado pelo usufruto de bem móvel ou imóvel tendo

legitimidade para requerer, somente o exeqüente, o qual será deferido pelo juízo quando se

verificar que é suficiente ao pagamento ao da dívida e o modo menos gravoso ao

executado365

.

Medina leciona que o usufruto é direito real descrito no artigo 1.225, IV do Código

Civil. Mediante o usufruto o exeqüente terá direito ―[...] a posse, ao uso, à administração e à

percepção dos frutos (art. 1.394 do Código Civil).‖366

.

Marinoni expressa que ―[...] O usufruto de móvel ou imóvel se limita a expropriar

temporariamente, o direito ao uso e aos frutos de bem, pagando-se o exeqüente com a renda

produzida. [...]‖367

.

Ernane Fidélis dos Santos ainda indica que:

362

Segundo Marinoni: ―Não há parâmetro para definir o que é considerado preço vil, exceto em um caso

particular (artigo 701 do Código de Processo Civil, que dispõe: ―Quando o imóvel de incapaz não alcançar em

praça pelo menos 80% (oitenta por cento) do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e administração de

depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1(um) ano.‖). Na realidade, apenas a

consideração do caso concreto pode determinar esta circunstância, devendo-se analisar se a oferta é

absolutamente incompatível com o valor do bem, de modo a caracterizar apenas o oportunismo do terceiro. [...]

Em regra, para presumir o preço como vil, toma-se como parâmetro a metade do valor atualizado da avaliação

(STJ, 4ªT., REsp 839856/SC, rel. Min. Jorge Scartezzini, DJU 02.10.2006, p. 277). Ou seja, quando o preço é

menor do que a metade do valor atualizado da avaliação, presume-se como regra apriorística, que o valor seja

vil.‖ (in: MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 323-324). 363

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.567. Art. 692. Não será aceito lanço que, em

segunda praça ou leilão, ofereça preço vil. 364

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.569. Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo

arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e

irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado. § 1o A arrematação

poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: [...] V - quando realizada por preço vil (art. 692). 365

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 209. 366

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.196. 367

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.311.

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86

―Decretado o usufruto por decisão judicial, perde o executado o gozo do

móvel ou do imóvel, até que o exeqüente seja pago do principal, juros,

custas e honorários advocatícios (art. 717368

, redação da Lei n. 11.382/2006),

passando a ter eficácia com relação ao executado e aos terceiros, inclusive

credores anteriores (art. 718369

, nova redação dada pela Lei n.

11.382/2006).‖370

É salutar indicar que a ordem indicada no artigo 647 do Código de Processo Civil, não

inclui o usufruto, como medida a ser utilizada se infrutífera quaisquer das anteriores,

denotadas nos incisos I, II e III do artigo 647 do Código de Processo Civil, eis que verificado

que a medida satisfará o crédito e sendo o modo menos gravoso ao devedor, pode ser aplicado

o ato preparatório à satisfação expresso no inciso IV do artigo 647, do Código de Processo

Civil371

.

Concluída a fase preparatória, onde foram denotados os principais pontos, passar-se-á

a análise da Fase Final ou Satisfativa, dando-se destaque à Execução por quantia certa contra

devedor solvente e à Penhora, em dinheiro, analisando as duas vias de Execução (Ação

Executiva e Cumprimento de Sentença).

3.4 FASE FINAL OU SATISFATIVA

A última fase do processo de Execução, em suas duas vias de Execução Cumprimento

de Sentença e Ação Executiva, compreende a expropriação ou remição, a satisfação do credor

e a extinção normal da Execução que serão analisadas individualmente, sempre enfatizando a

Execução por quantia certa contra devedor solvente, e a Penhora em dinheiro.

Antes de dar início à análise das categorias que compõem a fase final da Execução,

ressalta-se Marinoni:

Após a penhora e avaliação, o executado terá oportunidade para apresentar a

sua defesa[...] que em regra, não deve ser recebida no efeito suspensivo e,

portanto, não deverá suspender a execução. O juiz apenas deve dar efeito

suspensivo à impugnação em casos excepcionais, quando, além de

relevantes os seus fundamentos, o prosseguimento da execução for

manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou

368

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.581. Art. 717. Decretado o usufruto, perde o

executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exeqüente seja pago do principal, juros, custas e honorários

advocatícios. 369

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.581. Art. 718. O usufruto tem eficácia, assim

em relação ao executado como a terceiros, a partir da publicação da decisão que o conceda. 370

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 209. 371

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.197.

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87

incerta reparação. (art. 475-M) [...] Assim a execução caminhará para a

expropriação dos bens [...]372

. (grifo do autor).

Em que pese a Penhora de dinheiro objeto de estudo deste trabalho, mister se faz

esclarecer que para tal instituto ―[...] nenhum desses caminhos será seguido, limitando-se o

juiz a autorizar o exeqüente a levantar o montante devido [...]‖373

. Todavia, necessário se faz

mencionar todas as formas de expropriação, incluindo a derivada da Penhora em dinheiro.

Conforme já mencionado na fase preparatória ou instrutória, os meios de expropriação

são: a adjudicação, a alienação em hasta pública, o usufruto de bem móvel ou imóvel374

, e

agora inclui-se na fase final, a entrega do dinheiro ao credor.

3.4.1 Expropriação

A expropriação é ―[...] a técnica executiva por excelência do processo executivo‖375

.

Visa o pagamento do credor. E em consonância com o dispositivo no artigo 708 do

Código de Processo Civil, temos que poderá ser realizado em três hipóteses376

, senão

vejamos:

Art. 708. O pagamento ao credor far-se-á:

I - pela entrega do dinheiro;

II - pela adjudicação dos bens penhorados;

III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.377

3.4.1.1 Adjudicação(artigo 708, II do Código de Processo Civil)

A adjudicação é modo de expropriação de bem móvel ou imóvel que visa à satisfação

do credor, e só conduzirá à extinção da Execução, quando o valor do bem satisfizer o crédito

do exeqüente378

. Se for menor, a Execução prosseguirá quanto ao saldo remanescente379

.

372

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.311. 373

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.312. 374

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p. 95. 375

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.572. 376

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p. 105. 377

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.576. 378

Destaca-se que se o valor for superior, o exeqüente poderá adjudicar depositando o valor a maior (in:

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.315-316). 379

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.200.

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88

Vista como ato expropriatório da fase final da Execução se dá ―Com a lavratura do

auto, que deve ser imediata, e respectiva assinatura pelo juiz, pelo adjudicante e pelo escrivão,

e se for presente, pelo executado, expede-se a respectiva carta, se o bem for imóvel, e o

mandado de entrega ao adjudicante, se móvel (art. 685-B, com redação da Lei n.

11.382/2006).‖380

.

Ressalta-se que entre a entrega dos bens se dão cinco dias após o aperfeiçoamento do

ato translativo, tendo em vista o direito que o executado tem de opor embargos,

consubstanciado no artigo 746 do Código de Processo Civil381

, ditos embargos de segunda

fase.

3.4.1.2 Usufruto de bem móvel ou imóvel (artigo 708, III do Código de Processo Civil)

Ressalta-se que tal instituto, se limita a expropriar temporariamente o bem do

executado382

, passando ao credor os direitos reais383

sobre o bem, até que seja adimplido o

débito total, incluído juros, multa, honorários advocatícios e custas a que for executado o

devedor384

.

Satisfeito integralmente o crédito do exeqüente, extinguir-se-á o usufruto, sendo

restituídos os poderes (direitos reais), sobre os bens, ao respectivo titular385

.

3.4.1.3 Entrega do dinheiro (artigo 708, I do Código de Processo Civil)

Para efetivar a satisfação do credor, o procedimento, segundo informa Marinoni, é

simples, expedindo-se o alvará ao exeqüente mediante requerimento para que este levante o

valor que lhe é devido386

. Ocorre que poderá ser complexo387

.

380

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 168. 381

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p. 135. 382

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.311. 383

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.196. 384

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 209. 385

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.328. 386

Levanta-se o valor que é devido, eis que, em havendo remanescente, este pertence ao devedor. Expressa

Humberto Theodoro Júnior (in: THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo

de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.342): ―[...] O direito

do credor, de levantar o dinheiro depositado, não compreende toda a soma existente, mas apenas o

correspondente ao principal da dívida, juros, custas e honorários advocatícios. [...] Efetuado o pagamento, se

houver remanescente, deverá ser restituído ao devedor.‖ 387

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.328-329.

