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Reorganização das práticas de trabalho Tarsila Cunha

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Reorganizao das prticas de trabalho

Reorganizao das prticas de trabalhoTarsila CunhaDiagnstico de Sade da ComunidadePara planejar e organizar adequadamente as aes de sade, a equipe deve realizar o cadastramento das famlias da rea de abrangncia e levantar indicadores epidemiolgicos e socio-econmicos. Alm das informaes que compem o cadastramento das famlias, devero ser tambm utilizadas as diversas fontes de informao que possibilitem, melhor identificao da rea trabalhada, sobretudo as oficiais, como dados do IBGE, cartrios e Secretaria Municipal de Sade. Tambm devem ser valorizadas fontes de informaes da prpria comunidade.Para se garantir um diagnstico adequado da comunidade, necessrio que os dados coletados sejam abrangentes, com informaes referentes aos aspectos demogrficos, sociais, econmicos, culturais, ambientais e em especial saneamento bsico. Nas visitas so observadas as atividades dirias da famlia, sua alimentao, higiene, as condies de moradia, do meio ambiente e os possveis fatores de risco a sade. O diagnstico tambm depende de informaes, como quantidade de membros da famlia, escolaridade, situao conjugal, ocupao e riscos para os integrantes.

O cadastro registrado em fichas, depois digitado no Sistema de informaes da Ateno bsica (SIAB) e ainda no cadastro Nacional de usurios do carto nacional de sade (carto SUS).Estratgias para o cadastramentoRealizado pelos ACS, no prprio domiclio, por meio de entrevistas.Elaborao de um roteiro de entrevistas com as famlias e coleta de dados. Alguns so muito importantes, como: Endereo, idade, sexo, condies de trabalho, de moradia, tipo de habitao, cmodos, energia eltrica, saneamento, abastecimento, destino de dejetos e lixo, escolaridade de cada membro da famlia, estrutura familiar...So importantes dados do IBGE, e da prpria comunidade, para elaborao de um planejamento adequado as reais necessidades da populao local.Importante identificar as microreas de risco, sendo os locais que possuem fatores de risco, barreiras geogrficas ou culturais, e ainda reas com indicadores de sade muito ruins.Identificao de pessoas ou famlias que precisam de ateno especial.Planejamento/Programao localPara planejar localmente, faz-se necessrio considerar tanto quem planeja como para qu e para quem se planeja. Em primeiro lugar, preciso conhecer as necessidades da populao, identificadas a partir do diagnstico realizado e do permanente acompanhamento das famlias adscritas.Essa forma de planejamento contrape-se ao planejamento centralizado, habitual na administrao clssica, em vista de caractersticas tais como abertura democratizao, concentrao em problemas especficos, dinamismo e aproximao dos seus objetivos vida das pessoasComplementaridadeA unidade de Sade da Famlia deve ser a porta de entrada do sistema local de sade. A mudana no modelo tradicional exige a integrao entre os vrios nveis de ateno e, nesse sentido, j que apresenta um poder indutor no reordenamento desses nveis, articulando-os atravs de servios existentes no municpio ou regio, o ESF um dos componentes de uma poltica de complementaridade, no devendo isolar-se do sistema local.Abordagem ProfissionalO atendimento no ESF deve ser sempre realizado por uma equipe multiprofissional. A constituio da equipe deve ser planejada levando-se em considerao alguns princpios bsicos:- o enfrentamento dos determinantes do processo sade/ doena- a integralidade da ateno- a nfase na preveno, sem descuidar do atendimento curativo- o atendimento nas clnicas bsicas de pediatria, ginecologia obstetrcia, clnica mdica e clnica cirrgica (pequenas cirurgiasambulatoriais)- a parceria com a comunidade- as possibilidades locaisReferncia e contra-refernciaEm conformidade com o princpio da integralidade, o atendimento no ESF deve, em situaes especficas, indicar o encaminhamento do paciente para nveis de maior complexidade.Estes encaminhamentos no constituem uma exceo, mas simuma continuidade previsvel e que deve ter critrios bem conhecidostanto pelos componentes das equipes de Sade da Famlia como pelasdemais equipes das outras reas do sistema de sade.Compete ao servio municipal de sade definir, no mbitomunicipal ou regional, os servios disponveis para a realizao deconsultas especializadas, servios de apoio diagnstico e internaeshospitalares. A responsabilidade pelo acompanhamento dos indivduose famlias deve ser mantida em todo o processo de referncia e contra-refernciaEducao continuadaPara que produza resultados satisfatrios, a equipe de Sade da Famlia necessita de um processo de capacitao e informao contnuo e eficaz, de modo a poder atender s necessidades trazidas pelo dinamismo dos problemas. Alm de possibilitar o aperfeioamento profissional, a educao continuada um importante mecanismo no desenvolvimento da prpria concepo de equipe e de vinculao dos profissionais com a populao - caracterstica que fundamenta todo o trabalho do ESF.Da mesma forma que o planejamento local das aes de saderesponde ao princpio de participao ampliada, o planejamento dasaes educativas deve estar adequado s peculiaridades locais eregionais, utilizao dos recursos tcnicos disponveis e busca daintegrao com as universidades e instituies de ensino e decapacitao de recursos humanos.