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Expressa Vicente Greco Filho à respeito:

―Se sobre os bens alienados havia apenas Penhora de um credor singular, o juiz

autorizará que este levante o dinheiro depositado [...] Se, todavia, houver sobre os bens algum

privilégio ou preferência, instituído anteriormente à penhora [...] ou ainda houver outras

penhoras, institui-se um concurso limitado e parcial sobre o valor produto dos bens, concurso

que deve ser decidido pelo juiz, não se autorizando o levantamento do dinheiro

imediatamente.‖388

Ressalta-se que o levantamento de valores implica em pagamento parcial ou total ao

credor.389

A entrega de dinheiro, denotada no inciso I do artigo 708, comporta também, além do

dinheiro proveniente da alienação por iniciativa do particular e alienação em hasta pública, a

entrega do dinheiro em espécie ou depósito ou aplicação em instituição financeira, oriundo da

Penhora on line, disposta no artigo 655, I do Código de Processo Civil390

.

Conforme leciona Bueno: ―[...] É clara acerca dessa distinção a redação do final do

caput do dispositivo quando faz menção ao ‗dinheiro depositado para segurar o juízo‘ ou ‗o

produto dos bens alienados‘‖391

. (grifo do autor).

Faz menção ao artigo 655, I do Código de Processo Civil, qualificando a entrega de

dinheiro penhorado via Bacen Jud, como ato expropriatório para satisfação do credor,

configurando-o como incluso na modalidade disposta no inciso I do artigo 708 do Código de

Processo Civil, destacando que ―Pela lei [...] não há autorização imediata para levantamento

ou para transferência destes valores; tão-somente, para a decretação de sua indisponibilidade,

de seu ‗bloqueio‘. A chamada ‗Penhora on line‘, por isto mesmo, não é, ela própria, ato

expropriatório‖ 392

.

388

GRECO Filho, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. p. 105. 389

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.349. 390

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.350. 391

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.350. 392

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.243.

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90

Marinoni indica que quando a Penhora recai sobre dinheiro393

, nenhum dos caminhos

denotados nos incisos do artigo 647 do Código de Processo Civil será seguido, tendo em vista

que o juiz somente autorizará o exeqüente a levantar o valor que lhe é devido.394

3.4.2 Remição

Primeiramente compete esclarecer que a remição tratada neste item, como integrante

da fase final da Execução é aquela indicada no artigo 651 do Código de Processo Civil, in

verbis:

Art. 651. Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a

todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância

atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios.395

Destaca-se esta informação, tendo em vista que a remição da Execução diverge da

remição de bens que estava disposta nos artigos 787-790, revogados pela Lei nº

11.382/2006.396

Bueno indica que o verbo remir constante no artigo 651, tem significado de resgate,

tratando-se de adimplemento tardio da obrigação397

.

Segundo Humberto Theodoro Júnior:

Remição da execução é, porém o resgate da dívida exeqüenda, mediante

pagamento ou depósito do principal, mais juros, custas e honorários

advocatícios, o que é motivo de extinção do processo executivo (art. 794, nº

I) [...]398

.

Luís Otávio Sequeira de Cerqueira indica que ―A remição da execução permite ao

executado preservar seu patrimônio mediante o pagamento ou a consignação (depósito

393

Artigo 655, I Código de Processo Civil. 394

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.312. 395

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.529. 396

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p. 267. 397

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.346. 398

THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e

Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p.334.

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91

judicial) em dinheiro do valor da dívida, devidamente atualizado e acrescido de juros, custas e

honorários advocatícios‖399

.

Para Wambier, a remição da Execução, portanto, ―[...] Consiste no pagamento do

valor total do crédito objeto da Execução, incluindo todos os acessórios. É adimplemento

tardio da obrigação, que a extingue e, consequentemente, serve de causa extintiva da

execução.‖400

.

Segundo Bueno, ―[...] a remição da execução pressupõe o transcurso in albis dos

prazos que o caput do art. 475-J e o caput do art.652 reservam para que o executado pague o

valor reclamado pelo exeqüente.‖401

.

Salienta-se ainda que apesar de o dispositivo expressar tão somente a figura do

executado, qualquer terceiro interessado poderá fazê-lo, respeitado o prazo, que embora

disponha a todo tempo tem limitações402

.

A limitação inicial é o término do prazo de três dias denotado no artigo 475-J, caput403

e 652, caput404

do Código de Processo Civil; e final, ―a lavratura do auto (ou termo) de

adjudicação, alienação por iniciativa particular ou alienação em hasta pública [...]. Lavrado o

auto (ou o termo), não cabe mais a remição da execução.‖405

.

É importante frisar que a remição realizada após a lavratura do auto, será incabível por

intempestividade.

Desta forma restou demonstrado os meios de satisfação do credor, e conseqüente

extinção da Execução, encerrada com a fase final ou satisfativa, estando, portanto, também

concluído este capítulo. A partir de então abordar-se-á os temas específicos no capítulo 3 com

a demonstração da evolução da Penhora on line.

399

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.83. 400

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p. 265. 401

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.346. 402

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p.83. 403

Cumprimento de Sentença. 404

Ação Executiva. 405

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.346-347.

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92

4 TERCEIRO CAPÍTULO – EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO BACEN JUD

4.1 PENHORA ON LINE

Superada a exposição da evolução histórica, requisitos, vias e fases da Execução, para

analisar a evolução da Penhora on line, imprescindível aprofundar este instituto, e para tanto

faz-se mister destacar o artigo 655, I do Código de Processo Civil, que dispõe:

Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição

financeira;

[...]406

.

Humberto Theodoro Júnior expressa que a Penhora on line é o meio pelo qual o juiz,

por via eletrônica, realiza o bloqueio de valor em dinheiro (depósitos ou aplicações) junto ao

Banco Central407

.

Bueno leciona:

Substancialmente a chamada ‗penhora on line408

‘ nada mais é do que a

possibilidade de o magistrado [...] ter acesso a informações que, por serem

sigilosas, não seriam de seu conhecimento se não expressamente autorizadas.

Tais informações dizem respeito à identificação de dinheiro ou, mais

amplamente, depósitos ou aplicações em instituições financeiras (art. 655, I),

sem exclusão das cadernetas de poupança (art. 655, X), para viabilizar a sua

penhora [...]409

.

Gonçalves indica que a Penhora on line é a Penhora sobre os ativos do executado, por

via eletrônica, realizado pelo juiz410

, que requisita informações e bloqueia valores, através do

Bacen Jud que é um ―[...] instrumento útil para tentar alcançar bens do devedor, em princípio

406

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.533. 407

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução título extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense,

2007.p.76. 408

Bueno menciona que a penhora on line não é ato expropriatório, mas sim penhora que se realiza por meio do

Bacen Jud. 409

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.242-243. 410

A requerimento do exeqüente.

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93

adotado pela Justiça do Trabalho, e hoje pela justiça comum411

. É fruto de um convênio entre

o Judiciário e o Banco Central [...]‖412

.

Segundo Marinoni ―[...] A penhora em dinheiro é a melhor forma de viabilizar a

realização do direito de crédito [...]‖413

, eis que elimina maiores procedimentos, tornando a

Execução mais célere e de menores gastos, bem como permite a Penhora do valor necessário

à satisfação do crédito, ao contrário do que ocorre com a Penhora de bens imóveis, por

exemplo414

.

Diante de todos os conceitos, verifica-se indiscutivelmente que a Penhora on line, em

suma, é a Penhora de dinheiro (em depósito ou aplicação financeira) realizada pelo juiz

através de Bacen Jud.

Bacen Jud415

é o meio eletrônico utilizado pelo juiz, e o procedimento está

consubstanciado no Código de Processo Civil, no artigo 655-A, in verbis:

Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou

aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à

autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio

eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado,

podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor

indicado na execução416

.

Compete destacar oportunamente que para realizar a Penhora on line ―[...] é necessário

que o tribunal seja signatário de convênio com o Banco Central e que o juiz de primeiro grau

faça cadastro e obtenha senha de acesso, junto ao respectivo tribunal. [...]‖417

418

.

Gonçalves ressalta que ―[...] o juiz, por meio de uma senha, expede uma determinação

ao Banco Central, para que ele ordene a todas as instituições financeiras do País que

identifiquem e bloqueiem as contas bancários do devedor [...]‖419

.

411

Da mesma forma pela Justiça Federal. 412

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 152-153. 413

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.270. 414

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.270. 415

Este instituto será abordado neste capítulo, em item específico, pois é imprescindível o aprofundamento. 416

BRASIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO. p.538-539. 417

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.164. 418

O Ofício Circular nº25/2008, datado de 25 de abril de 2008, da Corregedoria Geral da Justiça – Poder

Judiciário – Estado de Santa Catarina, oficiou sobre a decisão do Conselho Nacional de Justiça que tornou

obrigatório o cadastramento dos juízes no Sistema Bacen Jud. Anexo X.

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94

Medina expressa:

―Através do Bacen Jud, possibilita-se o encaminhamento, por via eletrônica

(internet), de ordens judiciais de bloqueio e transferência de valores

existentes em contas correntes e outros ativos financeiros, por intermédio do

Banco Central, às instituições financeiras420

. (grifo do autor).

Humberto Theodoro Júnior expressa que na requisição enviada por meio eletrônico, o

juiz informará o montante necessário a cobrir a quantia exeqüenda, comportando o débito

atualizado, com estimativa de honorários, custas e acessórios eventuais, em consonância com

o dispositivo421

do Código de Processo Civil, artigo 659422

.

Sendo positivo o bloqueio, ou seja, tendo saldo a penhorar e realizada a

indisponibilidade dos valores, proceder-se-á a lavratura do termo de Penhora e posterior

intimação423

do executado em consonância com o artigo 652, §1º do Código de Processo

Civil424

. Cabendo ao executado, conforme já mencionado, a comprovação, quando existente,

da impenhorabilidade do valor, por enquadramento nas hipóteses compatíveis elencadas no

rol do artigo 649 do Código de Processo Civil. Comprovação consubstanciada no §2º do

artigo 655-A425

.

Reitera-se que o bloqueio é limitado ao valor da Execução, não se fará, portanto, a

indisponibilidade de todo o saldo, de todas as contas ou aplicações, tão somente o suficiente à

satisfação do crédito426

.

Salienta-se que:

―Há na jurisprudência427

, decisões no sentido de que o cadastramento que

autoriza o juiz a proceder a penhora on line, embora possível, nos casos em

419

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 152-153. 420

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.164. 421

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução título extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense,

2007.p.76. 422

Art. 659. A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado,

juros, custas e honorários advocatícios. 423

A intimação poderá ser feita na pessoa do advogado do executado. 424

THEODORO Júnior, Humberto. A reforma da execução título extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense,

2007.p.77. 425

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.272. 426

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.243-244. 427

MEDINA indica, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina: Agravo de Instrumento nº 310371-3, rel. Des.

Celso Seikiti Saito, j. 23.11.2005.

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95

que há convênio entre o Tribunal e o Banco Central, não pode ser imposto ao

juiz da causa, que, discricionariamente, poderá ou não adotar tal

procedimento ‗no âmbito de sua jurisdição‘‖ 428

. (grifo do autor).

Ressalta-se quanto ao recém citado, que tal limitação contraria o princípio

constitucional da celeridade processual e o princípio infraconstitucional da economia

processual429

, eis que dispõe o inciso LXXVIII430

do artigo 5º da Constituição Federal, que

estão garantidos a todos, os meios de celeridade da tramitação431

.

Quanto à celeridade, Gonçalves denota que ―A penhora on line tem sido instrumento

eficaz para localização dos bens do devedor [...], por sua rapidez, muitas vezes consegue

efetivar a constrição antes que o devedor tenha tido tempo hábil para retirar o dinheiro, em

detrimento do credor.‖432

.

É importante destacar que o procedimento é célere, e não atinge a intimidade do

executado. Nota-se que em consonância com palavras de Marinoni, o exeqüente é informado

tão somente da existência de depósito ou aplicação financeira, não se tendo acesso aos

movimentos bancários do executado433

. Tal procedimento visa o sigilo bancário, que Ernane

Fidélis dos Santos, destaca apropriadamente: ―Para resguardo do sigilo bancário, as

informações da entidade devem limitar-se à existência ou não de depósito ou aplicação, até o

valor indicado na Execução (§1º do art. 655-A)‖434

.

Indira Fábia dos Santos Meirelles435

, expressa que para alguns a Penhora on line é uma

temeridade, e para outros, um avanço. Denota que a corrente desfavorável a Penhora on line

defende que há ofensa a dignidade do devedor, violação da intimidade, dos princípios da

ampla defesa, do devido processo legal e do contraditório bem como ofende o princípio do

428

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.164. 429

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.63. 430

―Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes: [...] LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados

a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.‖ 431

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.164-165. 432

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo

cautelar. p. 153. 433

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.272. 434

SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar. p. 124-

135. 435

Juíza de Direito no Estado da Bahia.

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96

modo menos gravoso ao devedor. Ainda afeta o giro empresarial, quando indisponibilizado o

capital depositado ou aplicado em instituição financeira.436

Por outro lado, prossegue a juíza, a defesa daqueles que indicam a Penhora on line

como avanço processual, expressam que é ―[...] um mecanismo de efetivação dos princípios

da legalidade437

, do acesso à justiça438

e da celeridade processual439

, consagrados em nossa

Constituição Federal como cláusulas pétreas, pois que situados no título que trata dos

princípios fundamentais [...]‖440

. Ainda contra-argumenta a corrente contrária sustentando que

não há ofensa à dignidade do executado, e de que há disponibilização de informações a

pessoas autorizadas. Sendo assim, como não há acesso a movimentação bancária, não há que

se falar em quebra de sigilo bancário, tão pouco de violação de intimidade441

.

No mesmo sentido José Ronemberg Travassos da Silva442

indica:

[...] Quebra de sigilo bancário haveria, em tese, apenas na hipótese de acesso

a informações sobre movimentações financeiras do devedor; o que, diga-se

de passagem, não é o caso do Bacen Jud, que disponibiliza aos Juízes,

unicamente, os números das contas bancárias existentes em nomes dos

executados e os seus respectivos saldos [...] pois, como sabido, é

prerrogativa do Juízo a quebra dessa restrição, conforme prescrito na

legislação infraconstitucional e na própria Constituição da República443

[...]444

.

436

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.64. 437

Art. 5º, II da Constituição Federal - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em

virtude de lei; 438

Art. 5º, XXXV da Constituição Federal - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça

a direito; 439

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:[...] 440

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.64. 441

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.64. 442

José Ronemberg Travassos da Silva. Especialista em direito Processual Civil Lato Sensu pela Faculdade de

Direito de Caruaru – FADIC; Mestrando em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP;

Professor Universitário e Juiz de Direito do Tribunal de Justiça de Pernambuco. 443

Nesse sentido: ―[...]EMENTA RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.

INOCORRÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. SIGILO BANCÁRIO. SISTEMA BACEN JUD. (...) o sistema

BACEN JUD agiliza a consecução dos fins da execução fiscal, porquanto permite ao juiz ter acesso à existência

de dados do devedor, viabilizando a constrição patrimonial do art. 11, da Lei n. 6.830/80. Deveras é uma forma

de diligenciar acerca dos bens do devedor, sendo certo que, atividade empreendida pelo juízo, e que, por si só,

torna despiciendo imaginar-se um prévio pedido de quebra de sigilo, não só porque a medida é limitada, mas

também porque é o próprio juízo que, em ativismo desejável, colabora para a rápida prestação da justiça. (...)

Destarte, a iniciativa judicial, in casu, conspira a favor da ratio essendido do convênio. Acaso a constrição

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97

Quanto ao princípio do contraditório e ampla defesa é notório que não há violação,

posto que há citação/intimação do executado, podendo pagar ou indicar bens, não havendo

surpresa, sendo-lhe garantida a arguição de impenhorabilidade dos valores bloqueados, e

excesso quando existentes. No que tange ao devido processo legal este é visível eis que há o

requerimento do exeqüente445

, e somente assim o magistrado utiliza a medida eletrônica para

verificar ativos financeiros e posterior bloqueio da quantia. Por fim expressa que não ofende o

princípio da menor onerosidade em razão de o princípio não ser absoluto, bem como

dependerá da situação das partes, ainda não pode ser interpretado como meio de

impenhorabilidade destacando que: ―[...] Deve-se sempre contrapor o princípio da menor

onerosidade dos princípios da celeridade e economia processual, utilizando-se a

proporcionalidade para solucionar o caso posto em análise [...]‖446

.