A formao em servio deve ser priorizada, uma vez que permitemelhor adequao entre os requisitos da formao e as necessidadesde sade da populao atendida. A educao permanente deve iniciarsedesde o treinamento introdutrio da equipe, e atuar atravs de todosos meios pedaggicos e de comunicao disponveis, de acordo com asrealidades de cada contexto - ressalte-se que a educao distnciadeve tambm ser includa entre essas alternativas.Estmulo a ao IntersetorialA busca de uma ao mais integradora dos vrios setores daadministrao pblica pode ser um elemento importante no trabalho dasequipes de Sade da Famlia. Como consequncia de sua anlise ampliadado processo sade/doena, os profissionais do ESF devero atuar comocatalisadores de vrias polticas setoriais, buscando uma ao sinrgica.Saneamento, educao, habitao, segurana e meio ambiente so algumasdas reas que devem estar integradas s aes do PSF, sempre quepossveis.

A parceria e a ao tecnicamente integrada com os diversos rgosdo poder pblico que atuam no mbito das polticas sociais so objetivosperseguidos. A questo social no ser resolvida apenas pelo esforosetorial isolado da sade; tampouco se interfere na prpria situao sanitriasem que haja a interligao com os vrios responsveis pelas polticassociais.Acompanhamento e avaliaoA avaliao, assim como todas as etapas do ESF, deve considerar arealidade e as necessidades locais, a participao popular e o carterdinmico e perfectvel da proposta - que traz elementos importantes para adefinio de programas de educao continuada, aprimoramento gerencial eaplicao de recursos, entre outros.

O resultado das avaliaes no deve ser considerado como um dadoexclusivamente tcnico, mas sim como uma informao de interesse detodos (gestores, profissionais e populao ). Por isso, devem serdesenvolvidas formas de ampliao da divulgao e discusso dos dadosobtidos no processo de avaliao. importante ressaltar que osinstrumentos utilizados para a avaliao devem ser capazes de aferir:- alteraes efetivas do modelo assistencial- satisfao do usurio- satisfao dos profissionais- qualidade do atendimento/desempenho da equipe- impacto nos indicadores de sade

Por sua vez, o acompanhamento do desenvolvimento e aavaliao dos resultados da atuao das unidades de Sade da Famliapodem ser realizados atravs de:- sistema de informao - a organizao de um sistema deinformaes deve permitir o monitoramento do desempenho dasunidades de Sade da Famlia, no que se refere resolubilidadedas equipes, melhoria do perfil epidemiolgico e eficincia dasdecises gerenciais. Para tanto, deve contar com os seguintesinstrumentos: cadastro familiar, carto de identificao,pronturio familiar e ficha de registros de atendimentos- relatrio de gesto - um instrumento vital para o acompanhamento do processo e resultados da organizao das aes e servios das unidades de Sade da Famlia, em especial no tocante ao impacto nos indicadores de sade, bem como nas aes referentes s demais reas da gesto municipal- outros instrumentos definidos pelos gestores municipais e/ ou estaduais

Controle SocialO controle social do sistema de sade um princpio e uma garantia constitucional regulamentada pela Lei Orgnica de Sade (Lei n 8.142/90). Assim, as aes desenvolvidas pelo ESF devem seguir as diretrizes estabelecidas pela legislao no que se refere participao popular. Muito mais do que apenas segui-las, o ESF tem uma profunda identidade de propsitos com a defesa da participao popular em sade, particularmente na adequao das aes de sade s necessidades da populao.A Lei n 8.142/90 definiu alguns fruns prprios para o exerccio do controle social - as conferncias e os conselhos de sade a serem efetivados nas trs esferas de governo. Porm, a participao da populao no se restringe apenas a esses. Atravs de outras instncias formais (como Cmaras de Vereadores e Associao de Moradores) e informais, os profissionais de sade devem facilitar e estimular a populao a exercer o seu direito de participar da definio, execuo, acompanhamento e fiscalizao das polticas pblicas do setor.