Em que pese à violação de intimidade, Marinoni, de forma a sanar quaisquer dúvidas,

leciona:

[...]é preciso deixar claro que o exeqüente tem o direito de saber se o

executado possui dinheiro depositado em instituição financeira pela mesma

razão que possui o direito de saber se o executado é proprietário de bem

imóvel ou móvel [...].Como é óbvio, não há qualquer violação de intimidade

ao se obter informações a respeito da existência de conta corrente ou

aplicação financeira.‖447

.

Ressalta-se que o procedimento da Penhora on line é igual para ambas as vias de

Execução (Ação Executiva e Cumprimento de Sentença), todavia, há diferentes maneiras de

ciência do executado. Enquanto na Ação Executiva o executado é citado da Execução, e

passado o posteriormente se dará a realização de intimação da Penhora on line, no

Cumprimento de Sentença, abre-se o prazo para impugnação já com a intimação da Penhora

on line448

.

implique em impenhorabilidade, caberá ao executado opor-se pela via própria em juízo." (STJ. REsp.

666.419/SC. Rel. Min. Luiz Fux. J. em 14/06/2005).(in: SILVA, José Ronemberg Travassos da. A penhora

realizada através do Bacen Jud. Breves apontamentos. JUSNAVIGANDI. Disponível em:

<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8751>. Acesso em: 11 maio 2009). 444

SILVA, José Ronemberg Travassos da. A penhora realizada através do Bacen Jud. Breves apontamentos.

JUSNAVIGANDI. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8751>. Acesso em: 11 maio

2009. 445

Não podendo o juiz de ofício, proceder a penhora on line. 446

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.65. 447

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p.272. 448

WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso avançado de processo civil. p.287.

Page 98: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

98

Superados os esclarecimentos sobre a Penhora on line, faz-se necessário o

aprofundamento do instituto Bacen Jud, para então abordar-se a evolução da Penhora on line,

que se dá via Bacen Jud.

4.2 BACEN JUD

Mister se faz inicialmente, indicar que, com o intuito de reduzir o grande fluxo de

solicitações escritas, bem como os custos operacionais das respostas, que eram realizadas por

ofícios despendendo expedientes burocráticos, o Banco Central do Brasil implementou o

Bacen Jud, permitindo ―[...] ao Poder Judiciário o acesso imediato, via internet, ao Sistema de

Informações Banco Central – SISBACEN [...]‖449

. (grifo do autor).

Isto posto, fica claro que a Penhora realizada via Bacen Jud, a qual se dá o nome de

Penhora on line, é a Penhora: ―[...] ato executivo que afeta determinado bem à execução,

permitindo sua ulterior expropriação, e torna os atos de disposição do seu proprietário

ineficazes em face do processo. [...]‖450

, realizada por meio eletrônico ou virtual451

.

Assim, o Bacen Jud teve como propósito o acesso imediato do Poder Judiciário ao

SISBACEN – Sistema de Informações Banco Central 452

, e proporciona Rapidez453

,

Segurança454

e Economia455

, conforme indica o Sistema Bacen Jud456

.

Marinoni indica:

449

SILVA, José Ronemberg Travassos da. A penhora realizada através do Bacen Jud. Breves apontamentos.

JUSNAVIGANDI. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8751>. Acesso em: 11 maio

2009. 450

ASSIS, Araken de. Manual da execução. p.592. 451

SILVA, José Ronemberg Travassos da. A penhora realizada através do Bacen Jud. Breves apontamentos.

JUSNAVIGANDI. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8751>. Acesso em: 11 maio

2009. 452

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.65. 453

―O Juiz de Direito, de posse de uma senha previamente cadastrada, preenche um formulário na Internet,

solicitando as informações necessárias ao processo. O Bacen Jud, então, repassa automaticamente as ordens

judiciais para os bancos, diminuindo o tempo de tramitação‖. (in: BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema

Bacen Jud. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009). 454

―No trânsito das informações entre a Justiça, o Banco Central e as instituições financeiras, será garantida a

máxima segurança, com a utilização de sofisticada tecnologia de criptografia de dados‖. (in: BRASIL. Banco

Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em:

11 maio 2009). 455

―Com a utilização da Internet, serão sensivelmente reduzidos os custos com recursos humanos e materiais‖.

(in: BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009). 456

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009.

Page 99: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

99

[...] Ora, se o exeqüente, para penhorar dinheiro, necessita saber se o

executado possui – e em que local – dinheiro depositado em instituição

financeira, ele deve ter ao seu dispor uma forma que lhe garanta esta

verificação. Para viabilizar o acesso a tais informações, o Superior Tribunal

de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho e o Conselho da Justiça Federal

firmaram convênio com o Banco Central – há bastante tempo457

–, por meio

do qual os juízes com senhas cadastradas têm acesso, através da internet, a

um sistema de consultas – desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e

denominado de Bacen Jud. [...]‖458

.

Em conformidade com informações do próprio Banco Central do Brasil, este vem

prestando um relevante serviço ao Poder Judiciário desde o início de 1990, fornecendo dados,

refletindo em celeridade das demandas processuais. Com o acumulo dos ofícios do Poder

Judiciário, fez-se necessário informatizar o procedimento, dando assim origem ao Bacen Jud

1.0459

no ano de 2001460

.

Com o aperfeiçoamento do sistema, foi desenvolvido o Sistema Bacen Jud 2.0, sendo

implementado em duas fases. A primeira, FASE I, em dezembro de 2005, compreendeu ―[...]

as funcionalidades de bloqueio, desbloqueio, transferência de valores para conta de depósito

judicial e controle de respostas das instituições financeiras pelo magistrado‖461

.

Importante destacar que após a implementação da FASE I:

―[...] foram firmados convênios com o Tribunal Superior do Trabalho,

Superior Tribunal de Justiça, Conselho de Justiça Federal e Superior

Tribunal Militar e termos de adesão com todos os 24 Tribunais Regionais do

Trabalho, os 5 Tribunais Regionais Federais e 26 Tribunais de Justiça

Estaduais‖462

.

457

Existe desde maio de 2001. 458

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 271-272. 459

―O sistema informatizado Bacen Jud não importou na alteração das regras processuais preexistentes, mas

apenas informatizou um procedimento já existente utilizado pelos magistrados por meio de ofício em papel‖. (in:

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009). 460

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009. 461

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009. ―As grandes inovações desse aplicativo

foram o retorno de respostas das instituições financeiras para os magistrados pelo próprio sistema e o respectivo

controle pelas autoridades judiciárias, bem como a transferência de valores bloqueados para conta de depósito

judicial, funcionalidades inexistentes no sistema anterior - Bacen Jud 1.0‖. 462

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDINTRO>. Acesso em: 11 maio 2009.

Page 100: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

100

Dentre os Tribunais de Justiça Estaduais que aderiram ao Bacen Jud, está o Tribunal

de Justiça de Santa Catarina, que assinou463

, o Termo de Adesão em 10 de novembro de

2005464

.

A FASE II compreende duas funcionalidades: prioritárias e complementares, e foram

recentemente instituídas, 29 de fevereiro de 2008. Dentre as funcionalidades implementadas

estão: A Requisição de informações onde o magistrado poderá obter dados bancários de

clientes do Sistema Financeiro Nacional; Automação do processo de transferência de valor

bloqueado para conta de depósito judicial e outras melhorias para facilitar o uso do sistema

pelo usuário do Poder Judiciário; Inserção dos bancos de investimentos e bancos múltiplos

sem carteira comercial no rol das instituições que recebem os arquivos do sistema Bacen Jud

2.0 contendo ordens judiciais; e Cadastro atualizado de varas/juízos e de nomes dos

representantes das instituições financeiras.

Assim, como já resta recém implementada a FASE II do Sistema Bacen Jud 2.0,

poderão haver, no decorrer da utilização, novas teses de inconstitucionalidade da Penhora,

tendo em vista que o Sistema Bacen Jud 2.0 permitirá o acesso à extratos bancários, conforme

alínea c465

do artigo 15 do Regulamento Bacen Jud 2.0, o que, conforme já denotado,

acarretará em quebra de sigilo bancário, e consequentemente acarretará em novas Ações de

Inconstitucionalidades, como há pouco ocorreu466

. Todavia, não sendo objeto do presente

trabalho, prosseguir-se-á com a estrutura Bacen Jud.

O Sistema Bacen Jud 2.0 tem Regulamento467

próprio, instituído pelo Banco Central

do Brasil, e traz em seu teor no artigo 1º468

que a regulamentação visa disciplinar a

operacionalização, bem como padronizar os procedimentos com intuito de evitar divergência

e equívocos de interpretação.

463

À época, pelo Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina Desembargador Jorge Mussi. 464

Anexo VIII. 465

―ARTIGO 15 - O sistema BACEN JUD 2.0 permitirá ao Poder Judiciário requisitar as seguintes informações

: [...] c) extrato de contas (corrente, poupança e investimento), de aplicações financeiras e de outros ativos

bloqueáveis;[...]‖. 466

ADIn 3091 ajuizada pelo Partido da Frente Liberal – PFL, em 17/12/2003, e ADIn 3203 ajuizada pela

Confederação Nacional dos Transportes – CNT, em 15/05/2004. (in: SILVA, José Ronemberg Travassos da. A

penhora realizada através do Bacen Jud. Breves apontamentos. JUSNAVIGANDI. Disponível em:

<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8751>. Acesso em: 11 maio 2009). 467

Anexo III. 468

ARTIGO 1º - A presente regulamentação visa a disciplinar a operacionalização e utilização do sistema

BACEN JUD 2.0, bem como padronizar os procedimentos a fim de evitar divergências e equívocos de

interpretação.

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101

A utilização do Bacen Jud, como se pode verificar, tem exigências mínimas, bem

como traz Roteiro Técnico que deve ser respeitado pelos conveniados469

e pelos que

aderiram470

ao Sistema.

A utilização do Sistema Bacen Jud, no Estado de Santa Catarina, foi autorizada pelo

PROVIMENTO Nº 05/2006471

, onde constam em forma de recomendações (artigo 1º),

esclarecimentos (artigo 2º) e determinações (artigo 3º), que entraram em vigor na data de 1º

de junho de 2006. Momento em que, através das estatísticas poderão ser visualizados os dados

de utilização do sistema pelo Poder Judiciário do Estado.

Os dados estatísticos são surpreendentes. Em estatística consolidada472

, pode-se

observar um crescimento de mais de 500% (quinhentos por cento), passando de 6.384 (seis

mil trezentos e oitenta e quatro) ofícios em papel enviados do Poder Judiciário ao Banco

Central do Brasil, no ano de 1998, para 3.671.735 (três milhões seiscentos e setenta e um mil,

setecentos e trinta e cinco) consultas, incluindo ofícios em papel e Sistema Bacen Jud 1.0 e

Bacen Jud 2.0473

.

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total

Ofícios em papel 6 384 54 515 71 461 80 586 99 697 118 505 116 350 128 856 134 114 75 838 59 907 4 098 950 311

BacenJud 1.0 0 0 0 524 44 756 262 892 473 198 615 870 62 149 79 908 64 194 0 1 603 491

BacenJud 2.0 0 0 0 0 0 0 0 61 946 1 320 289 2 693 576 3 547 634 214 913 7 838 358

Total 6 384 54 515 71 461 81 110 144 453 381 397 589 548 806 672 1 516 552 2 849 322 3 671 735 219 011 10 392 160

Atendimento ao Poder Judiciário

Decic - Departamento de Prevenção a Ilícitos Financeiros e de Atendimento de Demandas de Informações do Sistema Financeiro

Difis - Diretoria de Fiscalização

1998 até janeiro/2009

0

500 000

1 000 000

1 500 000

2 000 000

2 500 000

3 000 000

3 500 000

4 000 000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

BacenJud 2.0 BacenJud 1.0 Ofícios em papel

É imprescindível destacar que os números indicados acima fazem referência aos totais

de todo o país, incluindo a Justiça Estadual, a Justiça Federal, Militar e do Trabalho. Todavia

em consonância com a Execução processual civil abordada, faz-se mister destacar os números

provenientes da Justiça Estadual e Federal, em específico do Estado de Santa Catarina. Assim,

obteve-se as seguintes estatísticas:

469

Tribunal Superior do Trabalho, Superior Tribunal de Justiça, Conselho de Justiça Federal e Superior Tribunal

Militar. 470

Aderiram ao Sistema os 24 Tribunais Regionais do Trabalho, os 5 Tribunais Regionais Federais e 26

Tribunais de Justiça Estaduais. 471

Anexo IX. 472

Anexo IV. 473

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/?BCJUDESTATISTICAS >. Acesso em: 11 maio 2009.

Page 102: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

102

Ofícios em papel474

, em Santa Catarina, entre os anos 1998-2009475

: 18.563476

.

Nota-se um crescimento até o ano de 2003, caindo consideravelmente nos anos

subseqüentes, chegando ao corrente ano de 2009, com o irrisório número de 44 ofícios.

Bacen Jud 1.0477

, em Santa Catarina, entre os anos 2001-2008478

: 665479

.

474

Anexo V. 475

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/Fis/pedjud/ftp/Estatisticas/Oficios%20em%20Papel/1998_a_2009_Of%EDcios_em_Pape

l.xls>. Acesso em: 11 maio 2009. 476

Estão inclusos os ofícios da Justiça do Trabalho. 477

Anexo VI. 478

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/Fis/pedjud/ftp/Estatisticas/Bacen%20Jud%201.0/2001_a_2008_BacenJud_1.xls >.

Acesso em: 11 maio 2009. 479

Dados somente da Justiça Estadual.

Total

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

AC 3 19 23 8 19 37 25 19 6 3 17 0 179

AL 6 35 55 48 160 250 114 134 100 99 126 6 1 127

AM 143 527 319 264 182 212 133 96 74 52 37 3 2 039

AP 0 5 5 55 22 22 76 37 13 24 13 1 272

BA 316 2 580 3 805 3 903 3 185 1 336 1 684 1 995 2 404 1 933 1 309 65 24 450

CE 53 362 312 322 343 537 406 490 757 859 368 57 4 809

DF 31 250 361 487 795 728 708 391 342 704 918 143 5 715

ES 52 428 593 638 471 476 694 838 980 826 591 60 6 587

GO 141 1 220 1 726 1 710 2 111 1 055 545 456 474 575 363 53 10 376

MA 44 412 1 046 1 483 1 296 912 415 502 550 562 321 40 7 543

MG 652 3 669 3 999 5 707 6 326 7 805 6 246 7 529 10 707 20 833 14 947 936 88 420

MS 106 1 120 1 493 1 689 3 107 7 752 3 013 1 140 1 507 1 324 292 28 22 543

MT 13 246 255 77 139 281 437 590 761 490 271 39 3 560

PA 48 584 824 1 248 1 454 1 870 1 124 1 088 626 302 437 19 9 605

PB 21 159 282 267 335 543 509 381 350 345 216 26 3 408

PE 780 5 475 6 028 7 241 8 736 8 079 4 729 3 380 2 016 1 326 1 212 137 49 002

PI 0 36 70 124 359 368 180 220 183 330 462 8 2 332

PR 446 3 836 3 359 3 821 4 199 4 972 5 194 5 599 6 812 10 000 10 310 464 58 548

RJ 228 2 461 3 077 4 545 6 352 11 156 21 120 19 885 17 186 13 977 8 866 574 108 853

RN 38 460 447 173 198 435 260 323 466 333 265 14 3 398

RO 6 79 59 30 136 88 88 117 170 33 23 8 829

RR 1 8 7 5 10 73 30 15 8 10 8 18 175

RS 372 2 723 4 583 7 506 7 867 5 075 4 123 5 338 7 355 10 431 14 221 928 69 594

SC 176 1 655 2 674 3 197 3 600 3 923 1 109 740 670 549 270 44 18 563

SE 8 99 69 23 35 92 160 250 149 280 111 11 1 276

SP 2 695 26 014 35 964 35 997 48 246 60 392 63 208 77 194 79 209 9 602 3 899 414 442 420

TO 5 53 26 18 14 36 20 109 239 36 34 2 590

Total 6 384 54 515 71 461 80 586 99 697 118 505 116 350 128 856 134 114 75 838 59 907 4 098 946 213

Difis - Diretoria de FiscalizaçãoDecic - Departamento de Prevenção a Ilícitos Financeiros e de Atendimento de Demandas de Informações do Sistema Financeiro

Quantidade de solicitações via ofícios em papel

UF1998 até janeiro/2009

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103

Ressalta-se que o indicativo 0, nos anos de 2007 e 2008, não significam a não

utilização do Sistema Bacen Jud, mas sim o fim da utilização do Sistema Bacen Jud 1.0, e

início da utilização do Sistema Bacen Jud 2.0, que a seguir é denotado.

Bacen Jud 2.0480

, em Santa Catarina, entre os anos 2005-2009481

: 164.696482

.

480

Anexo VII. 481

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/Fis/pedjud/ftp/Estatisticas/Bacen%20Jud%202.0/2005_a_2009_BacenJud_2.xls >.

Acesso em: 11 maio 2009. 482

Dados somente da Justiça Estadual.

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

AC 0 0 0 0 1 940 215 312 12 2 479

AL 0 0 18 843 1 383 162 49 4 2 459

AM 1 30 65 273 266 85 3 2 725

AP 1 284 244 938 1 564 1 262 1 397 336 6 026

BA 0 0 0 0 0 0 12 0 12

CE 0 0 0 0 0 0 6 0 6

DF 108 182 124 718 3 210 502 340 33 5 217

ES 0 0 0 0 0 0 0 1 1

GO 0 0 0 0 0 0 0 0 0

MA 0 0 0 7 86 0 0 0 93

MG 0 7 428 341 3 433 1 865 1 351 288 7 713

MS 0 0 2 91 1 057 400 234 36 1 820

MT 0 0 0 154 1 790 38 10 2 1 994

PA 0 0 0 0 411 35 1 8 455

PB 0 26 1 485 3 481 5 120 235 58 13 10 418

PE 0 0 0 0 874 49 0 6 929

PR 0 23 268 921 8 092 1 870 1 805 276 13 255

RJ 22 177 319 1 371 9 066 1 395 435 62 12 847

RN 0 0 0 34 2 019 262 70 26 2 411

RO 0 18 10 69 903 59 91 11 1 161

RR 0 0 1 1 120 2 527 95 75 26 3 844

RS 9 97 437 501 2 595 762 525 45 4 971

SC 15 4 29 127 447 43 0 0 665

SE 9 30 247 887 1 758 763 813 249 4 756

SP 0 1 643 7 787 26 598 13 578 51 018 11 882 111 507

TO 0 0 0 0 1 536 92 20 4 1 652

Total 165 879 4 320 19 663 76 675 23 767 58 625 13 322 197 416

Difis - Diretoria de FiscalizaçãoDecic - Departamento de Prevenção a Ilícitos Financeiros e de Atendimento de Demandas de Informações do Sistema Financeiro

Solicitações do Poder Judiciário via Bacen Jud 1.0

Justiça

EstadualUF Total

2001 até dezembro/2008

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104

Diante da exposição dos números de consultas realizadas via Bacen Jud, é possível

constatar o avanço processual defendido por tantos doutrinadores, como expõe Indira Fábia

dos Santos Meirelles483

:

[...] Para estes484

, a ―penhora on line representa um grande avanço nas

soluções processuais para o grave problema da morosidade da justiça,

apresentando-se como um mecanismo de efetivação dos princípios da

legalidade, do acesso à justiça e da celeridade processual, consagrados em

nossa Constituição Federal [...]485

.

483

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.64-65. 484

Doutrinadores defensores da penhora on line. 485

MEIRELES, Indira Fábia dos Santos. Penhora on line: Avanço ou Temeridade? Revista Jurídica Consulex,

nº 278, 15agosto2008, ANO XII. p.64.

2005 2006 2007 2008 2009

AC 22 4 310 9 546 9 168 517 23 046

AL 0 2 509 6 628 7 543 515 16 680

AM 0 1 193 4 476 9 442 545 15 111

AP 0 1 434 3 869 7 454 649 12 757

BA 0 233 10 578 27 539 1 848 38 350

CE 0 0 4 515 14 422 425 18 937

DF 89 9 052 28 185 44 338 3 236 81 664

ES 0 4 462 16 029 30 117 1 366 50 608

GO 59 23 049 47 322 58 340 3 170 128 770

MA 0 0 3 945 17 959 1 234 21 904

MG 0 12 242 79 480 158 035 11 669 249 757

MS 0 2 570 12 390 24 293 1 179 39 253

MT 0 2 547 13 543 24 117 1 347 40 207

PA 0 2 327 3 338 5 325 247 10 990

PB 0 7 083 14 528 17 270 773 38 881

PE 0 3 545 8 057 11 137 803 22 739

PR 46 24 069 52 623 100 972 6 153 177 710

RJ 166 44 531 103 665 121 496 8 212 269 858

RN 0 8 044 14 556 20 300 1 130 42 900

RO 0 8 831 21 192 24 983 1 591 55 006

RR 0 2 553 4 294 4 420 225 11 267

RS 0 14 831 70 917 119 133 8 720 204 881

SC 0 19 274 60 826 84 596 3 283 164 696

SE 0 3 576 8 906 13 848 852 26 330

SP 614 112 168 568 787 755 787 42 619 1437 356

TO 0 2 358 3 913 6 889 495 13 160

Total 996 316 791 1176 108 1718 923 102 803 3 212 818

Difis - Diretoria de FiscalizaçãoDecic - Departamento de Prevenção a Ilícitos Financeiros e de Atendimento de Demandas de Informações do Sistema Financeiro

Solicitações do Poder Judiciário via Bacen Jud 2.0

TotalJustiça

EstadualUF

2005 até janeiro/2009

Page 105: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

105

Por fim, importante destacar que este instituto tão conhecido da Justiça do Trabalho,

que há muito utiliza o Sistema Bacen Jud, no que tange à dados de utilização, está quase

sendo alcançado pela Justiça Estadual, que após a informatização, e o advento de novos

dispositivos legais, passou a proceder mais frequentemente a Penhora on line, que acaba de

atingir 42% contra 53% da Justiça do Trabalho486

.

Assim, compete neste momento interligar a Execução Processual Civil, com o Sistema

Bacen Jud, por conseguinte a Penhora realizada eletronicamente, para enfim apresentar o

desenvolvimento, a evolução da Penhora on line, realizada pelo Sistema Bacen Jud.

486

BRASIL. Banco Central do Brasil. Sistema Bacen Jud. Disponível em: <

http://www.bcb.gov.br/Fis/pedjud/ftp/Estatisticas/Bacen%20Jud%202.0/2005_a_2009_BacenJud_2.xls >.

Acesso em: 11 maio 2009.

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106

4.3 EVOLUÇÃO DA PENHORA ON LINE VIA BACEN JUD

Compete inicialmente indicar que apesar de a Penhora on line estar disponível desde

maio de 2001487

, tal instituto foi lenta e gradativamente sendo utilizado na esfera cível,

conforme pode-se verificar pelos demonstrativos488

recém explicitados.

Conforme já mencionado, interessa ao desenvolvimento do presente trabalho, a

evolução deste instituto, Penhora, realizado por meio do Sistema Bacen Jud, e estando

claramente identificadas as categorias Execução, Execução por quantia certa contra devedor

solvente, Vias de Execução, Fases da Execução, Penhora e finalmente Penhora on line, pode-

se então passar à Evolução deste último instituto (Penhora on line), levando-se em conta as

mais diversas discussões a respeito de que a Penhora on line deveria prevalecer diante das

demais possibilidades de constrição, ou, se aplicaria tão somente, quando esgotadas todas as

demais possibilidades de Penhora.

Marinoni, esclarece:

[...]o que realmente impedia a penhora de dinheiro, até recentemente, era a

equivocada interpretação do art. 655, I, do CPC, que dizia apenas que

incumbia ―ao devedor, ao fazer a nomeação de bens, observar a seguinte

ordem: I – dinheiro; ...‖. Supunha-se que o devedor era obrigado a indicar à

penhora apenas dinheiro em espécie e não dinheiro que estivesse depositado

em banco. Tal interpretação, como é óbvio, inviabilizava a penhora de

dinheiro, deixando o devedor livre para indicar outro bem. Isto não só feria o

princípio do meio idôneo como dava oportunidade para o devedor retardar a

satisfação do direito do exeqüente489

.

Denota Medina que, sobre o assunto já se decidiu que a Penhora on line equivale à

Penhora realizada em desfavor de estabelecimento comercial, e desta forma, ―[...] somente em

situações excepcionais e devidamente fundamentadas é que se admite a especial forma de

constrição‖490

, em consonância as jurisprudências: STJ, 2ª T., REsp 863.773/SP, rel. Min.

Eliana Calmon, j. 21.09.2006, DJ 03.10.2006, p. 202; e STJ, 2ª T., AgRg no REsp

575.515/SP, rel. Min. Franciulli Netto, j. 21.06.2005, DJ 05.12.2005, p.281491

. Ressaltando:

487

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 271-272. Ver notas de rodapé nº 447 e 448. 488

Anexos IV, V, VI e VII. 489

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil. p. 270-271. 490

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.162-163. 491

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.162-163.

Page 107: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

107

[...] A propósito, consolidou-se a jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça no sentido de que é possível a expedição de ofício ao Banco Central

para se obterem informações acerca da existência de ativos financeiros do

executado. Tem-se exigido, no entanto, que, antes, sejam esgotados outros

meios para localizar bens penhoráveis. Nesse mesmo sentido já se decidiu na

jurisprudência, acerca da penhora on line, após a reforma da Lei

11.382/2006492

. (grifou-se).

Já Bueno, indica que o equívoco dos magistrados ao aplicar a Penhora on line como

último meio de constrição, ou seja, tão somente quando todos os outros restassem esgotados,

tem razão na exigência do requerimento do exeqüente, presente no dispositivo legal493

, haja

vista que ―a regra deve ser entendida, em função desta exigência, no sentido de que uma tal

modalidade de penhora pressupõe o esgotamento de outros meios de localização dos bens

penhorados e que, relatados os malogros das diligências para este fim, o magistrado autorize

excepcionalmente o bloqueio eletrônico dos ativos do executado.‖494

O que se ressalta é que a aplicação pelos magistrados, como última forma de

constrição, permaneceu até final do ano de 2006. Rogério Licastro Torres de Mello coaduna,

indicando que, em sendo a finalidade da execução por quantia certa contra devedor solvente, a

satisfação pecuniária, não poderia ser diferente a ordem preferencial ser o dinheiro, ou

aplicação financeira495

.

Neste sentido, Fernando Sacco Neto expressa:

[...] A partir da entrada em vigor da Lei 11.382/2006, acreditamos que os

juízes não poderão condicionar o deferimento da penhora de dinheiro em

depósito ou em aplicações financeiras ao eventual insucesso das tentativas

do exeqüente de encontrar outros bens penhoráveis. Em outras palavras, não

mais precisarão os exeqüentes provar a inexistência de outros bens

penhoráveis [...] como condição para obter a penhora on line de dinheiro em

depósito e de aplicações financeiras.

Há que se ressaltar que a corrente majoritária, entende que houve um equívoco dos

magistrados ao procederem de forma a conceder a Penhora on line tão somente quando

esgotadas todas as outras possibilidades de constrição. Todavia, a corrente minoritária,

492

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. p.163-164. 493

Artigo 655-A do Código de Processo Civil. 494

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: tutela jurisdicional

executiva. p.244. 495

SACCO Neto, Fernando. [et.al]. Nova execução de título extrajudicial. Lei 11.382/2006, comentada artigo

por artigo. p. 94.

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108

prossegue incansável na busca de invalidar a Penhora via Bacen Jud. Kiyoshi Harada496

indica

que a subordinação dos magistrados ao princípio da menor onerosidade ao devedor não é

faculdade e sim imposição497

.

A corrente majoritária defende-se alegando que:

―De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o objetivo dessa norma ‗é

evitar a prática de atos executivos desnecessariamente onerosos ao

executado‘ (AGA 483.789/MG) [...] Nesse sentido, o executado não pode

ter, por exemplo, todos os seus imóveis hipotecados para o pagamento de

uma dívida de valor bastante inferior a eles. Porém o princípio do ‗favor

redibitoris‘ não pode, como qualquer outra norma, ser interpretado de forma

absoluta. Se assim o fosse, a satisfação do crédito [...] tornar-se-ia inviável.

Por isso mesmo, o STJ tem entendido que se deve levar em conta ‗a

harmonia entre o objetivo de satisfação do crédito e a forma menos onerosa

para o devedor‘ (AgRg no Ag 777.351/SP). [...]498

.

A discussão ainda envolve o Provimento 05/2006499

, tendo em vista que este dispõe

em seu artigo 2º, II, que o juiz poderá emitir ordem judicial de bloqueio, se no processo de

Execução o executado não nomear bens à Penhora, subentendendo que somente esgotadas as

demais modalidades de Penhora, é que seria possível a procedência da Penhora on line. A

Resolução nº 524500

do Conselho da Justiça Federal, de 28 de setembro de 2006, que

institucionalizou a utilização do Sistema Bacen Jud 2.0 no âmbito da Justiça Federal de

primeiro e segundos grau, veio a sanar eventual equívoco, expressando no Parágrafo único do

artigo 1º que no processo de Execução, o exeqüente pode pleitear a Penhora via Bacen Jud

frente ao não pagamento da dívida, tendo a Penhora on line precedência sobre as demais

formas de constrição.

Desta forma parecia concluso que o procedimento prescinde a exigibilidade de esgotar

todas as demais possibilidades de Penhora. Todavia, recentemente, a ANAMATRA –

Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, por seu presidente Claudio José

496

Jurista, Professor e especialista em Direito Financeiro e Tributário pela USP. 497

HARADA, Kiyoshi. Penhora on line. JUSNAVIGANDI. Disponível em

<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10540>. Acesso em: 16 maio 2009. ―[...] Art. 620 do CPC, que

assim prescreve: ‗Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo

modo menos gravoso para o devedor.‘ Como se vê, o juiz é o destinatário dessa norma de caráter impositivo.

Não se trata de mera faculdade.[...]‖. 498

AGUIAR, Alexandre Magno Fernandes Moreira. A compatibilidade entre a penhora on line e o princípio

da menor onerosidade para o executado. JUSNAVIGANDI. Disponível em: <

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9935>. Acesso em: 16 maio 2009. 499

Anexo IX. 500

Anexo XI.

Page 109: siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Cassiane Tasso Sartori.pdf · 5 CASSIANE TASSO SARTORI EXECUÇÃO: A Evolução da Penhora on line Esta Monografia foi julgada adequada

109

Montesso, participou de audiências, no dia 21 de maio de 2009, a fim de discutir a proposta

de veto ao artigo 70 do Projeto de Lei de Conversão nº 2 de 2009501

, que traz em seu texto que

a Penhora on line fica condicionada ao exaurimento das possibilidades de constrição, nas

execuções das micro, pequenas ou médias empresas.

Expõe a ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do

Trabalho, em ofício502

enviado em 08 de maio de 2009, ao Presidente Luiz Inácio Lula da

Silva que é imprescindível o veto ao artigo, eis que em não sendo vetado, abrirá precedentes

totalmente contrários ao que se vem praticando nos Tribunais, depois de tantas discussões.

Desta forma, conclui-se o presente trabalho, enfatizando que a Penhora on line apesar

de existir há praticamente 10 (dez) anos, está em constante evolução, pois as mudanças ainda

não tiveram um período de estabilidade ao ponto de se concretizar, e, portanto, em constante

modificação, pode-se afirmar que este instituto, Penhora on line, ainda tem muito a ser

pesquisado, concluindo que este trabalho não supre ou exaure o estudo sobre o instituto, tão

pouco sobre a Evolução da Penhora via Bacen Jud.

501

Anexo XII. 502

Anexo XIII.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme exposto na Introdução, o presente trabalho teve como objeto o estudo da

evolução da Penhora on line, dando a relevada importância que este instituto vem tendo no

processo civil, ao longo destes quase dez anos de existência.

A evolução do instituto Penhora realizado através do Bacen Jud, conhecido como

Penhora on line tem suma importância, tendo em vista que o mesmo foi defendido e atacado

por correntes doutrinárias. Enquanto determinada corrente o elencava como avanço do

processo civil, outra o rotulava de inconstitucional. E tal divergência, ecoou às decisões

judiciárias, que somente procediam a Penhora on line, quando esgotadas todas as demais

modalidades de constrição.

Desta forma, consubstanciado na Introdução, o desenvolvimento da presente pesquisa

teve como primeiro questionamento, se a Penhora on line seria uma nova modalidade de

Penhora. Em que pese as hipóteses consideradas, estas se resumiram em negá-la, por ser a

penhora um instituto único.

Em análise a hipótese, observou-se que a Penhora on line não seria uma nova

modalidade de Penhora, em razão de que o instituto é único, ou seja, a Penhora tem conceitos

diversos, mas com definição única. Assim, a Penhora on line não diverge das demais formas

de constrição, sendo a Penhora de imóveis, por exemplo, a mesma Penhora que se faz à

dinheiro, conhecida como Penhora on line.

Nota-se que a diferença entre a Penhora de imóveis, por exemplo, e a Penhora on line

(de dinheiro, ou aplicação em instituição financeira), tão somente diz respeito à forma de

efetuá-la, ou seja. o que faz diferença é a via pela qual se faz a constrição, eis que enquanto à

Penhora de imóveis é realizada por oficial de justiça, em posse de mandado de penhora de

bens, e a constrição se proceda mediante averbação junto à matrícula do imóvel na Serventia

de Registro de Imóveis, a Penhora de dinheiro, ou aplicação em instituição financeira, é

realizada pelo juiz, mediante requerimento do exequente, por via eletrônica, qual seja o

Sistema Bacen Jud.

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Corrobora ainda ao afastamento de qualquer afirmação de que a Penhora seria uma

nova modalidade de Penhora, necessitando de regulamentação, o fato de que a Penhora de

dinheiro existe há muitos anos, e sempre foi realizada, o que se alterou, foi a forma de

procedê-la: de ofícios para eletronicamente. Ressalta-se que com o intuito de reduzir o grande

fluxo de solicitações escritas, bem como os custos operacionais das respostas, que eram

realizadas por ofícios despendendo expedientes burocráticos, o Banco Central do Brasil

informatizou o procedimento, oportunizando ao Poder Judiciário, através do Bacen Jud, o

acesso via internet ao SISBACEN – Sistema de Informações Banco Central, realizando com

eficiência, segurança e celeridade o procedimento da penhora via Bacen Jud, conhecida como

Penhora on line.

Assim, conclui-se que a Penhora on line, em definitivo, não se trata de nova

modalidade de Penhora, tão somente é uma Penhora realizada eletronicamente, via Bacen Jud,

portanto, não necessita de regulamentação específica para procedê-la, confirmando-se assim a

hipótese considerada de que a penhora on line não é nova modalidade de penhora, porque é

instituto único.

O segundo questionamento limitou-se à inconstitucionalidade da Penhora on line,

tendo como hipótese considerada a negação da assertiva.

Ao longo da pesquisa notou-se a divergência doutrinária a respeito, permanecendo na

atualidade a dicotomia. Enquanto uma corrente afirma a inconstitucionalidade da Penhora on

line em razão de tal instituto ferir princípios constitucionais, tais como a dignidade do

devedor, a violação da intimidade, princípios da ampla defesa, do devido processo legal e do

contraditório bem como o princípio do modo menos gravoso ao devedor; a outra corrente, que

vem, a princípio, obtendo vantagem, defende que a Penhora on line é um avanço processual,

que vem efetivando os princípios da celeridade, da legalidade e do acesso à justiça. Ainda

contra-argumenta que não há ofensa aos princípios constitucionais, rebatendo-as, afirmando

que: 1) Não há ofensa ao princípio da dignidade do executado, pois há disponibilização de

informações somente à pessoa autorizada; 2) Não há violação da intimidade do executado, eis

que além de autorizado, há somente acesso aos saldos bancários, não tendo acesso às

movimentações bancárias, e, portanto, não havendo violação de intimidade; 3) Não há

violação dos princípios da ampla defesa, devido processo legal e contraditório, pois é notório

que há citação/intimação do executado; que o juiz não atua de ofício, dependendo de

requerimento do exequente, sendo visível o devido processo legal, eis que além de o

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magistrado utilizar a medida eletrônica apenas para verificar ativos financeiros e após realizar

o bloqueio da quantia, o executado pode mediante intimação da Penhora, pagar, indicar outros

bens, pedindo substituição, argüir a impenhorabilidade dos valores ou excesso à execução; 4)

Não fere o princípio do modo menos gravoso ao devedor, pois este não é constitucional, e tão

pouco absoluto.

Em conclusão, o segundo questionamento teve a hipótese confirmada, ou seja, a

penhora on line não é inconstitucional, porque não fere a Constituição Federal, nem fere

quaisquer princípios constitucionais, sendo, portanto, instituto constitucional.

Por fim o terceiro e último questionamento que diz respeito a precedência da Penhora

on line sobre as demais formas de constrição. Obteve-se como hipótese de cabimento a

afirmação da assertiva, ou seja, que deve prevalecer a Penhora on line sobre as demais formas

de constrição.

Com este questionamento observou-se que a Penhora on line, passa por um processo

de adaptação, após o advento das novas leis processuais. Em que pese a aplicação da Penhora

on line, tão somente quando esgotadas todas as demais formas de constrição, esta foi

observada até o ano 2006, tendo o Conselho Nacional de Justiça, através de Resolução

(Resolução 524/2006), esclarecido que a Penhora on line deveria preceder as demais. Tal

resolução teve a colaboração imediata da legislação, que se deu com o advento da Lei

11.382/06, que trouxe em seu teor o dispositivo 655, estabelecendo a ordem preferencial

sobre dinheiro, reforçando a precedência da Penhora on line sobre as demais formas de

constrição. E, não poderia ser diferente, eis que a Execução por quantia certa contra devedor

solvente visa a satisfação pecuniária do credor/exequente.

Apesar de aparentemente estar consolidada, a corrente divergente, que entende que a

Penhora on line deve procedida, tão somente, quando esgotadas todas as demais formas de

constrição, persiste na contrariedade das disposições, afirmando que o princípio da menor

onerosidade ao devedor, não é faculdade do magistrado, mas sim imposição legislativa.

Assim, o que aparentemente parecia estar estabilizado, pode ser rompido a qualquer

momento, eis que o artigo 70 do Projeto de Lei de Conversão nº 2 de 2009, traz em seu texto

que a Penhora on line fica condicionada ao exaurimento das possibilidades de constrição, nas

execuções das micro, pequenas ou médias empresas. Tal artigo, se não vetado, conforme

expõe a ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, em

ofício enviado em 08 de maio de 2009, ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrirá

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precedentes totalmente contrários ao que se vem sendo praticado nos Tribunais, depois de

tantas discussões a respeito da prevalência ou não da Penhora on line sobre as demais formas

de constrição.

Desta forma, enfatizando-se que a Penhora on line apesar de existir há praticamente 10

(dez) anos, está em constante evolução, tendo muito a ser pesquisado, conclui-se que a

hipótese está temporariamente confirmada, sendo que este trabalho não supre ou exaure o

estudo sobre o instituto, tão pouco sobre a Evolução da Penhora on line, Penhora realizada via

Bacen Jud.

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APÊNDICES

ANEXO I) Exposição de motivos.

ANEXO II) RENAJUD – Provimento 30/2008.

ANEXO III) Regulamento Bacen Jud 2.0.

ANEXO IV) Estatísticas – Dados Consolidados 1998 a 2009;

ANEXO V) Estatísticas – Ofício de papel 1998-2009.

ANEXO VI) Estatísticas – Bacen Jud 1.0 2001-2008.

ANEXO VII) Estatísticas – Bacen Jud 2.0 2005-2009.

ANEXO VIII) Termo de Adesão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina ao Bacen Jud.

ANEXO IX) Provimento 05/2006.

ANEXO X) Oficio Circular 25/2008.

ANEXO XI) Resolução 524/2006.

ANEXO XII) Projeto de Lei de conversão nº 2 de 2009.

ANEXO XIII) Ofício ANAMATRA ao Presidente da República.

ANEXO XIV) Lei nº 11.419/2006.